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1 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Paulo Roberto. Insuficiência Respiratória Aguda Aula 01 A insuficiência respiratória aguda (IRpA) é uma síndrome definida pela incapacidade do organis- mo em realizar as trocas gasosas de forma ade- quada, de instalação aguda, decorrente da disfun- ção em um ou mais componentes do sistema respiratório (parede torácica, pleura e diafragma, vias aéreas, alvéolos, circulação pulmonar, sistema nervoso central e periférico). É definida gasometricamente por PaO2<60mmHg (ou SpO2 <90%) ou PaCO2>45 ou 50mmHg. Parâmetros que podem ser utilizados para avaliar pacientes com desconforto ou IRpA: PONTOS IMPORTANTES! • O distúrbio ventilação-perfusão é o principal mecanismo fisiopatológico da hipoxemia; • O grande determinante do conteúdo arterial de oxigênio é a saturação de oxigênio; • A hipoxemia frequentemente se apresenta com manifestações neurológicas inespecíficas, como agitação e sonolência; • Oferecer O2 suplementar é necessário para estabilização de pacientes hipoxêmicos, porém o tratamento da causa básica da insuficiência respiratória aguda é fundamental; • POCUS é um método acurado para o escla- recimento etiológico; • A gasometria arterial é o exame determinante para a classificação da insuficiência respiratória aguda em hipoxêmica ou hipercápnica; • Capacidade de fornecer oxigênio aos tecidos: DO2 = CaO2 x Q → CaO2 = conteúdo arterial de oxigênio (depende da hemoglobina, da SatO2 e da PaO2) e Q = débito cardíaco. AVALIAÇÃO DA OXIGENAÇÃO Saturação de O2 (SatO2): Avalia a proporção de hemoglobina ligada ao O2. Pode ser mensurada de forma não invasiva por oximetria de pulso (método mais comum), ou de forma invasiva, por coleta de gasometria arterial. Considera-se normal o valor de SatO2>95% em repouso. Pacientes com doen- ças pulmonares crônicas, como por exemplo DPOC avançada, o limiar pode ser menor (SatO2 88-92%). Pressão parcial arterial de oxigênio (PaO2): Reflete a concentração de oxigênio dissolvido no plasma. É mensurada pela gasometria arterial. Foi estabelecido com normal PaO2>80mmHg. Gradiente alvéolo-arterial de oxigênio [G (A-a)]: É definido pela diferença entre a concentração de oxigênio alveolar (PAO2) e a concentração de oxigênio arterial (PaO2). G (A – a) = PAO2 – PaO2 A PAO2 é calculada através da fórmula (equação do gás alveolar): PAO2 = (Fi02 x [Patm-PH20]) – (PaCO2/R) O paciente em ar ambiente (Fi02 21%), pressão atmosférica ao nível do mar de 1atm (760 mmHg), condições normais de temperatura (PH20 = 47mmHg) e R = 0,8 (constante que representa o quociente respiratório ou relação entre produção de CO2 e consumo de O2), podemos simplificar a fórmula para: G (A – a) = 150 – (PaCO2 x 1,25) – PaO2 O G (A-a) se eleva com a idade, e pode ser estimado pela equação: G (A – a) esperado = 2,5 + 0,21 x idade em anos • Os valores exatos do G (A – a) podem variar conforme a fonte de suplementação de oxigênio. Em geral, assumimos G (A – a) normal < 10 mmHg; • O gradiente alvéolo-arterial pode auxiliar na diferenciação da hipoxemia decorrente de hipo- ventilação alveolar difusa ou alterações de trocas gasosas por condições pulmonares intrínsecas. G (A – a) > 15mmHg sugere IRpA tipo I (hipoxêmica) – alterações no processo de oxigenação como efeito shunt, distúrbio V/Q e alterações na barreira de troca; G (A – a) normal sugere IRpA tipo II (hipercápnica) – hipoventilação alveolar, por uso de sedativos/opioides, doenças neuromusculares. PaO2/FiO2: É utilizada durante a ventilação mecânica invasiva (VMI). • 300-500mmHg: normal; • <300mmHg: distúrbio da troca gasosa; • < 200mmHg: hipoxemia grave. 2 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Paulo Roberto. CLASSIFICAÇÃO Insuficiência respiratória tipo ① ou hipoxêmica (PaO2<60 mmHg): Em geral, surge devido à incapacidade do organismo em oxigenar o sangue. Os dois principais mecanismos fisiopatológicos de hipoxemia em pacientes na UTI e na emergência são distúrbio V/Q e shunt intrapulmonar. Distúrbio ventilação/perfusão (V/Q): em condições fisiológicas essa relação é heterogênea no parênquima pulmonar e a vasoconstrição hipóxica é fundamental para compensar distúrbios pulmo- nares que acarretam desbalanço nessa relação. Em condições intraparenquimatosas em que os mecanismos compensatórios são ineficientes, há evolução para hipoxemia. Podem ocorrer duas situações: • Efeito shunt (alvéolos perfundidos e não ventilados); • Espaço morto (alvéolos ventilados e não perfundidos). A hipoxemia com elevação do G (A – a), tende a ser corrigida facilmente com oxigênio suplementar. Shunt intra e extrapulmonar: forma extrema de distúrbio V/Q. No shunt intrapulmonar há um distúrbio grave da troca gasosa, o sangue perfunde o pulmão, mas não é oxigenado. A síndrome do desconforto respiratório agudo (SDRA – shunt intrapulmonar direita-esquerda). Para diferenciar o distúrbio V/Q do shunt intrapulmonar → administração de oxigênio em alto fluxo (100%). No distúrbio V/Q há correção da hipoxemia, no shunt a correção é menor ou ausente. Outros mecanismos que podem cursar com hipoxemia: • Difusão de gases prejudicada por espessamento da membrana alvéolo-capilar (por exemplo, fibrose pulmonar) → aumento do G (A – a) e hipoxemia induzida por esforço ou em repouso quando há grande acometimento pulmo- nar; • Hipoventilação alveolar (IRpA tipo ②): situações que levem a diminuição da ventilação ou expansibilidade da caixa torácica, como intoxicações por depressores do SNC e redução da complacência da caixa torácica → G (A – a) normal; • Baixa pressão inspirada de O2 (PiO2): altas altitudes em condições fisiológicas, interrupção ou diminuição de fornecimento de O2 ao paciente Obs.: Lembrar que em pacientes com DPOC a PaO2 basal pode ser <60mmHg, nesse caso vai ser considerada IRpA quando PaO2<10% do basal. Insuficiência respiratória tipo ② ou hipercápnica (PaCO2>50mmHg e PaO2<60mmHg): A hipercapnia é definida como uma elevação na pressão parcial de CO2 (PaCO2). Os níveis de CO2 arterial são diretamente proporcionais à taxa de produção de CO2 tecidual (VCO2) e inversamente proporcionais à taxa de eliminação de CO2 pelos alvéolos (ventilação alveolar - Va). A elevação da PaCO2 pode resultar do aumento da produção (por exemplo, sepse, grandes queimados, sepse) ou diminuição da excreção de CO2. Lembrando que espaço morto é definido por áreas pulmonares que não realizam trocas gasosas (ventilada mas não perfundida). O espaço morto pode ser compreendido por: • Anatômico: região entre as VIAS e os bronquíolos terminais, na qual o O2 e o C O2 não podem ser trocados; • Alveolar: áreas alveolares ventiladas, mas com perfusão diminuída ou ausente. Aumen- to do espaço morto alveolar é o principal meca- nismo de hipercapnia em pacientes com doenças pulmonares (DPOC, fibrose intersticial, vasculites pulmonares) ; • Fisiológico: anatômico + alveolar. A redução do volume minuto alveolar é a principal causa de hipercapnia. DPOC é o protótipo de doença associada ao aumento da PaCO2 → padrão respiratório superficial e rápido que leva ao aumento da relação espaço morto fisiológico/ volume corrente (distúrbio V/Q característico do DPOC) → aumento geral da ventilação minuto mas com redução da ventilação alveolar (hipoventilação relativa). Mista: Associação entre os dois tipos. Por exemplo, pacientes com IRpA tipo ① (hipoxêmica) que na tentativa de compensação de hipoxemia 3 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Paulo Roberto. evoluem com fadiga da musculatura respiratória, evoluindo com hipercapnia importante. Investigação dos mecanismos causadores de IRpA: ETIOLOGIA Insuficiência respiratória tipo ① ou hipoxêmica (PaO2<60 mmHg): • Infecções (bactérias, fungos, vírus); • Edema agudo de pulmão cardiogênico (elevação da pressão hidrostática); • Edema agudode pulmão não cardiogênico; • Lesão pulmonar/ SDRA; • Embolia pulmonar; • Atelectasia; • Fibrose pulmonar/intersticiopatias; • Hemoptise; • Neoplasias; • Traumáticas (contusão pulmonar). Insuficiência respiratória tipo ② ou hipercápnica (PaCO2>50mmHg e PaO2<60mmHg): • Asma; • DPOC; • Medicações depressoras do SNC (opioides, barbitúricos, benzodiazepínicos); • Doenças neuromusculares (Giullain-Barré, miastenia gravis, distrofia muscular, esclerose lateral amiotrófica); • Transtornos do SNC (neoplasias, infecções, trauma, AVC, elevação da pressão intracraniana); • Metabólicos (hipoglicemia, hipercalcemia, hiper- natremia, hiponatremia); • Síndrome hipoven- tilação da obesidade. Mista: • Deformidades da caixa torácica (ex: cifoescoliose) com infecção pulmonar; • Exacerbação DPOC/asma grave; • Politrauma (TCE + trauma torácico); • IRpA evoluindo com fadiga muscular; • Intoxicação por droga depressora do SNC e broncoaspiração. Outras: • Obstrução/lesão de vias aéreas superiores (Infecções -laringites/epiglotite-; Trauma); • Distúrbios tórax/pleura/pele (Esclerodermia; Pneumotórax/derrame pleural; Queimadura elétrica torácica circunferencial); • Choque (Hipovolêmico; Hemorrágico). MECANISMOS CAUSAS COMO RECONHECER Hipoventilação RNC; Hipoventilação da obesidade; Dçs neuromusculares e diafragmáticas; ↓ Complacência da caixa torácica. Acidose respiratória (↑PaCO2); G (A-a) normal; Corrige facilmente com pequeno aumento na FiO2. ↓ PiO2 Altas altitudes. G (A-a) normal; Corrige facilmente com pequeno aumento na FiO2. Shunt verdadeiro Anatômico; Fisiológico. Distúrbio V/Q extremo. G (A-a) ↑; Hipoxemia de difícil correção. Distúrbio V/Q Doença obstrutiva de VA; Alveolar; Vascular. G (A-a) ↑; Correção da hipoxemia com fluxo baixo a moderado de O2. Principal causa de hipoxemia. Alteração da barreira de troca gasosa Acometimento intes- ticioalveolar Hipoxemia induzida por esforço ou exacerbação; Isoladamente não é causa frequente de hipoxemia. Mecanismos legenda: • PiO2: pressão inspirada de O2. • Shunt verdadeiro: sangue passa do lado direito para o esquerdo do coração sem ser oxigenado. • Distúrbio ventilação perfusão (V/Q): Desbalanço entre o fluxo sanguíneo e ventilação; Efeito shunt (perfundido mas não ventilado); Efeito espaço morto (ventilado mas não perfundido). • Alteração da barreira de troca gasosa: movimento de O2 do alvéolo ao capilar pulmonar prejudicado. Causas legenda: • RNC: intoxicação, alterações estruturais do SNC. • Anatômico: intracardíaco; malformações arteriovenosas pulmonares; síndrome hepatopulmonar. • Fisiológico: grandes atelectasias; preenchimento alveolar extenso (SDRA, EAP). • Doença obstrutiva de VA: asma, DPOC. • Alveolar: PNM. • Vascular: TEP. • Acometimento intesticioalveolar: doença intersticial, congestão. QUADRO CLÍNICO Exame físico: • Taquipneia (FR>20irpm) é a alteração mais frequente; • Sinais de uso da musculatura acessória: batimento da asa do nariz, tiragem intercostal, retração de fúrcula, respiração paradoxal (fadiga da musculatura diafragmática). • Sintomas inespecíficos: agitação, confusão, sem desconforto respiratório aparente; • Cianose (cianose central é sinal tardio de hipoxemia). Outros sinais que podem ser observados: • Sibilância (sugere broncoespasmo – asma, DPOC); • Crepitações (preenchimento alveolar – consolidações ou edema agudo de pulmão); • Diminuição do MV (pneumotórax, derrames 4 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Paulo Roberto. pleurais). IRpA tipo ②: a clínica é mais sutil, taquipneia menos proeminente. Os sinais precoces seriam agitação, fala indistinta, asterixis (flapping), diminuição do nível de consciência. Alterações neurológicas: esperadas quando PaO2 cai rapidamente <45mmHg (SatO2 aproximada de 80%) com possível perda da consciência <30 mmHg. As manifestações da hipercapnia variam conforme a gravidade e a rapidez da instalação: EXAMES COMPLEMENTARES Eletrocardiograma: • Pode auxiliar na averiguação de doenças cardiológicas: sinais que sugiram cardiopatia podem estar presentes em pacientes com EAP, SCoA, sinais de isquemia ou IAM levando a IRpA; • Sinais indiretos como padrão S1Q3T3, BRD em pacientes com suspeita de TEP. Taquicardia atrial multifocal no DPOC. Raio X de tórax: • As alterações podem demostrar a causa: infiltrados bilaterais, consolidações, sinais de bronquiectasias, contusão pulmonar. • Assim como possíveis complicações: pneumotórax, derrame pleural, hemotórax. D-dímero: • Pacientes com suspeita de TEP de baixo risco, pode ajudar na exclusão do diagnóstico. • Auxilia no diagnóstico diferencial de dores torácicas que podem vir associadas a quadros de IRpA. • Pacientes com suspeita de dissecção aguda de aorta com ADD-RS ≤ 1 e com D-dímero < 500ng/ml, exclui o diagnóstico. Gasometria arterial: • Permite a classificação em IRpA tipo ① e tipo ② e avalia a gravidade da hipoxemia (PaO2/FiO2 < 200 – hipoxemia grave). • Auxilia a distinguir se a IRpA tipo ② é aguda, crônica ou crônica agudizada: • Permite realizar o cálculo do G (A – a): ◦ Paciente com PaCO2>45mmHg e G (A – a) dentro do normal: suspeita de hipoventilação global; ◦ PaCO2 > 45mmHg e G (A – a) alto: suspeita da presença de doença pulmonar intrínseca que contribui para a IRpA. TC de tórax: • Pode apresentar sinais que auxiliam na definição da etiologia: edema agudo de pulmão, doença pulmonar crônica (intersticiopatia, DPOC, bronquiectasias), pneumotórax; • Pacientes com alta probabilidade pré-teste para TEP ou baixa probabilidade com D- dímero > 500ng/mL, a angio TC de tórax é padrão ouro para o diagnóstico. Cintilografia ventilação/perfusão: • Auxiliar no diagnóstico de TEP em pacientes que não podem utilizar contraste por disfunção renal ou alergia. Capnografia: • Mensura o CO2 expirado (EtCO2), que fisiologicamente é um pouco mais baixo (até 6mmHg) que a PaCO2 arterial devido ao espaço morto fisiológico → alargamento no gradiente da PaCO2 e EtCO2 é resultado de aumento do espaço morto; • Em geral é utilizada em pacientes com intubação orotraqueal para confirmar o posicionamento e cânula e excluir intubação esofágica; • Na PCR auxilia na avaliação da eficácia das compressões e retorno a circulação espontânea. Ultrassonografia de tórax: • Posicionamento do transdutor: • Após a ava- liação de cada ponto seguir o fluxograma baseado nos perfis ultrassonográficos encontrados: 5 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Paulo Roberto. TRATAMENTO Visa a manutenção fisiológica do sistema respiratório, ou seja, prover oxigênio suficiente aos tecidos e remoção do CO2 de forma adequada, até que a causa base seja controlada. O ABCDE é a primeira etapa na avaliação do paciente com IRpA. A – Vias aéreas: assegurar que estão pérvias. Se obstruída → desobstruir (Obstrução alta: laringos- copia ou broncoscopia para remoção do corpo estranho; Obstruções glóticas ou infraglóticas: crico- tireoidostomia ou traqueostomia de emergência podem ser necessárias); Se pérvia → B – Respiração: Via aérea pérvia sem respiração espontânea e/ou com rápida deterioração clínica, comprome- timento orgânico e/ou ausência de reflexo faríngeo/proteção de via aérea → Intubação orotraqueal; Vias aéreas pérvias com respiração espontânea → suplementação de O2 em pacientes hipoxêmicos (avaliada pela oximetria de pulso e gasometria arterial). Obs.: Se risco de hipercapnia a saturação alvo é de 88-92% pelo risco de depressão respiratória secundária a elevações agudas na PaO2 (DPOC moderada a grave, deformidades da caixa torácica ou da coluna vertebral, doença neuromuscular, obesidade mórbida, bronquiectasias e fibrose cística). O suporte de O2 pode ser fornecido por diversas interfaces levando em consideração a concentração e o fluxo de O2. Interfacesde suporte de O2 Cateter nasal de O2 (CN O2): • Baixos fluxos (0,5 – 6L/min) e baixa concentração de O2. A elevação de 1L/min aumenta a FiO2 em 3 a 4%. • A elevação do fluxo acima desses limites não eleva significa- tivamente a FiO2 e potencialmente traz descon- forto ao paciente. • O CN O2 é utilizado para casos sem necessidade de altos fluxos de oxigênio, como IRpA sem shunt ou para pacientes com doenças pulmo- nares crônicas que necessitem de baixa FiO2. Máscara de Venturi: fornece concentrações variáveis e tituláveis de O2 com fluxos moderados. Mistura entre O2 e ar ambiente, proporcionando níveis precisos de FiO2 entre 24-50%. Indicada quando há necessidade de titular de forma adequada a FiO2. Máscara facial com reservatório: pode propor- cionar alto fluxo e alta concentração de O2 (FiO2 90- 100%). Tem como indicação: IRpA hipoxêmicas graves (SDRA, pneumonia grave). Dispositivos bolsa-máscara-válvula: “AMBU”. Proporciona alto fluxo e alta concentração de O2 – fluxo de 15L/min. Alta concentração de O2 em caso de PCR e pode ser utilizada para prover ventilações (1 compressão a cada 6 segundos). Cânula nasal de alto fluxo: fornece O2 aquecido e umidificado através de dispositivos especiais. • Em adultos: fluxo até 60L/min gerando uma pequena pressão positiva nas VIAS. FiO2 ofertada pode ser regulada conforme a titulação do O2. • Alternativa em pacientes que necessitam de VNI mas que apresentam baixa tolerância ao dispositivo associado e não tem risco de hipercapnia. Máscara para ventilação não invasiva (VNI): ventilação com pressão positiva mediada por uma interface (nasal, oral, máscara facial e capacete). • Indicações: ausência de indicações de IOT imediata e de contraindicações, nas seguintes situações: ◦Edema agudo de pulmão cardiogênico; ◦Insuficiência respiratória aguda hipoxêmica; ◦ Exacerbação de DPOC associada com IRpA hipercápnica. • Contraindicações: ◦ Qualquer 6 Raissa Novelli – LAB.HAB. – Paulo Roberto. condição que indique IOT imediata; ◦ Incapacidade de cooperar, proteger vias aéreas ou manejar secreções; ◦ Rebaixamento do nível de consciência (ECG <10); ◦ Cirurgia facial ou neurológica, trauma ou deformidade facial; ◦ Obstrução de via aérea superior; ◦ Instabilidade hemodinâmica ou arrit- mia cardíaca instável; ◦ Hemorragia digestiva alta; ◦ Vômitos incoercíveis; ◦ Distensão abdominal. • Modos: ◦ CPAP: oferece pressão positiva contínua nas vias aéreas, o paciente respira espontaneamente e a ventilação oferece pressão contínua durante todo o ciclo respiratório. Capacidade de ofertar alta concentração de O2 e altos fluxos de O2. Pacientes que necessitam de correção de hipoxemia, como edema agudo de pulmão cardiogênico. ◦ BiPAP: oferece pressão inspiratória (IPAP) e expiratória (EPAP). Maior benefício em pacientes com hipoventilação como DPOC exacerbado nos quais não se indica CPAP. • Complicações: barotrauma, pneumotórax, instabilidade hemodinâmica são mais frequentes na ventilação mecânica invasiva. Lesões de pele, irritação ocular, dor nos seios da face, distensão gástrica (se pressões inspiratórias elevadas). • Deve iniciar a ventilação com FiO2 de 100%, pressão inspiratória inicial de 8-12cmH2O e expiratória de 3-5cmH2O. Elevação da pressão inspiratória deve levar em consideração a tolerância do paciente, alívio da sensação de dispneia, diminuição da FR e análise do volume corrente e a sincronia do paciente com o ventilador. • Reavaliação constante, observação do padrão respiratório, nível de consciência, monitorizar a oximetria de pulso e coletar gasometria arterial de controle (1- 2 horas após início da VNI ou conforme julgamento clínico). • No caso de piora do quadro respiratório, instabilidade hemodinâmica, rebaixamento do nível de consciência, agitação, inabilidade de proteger via aérea, dessaturação ou piora gasométrica → falência no uso da VNI → intubação imediata. FONTE BIBLIOGRÁFICA Medicina de emergência: abordagem prática/ editores Irineu Tadeu Velasco ... [et al.]. - 14. ed., rev., atual. e ampl. - Barueri [SP]: Manole, 2020.
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