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Analise criminal

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ESTADO DE MATO GROSSO 
POLÍCIA MILITAR 
DIRETORIA DE ENSINO 
ADESG / MT 
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE CRIMINAL: A PREVENÇÃO DO CRIME E 
CONTRAVENÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ ANTONIO GOMES CHAVES – CAP PM 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá, 
Novembro/2002 
 
ESTADO DE MATO GROSSO 
POLÍCIA MILITAR 
DIRETORIA DE ENSINO 
ADESG / MT 
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
ANÁLISE CRIMINAL: A PREVENÇÃO DO CRIME E 
CONTRAVENÇÃO. 
 
 
 
 
 
 
 
 
JOSÉ ANTONIO GOMES CHAVES – CAP PM 
 
 
 
Monografia, apresentada a banca examinadora formada 
pela DE/PMMT e ADESG/MT, como requisito básico para 
a conclusão do Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais - 
turma 2002, que tem como orientadora o Sra Terezinha 
Fátima Jordão da Silva. 
 
 
 
 
 
 
Cuiabá, 
Novembro/2002 
 
 
ESTADO DE MATO GROSSO 
POLÍCIA MILITAR 
DIRETORIA DE ENSINO 
ADESG / MT 
CURSO DE APERFEIÇOAMENTO DE OFICIAIS 
 
 
 
 
TERMO DE APROVAÇÃ0 
 
Esta monografia foi julgada adequada e aprovada em sua forma final pelo 
Curso de Aperfeiçoamento de Oficiais da Polícia Militar. 
 
 
 
Cuiabá,MT, _____ de novembro de 2002. 
Banca da comissão Examinadora: 
 
 
 
 
_______________________________________ 
Carlos Estevão de Souza Figueiredo – Cel PM 
Diretor de Ensino da PMMT 
Presidente da Comissão da Banca Examinadora de Monografia 
 
 
 
______________________________________ 
Terezinha Fátima Jordão da Silva 
Orientadora – Examinadora 
 
 
 
___________________________________ 
Francisco Valdés Valdés – Prof. Dr. 
Examinador – ADESG/MT 
 
 
 
____________________________________________ 
Manoel do Nascimento dos Santos Rosa – Ten Cel PM 
Convidado - Examinador 
 
 
 
 
 
 
 
 
DEDICATÓRIA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Dedico este trabalho primeiramente a 
Deus que me deu esta oportunidade 
A minha Mãe que ajudou a construir 
minha educação 
A minha esposa e meu filho, que tiveram 
compreensão e me deram conforto e 
paz de espírito nos momentos difíceis 
em que desenvolvi este trabalho 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço, 
 
Ao Sr. Comandante Geral da PMMT 
Cel. PM Orestes Teodoro de Oliveira 
que me influenciou no decorrer da 
minha carreira e nos conhecimentos que 
hoje possuo. 
Ao Sr. Diretor de Ensino da PMMT Cel 
PM Carlos de Estevão Souza de 
Figueiredo, que não mediu esforço para 
que este trabalho tivesse importância e 
qualidade. 
Ao Sr. Ten Cel. PMMT Manoel do 
Nascimento dos Santos Rosa, que me 
deu coragem e me compreendeu nos 
momentos que necessitei me ausentar de 
minhas missões. 
 
E dos meus Amigos do Curso 
CAO/2002 da PMMT, que me ajudaram 
na qualidade deste trabalho. 
 
 
 
RESUMO 
 
Este trabalho de pesquisa, teve como objetivo, ressaltar e discutir os fatores que 
influenciam na criminalidade, para um levantamento de ações que venham a prevenir os atos 
delituosos. Assim este assunto, que é um grande obstáculo para o bem estar social de todas as 
nações é discutido em todos os setores da sociedade, pois os problemas gerados pela criminalidade 
atinge qualquer cidadão, que quer viver de bem consigo e com a comunidade que vive. Por isso os 
problemas apresentados e tomados como objetos de estudo, foram tudo o que se relacionava com 
o crime e a violência, para conhecer a fundo este mal que asola a humanidade, desde que homem 
começou a pensar. Apresentamos no primeiro capítulo, a introdução, as idéias que deram rumo ao 
caminho lógico a ser seguido, os objetivos a serem alcançados, o conhecimento dos fatores que 
levam o homem ao cometimento de infrações, e como foi realizado a construção do conhecimento 
desses fatores, para sustentar idéias e pensamentos a respeito da violência, e assim desencadear 
sugestões para uma ação eficaz contra a criminalidade. No segundo capítulo buscou-se o 
conhecimento jurídico do crime, foi apresentado as origens do crime e como ele nasce, como surgiu 
os conceitos das infrações penais, os conceitos de crimes estudo sobre o fato típico, os elementos e 
a teorias sobre a conduta delitiva. O aspécto jurídico do crime é abordado, para que conheçamos o 
crime como aversão da norma legal, e que possa se fazer uma abordagem técnica jurídica, quando 
nos referimos as questões da criminalidade. No terceiro capítulo procuramos apresentar um estudo 
do criminosos, que é um elemento importante para o entendimento da conduta infracional, 
abordamos os aspéctos mentais, as doenças piscopatológicas que podem levar o homem ao delito, 
tabém foram abordadas o mundo do criminosos, de como o meio em que ele vive influencia seus 
atos. Ainda neste capítulo, estudou-se as várias teorias formuladas por estudiosos de criminologia, 
que tentam explicar o crime sobre vários aspectos e fatores. No quarto capítulo, estudou-se o crime 
e o ato criminal com um enfoque criminológico, elencando e analisando os crimes mais cometidos, 
como o homicídio, o roubo e furto, o crime organizado, delitos cometidos por criaça e adolescente, 
fora feita uma contextualização do crime como fenômeno de massa, e abordado os pensamento e 
doutrinas de várias escolas incluídas no estudo da criminologia, foram apresentados os mais 
influentes fatores que influenciam na conduta criminosa, como fatores sociais, culturais , a instrução, 
a mídia através da literatura, cinema, o sexo e outros. Tudo para dar uma visão bem mais nítida dos 
fatores que atuam no contexto da violência e criminalidade. No quinto capítulo, se fez uma 
contextualização da criminalidade primeiramente no âmbito nacional, onde foi mostrado um trabalho 
de pesquisa realizado pela Secretaria Nacional de Segurança Pública no ano de 2000, cujos 
resultados foram analisados e concluídos pelo sociólogo Túlio Kahn, mostrando a situação da 
criminalidade no país, elecando os Estados com os maiores índices de criminalidade. Foi abordado 
também, a situação em que se encontra criminalidade em Cuiabá, tomando-se como fonte, um 
estudo realizado pela equipe do deputado estadual Gilney Viana, realizado em 2000, que faz uma 
 
referência aos dados estatísticos das ocorrências registradas em Cuiabá e na região metropolitana. 
No sexto capítulo foram mostrados os resultados obtidos pelas pesquisas de dados referentes aos 
fatores que potencializam a criminalidade em Cuiabá, onde foram verificados os índices 
socioeconômicos e os índices neuropatológicos da região que compreende a capital mato-
grossense, tudo para fornecer subsídio para uma análise da situação da criminalidade e os fatores de 
influência, isto é, achar um denominador comum entre os índices de criminalidade e as causas que 
alimentaram o fenômeno na área metropolitana. O sétimo capítulo, baseou-se em todo o referencial 
teórico apresentado nos capítulos anteriores, as informações da situação da criminalidade no país no 
Estado e na região metropolitana. Foram observados os dados apresentados e analisado os 
programas e ações que existem hoje. Por fim concluiu-se, que falta muito trabalho e ações por parte 
de todos, isto é, dos órgãos do governo, da sociedade em geral e do próprio cidadão, não haverá 
um combate eficaz se não houver o comprometimento de todos. Num segundo momento foram 
feitas alguma sugestões, para que fossem tomadas como projetos oficiais no governo e 
implementadas com ações corretivas e preventivas por parte do órgão responsável pela articulação 
de trabalhos voltados para o combate a violência 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
SUMÁRIO 
 
CAPÍTULO I 
1. INTRODUÇÃO ............................................................................................................. 12 
 
CAPÍTULO II 
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CRIME 
2.1 Contexto do Crime ............................................................................................. 15 
2.2 Surgimento do Conceito de Infrações Penais .................................................... 16 
2.3 Conceito de InfraçõesPenais ............................................................................. 16 
2.3.1 Conceitos Formais ...................................................................................... 18 
2.3.2 Conceitos Materiais .................................................................................... 18 
2.3.3 Conceitos Analíticos ................................................................................... 19 
2.3.4 Ilícito Penal e Ilícito Civil ........................................................................... 19 
2.4 Fato Típico ......................................................................................................... 20 
2.4.1 Elementos do Fato Típico ........................................................................... 20 
2.4.2 Teorias Sobre a Conduta ............................................................................ 20 
2.4.3 Conceito, Característica e Elementos da Conduta .................................... 20 
 
CAPÍTULO III 
3. ESTUDO DO CRIME 
3.1 Transtorno Mental do Criminosos ......................................................................... 23 
3.1.1 Transtorno Mental ........................................................................................ 23 
 
3.1.2 Classificação .................................................................................................. 23 
3.1.3 Psicose e Neurose .......................................................................................... 23 
3.1.4 Psicose ........................................................................................................... 24 
3.1.5 Esquisofrenia ................................................................................................ 25 
3.1.6 Ciclofrenia ..................................................................................................... 27 
3.1.7 Eplepsia ......................................................................................................... 27 
3.1.8 Psicose Alcoólica ........................................................................................... 29 
3.1.9 Toxicomania .................................................................................................. 30 
3.1.10 Neurose ........................................................................................................ 32 
3.1.11 Oligofrenia .................................................................................................. 34 
3.1.12 Psicopatia .................................................................................................... 37 
3.2 Ambiente Criminógeno 
3.2.1 Ambiente Favorável ...................................................................................... 38 
3.2.2 Ambiente Físico e Social ............................................................................... 38 
3.2.3 Teoria do Meio Social ................................................................................... 39 
3.2.4 Formação da Personalidade Criminal .......................................................... 40 
3.2.5 Traços da Personalidade Criminal ............................................................... 40 
3.3 Teoria Sociológicas e Psicológicas da Delinquencia 
3.3.1 Sistemas Contemporâneos da Criminologia ................................................ 41 
3.3.2 Teoria da Associação Diferencial ................................................................. 41 
3.3.3 Teoria Ecológica ou da Transmissão Diferencial ......................................... 42 
3.3.4 Teoria do Conflito Cultural .......................................................................... 43 
3.3.5 Teoria da Anomia ......................................................................................... 44 
3.3.6 Teoria da Subcultura da Delinquência ........................................................ 45 
3.3.7 Teoria Bioantropológica ............................................................................... 46 
3.3.8 Teoria de Lombroso ...................................................................................... 47 
3.3.9 Teoria de Hooton .......................................................................................... 48 
3.3.10 Teorias psicodinâmicas ............................................................................... 48 
3.3.11 Teoria Psicanalítica ..................................................................................... 49 
3.3.12 Tipologia de Jenkins ................................................................................... 50 
3.3.13 Teoria da Frustração-Agressão .................................................................. 51 
 
3.3.14 Teoria de Greef ........................................................................................... 51 
 
CAPÍTULO IV 
4. ESTUDO DO CRIME E DO ATO CRIMINAL COM ENFOQUE 
CRIMINOLÓGICO. 
4.1 Estudo do Crime ..................................................................................................... 53 
4.2 Situação e Ato Criminal ......................................................................................... 54 
4.3 Tipos de Crime ....................................................................................................... 55 
4.3.1 Crimes Primitivos ......................................................................................... 55 
4.3.2 Crimes Utilitários .......................................................................................... 55 
4.3.3 Crimes Pseudojusticeiros .............................................................................. 57 
4.3.4 Crime organizado ......................................................................................... 57 
4.3.5 Crime do Colarinho Branco ......................................................................... 58 
4.3.6 Crime do Bando Juvenil ............................................................................... 58 
4.3.7 Crime Contra o Patrimônio .......................................................................... 59 
4.3.8 Furto Praticado por Adulto .......................................................................... 60 
4.3.9 Delito Sexual do Menor ................................................................................ 61 
4.3.10 Delito Sexual do Adulto .............................................................................. 61 
4.3.11 Homicídio .................................................................................................... 62 
4.3.12 Personalidade do Homicida ........................................................................ 63 
4.3.13 Homicídio praticado pelo Menor ............................................................... 64 
4.4 O Crime Como Fenômeno de Massa ..................................................................... 65 
4.5 Escola Cartográfica ................................................................................................ 65 
4.6 Escola Socialista ...................................................................................................... 65 
4.7 Escola Sociológica ................................................................................................... 66 
4.8 Escola do Meio Social ............................................................................................. 66 
4.9 Escola Interpsicológica ........................................................................................... 66 
4.10 Escola de Durkheim .............................................................................................. 67 
4.11 Escola Sociológica Propriamente Dita ................................................................. 67 
4.12 Fatores Físicos ou Geográficos ............................................................................. 68 
4.13 Fatores Econômicos .............................................................................................. 694.14 Fatores Culturais .................................................................................................. 70 
4.15 A Instrução ........................................................................................................... 71 
4.16 A Literatura .......................................................................................................... 72 
4.17 A Imprensa ........................................................................................................... 73 
4.18 O Cinema .............................................................................................................. 74 
4.19 Fatores Pessoais .................................................................................................... 75 
4.20 Idade ..................................................................................................................... 76 
4.21 Delinquência Juvenil ............................................................................................ 76 
4.22 Sexo ....................................................................................................................... 77 
 
 
 
 
CAPÍTULO V 
5. SEGURANÇA PÚBLICA 
5.1 Conceitos ................................................................................................................. 78 
5.2 A criminalidade no Brasil ...................................................................................... 80 
5.3 A Criminalidade em Cuiabá ................ ................................................................. 84 
5.4 A Informação e Dados sobre a Criminalidade de Cuiabá...................................... 88 
 
CAPÍTULO VI 
6. RESULTADOS E ANALISES 
6.1 Dados sobre fatores socioeconômicos do Estado de Mato Grosso e de Cuiabá que 
potencializam a criminalidade ............................................................................... 92 
6.1.1. Índices de Emprego .................................................................................. 92 
6.1.2. Índices de Renda Percapita ...................................................................... 96 
6.1.3. Índices de Moradia ................................................................................... 97 
6.1.4. Índices da Área de Educação ................................................................... 99 
6.1.5. Índices da Área de Saúde ....................................................................... 101 
6.1.6. Índices de Desenvolvimento Humano .................................................... 102 
 
6.2 Dados sobre os fatores neuropatológicos que potencializam a criminalidade em 
Cuiabá-MT ................................................................................................................. 104 
CAPÍTULO VII 
7. CONCLUSÕES E SUGESTÕES 
7.1 Conclusões ............................................................................................................. 109 
7.1.1. Conclusão sobre os Fatores Socioeconômicos ......................................... 109 
7.1.2. Conclusão sobre Aspectos Neuropatológicos .......................................... 110 
7.2 Sugestões ............................................................................................................... 113 
 
8. BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 115 
 
9. ANEXOS ..................................................................................................................... 116 
 
 
Capítulo I 
 
1. INTRODUÇÃO 
 
A criminalidade é um assunto de caráter mundial, de acordo com o Sociólogo Emile 
Durkheim (1858 -1917) o crime é um fenômeno social normal, pois é um traço generalizado de 
todas as sociedades e está ligado às condições gerais da vida coletiva, apesar de que isso não 
significa que este fenômeno não esteja livre de limites, pois conforme sua intensidade, traz grandes 
prejuízos para sociedade. 
 
Não poderíamos chamar de anormal um fenômeno que está presente em todas as 
sociedades e faz parte de sua própria constituição, pois uma sociedade sem crimes, seria impossível 
porque o crime é um ato que ofende sentimentos coletivos muito importantes para a sociedade, e 
para que não fossem mais praticados, seria necessário que todas as pessoas rejeitassem a violência 
e o crime de forma definitiva, seria pensar de que um dia todos os seres humanos acordassem e 
dissessem para si mesmo, que “a partir de agora, jamais cometerei um ato de violência contra meu 
próximo ou qualquer ação que vá de encontro as normas estabelecidas por Deus e pela sociedade”. 
 
A implementação de políticas de 
redução da criminalidade e da violência 
e a garantia da segurança dos cidadãos é 
hoje um grande desafio para o governo 
federal, os governos estaduais , os 
governos municipais e a toda sociedade 
brasileira. Em algumas regiões do país 
os índices são alarmantes, 
principalmente nas periferias das regiões 
metropolitanas. 
 
 
 
O crime organizado tem atuado de maneira bem expressiva, e tem se instalado em 
várias regiões do país, a ponto de corromper e enfraquecer as organizações públicas e privadas, 
chamando para si, pessoas dos mais diversos setores da sociedade, inclusive aqueles que são 
responsáveis pelo controle da criminalidade. 
 
A sociedade, de maneira geral, postula providências das autoridades, que por sua vez 
demonstram não dominar o conhecimento sobre as causas da criminalidade e da violência, o que 
gera tristemente em ações imediatistas, em sua maioria sob pressão da mídia, cujos resultados 
pouco interferem no contexto, pois visam os efeitos da violência e não as causas, e conhecendo 
melhor as origens do problema, é que se pode realizar ações mais eficazes, e que alcançam 
resultados mais expressivos. 
 
Por isso tivemos como objeto de estudo A prevenção do Crime e contravenção sob a 
análise criminal, que para obter um conhecimento necessário, pesquisamos sobre o significado do 
crime e suas origens, a pessoa do criminoso e sua conduta, os processos socioeconômicos que 
influenciam a conduta delinqüente, assim como achar medidas de prevenir as infrações. 
 
A criminalidade nos tempos de hoje, 
tem trazido sérios problemas que 
influenciam em vários fatores da vida do 
ser humano e da sociedade como um 
todo, por isso tem preocupado vários 
estudiosos na busca de apontarem uma 
solução para minimizarem o crescimento 
da violência e reduzir os índices de 
criminalidade. Decerto que não é uma 
questão muito fácil, pois o entendimento 
do comportamento humano é 
complexo, ainda mais quando se trata 
de comportamentos desviados da 
 
normalidade humana e de regras sociais, 
assim ao pesquisarmos o Tema: Análise 
Criminal com a prevenção do crime e 
contravenção, procura desenvolver os 
capítulos e conteúdo tendo como foco 
de pesquisa o seguinte problema: Como 
prevenir as infrações penais 
subsidiando-se da analise dos fatores 
que potencializam a criminalidade ? 
 
Para chegarmos a um resultado 
dividimos o problema em duas 
perguntas, sendo: Quais os fatores 
socioeconômicos que potencializam a 
criminalidade em Cuiabá? E quais os 
fatores psicopatológicos que 
potencializam o comportamento 
humano, direcionando-o para o 
cometimento de infrações ? 
 
Com estes focos fizemos uma contextualização do crime, com suas origens, 
características e conceitos da infração penal, da conduta delituosa, várias teorias da causa do delito, 
todos estes aspectos na área das ciências jurídicas. Estudamos e pesquisamos vários autores que 
estudam o crime de maneira multifatorial, ou seja, abrangendo os vários fatores que influenciam no 
comportamento do delinqüente, a violência na sociedade e os caminhos da criminogênese, 
abordamos neste trabalho teorias que sustentam o estudo do crime, pois ressaltamos de maneira 
geral a Criminologia e junto com ela todo o aparatode teorias e estudos no campo social, 
ontogenético e neurobiofisiopatológico. 
 
 
Tivemos como objetivo principal achar a possibilidade de fazer a prevenção das 
infrações penais, sob a análise dos fatores que potencializam a criminalidade. Analisar os fatores 
socioeconômicos que interferem na criminalidade e os fatores psicopatológicos que influenciam o 
comportamento humano, direcionando-o para o cometimento de infrações penais. 
 
Buscamos primeiramente nas ciências jurídicas os conceitos de crime, em seguida 
fomos verificar as teorias que abrangem os fatores da criminogênese, para que em seguida, 
fizéssemos uma abordagem na criminalidade no Brasil, no Estado de Mato Grosso, e na cidade de 
Cuiabá. Por fim fizemos o levantamento dos fatores socioeconômicos e dos fatores psicopatológicos 
que potencializam a violência e a criminalidade para no final acharmos soluções e caminhos que 
propiciem um eficiente combate eficaz a estes fenômenos. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo II 
 
 
2. CONTEXTUALIZAÇÃO DO CRIME 
 
2.1 CONTEXTO DO CRIME 
 
Para contextualizar o crime primeiramente vamos transcrever parte de um 
diálogo produzido pelo Professor Edmilsom José da Silva Junior, encontrado no site 
www.conjunturacriminal.com.br.htl, que faz uma abordagem de fácil entendimento sobre o 
conceito de crime: 
 
“O crime não existe?”. 
- Calma! Não tire conclusões apressadas. Pense comigo: o que é crime? 
- Fácil. Crime é todo fato que a lei proíbe sob ameaça de uma pena... qual o 
problema? 
- Problema!? Nenhum. Se crime é a transgressão da lei penal, a questão está 
resolvida. Quem cria os crimes é o legislador. Basta que ele defina menos fatos 
como crimes e teremos diminuído a onda de criminalidade. Melhor ainda, se 
ele não definir nenhum... 
- Êpa! não é assim, não. O legislador define como crime os comportamentos 
que ofendem ou ameaçam um valor fundamental para a coexistência social. 
- Ah! então uma conduta que põe em risco a vida na Terra deve ser o pior dos 
crimes. Penso na fabricação de bombas atômicas, por exemplo. 
- Não, aí não. Isso é atividade do Estado. Crime é ação humana, coisa de 
indivíduo, pessoa humana.” 
 
Como podemos verificar o crime é criado primeiramente com relação a um ato 
conceituado como ofensa a algum valor. Depois temos um processo de significação desses atos. 
Assim, para que existam novos crimes, basta que o legislador faça novas leis. 
 
Essa inflação de leis penais não ocorre 
por acaso. Os dados da realidade 
indicam que ela está relacionada com o 
 
 
mito da punição, os meios de 
comunicação de massa e a clientela 
eleitora dizem o Professor Edmilsom. 
 
Parte da sociedade imagina que a pena é um fator determinante para inibição dos 
infratores, veremos nos capítulos a seguir, a multiplicidade de fatores que influenciam a conduta 
delitiva. 
 
2.2 SURGIMENTO DO CONCEITO DE INFRAÇÕES PENAIS; 
 
Encontramos na Obra de Damásio E. de Jesus: Direito Penal, 1º Volume, Parte Geral, 
capítulo XI, que no antigo Direito Romano, as infrações eram conhecidas como Noxa, segundo 
Mommsen, era o termo designativo da conduta delitiva, mais tarde passou a se chamar Noxia, que 
significava dano, o qual estava ligado aos conceitos de reparação e retribuição ao mal causado, 
dando mais importância aos efeitos do ato delitivo do que o significado da infração. Na Idade 
Média, começaram a empregar os termos crimen, que indicava infração leve e delictum que 
indicava infração grave. Hoje nos países de língua castelhana empregam-se os termos “delitos”, 
“crime” e “contravenção”, sendo que “infração” designa as três condutas delituosas. 
 
2.3 CONCEITO DE INFRAÇÕES PENAIS 
 
Primeiramente antes de conceituar, se faz necessário comentar sobre o significado da 
expressão “infração”, que para colaborar, vamos mencionar o renomado jurista Damásio E. de 
Jesus que na obra: Direito Penal, 1º Volume, Parte Geral, capítulo XI, fala que entre nós, 
doutrinariamente, o termo “infração” é genérico, abrangendo os “crimes” ou “delitos” e as 
“contravenções”. Pode ser empregado o termo delito ou crime. O Código Penal usa as expressões 
“infração”, “crime” e contravenção”, aquela abrangendo estes. O Código de processo penal 
emprega o termo “infração”, em sentido genérico, abrangendo os crimes (ou delitos) e as 
contravenções (ex: arts. 4º, 70, 72, 74, 76, 77, 92 etc.). Outra vezes usa a expressão “delitos” 
como sinônimo de “infração” (ex: arts. 301 e 302). 
 
 
Agora, conceituando as infrações, vamos dar desenvolvimento ao estudo do crime sob 
o aspecto jurídico-penal em que há quatro sistemas de conceituação do crime: 
 
a) Formal: Formalmente, conceitua-se crime sob o aspecto da técnica 
jurídica, do ponto de vista da lei: Crime é um fato típico e antijurídico. 
b) Material: Materialmente tem-se o crime sob o ângulo ontológico, 
visando à razão que levou o legislador a determinar como criminosa uma conduta 
humana, a sua natureza danosa e sua consequência: Crime é a violação de um bem 
penalmente protegido. 
 
c) Formal e material: Carrara (Ob. E loc. Cits., pg48, par. 21), adota o 
critério substancial e dogmático, definindo o delito como” a infração da lei do Estado, 
promulgada para proteger a segurança dos cidadãos, resultante de um ato externo do 
homem, positivo ou negativo, moralmente inputável e politicamente danoso”. 
 
d) Formal, Material e Sintomático: Ranieri (Diritto penale; parte 
generale, Milano,1945. Pg 79) define o delito como “fato humano tipicamente previsto 
por norma jurídicasancionada mediante pena em sentido estrito (pena criminal), lesivo ou 
perigoso para bens ou interesses considerados merecedores da mais enérgica tutela” 
constituindo “expressão reprovável da personalidade do agente, tal como se revela no 
momento de sua realização”. 
 
Segundo Bettiol, Direito penal, traduzido por Paulo José da Costa Junior e Alberto 
Silva Franco, Revista dos Tribunais, 1996, v. 1, pg 209, diz que dos quatro sistemas , dois 
predominam: O formal e o material. O primeiro apreende o elemento dogmático da conduta 
qualificada como crime por uma norma penal. O segundo vai além, lançando olhar às profundezas 
das quais o legislador extrai os elementos que dão conteúdo e razão de ser ao esquema legal. 
 
Finalizando, na Lei de Introdução ao Código Penal Brasileiro, Decreto -Lei nº 3.914 de 
09/12/1941, encontramos no 1º artigo a definição de crime, como se vê abaixo: 
 
 
“Considera-se crime a infração penal a que a lei comina pena de reclusão ou 
detenção, quer isoladamente, quer alternativa ou cumulativamente com a pena 
de multa; contravenção penal a que a lei comina, isoladamente, pena de prisão 
simples ou de multa, ou ambas, alternativa ou cumulativamente.” 
Como podemos observar, devido o caráter dogmático do Direito Penal, o 
conceito de crime é essencialmente jurídico. Porém o nosso Código Penal vigente não 
contém uma definição de crime, que fica conceituado através das doutrinas dos 
diversos juristas que definem o ilícito penal sob vários aspectos , porém para 
contextualizar nosso trabalho de definições, mostraremos outra linha de pensamento 
apresentada por Mirabett que diz que a definição do ilícito penal tem sido observado 
sob três aspectos diversos. Atendendo-se ao aspecto externo, puramente nominal do 
fato, obtém-se uma definição formal; observando-se o conteúdo do fato punível, 
consegue-se uma definição material ou substancial; e examinado-se as características 
ou aspectos do crime, chega-se a um conceito, também formal, mas analítico da 
infração penal. Estas definições são melhores apresentadas nos próximos itens a 
seguir. 
 
2.3.1 CONCEITOS FORMAIS 
 
O conceito formal cita: “Crime é o fato humano contrário à lei” (Carmignani). “Crime é 
qualquer ação legalmente punível.”1 “Crime é toda a ação ou omissão proibida por lei sob ameaça 
de pena”2 “Crime é uma conduta (açãoou omissão) contrária ao Direito, a que a lei atribui uma 
pena.”3 Essas definições atendem alguns aspectos do fenômeno criminal. 
 
2.3.2 CONCEITOS MATERIAIS 
 
 
Segundo Mirabeti a melhor orientação para obtenção de um conceito material de crime, 
como afirma Noronha, é aquela que tem em vista o bem protegido pela lei penal.1 Tem o estado a 
finalidade de obter o bem coletivo, mantendo a ordem, a harmonia e o equilíbrio social, qualquer 
 
1 MAGGIORE, Giuseppe. Diritto Penale. 5. ed . Bolonha, Nocola Zanuchelli Editore, 1951. v. 1. p. 189. 
2 FRAGOSO, Heleno Cláudio. Lições de direito penal; parte geral. 4. ed. Rio de Janeiro, Forense, 1980. p. 148. 
3 PIMENTEL, Manoel Pedro. O crime e a pena na atualidade. Saião Paulo, revista dos Tribunais, 1983. p. 2. 
1 Cf. Noronha, E. Magalhães. Direito penal. 15. Ed. São Paulo. Saraiva. 1978. v. 1 . p. 105 
 
que seja a finalidade do Estado (bem comum, bem proletariado etc.) ou seu regime político 
(democracia, autoritarismo, socialismo etc.). tem o Estado que velar pela paz interna, pela 
segurança e estabilidade coletivas diante dos conflitos inevitáveis entre interesses dos indivíduos e 
entre os destes e os do poder constituído. 
 
Assim, obtemos alguns conceitos dos crimes materiais ou substanciais como: “Crime é 
a conduta humana que lesa ou expõe a perigo um bem jurídico protegido pela lei penal.”2 “Crime é a 
ação ou omissão que, a juízo do legislador, contrasta violentamente com valores ou interesses do 
corpo social, de modo a exigir seja proibida sob ameaça de pena, ou que se considere afastável 
somente através da sanção penal.”3 “Crime é qualquer fato do homem, lesivo de um interesse, que 
possa comprometer as condições de existência, de conservação e de desenvolvimento da 
sociedade.”4 
 
2.3.3 CONCEITOS ANALÍTICOS 
 
Neste caso conceitua-se o crime como ação típica, antijurídica e culpável. Esses 
conceitos são definidos pelos autores que seguem a teoria causalista (naturalista, clássica, 
tradicional) e pelos autores da teoria finalista da ação (ou da ação finalista). Explorando o tema da 
Culpabilidade, verificamos uma subjetividade que liga a ação ao resultado, ou seja, no dolo quando 
se pretende o resultado ou assumi-se o risco de produzi-lo ou na culpa em sentido estrito, quando 
se dá causa ao resultado por imprudência, negligência ou imperícia. Refere-se também quanto à 
existência de fato típico que é composto de uma ação, resultado, nexo causal e tipicidade e 
antijurídico, quando se examinar o elemento subjetivo, ou seja, dolo ou culpa em sentido estrito e, 
assim, a culpabilidade. 
 
2.3.4 ILÍCITO PENAL E ILÍCITO CIVIL 
 
Não há diferença ontológica entre os dois crimes, pois ambos ferem o ordenamento 
jurídico. A única diferença entre ilícito penal e ilícito civil é meramente formal, pois o ilícito penal é 
 
2 NORONHA, E. Magalhães. ob. cit. p. 102; 
3 FRAGOSO, Heleno Cláudio. ob. cit. p. 149. 
4 BETTIOL, Giuseppe. Direito penal; parte geral. Coimbra, Coimbra Editora, 1970. v. 2. n. 9. 
 
estabelecido pela lei penal. Estabelece o legislador, através das figuras penais, quais os ilícitos que 
devem ser reprimidos através de sanções penais, prevendo-os como ilícitos penais, enquanto os 
demais estarão sujeitos apenas ás sanções civis (indenização, restituição, multa civil etc.), 
administrativas (suspensão e demissão de funcionário, etc.), tributárias (multa tributária, acréscimos, 
etc.) etc. estes serão então ilícitos civis, administrativos, tributários, etc. 
2.4 FATO TÍPICO 
 
2.4.1 ELEMENTOS DO FATO TÍPICO 
 
Sabendo-se que o crime é um fato típico e antijurídico. Para que se 
possa afirmar que o fato concreto tem tipicidade, é necessário que ele se 
contenha perfeitamente na descrição legal, ou seja, que haja perfeita adequação 
do fato concreto ao tipo penal. Deve-se, por isso, verificar de que se compõe o 
fato típico. São elementos do fato típico: 
 
a) conduta (ação ou omissão); 
b) o resultado; 
c) a relação de causalidade; 
d) a tipicidade. 
 
Caso o fato concreto não apresente um 
desses elementos, não é fato típico e, 
portanto, não é crime. Excetua-se, no 
caso, a tentativa, em que não ocorre o 
resultado. 
 
2.4.2 TEORIAS SOBRE A CONDUTA 
 
Não há crime sem ação (nullum crimem 
sine conducta). É sobre o conceito de 
ação (que se pode denominar conduta, 
já que a palavra ação tem sido amplo, 
que abrange a ação em sentido estrito, 
 
que é o fazer, e a omissão, que é o não 
fazer o devido) que repousa a 
divergência que repousa a divergência 
mais expressiva entre os penalistas. 
Conforme o sentido que se dê à palavra 
ação, modifica-se o conceito estrutural 
do crime. Para examinar melhor ainda se 
segue, as teorias mais divulgadas como: 
a teoria causalistas, a teoria finalista e a 
teoria social da ação. 
 
2.4.3 CONCEITO, CARACTERÍSTICAS E ELEMENTOS DA 
CONDUTA 
 
Em pesquisa sobre conduta, verificamos uma boa explanação didática sobre conduta 
em Damásio E. de Jesus que na obra: Direito Penal, 1º Volume, Parte Geral, capítulo XXI, em que 
encontramos os conceitos de conduta, suas características e seus elementos, que passamos a 
escrever: 
 
“Conduta é a ação ou omissão humana consciente e dirigida a determinada 
finalidade” 
 
Este conceito tradicional: conduta (ou ação), em sentindo amplo, é um comportamento 
humano voluntário consciente num movimento ou abstenção de movimento corpóreo (antiga posição 
de José Frederico Marques, Tratado de Direito Penal, Saraiva,1956, v.2, p.50) (conduta e ação). 
 
Neste contexto o autor apresenta as seguintes características: 
 
a) A conduta se refere ao comportamento do homem, não dos animais 
irracionais. O ato do homem, por sua vez, só constitui conduta como expressão individual 
de sua personalidade. Como vimos, sujeito ativo do delito nas infrações penais comuns 
 
só pode ser uma pessoa física. A pessoa jurídica não é capaz de delinqüir no tocante a 
crimes comuns, como furto, homicídio etc. Na lei nº 9.605, de 12/02/1998, em seus 
artigos 3º e 21 a 24, admite a responsabilidade penal da pessoa jurídica em relação a 
delitos ambientais. 
 
b) Só as condutas corporais externas constituem ações. O Direito Penal não 
se ocupa da atividade puramente psíquica. 
c) A conduta humana só tem importância para o Direito Penal quando 
voluntária. 
d) O comportamento consiste num movimento ou abstenção de movimento 
corporal. 
 
Daí os elementos da conduta, que são: 
 
a) Um ato de vontade dirigido a uma finalidade; 
b) Atuação positiva ou negativa dessa vontade no mundo exterior 
(manifestação da vontade por meio de um fazer ou não fazer). 
 
O primeiro elemento é um ato de vontade dirigido a um fim. De acordo com Welzel, a 
vontade abrange: 
 
a) O objetivo pretendido pelo sujeito; 
b) Os meios usados na execução; 
c) As conseqüências secundárias da prática 
 
O segundo elemento da conduta é a manifestação da vontade, que Soler chamava de 
atuação. É o movimento ou abstenção do movimento corpóreo. Podemos falar, então, tendo em 
vista os dois elementos, em ato (em sentido amplo) voluntário, que se distingue das demais formas 
pela sua natureza intelectual ou racional. É, por assim dizer, a fase final de um processo ativo que 
começa no campo intelectual e termina na esfera muscular. Neste contexto o autor considera os 
seguintes aspectos: 
 
 
a) O aspecto psíquico, de caráter eminentemente funcional; 
b) O aspecto mecânico ou neuromuscular, que consiste no conjunto de 
impulsos de ordem psíquicas que atuando sobre os centros nervosos, 
determinam ou não os movimentos dos músculos estriados. 
 
Por fim, a conduta não pode ser confundida com o ato. Este é um momento daquela, 
por exemplo: se um indivíduo mata outro com diversas perfurações de faca, cada facada 
corresponde a um ato, mas haveráuma só conduta. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Capítulo III 
 
3. ESTUDO DO CRIME 
 
3.1 TRANSTORNO MENTAL DO CRIMINOSO 
 
3.1.1 TRANSTORNO MENTAL 
 
Esta é matéria da psicopatologia 
criminal e da psiquiatria forense. O 
estudo específico do doente mental 
estaria afeto à psiquiatria forense, mas o 
 
 
estudo do anormal psíquico tem grande 
interesse em Criminologia. A 
Criminologia da maior ênfase ao estudo 
do anormal, do psicopata, em seu 
sentido estrito. Sem embargo da menor 
incidência da criminalidade do doente 
mental, é necessário o seu estudo 
criminológico para tratamento 
penitenciário e a prevenção criminal. 
 
3.1.2 CLASSIFICAÇÃO 
 
Quanto ao transtorno mental, que divide 
em dois grupos: a) enfermidade mental 
(psicose e neurose); b) estado normal 
(oligofrenia e psicopatia). Aproxima-se 
dessa classificação a de Beca Soto, 
referido por Nelson Hungria: a 
anormalidade psíquica compreende três 
grupos: psicoses, psicopatias e 
oligofrenia. Essa classificação não 
contemplou o grupo das neuroses. 
Segundo Hesnard, o neurótico é incapaz 
de assumir um ato agressivo grave, 
exceto no seu mundo fantástico e 
simbólico. Todavia a delinqüência seria 
compatível com as tendências 
neuróticas. 
 
 
3.1.3 PSICOSE E NEUROSE 
 
Há vários critérios para a definição da desordem mental, antes da classificação das 
psicoses para o estudo das principais espécies, conviria assinalar a s diferenças entre psicose e 
neurose. 
A neurose é uma doença de sintoma 
psíquico, tal como uma obsessão, uma 
angústia, uma fobia, com a caracteriza 
Lopes-Ibor1. Os sintomas somáticos 
são projeções dos sintomas psíquicos, 
expressão simbólica de um conflito 
psíquico. A asma da mulher no leito 
conjugal exprime sua repulsa pelo 
marido e o desejo pelo outro. A paralisia 
do soldado, o desejo de não ir ao front. 
Os vômitos da jovem, o medo da 
gravidez. 
 
Com esta noção de neurose, pode-se distinguir neurose e psicose. Na neurose o 
indivíduo reconhece que está enfermo e quer melhorar. Na psicose, ao contrário, o indivíduo não 
percebe a sua doença. 
 
3.1.4 PSICOSE 
 
O nosso autor, Jason Albergaria aborda a psicose dizendo que é classificada em dois 
tipos: a psicose orgânica e a psicose funcional. Segundo Clinard,2 as psicoses de base orgânica 
 
1 LOPES-IBOR. (Structure et liberté Études carmelitaines), Paris: Desclée de Brouwer, 1958 
2 CLINARD, M. B. Anomia y conduta desviada. Buenos Aires: Paidos, 1967 
 
estão ligadas a algum germe, lesão no cérebro ou desordem fisiológica. As psicoses orgânicas mais 
importantes são a psicose senil, paralisia geral e psicoses alcoólicas, que não seriam hereditárias. 
 
A psicose funcional é uma desordem 
mental sem base orgânica. A desordem 
mental funcionaria para ajustar o 
indivíduo às suas dificuldades 
particulares; daí o termo “funcional”. 
Citado autor ressalta que a desordem a 
desordem mental deve ser considerada 
como desvio de normas, e pode ser 
entendida em termo de reação social 
para certo comportamento. As 
psicoses funcionais são as que mais 
interessam ao sociólogo e ao 
criminólogo. São tipos de psicose 
funcional: a esquizofrenia, a ciclofrenia e 
a epilepsia genuína. 
 
Será conveniente breve notícia sobre cada tipo dessa psicose, sem intromissão nos 
domínios da psiquiatria. Sutherland dá uma rápida visão sobre os tipos de transtorno mental. Clinard 
vai mais longe, descendo a pormenores sob o enfoque sociológico. Hurwitz3 estende-se sobre a 
matéria tocando a área da psiquiatria forense. 
 
3.1.5 ESQUIZOFRENIA 
 
A esquizofrenia é considerada com maior interesse pelo criminólogo. A esquizofrenia é 
o transtorno mental mais comum, mas a sua natureza é a que provavelmente menos se entendeu. 
 
3 HURWIRZ, S. Criminologia. Madri: Ariel, 1956 
 
Alguns autores, em razão desse grupo de enfermidades, distinguem a “esquizofrenia autêntica” das 
“síndromas esquizofrênicas”. 
 
A esquizofrenia autêntica evoluiria para a demência; no caso de remissão, seriam 
síndromas esquizofrênicas. As características mais comuns do grupo são a evolução da enfermidade 
para mudança da personalidade, e um dos sintomas mais importantes é isolamento do indivíduo do 
meio circundante, isto é, o autismo. Os psiquiatras indicam os sintomas principais da esquizofrenia; 
cisão da mente; transitivismo; ambivalência afetiva; desdobramento da personalidade; autismo. 
 
Considera-se que 60% da população dos hospitais psiquiátricos compõem-se de 
esquizofrênicos. De outra parte, observa-se que a esquizofrenia ocorre em todos os níveis 
socioeconômicos, mas há predominância da enfermidade nos níveis socioeconômicos mais baixos. 
 
Quanto à etiologia da esquizofrenia, há duas correntes que explicam a sua origem: a 
organicista e psicodinâmica. Para a concepção organicista, a esquizofrenia é hereditária, com base 
orgânica desconhecida. A esquizofrenia tem lugar só no indivíduo predisposto, como resultado de 
uma interação de fatores constitucionais e fatores ambientais posteriores. 
 
Para a teoria psicodinâmica, a esquizofrenia deriva dos conflitos emocionais nos 
primeiros meses de vida: a mãe esquizofrênica cria os complexos emocionais no ambiente da 
criança. Fala-se em mãe “esquizofrenogênica”. Segundo essa teoria, os primeiros períodos de 
relação entrem a mãe e as lactentes foram deficientes, uma vez que a patologia do enferno adulto 
sugere um isolamento regressivo para a conduta emocional infantil. Em razão da depressão efetiva 
da mãe “esquizofrenogênica”, são anormais os cuidados maternos, pois ela não brinca com filho 
como as mães normais. 
 
 São tipos de esquizofrenia: esquizofrenia simples, esquizofrenia hebefrênia, 
esquizofrenia catônica, esquizofrenia parnóide. Langeluddeke dá idade como critério desses tipos de 
esquizofrenia. No tipo simples, o transtorno afeta a emoção e a atividade. Não há alucinação e 
delírio. Há indiferença pela atividade escolar ou profissional. Os marginais se constituem em sua 
 
maioria de esquizóides do tipo simples. O tipo hebefrênico ocorre na puberdade. Há alucinação e 
delírio. Há traços regressivos. É freqüente a desintegração final da personalidade. 
 
A esquizofrenia catatônica ocorre na terceira década da vida. Seus sintomas são: 
estupor, excitação, negativismo e automatismo. O automatismo também é comum na catatonia. O 
enfermo catatônico é o que com mais freqüência mostra uma conduta impulsiva e imprevisível. 
 
A esquizofrenia, paranóide verifica-se normalmente na quarta década. Os traços mais 
evidentes do tipo paranóide são as idéias delirantes, as alucinações, o negativismo. O prepsicótico 
se caracteriza por sua defeituosa relação interpessoal. Foi retraído, frio e desconfiado. As idéias de 
perseguição são as mais freqüentes. 
 
A delinqüência do esquizofrênico afina-
se com o tipo de esquizofrenia. Na 
esquizofrenia simples, as infrações mais 
freqüentes são a vadiagem, delitos por 
omissão, abandono da família. No tipo 
hebefrênico, delitos contra os costumes, 
exibicionismo, fuga. Na esquizofrenia 
catatônica, homicídio e lesões 
corporais. O tipo paranóide é o mais 
perigoso: delitos contra pessoa, injúria e 
calúnia. 
 
O esquizofrênico é inimputável na fase aguda da psicose; na remissão, semi-imputável 
ou imputável, conforme o caso. O interesse criminológico de estudo da esquizofrenia reside nas 
medidas de prevenção e tratamento do prepsicótico ou psicótico, principalmente, quando à adoção 
de medidas de higiene mental na escola primária ou secundária. Deve-se promover desde cedo a 
socialização sadia e a adaptação da personalidade do menor tímido, retraído, isolado e pouco 
sociável a seu ambiente. 
 
 
 
 
3.1.6 CICLOFRENIA 
 
A ciclofrenia ou psicose maníaco-
depressiva compreende váriasformas 
que antes formam estudadas como 
entidades independentes (mania, 
melancolia, loucura intermitente). o 
Traço fundamental desse grupo de 
enfermidades é a mudança mórbida da 
afetividade, inclinada para o pólo 
melancólico ou para o pólo maníaco. 
 
A fase maníaca defina-se pela euforia idéia de grandeza e atividade. Na fase 
melancólica, há perda de autoconfiança, inibição e diminuição de atividade. A mania pode levar ao 
delito. A melancolia, ao suicídio. 
 
A ciclofrenia é mais freqüência nas mulheres, sobretudo na mulher agressiva. É mais 
comum na classe social alta e entre profissionais. A admissão nos hospitais é de 15% dos que 
ingressam. A delinqüência na ciclofrenia varia segundo suas fases. Na fase da exaltação, os crimes 
são relativos a excessos de bebida e do sexo: pequenas fraudes e crimes sexuais. Na fase da 
depressão: o crime por omissão e o crime de família (Mitnahmemord). 
 
3.1.7 EPILEPSIA 
 
Entende-se hoje que não é uma entidade patológica, mas um complexo de sintomas que 
se caracteriza por episódios periódicos e transitórios do estado de consciência que podem associar-
se a movimentos convulsivos ou transtornos de conduta. Fisiologicamente, a epilepsia pode 
 
considera-se como um transtorno da atividade eletrofísico-química das células do cérebro que 
produzem descargas. 
 
A epilepsia genuína ou idiopática teria origem endógena. Nos pais epilépticos. 
Descrevem-se três tipos de epilepsia: o grande mal, o pequeno mal e a crise psicomotora ou 
equivalente psíquico. 
 
A crise do grande mal é a forma mais espetacular da epilepsia. O grande mal 
compreende as seguintes fases: aura, fase tônica (contração muscular), fase crônica (agitação e 
convulsão) e coma. A aura é o aviso da iminência da crise: formigamento, sensação desagradável no 
epigástrio, alucinação. A aura é a primeira manifestação da descarga dos neurônios. A fase tônica 
caracteriza-se pela perda completa da consciência e a queda do indivíduo. As contrações duram de 
10 a 20 segundos. Na fase crônica, há contrações musculares intermitentes. Segue-se o coma, 
caindo o indivíduo em sono profundo. As convulsões podem ocorrer também durante o sono. 
 
No pequeno mal, há uma transitória interrupção da corrente da consciência. A perda 
da consciência é de 5 a 30 segundos. Na crise, não há aura que a preceda. O paciente não cai. 
Permanece imóvel, o olho fixo. Solta qualquer objeto que tenha nas mãos. Há ligeiras contrações 
nas pálpebras e sobrancelhas. O pequeno mal é mais freqüente na infância e tende a desaparecer 
depois de 18 anos. O menor com o pequeno mal é inadaptado social e emocionalmente. 
 
A epilepsia psicomotora assemelha-se ao pequeno mal, mas é mais comum no adulto. 
A amnésia persiste de meio há vários minutos. Há movimentos dos músculos e mastigação, 
deglutição e fala. O estado de obnubilação sugere um delírio com liberação de impulso agressivo e, 
às vezes, autodestrutivo. Durante estes automatismos podem ser cometidos atos de violência. Estes 
furores se caracterizam pelo repentino de sua aparição, por falta de premeditação e precaução. 
 
A importância criminológica da epilepsia 
foi exagerada por Lombroso. Não há 
fase cientifica para aferi-se a tendência 
criminal do epiléptico. A epilepsia pode 
 
dar causa à irresponsabilidade, e o 
delinqüente ficaria sujeito a medida de 
segurança. O crime do epiléptico é 
violento e brutal. Os delitos que pratica 
são contra a pessoa e contra os 
costumes. O incendiário é, via de regra, 
epiléptico. Hoje o prognóstico do 
epiléptico é favorável, com o emprego 
do eletroencefalograma e de drogas que 
suprimem os fenômenos epilépticos. A 
educação popular também diminui o 
estigma social da doença. O 
prognóstico é pior no pequeno mal. 
 
 
 
 
 
 
3.1.8 PSICOSE ALCOÓLICA 
 
Mezger4 considera no alcoolismo três grupos de fenômenos: a embriaguez patológica, 
o alcoolismo crônico e a embriaguez alcoólica aguda. O estudo do alcoolismo em Criminologia é 
considerado o ponto de vista causal, acentuando que o alcoolismo crônico influi na etiologia da 
delinqüência, como as outras toxicomanias. Sempre se afirmou que o alcoolismo é o maior 
responsável pela criminalidade. Todavia, há uma corrente que entende que o alcoolismo e a 
delinqüência são provocados por fatores sociais e psicológicos semelhantes. 
 
 
4 MEZGER, E. Criminologia, Revista da Derecho Privado. Madrid, 1942 
 
O alcoolismo deve considerar-se uma enfermidade psíquica que tem sua raiz no 
transtorno ou imaturidade de personalidade. A embriaguez patológica consiste numa reação 
mórbida provocada por pequena dose de álcool, por motivo de especial intolerância alcoólica. É 
uma psicose tóxica, mais do campo da psiquiatria. A embriaguez habitual do alcoolista crônico 
é uma psicose adquirida. Manifesta-se por defeitos éticos e enfraquecimento da vontade. A 
embriaguez aguda é uma perturbação do espirito artificialmente produzida. É uma genuína psicose 
da intoxicação 
. 
Segundo a definição da Organização Mundial da Saúde, “alcoolistas são bebedores 
excessivos ou compulsivos, em quem a dependência do álcool é tal, que apresentam, tanto uma 
perturbação mental, ou perturbação que lhes acometem a saúde física e mental, suas relações 
interpessoais ou sua conduta social e econômica, como os prôdomos de alterações desse gênero. 
São doentes e devem, portanto, ser tratados”. E divide os alcoolista em quatro grupos: 
 
a) alcoolismo recente, sem etiologia neurótica grave; 
b) alcoolismo em estágio médio, com sintomas neuróticos; 
c) toxicomania alcoólica e alcoolismo com manifestações psicóticas; 
d) alcoolismo com degeneração aparentemente irreversível. 
 
Há influxos sociais evidentes, como costumes regionais, o uso atual de coquetéis. Se o 
indivíduo é emocionalmente dependente pode recorrer ao álcool pode satisfazer necessidades 
psicológicas de raiz profunda: alívio de tensões produzidas por conflitos, ressentimentos, frustrações 
e outras fontes de angústias. Não se sabe por que o indivíduo usa álcool em lugar de outros 
métodos de defesa ou escape: psicossomáticos ou psicóticos. O alcoólico pode buscar no episódio 
da embriaguez o escape a um “superego” demasiado estrito. Angústias, frustrações, fixações no 
desenvolvimento psicossexual e tensões prolongadas de situações difíceis constituem fontes de 
motivações inconscientes para o alcoolismo. 
 
A criminalidade alcoólica é uma criminalidade específica. Manifesta-se nos delitos de 
homicídio, lesões, delitos sexuais, maus-tratos a menores e delitos por imprudência. Segundo 
 
dados de Kinberg,5 85% de homicídios e 75% de lesões são cometidos sob influência alcoólica. 
Nos casos de maus tratos de criança, sua quase totalidade, os pais são alcoólatras. Segundo recente 
pesquisa de Badonel e Marchais na França, 65% de estupros e 45% de incêndios tiveram influência 
do alcoolismo. Nos delitos por imprudência, avulta a delinqüência do automóvel. Segundo Heuyer, 
em 70% de acidentes de automóvel os autores estão sob impregnação alcoólica, salientando que 
também as microdoses de álcool são nocivas, pela leve excitação, gosto do risco e diminuição da 
capacidade de controle da máquina. 
 
A Organização Mundial da Saúde, diz 
que os alcoolistas são doentes, e como 
doentes devem ser tratados. O 
alcoolismo, considerado como 
problema moral, obstou ao tratamento 
de alcoólatra como enfermo mental. O 
alcoólico é uma personalidade 
dependente e, por isso, necessita de 
apoio contínuo durante um longo 
período, com freqüência durante anos. 
 
3.1.9 TOXICOMANIA 
 
A Organização Mundial da Saúde define a adição a drogas como um 
estudo de intoxicação periódica ou crônica, prejudicial ao indivíduo e à sociedade, 
produzido pelo consumo repetido de uma droga. Suas características são: um desejo 
invencível ou necessidadede continuar tomando droga. A droga é natural ou sintética. 
São drogas naturais: ópio, cocaína, maconha. São drogas sintéticas os barbitúricos, 
as anfetaminas e os alucinógenos (LSD, mescalina). Com, o desenvolvimento da 
psicofarmacologia, aumentou o número de drogas sintéticas. As drogas se classificam 
 
5 KINBERG, O. Actes du II Congrés International de Criminologie, v. 5. 
 
em cinco grupos: depressivas (ópio, morfina e heroína); excitantes (cocaína); 
tranqüilizantes(barbitúricos); estimulantes(anfetaminas); alucinógenos (LSD). 
 
O uso da droga, que era comum nos países subdesenvolvidos, estende-se 
à sociedade industrial. Nos países da América Latina, o uso do estupefaciente 
constitui fato cultural enraizado na prática religiosa, na medicina tradicional e no 
sistema econômico. A toxicomania limitava-se aos meios médico e artístico, a cultura 
da pílula, exemplo da pílula para dormir, permanecer desperto, emagrecer, engordar, 
acalmar ou excitar, e até para a infecundidade. Uma publicação da ONU registra, no Irã 
e Tailândia, a heroinomania cresce em progressão geométrica e afetará a um terço da 
população de uma geração. Quatro milhões da população da Índia mastigam a folha 
da coca. Vinte milhões de seres humanos abusam da Cannabis. È considerável o 
abuso do LSD na Suécia, Estados Unidos e Inglaterra. Fala-se até em explosão da 
toxicomania. 
 
Os toxicômanos são pessoas emocionalmente imaturas, hostis e 
agressivas, que usam a droga como alívio de uma tensão interior, interessa à 
Criminologia o estudo de seus efeitos no comportamento social do indivíduo. O 
morfinômano pode chegar à ruína moral, ao abandono da família, chegando ao crime. 
O efeito do hábito é a alteração do sentido ético mais elevado. Entre os sintomas da 
abstinência está o pânico, que pode elevar o crime, o que daria causa à 
inimputabilidade. 
 
O cocainômano é quase sempre psicopata grave e está na classe mais 
baixa; rufião e prostituta. Também há degradação moral e abandono da profissão e da 
família. A cocaína, ao contrário da morfina, leva à deterioração das faculdades 
mentais. 
 
A toxicomania barbitúrica ocorre com indivíduos com dificuldade na 
personalidade. Os barbitúricos produzem síndromas cerebrais agudas e reações 
delirantes crônica. O barbitúrico é procurado pelo suicida. Cerda de 25% das mortes 
por intoxicação aguda nos hospitais provêm de barbitúricos. 
 
 
 
 
 
As anfetaminas não provocam a toxicomania. O indivíduo só trabalha sob a 
ação da anfetamina. Produz. A abstenção sucede a apatia e o pensamento lento. 
Produzem uma sensação de bem-estar e alegria, o que dá origem a um desejo 
insaciável pela droga. O abuso dessa droga se apresenta com consumidores de 
álcool e barbitúricos. 
 
Viciados de maconha. Não produz degradação física, mental ou moral. 
Todavia, a maconha pode precipitar uma reação psicótica em indivíduos de 
personalidade mal organizada. Inicia o seu usuário no consumo de outras drogas. 
 
Diante da impotência de nossa sociedade para reduzir o desejo da droga, 
não seria mais oportuno e menos hipócrita dar liberdade ao mercado dos produtos 
menos perigosos para controlá-los melhor a clientela aos traficantes? 
 
Proclama-se a necessidade de se intensificarem as investigações 
científicas sobre esse fenômeno, sobretudo em nível interdisciplinar, aliando-se os 
aspectos médicos, psicológicos, psiquiátricos, sociológicos e criminológicos. 
 
3.1.10 NEUROSE 
 
A neurose é uma doença de sintomas psíquicos: obsessão, fobia, uma crise 
de angústia.. Os fenômenos somáticos são seqüelas de experiências psíquicas ou 
expressão de uma crise pessoal na história do indivíduo. 
 
Um acontecimento é traumatizante na idade adulta, provoca evoca análogo 
na infância. A personalidade seria anormal não por anomalia constitucional ou 
genética, mas por uma série de impactos traumatizantes recebidos ao longo da vida 
do indivíduo. 
 
 
A neurose seria intermediária entre os mecanismos de defesa e os 
métodos desorganizados da psicose. Há um alinha de continuidade ininterrupta que se 
inicia no normal, passa pela neurose e termina na psicose. Os transtornos neuróticos 
se classificam em: 
 
a) reação de angústia; 
b) reação dissociativa; 
c) reação de conversão; 
d) reação fóbica; 
e) reação obsessivo-compulsiva; 
f) reação depressiva. 
 
A reação de angústia é a forma mais simples de neurose. A angústia se 
descreve como uma intranqüilidade penosa da mente, uma sensação de expectação 
apreensiva. Pode surgir com as frustrações ante problemas, como adaptação 
vocacional, sexual ou matrimonial. O indivíduo sob angústia se mostra tímido, 
apreensivo e sensível à opinião alheia. 
 
A reação dissociativa, quando se desagregam alguns aspectos da 
personalidade. Os mecanismos de defesa governam a consciência, a memória e todo 
o indivíduo, com pouca ou nenhuma participação da personalidade consciente. Pode-
se classificar como um tipo de histeria de conversão. Uma das mais freqüentes 
reações é a amnésia, que representa um papel protetor e de escape. Em alguns 
casos, há perda de identidade pessoal. 
 
Reação de conversão é sinônimo de histeria de conversão. A angústia se 
converte em sintomas funcionais, que afetam órgãos ou partes do corpo. Os sintomas 
simbolizam um conflito mental, produzindo pela angústia. Exemplo: a paralisia do braço 
expressa o desejo de executar um ato proibido e impede, de forma ambivalente, a 
realização desse ato. Outro exemplo: a neurose ocupacional, como a cãibra do 
escrivão, torção do pescoço, tiques, espasmos da face, pálpebras etc. 
 
 
A reação obsessivo-compulsiva pode expressar em três formas clínicas: 
a) reaparição persiste de um pensamento desagradável; 
b) necessidade mórbida e irresistível de executar determinado ato repetitivo 
e estereotipado; 
c) pensamento obsessivo para realizar um ato repetitivo. 
 
Ás vezes o enfermo tem de lutar contra pensamento repugnantes à sua 
moral: pensamentos de blasfêmia ou que implicam matar uma pessoa querida. 
 
Quanto à etiologia, os autores observam que os fatores emocionais têm 
papel preponderante ou papel exclusivo. O neurótico mostra, desde a infância traços 
de personalidade em raiz profunda em seu modo de ser, os quais seriam traços 
constitucionais, segundo alguns psiquiatras. É provável, porém, que esses traços não 
sejam herdados, mas que seriam adquiridos no começo da vida. Acredita-se que os 
padrões neuróticos graves dependem de conflitos e atitudes afetivas que surgiram na 
infância. A meninice do neurótico pode caracterizar-se por sonambulismo, pesadelo, 
enurese, transtorno da fala, hábito de roer as unhas, etc. Os fatores ambientais 
imediatos são causas precipitantes. As neuroses são mais freqüentes nas mulheres 
que nos homens, porque se exige das mulheres repressão mais rígida das 
necessidades e instintos, biológicos básicos. A maioria das neuroses dos adultos se 
desenvolve entre os últimos anos da adolescência e os 35 anos de idade, que é a fase 
em que o indivíduo enfrenta os problemas das adaptações e responsabilidades do 
adulto. As frustrações nesta fase podem levar à neurose. 
 
São alguns dos fatores etiológicos da neurose: fatores constitucionais, uma 
série de experiências vitais que o indivíduo não pode enfrentar; impulsos reprimidos, 
que encontram sua satisfação no sintoma neurótico; atividade substitutiva, quando as 
atividades são ineficazes ou estão bloqueadas; uma reatualização das experiências 
perturbadoras no complexo sintomático patológico. 
 
3.1.11 OLIGOFRENIA 
 
 
Por muito tempo sustentou-se que a deficiência mental constituía o principal 
fator na gênese do delito. Há íntima correlação entre oligofrenia e crime. 
Recentemente, porém, comprovou-se que é insustentável essa afirmação. A 
deficiência mental é um estado anormal, como espéciede transtorno mental. 
 
Sob o nome oligofrenia agrupam-se os casos de detenção das faculdades 
psíquicas, isto é, que não alcançavam o nível normal. O demente é um rico que se 
tornou pobre. O termo oligofrenia apresenta como denominador comum a deficiência 
mental: designa um grupo heterogêneo de diminuição das faculdades psíquicas que 
conduzem á deficiência mental e à incapacidade de adaptação social. Os 
oligofrênicos se dividiam em idiotas, imbecis e débeis mentais. 
Para a determinação do grau de deficiência mental, emprega-se o 
quociente intelectual, que resulta da divisão da idade mental do sujeito por sua idade 
cronológica. As cifras inferiores a 1(um), indicam que o indivíduo tem uma idade 
mental inferior à normal. Buscou-se no quociente intelectual a chave da definição da 
oligofrenia. São as seguintes as cifras dos respectivos graus de oligofrenia. 
 
a) oligofrenia profunda – Q.I. inferior a 0,40 (idiotia); 
b) oligofrenia média – Q.I. de 0,40 a 0,60 (imbecilidade); 
c) oligofrenia leve – Q.I. de 0,60 a 0,80. 
 
A oligofrenia profunda se deve a alterações embriológicas ou lesões graves 
do cérebro, com transtorno morfológico e neurológico. O oligofrênico não seria capaz 
de andar e levaria vida vegetativa. 
 
A oligofrenia de mediana intensidade apresenta malformações e sintomas 
neurológicos sem relação com a profundidade da idiotia. Esse tipo de oligofrênico 
apreende a ler e chega assinar o nome. Educados em centros especializados se 
diferenciam dos que não tiveram educação especial. Podem realizar algum trabalho 
manual. A indústria moderna poderia aproveitá-lo sob controle. 
 
 
A oligofrenia leve é transição para normalidade. Suas características são: 
habilidades da atenção, dificuldade para o pensamento abstrato, tendência à 
repetição, instabilidade afetiva, inquietude psicomotora, sugestionabilidade. Podem ter 
boa memória e dar impressão de falso brilhantismo intelectual, ocupando postos 
importantes. 
 
As oligofrenias são congênitas e precocemente adquiridas; modernamente, 
concede-se mais importância aos estudos pré-natais, natais e pós-natais. 
 
• Causas durante o nascimento – traumatismo: lesão no cérebro ou asfixia 
• Causas pós-natais: encefalite e meningite por vírus e bactérias são os 
fatores mais freqüentes que atuam na produção oligofrenia. 
 
A oligofrenia pode associar-se a outros transtornos mentais: psicose, 
neurose ou psicopatia. O interesse criminológico pelos oligofrênicos centra-se na 
oligofrenia leve. O oligofrênico com defeito de caráter tende a cometer furtos, 
incêndios, delitos sexuais e incestos. Os oligofrênicos comentem delitos primitivos, 
pois são incapazes de praticar os crimes da chamada delinqüência por astúcia ou 
inteligência. 
 
Como medida de prevenção, Noyes e Kolb6 observam, o Estado deve 
tomar como obrigação descobrir, classificar e proporcionar educação adequada a 
todas as crianças retardadas, começando na menor idade possível . nos Estados 
Unidos, procura-se cumprir esta obrigação ao exigir um exame de todos os meninos 
das escolas públicas que se encontrem atrasadas de três anos em suas classes, e ao 
instituir especiais para esses meninos. O Instituto dos Advogados de Minas enviou ao 
Ministério da Justiça um AnteProjeto do Código de Menores do qual são destacados 
os seguintes artigos: 
 
“Art. 28. A Obrigação escolar do menor excepcional estender-se-á até 
os 18 anos”. 
 
6 NOYES e KOLB. Psiquiatria clínica. México: La P. México, 1970 
 
Art. 29. Serão ministrados ensino especial e iniciação vocacional ao 
menor física ou mentalmente diminuído em estabelecimento oficiais de 
ensino profissional e nas escolas primárias oficiais. 
Art. 30. Uma prioridade de emprego na população de 2% de seu efetivo 
será reservada ao deficitário pelas empresas vinculadas à Previdência 
Social, bem como pelas autarquias e empresa públicas. 
Art. 31. O serviço público reservará para o deficitário físico ou mental 
reabilitado cargos adequados à sua dimensão profissional, e indicados 
por uma comissão de técnicos especializados em reabilitação e 
reeducação. 
Art. 32. Será admitido ás oficinas de trabalho protegido o menor 
deficitário, profissionalmente reabilitado, que não puder ocupar nas 
condições normas, emprego correspondente à sua capacidade 
profissional. 
Art. 33. Será organizada a tutela social do menor deficitário reabilitado, 
para assegurar-lhe a colocação, as prestações da Previdência Social e 
os subsídios dos órgãos públicos. 
Art. 121. Em toda escola primária ou profissional, será obrigatório o 
serviço de saúde escolar, para exame médico de alunos e professores, 
podendo inspecionar o serviço o Juiz de Menores.”. 
3.1.12 PSICOPATIA 
 
O termo “psicopata” teria feito má fama, alguns autores preferem substituí-
los por “personalidade anormal”. Que seria a variação ou desvio de um campo médio 
imaginário da personalidade, entendida como um conjunto de sentimentos e 
valorações, tendências e volições. Da personalidade se exclui a inteligência. 
Igualmente, se excluem os sentimentos ou tendências corporais. 
 
Seria uma anormalidade permanente do caráter e não uma enfermidade, 
como psicose, nem um defeito intelectual, como a oligofrenia. A American Psychiatric 
Association classifica em três tipos os transtornos da personalidade: a) as 
personalidades ciclotímicas, hipomaníaca, melancólica e esquizóide; b) a 
personalidade compulsiva e a personalidade histérica; c) o grupo sociopático. 
 
 
. 
 
Schneider7 estabelece dez tipos de psicopatas: hipertímico, deprimido, 
inseguro de si mesmo, fanático, supervalorizado do eu, instável emocional, explosivo, 
atímico ou insensível, hipobúlico e astênico. Desses tipos, os que mais interessam à 
Criminologia são os seis tipos fundamentais: hipertímicos, fanáticos, 
supervalorizadores do eu, explosivos, atímicos e hiperbúlicos. O hipertímicos tendem à 
difamação, à indolência e à fraude; os fanáticos praticam o delito político; os 
explosivos, delito contra a pessoa; atímicos, assassinato, latrocínio, terrorismo; 
supervalorizadores do eu, injúria, calúnia e fraudes; hipobúlicos, furtos, fraudes e 
apropriações indébitas. 
 
Embora a matéria da imputabilidade ou não-imputabilidade seja domínio do 
Direito penal, o assunto pode ser considerado como Política Criminal, no sentido da 
reforma da legislação penal a tendência favorável a exculpação ou atenuação do crime 
do psicopata. Assim, o Projeto alemão de 1958 e o grupo de Strasburgo na Unesco, 
que aprovou a seguinte conclusão: 
“Entende-se por delinqüentes anormais não só alienados, como, em 
geral todos os delinqüentes que, por razão de seu estado mental, não 
podem ser submetidos a métodos penais ordinários. Entre estes 
anormais psíquicos, que chamados alienados e psicopatas, figuram as 
categorias médicas seguintes: psicóticos, deficientes mentais, 
psicopatas e neuróticos.” 
 
3.2 AMBIENTE CRIMINÓGENO 
 
3.2.1 AMBIENTE FAVORÁVEL 
 
A disposição e meio, como fatores do delito, são na realidade incindíveis. As 
circunstâncias do ambiente são filtradas pela vida psíquica do indivíduo. O crime se 
consuma antes na personalidade que o idealiza e o prepara, para depois realizá-lo sob 
estímulo do ambiente. Na realização do delito, a personalidade do criminoso não seria 
independente do mundo circundante, nem o mundo circundante independente da 
personalidade. Como já foi dito, não se pode dizer onde começa o biológico e onde 
 
7 SCHNEIDER. K. Las personalidade psicopáticas, Madri: Morata, 1968. 
 
termina o social, e vice-versa. Mezger diz que , é complicado produto de partes 
exógenas e endógenas: a dinâmica do meio está inseparavelmente entrelaçada com a 
personalidade. 
 
3.2.2 AMBIENTE FÍSICOE MUNDO SOCIAL 
 
Segundo Exner8, o mundo circundante desenvolve-se em círculos concêntricos, como o 
meio doméstico, escolar profissional, local, nacional e internacional. Segundo Pinatel9 mencionado 
por Jason Albergaria, distingue-se o meio circundante em dois grandes grupos: meio físico 
(geográfico); meio social (ecológico, cultural e econômico). E faz ainda uma subdivisão: meio social 
geral e meio social pessoal (meio inelutável, meio ocasional, meio escolhido ou aceito, e meio sofrido 
ou suportado). O meio inelutável compreende a família de origem e sua vizinhança (bairro, rua, etc.) 
O meio ocasional abrange a escola primária, a escola profissional, o serviço militar. O meio aceito 
ou escolhido a família própria, a profissão, (a recreação); o meio suportado ou coercitivo (meio 
policial, ambiente judiciário, subcultura carcerária). 
 
No meio inelutável, é a família de origem que se forma a personalidade do indivíduo, 
através da interação da disposição adquirida e o ambiente. Na socialização da criança ou no 
processo de identificação, estaria a origem próxima da delinqüência juvenil ou a raiz remota da 
criminalidade do adulto. 
 
No meio ocasional a escola pode ocorrer os primeiros contatos criminógenos. 
Inadaptação escolar, fuga e ausência, repugnância ou aversão pela aprendizagem profissional e 
indisciplina ou deserção no serviço militar são freqüentes na vida do menor delinqüente. 
 
No meio escolhido, certas condições negativas no ambiente profissional podem 
provocar a periculosidade do ansioso. o barulho do trabalho, a sua monotonia ou o 
trabalho em cadeia pode alterar o psiquismo do operário. 
 
 
8 EXNER, F. Biologia criminal. Barcelona: Bosch, 1946. 
9 PINATEL, J. Traité de droit penal et de criminoligie. 
 
No meio suportado ou coercitivo, pode-
se rastrear a influência criminógena na 
fase policial, no curso do processo e no 
mundo carcerário. A prisão preventiva 
pode ocasionar um choque emotivo ou 
apariação precoce de uma psicose, ou 
ainda, ser o começo de uma carreira 
criminosa. Acentuam-se os efeitos 
psicológicos causados pela 
arbitrariedade policial ou pelo temor de 
uma condenação e destruição de uma 
reputação. Na saída da prisão, o 
preconceito, a rejeição social, o 
abandono da família e a perda da 
colocação conduzem à reincidência. 
 
3.2.3 TEORIA DO MEIO SOCIAL 
 
No passado a teoria do meio social era considerada como fator preponderante do 
crime: Jason Albergaria ressalta a teoria social do crime de Lacassagene. As condições 
representariam grande papel na determinação do crime: 
 
“É o mal da miséria que produzirá o maior número de criminosos. O meio 
social é o saldo de cultura da criminalidade; o micróbio é criminoso, elemento 
que tem importância no dia em que encontrara o caldo o fará fermentar. A 
sociedade é culpada de todos os delitos. A sociedades têm os criminosos que 
merecem. O indivíduo é parte integrante do organismo social. O delinqüente é 
o homem desencaminhado pelo meio social: Tout le monde est coupable, 
excepté le criminel.” 
 
 
 
 
3.2.4 FORMAÇÃO DA PERSONALIDADE CRIMINAL 
 
Mezger aponta como responsável pelas modificações da personalidade momentos 
decisivos em sua curva vital, momentos endógenos: as fases críticas da puberdade, da evolução e do 
senium; e momentos exógenos: golpes do destino, situações aflitivas de pressão, destruição de um 
apoio firme, morte do cônjuge, perda de uma briga, desemprego, desastre econômico. A mesma 
evolução é vista sob as perspectivas sociológicas e psicológicas, através do processo da 
socialização ou identificação. Há em Criminologia, especial interesse no estudo da socialização, pois 
por meio dela se explicam a delinqüência o melhor sentido da ressocialização do criminoso. 
 
Jason Albergaria, diz que segundo Lagache, a gênese da personalidade criminal 
é concebida como transtorno da socialização e da identificação. A aparência de uma 
criminalidade constitucional parece realizada por conflitos precoces, fixando o indivíduo 
numa fase de sua socialização, em que os conflitos interpessoais são vividos e regulados 
por um modo sadomasoquista. Nos conflitos mais tardios, quanto a exigências morais do 
grupo são parcialmente interiorizadas, o conflito criminógeno torna-se mais aparente. A 
personalidade do criminoso resultaria do malogro das identificações do indivíduo. Desde a 
infância o indivíduo se defronta com conflitos sucessivos entre suas exigências e as 
exigências do grupo em que vive. O indivíduo tende a incorporar-se no grupo e a aderir-se 
aos seus valores e crenças e a identificar-se com os membros que lhe são mais 
significativos. A personalidade do criminoso se caracterizaria como subversão axiológica, a 
negação do valor do próximo e dos valores comuns, isto é, como insucesso na socialização 
das atitudes para outro. 
 
A não-integração social levaria à marginalidade social. O processo de dissocialização 
ou não-socialização tem por efeito privar o eu de sua dimensão social. O eu separado da sociedade 
tende a criar um universo dissocial ou a integrar-se em uma subcultura criminógena. 
 
3.2.5 TRAÇOS DA PERSONALIDADE CRIMINAL 
 
 
Para Lagache, mencionado por Jason, A personalidade criminal se caracteriza por uma 
subversão de valores, a negação do valor “outrem”. A maior parte dos traços da personalidade do 
criminoso liga-se ao egocentrismo: a incapacidade de julgar um problema moral, colocando-se num 
ponto de vista diferente do pessoal; falta de consideração pelo próximo; atitudes críticas e 
acusadoras; falta de sentimento de responsabilidade e de culpabilidade. Outros traços ilustram 
especificamente a imaturidade pessoal: inaptidão de renunciar à satisfação imediata, à custa da 
segurança e apesar da perspectiva de uma punição, insuficiência de controle emocional, insuficiência 
de julgamento, autocrítica e utilização de experiências passadas.. 
 
3.3 TEORIA SOCIOLÓGICA E PSICOLÓGICA DA DELINQUÊNCIA 
 
3.3.1 SISTEMAS CONTEMPORÂNEOS DA CRIMINOLOGIA 
 
J. Pinatel 5 distingue os principais 
sistemas contemporâneos de 
Criminologia em sistemas de ordem 
psicossocial, psicofisiológica e 
psicomoral. No sistema de ordem 
psicossocial inclui várias teorias. No 
sistema desordem psicofiológica, as 
teorias de Lombroso, Hooton, e outros. 
Além das concepções de De Greef,as 
teorias pscicanalíticas, tipologia de 
Jenkins, teorias de frustação-agressão, a 
conduta divergente e os mecanismos de 
defesa, teorias da anomia. Jason aborda 
as principais teorias, partindo-se 
sociológicas. 
 
. 
 
 
3.3.2 TEORIA DA ASSOCIAÇÃO DIFERENCIAL 
 
Para a teoria da “associação diferencial” de Sutherland , o comportamento criminal é 
apreendido, não é hereditário. A conduta delinqüente é aprendida por um processo de 
comunicação, em grupos íntimos, ao contacto a outras pessoas. Um indivíduo torna-se criminoso, 
quando a interpretação favorável à violação da lei prevalece sobre a interpretação desfavorável: 
nisto está o princípio da associação diferencial. Sutherland não fala de associação entre criminosos 
e não-criminosos, mas entre interpretações favoráveis ao crime, sua teoria por meio de várias 
preposições: 
 
1º) o comportamento criminoso é aprendido, não é hereditário; 
2º) o comportamento criminoso é aprendido através de um processo de interação 
(comunicação); 
3º) é aprendido no grupo; 
4º) o comportamento criminoso compreende a aprendizagem de técnicas e orientações 
de tendências de móveis e atitudes; 
5º) essa orientação é função da interpretação favorável ou desfavorável das normas 
legais, o que dá o conflito de cultura; 
6º) um indivíduo torna-se criminoso quando a interpretação desfavorável prevalece 
sobre a interpretação favorável. O indivíduo se encontra em contacto com modelos criminais,

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