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Leitura, Interpretação e Produção Textual - Livro Texto

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LIVRO 
TEXTO 
LEITURA, 
INTERPRETAÇÃO E 
PRODUÇÃO TEXTUAL 
 
 
 
 
 
FICHA CATALOGRÁFICA 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO 
TEXTUAL 
TEMA 01 
PARTE 01 – LEITURA: CONCEITOS, IMPORTÂNCIA, TIPOS E TÉCNICAS 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA: UMA AMIGA MAIS QUE ESPECIAL 
 
 
LINGUAGEM E SEUS DOMÍNIOS1 
É através da linguagem que o ser humano se constitui social e 
individualmente. A linguagem se divide em verbal e não verbal e pode ser 
também mista. Segundo Bechara (2004), a linguagem é qualquer sistema de 
signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e 
comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência. 
A língua será o grande potencial da linguagem verbal, sendo vital 
para o desenvolvimento da humanidade. Segundo Faraco e Mandryk (2012): 
“a realidade humana é, de fato, inseparável da língua”. 
É através dela que: 
 Constituímos a interação verbal – maior modo de 
comunicação humana; 
 
1 Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. 
Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. 
FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: 
Contexto, 2002. 
OBJETIVOS DESTE 
CAPÍTULO 
 Conhecer a linguagem e seus 
domínios na leitura, escrita e 
produção textual; 
 Identificar as diversas 
concepções de leitura; 
 Empregar a Leitura do texto e do 
contexto; 
 Diferenciar pressuposto de 
subentendido; 
 Realizar diversos tipos de análise 
para se apropriar do conteúdo 
estudado; 
 Conhecer as técnicas de: grifar, 
esquematizar e resumir; 
 
 Nos constituímos como pessoa; 
Assim, a língua é parte fundamental e determinante na vida do 
homem e da manutenção da vida em sociedade. Desde o nascimento já 
estão inseridos em uma língua, no caso dos brasileiros, da língua portuguesa. 
Esta língua é assimilada de modo muito rápido pelo falante, que já mantém 
uma característica inata para aprender a língua. Quando inserido em 
situação de convívio social, esta língua passa a ser internalizada de modo 
rápido e eficiente, o que possibilita afirmar que todos os nativos de uma 
língua conhecem plenamente a sua língua. 
Lembre-se de que a gramática é diferente de língua. 
A gramática pode ser entendida como: 
 Um livro com as regras e normas descritas da língua. 
 Conjunto de regras pré-estabelecidas da língua 
A língua envolve toda a prática linguística utilizada por indivíduos em 
uma comunidade e pode não estar dentro das regras gramaticais, mas 
dentro da organização linguística da comunidade de falantes. Assim, a língua 
é um conjunto de práticas sociais mais amplo que a gramática. Um falante 
nativo não erra a sua língua, uma vez que as questões históricas e 
geográficas influenciam na língua falada pela comunidade. 
Considerar que uma comunidade fala melhor que a outra, que um 
Estado sabe falar melhor que é outro é uma forma de inferiorizar grupos 
sociais. O que devemos considerar é a situação e a intenção. Deve-se 
escolher a língua que se adapta a cada situação e esteja de acordo com o 
objetivo a ser alcançado. 
Dentro do campo da linguagem verbal, temos os três grandes eixos 
desta disciplina: leitura, interpretação e escrita, sem deixar de lado a 
linguagem não-verbal, presentes hoje no campo da interpretação do mundo 
e da escrita. 
 
Linguagem Verbal 
 
Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza 
da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está 
utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a palavra. Tal código 
está presente quando falamos com alguém, quando lemos, quando 
escrevemos. 
 
 
 
De acordo com Fiorin (2002), a linguagem verbal é, então, a matéria 
do pensamento e o veículo da comunicação social. Assim como não há 
sociedade sem linguagem, não há sociedade sem comunicação. Como 
realidade material – organização de sons, palavras frases - a linguagem é 
relativamente autônoma: como expressão de emoções, ideias, propósitos, 
no entanto, ela é orientada pela visão de mundo, pelas injunções da 
realidade social, histórica e cultural de seu falante. 
A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em 
nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros 
as nossas ideias e pensamentos, estabelecemos comunicação e existimos 
em mundo feito de palavras. 
Ela está presente em textos, em propagandas, em reportagens 
(jornais, revistas etc.), em obras literárias e científicas, na comunicação entre 
as pessoas, em discursos (políticos, representantes de classe, candidatos a 
cargos públicos etc.); e em várias outras situações. 
 
A linguagem verbal é produzida com a utilização da 
língua e pode se apresentar na modalidade oral (falada) ou 
escrita 
 
Linguagem Não Verbal 
Linguagem não verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos, 
símbolos, dança, pintura, música, mímica, escultura e gestos como meio de 
comunicação. 
 
 
 
Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma de 
comunicação não verbal. Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, 
logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a atenção ou exprimir uma 
mensagem. 
É muito interessante observar que para manter uma comunicação 
utilizamos tanto a linguagem verbal quanto a não verbal. 
 
Linguagem Mista 
Linguagem mista ou híbrida é o uso simultâneo da linguagem verbal 
e da linguagem não verbal. Muito comum nas histórias em quadrinhos e nas 
propagandas. É ima linguagem com muito potencial, pois a união da 
linguagem verbal com a não verbal amplia o poder comunicacional. 
 
 
 
 
A linguagem não verbal é feita sem a utilização da 
língua e engloba: sons, cores, gestos, símbolos. 
A linguagem mista ou híbrida é feita com a 
utilização da linguagem verbal e não verbal ao mesmo 
tempo. 
 
CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA LEITURA 
Em um mundo altamente tecnológico, muitos acreditam que o 
celular e o computador são os instrumentos mais importantes para ser 
moderno, porém o que pouco se questiona é o que fazer com estes 
instrumentos, como utilizá-los de modo adequado e a favor do indivíduo e 
do seu bem-estar. Além disso, a LEITURA será o fator determinante para um 
bom uso das ferramentas tecnológicas. 
Recentemente uma amiga que viajou para a Espanha comentou a 
respeito da sua dificuldade durante a visita ao país. Segundo seu relato, não 
há no aeroporto, nas plataformas de trem ou metrô pessoas com função 
específica de ajudar a executar quaisquer procedimentos. Tudo está escrito 
em placas e folhetos e as pessoas seguem os procedimentos sem ficar 
perguntando, ou seja, elas se acostumam a ler as informações. 
Depois de ouvir sua história, refleti o quanto somos dependentes no 
Brasil. Não sabemos ler e seguir orientações, estamos perguntando a 
respeito daquilo que está escrito nas placas. Isso revela o nosso pouco hábito 
de ler, seja uma placa que indica o banheiro mais próximo, seja a orientação 
dada durante um procedimento no caixa eletrônico, seja mesmo um texto 
maior, mais elaborado como os que são necessários na formação acadêmica. 
Enquanto o brasileiro não for independente no campo da leitura, 
enquanto não conseguir ler e entender o que leu, não conseguirá 
desenvolvimento. Um país precisa de leitores competentes para alcançar o 
posto de desenvolvido. Assim, a leitura é primordial para o desenvolvimento 
individual e coletivo. 
A leitura é um passaporte para a independência, em especial, a 
acadêmica, posto que ler e entender o que leu são dois passos fundamentais 
para ter uma vida acadêmica satisfatória. Por isso, nesta unidade, 
trataremos da leitura e de sua importância na vida do universitário. 
 
Vários conceitos podem ser aplicados ao vocábulo “leitura”, um dos 
primeiros entendimentos, afirmava que ler era decodificar as palavras. Mas, 
o que é mesmo decodificar? Nas etapas de alfabetização,no primeiro 
processo de leitura, as crianças leem primeiro as sílabas e então formam as 
palavras. Quando conseguem ler as palavras, sem ser necessário ler as 
sílabas, diz-se que ela sabe decodificar, o que antes era considerado como 
leitura. Este é um conceito muito empobrecido do que verdadeiramente é a 
leitura, assim, vejamos como Paulo Freire2 define: 
 
A leitura do mundo precede a leitura da 
palavra, daí que a posterior leitura desta não possa 
prescindir da continuidade da leitura daquele. 
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. 
A compreensão do texto a ser alcançada por sua 
leitura crítica implica a percepção das relações entre 
o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p. 9). 
 
 Para o educador, o mundo do leitor é fundamental para a 
compreensão da leitura. Vejamos como isso se dá na prática: 
 Se eu gosto de carros, sei o nome das marcas, sei os modelos, 
acompanho toda a tecnologia de produção dos automóveis, certamente 
terei domínio do vocabulário relacionado ao tema: carros. Por isso, se for 
necessário ler algum material sobre este tema, será mais fácil de 
compreender o texto; por outro lado, se eu não sei nada sobre enfermagem, 
algumas expressões serão incompreensíveis. Se o assunto não faz parte do 
nosso mundo, temos mais dificuldade de compreensão. 
 A grande questão que se põe é que na universidade não é possível 
negligenciar nenhuma disciplina, ainda que ela não seja do nosso mundo. 
Uma dica é viver mais, observar mais, ouvir as pessoas, todas elas, de todas 
 
2 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 
São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. 
 
as idades, de todas as profissões. Essa é uma possibilidade de aprender 
sobre o mundo na sua diversidade. 
 Outra questão para qual Freire aponta é o contexto: A compreensão 
do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das 
relações entre o texto e o contexto. 
Atenção pra a definição de Contexto. Isso vai ser fundamental para a 
sua compreensão, não só de leitura, mas de interpretação e produção 
textual: 
 
 
 
 
 
 O contexto se dá de dentro do texto para fora dele. É como se 
determinadas palavras, expressões me levassem do sentido do texto para o 
mundo real. Esse mundo real é o contexto. É possível que se parte de 
contextos para o texto, quando observando o mundo, o acontecimento e 
depois vamos aos textos para compreender o fato através das palavras. 
 O contexto é determinante para o entendimento da leitura, sem ele, 
haverá a escrita, haverá leitor, haverá texto, mas não haverá compreensão. 
Vejamos: 
Exemplo 1 
 
Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/04/ 
 
Exemplo 2: 
Contexto é tudo aquilo que, embora 
não esteja no texto, é importante para sua 
compreensão. É o ambiente, é o sujeito da 
ação e sua função social, são os fatores 
sociais, culturais e psicológicos. É a 
situação concreta a que o texto se refere. 
Há diferentes tipos de contextos (social, 
político, cultural, estético, esportivo, 
educacional, histórico...). 
 
 
Fonte: https://www.otempo.com.br/capa/brasil/ 
 
 
 A palavra guerra aparece nas duas manchetes, porém ela tem 
significado diferente, na primeira, sabe-se que há conflito armado na síria e 
ocorre verdadeiramente uma guerra; já no exemplo dois, trata-se da grande 
violência proporcionada pelo tráfico, mas não pode ser compreendida na 
mesma acepção do exemplo 1. Como sabemos disso? 
 Simplesmente pelo contexto, somos brasileiros e sabemos que não 
estamos em guerra armada, por isso somos levados a compreender sob 
outra ótica. Vejamos mais um exemplo para compreender o que é o 
contexto: 
 
 
Fonte: http://www.fatoreal.blog.br/seguranca/falta-de-seguranca-e-uma-solucao-criativa/ 
 
 
Ao lermos a placa acima, sabemos que o lugar de compra é a casa 
onde está a placa. Como sabemos isso? Simples, nosso conhecimento de 
mundo, ou seja, o contexto, nos indica um conhecimento para além do que 
está escrito. Então, Paulo Freire está correto quando diz que não lemos 
apenas palavras, lemos antes, o mundo. Caso não sejamos bons leitores do 
mundo, teremos dificuldade na leitura das palavras. 
 
Observem que para compreendermos um conceito, tivemos que 
refletir sobre ele, ampliá-lo, entender o que significa a palavra mundo, o que 
é contexto, para então compreender plenamente o que o autor entende por 
leitura do mundo. Assim deve ser feito em todo ato de leitura, pois ler é um 
processo, é uma ação que envolve reflexão, busca, paciência e 
principalmente, prática. Quanto mais você lê, mais habilidoso você fica. 
Devemos também considerar a interrelação entre leitor e texto, pois 
o leitor não é um ser passivo, sem conhecimento anterior. Quando o leitor 
se põe a desvendar um texto, os conhecimentos anteriores são acionados e 
pode haver um diálogo com o texto. Soares3 (2000) amplia a concepção de 
leitura ao apresentar a relação entre leitor e autor mediado pelo mundo: 
 
Leitura não é esse ato solitário; é interação 
verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente 
determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na 
estrutura social, suas relações com o mundo e com 
os outros; o autor, seu universo, seu lugar na 
estrutura social, suas relações com o mundo e os 
outros (SOARES, 2000, p. 18). 
 
 
O processo de interação entre livro e leitor é discutido por Leffa4 
(1999) ao considerar a leitura como um processo interativo entre os 
esquemas do leitor e do autor, vivendo um momento sócio histórico. Dessa 
forma, a concepção de leitura interativa compreende leitura não como uma 
atividade de decodificação de itens linguísticos, como um processo dinâmico 
 
3 SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: 
ZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (Org.). Leitura: perspectivas disciplinares. São Paulo: Ed. Ática, 
2000. p. 18-29. 
4 LEFFA, V.J. Perspectivas no estudo da leitura: texto, leitor e interação social. In: 
LEFFA, V. J.; PEREIRA, A. E. (Org.). O ensino de leitura e produção textual: alternativas de 
renovação. Pelotas: Educat, 1999. p. 13-37. 
 
de construção de sentidos. Nessa concepção de interação, o leitor não é 
mero receptor de mensagens, ele se porta como coautor; 
Ampliando o conceito de leitura, Kleiman5 (2002) entende como um 
processo cognitivo que envolve uma relação entre: “o sujeito leitor e o texto 
enquanto objeto, entre linguagem escrita e compreensão, memória, 
inferência e pensamento”. Para esta autora, a leitura só pode acontecer 
quando aspectos cognitivos são acionados, dentre eles: compreensão, 
memória, inferência e pensamento. Destes quatro aspectos, dois merecem 
destaque: memória e inferência. 
Em primeiro plano, a memória é fator primordial na leitura porque 
será acionada para relembrar conhecimentos que se unirão ao novo 
conhecimento da leitura. Todas as vezes que se faz uma leitura, vem à mente 
outras leituras já feitas antes. Certamente que a memória só pode ser 
acionada se houver conhecimentos prévios. Quanto mais leitura se tem, 
maior é o repertório para ser relembrado. 
O segundo termo utilizado, inferência6, também é importante para 
a realização de uma leitura completa: 
 
 
 
 
 
 
 
 
A Inferência textual está relacionada à compreensão da leitura. 
Significa interpretar os elementos que estão explícitos e implícitos no texto, 
de modo que o leitor consigas ampliar a análise de tudo que foi escrito e 
 
5 KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas, SP: Pontes. 2002 
6 https://www.significados.com.br/ 
Inferência é uma dedução feita com base em 
informações ou um raciocínio que usa dados disponíveis 
para se chegar a uma conclusão. Inferir é deduzir um 
resultado, por lógica, com base na interpretação de 
outrasinformações. Inferir também pode 
significar chegar a uma conclusão a partir de outras 
percepções ou da análise de um ou mais argumentos. 
 
 
compreender a ideia central do texto. A inferência textual pode requerer 
algum conhecimento prévio sobre o tema da leitura. 
Quando se realiza o ato de ler, nem sempre as informações estão 
claras e visíveis, nem sempre é possível compreender um texto apenas 
fazendo uma leitura literal. Para ampliar a compreensão alguns conceitos 
devem ser considerados, como os de: IMPLÍCITOS E EXPLÍCITOS7 
Informações explícitas - São aquelas gritantemente expostas no 
texto. Não há necessidade de se aguçar a mente, de fazer um grande esforço 
para compreender a informações. Neste caso, a interpretação deve se voltar 
apenas ao que foi redigido no texto. 
Já os Implícitos são os elementos que o leitor deverá deduzir a partir 
de informações explícitas. O implícito requer a capacidade do leitor de 
deduzir o que o autor quis dizer no texto, mas não disse. Ou seja, é 
necessário que o leitor enxergue o que não está escrito, o que está nas 
entrelinhas. Vamos ler o implícito dos textos8 abaixo: 
 
 
 
Implícito – se a tartaruga não for monitorada, dificilmente se saberá 
a idade dela. 
 
7 Marcelo Rosenthal; Lilian Furtado; Tiago Omena; Pedro Henrique. Interpretação 
de Textos e Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de 
concursos comentadas. Campus concurso. Acessado em <www.elsevier.com.br> 
8 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf 
Quantos anos vive uma tartaruga? 
A tartaruga vive entre 80 e 100 anos. [...] As tartarugas estão entre 
os animais de vida mais longa e é o único animal hoje que vive mais que 
o homem. [...] Um dos critérios usados para saber a idade da tartaruga é 
contar os anéis que formam seu casco. Mas, com o passar do tempo, esse 
critério deixa de ser útil porque o número de anéis aumenta muito e não 
é mais possível distingui-los. Muitas vezes, o tamanho da tartaruga pode 
ser um indicativo da sua idade. SUPERINTERESSANTE, fev.1995. 
 
 
 
 
Implícitos – 1) o inchaço é passageiro, não é duradouro; 2) se for um 
número grande pode trazer consequências mais graves 
 
 No campo dos implícitos estão os PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS 
que também são responsáveis por fazer uma boa leitura. Vamos agora 
verificar qual a distinção entre eles: 
PRESSUPOSTOS - o autor do texto emprega palavras ou expressões 
com a intenção de que o leitor realize a inferência. O autor não passasse 
uma informação completa, mas o uso de determinada palavra ou expressão 
dá a entender a ideia pretendida. 
Os pressupostos podem ser marcados por: 
 Verbos – Os alunos deixaram o curso de língua inglesa, porque essa 
matéria não foi incluída no edital do concurso. 
o Com o emprego de DEIXARAM, o autor dá a entender que os 
alunos vinham cursando o Inglês, até a publicação do edital; 
não está escrito no texto que estavam cursando, mas 
pressupõe-se por conta do verbo. 
 
 Advérbios – “João também não fez o que foi solicitado.” 
o Com o emprego do advérbio TAMBÉM, o autor da frase 
afirma que além de João, outras pessoas não fizeram o 
solicitado. 
 Adjetivos – Os candidatos estudiosos têm grandes possibilidades de 
aprovação. 
Muita dor e inchaço é o que sente uma pessoa quando é picada 
por abelhas ou marimbondos. Este incômodo passa após algumas horas 
e não se sofre maiores consequências, desde que o ataque não tenha sido 
feito por um grande número de insetos. 
 
o Com o emprego do adjetivo ESTUDIOSOS, o autor 
pretende dizer há candidatos estudiosos e candidatos 
não estudiosos. E mais: que o candidato não estudioso 
tem menos possibilidades de aprovação. 
 
 Orações adjetivas – Os funcionários que fizeram greve foram 
demitidos. 
o Com a oração adjetiva QUE FIZERAM GREVE com 
caráter restritivo, o autor leva o leitor a pressupor que 
aqueles que não fizeram greve continuaram 
empregados. 
 
 Palavras denotativas – Mesmo João fez todos os exercícios. 
o Com o emprego da palavra denotativa de inclusão 
MESMO, pressupõe-se que todos fizeram os exercícios, 
inclusive João. Também se depreende que João era a 
pessoa com a menor expectativa de que fizesse os 
exercícios. 
 
SUBENTENDIDOS - A partir de uma informação, pelo menos 
aparentemente independente – já que o autor não usa palavra ou expressão 
evidenciando a intenção–, o leitor realiza uma leitura das entrelinhas, de 
elementos que não estão expostos, explícitos, mas que são lógicos em 
relação ao contexto. Às vezes, para se observar o subentendido, é 
necessário conhecer o contexto (momento político, social e até mesmo 
pessoal do autor). 
Vejamos nos exemplos9 abaixo como se dá o subentendido: 
 
 
 
9 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf 
 
 
Subentendido – quando sai da adolescência pode se tornar hipócrita. 
Os adultos são mais hipócritas que os adolescentes. 
 
 
 
 
Subentendido – na letra da canção o autor 
relata que colocou uma carta em uma garrafa e 
embora não esteja escrito neste trecho que a 
garrafa será jogada na água, nosso conhecimento 
de mundo, nossa interpretação do contexto nos 
leva a esta compreensão, a este subentendido. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Subentendido – a garçonete subentende que o açúcar era para 
adoçar o café e não um pacote. Não foi dito pelo Zezinho a quantidade de 
açúcar, mas no contexto da lanchonete, entende-se que é uma quantidade 
suficiente apenas para adoçar o café. 
 
O adolescente é um bicho ético, que detesta a hipocrisia: está 
procurando, em cada experiência nova, um fundamento da arte de viver. 
Para isso, a verdade é essencial. Cada experiência é decisiva porque ele 
sabe que em cada escolha está se construindo como pessoa. Tudo tem 
que ser falado, dissecado em miúdos. 
Coloquei uma carta 
Numa velha garrafa 
Mais uma carta 
De solidão 
Coloquei uma carta 
Um pedido da alma 
Salvem meu 
coração 
LS JACK. Uma carta. 
In:__ . 
ÁLBUM:V.I.B.E.[s.l.] 
gravadora Indie 
Records. 
 
Na Lanchonete, Zezinho pede uma média 
com leite e pão com manteiga. Depois de pagar, ele 
bebe o café, sente que não tem açúcar e pergunta: 
- Tem açúcar? 
Garçonete: 
- Tem sim. 
Zezinho. 
- Tenho que pagar de novo? 
Garçonete: 
- Não 
Zezinho: 
- Então me dá 2kg... 
 
Esquematizando as informações destacadas acima a respeito da 
inferência, temos: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Ao fim desta unidade, você deve ter compreendido que a leitura é 
fundamental para o desenvolvimento do ser humano e, na universidade, 
será imprescindível para dar conta das exigências, pois nenhuma formação 
acadêmica se faz sem leitura e escrita. Observe no esquema abaixo os 
principais conceitos relacionados à leitura estudados até aqui: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA
Mundo
Contexto
Inferência 
Interaçãosubentendido
pressuposto
memória
Inferência - dedução 
feita com base nas 
informações
Explícitos -
interpretação do que 
foi realmente escrito 
no texto
Implícitos -enxergar 
nas entrelinhas do 
texto
Pressuposto - palavras 
do texto que remetem 
ao entendimento
Subentendido - não há 
palavras que remetam 
ao entendimento. 
Apenas o contexto.
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO 
TEXTUAL 
TEMA 01 
PARTE 02 – TIPOS E TÉCNICAS DE LEITURA 
 
 
 
 
 Vamos agora estudar a respeito dos tipos de leituras que podemos 
fazer e das técnicas que podem tornar as leituras mais eficazes. Não se trata 
de receita para ler melhor, mas de processos de estudo bem definidos e 
detalhados que, se seguidos, podem proporcionar melhor desempenho na 
habilidade da leitura. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Para Adler10 (1974) O processo de compreender um livro pode ser 
assim dividido: 
 Deve se aproximar dele, primeiro, considerando-oum todo, 
com uma unidade e uma estrutura de partes; 
 e, segundo, considerando seus elementos, suas unidades de 
linguagem e pensamento. 
 Significa que o livro ou texto trata de um assunto em geral, o todo; 
mas esse todo é dividido em partes, capítulos e subtópicos. Além disso, 
deve-se considerar a linguagem do texto, a organização e o pensamento 
veiculado por ele. A leitura que você faz deve considerar estas questões: 
 
 
 
 
 
10 ADLER, Mortimer J. A arte de ler: Como adquirir uma educação liberal. Tradução 
de: Inês Fortes de Oliveira. Rio de Janeiro: AGIR editora, 1974. Copyright de ARTES GRÁFICAS 
INDÚSTRIAS REUNIDAS S. A. (AGIR). 
Para auxiliar neste campo, a obra “A Arte 
de Ler”, de Mortimer J. Adler (1974) será de 
grande subsídio. Assim como a obra de 
Molina, “Ler Para Aprender”. 
Qual o todo deste texto – o assunto geral? 
Como está dividido? 
Como se organiza? 
A linguagem é simples ou precisa de mais 
atenção? 
Qual o pensamento veiculado pelo autor? 
Qual ideia realmente o autor quer 
passar? 
 
 
 
 
Adler (1974) lista três leituras distintas para que se obtenha um bom 
resultado. 
 
 
Para realizar a primeira leitura, ESTRUTURAL OU ANALÍTICA, é 
preciso saber: 
1) que tipo de livro se lê, isto e, qual o assunto dele; 
2) o que o livro, como um todo, procura dizer; 
3) em quantas partes esse todo se divide e 
4) dos problemas principais, quais são os que o autor está 
procurando resolver. 
Para a segunda leitura, INTERPRETATIVA OU SINTÉTICA, os passos 
são: 
1) descobrir e interpretar as palavras importantes do livro; 
2) fazer o mesmo para as sentenças importantes e 
3) para os parágrafos que exprimem argumentos. 
4) saber quais de seus problemas o autor resolveu, e quais deixou 
sem solução. 
A primeira leitura pode ser chamada estrutural 
ou analítica. O leitor procede do todo para as 
partes. 
A segunda leitura pode ser chamada 
interpretativa ou sintética. O leitor procede das 
partes para o todo. 
A terceira leitura pode ser chamada crítica ou 
avaliadora. O leitor julga o autor e vê se concorda 
ou não com ele. 
 
Quanto à leitura CRÍTICA OU AVALIADORA, várias observações 
podem ser feitas – quatro ao todo. 
 
Antes de criticar ou julgar um autor, tem-se 
sempre que compreendê-lo. Conheci muitos 
“leitores” que fazem, primeiro, a terceira leitura. 
Pior do que isso, nunca chegam a fazer as duas 
primeiras. Pegam o livro e logo começam a mostrar 
os defeitos dele. Estilo cheios de opiniões, e o livro é 
apenas um pretexto para exprimi-las. Não deviam 
ser chamados “leitores”. São como muitas pessoas 
que vocês conhecem, que acham que conversar é 
falar e, nunca, ouvir. Essas pessoas não merecem o 
esforço que se faz falando com elas, e, muitas vezes, 
nem merecem ser ouvidas. (ADLER 1974, p. 106) 
 
 
 Verdadeiramente, esta é a leitura mais difícil de ser realizada porque, 
como leitor, preciso analisar a obra lida e discutir o assunto a partir de outros 
conhecimentos já existentes, bem como fazer algumas críticas. 
 A respeito do conceito de crítica, precisa-se compreender numa 
visão mais ampla, pois, muitos alunos acreditam que criticar é falar mal, é 
discordar, é procurar defeito. No campo da ciência, criticar é estabelecer 
juízos a partir de outros conhecimentos. Você pode se questionar: 
 A respeito deste assunto, em que o autor amplia a discussão? 
 Quais elementos novos o autor estabelece para esta teoria, 
para este tema? 
 Quais aspectos o autor não trata? 
 Em que se parece com as ideias de outros autores? 
 Em que difere de outros autores? 
 
 Comparando com a realidade, como o se aproxima ou se 
distancia dela? 
 
Muito cuidado para não fazer críticas com base no 
senso comum, manifestando meramente sua opinião, sem 
nenhuma base teórica. Não se emite opinião pura e simples 
quando se trata de teoria, de conceito, de informação 
científica. Por isso, você dizer que concorda ou discorda porque você “acha”, 
não é o suficiente para fazer uma crítica da leitura. 
Para melhor compreensão do processo de leitura estabelecido por 
Adler (1974, p. 209-210), far-se-á uma análise de texto para servir de 
exemplo para você construir suas próprias análises. 
 Vamos tomar como base uma notícia veiculada pela Isto É 
(https://istoe.com.br/) em 31/01/19 - 11h02 que trata sobre o estudo de 
pessoas com necessidades especiais. 
 
 
 
 
 
 
Cresce o número de estudantes com 
necessidades especiais 
Nos últimos cinco anos, de 2014 a 2018, o número de 
matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu 33,2% 
em todo o país, segundo dados do Censo Escolar divulgados hoje (31) 
pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio 
Teixeira (Inep). No mesmo período, também aumentou de 87,1% 
para 92,1% o percentual daqueles que estão incluídos em classes 
comuns. 
Em 2014, eram 886.815 os alunos com deficiência, altas 
habilidades e transtornos globais do desenvolvimento matriculados 
nas escolas brasileiras. Esse número tem aumentado ano a ano. Em 
2018, chegou a cerca de 1,2 milhão. Entre 2017 e 2018, houve 
aumento de aproximadamente 10,8% nas matrículas. 
De acordo com dados do Censo, na rede pública está o 
maior índice dos estudantes em classes comuns. Nas escolas, 97,3% 
dos alunos com necessidades educacionais especiais estavam nessas 
classes em 2018. Na rede particular, o percentual foi 51,8%. 
Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve 
incluir todos os estudantes de 4 a 17 anos na escola. Os estudantes 
com necessidades especiais devem ser matriculados 
preferencialmente em classes comuns. Para isso, o Brasil deve 
garantir todo o sistema educacional inclusivo, salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos 
ou conveniados. 
Segundo os dados do Censo, 38,6% das escolas públicas de 
ensino fundamental e 55,6% das privadas têm banheiros para 
pessoas com necessidades especiais. Além disso, também no ensino 
fundamental, 28% das escolas públicas e 44,7% das particulares têm 
dependências adequadas para pessoas com necessidades especiais. 
No ensino médio, 60% das escolas públicas e 68,7% das 
escolas particulares dispõem de banheiro especial e 44,3% das 
públicas e 52,7% das privadas têm dependências adequadas. 
 
ANÁLISE E ESTRUTURA DE UM LIVRO/TEXTO 
 
 
Veja abaixo um exemplo de análise da estrutura: 
Tipo e assunto: o texto é uma notícia de jornal. Seu assunto é a 
inclusão de pessoas com necessidades especiais na escola 
Constituição: dividido em 6 parágrafos com informações e muitos 
dados estatísticos. 
Enumeração das partes: 
 Apresenta o aumento de pessoas com necessidades nas 
escolas; 
 Retrospectiva – de 2014 a 2018 
 Censo 
 Lei - Plano Nacional de Educação (PNE) 
 Censo 
 Diferença escola pública e escola particular 
Problema: a inserção de pessoas com necessidades especiais nas 
escolas brasileiras 
 
 
Vejamos agora como proceder para fazer a 
interpretação do conteúdo do livro ou do texto estudado: 
 
 
 
Classificá-lo de acordo com seu tipo e seu assunto. 
Expor, com a máxima brevidade, sua constituição. 
Enumerar as partes principais em sua ordem e relação, e analisá-las como 
se analisou o todo. 
Definir o problema ou problema; que o autor está procurando resolver 
 
INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO DE UM LIVRO 
 
 
Proposições principais: 
 De 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes com 
necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país; 
 Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 
10,8% nas matrículas; 
 Plano Nacional de Educação (PNE): o Brasil deve incluir todos 
os estudantes de 4 a 17 anos na escola, preferencialmente em 
classes comuns. 
 Todo o sistema educacional inclusivo: salas de recursos 
multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, 
públicos ou conveniados. Segundo os dados do Censo, metade das escolas públicas e 
particulares têm estrutura para receber alunos com 
necessidades especiais 
Argumentos do autor: 
 O argumento principal do autor está nos dados estatísticos do 
Censo e de outras pesquisas 
Problemas que o autor resolveu e não resolveu 
 O autor claramente aponta o crescimento das matrículas dos 
alunos com necessidades especiais. Destaca de forma 
satisfatória o crescente número de alunos nesta condição nas 
Compreender as proposições principais do autor, estudando suas
sentenças mais importantes.
Conhecer os argumentos do autor, descobrindo-os na série de
sentenças ou construindo-os fora delas.
Indicar que problemas o autor resolveu e que problemas não resolveu; e,
quanto aos últimos, ver se o autor reconheceu seu fracasso.
 
escolas brasileiras. De forma superficial trata a respeito das 
condições das escolas para receber estes alunos, mas não 
enfatiza o descaso com muitos prédios escolares que sequer 
têm rampa para cadeirantes. Além disso, o autor não trata da 
formação dos professores para atender à necessidade deste 
público. 
 
CRÍTICA DE UM LIVRO COMO TRANSMISSÃO DE 
CONHECIMENTOS 
 
Antes de iniciar esta etapa de leitura, atente para as Máximas Gerais 
propostas pelo autor: 
1. Não começar a crítica antes de completar a análise 
e a interpretação. (Não digam que concordam, discordam 
ou deixam de julgar, antes de poderem dizer 
“Compreendo”.) 
2. Não discordar, como se se estivesse brigando ou disputando. 
3. Respeitar a diferença entre o conhecimento e a opinião, 
apresentando os motivos de qualquer julgamento crítico que se fizer 
 
Critérios Específicos de Observação Crítica 
 
 
Autor não está informado: 
Mostrar em que o autor não está informado. 
Mostrar em que o autor está mal informado. 
Mostrar em que o autor é ilógico. 
Mostrar em que a análise ou concepção do autor é incompleta. 
 
 Qual a estrutura necessária para receber alunos com 
necessidades especiais; 
 Formação adequada de professores para esta necessidade 
dos alunos; 
 Recursos pedagógicos; 
Autor mal informado: 
 Acredita que apenas banheiros adequados é o suficiente para 
inserir um aluno com necessidade especial na escola 
Autor ilógico: 
 Nos dados estatísticos percebe que apenas metade das 
escolas atendem às necessidades dos alunos com 
necessidades especiais em relação ao banheiro, mas não faz 
nenhuma referência para mostrar a ineficiência das escolas 
neste campo. 
Análise incompleta: 
 Não demonstra a realidade das escolas brasileiras, pois em 
grande parte não têm condições estruturais para receber 
surdos, cegos, autistas e demais necessidades especiais. 
Mostrando apenas os dados de matrícula aparenta dizer que 
estas crianças estão verdadeiramente tendo acesso à 
educação, mas resta saber se completam o ano escolar e o 
que aprendem durante o ano. 
FAULSTICH11 (2002) também estabelece tipos de leitura pra os textos 
técnicos. Ele divide em 2 tipos de leitura, a INFORMATIVA e a 
INTERPRETATIVA, como demonstrado abaixo: 
 
 
11 FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: 
Editora Vozes, 2002. 
 
 
 
 
 
 
 É importante destacar que FAULSTICH (2002) segue as capacidades 
cognitivas estabelecidas por Benjamin Bloom12 et alii adaptadas para o 
processo de leitura interpretativa. Como pode ser observado, a leitura não 
é uma tarefa simples como muitos acreditam ser. Ela requer tempo e 
cuidado para que não seja superficial e sem significado. 
 
12 BLOOM. S. B. et. alii. Taxionomia dos objetos educacionais. Porto Alegre, Globo, 
1973. 
LEITURA 
TÉCNICA
LEITURA SELETIVA
Identificar dentro de cada parágrafo a palavra-
chave da ideia central e as palavras-chave das 
ideias secundárias
Selecionar na sequência esse conjunto de 
palavras que formarão o resumo do texto 
LEITURA CRÍTICA
Leitura abrangente do assunto
Reconhecer a hierarquia das ideias
Verificar como o texto está organizado, 
dividido
LEITURA 
INFORMATIVA
LEITURA 
TÉCNICA
COMPREENSÃO
Entender a mensagem literal defendida pelo autor. 
entender o ponto de vista, a tese
ANÁLISE
Desdobrar o texto em partes percebendo a relação das 
partes com o todo
SÍNTESE
Retirar de cada parágrafo as ideias centrais e ordenar as 
ideias principais
AVALIAÇÃO
Julgar, criticar as relações lógicas evidenciadas no texto e 
sua aplicação científica
APLICAÇÃO
Associar assuntos paralelos. Utilizar o assunto aprendido 
no texto em outros textos. projeção de novas ideias a 
partir do conhecimento adquirido
LEITURA 
INTERPRETA
TIVA
 
 Compreender a leitura como um processo é fundamental para o seu 
sucesso. Se você pensar em leitura como pegar o texto, ler de qualquer jeito 
e finalizar, possivelmente serão perdidas muitas informações. Por isso, essa 
ideia de processo: primeira leitura para conhecer o texto e fazer um rápido 
mapeamento; segunda leitura para apreender a essência do texto, a ideia 
defendida pelo autor e só então pode-se fazer críticas ao texto, relacionar o 
texto com outros textos. 
 Também é bom lembrar que um livro, um texto, um artigo pode ser 
relacionado a outros tipos de informação: documentários, filmes, séries, 
novelas, desenhos animados, músicas, quadros. Lembre-se de que todo o 
conhecimento de mundo deve ser acionado quando se faz uma leitura 
porque só assim é possível estabelecer relações, comparar, criticar. 
 Neste capítulo, foram apresentados dois modelos de técnicas de 
leitura, de processo de leitura: a primeira, de Adler (1974), com 3 etapas 
bem detalhadas e que podem servir para leituras mais exigentes; a segunda, 
de Faulstich (2002) apresenta 2 etapas que servirão para leituras mais 
rápidas. 
 Ao final desta unidade, o que você precisa ter compreendido é que a 
leitura é parte do processo de formação universitária. Não há formação, não 
há conhecimento sem leitura, por isso, se você quer investir em uma 
formação acadêmica séria, consistente, de sucesso, leia todos os textos, 
todos os livros indicados e solicitados pelo professor. Leia com cuidado, com 
calma, com paciência. Mesmo que no começo, pareça uma tarefa chata e 
enfadonha, não desista. Cada vez que você lê um texto completo, mais fácil 
fica a leitura do próximo e assim, você constrói o gosto pela leitura. 
 
 
 
 Apesar de ser um assunto tratado pela disciplina de Metodologia do 
Estudo, tratar-se-á de algumas técnicas utilizadas na universidade durante o 
processo de leitura ou mesmo após a leitura. As informações são de 
MEDEIROS13, 2011 e são úteis para cumprir as principais atividades de 
leitura na universidade. 
 Durante o estudo, em especial um estudo independente em que está 
apenas você e o texto, você precisa: 
a) Anotar; 
b) Esquematizar o texto; 
c) Transformar o texto em roteiro; 
d) Realizar resumos. 
 
ANOTAÇÃO 
 Este é um ponto de partida para qualquer estudante, seja diante de 
uma aula expositiva, uma palestra ou um livro. Realizar anotações ajuda a 
compreender melhor o que está sendo lido e depois serve como ponto de 
partida para outras atividades. Medeiros, (2011, p. 8) considera a anotação 
como “[...] processo de seleção de informações para posterior 
aproveitamento” 
 Antes de iniciar as anotações é preciso definir onde elas serão feitas 
e isso depende de você, enquanto estudante e do propósito da leitura. Você 
pode anotar no próprio livro/texto, em um caderno, em um bloco de 
anotações ou mesmo no computador ou tablet. Caso você esteja lendo 
vários livros, é bom registrar a fonte de onde as anotações foram extraídas. 
 
13 MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. 
In: Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2011. cap. 1, p. 5-27Ex.: MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem 
mais eficazes. In: ______. Redação científica: a prática de fichamentos, 
resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-18. 
 
 Medeiros, 2011 classifica as anotações em: 
a) Anotações corridas: 
 Realizar a leitura total do texto, sem interrupção; 
 Reler o texto, levando em consideração as palavras 
desconhecidas; localizando-as no dicionário – anotar o mais 
próximo possível; 
 Buscar em enciclopédias e almanaques, informações 
relevantes para a compreensão do texto, sejam elas: 
históricas, geográficas entre outras; 
 Só destacar os trechos e as palavras-chave após ter 
compreendido o texto; 
 Realizar a redação da anotação corrida e submetê-la a uma 
avaliação própria; havendo a necessidade de correções, 
refazer a redação. 
b) Anotações esquemáticas: “Ordenam hierarquicamente as partes 
principais do conteúdo de uma comunicação” (MEDEIROS, 2011, 
p. 8). 
 Deve ser realizada após o estudo do texto e as anotações 
corridas. 
 Pode ser apresentado como: 1) esquema vertical das ideias 
do autor; ou 2) por chaves ou diagramas. 
 Há diversos tipos de esquemas, dentre eles o mapa-
conceitual, os organogramas; 
c) Anotações resumidas: “[...] proporciona melhores resultados para a 
leitura, bem como para a própria redação. [...] só consegue fazer um bom 
resumo quem realmente assimilou as ideias principais do texto” 
(MEDEIROS, 2011, p. 13). 
 
 Apresenta a síntese de informações extraídas de livros, 
artigos e exposições orais. 
 O resumo consiste na condensação de um texto, 
apresentando as ideias principais, respeitando a estrutura e a 
inter-relação das ideias. 
 Deve ser feito em parágrafos mantendo as ideias do texto, 
mas com a escrita do aluno; resumo não é cópia de partes do 
texto, é uma síntese das principais ideias, reescrita pelo 
aluno. 
 
MEDEIROS (2011) chama atenção para dois fatores importantes: 
A técnica de SUBLINHAR, tão comum no ato de ler, porém mal 
utilizada pelos alunos, pois tendem a sublinhar indistintamente, sem 
considerar o que de fato importa. O autor indica que não deve ser feito na 
primeira leitura e deve-se sublinhar apenas as ideias principais, as palavras-
chave. 
Também solicita atenção especial para o VOCABULÁRIO, pois “[...] 
quem pouco lê tem vocabulário reduzido” (MEDEIROS, 2011, p. 16). A leitura 
se torna incompreensível, portanto, ineficaz, se não há domínio do 
vocabulário. Recomenda-se buscar no dicionário toda palavra desconhecida 
que aparece no texto ou tentar descobrir o sentido da palavra no contexto. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO 
TEXTUAL 
TEMA 02 
PARTE 01 – INTERPRETAÇÃO: DA PALAVRA À COMUNICAÇÃO 
 
 
Parece simples afirmar que a interpretação de um texto está 
diretamente ligada às palavras do texto e só elas são importantes. Já vimos 
na unidade que trata da leitura a sua ampla concepção, envolvendo o 
conhecimento de mundo. Todo o aprendizado sobre a leitura é importante 
para esta etapa em que trataremos da interpretação textual. É preciso ter 
em mente que interpretar um texto é um processo complexo, envolve 
diversos campos do conhecimento, desde o sentido das palavras, passando 
pelo gênero e pelo processo de comunicação. 
Primeiramente, vamos tratar do sentido que as palavras apresentam 
dentro do texto, pois assim teremos condição de focar nossa atenção e 
direcionar a interpretação do texto para o sentido que as palavras ganham 
naquele texto. 
Relativo à palavra, temos dois sentidos, que são: denotação e 
conotação. Estes mecanismos devem servir para que o leitor atente melhor 
para o que foi escrito/dito e, assim, interpretar mais facilmente o que foi 
comunicado. O sentido do texto nem sempre está no sentido real da palavra, 
ou seja, no sentido literal, por isso, o produto do texto vela significados para 
desvelá-los (...). Para que o leitor entenda os textos, é preciso perceber a 
relação entre o que se diz e o que se quer dizer (PLATÃO E FIORIN14, 2006, 
p. 328). 
Dependendo de qual sentido as palavras expressam na oração, seu 
sentido pode ser alterado e ter significado fora do usual. Por isso, é 
importante conhecermos estes dois sentidos. Vejamos: 
 
 
 
 
14 SAVIOLI, F. Platão & FIORIN, J. Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: 
Ática, 2006, p. 328. 
Sentido denotativo 
É o literal, comum; aquele que exprime a significação usual 
da palavra 
 
Ex: Eu acredito em anjo, por isso peço proteção a eles. 
Neste exemplo, a palavra anjo significa: no cristianismo, no judaísmo 
e no islamismo, ser puramente espiritual, servidor de Deus e mensageiro 
entre Ele e os homens. 
Podemos observar que o sentido desta palavra é o usual, o literal, 
logo, podemos afirmar que ela está no sentido denotativo. 
Se utilizarmos anjo em outro contexto: 
Ex: Aquele menino sempre foi um anjo 
Vamos observar que o sentido da palavra é figurativo, é uma forma 
de dizer que o menino é bom, não está empregada de modo literal. Assim, 
temos: 
 
De modo sintético, podemos dizer que: 
 
 
 
 
 
Vamos compreender o conceito aplicado a alguns exemplos: 
 
Sentido conotativo 
Figurado; depende de um contexto particular. 
Palavra
Denotação Sentido real
Conotação Sentido figurado
 
 
 Veja a relação feita pela autora do texto. Ele associa a palavra 
“palavra” a “armas”, afiadas, flecha. Temos aqui o sentido conotativo, pois 
as palavras não são armas de verdade, a autora está utilizando o sentido 
figurado. Neste caso, o trabalho do leitor para interpretar o texto é maior, 
pois ele precisa compreender o sentido que estas palavras querem dar ao 
texto. No caso do texto em questão, quando afirma que as palavras são 
armas, ela quer dizer que podem machucar, ofender, causar danos; quando 
se refere a flechas, quer enfatizar o quanto uma palavra pode adentrar a 
mente da pessoa e ficar por muito tempo. Portanto, a associação de palavras 
a armas simboliza o perigo. Como afirma Affonso Romano De Sant'anna: 
 
Há vários modos de matar um homem: 
com o tiro, a fome, a espada 
ou com a palavra -envenenada. Não é preciso força. 
Basta que a boca solte 
a frase engatilhada 
e o outro morre - na sintaxe da emboscada. 
 
 Diariamente utilizamos expressões que são conotativas e precisam 
ser traduzidas para obtermos o sentido que verdadeiramente querem dar. 
Em outros casos, as palavras estão no seu sentido literal: 
 
É preciso ter cuidado com as palavras. Elas são verdadeiras 
armas. Algumas vezes mortais. Certas pessoas têm o dom de dizer as 
mais afiadas, que entram feito uma flecha envenenada. Porém, em 
muitos casos, o atingido é aquele que usou a arma, ou seja, o falador. 
Esse, por exemplo, pode sofrer horríveis arrependimentos por ter dito o 
que não deveria ter dito. Mas como não dizer aquilo que pensamos? Há 
maneiras de dizer sem dizer, e de dizer, desdizendo. (Ana Miranda. O 
oráculo insondável. In: Correio Braziliense, Caderno C, p. 10, 2/4/2006 
(com adaptações). 
 
 
 Observe algumas expressões idiomáticas conotativas que utilizamos 
no dia a dia: 
Olha o passarinho! 
Na metade do século 19, os fotógrafos 
tinham de permanecer parados por até 15 minutos, 
a fim de que sua imagem fosse impressa dentro da 
máquina. Fazer as crianças ficarem imóveis por tanto 
tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas 
com pássaros ficavam penduradas atrás dos 
fotógrafos, o que chamava a atenção dos pequenos. 
Assim, a expressão “Olha o passarinho” ficou 
conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na hora 
da pose para a foto. 
Motorista barbeiro 
Antigamente, os barbeiros eram conhecidos 
não apenas por realizar o corte de cabelo e barba, 
mas também por desempenhar tarefas como: 
extração de dentes, remoção de calos e unhas, entre 
outros. Geralmente, os serviços extras deixavam 
consequênciasdesagradáveis aos clientes. No século 
15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal 
executadas. Com o tempo, passou a ser relacionado 
A menina passou o dia de cara amarrada. 
A sacola foi amarrada para maior segurança 
O temporal varreu as ruas assustadoramente. 
A vizinha varreu a rua 
Ele ficou no fundo do poço por causa das drogas 
O homem desceu até o fundo do poço para colocar o 
equipamento 
 
aos motoristas. Daí a expressão “motorista 
barbeiro”, ou seja, mau motorista. 
Bafo de onça 
A onça é um animal carnívoro que se lambuza 
bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, 
fede muito e sua presença é detectada a distância, 
na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido 
passaram a ser chamadas de “bafo de onça”. A 
expressão também faz referência ao hálito de quem 
está (ou esteve) alcoolizado. 
Santinha do pau oco 
Expressão que se refere à pessoa que se faz 
de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e 19, os 
contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras 
preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por 
dentro. O santo era “recheado” com preciosidades 
roubadas e enviado para Portugal. 
Disponível em: 
http://www.soportugues.com.br/secoes/proverbios
/index.php. 
 
Outro aspecto fundamental na interpretação do texto é saber como 
a comunicação/oral ou escrita está sendo produzida, qual é o centro dela. 
Para isso, precisamos estudar o processo da comunicação, como afinal 
acontece esse processo tão comum entre os seres humanos? 
 Vamos estudar agora a teoria da comunicação a partir da perspectiva 
de um grande estudioso desta questão Roman Jakobson15 (2007). Este 
 
15 JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e 
José Paulo Paes. São Paulo: Editora Cultrix, 2007. 
 
estudioso estabeleceu alguns elementos importantes quando acontece ou 
para que aconteça a comunicação. Nas palavras do autor: 
 
Analisemos os fatores fundamentais da 
comunicação linguística: qualquer ato de fala envolve 
uma mensagem e quatro elementos que lhe são 
conexos: o emissor, o receptor, o tema (topic) da 
mensagem e o código utilizado. A relação entre esses 
quatro elementos é variável (JAKOBSON, 2007, p. 19). 
 
 
 Esses elementos podem aparecer sozinhos ou em conjunto em um 
texto e constituem uma hierarquia entre elas, por isso é importante saber 
qual é o verdadeiro eixo da comunicação, qual a função primária e quais as 
funções secundárias, qual é a intenção do escritor, para qual elemento 
verdadeiramente a comunicação se volta. 
 
 
Na poesia acima temos a 1ª. Pessoa e a 2ª. Pessoa, mas o predomínio 
é da 1ª. Pessoa, pois é o EU que direciona o texto, é, portanto 
predominantemente emotivo, embora tenha trecho conativo. 
Importante também destacar que “o problema essencial para a 
análise do discurso é o do código comum ao emissor e ao receptor e 
subjacente à troca de mensagens” (JAKOBSON, 2007, p. 21). Como veremos 
mais adiante, o código verbal é a língua portuguesa e deve ser comum tanto 
 
para o emissor quanto para o receptor, sem isso, não há comunicação entre 
ambos. 
Vejamos como Jakobson (2007, p. 122) estruturou a teoria: 
 
O REMETENTE envia uma MENSAGEM ao 
DESTINATÁRIO. Para ser eficaz, a mensagem requer 
um CONTEXTO a que se refere (Ou "referente", em 
outra nomenclatura algo ambígua), apreensível pelo 
destinatário, e que seja verbal ou suscetível de 
verbalização; um CÓDIGO total ou parcialmente 
comum ao remetente e ao destinatário (ou, em 
outras palavras, ao codificador e ao decodificador da 
mensagem); e, finalmente, um CONTACTO, um canal 
físico e uma conexão psicológica entre o remetente 
e o destinatário, que os capacite a ambos a entrarem 
e permanecerem em comunicação. 
 
Todos estes fatores da comunicação verbal foram esquematizados 
pelo autor como: 
 
 
 
 
CONTEXTO 
REMETENTE MENSAGEM DESTINATÁRIO 
------------------------------------------------------- 
CONTACTO - CANAL 
CÓDIGO 
 
 Vamos analisar melhor cada um destes elementos propostos por 
Jakobson (2007): 
 
 
 Vejamos como esse processo de comunicação se dá, analisando 
algumas situações concretas: 
1) Situação de escrita: 
Quando escrevemos, temos a intenção que alguém leia o conteúdo 
e o entenda. A pessoa que escreve é o emissor. A pessoa que lê é o receptor. 
O meio, o veículo no qual vamos fixar as palavras, pode ser papel, 
computador, celular, muro, camisa é o canal. O assunto, os fatos, o 
raciocínio que o emissor expõe é denominado referente ou contexto. A 
língua que o emissor utiliza é o código. E o entendimento é a mensagem. 
2) Jornal da TV: 
O apresentador do jornal é o emissor. Quem assiste ao jornal é o 
receptor. Imagine que ele está noticiando um campeonato de futebol, este 
é referente ou contexto, ou seja, é o assunto que ele está tratando. Sua voz 
e todos os aparatos tecnológicos da TV são o canal, são o veículo por onde 
E
L
E
M
E
N
T
O
S 
D
A
 
C
O
M
U
N
IC
A
Ç
Ã
O
REMETENTE – também considerado EMISSOR – o que manda, 
envia, fala, escreve uma mensagem. Está centrada no EU –
primeira pessoa singular.
DESTINATÁRIO – também denominado RECEPTOR – o que 
recebe a mensagem. Está centrado no TU/VOCÊ – 2ª. Pessoa;
CONTEXTO – também conhecido como REFERENTE - é a 
informação, o conteúdo, o assunto a ser tratado;
CÓDIGO – símbolo utilizado para a realização da comunicação. 
Se for verbal é a língua falada; se for não verbal é o gesto, o som, as 
cores etc.;
CONTACTO – também denominado de CANAL – é o 
veículo/meio por onde passa ou se fixa o código;
MENSAGEM – significado da comunicação, entendimento.
 
passa a comunicação. Ele usa principalmente a língua portuguesa, que é o 
código. A compreensão do tema é a mensagem. 
3) Um telefonema: 
A pessoa que liga é o emissor, quem atende é o receptor. O assunto 
tratado é o referente ou contexto. A voz e o telefone são o veículo por onde 
o código passa, é o canal. A língua portuguesa é o código. O entendimento 
do assunto é a mensagem. 
Uma mensagem no muro: 
 
Fonte: tumblr.com 
A pessoa que escreveu a mensagem no muro é o emissor, todos os 
que lerem a informação, serão receptores. O assunto tratado é o referente 
ou contexto. O canal, ou seja, o veículo onde está fixado o código é o muro. 
A língua portuguesa escrita é o código. O entendimento é a mensagem. 
 
Uma camisa: 
 
Fonte: https://www.mitoucamisetas.com.br/ 
 
 
A pessoa que vai usar a camisa é o emissor, todos os que lerem a 
informação, serão receptores. O assunto tratado é o referente ou contexto. 
O canal, ou seja, o veículo onde está fixado o código é a camisa. A língua 
portuguesa escrita é o código. O entendimento é a mensagem. 
 SINTETIZANDO: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Assim, para que a comunicação possa acontecer de forma 
satisfatória, todos estes elementos devem ser considerados, sob pena de 
termos um ruído na comunicação: 
 
 Após compreender este assunto, vamos ampliar nosso estudo para 
as funções da linguagem, tema que está diretamente ligado aos seis 
elementos da comunicação já estudados. 
 É importante que você tenha compreendido todos os seis elementos 
da comunicação para que possa compreender com facilidade o que vamos 
estudar agora. 
Quando a 
comunicação 
acontece temos: O 
emissor transmite 
uma mensagem ao 
receptor através de 
um canal tratando de 
um contexto ou 
referente utilizando 
um código comum. 
 
Ruído – É tudo o que dificulta a comunicação, interfere a 
transmissão e perturba a recepção ou compreensão da mensagem; tudo 
o que possibilita a perda de informação durante o transporte da 
mensagem entre o emissor e o receptor. 
 
 Cada função da linguagem está relacionada a um elemento de 
comunicação. Assim: 
 
Cada um desses seis fatores determina uma diferente funçãoda 
linguagem. Embora tenhamos seis funções da linguagem, dificilmente 
encontraríamos mensagens verbais que estivessem voltados apenas para 
uma única função. 
Jakobson (2007, p. 123-126) determina as funções como forma de 
compreender em que elemento da comunicação a informação está 
centrada, tendo em vista que se o objetivo da comunicação for o emissor, o 
centro da comunicação é ele, ou seja, o assunto a ser tratado é o próprio 
emissor. Se sabemos desta informação, certamente temos mais facilidade 
para compreender o texto em questão. 
Detalhando cada uma delas, temos: 
Função EMOTIVA ou "expressiva", centrada no 
REMETENTE/EMISSOR, “visa a uma expressão direta da atitude de quem fala 
em relação àquilo de que está falando. Tende a suscitar a impressão de uma 
certa emoção, verdadeira ou simulada”. Nesta função, o tema é tratado em 
1ª. Pessoa singular, são as opiniões, os sentimentos do emissor. 
Obs: só poderá ser função emotiva se a comunicação for feita em 1ª. 
Pessoa. Caso contrário, será outra função. 
Se a informação se volta para o emissor – FUNÇÃO EMOTIVA 
Se a informação se volta para o receptor – FUNÇÃO CONATIVA 
Se a informação se volta para o canal – FUNÇÃO FÁTICA 
Se a informação se volta para o código – FUNÇÃO 
METALINGUÍSTICA 
Se a informação se volta para o contexto – FUNÇÃO 
REFERENCIAL 
Se a informação se volta para a mensagem – FUNÇÃO POÉTICA 
 
 
Ex: Vejamos o exemplo abaixo: 
 
 
Observe no exemplo que o texto está em 1ª. Pessoa singular, 
sabemos disso pelos pronomes e pelos verbos, como destacados. O objetivo 
desta comunicação é tratar do sujeito que fala, que escreve para contar 
sobre si mesmo. Temos aqui a comunicação centrada no emissor. 
 
Função CONATIVA, centrada no receptor. Esta função age 
diretamente sobre o receptor de modo a fazer com que ele execute a 
solicitação, a ordem, o pedido do emissor. São comunicações que partem do 
emissor com a intenção de que sejam executadas pelo receptor. É a função 
feita em 2ª. Pessoa – TU/VOCÊ; é a função do verbo no imperativo, os verbos 
de ordem; também pode ser feita em forma de pedido ou solicitação. 
Obs: deverá vir em 2ª. Pessoa, mesmo que oculta ou com verbos no 
imperativo. 
Ex: 
Use camisinha! (ordem) 
Beba Coca-Cola! (ordem) 
Diga não às drogas! (ordem) 
Se dirigir, não beba! (ordem) 
“Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao endereço certo” (uso 
da 2ª. Pessoa você) (Folha de São Paulo) 
Por favor, dê-me o caderno de anotações! (pedido) 
A PRIMEIRA NOITE DE LIBERDADE 
Cristovão Tezza 
Fui levado pela velha até o sótão; o excesso de gentileza era a 
evidência de que me enganavam. Docilmente me deixei levar; mãos nas 
minhas costas, ela me conduzia balbuciando consolos. Não ousei fazer 
perguntas. De qualquer modo, me responderiam com mentiras. 
 
Função FÁTICA, vão aparecer em mensagens que servem 
basicamente para prolongar ou interromper a comunicação, para verificar 
se o canal funciona ("Alô, está me ouvindo?"), para atrair a atenção do 
interlocutor ou confirmar sua atenção continuada (pois, é; huhum; é...; 
então; isso, isso...; hummm) 
Obs: diz-se que a função fática não favorece uma comunicação. Seu 
objetivo maior é manter uma conversa ou checar se o canal está 
funcionando e pode ser utilizado, é o caso do alô, para checar se o telefone 
– canal desta comunicação – está funcionando; caso também de quando 
checamos aparelhagem de som: “alô, som, testando, 1,2,3”. 
Função METALINGUÍSTICA, voltada para o código. No caso, se a 
linguagem for verbal, o código dos brasileiros é a língua portuguesa. Assim, 
toda comunicação feita para tratar do código está na função metalinguística. 
Dizemos que seria o código – língua portuguesa que tem como assunto o 
próprio código – a língua portuguesa. Ex: o dicionário usa a língua verbal 
escrita – língua portuguesa para tratar do significado das palavras da língua 
portuguesa. Observe que temos um material em língua portuguesa que vai 
tratar da língua portuguesa, é, portanto, função metalinguística 
Obs: uma forma de reconhecer a função metalinguística é fazer duas 
perguntas: 
Em que língua está escrita? Ou qual a forma de composição 
Qual o assunto? 
Se a resposta para as duas for: “a língua portuguesa, teremos função 
metalinguística. 
Vamos a alguns exemplos: 
a) A gramática é metalinguística – 
Em qual língua está escrita? Língua portuguesa 
Qual o assunto? Normas e regras da Língua portuguesa 
 
 Temos então, o código para tratar do código 
b) Um manual de redação – 
Qual a forma de composição? redação 
Qual o assunto? Normas e regras da produção de redação 
Temos então, o código para tratar do código, ou seja, temos um 
material escrito em língua portuguesa, utilizando redação para tratar do 
assunto redação. 
Uma poesia cujo assunto é a poesia: 
Qual a forma de composição? poesia 
Qual o assunto? poesia 
Temos então, o código para tratar do código, ou seja, a poesia foi 
feita para tratar dela mesma. 
E se o assunto da poesia fosse o amor, ainda seria metalinguística? 
Não, porque o código não estaria tratado dele mesmo, estaria 
tratando de outro assunto. 
Observe: 
“Gastei uma hora pensando no verso 
Que a pena não quer escrever 
(...) mas a poesia deste momento 
Inunda minha vida inteira” 
(Carlos Drummond de Andrade) 
 
Temos função poética por conta da estrutura em verso, mas se 
perguntarmos, qual a forma de composição? A resposta é: em verso; qual o 
assunto? A escrita de um verso. Temos função metalinguística porque o 
 
código se volta para o código. Também podemos afirmar que há função 
emotiva no 1º. e 4º. Versos por conta da 1ª. Pessoa do singular – eu. 
 
Importante destacar que também temos função metalinguística na 
linguagem não verbal ou mista, como podemos observar abaixo: 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 Neste caso, a palavra jornalismo carrega os símbolos do jornalismo. 
Utilizou-se a palavra para representar os elementos relacionados à palavra. 
Podemos dizer que o código (palavra) está sendo utilizado para tratar do 
próprio código (elementos da profissão). 
 
Função REFERENCIAL, está centrada na informação, o fato, o assunto. 
O objetivo desta função é tratar especificamente do assunto sem 
interferência do emissor e sem apelo ao receptor. Há uma pretensa busca 
pela imparcialidade. É feita em 3ª. Pessoa singular/plural ou mesmo na 1ª. 
Pessoa do plural. Esta é a função dos textos acadêmicos, de toda 
comunicação científica. 
Obs: Atente para não confundir, a função emotiva está ligada à 1ª. 
pessoa do singular. A função referencial aceita a 1ª. pessoa do plural. 
Quando a comunicação é feita com vistas a tratar do assunto, sem utilizar a 
1ª. Pessoa singular ou a 2ª. Pessoa. Assim, se o tema é “trabalho infantil”, 
deve-se tratar especificamente do assunto sem dar opinião pessoalizada – 
eu acho, eu penso, eu acredito ou fazer apelo ao receptor – você deve ter 
 
cuidado. O exemplo abaixo demonstra como o assunto é tratado de modo 
isento de opinião e apelos 
 
 
Função POÉTICA, quando a mensagem é centro da informação. 
Embora ela esteja voltada para a mensagem, esta função tem características 
muito particulares, quais sejam: estrutura em forma de verso, estrofes, e 
pode ter linguagem figurada 
Quando os favores acabam, começa a ingratidão 
Por Delmo Menezes - 5 de agosto de 2016 
Ingratidão é uma forma de fraqueza. “A ingratidão é o mais 
horrendo de todos os pecados”, já dizia Alexandre Herculano. Ser ingrato 
tem a ver com o ser humanista, porque o humanista atribui suas vitórias 
a ele mesmo, e não a um ser supremo. Johann Goethe diz: “Jamais 
conheci homem de valor que fosse ingrato”. 
O ingrato não reconhece que sem ajuda, não chegaria a lugar 
nenhum. Esquece com muita facilidade as coisas boas que lhe fizeram. 
Vive no “seu mundo”, busca apenas os seus próprios interesses. É um tipo 
de pessoa que se torna cega para o amor (e doação) de quem está aolado. O pior erro de um ingrato, é afastar as pessoas que mais se 
importam com ele. As pessoas esquecem que um dia podem precisar de 
você novamente. 
 A ingratidão é falta de bom senso, de visão, de sabedoria e de 
humildade. O ingrato não vê o que os outros vêem e nem sentem o que 
os outros sentem, não por que não querem ou não desejam, mas por 
incapacidade, por fraqueza moral e ausência de amor. Há na cabeça do 
ingrato, um vazio de amor ao próximo, que se manifesta não 
eventualmente, mas permanentemente. [...] 
 
Obs: pode-se dizer que toda comunicação estruturada em forma de 
versos – em linhas – está na função poética, independente de outras 
características que possa ter. 
Importante considerar as duas formas de composição: prosa e verso 
 
 
Exemplo: 
 
Minha terra tem palmeiras (1ª. Linha – 1º. Verso) 
Onde canta o sabiá (2ª. Linha – 2º. Verso) 
As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá [...] 
Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá 
Sem que desfrute os primores que não encontro por cá. [...] 
 
Podemos considerar que a função é poética por conta da estrutura 
em versos. Também podemos considerar que no 1º., 4º. e 5º. versos temos 
também função emotiva por conta da 1ª. Pessoa do singular – eu. 
Observe outro exemplo: 
 
“Só uma coisa me entristece 
O beijo de amor que não roubei 
A jura secreta que não fiz 
A briga de amor que eu não causei” 
(Abel Silva) 
 
Neste exemplo, temos uma letra de música que é também função 
poética por causa da estrutura em verso, mas também é emotiva por conta 
da 1ª. Pessoa singular em todos os versos. 
 
Vejamos o esquema dos fatores fundamentais com um esquema 
correspondente das funções: 
Prosa – toda comunicação feita em parágrafos; 
Verso – toda comunicação feita em linhas. 
 
 
 Fonte: Jakobson (2007) 
 
 
 
 
 
Dificilmente encontramos mensagens em que haja apenas uma 
dessas funções. Normalmente elas se organizam em nossa vida de modo que 
nós a utilizamos de acordo com nossas necessidades. Em um mesmo texto 
temos, em alguns casos, mais de uma função, por isso, nas questões de 
prova, devemos atentar para o que predomina, o que se apresenta de forma 
mais intensa. 
 
 
 
FUNÇÕES DA LINGUAGEM
EMOTIVA
Centrada no 
emissor
EU
CONATIVA
Centrada no 
receptor
TU_VOCÊ
FÁTICA
Feita para 
checar o 
canal
REFERENCIAL
Voltada para 
o assunto
METALINGUÍSTIC
A
O código é 
utilizado para 
tratar do 
próprio 
código
POÉTICA
atenta para a 
mensagem. 
Estrura em 
versos
 REFERENCIAL 
EMOTIVA POÉTICA CONATIVA 
 FÁTICA 
 METALINGUÍSTICA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO 
TEXTUAL 
PARTE 02 – COMPREENSÃO DO TEXTO: TIPOS TEXTUAIS E ORGANIZAÇÃO 
 TEMA 02 
 
 
TIPOLOGIA TEXTUAL16 
 
 Tratar do tipo textual enquanto elemento de interpretação textual é 
considerar que, se você reconhece a tipologia textual, mais fácil é a sua 
compreensão dele, isto porque cada texto atende a uma estrutura diferente 
e a uma finalidade própria. Assim, quando você se depara com um texto 
descritivo e o conhece, pode antecipar algumas considerações, antes 
mesmo de conhecer o conteúdo tratado nele. Por exemplo, sabe que se 
trata de caracterização, de especificação, de detalhamento, pois os textos 
descritivos têm esta função. 
 O que vamos estudar neste tópico são as tipologias textuais: sua 
especificidade, características e função social. Ficando atento a isso, sua 
interpretação textual será facilitada: 
 Tradicionalmente os tipos textuais são classificados de três formas: 
narrativo, descritivo e dissertativo (informativo ou argumentativo). 
Atualmente, foram acrescidos mais dois tipos para melhor agrupamento: o 
injuntivo e o dialogal. 
 Embora estas 5 tipologias mantenham características diferentes na 
composição e organização do texto, nem sempre cada tipologia se compõe 
sozinha. É normal que um tipo de texto esteja em outra tipologia, neste caso, 
teremos uma predominância de um tipo textual. 
 Se tomarmos um romance como exemplo, veremos que 
possui características da narrativa, mas em diversos trechos 
encontraremos a descrição. 
 Observem a síntese do que estudamos nesta etapa: 
 
16 ROSENTHAL, Marcelo; FURTADO, Lilian; OMENA, Tiago; et.all.. Interpretação de 
Textos e Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de concursos 
comentadas série provas e concursos. Site: LeLivros.Info. acessado em <15/02/12019> 
 
 
 
Para que fique mais fácil compreender, vamos analisar abaixo cada 
tipo textual, iniciando pela NARRAÇÃO: 
 
NARRAÇÃO 
 
O centro do texto narrativo é o FATO, a história a ser contada – seja 
verídica ou inventada. Para que o fato seja contado, alguns elementos são 
necessários: personagens, espaço e tempo. 
 Na narração, temos um narrador que relata um fato, ocorrido num 
determinado espaço e tempo. O narrador pode aparecer de forma clara no 
texto ou de modo implícito. Os fatos são apresentados em uma sequência 
de ações que vão se desenrolando com certa lógica até que atinja o ponto 
máximo do problema da narração e assim tenha o desfecho, ou seja, o final 
da trama. 
Sim, toda narração precisa de um conflito, sem este não há fato para 
contar. Os conflitos são de diversas ordens: inveja, assassinato, brigas por 
diversos motivos, assalto, doença, guerra, traição, mistérios, amor, paixão 
etc.. Pode-se dizer que os conflitos são a base dos fatos, portanto, sem 
conflitos não há narração. 
Vejamos alguns exemplos de textos narrativos: 
Texto 1: Poesia 
NARRAÇÃO
• Fato
DESCRIÇÃO
•Característica 
INJUNÇÃO
•Ordem 
DIALOGAL
•Diálogo
DISSERTAÇÃO
• Informação 
 
 
 O texto conta a história de duas pessoas que se separaram e ficaram 
com uma história mal resolvida. De modo muito sintetizado temos uma 
narração. 
 
Texto 2: música
História antiga 
 
No meu grande otimismo de inocente, 
Eu nunca soube por que foi... um dia, 
Ela me olhou indiferentemente, 
Perguntei-lhe por que era... Não sabia... 
 
Desde então, transformou-se de repente 
A nossa intimidade correntia 
Em saudações de simples cortesia 
E a vida foi andando para frente... 
 
Nunca mais nos falamos... vai distante... 
Mas, quando a vejo, há sempre um vago instante 
Em que seu mudo olhar no meu repousa, 
 
E eu sinto, sem, no entanto, compreendê-la, 
Que ela tenta dizer-me qualquer cousa, 
Mas que é tarde demais para dizê-la... 
Raul de Leoni 
 
Faroeste caboclo 
Legião Urbana 
Não tinha medo o tal João de Santo Cristo 
Era o que todos diziam quando ele se perdeu 
[...] 
Ainda mais quando com um tiro de soldado o 
pai morreu 
[...] 
E João aceitou sua proposta 
E num ônibus entrou no Planalto Central 
[...] 
E o Santo Cristo até a morte trabalhava 
Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar 
 [...] 
E João de Santo Cristo ficou rico 
E acabou com todos os traficantes dali. 
[...] 
Já no primeiro roubo ele dançou 
E pro inferno ele foi pela primeira vez 
[...] 
Foi quando conheceu uma menina 
E de todos os seus pecados ele se 
arrependeu 
Maria Lúcia era uma menina linda 
E o coração dele pra ela o Santo Cristo 
prometeu 
[...] 
Mas acontece que um tal de Jeremias, 
Traficante de renome, apareceu por lá 
Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo 
E decidiu que, com João ele ia acabar 
[...] 
E Santo Cristo há muito não ia pra casa 
E a saudade começou a apertar 
"Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia 
Já tá em tempo de a gente se casar" 
Chegando em casa então ele chorou 
E pro inferno ele foi pela segunda vez 
Com Maria Lúcia Jeremias se casou 
E um filho nela ele fez 
[...] 
Sentindo o sangue na garganta, 
João olhou pras bandeirinhas e pro povo aaplaudir 
E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e 
[...] 
E nisso o sol cegou seus olhos 
E então Maria Lúcia ele reconheceu 
Ela trazia a Winchester-22 
A arma que seu primo Pablo lhe deu 
[...] 
E Santo Cristo com a Winchester-22 
Deu cinco tiros no bandido traidor 
Maria Lúcia se arrependeu depois 
E morreu junto com João, seu protetor 
E o povo declarava que João de Santo Cristo 
Era santo porque sabia morrer 
[...] 
E João não conseguiu o que queria 
Quando veio pra Brasília, com o diabo ter 
Ele queria era falar pro presidente 
Pra ajudar toda essa gente que só faz... 
Sofrer... 
 
Podemos observar que o texto acima é uma letra de música, mas que 
conta uma narrativa, relata um fato a partir da grande problemática da 
personagem João de Santo Cristo de conseguir uma vida melhor. Temos 
personagens, conflito, tempo, espaço que se desenvolvem numa ordem 
lógica. 
 
Texto 3: fábula 
 
 O VELHO, O MENINO E O BURRO 
 
Num lugar que você sabe, este fato aconteceu. A pessoa que eu 
descrevo, você, talvez, tenha conhecido. E se você não se lembra, procure na 
consciência. Porque se houver semelhança, não é mera coincidência. 
O burrico vinha trotando pela estrada. De um lado vinha o velho, 
puxando o cabresto. Do outro vinha o menino, contente, que o dia estava 
fresquinho e o sol brilhava no céu. Sentados no barranco estavam dois homens. 
No que viram o burro mais o velho e o menino, um cutucou o outro: 
– Veja só, compadre! Que despropósito! Em vez do velho montar no 
burro, vem puxando ele! 
O velho e o menino se olharam. Assim que viraram na primeira curva, o 
velho parou o burro e montou nele. 
O menino segurou o cabresto e lá se foram os três, muito satisfeitos. Até 
que perto da ponte tinha uma casa com uma mulher na janela. 
– Olha só, Sinhá, venha ver o desfrute! O velho no bem-bom, montado 
no burro, e o pobre do menino gramando a pé! 
O velho e o menino se olharam de novo. Assim que saíram da vista da 
mulher, o velho desceu do burro e botou o menino na sela. E foram andando 
um pouco ressabiados, o velho puxando o burro pelo cabresto, pensando no 
que o povo podia dizer. Logo, logo, passaram numa porteira onde estava parada 
uma velha mais uma menina. 
– Mas que absurdo, minha gente! Um velho que nem se aguenta nas 
pernas andando a pé, e o guri, bem sem-vergonha, escanchado no burro! 
Os dois se olharam e nem esperaram. O velho mais que depressa 
montou na garupa do burro e lá se foram os três. Dali a pouco 
encontraram um padre que vinha pela estrada mais o sacristão: 
– Olha só, que pecado, onde é que já se viu? O pobre do burro, 
coitadinho, carregando dois preguiçosos! Mas isso é coisa que se faça? 
O velho e o menino, desanimados, desmontaram e nem 
discutiram: saíram carregando o burro. Mas nem assim o povo sossegou! 
Cada vez que passavam por alguém, era só risada! 
– Olha só os dois burros carregando o terceiro! 
Quando chegaram em casa, o velho sentou cansado, se 
assoprando: 
– Bem feito! — ele dizia. — Bem feito! 
– Bem feito o quê, vô? 
– Bem feito pra nós. Que a gente já faz muito de pensar pela 
própria cabeça, e ainda quer pensar pela cabeça dos outros. Agora eu sei 
por que é que meu pai dizia: 
“Quem quer agradar a todos a si próprio não faz bem! Pois só faz 
papel de burro e não agrada a ninguém!” 
 
Observe o texto e vamos verificar se ele apresenta as características 
da tipologia narrativa: 
 Fato – conflito: montar ou não no burro 
 Personagem: menino, padre, as pessoas 
 Espaço: lugar que você sabe qual é 
 Tempo: indeterminado 
Podemos afirmar que o texto é uma narrativa, pois seu propósito é 
relatar um fato, contar um conflito através de personagens que agem num 
tempo e num espaço. 
 
Texto 4: Piada 
 
 
Neste texto, também temos uma narração que se desenvolve a partir 
de um problema - os homens estarem bêbados -, apresentando como 
personagens os bêbados e uma senhora, no tempo de três horas da manhã, 
no espaço, a casa da senhora. 
 
Texto 4 – Conto 
 
- Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores 
completamente bêbados, não é? 
Foi aí que um dos bêbados pediu: 
- Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós é o seu 
marido que os outros querem ir para casa. (Stanislaw Ponte Preta) 
 
 
 O conto apresenta uma clara estrutura narrativa: o fato é o 
casamento de Misael com Maria Elvira (personagens); o conflito se dá por 
conta dos namorados de Maria Elvira; o espaço são vários bairros do Rio de 
Janeiro, não há um tempo determinado. O texto se organiza de modo que o 
conflito vai tomando proporções maiores à medida que o texto progride, 
chegando ao clímax quando Misael fica privado de seus sentidos e mata a 
esposa, num desfecho trágico da trama. 
Sintetizando a tipologia textual narração, temos: 
 
 
NARRAÇÃO
ENREDO
É a própria
narrativa, a
história contada.
TEMPO
Data: mês, 
ano, século, 
dia da semana.
PERSONAGEM 
Pessoa, animal,
objeto
personificado.
ESPAÇO
Lugar onde 
acontece o 
fato.
CONFLITO
O problema
vivido pelas
personagens.
Tragédia brasileira 
Manuel Bandeira 
 
Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. 
Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis, dermite 
nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. 
Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no 
Estácio, pagou médico, dentista, manicura…Dava tudo quanto ela queria. 
Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um 
namorado. 
Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma 
facada. Não fez nada disso: mudou de casa. 
Viveram três anos assim. 
Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de 
casa. 
Os amantes moravam no Estácio, Rocha, Catete, Rua General 
Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, 
Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os santos, 
Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos… 
Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos 
e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída 
em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. 
 
 
 
DESCRIÇÃO 
 
 A outra tipologia textual é a DESCRIÇÂO, cujo eixo norteador é a 
CARACTERIZAÇÃO. Descrever é apresentar o ser, objeto ou lugar da forma 
como é ou está; é detalhar, pormenorizar, apresentar seu estado. É um tipo 
de texto normalmente curto e quase nunca existe sozinho, está inserido em 
outras tipologias como a narração, a dissertação ou mesmo a injunção. 
 Esta tipologia é muito utilizada nos romances para caracterizar as 
personagens, o espaço, os objetos. É de fundamental importância na 
construção da narração para que o leitor possa compreender melhor os 
fatos que estão sendo narrados. 
 Seu processo de composição se dá através de elementos como: 
adjetivos e verbos de ligação. Pode-se fazer descrição técnica e literária. A 
descrição técnica é feita por diversos campos de conhecimento, tais quais: 
arquitetura, engenharia, psicologia. Já a descrição literária, fica por conta 
dos contos, dos romances, das poesias etc.. 
 Vejamos algumas descrições: 
 
Texto 1: trecho de música 
 
 
Observe que as palavras destacadas são características do lugar e da 
casa. 
 
Eu queria ter na vida simplesmente 
Um lugar de mato verde 
Pra plantar e pra colher 
Ter uma casinha branca, de varanda, um quintal e uma janela 
Para ver o sol nascer 
 
Texto 2: Poesia 
 
 
 
Texto 3: 
Descrição técnica 
 
Texto 3: Descrição literária 
RETRATO 
Cecília Meireles 
 
Eu não tinha este rosto de hoje, 
assim calmo, assim triste, assim magro, 
nem estes olhos tão vazios, 
nem o lábio amargo. 
Eu não tinha estas mãos sem força, 
tão paradas e frias e mortas; 
eu não tinha este coração 
que nem se mostra. 
 
Eu não dei por esta mudança, 
tão simples, tão certa, tão fácil: 
- Em que espelho ficou perdida a minha face? 
O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro 
parafusos à caixa de câmbio,

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