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Diretor Executivo DAVID LIRA STEPHEN BARROS Diretora Editorial ANDRÉA CÉSAR PEDROSA Projeto Gráfico MANUELA CÉSAR ARRUDA Autor RODRIGO SOUZA DA COSTA Desenvolvedor CAIO BENTO GOMES DOS SANTOS RODRIGO SOUZA DA COSTA Sou o professor Rodrigo Souza da Costa e me sinto honrado por poder, de alguma forma, contribuir com sua formação. A área de gestão é um dos principais problemas (se não o principal) para o crescimento socioeconômico do país. Dessa forma, a importância de especializar-se fica cada vez mais evidente para quem busca uma posição de destaque no mercado. Nossa profissão é muito dinâmica. Mudanças nas formas de gestão nos coloca em uma busca constante por aprendizado e adaptação ao ambiente de competição das empresas. Quando me foi passada a tarefa de lhe acompanhar, em parte, desse aprendizado, procurei buscar subsídios em minha formação e atuação profissional que pudessem ser relevantes para o seu aprendizado. Entre os meus passos nessa formação destaco: • Sou graduado em Administração pela Universidade Estadual de Maringá (UEM), realizei meu Mestrado em Administração pela Universidade Federal do Paraná (UFPR) e o Doutorado em Administração pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUCPR). • Atuo desde 2007 no ensino na graduação e pós-graduação em diversas instituições do Sul do Brasil. • Realizo pesquisas na área de administração, sobretudo no que tange a Estratégia Empresarial e Internacionalização de Empresas, tendo publicado mais de 40 artigos em periódicos e eventos nacionais e internacionais. Ministro as seguintes disciplinas: Teoria das Organizações, Estratégias Empresariais, Diagnóstico Organizacional, Gestão de Recursos Empresariais, Gestão da Produção, Gestão da Cadeia de Suprimentos, dentre outras. Espero que possa contribuir significativamente nessa etapa de sua formação. O AUTOR INTRODUÇÃO: para o início do desenvolvimen- to de uma nova competência; DEFINIÇÃO: houver necessidade de se apresentar um novo conceito; NOTA: quando forem necessários obser- vações ou comple- mentações para o seu conhecimento; IMPORTANTE: as observações escritas tiveram que ser prioriza- das para você; EXPLICANDO MELHOR: algo precisa ser melhor explicado ou detalhado; VOCÊ SABIA? curiosidades e indagações lúdicas sobre o tema em estudo, se forem necessárias; SAIBA MAIS: textos, referências bibliográficas e links para aprofun- damento do seu conhecimento; REFLITA: se houver a neces- sidade de chamar a atenção sobre algo a ser refletido ou discutido sobre; ACESSE: se for preciso aces- sar um ou mais sites para fazer download, assistir vídeos, ler textos, ouvir podcast; RESUMINDO: quando for preciso se fazer um resumo acumulativo das últimas abordagens; ATIVIDADES: quando alguma ativi- dade de autoapren- dizagem for aplicada; TESTANDO: quando o desen- volvimento de uma competência for concluído e questões forem explicadas; Olá. Meu nome é Manuela César de Arruda. Sou a responsável pelo projeto gráfico de seu material. Esses ícones irão aparecer em sua trilha de aprendizagem toda vez que: ICONOGRÁFICOS Introdução à gestão de estoques ...............................................................10 Introdução à Gestão de Estoques .................................................................10 O Gerente de Estoques .................................................................................14 A Moderna Gestão de Estoques ................................................................16 A Organização da Gestão de Estoques .........................................................18 Objetivos da Gestão de Estoques. ................................................................20 Políticas de Estoque ...................................................................................24 Controle de Estoques ...................................................................................25 Métodos de Previsão de Consumo ...............................................................27 Custos de Estoque ......................................................................................32 Níveis de Estoque ........................................................................................34 Métodos de Determinação do Estoque Mínimo ...........................................38 Giro do Estoque ...........................................................................................41 SUMÁRIO Gestão de Estoque 7 UNIDADE 01 Gestão de Estoque8 Olá, meu caro aluno! Tudo bem com você? A nossa disciplina tratará da Gestão de Estoques, onde você verá sobre a importância desta área essencial para o aumento da competitividade de qualquer empresa, pois trata diretamente de um dos principais setores quando o tema é a eficiência de custos. Nesta unidade final, o essencial é que você compreenda os elementos primordiais e as questões relacionadas à moderna gestão de estoques, bem como as questões relacionadas às políticas de estoques, seus controles e métodos de previsão. Além disso, vale ressaltar aqui a importância de você saber como são estipuladas as políticas de controle de estoques, bem como saber definir os custos relativos em estoque e estabelecer qual é o lote econômico de compras. Por fim, você verá a importância de saber como a função compras é organizada dentro das empresas, bem como entender formas alternativas de organização e seleção de fornecedores. Entendeu? Ao longo desta unidade letiva você vai mergulhar neste universo! INTRODUÇÃO Gestão de Estoque 9 Olá. Seja muito bem-vindo à Unidade 1. Nosso objetivo é auxiliar você no desenvolvimento das seguintes competências profissionais até o término desta etapa de estudos: 1. Entender os elementos básicos da gestão de estoques; 2. Analisar as políticas de controle dos estoques; 3. Elaborar métodos de previsão de consumo e níveis de estoque; 4. Entender os custos relacionados aos estoques. Então? Preparado para uma viagem sem volta rumo ao conhecimento? Ao trabalho! OBJETIVOS Gestão de Estoque10 Introdução à Gestão de Estoques Nesta unidade, vamos abordar uma atividade primária e de maior importância para a Gestão de Estoques em qualquer organização: o gerenciamento dos estoques. Os estoques são importantes para qualquer segmento industrial, para os produtores agrícolas e pecuários, comerciantes atacadistas e varejistas, e quaisquer segmentos da indústria e mesmo da economia global. Se para alguns produtores é vantajoso esperar a época de melhor preço para comercializar sua safra, mantendo-a por alguns meses em estoque, em outros casos, como no setor pecuário, manter os animais por mais tempo antes do abate, significa aumento de despesas em alimentação sem o ganho em peso no nível desejado. O equilíbrio necessário entre essas duas situações pode ser obtido através da gestão e controle de estoques de forma eficaz e eficiente. E então? Motivado para desenvolver esta competência? Então vamos lá. Avante! Introdução à Gestão de Estoques Como abordagem prática, a Gestão de Estoques deve determinar quais os materiais, peças e componentes devem ser adquiridos pela empresa; como devem ser adquiridos – se comprados de fornecedores ou se fabricados em sua própria planta; quando devem ser adquiridos e, se comprados, de que fontes; por quais preços, em que quantidade e de que qualidade, para a manutenção do estoque desejável, estabelecido em função da demanda prevista para certo período de tempo. Gestão de Estoque 11 Fonte: Freepik Em resumo, o foco da administração de materiais deve ser concentrado, em adquirir os materiais certos, nas quantidades certas, da qualidade certa, no momento certo, das fontes certas aos preços certos, assim teremos bons resultados. EXPLICANDO MELHOR: Essas decisões buscam atingir o equilíbrio ideal entre o custo dos investimentos em estoques e oconsumo, mantendo-se as quantidades disponíveis, de forma a evitar a falta de materiais e componentes para a produção ou de produtos acabados para atendimento aos clientes nos prazos estipulados pela política de vendas, mas que não onere significativamente a lucratividade com a redução dos recursos financeiros disponíveis para alavancar as vendas. Gestão de Estoque12 Fonte: Freepik A Gestão de Estoques foi a expressão cunhada para definir o processo de gestão dos recursos materiais envolvidos no sistema de produção de uma empresa. Segundo Ballou (2006), no desenvolvimento do estudo da Logística Empresarial, essa área era concentrada na distribuição física e tratada de forma antagônica à Gestão de Estoques, que era concentrada no fluxo de suprimento e cujas operações envolviam montantes financeiros inferiores ao fluxo da distribuição física, devido ao valor agregado pelo processo produtivo aos materiais. Em tal contexto, uma boa gestão de estoques significava coordenar a movimentação de suprimentos com as exigências de operação, mediante a aplicação do conceito de custo logístico total, em que o desempenho logístico é avaliado sem considerações sobre minimização de custos de atividades. Gestão de Estoque 13 Fonte: Freepik Então, para Chitale e Gupta (2011), Gestão de Estoques é um conceito total envolvendo uma estrutura organizacional unificando numa só responsabilidade o fluxo sistemático e o controle de material desde a identificação de sua necessidade até a entrega ao cliente. Estes conceitos abrangem todas as atividades diretamente relacionadas com o fluxo de materiais dentro da organização, como aquisição, planeja- mento e programação da produção, tráfego de entrada, controle de estoque, recebimento e estocagem de materiais, VOCÊ SABIA? O processo de Gestão de Estoques representa a logística para dentro da empresa (inbound), e envolve a movimentação e gestão de materiais e produtos a partir da aquisição, portanto, a partir dos fornecedores e através do processo de produção. Gestão de Estoque14 movimentação e distribuição de materiais, abordadas pelas disciplinas de compras, produção, controle de estoques e distribuição física. O Gerente de Estoques Fonte: Freepik A função do gerente de materiais, segundo Gurgel (2000), é basicamente econômica, mesmo em organizações não governamentais, entidades filantrópicas e cooperativas sem objetivo de lucro, sendo a sobrevivência o objetivo mais fundamental. Porém, mesmo nesses setores que não ao visam lucro, os custos não podem ser excedidos por um período prolongado. Entre as companhias privadas, os lucros são essenciais para a sobrevivência, o gerente deverá contribuir para o aumento da lucratividade mediante a obtenção do menor custo de materiais, realizado através da otimização do investimento de capital, capacidade e pessoal, consistente com o nível de serviço ao cliente adequado. Gestão de Estoque 15 Por outro lado, toda empresa também tem objetivos aparentemente não econômicos que, no longo prazo, passam a ser econômicos, visto que se não forem alcançados, a empresa deixará de prosperar e pode até mesmo não sobreviver. Entre esses objetivos não econômicos estão as relações favoráveis com a comunidade, nível de serviço máximo possível aos clientes, condições de trabalho agradáveis, oportunidades de progresso para os empregados, liderança tecnológica. A tarefa básica do gerente de materiais é concentrar os esforços dos subordinados nos objetivos da empresa, para obter o suprimento de materiais ao custo total mais baixo possível. RESUMINDO: Neste sentido, o executivo deve levar em consideração os efeitos de curto e longo prazo de suas ações e seu impacto sobre os custos de outras atividades dentro da organização. Cada função da empresa deve funcionar no sentido de conseguir aqueles objetivos, e a função materiais não é uma exceção, visto que contribui para a sobrevivência e lucros, fornecendo materiais ao custo total mais baixo. Há muitas maneiras pelas quais poderá conseguir este objetivo global, sendo a mais óbvia o pagamento de preços mínimos pelos materiais. Porém, essa função também mantém em foco este objetivo quando aumenta a rotatividade dos estoques ou adquire materiais de qualidade superior. Em ambos os casos o verdadeiro custo de material é reduzido, no primeiro caso devido à redução de investimentos em estoques, e no segundo, devido às menores rejeições por conta da falta de atendimento das especificações. Gestão de Estoque16 A Moderna Gestão de Estoques O objetivo principal de uma empresa é maximizar o retorno do capital investido. Assim, os estoques são parte do capital investido que funciona como um lubrificante, de modo a permitir um bom funcionamento da relação produção/vendas. Fonte: Freepik A otimização dos estoques permite que o capital investido seja minimizado e o grande desafio é reduzir estoques sem comprometer a produção ou as vendas. E qual a importância da gestão de estoques? Temos a área comercial e área de produção estritamente relacionadas às atividades finais da empresa e costumam ter maior importância no gerenciamento geral. Gestão de Estoque 17 Sob o ponto de vista operacional, devemos entender as consequências e benefícios de um sistema logístico integrado. Assim, devemos mudar o foco da reposição dos estoques: do “quanto” para o “quando”. Ou seja, saber estabelecer o momento da reposição se torna mais importante que a quantidade a ser comprada. Para isso, se faz necessária a ampliação da capacidade de comunicação da empresa, tanto no nível tático quanto no operacional, bem como da capacidade de ajustamento às modificações do ambiente de negócios e estabelecer a coordenação das atividades, conforme a figura a seguir: Previsão de vendas Planejamento da produção Distribuição da produção Produção DIAS (2011) EXPLICANDO MELHOR: No entanto, o grande problema é: quem informa aos executivos e investidores o custo de uma parada na produção ou da perda de vendas por falta de produtos? A gestão de estoques trata do gerenciamento da cadeia de atendimento integrada, também chamada de Logística. Gestão de Estoque18 A Organização da Gestão de Estoques A organização do processo de gestão de estoques, tendo como foco a integração do sistema logístico, passa por (BOWERSOX; CLOSS, 2001): • Controle de estoques • Compras • Almoxarifado • Planejamento e controle da produção • Importação • Transportes e distribuição Sobre o controle dos estoques, estes permitem o bom funcionamento da relação produção/vendas. Os tipos de materiais em estoque são: matéria-prima, produtos em fabricação e produtos acabados. Aqui prezamos pelo controle dos níveis de estoque e do investimento financeiro envolvido. Já sobre as compras, esta é uma preocupação especial com o estoque de matérias-primas e demais insumos necessários à produção. Deve-se fazer as cotações de preços e especificações de todos os itens Fonte: Freepik Gestão de Estoque 19 Fonte: Freepik que vêm de fora da empresa, sendo de fundamental importância na minimização dos custos da produção. Temos o Almoxarifado, que é responsável pelo armazenamento e guarda física dos materiais e o Planejamento e Controle da Produção, que estabelece a programação e controle do processo produtivo, podendo estar subordinado à área de produção ou de materiais. NOTA: Em relação à importação, temos as compras realizadas de fornecedores internacionais, onde a legislação extensa e complexa. O setor de estoques acompanha todo o processo de importação, incluindo o desembaraço aduaneiro. Nas empresas exportadores, normalmente é responsável pelo processo legal-administrativo das exportações. Gestão de Estoque20 Por fim, temos a atividade de Transportes e Distribuição, onde são feitas as entregas das matérias-primas, bem como a colocação do produto acabado para os clientes.A principal atividade aqui é a administração frota de veículos ou a contratação de transportadoras. Objetivos da Gestão de Estoques Os objetivos típicos da Administração de Materiais devem ser enfatizados, por contribuírem, de alguma forma, para a conquista de alguns objetivos e metas estratégicas da companhia. Se a contribuição for diretamente obtida pela função materiais, é denominado objetivo primário; se for indireta, caso em que a capacidade de serviço ou a equipe de assessoria do departamento de materiais geram resultados para outro departamento realizar seus objetivos, é considerado objetivo secundário, conforme a figura a seguir: Gestão de Estoque 21 Objetivos primários e secundários da Administração de Materiais BOWERSOX; CLOSS (2001) No entanto, o principal objetivo do setor é realizar o chamado efeito lubrificante na relação produção/vendas. Aumentos repentinos no consumo são absorvidos pelos estoques, até que o ritmo de produção seja ajustado para suprir o consumo maior. Sem estoques, ou com níveis de estoques baixos, um aumento rápido do consumo pode não ser atendido plenamente. Gestão de Estoque22 No entanto, mesmo com os objetivos claros, temos que estar atentos aos conflitos departamentais sobre estoque. Isso ocorre devido ao fato de que a área financeira prefere estoques baixos, para reduzir gastos com capital e armazenagem, e para melhorar índices de retorno. Em relação, as áreas de compras, comercial e de produção preferem estoques altos, pois permitem menores preços, uma maior margem de manobra e folga na produção, e diminuem o risco de faltas. Fonte: Freepik IMPORTANTE: Outro objetivo a ser considerado é a minimização do capital investido. Isso porque o capital investido exige retorno, e os estoques, por si só, não geram retorno. Uma gestão eficiente de estoques aumenta o retorno da empresa como um todo, pela diminuição do capital investido nos mesmos. Gestão de Estoque 23 Com isso, um departamento independente assume a administração dos estoques, conciliando os conflitos descritos anteriormente. Além disso, vai promover a integração das atividades aos estoques, controlando-as através de sistemas adequados. Por fim, vai se preocupar não apenas com o fluxo das compras e vendas, mas também com as relações de cada integrante da cadeia de produção e distribuição. Fonte: Freepik Temos que saber também, quais são os sintomas de deficiência no controle de estoques. Dentre eles, temos os seguintes: • Frequentes dilatações dos prazos de entrega para os produtos acabados e dos tempos de reposição para matéria-prima; • Quantidades maiores de estoque, com produção constante; • Elevação dos cancelamentos de pedidos e devoluções de produtos acabados; • Variação excessiva da quantidade a ser produzida; • Produção parada frequentemente por falta de material; • Falta de espaço para armazenamento; • Baixa rotatividade dos estoques; • Altos níveis de obsolescência. Gestão de Estoque24 Políticas de Estoque As políticas são fundamentais na gestão dos estoques em situações econômicas adversas. Elas exigem uma correta implantação, para que não “engesse” a capacidade de resposta da empresa às circunstâncias de mercado. Além disso, possuem importância vital em períodos inflacionários, pois demanda tende a cair e custos aumentam constantemente. As principais diretrizes das políticas de estoques são: • metas quanto ao tempo de entrega dos produtos aos clientes; • definição do número de depósitos e/ou de almoxarifados e da lista de materiais a serem estocados neles; • até que nível deverão flutuar os estoques para atender a uma alta ou baixa das vendas ou a uma alteração de consumo; • limites na especulação com estoques, em compras antecipadas com preços mais baixos ou ao se comprar quantidades maiores para obtenção de desconto; • definição da rotatividade dos estoques. Devemos saber também, como estabelecer o grau de atendimento. É ele que indica a quantidade, em percentagem sobre a previsão de vendas, que deverá ser fornecida de matéria-prima ou produto acabado pelo almoxarifado. Por exemplo: se o grau de atendimento foi determinado em 95% e a previsão de vendas mensais é de 600 unidades, a quantidade para fornecimento vai ser igual à 0,95 x 600, que resultará em um atendimento de 570 unidades. Gestão de Estoque 25 Fonte: Freepik Controle de Estoques As funções principais dos controles de estoques recaem sobre: a) determinar “o que” deve permanecer em estoque: número de itens; b) determinar “quando” se devem reabastecer os estoques: periodicidade; c) determinar “quanto” de estoque será necessário para um período predeterminado: quantidade de compra; d) acionar o departamento de compras para executar aquisição de estoque: solicitação de compras; e) receber, armazenar e guardar os materiais estocados de acordo com as necessidades; f) controlar os estoques em termos de quantidade e valor, bem como fornecer informações sobre a posição do estoque; g) manter inventários periódicos para avaliação das quantidades e estados dos materiais estocados; h) identificar e retirar do estoque os itens obsoletos e danificados. Gestão de Estoque26 Também devemos saber quais são os tipos de materiais em estoque, que são: matérias-primas, produtos em processo, produtos acabados e materiais auxiliares e de manutenção. Matérias-primas são todos os materiais agregados aos produtos acabados e o seu consumo proporcional ao volume de produção. O nível dos estoques dependente de: tempo de reposição, consumo, custo e características físicas. Os produtos em processo são aqueles em estágio intermediário de produção, onde o nível dos estoques será dependente da extensão do processo produtivo e da complexidade do processo produtivo. Fonte: Freepik Já os produtos acabados se tratam do resultado final do processo produtivo que “aguardam” a venda. Temos aqui duas formas de lidar com este tipo de estoque. Primeiro: se a produção for por encomenda. Nesse casso, teremos baixos níveis de estoques de produtos acabados, visto que as vendas são negociadas antes da produção. Segundo: se a produção for para estoque. Nesse casso, teremos altos níveis de estoques, pois a venda ocorre após a produção. Aqui, o Gestão de Estoque 27 DIAS (2011) volume de produção determinado pela previsão de vendas e custos de fabricação. Por fim, temos os materiais auxiliares e de manutenção que não são usados diretamente nos produtos, como ferramentas de manutenção, equipamentos de proteção, entre outros. Eles são tão importantes quanto os anteriores, visto que podem causar interrupção da produção. Matérias-primas Produtos acabados Produtos em proces Processo de produção mat. aux e de manut Métodos de Previsão de Consumo Na maior parte das organizações, a previsão da demanda é responsabilidade dos departamentos de vendas e/ ou marketing. É, entretanto, um insumo (input) principal para a decisão do planejamento e controle de capacidade, que é normalmente uma responsabilidade de gerência de produção. Sem uma estimativa da demanda futura não é possível planejar efetivamente para futuros eventos, somente reagir a eles. Por isso é importante que os gerentes de produção entendam a base e os fundamentos lógicos para essas previsões de demanda. No que diz respeito a planejamento e controle de capacidade, há três requisitos para uma previsão de consumo: 1) Ser expressa em termos úteis para o planejamento e controle de capacidade. 2) Ser tão exata quanto possível. 3) Dar uma indicação da incerteza relativa. Gestão de Estoque28 Fonte: Freepik Essas flutuações na demanda, ou no suprimento, podem ser razoavelmente previsíveis, mas algumas, normalmente também são afetadas por variações inesperadas no clima e por evolução das condições econômicas. Assim, para minimizar os prejuízos decorrentes da incerteza, temos os chamadosMétodos de Previsão de Consumo. O mais elementar deles é o método do último período, que se trata de um método grosseiro e NOTA: Em muitas organizações, o planejamento e controle da capacidade está preocupado em lidar com flutuações sazonais da demanda. Quase todos os produtos e serviços têm alguma sazonalidade da demanda, e alguns também têm sazonalidade de suprimentos. Gestão de Estoque 29 sem base matemática, que consiste em considerar como previsão de consumo para um período, o consumo realizado no período precedente. Temos também o método da média móvel, que se trata de um aprimoramento do método anterior e consiste em considerar como previsão de consumo para um período a média dos consumos realizados em um determinado número de períodos precedentes. Nesse caso, para padrões de consumo crescentes, a previsão será sempre menor que o consumo efetivo, e vice-versa. O cálculo pode ser realizado conforme a fórmula a seguir: Onde: CM = Consumo Médio C = Consumo nos períodos anteriores n = Número de períodos As desvantagens desse método são que as médias móveis podem gerar movimentos cíclicos, ou de outra natureza não existente nos dados originais. Além disso, são afetadas pelos valores extremos, mas isso pode ser superado utilizando-se a média móvel ponderada com pesos apropriados. Outra desvantagem é que as observações mais antigas têm o mesmo peso que as atuais e exige a manutenção de um número muito grande de dados. Em contrapartida as vantagens do método é a simplicidade e facilidade de implantação e a possibilidade de processamento manual. Gestão de Estoque30 Como variação da média móvel, temos o método da média móvel Ponderada, onde os consumos nos períodos mais recentes recebem peso maior. Ela pode ser obtida da seguinte forma: Onde: PC = Previsão de Consumo C = Consumo nos períodos anteriores X = Fatores de importância Temos também o método da média com ponderação exponencial, que se trata de um método relativamente simples, que precisa de três dados: 1) Previsão do último período 2) Consumo efetivo no último período 3) Determinação do coeficiente de ajustamento Este método, busca prever o consumo seguindo sua tendência geral e eliminando variações aleatórias. No entanto, ele não deve ser utilizado com padrões de consumo de flutuações somente aleatórias, com tendência crescente/decrescente ou cíclicos. O seu cálculo pode ser obtido da seguinte forma: PC = C x α + P x (1-α ) Gestão de Estoque 31 Onde: PC = Previsão de Consumo C = Previsão de Consumo no Período Anterior P = Consumo Efetivo no Período Anterior α = Coeficiente de Ajustamento Gestão de Estoque32 Custos de Estoque Dentre os principais custos relacionados aos estoques, temos: • Custos de capital: juros e depreciação • Custos com pessoal: salários e encargos sociais • Custos com edificação: aluguéis, impostos, luz e conservação • Custos de manutenção: deterioração, obsolescência e equipamento Além disso, temos outros tipos de custos que são essenciais para a definição dos valores de estoque. O primeiro deles são os custos de armazenagem que são calculados com base no estoque médio e indicados como percentagem do valor em estoque. Esses custos são proporcionais à quantidade em estoque e ao tempo de permanência em estoque e determinados por meio de fórmulas e modelos matemáticos. A fórmula geral para cálculo dos custos de armazenagem é: CA = (Q/2) x T x P x I onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado P = Preço unitário do material I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de percentagem do custo unitário T = Tempo considerado de armazenagem Gestão de Estoque 33 Fonte: Freepik Temos também os chamados custos de pedido, onde as principais despesas associadas são: mão-de-obra; materiais utilizados na confecção dos pedidos e; custos indiretos (telefone, energia, custos do departamento). O custo total do pedido é calculado da seguinte forma: CTP = n x B onde: n = número de pedidos no período B = custo unitário do pedido Dessa forma, podemos dizer que o custo total de estoque, seria a soma dos custos de armazenagem com o custo total do pedido, podendo ser calculado da seguinte forma: CT = (C/Q) x B + (Q/2) x P x I Gestão de Estoque34 Assim, o grande objetivo da gestão de estoque é determinar o Q (quantidade do lote de compra) que vai minimizar o custo total. Este cálculo e todos os elementos relativos ao lote econômico de compras, será tratado em detalhes na Unidade 3. Níveis de Estoque Os estoques se tratam de recursos ociosos que possuem valor econômico, que representam um investimento destinado a incrementar as atividades de produção e servir aos clientes. Fonte: Freepik O gerenciamento moderno avalia e dimensiona convenientemente os estoques em bases científicas, substituindo o empirismo por soluções. Toda empresa deve definir a forma como administra seus estoques buscando saber quando e quanto comprar, obtendo dessa maneira vantagem competitiva. Gestão de Estoque 35 DIAS (2011) Para isso devemos saber como entender e estipular os níveis de estoque das empresas, sobretudo, entender os gráficos de estoques são uma representação gráfica da variação dos estoques em função do tempo. O modelo mais utilizado se trata da chamada curva dente de serra (figura a seguir), cujas premissas recaem sobre: • não existir alteração de consumo durante o tempo T; • não ocorrerem falhas administrativas que provoquem um atraso ao solicitar compra; • o fornecedor da peça nunca atrasar sua entrega; • nenhuma entrega do fornecedor for rejeitada pelo controle de qualidade. IMPORTANTE: As premissas citadas anteriormente, na prática, são muitas vezes quebradas, o que gera um risco considerável de falta de estoque. A gestão de estoque deve minimizar esse risco utilizando métodos eficazes e que não incorram em aumentos substanciais nos níveis de estoque. Gestão de Estoque36 Também temos que saber qual é o nível de estoque mínimo, que se trata de uma das alternativas de redução do risco de falta de estoque é a adoção de um estoque mínimo. Aqui, o estoque de determinado item deve ser reabastecido ao atingir o nível mínimo. Essa quantidade será útil na ocorrência de imprevistos que atrasem a reposição, suprindo o consumo até a efetiva reposição, conforme nos mostra a figura a seguir: DIAS (2011) Com o estoque mínimo definido, devemos saber qual é o ponto de pedido, que se trata do nível de estoque que funciona como gatilho do pedido. Aqui se leva em consideração o tempo de reposição, que é o tempo gasto desde o início do processo de pedido até que o material esteja disponível para consumo. Algumas etapas devem ser observadas em relação ao tempo de reposição: 1) Emissão do pedido: emissão do pedido e recebimento pelo fornecedor; 2) Preparação do pedido: tempo para fabricação, separação, faturamento e despacho; 3) Transporte: saída do material do fornecedor até o recebimento do mesmo para consumo. Gestão de Estoque 37 DIAS (2011) O processo de reposição do estoque deve ser iniciado quando o estoque virtual atingir um nível predeterminado, que é o ponto de pedido (PP) que pode ser calculado da seguinte forma: CA = (Q/2) x T x P x I onde: Q = Quantidade de material em estoque no tempo considerado P = Preço unitário do material I = Taxa de armazenamento, expressa geralmente em termos de percentagem do custo unitário T = Tempo considerado de armazenagem Outros conceitos que devemos entender são: 1) Consumo médio mensal (CM): média aritmética dos consumos realizados em determinado número de meses precedentes. 2) Estoque mínimo (E.Mn): quantidade de estoque que só será utilizada em caso de exceção; determinado estrategicamente 3) Estoque máximo (E.Mx): é atingido assim que um ressuprimento entra no estoque; soma do estoque mínimo com o lote de compra (Q), onde a fórmula éE.Mx = E.Mn + Q Gestão de Estoque38 4) Estoque médio (EM): nível médio do estoque ao longo das operações, cujo cálculo pode ser realizado pela fórmula EM = E.Mn + Q/2 5) Intervalo de ressuprimento: período de tempo entre dois ressuprimentos consecutivos; pode ser fixado dentro de qualquer limite, dependendo das quantidades compradas 6) Ruptura do estoque: esvaziamento completo do estoque, de modo a não se poder atender a pedidos internos da produção ou de clientes externos Métodos de Determinação do Estoque Mínimo A fim de se evitar a ruptura no estoque e objetivando o funcionamento ininterrupto e eficiente do processo produtivo, faz-se necessário a implementação de um estoque mínimo ou de segurança. VOCÊ SABIA? O estoque mínimo também é conhecido como estoque de segurança. Se trata da quantidade mínima possível capaz de suportar um tempo de ressuprimento superior ao programado. Gestão de Estoque 39 Fonte: Freepik Fonte: Freepik Definir o estoque mínimo é um fator de suma importância para o gerenciamento do estoque, pois está diretamente ligada ao grau de imobilização financeira da empresa. Estabelecer um alto percentual para estoque mínimo a fim de não acarretar falta de material em estoque, apresentará um alto custo de armazenagem. Gestão de Estoque40 Em contrapartida, definir uma margem de segurança muito baixa proporcionaria um alto custo de esgotamento, que é aquele custo por não dispor o material quando necessário. As causas mais comuns das faltas de estoque são: a. Oscilações no consumo; b. Tempo de Reposição; c. Rejeição por parte do Controle de Qualidade; d. Remessa diferente do solicitado; e. Diferenças no inventário. Temos diferentes formas de estabelecer o estoque mínimo, vamos a elas: 1) Fórmula Simples: EMn = C x K , onde C = consumo médio mensal K = fator de segurança contra risco de ruptura O fator K é proporcional ao grau de atendimento desejado para o item em questão. 2) Método da raiz quadrada: Este método considera que o tempo de reposição (TR) não varia mais do que a raiz quadrada de seu valor. Só deve ser usado se: o consumo durante o tempo de reposição for pequeno, menor que 20 unidades; o consumo do material for irregular e; a quantidade requisitada ao almoxarifado seja igual a 1. A fórmula para cálculo é EMn= √C xTR 3) Método da Percentagem do Consumo: Este método considera os consumos passados, medidos em um gráfico de distribuição acumulativa. Pode ser calculado pela fórmula EMn = (C.máx – C.médio) x TR 4) Estoque Mínimo com Alteração de Consumo e Tempo de Reposição: Com relação aos métodos anteriores, tem a vantagem de poder ser aplicado em situações de mudanças no consumo e tempo de reposição, o que é mais compatível com os casos concretos. Pode ser calculado por Gestão de Estoque 41 EMn = T1 x (C2 – C1) + C2 x T4. Se não houver atraso no tempo de reposição, a fórmula se reduz para EMn = T1 x (C2 – C1) Onde: T1 = duração do estoque com o consumo inicial C1 = consumo inicial C2 = consumo alterado T4 = atraso no tempo de reposição Giro do Estoque O giro do estoque permite comparar eficiência na administração dos estoques entre empresas de um mesmo setor. As empresas normalmente determinam a meta do giro de estoques e então avaliam o desempenho real. A apreciação do índice de rotatividade fornece elementos para a aferição do comportamento do estoque, por meio da comparação com índices de anos anteriores ou mesmo com índices de empresas congêneres, fornecendo subsídios valiosos para ações e decisões que se fizerem necessárias. Giro de estoque = Valor Consumido no Período Valor do Estoque Médio no Período Ou Giro de estoque = Consumo Médio Estoque Médio Gestão de Estoque42 BIBLIOGRAFIA BALLOU, R. H. Gerenciamento da cadeia de suprimentos. 4. ed. Porto Alegre: Bookman, 2001. BOWERSOX, D. J.; CLOSS, D. J. Logística empresarial: o processo de integração da cadeia de suprimento. São Paulo: Atlas, 2001. CHITALE, A.K.; GUPTA, R.C. Materials Management: Text and Cases (2. edition). Nova Delhi: PHI, 2011. DIAS, M. A. P. Administração de materiais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2010. POZO, H. Administração de recursos materiais e patrimoniais: uma abordagem logística. São Paulo: Atlas, 2001. VIANA, J. J. Administração de Materiais: um enfoque prático. São Paulo: Atlas, 2011. Sistema Nervoso Autônomo
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