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Eduarda Michelin – ATM2024.2 INSUFICIÊNCIA RESPIRATÓRIA AGUDA Disfunção do sistema respiratório resultando em troca gasosa anormal Possui surgimento súbito (horas a dias) e pode ser causada por qualquer elemento da respiração (passagem respiratória obstrutiva alta, passagem cervical do ar e passagem brônquios fontes e bronquíolos OU troca de parênquima) Origem CEREBRAL → respiração controlada por ponte e bulbo, sendo o índice de CO2 o controlador do aumento ou diminuição da frequência respiratória. VENTILAÇÃO → porção mecânica/física. Necessita de ossos, musculatura e inervação integra. o Dentro da área pulmonar, precisamos levar em conta a ventilação e a perfusão → V/Q. o A ventilação nas áreas superiores pulmonares, ou seja, nos ápices é maior que a perfusão (tem menos irrigação sanguínea e mais ventilação); enquanto que nas bases a ventilação é menor que a perfusão. Tuberculose = acomete os ápices pulmonares pois é um bacilo ávido por ar, não precisando de circulação local para sobreviver. DPOC: ENFISEMATOSO: quando os alvéolos inflamam, aumentam de tamanho e eclodem, formando grandes áreas coalescentes – se somam em áreas de fibrose. Por isso, há aumento do diâmetro anteroposterior, formando o tórax em barril. Isso gera perda da elasticidade do alvéolo, que perde a funcionalidade como o Foley → fica permanentemente aberto; no momento em que ocorre a inspiração e consequentemente a entrada de O2, faz- se a troca gasosa, mas não há Foley suficiente para expulsar o CO2 via expiração. Devido a isso, o paciente DPOC enfisematoso é retentor de CO2 – ele fica preso, não sai – e, por isso, são hipoxemicos (cada vez entra menos O2, justamente porque cada vez menos expulsasse CO2). O tratamento na maioria das vezes é corticoide, para poder desinflamar e gerar produção de Foley. Vai ter aumento da frequência inspiratória – puxa o ar mais rápido -; a expiração também aumenta, dura mais tempo → pink puffer. Eduarda Michelin – ATM2024.2 BRONQUITICO: o tórax está dentro da normalidade, sem aumento de tamanho; entretanto, é hipersecretivo → ele é inflamado crônico, formando muita secreção, com tosse que “borbulha”. Isso gera um bloqueio mecânico, em que a secreção presente nos alvéolos impede a troca gasosa. Também fazem hiperpneia na tentativa de soltar o ar. Tromboembolia pulmonar (TAP): geralmente acomete áreas médias e baixas do pulmão, pois a perfusão é muito maior – logo, a corrente sanguínea e os trombos vêm para cá. Tem como etiologia a obstrução do vaso pela presença do embolo, que não permite a troca de oxigênio. Pneumonia: Área acometida pode ser hipersecretiva, sendo um tampão que não permite o alvéolo fazer trocas. Troca Anormal de Gases É uma condição ameaçadora a vida. Existem algumas diferenças entre os problemas agudos e os problemas respiratórios crônicos (DPOC), que por sua vez possuem tensões gasosas alarmantes para pessoas normais (cronicamente hipoxemico – não saturam acima de 92% -, com SatO2 89% e conversando), devido as suas pequenas compensações; entretanto, são pacientes mais vulneráveis a pequenas alterações → quando em insuficiência aguda, são mais graves. São pacientes cronicamente hipoxemicos, mas que convivem bem com essa condição, pois já tem um padrão de troca gasosa alterado. HIPOXEMIA é a deficiência de concentração de oxigênio no sangue arterial. Já a HIPÓXIA é a oxigenação inadequada do tecido no nível celular, o que pode ocorrer mesmo na presença de quantidade normal no sangue arterial. Quando há uma respiração adequada em pacientes sem problemas no pulmão, vou ter que ter uma saturação de O2 pelo menos acima de 92%. Sabe-se que de 90% a 100% é tolerável para pessoas com pulmão adequado, >92% ótimo e >95% é o padrão ouro. Conceitos DISPNÉIA → falta de ar! No exame físico, pode ser subjetiva – sensação de falta de ar, mas o paciente não apresenta nenhum esforço ou pausa compensatória - ou objetiva – o paciente apresenta pausas compensatórias, puxando ar de forma mais energética, sendo possível a visualização por parte do médico / nem sempre o paciente relata a sensação de falta de ar -. Pode ser acompanhada de taquipnéia ou hiperpnéia – aumentar o tempo de inspiração ou aumentar o tempo de expiração (inspira um tempo e expira dois) -. Ortopnéia é a dispneia na mudança de decúbito (ex: insuficiência cardíaca). TREPOPNÉIA → é a dispneia unicamente no decúbito lateral (ortopnéia de decúbito lateral); por exemplo, casos de pneumonia no pulmão direito, em que o paciente vai apresentar falta de ar se deitar em decúbito esquerdo – o pulmão bom fica comprimido. Pode estar presente também em casos de pneumotórax. Eduarda Michelin – ATM2024.2 ORTOPNÉIA → falta de ar na mudança de decúbito – quando deita muda. Se o paciente senta, melhora. Presente em casos de ICC, por exemplo. É o que acorda durante a noite. AVALIAÇÃO Pacientes com angustia respiratória devem receber avaliação e tratamento de forma simultânea. Inspeção da aparência geral para fazer uma rápida análise da gravidade (cianose). Avaliar também o uso de musculatura torácica e acessória na inspeção e realizar exame físico focado (orofaringe, pescoço, pulmões, coração, tórax e extremidades). Fornecer O2 suplementar durante a avaliação e tratamento! Lembrar que, quando forneço O2 ao paciente, independe da maneira de fornecimento do O2, a primeira reação do corpo é a dilatação da artéria pulmonar → para ter mais sangue para fazer mais troca! A medida que ocorre a dilatação, há vasoconstrição periférica e de órgão centrais, de modo a aumentar o retorno venoso – acompanhado de palidez cutânea transitória e rápida! Se há aumento da chegada de sangue, há aumento do tempo de diástole (aumento do enchimento ventricular), há diminuição da FC e dos gastos de O2 pelo coração e aumenta os enchimentos coronarianos. Essa reação também ocorre em pacientes cardíacos. CIANOSE → pode ser central ou periférica. o Cianose Central = perioral e mucosas. É a mais compatível com hipóxia – baixa oxigenação no sangue! o Cianose Periférica = lobo de orelha e extremidade dos dedos. As extremidades ficam em cianose em situações hemodinâmicas – baixa circulação. AVALIAR OXIGENAÇÃO Oxímetro de pulso mostra a saturação em tempo real; entretanto, a informação é incompleta → não fornece a PCO2, não detecta a hipoventilação e não detecta a acidose respiratória subsequente, sendo esses dados avaliados somente na gasometria arterial. Faz sempre a oximetria de pulso a gasometria por artéria radial! O que diz se o paciente está hipoxêmico ou não é a PO2! Eduarda Michelin – ATM2024.2 NA PRÁTICA IRpA = Insuficiência Respiratória Parcialmente Agudizada. A IRpA tem relação direta com a hipoxemia – quando há PaO2 <55mmHg. A PaO2 ideal é entre 80 a 100! > 100mmHg: hiperoxemia, em situações de exagero do O2 fornecido (situações fisiológicas não aumenta dessa maneira). 60 a 80mmH: hipoxemia relativa – o paciente está hipoxêmico, mas sem prejuízo total às células funcionantes. < 60mmHg: conceito gasometria arterial de hipoxemia → é hipoxemia! FALHA NO CONCEITO DE PAO2 Indivíduos hígidos, jovens e/ou em grandes altitudes: na gasometria, há PaO2 < 50mmHg sem IRpA. Por exemplo, jogadores de futebol em grandes altitudes → a gasometria cai abaixo de 50mmHg. Isso ocorre pois a concentração, a camada de pressão de O2, é muito pequena lá em cima; assim, entra pouco O2 para fazer troca no organismo. DPOC: tem PaO2 de 50-55mmHg devido a retenção de CO2. Não é IRpA → são cronicamente hipoxemicos. Apresentação Clínica da Hipoxia HIPOXEMIA HIPERCAPNIA Eduarda Michelin – ATM2024.2 Quando chegar paciente com crise asmática → NÃO deitar na maca. Quando está sentado ou em pé, ele usa a força da gravidade para o pulmão abrir e encher de ar – mesmo conceito daICC. Se deitado, tem que fazer mais força muscular para a entrada do ar! Como suplementar O2 A maioria dos problemas respiratórios são problemas de V/Q – ventilação/perfusão → ou o ar não entra para ventilar ou a perfusão não passa direito. A 1ª MEDIDA É SEMPRE A SUPLEMENTAÇÃO DE O2! Quando o paciente tem a capacidade respiratória preservada (ele mesmo respira, não necessita de ajuda para inspirar e expirar), podem ser utilizados dois sistemas: o sistema de baixo fluxo OU o sistema de alto fluxo. SISTEMA DE BAIXO FLUXO → o principal representante é o óculos nasal. Utilizado em pacientes que estão em ar ambiente e conseguem manter uma saturação de O2 maior que 85%. SISTEMA DE ALTO FLUXO → o principal representante é a máscara de Venturi. Utilizado em pacientes que saturam menos que 85%. Para determinar os sistemas, utiliza-se também a FR! Até 35 → o paciente consegue manter sem cansar, sem necessitar de um aparelho que jogue o ar para dentro – só colocando O2, a pessoa já puxa sozinha. > 35 → utiliza-se ventilação mecânica – colocar o ar sob pressão para dentro. Quando o paciente não tem a capacidade respiratória preservada – cianóticos, com queda de consciência, entrando em coma ou com FR >35 -, se faz necessário o uso de aparelhos para o auxiliar a entrada de ar. Ou utiliza-se o ambu ou ventilação mecânica. Eduarda Michelin – ATM2024.2 Diagnóstico Toda IRpA tem uma causa! Entretanto, primeiro faz-se a inspeção e tratamento antes de saber a causa! Se coloca O2 na chegada e verifica o que está acontecendo → via área superior (se o paciente está falando, não há obstrução). Após, parênquima pulmonar, ausculta pulmonar e ausculta cardíaca. Anamnese focada, exame físico e exames complementares. Reconhecimento e manejo imediato de IRpA o 1ª coisa a se fazer → paciente senta na maca, ACESSO, O2 e MONITORIZA – oxímetro de dedo conectado ao monitor -. Principais Patologias Traumatismo Torácico: acaba com o arcabouço costal e com o Foley sequenciado. o Tórax Instável! Por exemplo, fratura de mais de três arcos costais na sequência → o tórax não consegue expandir de forma linear; ele fica completamente irregular. Nesse caso, não adianta só o O2, sendo necessário auxilio para colocar o ar para dentro! o Pneumotórax ou PNMTX Hipertensivo! Há expansão pulmonar, mas de maneira assimétrica – o pulmão bom continua expandindo, enquanto que o pulmão ruim, devido ruptura de parênquima, distende. Na inspeção, só um lado faz movimento respiratório, enquanto que no outro lado, fica estático. Na ausculta, o lado com pneumotórax apresenta murmúrios diminuídos ou ausentes; na palpação, há timpanismo prevalente. Com essa clínica e exame físico, não é necessário levar o paciente para realizar exames de imagem (RX) → já coloco um abocath 14 no 2º espaço intercostal na linha hemiclavicular no lado acometido. Só essa medida já esvazia o ar e o que podia ser um PNMTX hipertensivo impedindo a entrada de sangue no coração melhora, com retorno hemodinâmico → ai sim se faz o RX. o Contusão Pulmonar! Quando há trauma torácico fechado, sem fratura de arcos costais. Essa contusão gera um processo inflamatório que impede a troca gasosa pulmonar devido edema local, nos alvéolos – o ar entra e não consegue passar devido bloqueio mecânico. Na ausculta pulmonar, há murmúrio diminuído ou a presença de sopro tubário (“stufin, stufin”). o Hemotórax! Quando há ruptura de um grande vaso com extravasamento de sangue no espaço intrapleural. O espaço encolhe todo no lado acometido; entre a pleura Eduarda Michelin – ATM2024.2 parietal e a pleura visceral, há o acúmulo de sangue. Na prática, há alterações de ausculta e, quando o paciente está deitado, timpanismo superior com macicez a percussão em região lateral; além de apresentar taquicardia e hipotensão. Vascular o Tromboembolia Pulmonar (TEP)! São pequenos coágulos formados na circulação venosa (especialmente os vasos de MI – principalmente os vasos crurais). Doenças de Vias Aéreas o Asma! Há liberação de leucotrienos, IL-6 e IgE mediados por algum motivo alergênico. O principal local acometido é o pulmão – causa edema e inchaço em região de bronquíolos e alvéolos → fecha a luz do bronquíolo, gerando os sibilos (som que marca obstrução de via área). É um quadro agudo e de gravidade. Solbutamol, uma das medicações que pode ser utilizada no lugar do Aerolin, não causa aumento de FC. Adrenalina causa broncodilatação! o DPOC! Perda de Parênquima Pulmonar o Aspiração Maciça! Também chamada de Pneumonite Química → inflamação pulmonar por conteúdo gástrico; é consequência da aspiração. o Pneumonia! Há inflamação local e hipersecreção, impedindo que a troca de oxigênio ocorra no local. o Edema Pulmonar! ICC é uma das causas de edema pulmonar. O edema pulmonar encharca os alvéolos de líquido, dificultando a troca gasosa. Colapso Pulmonar: o parênquima pulmonar, aerado, colaba. o Pneumotórax! Ruptura do parênquima e pneumotórax. o Atelectasia! Miscelânea o Acidose Metabólica! Decorrente de quadros de sepse, entre outros, como pacientes com insuficiência renal crônica que esteja fazendo diálise. A acidose metabólica faz com que o corpo necessite de mais O2 e bicarbonato para a compensação, aumentando a FR (esforço respiratório para compensar essa acidose) e diminuindo a PA. o Psicogênica! Nunca deve ser considerada como primeira hipótese. É uma taquipnéia gerada por ansiedade do paciente, como em quadros de crise de pânico. São eventos involuntários → o paciente fica ansioso e começa com essas manifestações sem querer. O exame físico não apresenta nenhuma alteração, com saturação a 100%. Na gasometria, há PO2 > 100mmHg devido hiperventilação. o Sepse! Infecção generalizada com agente etiológico definido ou não. Eduarda Michelin – ATM2024.2 Os três principais motivos de Insuficiência Respiratória em ambiente intra-hospitalar, que o paciente já estava lá, mas não por motivo de insuficiência são: pacientes acamados, que não deambulam → atelectasia (áreas pulmonares não expandidas por ar e que acabam colabando, especialmente em bases pulmonares), podendo dar febre (37-37,8ºC); TEP (Paciente apresenta dispneia de caráter súbito associado a uma desaturação súbita); e aspirativos.
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