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Aula-de-Narrativa-Juridica

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Aula de NARRATIVA JURÍDICA Prof.a. Nádia N. Pires
CONTEÚDO PROGRAMÁTICO
Unidade I – Estrutura das peças processuais 
 - A contribuição das disciplinas de Português Jurídico
 - Teoria Tridimensional do Direito, gênero e tipologia textuais
 - Macro-estrutura da petição inicial, da contestação, da sentença, do parecer e do acórdão
 - Características linguísticas das peças processuais e questões gerais de norma culta jurídico aplicadas ao português 
Unidade 2 – Tipos de narrativa jurídica 
 - Narrativa jurídica simples
 - Narrativa jurídica valorada
 - Características da narrativa da acusação
 - Características da narrativa de defesa
 - Modalização
Unidade 3 – Características da narrativa jurídica 
- Polifonia e intertextualidade
- Seleção dos fatos juridicamente importantes e dos demais fatos esclarecedores
- Organização dos fatos a serem narrados
- Uso da pessoa e do tempo verbais
- Paragrafação
Unidade 4 – Narrativa a serviço da argumentação 
- Função argumentativa da narração
- Relação fato – argumento.
- Fundamentação simples: argumentos pró-tese, autoridade e oposição concessiva
- Introdução ao texto jurídico argumentativo
Unidade I
1. ESTRUTURA DAS PEÇAS PROCESSUAIS
1.1. A Linguagem e comunicação Humana 
► A contribuição das disciplinas de Português Jurídico 
► O que é Linguagem? 
A linguagem é algo eminentemente social; o homem precisa para viver e comunicar-se com seus 
semelhantes. 
Para isso, ele possui um dom natural, inato: a faculdade de (re)criar e manipular sistemas de 
comunicação. Essa faculdade criativa é chamada de linguagem. O homem é um ser de linguagem. 
A linguagem pode ser verbal e não verbal, porque a comunicação pode efetuar-se mediante gestos, 
batidas, assobios, cores e outros sinais (linguagem não verbal), e pode ser feita por meio de palavras 
(linguagem verbal), esta é especifica do homem e a base da sua comunicação. 
► Linguagem não verbal:
É importante salientar que o silêncio, ou melhor, o calar-se é um ato de comunicação, pois o calar-
se pode ser considerado como um “ter deixado -de- falar” ou “o não falar ainda”; é, portanto, uma 
determinação negativa de falar (Eugênio Coseriu, apud DAMIÃO e HENRIQUES, 2004, p.32).
No Direito fala-se em tácita aceitação, tácita recondução, renúncia tácita, tácita ratificação. Magalhães 
Noronha (1969, apud DAMIÃO e HENRIQUES, 2004, p.32) diz que o silêncio do denunciado pode ser 
interpretado contra ele. 
Dentre os códigos não verbais destacamos: a linguagem corporal e a linguagem do Vestuário
a) A linguagem corporal (do olhar e mãos)
DAMIÃO e HENRIQUES (2004, p.19) afirmam que a falsidade de um depoimento pode revelar-se até 
mesmo pela transpiração, pela palidez ou simples movimento palbebral. 
Ressaltam ainda que o profissional do Direito precisa ficar atento para o código cultural das expressões 
gestuais.
Exemplo: A Linguagem Brasileira de Sinais (LIBRAS)
b) A linguagem do Vestuário
De um modo geral, a vestimenta deve adequar-se ao papel social desempenhado.
No Direito, a toga é uma forma, um índice da função do juiz; e a cor negra indica seriedade e 
compostura que devem caracterizar sua imagem profissional.
Exemplo: A cor preta no vestuário ainda está associada à idéia de seriedade e respeito. Assim 
como a cor branca a pureza e paz.
► O que é Língua? 
É o tipo de código formado por palavras e leis combinatórias por meio do qual as pessoas se 
comunicam e interagem entre si. 
A língua representa a parte social da linguagem, exterior ao indivíduo, “que por si só, não pode 
modificá-la”.
► O que é Fala? 
Ao contrário da língua, a fala é um ato intencional, em nível individual, de vontade e de inteligência.
Obs.: Saussure (p. 16) afirma e adverte ao mesmo tempo: “A linguagem tem um lado individual e 
um lado social, sendo impossível conceber um sem o outro”. Vale lembrar que, para Saussure, a 
linguagem é a faculdade natural de usar uma língua, “ao passo que a língua constitui algo adquirido e 
convencional” (p. 17).
1.2. A Linguagem jurídica e suas especificidades
► O que é Comunicação Jurídica? 
A busca pela interação social é considerada uma compulsão natural do ser humano, que procura 
desenvolver e compartilhar o seu em comum com o próximo. Em resumo, comunicação é a troca de 
mensagens entre duas ou mais pessoas ou grupos.
“(...) Porque o homem é um ser essencialmente político, a comunicação só pode ser um ato político, 
uma prática social básica. Nesta prática social é que se assentam as raízes do Direito, conjunto de 
normas reguladoras da vida social” (DAMIÃO e HENRIQUES, 2004, p.19)
► O Ato de Comunicação: 
A comunicação é, basicamente, um ato de partilha, o que implica, no mínimo, em bilateralidade. É um 
processo feito com base em um sistema de sinais convencionais, pois através de um código que são 
transmitidas as mensagens entre o emissor e o receptor. 
Todo ato de comunicação envolve sempre seis componentes essenciais: um objeto de comunicação 
mensagem (o texto) com um conteúdo “referente” (o contexto), transmitido ao receptor 
(recebedor/interlocutor) pelo emissor (Locutor/produtor), o qual serve-se de um código, por meio de 
um canal (ou contato).
Qualquer falha no sistema de comunicação impedirá perfeita captação da mensagem. Ao obstáculo 
que fecha o circuito de comunicação dar-se o nome de ruído. ATO DE 
COMUNICAÇÃO
 Referência / Contexto
► O contexto de produção de linguagem na interação social
Sempre que escrevemos ou falamos, isto é, produzimos um determinado texto - oral ou escrito, 
acionamos determinadas representações sobre o contexto de produção desse texto, até mesmo 
inconscientemente, que vão influenciar diversas das características de nossos textos. Vejamos quais 
são elas: 
Primeiramente, o produtor do texto (oral ou escrito) tem, no mínimo, uma representação de si 
mesmo com uma instância física, como um corpo físico separado dos demais. Mas, ao mesmo tempo, 
ele também tem uma representação do papel social que desempenha em uma determinada atividade 
social (aluno, colega, filho, advogado, médico, etc.), e da imagem que quer passar de si mesmo por 
meio do texto produzido (ex.: técnico, competente, indeciso, racional, democrático, etc.)
Em segundo lugar, o produtor do texto também tem representações sobre o seu interlocutor, quer 
este esteja presente ou ausente na situação física da produção. Essas representações vão, também, 
nos dois sentidos anteriores. De um lado há uma representação do interlocutor como uma entidade 
física, mas há também uma representação sobre o papel social que esse interlocutor está 
desempenhando na interlocução (pai, professor, juiz, médico, etc.). É lógico que as representações, 
que o produtor mantém sobre o seu papel e sobre o papel do interlocutor, estão estreitamente 
relacionadas. 
O terceiro tipo de representações diz respeito ao lugar social em que o texto é produzido e em que 
vai circular. Do mesmo modo que as anteriores, essas representações seguem em dois sentidos: de um 
lado, o produtor do texto tem representações sobre o lugar físico em que produz o texto, mas tem 
também representações sobre a instituição social, isto é, a "zona de cooperação social" na qual se 
desenvolve a atividade humana especifica à qual se articula a atividade de linguagem. 
Como exemplos, temos as instituições econômicas e comerciais, instituições políticas e 
governamentais, instituição literária, instituição acadêmico-científica, instituições de saúde, instituições 
de repressão justiça e policia, instituição familiar, instituições "mediáticas [midiáticas]” (a imprensa 
escrita, o rádio, a televisão), os lugares de lazer, os lugares de práticas de contato cotidiano, etc. 
 (Projeto de Cultura da Escrita. Instituto Literris/UMC)
Referência / Contexto
(pessoas, tempos, espaços e a debreagem)
Observação: 
Como já foi dito anteriormente, qualquer falha noprocesso de comunicação pode prejudicar a perfeita 
captação da mensagem por parte do receptor. 
A esse obstáculo que compromete o boa recepção do enunciado é dado o nome de ruído, que pode ser 
causado pela inabilidade do emissor, do receptor ou transtorno no canal.
Exemplos de ocorrência de ruídos:
1. Numa sessão de júri, se o juiz não conhecer o código do acusado e o interprete estiver ausente, suspender-
se-á a sessão, pois há ruído impedindo a comunicação. O mesmo ocorre se houver quebra de sigilo entre os 
jurados. Há interferência negativa no processo de comunicação.
2. Numa projeção cinematográfica : na exibição de um filme falado em inglês (não legendado), a 
comunicação será plena, parcial ou nula dependendo do domínio do código por parte do espectador.
3. Numa sala de aula: a comunicação não se fará,mesmo com o domínio do código, se o referente for 
bastante complexo.
1.2. Linguagem do texto jurídico
O uso de quatro formas de tratamento (Excelentíssimo Senhor Doutor Juiz ) mostra o aparente 
“excesso” de formalismo na confecção do requerimento e, ao mesmo tempo, deixa uma demonstração 
de respeito para com o destinatário.
Quanto ao rigor formal, tem-se que é inerente ao procedimento jurídico. A área do direito é revestida 
de formalidades e solenidades que a própria lei determina.
(Fonte: Texto extraído do Jus Navigandi)
Duas coisas devem ser consideradas na hora de escrever:
 técnicas básicas de redação ;
 destinatário da mensagem. 
No tocante ao destinatário da peça judicial, tratando-se de uma autoridade judiciária ou um cidadão 
comum, o cliente, que deseja e tem o direito de acompanhar o serviço contratado e a evolução do seu 
processo junto à justiça competente, deve haver uma demonstração de respeito e consideração. Para 
que o destinatário da mensagem logre êxito na decodificação, o melhor meio é valer-se o profissional 
de algumas técnicas de redação muito úteis na construção de qualquer texto
No tocante as técnicas de elaboração textual, deve se considerar algumas qualidades, características 
da boa escrita, como clareza, concisão, objetividade, precisão, leveza, elegância e correção. As 
principais são: a clareza e a objetividade.
► Características do texto JURÍDICO
 Clareza: ocorre quando as idéias contidas no texto são facilmente compreendidas pelo leitor. A clareza é um 
reflexo direto da organização do pensamento de quem escreve. 
 Concisão : significa comunicar o essencial empregando uma quantidade reduzida de palavras. O texto conciso 
é o que evita principalmente: repetições, palavras supérfluas, o uso exagerado de adjetivos e as frases longas 
e confusas.
 Objetividade : ocorre quando um texto vai diretamente ao assunto, sem “introduções” e frases iniciais 
desnecessárias.
 Adequação : são vários os fatores que levam o falante a adequar sua linguagem: o interlocutor, o assunto, o 
ambiente, a relação falante / ouvinte. Em um ato de comunicação, a presença desses fatores resulta num 
maior ou menor grau de formalidade ou informalidade na linguagem. 
 Correção gramatical : representa a principal característica de um texto.
Observe: Citação de Leis
No texto jurídico (petição, memorial, sentença), a primeira referência deve indicar o número da lei, 
seguido da data, sem abreviação do mês e ano: Lei nº 4.860, de 26 de novembro de 1965. 
Nas referências seguintes serão indicados apenas o número e o ano: Lei nº 4.860, de 1965; ou Lei nº 
4.860/65. 
Os artigos de lei são citados pela forma abreviada “art.”, seguido de algarismo arábico e do símbolo do 
numeral ordinal (º) até o de número 9, inclusive; a partir do 10, usa-se só o algarismo arábico. Assim: 
art. 1º, art. 2º, art. 3º .... art. 9º; art. 10, art. 11, art. 20, art. 306, art. 909 etc. 
Os incisos são designados por algarismos romanos, seguidos de hífen (ver art. 125 do CPC, abaixo). 
O texto de um artigo inicia-se por maiúscula e termina por ponto, salvo nos casos em que contiver 
incisos, quando deverá terminar por dois pontos. 
Exemplo: 
Dispõe o Código de Processo Civil: 
“Art. 125. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, competindo-lhe: 
I - assegurar às partes igualdade de tratamento; 
II - velar pela rápida solução do litígio;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça. 
IV - tentar, a qualquer tempo, conciliar as partes.” 
Quando um artigo tiver mais de um parágrafo, estes serão designados pelo símbolo §, seguido do 
algarismo arábico correspondente; a grafia é por extenso, nas referências a parágrafo único, parágrafo 
seguinte. parágrafo anterior e semelhantes.
Ex.: Os §§ 2º e 3º do art. 15...; o parágrafo único do art. 12... 
As alíneas ou letras de um inciso ou parágrafo deverão ser grafadas com letra minúscula, 
seguida de parêntese: “De acordo com o § 3º, alíneas a) a c) do art. 20 do CPC (ou alíneas 
“a” a “c” do CPC). 
As datas devem ser escritas por extenso: 2 de maio de 1970 (não se escreve 02 de maio de 1.970); o 
ano não tem ponto, mas o número da lei tem: Lei nº 5.450, de 2 de maio de 1970 (Errado: Lei 5440, de 
02.05.70 ou 1.970). 
Lembrete, para memorizar: “lei” (com i) tem ponto, logo o número da lei também tem ponto (Lei nº 
5.450/70); “ano” (sem i) não tem ponto, portanto a indicação do ano não leva ponto (em 2002 o Brasil 
conquistou o pentacampeonato; 2004 é o ano da Olimpíada de Atenas).
► Tratamento formal 
Vossa Excelência: Presidente da República e Vice; Ministros, Governadores e Vices; Prefeitos 
Municipais; Secretários Estaduais, Membros do Poder Legislativo e Judiciário; Oficiais-Generais. 
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas a essas autoridades é Excelentíssimo Senhor, 
seguido do cargo respectivo: Excelentíssimo Senhor Presidente do Tribunal de Justiça. As demais 
autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo: Senhor Juiz, Senhor 
Ministro.
NOTA – A técnica de citação de leis (itens 2.1.1 a 2.1.8) tem por fundamento as normas constantes da 
Lei Complementar nº 95, de 26 de fevereiro de 1998 (ver abaixo, Redação de Atos Normativos, itens 
2.5 a 2.5.7). 
Já as regras de tratamento formal (item 2.2) constam da Instrução Normativa nº 4, de 6 de março de 
1992, da Secretaria da Administração Federal (DOU 9.3.92) e do Decreto Estadual nº 11.074, de 5 de 
janeiro de 1978. 
Exemplo de um Ofício Protocolar:
2. Teoria Tridimensional do Direito, gênero e tipologia textuais
2.1. Fatores de contextualidade: a coesão e a coerência no texto jurídico
Concepções sobre a Teoria Tridimensional do Direito, trata-se de uma concepção de Direito, 
internacionalmente conhecida, elaborada pelo jusfilósofo brasileiro Miguel Reale em 1968, e 
posteriormente abordada em diversas obras.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Filosofia_do_direito
http://pt.wikipedia.org/wiki/Miguel_Reale
À época de sua divulgação, tratou-se em verdade, de uma forma absolutamente revolucionária e 
inovadora de se abordar as questões da ciência jurídica, tendo esse pensamento arregimentado 
adeptos e simpatizantes em todo o universo dos estudiosos do Direito.
Segundo a teoria tridimensional, o Direito se compõe de três dimensões. Primeiramente, há o 
aspecto normativo, em que se entende o Direito como ordenamento e sua respectiva ciência. Em 
segundo lugar, há o aspecto fático, em que o Direito se atenta para sua efetividade social e histórica. 
Por fim, em seu lado axiológico, o Direito cuida de um valor, no caso, a Justiça.
Dessa forma pode-se dizer que o fenômeno jurídico se compõe, sempre e necessariamente, de um 
fato jurídico (narrativa do fato.); de um valor, que confere determinada significação a esse fato, 
inclinando ou determinando a ação dos homens no sentido de atingir ou preservar certa finalidade ou 
objetivo (valoração desses fatos); e, finalmente, de uma norma, que representa a relação ou medida 
que integra os demais elementos (aplicação da norma).
Ditoem outras palavras, para os profissionais da área jurídica verificarem se a parte tem ou não direito 
que pleteia, deverão passar por três grandes etapas comuns a todas as peças processuais: 
a) narração dos fatos juridicamente importantes do caso concreto (FATO);
b) defesa de uma tese, por meio de texto argumentativo, valrativo (VALOR);
c) Aplicação da norma, o que a lei determina (NORMA).
Exemplos:
► 1º Caso: Marcela, 36 anos, desempregada, mãe de três filhos (de seis anos, quatro e um ano e meio), 
gestava o quarto filho. Depois de passar por vaias situações trágicas, entra em trabalho de parto, é levada a 
um hospital, onde, após o nascimento de seu filho prematuro, pede para segurá-lo – beija-o longamente e 
joga-o para trás. O bebê sofre traumatismo craniano e morre. Um exame realizado pelo Instituto Médico 
Legal atesta que essa mãe encontrava-se em estado puerperal. 
► 2ª Caso: Adriana, solteira, ao saber de sua gravidez, não conta a ninguém (namorado, pai, mãe, amigas, 
colegas de trabalho). Sua gravidez era desconhecida por todos. Ao sentir a dor do parto, volta para sua casa 
no intuito de realizar o parto sozinha e jogar a criança em um rio próximo a sua casa. Em decorrências de 
complicações resolve puxar á força a criança e a mata afogada em uma banheira de água quente, que 
usaria para seu parto, em seguida jogou no rio a criança já morta enrolada em saco preto.
Esquema:
 
2.2. Gênero e tipologia textuais:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Direito
A NARRAÇÃO NO TEXTO JURÍDICO - A estrutura da narrativa jurídica
Distinção entre gênero textual e tipologia textual
A diferença entre gênero e tipos textuais é importante para o profissional do Direito, posto que deve 
orientá-lo na produção de suas peças processuais, para que possam redigir seus documentos com 
segurança, competência e profissionalismo. 
► Gêneros de textuais
Autores como Marcuschi (2002) definem os gêneros textuais como uma noção ou forma de orientação 
para os textos que são elaborados no dia a dia e que apresentam características sociocomunicativas 
definidas pelos conteúdos, propriedade funcionais, estilo e composição (determinando um certo 
padrão); exercendo uma função social específica. Para Marcuschi essas funções são pressentidas e 
vivenciadas por seus usuários. 
Exemplos: A estrutura textual de um e-mail escrito para uma universidade não é a mesma se o destinatário for 
um amigo. Ou nos casos abaixo: 
1. Noticia- crime; 2. Boletim de ocorrência; 3 Qualificação; 4 Auto de prisão em flagrante; 5. Nota de culpa; 6. 
Ordem de serviço; 7. Portaria; 8. Procuração; 9. Relatório;10 Auto de busca e apreensão;
Segundo Fetzner (2008), o que pode influenciar a percepção sobre o uso desses gêneros em cada 
situação concreta, sobretudo pelos operadores do Direito, é a reunião de cinco fatores relevantes para 
a produção exata do sentido e objetivo desse gênero Portanto, devemos considerar: 
1. A finalidade de quem produz o texto: 
Em uma exrordial, o advogado deve expor de forma persuasória (tendenciosa) para o juiz as razões de fato e de 
direito que o motiva a acreditar que um direito – objetivo de seu cliente – foi violado e por isso deve ser 
ressarcido. Se o mesmo advogado estiver atuando nesse processo, agora em grau de recurso deverá também 
expor as razões de fato e de direito que sustentam o recurso, mas seu objetivo e intenção já não são mais os 
mesmos: se antes pretendia mostrar a procedência de seu pedido; agora, que esse último já foi julgado e rejeito, 
sua finalidade é mostrar (ainda de forma persuasória).que a decisão proferida pelo juiz de primeiro grau não foi 
acertada. Logo a finalidade de cada peça é diferente, ainda que o texto seja produzido no mesmo processo pelo 
mesmo advogado. 
2. O tipo de publicação:
Sabe-se que o texto jurídico costuma apresentar uma redação bastante peculiar. A identificação desse gênero 
textual não é muito difícil, mesmo para quem não é profissional da área. Não podemos desconsiderar, porém, a 
influência do veículo onde se vai expor/publicar esse conteúdo. Ao tratar do método de fixação do quantum 
indenizatório, por exemplo, orientado pelo princípio da razoabilidade, um advogado pode dizer a mesma coisa 
com textos bastante diferentes. É preciso apenas pensar que ele pode falar dessa questão tanto em uma Petição 
Inicial quanto em uma artigo publicado em revista jurídica. Certamente a sua abordagem será diferente, mesmo 
sendo idênticos o tema e a tese defendidos.
3. O público-alvo do texto:
É comum os advogados comentarem que convencer juízes não é a mesma coisa que convencer jurados do 
Tribunal do Júri. A condição social, a formação técnica específica, os valores não são os mesmos para os dois 
grupos. Vários fatores influenciam a conduta do advogado que atua em uma Vara Criminal ou no Tribunal do Júri. 
Quem desconsidera isso terá reduzidas suas chances de sucesso.
4. O lugar em que o texto é veiculado:
Determinadas comarcas do interior recebem peças processuais cuja fundamentação seria inviável em grandes 
centros urbanos. Dependendo do lugar em que o texto é veiculado, sua aceitação pode ser maior ou menor. Isso 
implica dizer que, ainda que a lei penal, por exemplo, seja a mesma em todo o território nacional, sua 
compreensão pode estar condicionada a questões de ordem regional. Pense, para ilustrar essa questão, no 
tratamento que pessoas mais humildes dão a seus filhos. Determinadas obrigações que toda criança do campo 
tem poderiam (e o são comumente) ser compreendidas na capital do Rio de Janeiro como exploração do trabalho 
infantil – e lá não são assim visitas.
5. O momento em que o texto é veiculado: 
Assim como o lugar condiciona os valores predominantes em um texto, o momento de sua produção e o momento 
de sua leitura podem também influenciar a sua compreensão. Para exemplificar, podemos fazer referência à tese 
de legítima defesa da honra, costumeiramente definida pelos advogados de maridos que, uma vez traídos, 
sentiam-se no direito de “lavar a sua honra com o sangue da mulher que praticou o adultério”, como se sobre elas 
tivessem o direito de vida e morte. Hoje, essa tese certamente não tem mais acolhida no Judiciário, mas já teve 
grande aceitação. Os valores da sociedade mudam, e isso influencia a produção de o que e como se diz algo
Os documentos jurídicos como Petição Inicial, Contestação, Sentença e muitos outros que 
compõem o processo pertencem a um único gênero textual: o de Redação Forense. Exemplos de 
gêneros de textuais que pertencem à comunidade discursiva forense criminal que, por questão de 
delimitação, apenas as relataremos abaixo: 
1. Noticia- crime; 2. Boletim de ocorrência; 3 Qualificação; 4 Auto de prisão em flagrante; 5. Nota de culpa; 6. Ordem de 
serviço; 7. Portaria; 8. Procuração; 9. Assentada; 10 Relatório; Relatório de ordem de serviço; 11. Distribuição; 12. Liminar 
que rejeita a resposta do exceto; 13. Auto de busca pessoal; Auto de busca e apreensão; 14. Requisição de Instauração de 
Inquérito Policial, pelo promotor; Requisição de Instauração de Inquérito Policial, pelo juiz de direito; 15. Despacho de 
deferimento de pedido de fiança; Despacho que determina ordem de serviço; Despacho de expediente; Despacho, decisões 
interlocutórias; 16. Exceção de suspeição e de impedimento; Exceção de suspeição e de impedimento, pelas partes; 17. 
Conclusão dos autos; 18. Termo de fiança; Termo de representação.
2.3. Tipologia textual: narração, descrição, dissertação, argumentação e injunção.
Como vemos em Fetzner (2007), no Direito, é de grande relevância o que se denomina tipologia 
textual: narração, descrição, argumentação, injunção e dissertação. O que torna essa questão de 
natureza textual importante para o direito é a sua utilização na produção de peças processuais, como a 
Petição Inicial, a Contestação, o Parecer, a Sentença, entre outras, podendo cada uma delasapresentar diferentes estruturas, a um só tempo. 
Para melhor compreender essa afirmação, observe o esquema da Petição Inicial e perceba como essa 
peça pertence a um gênero híbrido do discurso jurídico, o que exige do profissional do direito o domínio 
pleno desses tipos textuais.
Observe como todos os tipos textuais ocorrem em um único gênero textual: Petição Inicial:
 
► Petição Inicial - 
► Definição: A petição inicial é uma peça escrita, na qual o autor formula o seu pedido, 
expondo os fatos e sua fundamentação legal, contra o réu, dando início ao processo 
“A petição inicial, também chamada de peça de ingresso, peça atrial, peça 
preambular ou exordial, dentre outras denominações, é considerada como o 
ato jurídico processual mais importante praticado pela parte autora dentro do 
processo, isto porque, em regra, define os limites da litiscontestatio em 
relação ao titular do direito perseguido, além de ser o ato por intermédio do 
qual provoca-se a jurisdição a ser exercida pelo Estado-Juiz”. (BARROS, 
Leonardo C., 2003)
► REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL 
Como antedito, é o art. 282 do Código de Processo Civil que regula os requisitos da petição inicial, 
estatuindo-os um a um, quais sejam: 
1) "o juiz ou tribunal a quem é dirigida" (Em CAIXA ALTA); 
2) as partes: autor e réu – "os nomes e prenomes (Em CAIXA ALTA), e a sua qualificação: 
estado civil, profissão, domicílio e residência do autor e do réu"; 
3) "o fato e os fundamentos jurídicos do pedido", ou seja, os acontecimentos do conflito que 
levam a crer que haja um direit a ser protegido e todos os fundamentos jurídicos com os quais se 
pretende mostrar esse dreito;
4) "o pedido, com as suas especificações"; 
5) "o valor da causa"(art. 259 do CPC); 
6) "as provas com que o autor pretende demonstrar a verdade dos fatos alegados" (art. 283 do 
CPC);; 
7) "o requerimento para a citação do réu" (arts. 213, 219, 222, 224, 231 do CPC);
8) declaração do endereço em que o advogado receberá intimações (art. 39, inciso I, do CPC).
Os requisitos acima enfocados podem ser classificados como requisitos internos da exordial que, por 
seu turno, englobam os requisitos atinentes ao processo e requisitos atinentes ao mérito. Já os 
requisitos externos referem-se à forma pela qual deve ser objetivada a peça, ou seja, de forma 
escrita. 
► Sentença jurídica 
Segundo o conceito antigo, sentença jurídica é o nome que se dá ao ato do juiz que extingue o 
processo decidindo determinada questão posta em juízo, resolvendo o conflito de interesses que 
suscitou a abertura do processo entre as partes. A sentença assume feições próprias de acordo com os 
diversos sistemas jurídicos existentes, mas em todos eles compreende a finalidade essencial de 
solucionar uma questão posta em julgamento.
http://pt.wikipedia.org/wiki/Processo
http://pt.wikipedia.org/wiki/Juiz
Segundo o novo conceito, instituído pela Lei nº. 11.232/2005, sentença é o ato do juiz que implica 
alguma das situações previstas nos arts. 267 e 269 desta Lei.[1]
3. TIPOLOGIA TEXTUAL
O conhecimento textual diz respeito, primeiramente, ao tipo de estrutura do texto, que pode ser, como 
já vimos acima, narrativa, expositiva, descritiva, argumentativa e injuntiva.
Narrativa (padrão): tem como características principais: (i) cenário ou orientação, onde acontecem 
os fatos e são apresentadas as personagens; (ii) a complicação, que é o processo inicial da trama, a 
elaboração do enredo; (iii) e a resolução, o desenvolvimento, o desenrolar da trama até o final 
(entre a complicação e a resolução está o ápice da trama).
Expositiva (dissertativa): é, ao contrário da narrativa, a estrutura que dá destaque às idéias em 
detrimento das ações, tornando irrelevante a orientação temporal, por exemplo.
Descrição: esse tipo de estrutura, geralmente, é encontrado no interior de uma narrativa ou de 
uma exposição, no momento em que um objeto ou uma cena deve ser destacado, particularizado.
 Injuntiva : é aquela que indica procedimentos a serem realizados. Nesses textos, as frases, 
geralmente, são no modo imperativo. Bons exemplos desse tipo de texto são as receitas e os 
manuais de instrução.
Argumentativa: procura principalmente formar a opinião do leitor, interlocutor, convencendo-o de 
que estão de posse da verdade. Argumentar é convencer ou tentar convencer mediante a 
apresentação de razões, em face das evidências das provas e à luz de um raciocínio coerente e 
consistente. 
De acordo com Travaglia (1991, 2001 e 2003a), os tipos e as espécies compõem os gêneros, ou 
seja, os tipos e espécies não se apresentam sozinhos, necessitam dos gêneros para tomarem forma. E 
para fins de trabalho sobre os gêneros textuais próprios da comunidade discursiva forense, é preciso 
perceber que a tipologia textual serve, como diz Travaglia, para que se compreenda a estrutura de 
um texto; os elementos tipológicos que estariam presentes na composição de todos ou da maioria dos 
textos existentes em nossa cultura/sociedade, independentemente da classificação tipológica desses 
textos.
Na narração, por exemplo, o que se pretende é dizer os fatos, contar os acontecimentos, o enunciador 
se coloca na perspectiva do tempo e a narração instaura o interlocutor como o assistente, “o 
espectador não participante”. Sobre este tipo gostaríamos de ressaltar que nos textos forenses as 
narrativas se mostram muito argumentativas e podemos perceber o enunciador como emissor de 
argumentos no ato de narrar. Voltaremos a esta questão ao discutirmos a segunda tipologia proposta 
por Travaglia (1991).
Unidade 2
4. – Tipos de narrativa jurídica
Característica da Narração
Tem por objetivo contar uma história real, fictícia ou mesclando dados reais e imaginários. Baseia-se 
numa evolução de acontecimentos, mesmo que não mantenham relação de linearidade com o tempo 
real. Sendo assim, está pautada em verbos de ação e conectores temporais.
A narrativa pode estar em 1ª ou 3ª pessoa, dependendo do papel que o narrador assuma em relação 
à história. 
Numa narrativa em 1ª pessoa, o narrador participa ativamente dos fatos narrados, mesmo que não 
seja a personagem principal (narrador = personagem). Já a narrativa em 3ª pessoa traz o narrador 
como um observador dos fatos que pode até mesmo apresentar pensamentos de personagens do texto 
(narrador = observador).
 Narração objetiva X Narração subjetiva 
objetiva - apenas informa os fatos, sem se deixar envolver emocionalmente com o que está noticiado. 
É de cunho impessoal e direto.
subjetiva - leva-se em conta as emoções, os sentimentos envolvidos na história. São ressaltados os 
efeitos psicológicos que os acontecimentos desencadeiam nos personagens.
 Elementos básicos da narrativa: 
Fato - o que se vai narrar (O quê ?)
Tempo - quando o fato ocorreu (Quando ?)
Lugar - onde o fato se deu (Onde ?)
Personagens - quem participou ou observou o ocorrido (Com quem ?)
Causa - motivo que determinou a ocorrência (Por quê ?)
Modo - como se deu o fato (Como ?)
Conseqüências (Geralmente provoca determinado desfecho)
 Narrativa simples ou valorada:
http://pt.wikipedia.org/wiki/Senten%C3%A7a#cite_note-0
A narrativa jurídica deve selecionar os fatos ou eventos envolvidos no caso concreto no momento de 
compor o relato. 
A narrativa jurídica deve selecionar os fatos ou eventos envolvidos no caso concreto no momento de 
compor o relato. Somente aqueles considerados importantes para a elucidação ou explicação do fato 
principal (fato gerador da situação de conflito) devem ser destacados: os chamados fatos 
importantes. Na seleção dessas informações — é preciso reiterar — depende do fato de a narrativa ser 
simples ou valorada. 
Estrutura argumentativa da narrativa dos fatos (FETZNER, 2007)
1º esquema:
2º esquema:
Em síntese:
Narrativa simples dos fatos Narrativa valorada dos fatos 
Narrativa sem o compromisso de 
representar qualquer das partes. Deve 
apresentartodo e qualquer fato importante 
para a compreensão da lide, de forma 
imparcial. 
Narrativa marcada pelo compromisso de expor os fatos de 
acordo com a versão da parte que se representa em juízo. Por 
essa razão, apresenta o pedido (pretensão da parte autora) e 
recorre a modalizadores. 
O quê O quê
Quem (ativo e passivo) Quem (ativo e passivo)
Onde Onde
Quando Quando 
Como Como
Por quê Por isso 
Inicia-se por “trata-se de questão sobre...” Inicia-se por “Fulano ajuizou ação de ... em face de Beltrano,na 
qual pleiteia ...” 
O relatório é um tipo de narrativa em que os fatos importantes de uma situação de conflito devem ser 
cronologicamente organizados, sem interpretá-los (ausência de valoração); apenas informá-los na lide 
ou demanda processual.
Segundo De Plácido (2006, p. 1192), relatório “designa a exposição ou a narração, escrita ou verbal, 
acerca de um fato ou de vários fatos, com a discriminação de todos os seus aspectos ou elementos”.
 Características mais relevantes em um relatório jurídico:
Atenção: exceto pela última característica, todas as narrativas jurídicas devem obedecer a essas 
orientações, sejam elas valoradas ou não.
(FETZNER, 2007)
No discurso jurídico, é necessário ater-se aos fatos do mundo biossocial que levaram ao litígio 
(FETZNER, 2007). Ao procurar um advogado, o cliente iniciará seu relato dos acontecimentos que, em 
sua perspectiva, causaram-lhe prejuízo do ponto de vista moral ou material. 
Contará sua versão do conflito, marcada, geralmente, por comoção, frequentes rodeios e muita 
parcialidade. Ao profissional do Direito caberá, em seguida, organizar as informações importantes 
obtidas nessa conversa, com vistas à estruturação da narrativa a ser apresentada na Petição Inicial.
Exemplo de narrativa Jurídica (do cliente)
Eu e Sandra vivemos sob o mesmo teto, como se marido e mulher fôssemos, por mais de dez 
anos. Para que isso acontecesse, tive de passar por cima de muita coisa. Minha família não 
aceitava nossa união e meu pai dizia, com certa razão, que eu não tinha muito futuro ao lado dela. 
Sandra estudou pouco e nunca trabalhou de carteira assinada, mas sabe cuidar como ninguém da 
casa: duvido que alguém faça uma moqueca melhor que a dela.
Durante a constância dessa união de fato, tivemos filhos e construímos patrimônio. Vivemos 
bem por alguns anos, quase acreditando que a nossa união seria para sempre, mas, como já disse 
a música, “o pra sempre sempre acaba... ”. O ciúme que ela sente por mim gerou a discórdia entre 
nós. Ninguém consegue viver ao lado de uma mulher tão ciumenta. Como ela acha que eu consegui 
comprar o que temos hoje? O dinheiro não cai do céu. Tive de trabalhar muito pra conseguir tudo 
que temos. E, quando chegava em casa, depois de um dia longo de trabalho, ainda tinha que ouvir 
que havia demorado muito, que devia estar na vadiagem: isso não é justo.
Por conta de toda essa situação, nós dois viemos aqui ao juiz, diante do Estado, para 
requerer o reconhecimento e a dissolução dessa sociedade conjugal, mediante uma sentença 
homologatória.
Exemplo de narrativa simples (do advogado)
Reconhecimento de Sociedade concubinária.
Os Requerentes viveram como se casados fossem por cerca de 10 anos, mantendo residência, 
ora no Estado e Cidade do Rio de Janeiro, ora nesta Cidade de Paranavaí. Deste relacionamento, 
nasceram dois filhos, o primeiro, Joelson, em 09 de fevereiro de 1992, e o segundo, Mariângela, em 
09 de setembro de 1997, conforme atestam as certidões em anexo.
Ao longo do relacionamento, o casal amealhou bens que constituem o patrimônio comum de 
ambos, sendo que os bens foram sendo registrados em nome ora do primeiro requerente, ora do 
segundo, ou ainda em nome dos menores, conforme se evidencia nos documentos em anexo.
O casal viveu, portanto, como se casado fosse. Construíram patrimônio, tiveram filhos, 
viveram sob o mesmo teto, cumpriram aqueles deveres recíprocos inerentes à condição de casados.
Viviam, pois, imprimindo à sociedade a precisa sensação de que constituíam uma nítida 
família conjugal, porquanto organizada nos moldes do casamento tradicional, apenas que subtraída 
da prévia formalidade de sua pública celebração. Por esse fato, merecem ver reconhecida, por 
sentença, a sociedade havida, o que se requer.
5. Função argumentativa da narrativa dos fatos: a questão do ponto de vista do 
narrador
Segundo Ducrot (1980), a teoria argumentativa conecta-se à Retórica aristotélica dos Tópicos, que 
analisa todo um conjunto de estratégias conclusivas que não se integram no raciocínio lógico. 
Essas estratégias centram-se nas relações entre enunciados aceitos como prováveis pelo bom senso de 
uma época e de relações que fazem com que, a partir de certos enunciados, sejamos orientados em 
direção a outros. 
Ducrot (1977), de acordo com sua tese geral, os atos de enunciação têm funções argumentativas, isto 
é, visam levar destinatário a uma certa conclusão ou a desviá-lo dela. Essa função argumentativa 
implícita tem marcas explícitas na própria estrutura da frase: morfemas e expressões que, para além 
do seu valor informativo, servem, sobretudo, para dar ao interlocutor direção na construção do sentido 
do enunciado.
A argumentação discursiva faz uso de determinados elementos da língua denominados de operadores 
e conectores argumentativos. 
Esses operadores argumentativos transformam os enunciados referenciais em premissas das quais 
podemos tirar uma conclusão e não outra, situando o enunciado numa certa direção, implicitando 
determinadas conclusões. 
Koch (1992, p. 30) se refere à existência de vários operadores argumentativos em um texto, “para 
designar certos elementos da gramática de uma língua que têm por função indicar a força 
argumentativa dos enunciados, a direção (o sentido) para que apontam.”
6. Modalização, polifonia e intertextualidade.
Elementos básicos participantes das condições da argumentação 
As relações estabelecidas entre o texto e o evento, no momento de constituição da enunciação, que 
mais se destacam são:
Os implícitos e explícitos:
As Inferências (subentendidos);
As pressuposições;
Os modalizadores que revelam sua atitude perante o enunciado;
O discurso para ser bem estruturado deve conter explícitos e implícitos, ou seja, todos os 
elementos necessários à sua compreensão, os quais devem obedecer também às condições de 
progresso e coerência, para, por si só, produzir comunicação, em outras palavras, deve constituir um 
texto. Dentre esses elementos devemos dar bastante atenção aos implícitos, sobretudo aos 
pressupostos e inferências
a) Implícitos
Os implícitos são aquelas informações que necessitam de um ato de inferência ou de pressuposição 
para o entendimento, pois não aparecem explicitamente no texto.
Exemplo: - A faculdade vai comprar o Manuelzão e Miguilim?
 - Está no provão. 
 Informações explícitas : 
 - Está no provão
 Informações implícitas : - (A resposta é dada como de modo a entender que o livro - Manuelzão e 
Miguilim (Campo Geral e Uma estória de amor de Guimarães Rosa) - será comprado, pois consta na 
bibliografia do Provão do Curso de Letras )
b) Inferência
Inferência é a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de mundo, o receptor (leitor/ouvinte) 
de um texto estabelece uma relação não explícita entre dois elementos (normalmente frases ou 
trechos) deste texto que ele busca compreender e interpretar. A inferência pode ser percebida, 
grosso modo, como mera tentativa de adivinhação. Sendo assim, portanto, sua validade pode ser 
negada.
Exemplo: Declaração: “Paulo comprou um Clio novinho em folha”.
Respostas: -- Paulo é rico (? ou !) - Paulo é melhor companhia que você (? ou !)
As respostas mostram as possíveis inferências feitas a partir da declaração apresentada. Observem que todas 
podem ser negadas, isto é, podemser falseada.
A inferência científica é examinada por Charles Sanders Peirce em diversos trabalhos, sendo 
definida como um ato voluntário que culmina na “adoção controlada de uma crença como 
consequência de um outro conhecimento” (PEIRCE, 1975, P. 32). 
Ele concebe o método científico em termos de deliberada e sistemática “submissão aos fatos”, sejam 
eles quais forem. 
Obs.: Mas o qual a diferença entre inferência e pressuposição?
c) Pressuposição :
Pressuposto é uma afirmação implícita que não pode ser negada pelo texto, porque há um elemento 
linguístico que o comprova a validade de sua interpretação. 
Exemplo: - João parou de jogar. (O verbo parou pressupões que João jogava)
Pressupor é literalmente, supor de antemão, ou melhor, é a relação que fazemos através de idéias 
não expressas de maneira explícita, as quais decorrem, obviamente, do sentido de certas palavras ou 
expressões contidas na frase. 
Outro exemplo: “Paulo tornou-se um vegetariano convicto e um defensor ferrenho dos animais”.
 Informações explícitas: Informações implícitas: 
 - Paulo é vegetariano - Paulo tornou-se algo, logo: mudou de postura sobre 
determinado assunto.
 - Paulo é um defensor ferrenho dos animais
O verbo tornar-se significa vir a ser, ou seja, tornar-se vegetariano; 
implicitamente nos informa que anteriormente Paulo não o era; logo: Paulo era carnívoro, agora não o 
é mais.
d)Modalização
Enfim, modalização é o sustentáculo da enunciação na medida em que ela permite explicitar as 
posições do sujeito falante em relação a seu interlocutor, a ele mesmo e a seu propósito (Charaudeau, 
1990). É a marca que o sujeito deixa no seu discurso
As Expressões Modalizadoras: são elementos lingüísticos diretamante ligados ao evento de produção 
do enunciado;
 funcionam como indicadores de intenções, sentimentos e atitudes do locutor com relação a seu 
discurso;
 revelam o grau de engajamento do falante em relação ao conteúdo proposicional veiculado.
Tipos Básicos:
Epistêmicos: esses revelam o grau de conhecimento do sujeito falante. Expressam certeza ou 
probabilidade, pois isso correspondem aos eixos do CRER e do SABER.
 Modalidades Epistêmicas: referem-se ao eixo do saber (certeza/ probabilidade);
Crer – eu acho, é possível
Provavelmente virei.
Saber – eu sei, é certo
Virei sem falta.
Deônticos: inserem-se no eixo da conduta, expressando obrigatoriedade ou permissibilidade, ou seja, 
aquilo que se deve fazer. Dentro desse grupo inserem-se os modalizadores apreciativos. Há vários tipos 
de modalizadores, entre esses podemos citar: advérbios, predicativos cristalizados (é certo), 
performativos explícitos, verbos auxiliares, verbos de atitude proposicional, modos e tempos verbais
 Modalidades Deônticas: referem-se ao eixo da conduta (obrigatoriedade/ permissibilidade).
Proibido: Não se deve fumar na sala de espera do consultório
Modalização é o fenômeno pelo qual o locutor expressa sua adesão ao texto. Ou seja, a modalização 
expressa o modo como o sujeito defende seu ponto de vista.
Pelo fato de a modalização expressar o ponto de vista do sujeito, não existe texto sem modalização. 
Essa pode sim ser mais explícita ou mais discreta. A modalização é expressa por elementos 
lingüísticos, chamados modalizadores. Há dois tipos básicos de modalizadores:
Como bem coloca a pofa. Margarida Graça, a modalização é uma operação pela qual a relação 
predicativa é localizada em relação à classe de sujeitos enunciativos que integram o sistema 
referencial. Da modalização resultam os valores da categoria gramatical modalidade ou valores 
modais. A modalização permite o uso de uma expressão que vai suavizar, ou clarificar, a informação 
veiculada pelo verbo. 
O processo de modalização não se verifica somente nos verbos modais (dever, ter de, poder, 
etc…) ou advérbios (provavelmente, necessariamente, possivelmente, etc.). Pode realizar-se de 
várias maneiras diferentes, como no uso de determinados verbos e adjetivos: 
Exemplo:
Adjetivos: possível, provável, capaz, ótimo, permitido, obrigatório. 
Outros verbos: assegurar, crer, precisar de, saber.
Os modos e tempos verbais expressam maneiras diferentes de se posicionar frente a um enunciado. O 
indicativo produz efeito de verdade, de certeza. Já o subjuntivo expressa incerteza, possibilidade. 
Exemplo: O noivo chega às 18h // O noivo chegaria às 18h.
O imperativo exprime ordem, conselho, sugestão, etc., e o infinitivo também serve para reforçar a idéia 
de verdade.
De acordo com os modalizadores que um autor utiliza, ele pode tornar seu discurso mais polêmico ou 
autoritário.
Exemplo: Prometa que estará em casa hoje à noite. // Promete que estará em casa hoje à noite. // 
Poderia prometer que estará em casa hoje à noite.
6.2. Polifonia e intertextualidade 
A polifonia na narrativa jurídica
Não podemos iniciar uma análise sobre polifonia e intertextualidade sem deixar de registrar que 
a concepção dialógica da linguagem, e 
assim, o discurso nunca se constrói sobre ele mesmo, mas em vista do outro. É o que Bakhtin (1992) 
denomina de o grande diálogo da comunicação verbal. Esses conceitos de intertextualidade e polifonia 
têm sua origem na concepção de dialogismo de Bakhtin. Apesar da origem comum, são distinguidos 
em estudos da Lingüística Textual. 
Para Fiorin (2006, p. 181), o termo intertextualidade deve ser reservado apenas para os casos em que 
a relação discursiva é materializada em textos. Segundo Barros (2003). refere-se à questão da 
intersecção dos muitos diálogos no interior de um discurso, do cruzamento das vozes (polifonia) que 
falam e polemizam em um texto. Nesse sentido, como podemos distinguir a intertextualidade de 
polifonia.
Exemplo: 
08/12/2009 - 16h31 Comissária da ONU pede combate mundial à discriminação
da Efe, em Genebra 
A alta comissária para os Direitos Humanos da ONU (Organização das Nações Unidas), a sul-africana Navi Pillay, 
traçou um panorama sombrio para os direitos humanos no mundo, nesta terça-feira, e lamentou a existência de 
discriminação em todos os lugares e em todas as camadas da população. 
"Discriminação não faz sentido. Nem humano, nem social, nem econômico. De fato, não tem nenhum sentido, 
mas segue prevalecendo no mundo todo", disse Navi em entrevista coletiva às vésperas do Dia dos Direitos 
Humanos, que vai ser comemorado na próxima quinta-feira. 
Neste ano, o lema escolhido para comemorar o Dia dos Direitos Humanos foi "abracemos a diversidade, 
acabemos com a discriminação". "Consideramos necessário refletir sobre a discriminação e alertar sobre seu 
estado no mundo", disse a alta comissária, que lembrou a Conferência contra o Racismo realizada neste ano, em 
Genebra. 
"É preciso assumir que todos discriminamos, eu, inclusive. Por ter crescido na África do Sul e ter sofrido racismo, 
eu a, como muitos, considerávamos os brancos em geral como opressores, não como seres individuais. Depois, 
quando crescemos, o estereótipo se mantém, e é preciso lutar contra ele", disse. 
Pillay também disse estar "muito preocupada" com a situação dos imigrantes, especialmente na Europa. "Os 
países da União Europeia não assinaram a Convenção para a Proteção dos Imigrantes e de suas famílias. 
Asseguram que é porque ela não distingue imigrantes ilegais de legais, mas eu digo que todos os emigrantes têm 
direitos e devem ser protegidos." 
A alta comissária também se referiu às mulheres e à "dupla e múltipla discriminação que elas sofrem no mundo 
todo". "Embora as mulheres trabalhem dois terços do total das horas trabalhistas em nível mundial, e produzam a 
metade da totalidade dos alimentos no mundo, recebem apenas 10% das receitas e possuem menos de 1% das 
propriedades" no mundo todo, destacou. 
Ocorrência de Polifonias
Vozes Conteúdo Informativo Relevância
Autor do texto, jornalista 
da Efe, em Genebra 
Texto sobre o discurso da Comissária da ONU, que 
tenta mobilizar umcombate mundial à 
discriminação
Divulgar o movimento de combate à 
discriminação encabeçado pela Comissão 
para os Direitos Humanos da ONU.
Navi Pillay, comissária dos 
Direitos Humanos da ONU
"Discriminação não faz sentido. Nem humano, 
nem social, nem econômico. De fato, não tem 
nenhum sentido, mas segue prevalecendo no 
mundo todo"
Posicionamento da ONU em relação ao 
problema de discriminação vivenciada por 
várias sociedades em todo o mundo
Barros (1999), partindo dessa concepção, comenta que a polifonia caracteriza um certo tipo de texto, 
no qual não é necessário a materialização das diversas vozes, mas sim a encenação, distinguindo-se, 
pois, da intertextualidade. Logo: O conceito de polifonia é mais amplo que o de intertextualidade. 
Enquanto nesta, faz-se necessária a presença de um intertexto, cuja fonte é explicitamente 
mencionada ou não, (...) o conceito de polifonia, tal como elaborado por Ducrot, (...) exige apenas que 
se representem, encenem, em dado texto, perspectivas ou pontos de vista de enunciadores (reais ou 
virtuais), diferentes (...) sem que se trate, necessariamente, de textos efetivamente existentes. (KOCH; 
BENTES; CAVALCANTE, 2007, p. 79).
Com um certo grau de consciência, no momento de formulação de um discurso, é ativado um 
complexo jogo dialógico, de onde podem surgir temas, (pré-)conceitos, valores, lugares comuns, 
conhecimentos, etc.
Exemplo: 
Quando um deputado se manifesta na tribuna da Câmara, atrás dele estão posições do partido 
ao qual pertence, a expressão de interesses de eleitores e grupos de pressão que representa.
Sendo assim, “nossas opiniões” podem não ser tão nossas como imaginamos. A nossa opinião quase 
sempre resulta dos cruzamentos antes referidos (intertextualidade). 
De acordo com Barros (2003), polifonia seria usada para caracterizar um certo tipo de texto, “aquele 
em que se deixam entrever muitas vozes, por oposição aos textos monofônicos, que escondem os 
diálogos que os constituem” (p. 5-6). Dessa forma, para a autora, um texto pode ser monofônico 
(quando consegue mascarar as vozes que o constituem), mas jamais monológico, já que o dialogismo é 
um aspecto constitutivo da linguagem. 
Exemplo: [...] os frustrados cabalistas do Apocalipse recolheram as premonições, já que o mundo 
mais uma vez não acabou [...].
Nesta passagem da ordem do expor, há um processo polifônico de pressuposição: se o mundo “mais 
uma vez” não acabou, é porque muitas outras previsões de “final dos tempos” foram feitas 
anteriormente. É, na verdade, a voz dos apocalípticos que é trazida pela enunciação com a finalidade 
de dar um tom de humor, de descontração ao discurso. Segundo Koch (1984), o uso retórico da 
pressuposição consiste em apresentar como já sendo do conhecimento público aquilo que se deseja 
veicular (no nosso caso, as várias previsões do final do mundo). 
Esses operadores são descritos simplesmente como “conectivos”, “morfemas gramaticais”, como 
dispositivos (advérbios, conjunções, preposições, pronomes), partículas meramente relacionais que 
permitem a conexão ou a ligação recíproca de dois ou mais enunciados. 
São esses mesmos componentes que, segundo a Semântica Argumentativa, podem determinar o valor 
argumentativo de um enunciado.
Elementos lingüísticos que têm o papel de marcar a 
polifonia: 
Conjunções 
conformativas 
segundo, conforme, como etc. 
Verbos introdutores de 
vozes
(dicendi — verbos de 
dizer) 
dizer, falar, afirmar (verbos mais neutros); 
enfatizar, advertir, ponderar, confidenciar, 
alegar. 
6. Operadores e Conectores Argumentativos
A argumentação discursiva disponibiliza determinados elementos existentes na língua, ora 
denominados de operadores e conectores argumentativos. De maneira que, os operadores 
argumentativos transformam os enunciados referenciais em premissas das quais podemos tirar uma 
conclusão e não outra, situam o enunciado numa certa direção, implicitam determinadas conclusões.
► Operador Argumentativo é um morfema que, aplicado a um conteúdo, transforma as 
potencialidades argumentativas desse conteúdo (cf. Moeshler, 1985, p. 61-2, citado por Marlene 
Teixeira)
Os operadores argumentativos mais relevantes são: demais, mais, até, até mesmo, nem 
mesmo, pelo menos, apenas, pouco, um pouco, ainda, já, na verdade e aliás.
DEMAIS: argumenta que o objeto ou ser a que se refere "extrapola os limites", portanto, argumenta 
negativamente.
MAIS: argumenta que o fato é recorrente.
ATÉ: Institui uma escala de valores. O objeto a que se refere pode estar no topo da lista ou no final. 
Transmite a avaliação do autor e direciona o ponto de vista do leitor.
APENAS: estabelece uma noção de tempo e pode instituir uma justificativa para um comportamento.
ATÉ MESMO: Argumenta positiva- e negativamente. Refere-se a algo que detem mais importância pelo 
acréscimo ou pela falta de algo ou alguém.
POUCO / UM POUCO: Entre os dois operadores há uma distância. Se o autor aforma que algo é pouco 
não há uma argumentação tão forte quanto em um pouco. Um pouco pode argumentar negativa e 
positivamente.
AINDA: Aqui há dois sentidos possíveis. Um denota excesso temporal, ou seja, já passou do tempo. O 
outro, introduz mais um elemento no discurso.
JÁ: Pode marcar uma antecipação ou uma mudança de estado. Pode também marcar uma urgência em 
relação a algo.
Quando "já" possui valor de "enquanto", ele trata de duas coisas paralelas. Tornando-se nesse caso um 
conector e não um operador argumentativo.
NA VERDADE: Introduz a versão final de um argumento, apresenta uma nova versão, ou contrapõe dois 
argumentos.
ALIÁS: Introduz um argumento decisivo. Uma espécie de "golpe final".
► Conectores 
Conectores são termos que asseguram a ligação de uma frase complexa. Nas palavras da nossa 
gramática normativa, seriam as conjunções de coordenação e subordinação, exprimindo conjunção, 
disjunção, restrição, oposição, causalidade... 
Conectores de Causalidade 
Moura Neves considera que a noção de causa abrange não só causa real, como também razão, motivo, 
justificativa ou explicação. As construções causais podem se dar:
a) Entre predicações: causalidade real / efetiva
Não construímos a casa, porque ele foi demitido.
Efeito: casa não construída
Causa real: demissão.
b) Entre proposições: causalidade que decorre da visão do sujeito falante sobre determinado fato.
Em dia de tempestade devemos cobrir os espelhos, pois eles atraem raios.
Esse fato não é comprovado cientificamente, depende muito mais das crenças de cada um.
c) Entre enunciados: relacionam-se pelo conector o ato de fala e a causa que o motivou.
Lava a roupa para mim, porque não tenho tempo!
As construções de causalidade englobam as orações chamadas pela gramática normativa de 
coordenadas explicativas. 
Conectores de Disjunção 
Os conectores de disjunção ligam duas proposições, estabelecendo alternância entre o elemento 
coordenado e o elemento anterior.
A marca privilegiada dessa relação é o articulador "ou". Ele pode estabelecer uma relação de 
hierarquia entres os termos ou desfazer essa hierarquia.
Para exprimir a disjunção sem hierarquia (ou...ou), existem outros articuladores: seja...seja, 
quer...quer. Esses têm valor pontual, enquanto que ora...ora tem valor iterativo (repetição no 
tempo).
Disjunção inclusiva/disjunção exclusiva: Há dois efeitos de sentidos produzidos pelo ou:
- ou inclusivo:
Liga duas proposições compatíveis no mesmo universo. Usa-se e/ou para indicar a disjunção inclusiva.
Ex.: A conta corrente pode ser movimentada por Augusto ou (e/ou) Amélia.
- ou exclusivo:
Liga duas proposições não compatíveis no mesmo mundo. Ou seja, somente uma das alternativas é 
possível.
Ex.: Não sei se compro um carro azul ou vermelho. (posted by Raquel @ 8:28 AM 1 
comments)
8. A função argumentativa da narração:a questão do ponto de vista.
8.1. A questão do ponto de vista 
Como foi visto acima, embora a narrativa de certas peças processuais não admita uma atividade 
persuasória expressa, tem diluído, em seu conteúdo, grande poder de convencimento, já que dos fatos 
surgem os direcionamentos da argumentação e as informações necessárias para que uma tese seja 
compreendida e aceita.
Na narrativa jurídica, o ponto de vista do narrador, ainda que não venha expresso diretamente, pode 
estar sugerido não só pela seleção vocabular, como também pela seleção dos fatos a serem narrados.
Esse ponto de vista, conduzido pelo transcurso do tempo, abre espaço para a aceitação de uma tese, 
que somente poderá ser exposta em outro momento e em outro discurso: o argumentativo.
Observe o esquema que traduz esse raciocínio.
Exemplo: caso concreto 
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8.2. A narração a serviço da argumentação: a formulação dos argumentos na 
fundamentação simples.
As características da argumentação simples: 
A fundamentação simples é aquela que propicia a subsunção do fato à norma, por meio de um 
raciocínio silogístico (premissa maior, premissa menor e conclusão). Em outros termos, basta, no 
primeiro argumento, apresentar o ponto de vista que se pretende defender e os três fatos de maior 
relevância para conseguir defender essa tese; no segundo argumento, deve-se aplicar a norma ao caso 
concreto por meio de um procedimento demonstrativo silogístico (“Ocorreu x. Ora, a lei é clara quando 
diz que y. Então, z.”); o terceiro argumento é reservado à tentativa de enfraquecer a argumentação da 
parte adversa.
9. TIPOS DE ARGUMENTOS
9.1. ARGUMENTOS DE AUTORIDADE: 
Consiste em um recurso linguístico que utiliza a citação de autores renomados e de autores de um 
certo domínio do saber para fundamentar uma idéia, uma tese, um ponto de vista.
Exemplo: Segundo Freire, ”Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar possibilidades para sua produção 
ou sua construção” (2001, p. 24-25).
Esse tipo de argumento é constituído com base nas fontes do direito e/ou em pesquisas científicas 
comprovadas. 
 “A Constituição é muito clara quando diz que a vida é um bem inviolável. Uma sociedade 
democrática defende esse direito e recorre a todos os meios disponíveis para que a vida seja 
sempre preservada e para que qualquer atentado a esse direito seja severamente punido. No caso 
em questão, Teresa foi atacada de maneira covarde e violenta, porque não dispunha de meios 
para ao menos tentar preservar sua vida. Portanto, o réu desrespeitou a Constituição Brasileira e 
incorreu no crime de homicídio doloso previsto no artigo 121 do Código Penal Brasileiro”.
2. ARGUMENTO BASEADO NO CONSENSO: 
Consiste no uso de proposições evidentes por si mesmas ou universalmente aceitas como válidas, para 
efeito de argumentação. No entanto, não se deve confundi-los com declarações sem base científicas e 
de validade discutível.
 Exemplo: A educação é o alicerce do futuro. (refere-se a uma idéia aceita como válida)
É importante observar que o argumento de senso comum consiste no aproveitamento de uma 
afirmação que goza de consenso; está amplamente difundida na sociedade. 
“A sociedade brasileira sofre com a violência cotidiana em diversos níveis e não tolera mais 
essa prática. Certamente, a violência é o pior recurso para a solução de qualquer tipo de 
conflito. Uma pessoa sensata pondera, dialoga ou se afasta de situações que podem 
desencadear embates violentos. Não foi essa a opção de Anísio. Preferiu pegar uma faca e, 
como um bárbaro, assassinar a mulher, evitando todas as outras soluções pacíficas 
existentes, como a imediata separação que o afastaria definitivamente de quem o traiu. 
Aceitar sua conduta desmedida seria instituir a pena de morte para a traição amorosa”. 
3. ARGUMENTO BASEADO EM PROVAS CONCRETAS: 
Apoia-se em evidências dos fatos que corroboram a validade do que se diz. Deve enfatizar-se, que não 
se podem fazer afirmações sem apoio de dados consistentes, fidedignos, suficientes, adequados e 
pertinentes.
Exemplo: Pesquisas do Banco Mundial mostram que a jornada escolar é curta e uma baixa proporção do 
tempo é gasta em tarefas propriamente escolares (CASTRO, Cláudio Moura. a hora na sala de 
aula. veja, 8 mai. 2002, p. 20)
1.1.Argumentos Baseados em fatos: é quando nos baseamos em fatos. 
Fato: um acontecimento que foi registrado e documentado. 
Para analisar como no direito utilizamos os argumentos baseados em fatos, devemos observar dois 
contextos diferentes: 1) Na praxes jurídica, 2) Fora da praxes jurídica. 
1) Na praxes jurídica: em uma ação ou processo judicial, em uma audiência (pragmática do direito) 
nesse caso, todo fato precisa ser comprovado. Precisamos apresentar provas que 
tenham relação direta com os fatos alegados. 
 (um registro do fato – relação direta): documentais, periciais, testemunhais etc. 
2) Fora da praxes jurídica: é quando o profissional não está inserido na pragmática do direito, mas 
simplesmente está defendendo uma opinião acerca de um assunto ou uma questão 
de interesse social e jurídico. O profissional do direito está sempre envolvido em 
temas polêmicos, que fomentam divergências e controvérsias. Questões como: 
pena de morte, legalização dos jogos de azar, desarmamento, são exemplos disso. 
E o profissional do direito não pode ficar alheio a essas questões, cabe a ele discuti-
las e sobre elas apresentar suas opiniões. Nesse sentido, o profissional
Tese: sou a favor da maioridade aos 16 anos. 
Argumento: Nos últimos anos, o índice de criminalidade juvenil aumentou 60%2. É um aumento 
bastante significativo. Adolescentes andam armados, à espera de uma vítima. 
4. ARGUMENTOS DA COMPETÊNCIA LINGUÍSTICA: 
Consiste no uso da linguagem adequada à situação de interlocução. A busca dos efeitos 
argumentativos envolve uma conduta quanto à escolha das palavras, locuções e formas verbais. A 
escolha de um termo em detrimento de outro implica no cruzamento dos planos estilísticos e 
ideológicos na direção do discurso PERSUASIVO (CITELLI, 1999, p. 69).
5. ARGUMENTO PRÓ-TESE 
Caracteriza-se por ser extraído dos fatos reais contidos no relatório. Deve ser o primeiro argumento a 
compor a fundamentação. A estrutura adequada para desenvolvê-lo seria: tese + porque + e 
também + além disso. cada um desses elos coesivos introduz fatos distintos favoráveis à tese 
escolhida.
Exemplo: “Anísio cometeu um crime doloso inaceitável, repudiado com veemência pela sociedade, porque 
desferiu três facadas certeiras no peito de sua companheira, e também porque agiu covardemente 
contra uma pessoa desarmada e fisicamente mais fraca. Além disso, ele já estava desconfiado do 
caso extraconjugal da mulher, o que afastaria a hipótese de privação de sentidos”.
6. ARGUMENTO DE OPOSIÇÃO 
Apoiada no uso dos operadores argumentativos concessivos e adversativos, essa estratégia 
permite antecipar as possíveis manobras discursivas que formarão a argumentação da outra parte 
durante a busca de solução jurisdicional para o conflito, enfraquecendo, assim, os fundamentos mais 
fortes da parte oposta. Compõe-se da introdução de uma perspectiva oposta ao ponto de vista 
defendido pelo argumentador, admitindo-a como uma possibilidade de conclusão para, depois, 
apresentar, como argumento decisório, a perspectiva contrária. 
Exemplo: “Embora se possa alegar que Teresa tenha desrespeitado Anísio, traindo-o com outro homem em 
sua própria casa, uma pessoa de bem, diante de situações adversas, reflete, pondera, o que a impede 
de agir contra os valores sociais. Eis o que nos separa dos criminosos. É certo que o flagrante de umatraição provoca uma intensa dor, porém o ato extremo de assassinar a companheira, por sua 
desproporção, não pode ser aceito como uma resposta cabível ao conflito amoroso”.
Referências Bibliográficas
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• CITELLI, Adilson. Linguagem e Persuasão. 2005
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• DUCROT, O. O Dizer e o Dito. Campinas, Pontes, 1988.
• FETZNER, Neli Luiz Cavalieri. Interpretação e produção de textos aplicados ao direito: programa do livro 
universitário. Rio de Janeiro: Forense, 2008.
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• LEITE, Gisele. Considerações sobre Petição Inicial. in Mundo Jurídico (www.mundojuridico.adv.br) em 
29.07.2003 
• MEDEIROS, João Bosco; TOMASI, Carolina. Português Forense: a produção do sentido. São Paulo: Atlas, 2004. 
• NERY JÚNIOR, Nelson. Código de Processo Civil comentado e legislação extravagante. 9a. edição - São 
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• SABBAG, Eduardo de Moraes. Redação forense e elementos da gramática. São Paulo: Premier Máxima, 2005. 
• SICHES, Luis Recaséns. Tratado de Sociologia. Tradução do Prof. João Batista Aguiar. 1ª ed. 3ª impressão, 
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• THEODORO JÚNIOR, Humberto: Curso de Direito Processual Civil. 22ª ed., Rio de Janeiro: Forense, 2000, vol I.
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 <http://www.boletimjuridico.com.br/ doutrina/texto.asp?id=1311> Acesso em: 3 mai. 2010. 
 http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id 
 Texto extraído do Jus Navigandi http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=2341
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http://www.gel.org.br/4publica-estudos-2005/4publica-estudos-2005-pdfs/estudo-vocabular-de-peticoes-454.pdf?SQMSESSID=a38ffc79c82bcbe561e1c641326fd16c
 pt.wikipedia.org/wiki/Linguagem_jurídica
 www.studantina.com/mod/resource/view.php?id=331 
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