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Conteúdo: 1. Etiologia das lesões 2. Características das lesões 3. Processo cicatricial 4. Estadiamento de lesão por pressão 5. Localizações anatômicas de maior ocorrências de feridas 6. Dimensionamento 7. Tecidos presentes no leito da ferida 8. Exsudato 9. Tipos de borda 10. Coberturas 11. Procedimentos ETIOLOGIA DAS LESÕES Lesões por pressão Queimaduras Feridas cirúrgicas Úlceras venosas Feridas nos pés dos diabéticos Feridas oncológicas CARACTERÍSTICAS DAS LESÕES PROCESSO CICATRICIAL Fase inflamatória: É a primeira etapa do processo cicatricial, em que, inicialmente, o organismo responde ao trauma e há uma reação vascular e inflamatória, seguida de hemostasia, de remoção de restos celulares e de microorganismos. É a fase em que aparecem os sinais clínicos da inflamação (edema, eritema, calor e dor) e as células de defesa leucocitárias, com destaque para os neutrófilos de destruir bactérias por meio da fagocitose, da liberação de enzimas e dos radicais livres. Há, ainda, a ação dos macrófagos, que destroem as bactérias, limpam o local da ferida dos resíduos celulares e estimulam o crescimento de um novo tecido. Fase proliferativa ou de granulação: Segunda etapa do processo cicatricial, a fase de granulação compreende a formação de um tecido novo (angiogênese), com coloração vermelha, brilhante e de aspecto granuloso, em que se proliferam e migram os fibroblastos responsáveis pela síntese de colágeno, seguida da epitelização, que consiste no fechamento da superfície da úlcera pela multiplicação das células epiteliais da borda, diminuição da capilarização, redução do tamanho da ferida, através de sua contração, e da ação especializada dos fibroblastos. Fase de maturação ou remodelagem: Terceira e última etapa do processo cicatricial, a fase de maturação, ou remodelagem, caracteriza-se pela diminuição da vascularização e pela reorganização das fibras de colágeno, que leva a uma cicatriz com aspecto plano, devido à diminuição da migração celular, e com alteração da coloração de vermelha para róseo/branco pálido. Destaca-se também pelo aumento da força tênsil que, no início, é muito fina e vai se intensificando até ficar espessa. Depois de três semanas de fechamento da ferida, a força tênsil se aproxima de 20% do tecido original. Quando completa cinco semanas, essa força fica por volta de 40% e, no final de oito semanas, atinge 70% da força original. Ressalta-se que essa força tênsil nunca será igual à do tecido sadio. ESTADIAMENTO DE LESÃO POR PRESSÃO Estágio 1: Pele íntegra com área localizada de eritema que não embranquece e que pode parecer diferente em pele de cor escura. Presença de eritema que embranquece ou mudanças na sensibilidade, temperatura ou consistência (endurecimento) podem preceder as mudanças visuais. Mudanças na cor não incluem descoloração púrpura ou castanha; essas podem indicar dano tissular profundo. Estágio 2: O leito da ferida é viável, de coloração rosa ou vermelha, úmido e pode também apresentar-se como uma bolha intacta (preenchida com exsudato seroso) ou rompida. O tecido adiposo e tecidos profundos não são visíveis. Tecido de granulação, esfacelo e escara não estão presentes. Essas lesões geralmente resultam de microclima inadequado e cisalhamento da pele na região da pélvis e no calcâneo. Esse estágio não deve ser usado para descrever as lesões de pele associadas à umidade. Estágio 3: Perda da pele em sua espessura total na qual a gordura é visível e, frequentemente, tecido de granulação e epíbole (lesão com bordas enroladas) estão presentes. Esfacelo e/ou escara pode estar visível. A profundidade do dano tissular varia conforme a localização anatômica; áreas com adiposidade significativa podem desenvolver lesões profundas. Podem ocorrer descolamento e túneis. Não há exposição de fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem e/ou osso. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável. Estágio 4: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular com exposição ou palpação direta da fáscia, músculo, tendão, ligamento, cartilagem ou osso. Esfacelo e/ou escara pode estar visível. Epíbole (lesão com bordas enroladas), descolamento e/ou túneis ocorrem frequentemente. A profundidade varia conforme a localização anatômica. Quando o esfacelo ou escara prejudica a identificação da extensão da perda tissular, deve-se classificá-la como Lesão por Pressão Não Classificável Lesão por pressão não classificável: Perda da pele em sua espessura total e perda tissular na qual a extensão do dano não pode ser confirmada porque está encoberta pelo esfacelo ou escara. Ao ser removido (esfacelo ou escara), Lesão por Pressão em Estágio 3 ou Estágio 4 ficará aparente. Escara estável (isto é, seca, aderente, sem eritema ou flutuação) em membro isquêmico ou no calcâneo não deve ser removida. Lesão por pressão tissular profunda: Pele intacta ou não, com área localizada e persistente de descoloração vermelha escura, marrom ou púrpura que não embranquece ou separação epidérmica que mostra lesão com leito escurecido ou bolha com exsudato sanguinolento. A descoloração pode apresentar-se diferente em pessoas com pele de tonalidade mais escura. A ferida pode evoluir rapidamente e revelar a extensão atual da lesão tissular ou resolver sem perda tissular. Quando tecido necrótico, tecido subcutâneo, tecido de granulação, fáscia, músculo ou outras estruturas subjacentes estão visíveis, isso indica lesão por pressão com perda total de tecido (Lesão por Pressão Não Classificável ou Estágio 3 ou Estágio 4). Não se deve utilizar a categoria Lesão por Pressão Tissular Profunda (LPTP) para descrever condições vasculares, traumáticas, neuropáticas ou dermatológicas DIMENSIONAMENTO PRINCIPAL: A técnica de aferição comumente utilizada para feridas planas consiste em registrar a largura e o comprimento da área da ferida em cm2, onde se multiplica a maior largura pelo maior comprimento. O comprimento é a medida no sentido vertical (céfalopodal), e a largura, a medida horizontal. O resultado dessa multiplicação pode classificá-las, quanto à dimensão, em: pequenas, quando são menores do que 50 cm²; médias, se maiores que 50 cm² e menores do que 150 cm²; grandes, quando forem maiores do que 150 cm² e menores do que 250 cm²; e se forem maiores do que 250 cm², são extensas. LOCALIZAÇÕES ANATÔMICAS Principais: - Occiptal; auricular - Trocântérica; Maleolos - Sacral; Fíbular - Calcâneos; Tibial - Glúteos Região cefálica Lateral do tronco e anterior/posterior dos membros superiores Anterior e posterior dos membros inferiores TECIDOS PRESENTES NO LEITO DA FERIDA • Tecido epitelial: Tecido recém cicatrizado, na coloração rósea ou vermelha brilhante. • Tecido de granulação: Tecido viável para cicatrização que, quando saudável, apresenta coloração vermelho vivo, brilhante e granular. • Tecido fibrinoso: Fibra amarelada insolúvel fortemente aderida ao tecido de granulação. • Biofilme: Placa bacteriana fortemente aderida ao leito da ferida, que apresenta aspecto gelatinoso com coloração de transparente a levemente amarelada. • Necrose de coagulação ou necrose seca: Tecido desvitalizado, de consistência endurecida e fortemente aderida ao leito e às bordas da ferida. Sua coloração varia entre acinzentada, amarronzada e preta. • Necrose de liquefação, esfacelo ou necrose úmida: Tecido desvitalizado liquefativo, espesso, viscoso ou mucoide aderido ao leito, com coloração esverdeada, amarelada e/ou esbranquiçada. EXSUDATO Quantidade: Ausente, baixo, moderado, alto TIPOS DE BORDAS Indistinta/difusa • Não há possibilidade de distinguir claramente o contorno da feridaAderida • Plana e nivelada com o leito da ferida Não aderida • A falta de aderência ao leito pode propiciar a formação de túneis/trajetos fistulosos e de abscessos. Desnivelada • O leito da ferida é mais profundo do que a borda e a margem. Essa complicação pode indicar insuficiência tecidual de base para a migração de células epiteliais. Fibrótica • Apresenta um tecido de coloração amarela ou branca, que adere ao leito da ferida, e consistência endurecida, rígida, decorrente de áreas cicatrizadas. Hiperqueratosa • Ocorre sobreposição da camada córnea da epiderme, formando um tecido bem espesso, endurecido, de cor amarelada. Macerada ▪ Torna-se intumescida e de coloração esbranquiçada devido ao contato com excesso de exsudato Classificação para a prova: Região da ferida Estadiamento: Estágio 1, 2, 3 (LPP); 1°,2° intenção (cirúrgica); 1° grau (queimadura) Tecidos: granulação, esfacelo, necrose, fibrótico Tipos de bordas: Aderida, não aderida Exsudato: Presença, quantidade, aspecto Infecção? Sim ou não --- biofilme, exsudato, dor, edema, hiperemia COBERTURAS Tecido de granulação e para proteção da pele 1. Filme transparente 2. AGE – Ácidos graxos essenciais – Loção oleosa indicado para leito de feridas sem tecidos desvitalizados 3. Gase de Rayon – Compressa malha não estéril não aderente composta de acetato de Rayon 4. Hidrocolóide – Curativo bioativo, oclusivo estéril – Indicações: feridas superficiais com baixa exsudação, grau II, queimaduras, abrasões de pele Tecidos necrosados 1. Hidrogel – Desbridamento autolítico de feridas necróticas 2.Colagenase – Desbridamento enzimático de feridas necróticas secas ou viscosas bem aderidas ao leito Tecidos com infecção 1. Alginato de cálcio com prata – Feridas infectadas, exsudato moderado a alto 2. Espuma com prata – Feridas infectadas ou com risco de infecção, retardo da cicatrização com moderado a alto exsudato 3. Sulfadiazina de prata 1% hidrofílica – Feridas com infecções por gran-negativos e gran-positivos, fungos, vírus e protozoários (prioridade para queimados) 4. Carvão ativado – Feridas com odor fétido Tecidos sem infecção 1. Alginato de cálcio em fibra: curativo absorvente, flexível e bioativo (feridas com moderado a alto exsudato, sangrantes e que precisam de preenchimento. PROCEDIMENTOS Curativo de ferida aberta seca ou exsudativa Máscara descartável, bandeja (ou carro de procedimento), pacote estéril de curativo (contendo: uma pinça anatômica, uma pinça dente de rato e uma pinça Kelly ), gaze estéril; frasco de soro fisiológico 0,9% (apresentação de acordo com a disponibilidade da Unidade); seringa de 20 ml; agulha 40x12 (caso haja necessidade de instilação); 01 par de luva de procedimento; adesivo hipoalergênico e/ou esparadrapo; luva estéril; coberturas, álcool 70% 1. Higienizar as mãos; 2. Obtenha informações sobre tamanho, localização e características da ferida. Reunir o material e levar para próximo do paciente; 3. Explicar o procedimento ao paciente e/ou familiar; 4. Isolar a cama com um biombo, fechar cortinas e janelas do quarto. Adequar o padrão de luminosidade; 5. Posicionar o paciente confortavelmente e promover a exposição apenas da região do curativo. 6. Colocar máscara, óculos de proteção e capote (caso necessássio); 7. Higienizar as mãos (água e sabão, clorexidina degermante ou álcool 70%); 8. Organize o material e abra o pacote de curativo sobre a mesa auxiliar; 9. Colocar as pinças com os cabos voltados para a borda do campo estéril; 10. Abrir gazes e colocá-las no campo estéril do curativo; 11. Calçar luvas de procedimento 12. Retirar o curativo antigo com as luvas de procedimento ou com a pinça dente de rato (realizar o movimento no sentido do eixo longitudinal da ferida); caso o curativo esteja aderido (não sendo placa de curativo do tipo úmido para seco), umedeça a gaze antes de retirá-la; remover restos adesivos na pele; 14. Observar a ferida quanto às características das bordas e pele ao redor, extensão, profundidade, presença de secreção (cor, odor, aspecto e quantidade); --- higienizar as mãos e calçar luva estéril 15. Separar a pinça dente de rato; 16. Dobrar a gaze com auxílio das pinças Kelly e anatômica (calçar luva caso necessário); 17. Realizar limpeza da ferida com Soro Fisiológico 0,9% (temperatura ambiente ou morno leve) através de irrigação (com seringa de 20 ml e agulha 40x12, com pressa até 15 psi e mantendo distância de segurança para evitar respingos) e/ou contato direto da gaze (aplicando leve pressão com o auxílio da pinça kelly, com movimento único, utilizando as duas faces da gaze e trocando sempre que necessário). 18. Retirar o excesso de umidade e secar a região peri-lesional; 19. Aplicar cobertura na ferida conforme indicação. Utilizar luva estéril para manejo da cobertura; 20. Aplicar cobertura secundária utilizando gaze, compressa estéril e fita adesiva/ atadura crepom (conforme indicação); 21. Identificar o curativo registrando nome, data e hora da realização; 22. Reunir todo material e deixar o paciente confortável; 23. Orientar o paciente quanto aos cuidados com o curativo e ferida; 24. Desprezar o material em local apropriado, higienizar a bandeja; 25. Retirar EPI’s 26. Higienizar as mãos; 27. Realizar anotações de enfermagem no prontuário (registrar características da ferida, cobertura utilizada, data e hora da realização e indicação de troca).