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Micoses superficiais estritas Pitiríase versicolor Introdução • Tinea versicolor; • Micose superficial benigna e crônica; • Lesões constituídas por placas hipo ou hiperpigmentadas, escamosas e de bordas delimitadas; • Regiões mais afetadas: região cervical, ombros e tórax anterior e posterior; • AGENTE ETIOLÓGICO: Malassezia sp.; o Levedura que apresenta células leveduriformes globosas ou ovais agrupadas e filamentos curtos, septados e irregulares; Epidemiologia • Distribuição mundial; • Mais frequente em regiões de clima tropical ou subtropical; • Acomete indivíduos de todas as raças e de ambos os sexos; • Adultos entre 20 e 40 anos são mais comumente afetados; Taxonomia • Gênero: Malassezia (antigamente Pityrosporum); • Divisão: Basidiomycota; • Classe: Hymenomycetes; • Ordem: Tremellales; • Família: Filobasidiaceae; • Espécies: M. furfur; M. pachydermatis; M. sympodialis; M. globosa; M. obtusa; M. restricta e M. slooffiae; Patogenia • É possível que a hipocromia nas lesões seja causada pela presença do ácido azelaico, que tem atividade antitirosinase, interferindo na melanogênese; • A perda do equilíbrio entre o hospedeiro e as células de Malassezia favorece a reprodução exagerada do fungo, o que levaria ao desencadeamento da doença; • Pelo comportamento clínico e laboratorial observado antes e depois da terapia com antifúngicos, sugere-se um eventual, mas não obrigatório, papel desse agente nas doenças com componente seborréico; Manifestações Clínicas • Geralmente assintomática, mas as lesões são facilmente identificadas pelo clínico; • As lesões se apresentam como máculas finamente descamativas, de bordas bem definidas, mas de tamanho, forma e cor variáveis; • Podem ser brancas ou hipopigmentadas a vermelhas ou marrons, denominadas hiperpigmentadas; • No início, observa-se apenas uma ou poucas lesões que, com o tempo, vão crescendo e confluindo; • O diagnóstico clínico se baseia nos aspectos da lesão, com presença dos sinais de Besnier e de Zileri, associado a uma fluorescência verde-amarelada observada quando as lesões são expostas à iluminação pela lâmpada de Wood; o Sinal de Besnier: descamação da lesão quando esta é raspada com a unha; o Sinal de Zileri: sinal observado ao ser feito um leve estiramento com os dedos na região, com um discreto esfacelamento da queratina local; • Diagnóstico diferencial: vitiligo e pitiríase alba; • DERMATITE SEBORRÉICA: presença de placas, às vezes mal definidas, frequentemente eritematosas, com escamas cinzentas e secas, ou amareladas e oleosas, e presença de prurido; o A pitiríase capitis, ou caspa, é considerada um grau leve de dermatite seborréica; o A blefarite seborréica é uma variante da dermatite, caracterizada por descamação oleosa amarelada e crostas nas bordas dos cílios; • FOLICULITES: doença crônica que consiste na presença de pápulas foliculares pruriginosas e pustulosas, afetando principalmente o tórax posterior e ombros; • ONICOMICOSE: acomete principalmente as unhas dos pés, mostrando perda da cor, brilho e hiperqueratose subungueal de cor cinza, amarela ou marrom, sendo essa lesão indistinguível da infecção ungueal por dermatófitos; Diagnóstico Laboratorial EXAME MICROSCÓPICO DIRETO • KOH a 10%, acrescido de tinta Parker Quink permanente (de cor negra), ou azul de metileno, Giemsa e PAS; • Observam-se filamentos curtos de parede grossa, com um ou dois septos, podendo ser ligeiramente curvos e irregulares; • Junto aos filamentos, observa-se a presença de leveduras esféricas ou ovais isoladas ou agrupadas em cachos; • Nas doenças com componente seborréico, observa-se a presença de grande número de leveduras; CULTURA • 6 espécies lipodependentes (é necessário incorporar ao meio ácidos graxos de cadeia larga, entre 12 e 24 unidades de carbono) e 1 espécie lipofílica (M. pachydermatis); • As colônias aparecem entre o 2° e o 4° dias de incubação, a uma temperatura entre 35-37°C; • Apresentam textura cremosa, de cor creme a marrom-clara, topografia convexa, superfície lisa ou levemente rugosa, aspecto seco e de diâmetro variável de acordo com o tempo de incubação; • M. furfur: colônia cremosa, convexa, cor creme, lisa, levemente dobrada e de 5 mm de diâmetro; • M. pachydermatis: colônia cremosa, cor creme, convexa, de 5 mm; • M. sympodialis: colônia cremosa, brilhante, lisa, plana ou com elevação central, de 5 mm; • M. globosa: colônia elevada, com dobras, rugosa e de 4 mm; • M. obtusa: colônia viscosa, lisa, plana, de 4mm; • M. restricta: colônia opaca, lisa a rugosa nas bordas, de 3mm; • M. slooffiae: colônia rugosa, geralmente com estrias finas e de 3mm de diâmetro; Características Morfológicas • As células leveduriformes apresentam membrana de duplo contorno, e a forma pode ser globosa, oval ou elipsóide, sendo a característica comum o brotamento monopolar fialídico; • M. furfur é a única espécie que apresenta micromorfologia variável, com células globosas, ovóides ou elipsóides, chegando a formar filamentos curtos, irregulares e, geralmente, com um ou dois septos; • M. pachydermatis: células pequenas, ovóides, com base larga de gemulação; • M. sympodialis: células ovóides, pequenas, e algumas leveduras apresentam brotamento tipo simpodial; • M. globosa: células globosas, de tamanho uniforme, com gemulação de base estreita; • M. obtusa: leveduras elipsóides, com base larga de união no ponto do brotamento; • M. restricta: células esféricas ou ovóides, pequenas e com base estreita de gemulação; • M. slooffiae: células elipsóides curtas, com base larga de união entre as células-mãe e filha; Tratamento • Aplicação tópica de sulfeto de selênio; o Vantagens: baixo custo, facilidade de aplicação e resultados satisfatórios; o Desvantagens: é um líquido amarelo que pode corar as roupas de uso e de cama e é irritante se aplicado na face ou genitália; • Alternativas: solução aquosa de hipossulfito de sódio a 25% ou propilenoglicol em solução aquosa a 50%; • Toda medicação tópica deve ser empregada nas áreas infectadas e além delas; • Muitos pacientes preferem, pela comodidade e praticidade, a terapia oral; entretanto, seu alto custo limita seu emprego; • A terapia oral é recomendada quando o tratamento local não é efetivo ou quando as lesões atingem áreas muito extensas do corpo; o Cetoconazol, itraconazol ou fluconazol. Piedras Introdução Assim como as demais micoses superficiais estritas, os fungos causadores da piedra apresentam a propriedade de induzir alterações apenas na camada mais superficial do extrato córneo, sem causarem, na maioria das vezes, nenhuma resposta inflamatória no hospedeiro. Os pacientes acometidos de piedras não apresentam sintomas nem nenhum tipo de desconforto físico, sendo, portanto, a queixa principal em geral associada à questão estética. Epidemiologia • Mais prevalentes em zonas de clima tropical e subtropical dos continentes Americano e Africano; • Caráter contagioso fraco ou inexistente; • Não demonstram predileção por grupos raciais, faixa etária ou sexo; Piedra Branca ASPECTOS CLÍNICOS • AGENTE ETIOLÓGICO: Trichosporon sp.; • Aparecimento de pequenas nodosidades, de consistência mucilaginosa, coloração branco-amarelada ou amarelo- acastanhada e aspecto fusiforme, aderidas ao pelo; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • Na microscopia dos nódulos fúngicos são observados hifas hialinas, artroconídios e poucos blastoconídios; • As colônias apresentam uma textura glabrosa, com relevo variando de rugoso a cerebriforme, podendo apresentar coloração variando de creme a branco e com reverso tendendo a apresentar a mesma coloração da colônia; • A microscopia da colônia mostra a presença de micélio hialino, septado e com artroconídiosretangulares, ovóides e redondos, bem como numerosos blastoconídios; TRATAMENTO • Cortar o cabelo ou pelos; • Uso de compostos com potencial antifúngico; Piedra Preta • AGENTE ETIOLÓGICO: Piedraia horta; • Caracteriza-se pelo aparecimento de nódulos endurecidos e de coloração escura nos cabelos e, raramente, em outros pelos do corpo humano; • Não acomete a pele da região que lhe está próxima, sendo considerada uma doença benigna, de caráter crônico e baixo contágio; DIAGNÓSTICO LABORATORIAL • O exame microscópico direto mostra estruturas de coloração acastanhada aderidas ao longo do pelo; • Essas estruturas são formadas por agrupamento de unidades fúngicas de coloração acastanhada; • O aspecto da colônia mostra uma colônia castanho-escura, verde-oliva ou preta, em torno de 1 cm de diâmetro, com textura glabrosa ou veludosa, com um centro de relevo apiculado, que tende a se tornar cerebriforme; • A periferia da colônia é plana, com borda • irregular, tendendo, com o passar do tempo, a formar uma textura veludosa na periferia, de coloração cinza-esverdeado, sendo negro o reverso da colônia; • Na microscopia da colônia se observa hifas acastanhadas, grossas, algumas irregulares, septadas, bem como numerosos clamidoconídios intercalares associados ou não a um material amorfo, de coloração castanho-clara, que envolve as estruturas fúngicas; TRATAMENTO • Remoção máxima do pelo infectado; • Medidas profiláticas de higiene; • Utilização de compostos com potencial antifúngico. Tinea Nigra Introdução • É uma infecção superficial benigna que acomete o estrato córneo da pele; • Geralmente assintomática; • Caracterizada pela presença de lesões de cor preta ou marrom-escura, com bordas bem definidas e sem descamação, que aparecem na palma das mãos e, com menor frequência, na planta dos pés; • AGENTE ETIOLÓGICO: Hortaea werneckii (anteriormente Cladosporium werneckii, Exophiala werneckii e Phaeoannellomyces werneckii); o Levedura escura polimórfica que se apresenta com hifas demáceas, septadas e ramificadas; Epidemiologia • Considerada uma doença restrita às áreas tropicais e subtropicais, sendo comum na América do Sul, América Central, África e Ásia; • Micose crônica, pode acometer crianças, adultos e idosos imunocomprometidos, sendo mais comum em mulheres; • O grupo prevalente são os jovens em torno dos 20 anos; Taxonomia • Divisão: Ascomycota; • Classe: Euascomycetes; • Ordem: Dothideales; • Família: Dothideaceae; • Gênero: Hortae; • Espécie: werneckii; Manifestações Clínicas • Infecção superficial, assintomática, que atinge a camada córnea da pele, usualmente na palma das mãos e, ocasionalmente, em outras regiões do corpo, como planta dos pés, pescoço e tórax; • O paciente apresenta máculas no formato de moedas geralmente não descamativas, hiperpigmentadas de cor marrom a cinza, sendo a pigmentação mais intensa nas bordas, de crescimento centrífugo e escurecimento progressivo; Diagnóstico Diferencial • Nevos pigmentado; • Lentigo maligno; • Melanoma ou melanoderma de Addison; Patogenicidade • O fungo Hortaea werneckii é considerado um sapróbio halofílico e agente causal exclusivo de tinea nigra; • Transmissão associada ao contato direto do hospedeiro com o ambiente marinho, principalmente com a areia da praia, que contém os propágulos do fungo; • Acomete as camadas superficiais do estrato córneo da pele; • A pigmentação marrom da pele é devido à melanina que o fungo apresenta na parede, não a estimulação dos melanócitos; • É inicialmente uma levedura higrofílica, com predomínio de células leveduriformes gemulantes; • Posteriormente, é higrofóbica, com formação de hifas que produzem conídios a partir do micélio aéreo, permitindo sua dispersão na natureza; Diagnóstico Laboratorial • O exame direto permite a visualização de hifas demáceas, septadas, lisas, torulóides e ramificadas, além de hifas hialinas, células leveduriformes e clamidoconídios; Características Morfológicas e Bioquímicas • Durante a 1ª semana, de crescimento a colônia é leveduriforme, de textura cremosa, topografia convexa, superfície lisa, cor negro-olivácea com brilho metálico e bordas bem definidas; • Após 2 semanas, aparece o micélio aéreo, com características de fungo filamentoso: na periferia, a textura aparece aveludada, de coloração cinza- escuro, marrom ou negra com reverso escuro; • Microscopicamente, no início, observam- se células leveduriformes, gemulantes, de cor marrom-escura, podendo apresentar um septo central; • A cultura madura apresenta hifas de até 6 μm de diâmetro, que se tornam densamente septadas, de cor marrom com regiões anelídicas evidentes; • Os conídios inicialmente são únicos e hialinos, negro-oliváceos e geralmente elipsóides, transformando-se em células tipo clamidoconídios, frequentemente gemulantes.
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