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NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 1 ANATOMIA E FISIOLOGIA DA LACTAÇÃO - A fisiologia mamária está relacionada com a esfera neuroendócrina e pode ser dividida em 3 processos: Mamogênese o desenvolvimento da glândula mamária Lactogênese o início da lactação Lactopoese a manutenção da lactação MAMOGÊNESE: ANATOMIA: - A unidade morfofuncional das mamas é o ácino mamário, forrado por camada única de células epiteliais secretoras de leite - Cada ácino está envolvido por células mioepiteliais e rede capilar encorpada - Células contráteis musculares abraçam os canais intralobulares que se relacionam com o lúmen dos ácinos e alcançam o mamilo pelos canais galactóforos - O desenvolvimento da glândula mamária inicia-se com a puberdade e termina com o climatério ou com a castração - Na gravidez, o crescimento é acelerado ESTEROIDES SEXUAIS: - Na menácma, os esteroides sexuais ovarianos exercem, por meio dos estrogênios, efeitos proliferativos nos canais mamários, enquanto a progesterona, em atuação conjunta, produz o crescimento e a expansão dos ácinos COMPLEXO LACTOGÊNICO: - A diferenciação completa do tecido funcional da mama requer, além dos esteroides sexuais, a participação de diversos outros hormônios que constituem o complexo lactogênico: Prolactina GH Cortisol Secundariamente, tireoxina e insulina GESTAÇÃO: - Com a produção acentuada de estrogênios e de progesterona, acentua-se o crescimento das estruturas glandulares e mamárias - A elevação dos níveis de PRL na gravidez ocorre devido a hiperplasia e da hipertrofia das células lactóforas situadas na adeno-hipófise NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 2 LACTOGÊNESE: - Durante os primeiros 2 dias do pós-parto há poucas transformações nas mamas - É possível observar secreção de colostro, substância amarelada já existente na gravidez, com grande concentração de proteínas, anticorpos e células tímicas, que ajudam a imunizar o bebê contra infecções, particularmente GI - Pelo 3º dia de pós-parto ocorre aumento na consistência das mamas, que se tornam pesadas, congestas e dolorosas. Algumas pacientes chegam a referir a sensação de “formigamento”. É a “subida do leite”, ou apojadura. O aumento do fluxo sanguíneo local e a intensificação dos fenômenos secretórios produzem calor na região, que pode ser confundido com elevação térmica patológica (“febre do leite”) - O leite materno é constituído por protepinas, carboidratos, lipídios, sais minerais e vitaminas - A lactogênese é considerada o início da produção láctea, que não ocorre na gravidez em função do efeito inibitório da progesterona, que impede a atuação da PRL nos seus receptores nas células mamárias. Após o parto, com o declínio acentuado dos esteroides ovarianos placentários, desaparecem os efeitos inibidores sobre os receptores de PRL, que se constitui como o principal hormônio da lactogênese - A produção láctea adequada pressupõe que a glândula mamária esteja plenamente desenvolvida, sendo relevante a contribuição de outros hormônios, como insulina, corticoides, tireoxina - Os mecanismos neuroendócrinos envolvidos na lactação são complexos. A progesterona, o estrogênio e o lactogênio placentário humano (hPL), assim como a PRL, o cortisol, a tireoxina e a insulina, agem em conjunto para estimular o crescimento e o desenvolvimento do aparelho lácteo secretor da glândula mamária - Após o parto há queda abrupta e profunda dos níveis de progesterona e de estrogênio, o que remove a influência inibitória da progesterona na produção da lactalbumina-α pelo retículo endoplasmático, promovendo a ação da PRL. O aumento da lactalbumina-α estimula a secreção da lactose láctea NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 3 LACTOPOESE: - Iniciada a lactação (lactogênese), ela é mantida (lactopoese) pela existência do reflexo neuroendócrino da sucção do mamilo pelo lactente, que age no eixo hipotalâmico-hipofisário e culmina por determinar a liberação de PRL (aumento dos níveis de 6-9x) e de ocitocina - O ato da sucção por via medular inibe a dopamina hipotalâmica, aqui chamada PIF, promovendo, em última análise, a liberação da PRL - A PRL mantém a secreção láctea (proteínas, caseína, ácidos graxos, lactose) e a ocitocina age nas células mioepiteliais e musculares situadas, respectivamente, ao redor dos ácinos e dos canais intralobulares e determina a contração deles com a consequente ejeção láctea - A solicitação repetida do mamilo, com o esvaziamento continuado dos ácinos, resulta em intensificação da produção de leite - A intensidade e a duração da lactação são controladas, em parte, pelo estímulo repetitivo da amamentação - A PRL é essencial para a lactação. Embora, após o parto, a PRL plasmática caia a níveis inferiores aos da gravidez, cada ato de sucção do mamilo estimula a sua produção. Provavelmente o estímulo do mamilo refreia a PIF hipotalâmica, possibilitando o aumento da secreção de PRL - A neuro-hipófise também secreta ocitocina em pulsos. Isso estimula a ejeção do leite ao causar a contração das células mioepiteliais do alvéolo mamário - O leite é produzido no intervalo das mamadas, de forma a ficar armazenado na glândula mamária - Na 1ª semana pós-parto (colostro), após a secreção da glândula mamária, segue-se um “leite de transição”, por 2 a 3 semanas, para, finalmente, surgir o “leite maduro”, definitivo - Metade do conteúdo proteico elevado do colostro é composto de globulinas, que parecem idênticas às gamaglobulinas do plasma. Por esse meio, há proteção imunológica pós-natal, posto que anticorpos maternos assim veiculados são absorvidos no intestino sem digestão (presença de inibidor da tripsina). Os corpúsculos de Donné, compostos de leucócitos, histiócitos, linfócitos e células epiteliais descamados, são típicos do colostro PRINCIPAIS BENEFÍCIOS DO ALEITAMENTO MATERNO PARA O BINÔMIO MÃE-FILHO EVITA MORTES INFANTIS: - Graças aos inúmeros fatores existentes no leite materno que protegem contra infecções, ocorrem menos mortes entre as crianças amamentadas - A proteção do leite materno contra mortes infantis é maior quanto menor é a criança - Enquanto a proteção contra mortes por diarreia diminui com a idade, a proteção contra mortes por infecções respiratórias se mantém constante nos primeiros 2 anos de vida - A amamentação previne mais mortes entre as crianças de menor nível socioeconômico NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 4 EVITA DIARREIA: - Além de evitar a diarreia, a amamentação também exerce influência na gravidade dessa doença. Crianças não amamentadas têm um risco três vezes maior de desidratarem e de morrerem por diarreia quando comparadas com as amamentadas - Essa proteção pode diminuir quando o aleitamento materno deixa de ser exclusivo - Oferecer à criança amamentada águas ou chás pode dobrar o risco de diarreia nos primeiros 6 meses EVITA INFECÇÃO RESPIRATÓRIA: - A proteção é maior quando a amamentação é exclusiva nos primeiros 6 meses - O AM também previne otites - A amamentação diminui a gravidade dos episódios de infecção respiratória DIMINUI O RISCO DE ALERGIAS: - Amamentação exclusiva nos primeiros meses de vida diminui o risco de alergia à proteína do leite de vaca, de dermatite atópica e de outros tipos de alergias, incluindo asma e sibilos recorrentes - A exposição a pequenas doses de leite de vaca nos primeiros dias de vida parece aumentar o risco de alergia ao leite de vaca DIMINUI O RISCO DE HIPERTENSÃO, COLESTEROL ALTO E DIABETES - Não só o indivíduo que é amamentado adquire proteção contra diabetes, mas também a mulher que amamenta - Atribui-se essa proteção a uma melhor homeostase da glicose em mulheres que amamentam REDUZ A CHANCE DE OBESIDADE: - É possível que haja uma relação dose/resposta com a duração do aleitamento materno, ou seja, quanto maior o tempo em que o indivíduo foi amamentado,menor será a chance de ele vir a apresentar sobrepeso/ obesidade - Entre os possíveis mecanismos implicados a essa proteção, encontram-se um melhor desenvolvimento da auto-regulação de ingestão de alimentos das crianças amamentadas e a composição única do leite materno participando no processo de “programação metabólica”, alterando, por exemplo, o número e/ou tamanho das células gordurosas ou induzindo o fenômeno de diferenciação metabólica MELHOR NUTRIÇÃO: - O leite materno contém todos os nutrientes essenciais para o crescimento e o desenvolvimento ótimos da criança pequena, além de ser mais bem digerido, quando comparado com leites de outras espécies - O leite materno é capaz de suprir sozinho as necessidades nutricionais da criança nos primeiros 6 meses, e continua sendo uma importante fonte de nutrientes no 2º ano de vida, especialmente proteínas, gorduras e vitaminas EFEITO POSITIVO NA INTELIGÊNCIA: - O aleitamento materno contribui para um melhor desenvolvimento cognitivo NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 5 MELHOR DESENVOLVIMENTO DA CAVIDADE BUCAL: - O exercício que a criança faz para retirar o leite da mama é importante para o desenvolvimento adequado da cavidade oral, propiciando uma melhor conformação do palato duro, o que é fundamental para o alinhamento correto dos dentes e uma boa oclusão dentária PROTEÇÃO CONTRA CÂNCER DE MAMA: - Redução na prevalência - Essa proteção independe de idade, etnia, paridade e presença dou não de menopausa EVITA NOVA GRAVIDEZ: - O AM é um excelente método anticoncepcional nos primeiros 6 meses após o parto, desde que a mãe esteja amamentando exclusiva ou predominantemente e ainda não tenha menstruado OUTRAS POSSÍVEIS VANTAGENS PARA AS MULHERES: - Além da proteção contra CA de mama e DM tipo 2, tem sido atribuído ao AM proteção contra as seguintes doenças na mulher que amamenta: CA de ovário e de útero Hipercolesterolemia Hipertensão Doença coronariana Obesidade Doença metabólica Osteoporose e fratura de quadril Artrite reumatoide Depressão pós-parto Diminuição do risco de recaída de esclerose múltipla pós-parto MENORES CUSTOS FINANCEIROS: - Dependendo do tipo de fórmula, seria muito caro, além dos gastos com mamadeiras, bicos e gás de cozinha - Deve-se acrescentar eventuais gastos decorrentes de doenças, que são mais comuns em crianças não amamentadas PROMOÇÃO DO VÍNCULO AFETIVO ENTRE MÃE E FILHO: - A amamentação traz benefícios psicológicos para a criança e para a mãe - A amamentação é uma forma especial de comunicação entre a mãe e o bebê e uma oportunidade de a criança aprender muito cedo a se comunicar com afeto e confiança MELHOR QUALIDADE DE VIDA: - O AM pode melhorar a qualidade de vida das famílias, visto que as crianças amamentadas adoecem menos, necessitam de menos atendimento médico, hospitalizações e medicamentos, o que pode implicar menos faltas ao trabalho dos pais, bem como menos gastos e situações estressantes SITUAÇÕES QUE CONTRAINDICAM A AMAMENTAÇÃO SITUAÇÕES QUE O ALEITAMENTO MATERNO NÃO DEVE SER RECOMENDADO: Mães infectadas pelo HIV, HTLV1 e HTLV2 Uso de medicamento incompatíveis com a amamentação Criança portadora de galactosemia NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 6 - Medicamentos que contraindicam aleitamento materno: Amiodarona Androgênios Antireoidianos (Exceto propiltiouracila) Antimetabólitos Fenindiona Brometos Contraceptivos hormonais combinados Sais de ouro Tetraciclina Cloranfenicol Primidona Preparações radioativas (apenas temporariamente) SITUAÇÕES QUE SE RECOMENDA A INTERRUPÇÃO TEMPORÁRIA DA AMAMENTAÇÃO Infecção herpética, quando há vesículas localizadas na pele da mama (a amamentação deve ser mantida na mama sadia) Varicela se a mãe apresentar vesículas na pele 5 dias antes do parto ou até 2 dias após o parto, recomenda-se o isolamento da mãe até que as lesões adquiram a forma de crosta. A criança deve receber Imunoglobulina Humana Antivaricela Zoster (Ighavz), disponível nos Centros de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIES) que deve ser administrada em até 96 horas do nascimento, aplicada o mais precocemente possível Doença de Chagas, na fase aguda da doença ou quando houver sangramento mamilar evidente Consumo de drogas SITUAÇÕES QUE O ALEITAMENTO MATERNO NÃO DEVE SER CONTRAINDICADO: Tuberculose recomenda-se que as mães não tratadas ou ainda bacilíferas (2 primeiras semanas após início do tratamento) amamentem com o uso de máscaras e restrinjam o contato próximo com a criança por causa da transmissão potencial por meio das gotículas do trato respiratório. Nesse caso, o RN deve receber isoniazida na dose de 10 mg/kg/dia por 3 meses. Após esse período, deve-se fazer teste tuberculínico (PPD): se reator, a doença deve ser pesquisada, especialmente em relação ao acometimento pulmonar; se a criança tiver contraído a doença, a terapêutica deve ser reavaliada; em caso contrário, deve-se manter isoniazida por + 3 meses; e, se o teste tuberculínico for não reator, pode-se suspender a medicação, e a criança deve receber a vacina BCG Hanseníase por se tratar de doença cuja transmissão depende de contato prolongado da criança com a mãe sem tratamento, e considerando que a 1ª dose de rifampicina é suficiente para que a mãe não seja mais bacilífera, deve-se manter a amamentação e iniciar tratamento da mãe Hepatite B a vacina e a administração de imunoglobulina específica (HBIG) após o nascimento praticamente eliminam qualquer risco teórico de transmissão da doença via leite materno NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 7 Hepatite C a prevenção de fissuras mamilares em lactantes HCV positivas é importante, uma vez que não se sabe se o contato da criança com sangue materno favorece a transmissão da doença Dengue não há contraindicação da amamentação em mães que contraem dengue, pois há no leite materno um fator antidengue que protege a criança Consumo de cigarros acredita-se que os benefícios do leite materno para a criança superem os possíveis malefícios da exposição à nicotina via leite materno. Por isso, o cigarro não é uma contraindicação à amamentação. No aconselhamento, o profissional deve alertar sobre os possíveis efeitos deletérios do cigarro para o desenvolvimento da criança, e a eventual diminuição da produção e da ejeção do leite. Para minimizar os efeitos do cigarro para a criança, as mulheres que não conseguirem parar de fumar devem ser orientadas a reduzirem o máximo possível o número de cigarros (se não possível a cessação do tabagismo, procurar fumar após as mamadas) e a não fumarem no ambiente em que a criança se encontra Consumo de álcool assim como para o fumo, deve-se desestimular as mulheres que estão amamentando a ingerirem álcool. A ingestão de doses iguais ou maiores que 0,3g/kg de peso pode reduzir a produção láctea. O álcool pode modificar o odor e o sabor do leite materno levando a recusa do mesmo pelo lactente PRINCIPAIS DIFERENÇAS ENTRE COLOSTRO E LEITE MADURO - Nos primeiros dias, o leite materno é chamado colostro, que contém mais proteínas e menos gorduras do que o leite maduro, ou seja, o leite secretado a partir do 7º-10º dia pós-parto - O leite de mães de RN prematuros é diferente do de mães de bebês a termo - O colostro apresenta menos calorias, lipídios e lactose do que o leite maduro e mais proteínas - A concentração de gordura no leite aumenta no decorrer de uma mamada. Assim, o leite do final da mamada (chamado leite posterior) é mais rico em energia (Calorias) e sacia melhor a criança, daí a importância de a criança esvaziar bem a mama COLOSTRO: As vitaminas lipossolúveis A, E e carotenoides estão presentes em alta concentração e são responsáveis pela cor amarelada do colostro Temmaiores concentrações de Na, K, Cl e zinco Tem menores quantidades de vitaminas do complexo B As concentrações de imunoglobulinas são altíssimas, principalmente a IgAS e sofrem queda acentuada do 1º-3º dia de lactação, mas a quantidade se mantem alta, essa composição confere proteção contra bactérias e vírus que estão presentes no canal de parto NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 8 O colostro tem atividade antinflamatória, pois interfere nas atividades enzimáticas dos leucócitos polimorfonucleares Contém MAIS proteínas (3x) com predominância de imunoglobulinas, de lactoferrina, linfócitos e macrófagos, que vão transmitir imunidade Tem MENOS gordura Tem MENOS lactose Tem MENOS calorias Rico em anticorpos e fatores imunológicos VITAMINA QUE NÃO ESTÁ PRESENTE NO LEITE MATERNO - O conteúdo vitamínico do leite humano é afetado por vários fatores, dos quais o mais importante é o estado nutricional materno - Os RN de termo, de mães eutróficas e com dieta adequada, parecem possuir, ao nascimento, reservas suficientes de vitaminas, com possível exceção da vitamina K - As vitaminas A e do complexo B variam com a ingestão materna. A concentração das vitaminas hidrossolúveis sofre variação de acordo com o estágio da lactação, sendo menor no colostro do que no leite maduro - Em relação às vitaminas lipossolúveis, o conteúdo alto de vitamina A é importante, pois o RN nasce com baixa reserva hepática dessa vitamina - O leite humano tem pouca vitamina D, mas altamente biodisponível - Todas as vitaminas estão em quantidade suficiente para atender as necessidades do lactente, com exceção da vit D; apesar de ele poder ser conseguido pelos raios solares, trabalhos mostram que a lactose exerce um efeito sinérgico sobre o metabolismo de cálcil e vit D. Bebês devem receber suplementos ou serem expostos à luz solar COMO INIBIR A LACTAÇÃO - As medidas adequadas são: Mamas suspensas por sutiãs ajustados, durante 3-10 dias Bolsa de gelo por 10 min,4/dia Não possibilitar a sucção pelo RN ou a expressão dos mamilos Utilização de cabergolina 1. Inibição da lactação dose única de 1mg (2 comprimidos de 0,5mg), VO, no 1º dia do pós- parto 2. Suspensão da lactação 0,25mg (1 comprimido de 0,25mg) 2/dia, VO, por 2 dias PRINCIPAIS COMPLICAÇÕES E DESAFIOS EXISTENTES NA AMAMENTAÇÃO: MASTITE: - É um processo inflamatório de um ou mais segmentos da mama, geralmente unilateral, que pode progredir ou não para uma infecção bacteriana - Ocorre mais comumente na 2ª e 3ª semanas após o parto, mas pode ocorrer em qualquer período da amamentação - A estase do leite é o evento inicial da mastite e o aumento da pressão intraductal causado por ela leva ao achatamento das células alveolares e formação de espaços entre as células. Por esse espaço passam NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 9 alguns componentes do plasma para o leite e desse para o tecido intersticial da mama, causando uma resposta inflamatória - O leite acumulado, a resposta inflamatória e o dano tecidual resultante favorecem a instalação da infecção, comumente pelo Staphylococcus (aureus e albus) e ocasionalmente pela Escherichia coli e Streptococcus (α-,β- e não hemolítico), sendo as lesões mamilares, na maioria das vezes, a porta de entrada da bactéria - Qualquer fator que favoreça a estagnação do leite materno predispõe ao aparecimento de mastite, incluindo mamadas com horários regulares, redução súbita no número de mamadas, longo período de sono do bebê à noite, uso de chupetas ou mamadeiras, não esvaziamento completo das mamas, freio de língua curto, criança com sucção fraca, produção excessiva de leite, separação entre mãe e bebê e desmame abrupto - Quando há infecção, costuma haver mal-estar importante, febre alta (acima de 38°C) e calafrios - O sabor do leite materno costuma se alterar nas mastites, se tornando mais salgado devido ao aumento dos níveis de sódio e diminuição dos níveis de lactose, o que pode levar a rejeição do leite pela criança - A produção do leite pode ser afetada na mama comprometida, com diminuição do volume secretado durante o quadro clínico, devido à diminuição da sucção da criança na mama afetada, diminuição das concentrações de lactose ou dano do tecido alveolar - Tratamento: Identificação e tratamento da causa que provocou a estagnação do leite Esvaziamento adequado da mama Antibioticoterapia indicada quando houver sintomas graves desde o início do quadro, fissura mamilar e ausência de melhora dos sintomas após 12–24 horas da remoção efetiva do leite acumulado. As opções são: cefalexina 500 mg, por via oral, de seis em seis horas; amoxicilina 500 mg ou amoxicilina associada ao ácido clavulânico (500 mg/125 mg), por via oral, de oito em oito horas. Na presença de cepas de S. aureus meticilina-resistentes tem sido recomendado o uso da vancomicina. Em mulheres alérgicas aos antibióticos betalactâmicos (penicilinas e cefalosporinas), está indicada a eritromicina 500 mg, por via oral, de seis em seis horas. Os antibióticos devem ser utilizados por, no mínimo, 10 dias, pois tratamentos mais curtos apresentam alta incidência de recorrência Suporte emocional Repouso da mãe no leito, analgésicos ou AINEs, como ibuprofeno, líquidos abundantes, iniciar a amamentação na mama não afetada e usar sutiã bem firme INGURGITAMENTO MAMÁRIO - Há 3 componentes básicos: 1. Congestão/aumento da vascularização da mama 2. Retenção de leite nos alvéolos 3. Edema decorrente da congestão e obstrução da drenagem do sistema linfático - Há compressão dos ductos lactíferos, o que dificulta ou impede a saída do leite dos alvéolos - Não havendo alívio, a produção do leite pode ser interrompida, com posterior reabsorção do leite represado - O leite acumulado na mama sob pressão se torna mais viscoso, daí a origem do termo “leite empedrado” NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 10 - No ingurgitamento patológico, a mama fica excessivamente distendida, o que causa grande desconforto, as vezes acompanhado de febre e mal estar. Pode haver áreas difusas avermelhadas, edemaciadas e brilhantes - Os mamilos ficam achatados, dificultando a pega do bebê, e o lei não flui com facilidade MAMILOS PLANOS OU INVERTIDOS - Mamilos planos ou invertidos podem dificultar o início da amamentação, mas não necessariamente a impedem, pois o bebê faz o “bico” com a aréola - Para fazer o diagnóstico de mamilos invertidos, pressiona-se a aréola entre o polegar e o dedo indicador: se o mamilo for invertido, ele se retrai; caso contrário, não é mamilo invertido - Para uma mãe com mamilos planos ou invertidos amamentar com sucesso, é fundamental que ela receba ajuda logo após o nascimento do bebê, que consiste em: Promover a confiança e emponderar a mãe Ajudar a mãe a favorecer a pega do bebê Tentar diferentes posições para ver em qual delas a mãe e o bebê se adaptam melhor Mostrar à mãe manobras que podem ajudar a aumentar o mamilo antes das mamadas, como simples estímulo (toque) do mamilo, compressas frias nos mamilos e sucção com bomba manual ou seringa de 10 mL ou 20 mL adaptada (cortada para eliminar a saída estreita e com o êmbolo inserido na extremidade cortada). Recomenda-se essa técnica antes das mamadas e nos intervalos se assim a mãe o desejar. O mamilo deve ser mantido em sucção por 30 a 60 segundos, ou menos, se houver desconforto. A sucção não deve ser muito vigorosa para não causar dor ou mesmo machucar os mamilos Orientar as mães a ordenhar o seu leite enquanto o bebê não sugar efetivamente – isso ajuda a manter a produção do leite e deixa as mamas macias, facilitando a pega; o leite ordenhado deve ser oferecido ao bebê, de preferência, em copinho DOR MAMILAR NOS PRIMEIROS DIAS DA AMAMENTAÇÃO - No início do AM, a maioria das mulheres sente uma discreta dor ou desconforto no início das mamadas, o que pode serconsiderado normal - Mamilos dolorosos e machucados, apesar de muito comuns, não são normais - Os traumas mamilares incluem eritema, edema, fissuras, bolhas, marcas brancas, amarelas ou escuras e equimoses - A causa mais comum de dor para amamentar se deve a traumas mamilares por posicionamento e pega inadequados - Outras causas incluem mamilos curtos/planos ou invertidos, disfunções orais na criança, freio de língua excessivamente curto, sucção não-nutritiva prolongada, uso impróprio de bombas de extração de leite, não- interrupção da sucção da criança antes de retirá-la do peito, uso de cremes e óleos que causam reações alérgicas nos mamilos, uso de protetores de mamilo (intermediários) e exposição prolongada a forros úmidos - Prevenção: Amamentar com técnica correta Manter os mamilos secos, expondo-os ao ar livre e à luz solar e trocar com frequência os forros utilizados quando há vazamento de leite NAYSA GABRIELLY ALVES DE ANDRADE 11 Não usar produtos que retiram a proteção natural do mamilo, como sabões, álcool ou qualquer produto secante Amamentar em livre demanda a criança que é colocada no peito assim que dá sinais de que quer mamar vai ao peito com menos fome, com menos chance de sugar com força excessiva Ordenhar manualmente a aréola antes da mamada se ela estiver ingurgitada, o que aumenta sua flexibilidade, permitindo uma pega adequada Se for preciso interromper a mamada, introduzir o dedo indicador ou mínimo pela comissura labial da boca do bebê, de maneira que a sucção seja interrompida antes de a criança ser retirada do seio Evitar o uso de protetores de mamilo
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