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LIVRO TEXTO LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL FICHA CATALOGRÁFICA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL TEMA 01 PARTE 01 – LEITURA: CONCEITOS, IMPORTÂNCIA, TIPOS E TÉCNICAS LEITURA: UMA AMIGA MAIS QUE ESPECIAL LINGUAGEM E SEUS DOMÍNIOS1 É através da linguagem que o ser humano se constitui social e individualmente. A linguagem se divide em verbal e não verbal e pode ser também mista. Segundo Bechara (2004), a linguagem é qualquer sistema de signos simbólicos empregados na intercomunicação social para expressar e comunicar ideias e sentimentos, isto é, conteúdos da consciência. A língua será o grande potencial da linguagem verbal, sendo vital para o desenvolvimento da humanidade. Segundo Faraco e Mandryk (2012): “a realidade humana é, de fato, inseparável da língua”. É através dela que: Constituímos a interação verbal – maior modo de comunicação humana; 1 Fonte: BECHARA, Evanildo. Moderna Gramática Portuguesa. 37. ed. rev. e ampl. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. FIORIN, José Luiz (org.). Introdução à Linguística: Objetos Teóricos. São Paulo: Contexto, 2002. OBJETIVOS DESTE CAPÍTULO Conhecer a linguagem e seus domínios na leitura, escrita e produção textual; Identificar as diversas concepções de leitura; Empregar a Leitura do texto e do contexto; Diferenciar pressuposto de subentendido; Realizar diversos tipos de análise para se apropriar do conteúdo estudado; Conhecer as técnicas de: grifar, esquematizar e resumir; Nos constituímos como pessoa; Assim, a língua é parte fundamental e determinante na vida do homem e da manutenção da vida em sociedade. Desde o nascimento já estão inseridos em uma língua, no caso dos brasileiros, da língua portuguesa. Esta língua é assimilada de modo muito rápido pelo falante, que já mantém uma característica inata para aprender a língua. Quando inserido em situação de convívio social, esta língua passa a ser internalizada de modo rápido e eficiente, o que possibilita afirmar que todos os nativos de uma língua conhecem plenamente a sua língua. Lembre-se de que a gramática é diferente de língua. A gramática pode ser entendida como: Um livro com as regras e normas descritas da língua. Conjunto de regras pré-estabelecidas da língua A língua envolve toda a prática linguística utilizada por indivíduos em uma comunidade e pode não estar dentro das regras gramaticais, mas dentro da organização linguística da comunidade de falantes. Assim, a língua é um conjunto de práticas sociais mais amplo que a gramática. Um falante nativo não erra a sua língua, uma vez que as questões históricas e geográficas influenciam na língua falada pela comunidade. Considerar que uma comunidade fala melhor que a outra, que um Estado sabe falar melhor que é outro é uma forma de inferiorizar grupos sociais. O que devemos considerar é a situação e a intenção. Deve-se escolher a língua que se adapta a cada situação e esteja de acordo com o objetivo a ser alcançado. Dentro do campo da linguagem verbal, temos os três grandes eixos desta disciplina: leitura, interpretação e escrita, sem deixar de lado a linguagem não-verbal, presentes hoje no campo da interpretação do mundo e da escrita. Linguagem Verbal Existem várias formas de comunicação. Quando o homem se utiliza da palavra, ou seja, da linguagem oral ou escrita, dizemos que ele está utilizando uma linguagem verbal, pois o código usado é a palavra. Tal código está presente quando falamos com alguém, quando lemos, quando escrevemos. De acordo com Fiorin (2002), a linguagem verbal é, então, a matéria do pensamento e o veículo da comunicação social. Assim como não há sociedade sem linguagem, não há sociedade sem comunicação. Como realidade material – organização de sons, palavras frases - a linguagem é relativamente autônoma: como expressão de emoções, ideias, propósitos, no entanto, ela é orientada pela visão de mundo, pelas injunções da realidade social, histórica e cultural de seu falante. A linguagem verbal é a forma de comunicação mais presente em nosso cotidiano. Mediante a palavra falada ou escrita, expomos aos outros as nossas ideias e pensamentos, estabelecemos comunicação e existimos em mundo feito de palavras. Ela está presente em textos, em propagandas, em reportagens (jornais, revistas etc.), em obras literárias e científicas, na comunicação entre as pessoas, em discursos (políticos, representantes de classe, candidatos a cargos públicos etc.); e em várias outras situações. A linguagem verbal é produzida com a utilização da língua e pode se apresentar na modalidade oral (falada) ou escrita Linguagem Não Verbal Linguagem não verbal é o uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, pintura, música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação. Dentro do contexto temos a simbologia que é uma forma de comunicação não verbal. Exemplos: sinalização de trânsito, semáforo, logotipos, bandeiras, uso de cores para chamar a atenção ou exprimir uma mensagem. É muito interessante observar que para manter uma comunicação utilizamos tanto a linguagem verbal quanto a não verbal. Linguagem Mista Linguagem mista ou híbrida é o uso simultâneo da linguagem verbal e da linguagem não verbal. Muito comum nas histórias em quadrinhos e nas propagandas. É ima linguagem com muito potencial, pois a união da linguagem verbal com a não verbal amplia o poder comunicacional. A linguagem não verbal é feita sem a utilização da língua e engloba: sons, cores, gestos, símbolos. A linguagem mista ou híbrida é feita com a utilização da linguagem verbal e não verbal ao mesmo tempo. CONCEITOS E IMPORTÂNCIA DA LEITURA Em um mundo altamente tecnológico, muitos acreditam que o celular e o computador são os instrumentos mais importantes para ser moderno, porém o que pouco se questiona é o que fazer com estes instrumentos, como utilizá-los de modo adequado e a favor do indivíduo e do seu bem-estar. Além disso, a LEITURA será o fator determinante para um bom uso das ferramentas tecnológicas. Recentemente uma amiga que viajou para a Espanha comentou a respeito da sua dificuldade durante a visita ao país. Segundo seu relato, não há no aeroporto, nas plataformas de trem ou metrô pessoas com função específica de ajudar a executar quaisquer procedimentos. Tudo está escrito em placas e folhetos e as pessoas seguem os procedimentos sem ficar perguntando, ou seja, elas se acostumam a ler as informações. Depois de ouvir sua história, refleti o quanto somos dependentes no Brasil. Não sabemos ler e seguir orientações, estamos perguntando a respeito daquilo que está escrito nas placas. Isso revela o nosso pouco hábito de ler, seja uma placa que indica o banheiro mais próximo, seja a orientação dada durante um procedimento no caixa eletrônico, seja mesmo um texto maior, mais elaborado como os que são necessários na formação acadêmica. Enquanto o brasileiro não for independente no campo da leitura, enquanto não conseguir ler e entender o que leu, não conseguirá desenvolvimento. Um país precisa de leitores competentes para alcançar o posto de desenvolvido. Assim, a leitura é primordial para o desenvolvimento individual e coletivo. A leitura é um passaporte para a independência, em especial, a acadêmica, posto que ler e entender o que leu são dois passos fundamentais para ter uma vida acadêmica satisfatória. Por isso, nesta unidade, trataremos da leitura e de sua importância na vida do universitário. Vários conceitos podem ser aplicados ao vocábulo “leitura”, um dos primeiros entendimentos, afirmava que ler era decodificar as palavras. Mas, o que é mesmo decodificar? Nas etapas de alfabetização,no primeiro processo de leitura, as crianças leem primeiro as sílabas e então formam as palavras. Quando conseguem ler as palavras, sem ser necessário ler as sílabas, diz-se que ela sabe decodificar, o que antes era considerado como leitura. Este é um conceito muito empobrecido do que verdadeiramente é a leitura, assim, vejamos como Paulo Freire2 define: A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. (FREIRE, 1989, p. 9). Para o educador, o mundo do leitor é fundamental para a compreensão da leitura. Vejamos como isso se dá na prática: Se eu gosto de carros, sei o nome das marcas, sei os modelos, acompanho toda a tecnologia de produção dos automóveis, certamente terei domínio do vocabulário relacionado ao tema: carros. Por isso, se for necessário ler algum material sobre este tema, será mais fácil de compreender o texto; por outro lado, se eu não sei nada sobre enfermagem, algumas expressões serão incompreensíveis. Se o assunto não faz parte do nosso mundo, temos mais dificuldade de compreensão. A grande questão que se põe é que na universidade não é possível negligenciar nenhuma disciplina, ainda que ela não seja do nosso mundo. Uma dica é viver mais, observar mais, ouvir as pessoas, todas elas, de todas 2 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. São Paulo: Autores Associados: Cortez, 1989. as idades, de todas as profissões. Essa é uma possibilidade de aprender sobre o mundo na sua diversidade. Outra questão para qual Freire aponta é o contexto: A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das relações entre o texto e o contexto. Atenção pra a definição de Contexto. Isso vai ser fundamental para a sua compreensão, não só de leitura, mas de interpretação e produção textual: O contexto se dá de dentro do texto para fora dele. É como se determinadas palavras, expressões me levassem do sentido do texto para o mundo real. Esse mundo real é o contexto. É possível que se parte de contextos para o texto, quando observando o mundo, o acontecimento e depois vamos aos textos para compreender o fato através das palavras. O contexto é determinante para o entendimento da leitura, sem ele, haverá a escrita, haverá leitor, haverá texto, mas não haverá compreensão. Vejamos: Exemplo 1 Fonte: http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2018/04/ Exemplo 2: Contexto é tudo aquilo que, embora não esteja no texto, é importante para sua compreensão. É o ambiente, é o sujeito da ação e sua função social, são os fatores sociais, culturais e psicológicos. É a situação concreta a que o texto se refere. Há diferentes tipos de contextos (social, político, cultural, estético, esportivo, educacional, histórico...). Fonte: https://www.otempo.com.br/capa/brasil/ A palavra guerra aparece nas duas manchetes, porém ela tem significado diferente, na primeira, sabe-se que há conflito armado na síria e ocorre verdadeiramente uma guerra; já no exemplo dois, trata-se da grande violência proporcionada pelo tráfico, mas não pode ser compreendida na mesma acepção do exemplo 1. Como sabemos disso? Simplesmente pelo contexto, somos brasileiros e sabemos que não estamos em guerra armada, por isso somos levados a compreender sob outra ótica. Vejamos mais um exemplo para compreender o que é o contexto: Fonte: http://www.fatoreal.blog.br/seguranca/falta-de-seguranca-e-uma-solucao-criativa/ Ao lermos a placa acima, sabemos que o lugar de compra é a casa onde está a placa. Como sabemos isso? Simples, nosso conhecimento de mundo, ou seja, o contexto, nos indica um conhecimento para além do que está escrito. Então, Paulo Freire está correto quando diz que não lemos apenas palavras, lemos antes, o mundo. Caso não sejamos bons leitores do mundo, teremos dificuldade na leitura das palavras. Observem que para compreendermos um conceito, tivemos que refletir sobre ele, ampliá-lo, entender o que significa a palavra mundo, o que é contexto, para então compreender plenamente o que o autor entende por leitura do mundo. Assim deve ser feito em todo ato de leitura, pois ler é um processo, é uma ação que envolve reflexão, busca, paciência e principalmente, prática. Quanto mais você lê, mais habilidoso você fica. Devemos também considerar a interrelação entre leitor e texto, pois o leitor não é um ser passivo, sem conhecimento anterior. Quando o leitor se põe a desvendar um texto, os conhecimentos anteriores são acionados e pode haver um diálogo com o texto. Soares3 (2000) amplia a concepção de leitura ao apresentar a relação entre leitor e autor mediado pelo mundo: Leitura não é esse ato solitário; é interação verbal entre indivíduos, e indivíduos socialmente determinados: o leitor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e com os outros; o autor, seu universo, seu lugar na estrutura social, suas relações com o mundo e os outros (SOARES, 2000, p. 18). O processo de interação entre livro e leitor é discutido por Leffa4 (1999) ao considerar a leitura como um processo interativo entre os esquemas do leitor e do autor, vivendo um momento sócio histórico. Dessa forma, a concepção de leitura interativa compreende leitura não como uma atividade de decodificação de itens linguísticos, como um processo dinâmico 3 SOARES, M. As condições sociais da leitura: uma reflexão em contraponto. In: ZILBERMAN, R.; SILVA, E. T. (Org.). Leitura: perspectivas disciplinares. São Paulo: Ed. Ática, 2000. p. 18-29. 4 LEFFA, V.J. Perspectivas no estudo da leitura: texto, leitor e interação social. In: LEFFA, V. J.; PEREIRA, A. E. (Org.). O ensino de leitura e produção textual: alternativas de renovação. Pelotas: Educat, 1999. p. 13-37. de construção de sentidos. Nessa concepção de interação, o leitor não é mero receptor de mensagens, ele se porta como coautor; Ampliando o conceito de leitura, Kleiman5 (2002) entende como um processo cognitivo que envolve uma relação entre: “o sujeito leitor e o texto enquanto objeto, entre linguagem escrita e compreensão, memória, inferência e pensamento”. Para esta autora, a leitura só pode acontecer quando aspectos cognitivos são acionados, dentre eles: compreensão, memória, inferência e pensamento. Destes quatro aspectos, dois merecem destaque: memória e inferência. Em primeiro plano, a memória é fator primordial na leitura porque será acionada para relembrar conhecimentos que se unirão ao novo conhecimento da leitura. Todas as vezes que se faz uma leitura, vem à mente outras leituras já feitas antes. Certamente que a memória só pode ser acionada se houver conhecimentos prévios. Quanto mais leitura se tem, maior é o repertório para ser relembrado. O segundo termo utilizado, inferência6, também é importante para a realização de uma leitura completa: A Inferência textual está relacionada à compreensão da leitura. Significa interpretar os elementos que estão explícitos e implícitos no texto, de modo que o leitor consigas ampliar a análise de tudo que foi escrito e 5 KLEIMAN, Ângela. Oficina de Leitura: Teoria e Prática. Campinas, SP: Pontes. 2002 6 https://www.significados.com.br/ Inferência é uma dedução feita com base em informações ou um raciocínio que usa dados disponíveis para se chegar a uma conclusão. Inferir é deduzir um resultado, por lógica, com base na interpretação de outrasinformações. Inferir também pode significar chegar a uma conclusão a partir de outras percepções ou da análise de um ou mais argumentos. compreender a ideia central do texto. A inferência textual pode requerer algum conhecimento prévio sobre o tema da leitura. Quando se realiza o ato de ler, nem sempre as informações estão claras e visíveis, nem sempre é possível compreender um texto apenas fazendo uma leitura literal. Para ampliar a compreensão alguns conceitos devem ser considerados, como os de: IMPLÍCITOS E EXPLÍCITOS7 Informações explícitas - São aquelas gritantemente expostas no texto. Não há necessidade de se aguçar a mente, de fazer um grande esforço para compreender a informações. Neste caso, a interpretação deve se voltar apenas ao que foi redigido no texto. Já os Implícitos são os elementos que o leitor deverá deduzir a partir de informações explícitas. O implícito requer a capacidade do leitor de deduzir o que o autor quis dizer no texto, mas não disse. Ou seja, é necessário que o leitor enxergue o que não está escrito, o que está nas entrelinhas. Vamos ler o implícito dos textos8 abaixo: Implícito – se a tartaruga não for monitorada, dificilmente se saberá a idade dela. 7 Marcelo Rosenthal; Lilian Furtado; Tiago Omena; Pedro Henrique. Interpretação de Textos e Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de concursos comentadas. Campus concurso. Acessado em <www.elsevier.com.br> 8 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf Quantos anos vive uma tartaruga? A tartaruga vive entre 80 e 100 anos. [...] As tartarugas estão entre os animais de vida mais longa e é o único animal hoje que vive mais que o homem. [...] Um dos critérios usados para saber a idade da tartaruga é contar os anéis que formam seu casco. Mas, com o passar do tempo, esse critério deixa de ser útil porque o número de anéis aumenta muito e não é mais possível distingui-los. Muitas vezes, o tamanho da tartaruga pode ser um indicativo da sua idade. SUPERINTERESSANTE, fev.1995. Implícitos – 1) o inchaço é passageiro, não é duradouro; 2) se for um número grande pode trazer consequências mais graves No campo dos implícitos estão os PRESSUPOSTOS E SUBENTENDIDOS que também são responsáveis por fazer uma boa leitura. Vamos agora verificar qual a distinção entre eles: PRESSUPOSTOS - o autor do texto emprega palavras ou expressões com a intenção de que o leitor realize a inferência. O autor não passasse uma informação completa, mas o uso de determinada palavra ou expressão dá a entender a ideia pretendida. Os pressupostos podem ser marcados por: Verbos – Os alunos deixaram o curso de língua inglesa, porque essa matéria não foi incluída no edital do concurso. o Com o emprego de DEIXARAM, o autor dá a entender que os alunos vinham cursando o Inglês, até a publicação do edital; não está escrito no texto que estavam cursando, mas pressupõe-se por conta do verbo. Advérbios – “João também não fez o que foi solicitado.” o Com o emprego do advérbio TAMBÉM, o autor da frase afirma que além de João, outras pessoas não fizeram o solicitado. Adjetivos – Os candidatos estudiosos têm grandes possibilidades de aprovação. Muita dor e inchaço é o que sente uma pessoa quando é picada por abelhas ou marimbondos. Este incômodo passa após algumas horas e não se sofre maiores consequências, desde que o ataque não tenha sido feito por um grande número de insetos. o Com o emprego do adjetivo ESTUDIOSOS, o autor pretende dizer há candidatos estudiosos e candidatos não estudiosos. E mais: que o candidato não estudioso tem menos possibilidades de aprovação. Orações adjetivas – Os funcionários que fizeram greve foram demitidos. o Com a oração adjetiva QUE FIZERAM GREVE com caráter restritivo, o autor leva o leitor a pressupor que aqueles que não fizeram greve continuaram empregados. Palavras denotativas – Mesmo João fez todos os exercícios. o Com o emprego da palavra denotativa de inclusão MESMO, pressupõe-se que todos fizeram os exercícios, inclusive João. Também se depreende que João era a pessoa com a menor expectativa de que fizesse os exercícios. SUBENTENDIDOS - A partir de uma informação, pelo menos aparentemente independente – já que o autor não usa palavra ou expressão evidenciando a intenção–, o leitor realiza uma leitura das entrelinhas, de elementos que não estão expostos, explícitos, mas que são lógicos em relação ao contexto. Às vezes, para se observar o subentendido, é necessário conhecer o contexto (momento político, social e até mesmo pessoal do autor). Vejamos nos exemplos9 abaixo como se dá o subentendido: 9 http://portaldoprofessor.mec.gov.br/storage/materiais/0000014237.pdf Subentendido – quando sai da adolescência pode se tornar hipócrita. Os adultos são mais hipócritas que os adolescentes. Subentendido – na letra da canção o autor relata que colocou uma carta em uma garrafa e embora não esteja escrito neste trecho que a garrafa será jogada na água, nosso conhecimento de mundo, nossa interpretação do contexto nos leva a esta compreensão, a este subentendido. Subentendido – a garçonete subentende que o açúcar era para adoçar o café e não um pacote. Não foi dito pelo Zezinho a quantidade de açúcar, mas no contexto da lanchonete, entende-se que é uma quantidade suficiente apenas para adoçar o café. O adolescente é um bicho ético, que detesta a hipocrisia: está procurando, em cada experiência nova, um fundamento da arte de viver. Para isso, a verdade é essencial. Cada experiência é decisiva porque ele sabe que em cada escolha está se construindo como pessoa. Tudo tem que ser falado, dissecado em miúdos. Coloquei uma carta Numa velha garrafa Mais uma carta De solidão Coloquei uma carta Um pedido da alma Salvem meu coração LS JACK. Uma carta. In:__ . ÁLBUM:V.I.B.E.[s.l.] gravadora Indie Records. Na Lanchonete, Zezinho pede uma média com leite e pão com manteiga. Depois de pagar, ele bebe o café, sente que não tem açúcar e pergunta: - Tem açúcar? Garçonete: - Tem sim. Zezinho. - Tenho que pagar de novo? Garçonete: - Não Zezinho: - Então me dá 2kg... Esquematizando as informações destacadas acima a respeito da inferência, temos: Ao fim desta unidade, você deve ter compreendido que a leitura é fundamental para o desenvolvimento do ser humano e, na universidade, será imprescindível para dar conta das exigências, pois nenhuma formação acadêmica se faz sem leitura e escrita. Observe no esquema abaixo os principais conceitos relacionados à leitura estudados até aqui: LEITURA Mundo Contexto Inferência Interaçãosubentendido pressuposto memória Inferência - dedução feita com base nas informações Explícitos - interpretação do que foi realmente escrito no texto Implícitos -enxergar nas entrelinhas do texto Pressuposto - palavras do texto que remetem ao entendimento Subentendido - não há palavras que remetam ao entendimento. Apenas o contexto. LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL TEMA 01 PARTE 02 – TIPOS E TÉCNICAS DE LEITURA Vamos agora estudar a respeito dos tipos de leituras que podemos fazer e das técnicas que podem tornar as leituras mais eficazes. Não se trata de receita para ler melhor, mas de processos de estudo bem definidos e detalhados que, se seguidos, podem proporcionar melhor desempenho na habilidade da leitura. Para Adler10 (1974) O processo de compreender um livro pode ser assim dividido: Deve se aproximar dele, primeiro, considerando-oum todo, com uma unidade e uma estrutura de partes; e, segundo, considerando seus elementos, suas unidades de linguagem e pensamento. Significa que o livro ou texto trata de um assunto em geral, o todo; mas esse todo é dividido em partes, capítulos e subtópicos. Além disso, deve-se considerar a linguagem do texto, a organização e o pensamento veiculado por ele. A leitura que você faz deve considerar estas questões: 10 ADLER, Mortimer J. A arte de ler: Como adquirir uma educação liberal. Tradução de: Inês Fortes de Oliveira. Rio de Janeiro: AGIR editora, 1974. Copyright de ARTES GRÁFICAS INDÚSTRIAS REUNIDAS S. A. (AGIR). Para auxiliar neste campo, a obra “A Arte de Ler”, de Mortimer J. Adler (1974) será de grande subsídio. Assim como a obra de Molina, “Ler Para Aprender”. Qual o todo deste texto – o assunto geral? Como está dividido? Como se organiza? A linguagem é simples ou precisa de mais atenção? Qual o pensamento veiculado pelo autor? Qual ideia realmente o autor quer passar? Adler (1974) lista três leituras distintas para que se obtenha um bom resultado. Para realizar a primeira leitura, ESTRUTURAL OU ANALÍTICA, é preciso saber: 1) que tipo de livro se lê, isto e, qual o assunto dele; 2) o que o livro, como um todo, procura dizer; 3) em quantas partes esse todo se divide e 4) dos problemas principais, quais são os que o autor está procurando resolver. Para a segunda leitura, INTERPRETATIVA OU SINTÉTICA, os passos são: 1) descobrir e interpretar as palavras importantes do livro; 2) fazer o mesmo para as sentenças importantes e 3) para os parágrafos que exprimem argumentos. 4) saber quais de seus problemas o autor resolveu, e quais deixou sem solução. A primeira leitura pode ser chamada estrutural ou analítica. O leitor procede do todo para as partes. A segunda leitura pode ser chamada interpretativa ou sintética. O leitor procede das partes para o todo. A terceira leitura pode ser chamada crítica ou avaliadora. O leitor julga o autor e vê se concorda ou não com ele. Quanto à leitura CRÍTICA OU AVALIADORA, várias observações podem ser feitas – quatro ao todo. Antes de criticar ou julgar um autor, tem-se sempre que compreendê-lo. Conheci muitos “leitores” que fazem, primeiro, a terceira leitura. Pior do que isso, nunca chegam a fazer as duas primeiras. Pegam o livro e logo começam a mostrar os defeitos dele. Estilo cheios de opiniões, e o livro é apenas um pretexto para exprimi-las. Não deviam ser chamados “leitores”. São como muitas pessoas que vocês conhecem, que acham que conversar é falar e, nunca, ouvir. Essas pessoas não merecem o esforço que se faz falando com elas, e, muitas vezes, nem merecem ser ouvidas. (ADLER 1974, p. 106) Verdadeiramente, esta é a leitura mais difícil de ser realizada porque, como leitor, preciso analisar a obra lida e discutir o assunto a partir de outros conhecimentos já existentes, bem como fazer algumas críticas. A respeito do conceito de crítica, precisa-se compreender numa visão mais ampla, pois, muitos alunos acreditam que criticar é falar mal, é discordar, é procurar defeito. No campo da ciência, criticar é estabelecer juízos a partir de outros conhecimentos. Você pode se questionar: A respeito deste assunto, em que o autor amplia a discussão? Quais elementos novos o autor estabelece para esta teoria, para este tema? Quais aspectos o autor não trata? Em que se parece com as ideias de outros autores? Em que difere de outros autores? Comparando com a realidade, como o se aproxima ou se distancia dela? Muito cuidado para não fazer críticas com base no senso comum, manifestando meramente sua opinião, sem nenhuma base teórica. Não se emite opinião pura e simples quando se trata de teoria, de conceito, de informação científica. Por isso, você dizer que concorda ou discorda porque você “acha”, não é o suficiente para fazer uma crítica da leitura. Para melhor compreensão do processo de leitura estabelecido por Adler (1974, p. 209-210), far-se-á uma análise de texto para servir de exemplo para você construir suas próprias análises. Vamos tomar como base uma notícia veiculada pela Isto É (https://istoe.com.br/) em 31/01/19 - 11h02 que trata sobre o estudo de pessoas com necessidades especiais. Cresce o número de estudantes com necessidades especiais Nos últimos cinco anos, de 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país, segundo dados do Censo Escolar divulgados hoje (31) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep). No mesmo período, também aumentou de 87,1% para 92,1% o percentual daqueles que estão incluídos em classes comuns. Em 2014, eram 886.815 os alunos com deficiência, altas habilidades e transtornos globais do desenvolvimento matriculados nas escolas brasileiras. Esse número tem aumentado ano a ano. Em 2018, chegou a cerca de 1,2 milhão. Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% nas matrículas. De acordo com dados do Censo, na rede pública está o maior índice dos estudantes em classes comuns. Nas escolas, 97,3% dos alunos com necessidades educacionais especiais estavam nessas classes em 2018. Na rede particular, o percentual foi 51,8%. Por lei, pelo Plano Nacional de Educação (PNE), o Brasil deve incluir todos os estudantes de 4 a 17 anos na escola. Os estudantes com necessidades especiais devem ser matriculados preferencialmente em classes comuns. Para isso, o Brasil deve garantir todo o sistema educacional inclusivo, salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. Segundo os dados do Censo, 38,6% das escolas públicas de ensino fundamental e 55,6% das privadas têm banheiros para pessoas com necessidades especiais. Além disso, também no ensino fundamental, 28% das escolas públicas e 44,7% das particulares têm dependências adequadas para pessoas com necessidades especiais. No ensino médio, 60% das escolas públicas e 68,7% das escolas particulares dispõem de banheiro especial e 44,3% das públicas e 52,7% das privadas têm dependências adequadas. ANÁLISE E ESTRUTURA DE UM LIVRO/TEXTO Veja abaixo um exemplo de análise da estrutura: Tipo e assunto: o texto é uma notícia de jornal. Seu assunto é a inclusão de pessoas com necessidades especiais na escola Constituição: dividido em 6 parágrafos com informações e muitos dados estatísticos. Enumeração das partes: Apresenta o aumento de pessoas com necessidades nas escolas; Retrospectiva – de 2014 a 2018 Censo Lei - Plano Nacional de Educação (PNE) Censo Diferença escola pública e escola particular Problema: a inserção de pessoas com necessidades especiais nas escolas brasileiras Vejamos agora como proceder para fazer a interpretação do conteúdo do livro ou do texto estudado: Classificá-lo de acordo com seu tipo e seu assunto. Expor, com a máxima brevidade, sua constituição. Enumerar as partes principais em sua ordem e relação, e analisá-las como se analisou o todo. Definir o problema ou problema; que o autor está procurando resolver INTERPRETAÇÃO DO CONTEÚDO DE UM LIVRO Proposições principais: De 2014 a 2018, o número de matrículas de estudantes com necessidades especiais cresceu 33,2% em todo o país; Entre 2017 e 2018, houve aumento de aproximadamente 10,8% nas matrículas; Plano Nacional de Educação (PNE): o Brasil deve incluir todos os estudantes de 4 a 17 anos na escola, preferencialmente em classes comuns. Todo o sistema educacional inclusivo: salas de recursos multifuncionais, classes, escolas ou serviços especializados, públicos ou conveniados. Segundo os dados do Censo, metade das escolas públicas e particulares têm estrutura para receber alunos com necessidades especiais Argumentos do autor: O argumento principal do autor está nos dados estatísticos do Censo e de outras pesquisas Problemas que o autor resolveu e não resolveu O autor claramente aponta o crescimento das matrículas dos alunos com necessidades especiais. Destaca de forma satisfatória o crescente número de alunos nesta condição nas Compreender as proposições principais do autor, estudando suas sentenças mais importantes. Conhecer os argumentos do autor, descobrindo-os na série de sentenças ou construindo-os fora delas. Indicar que problemas o autor resolveu e que problemas não resolveu; e, quanto aos últimos, ver se o autor reconheceu seu fracasso. escolas brasileiras. De forma superficial trata a respeito das condições das escolas para receber estes alunos, mas não enfatiza o descaso com muitos prédios escolares que sequer têm rampa para cadeirantes. Além disso, o autor não trata da formação dos professores para atender à necessidade deste público. CRÍTICA DE UM LIVRO COMO TRANSMISSÃO DE CONHECIMENTOS Antes de iniciar esta etapa de leitura, atente para as Máximas Gerais propostas pelo autor: 1. Não começar a crítica antes de completar a análise e a interpretação. (Não digam que concordam, discordam ou deixam de julgar, antes de poderem dizer “Compreendo”.) 2. Não discordar, como se se estivesse brigando ou disputando. 3. Respeitar a diferença entre o conhecimento e a opinião, apresentando os motivos de qualquer julgamento crítico que se fizer Critérios Específicos de Observação Crítica Autor não está informado: Mostrar em que o autor não está informado. Mostrar em que o autor está mal informado. Mostrar em que o autor é ilógico. Mostrar em que a análise ou concepção do autor é incompleta. Qual a estrutura necessária para receber alunos com necessidades especiais; Formação adequada de professores para esta necessidade dos alunos; Recursos pedagógicos; Autor mal informado: Acredita que apenas banheiros adequados é o suficiente para inserir um aluno com necessidade especial na escola Autor ilógico: Nos dados estatísticos percebe que apenas metade das escolas atendem às necessidades dos alunos com necessidades especiais em relação ao banheiro, mas não faz nenhuma referência para mostrar a ineficiência das escolas neste campo. Análise incompleta: Não demonstra a realidade das escolas brasileiras, pois em grande parte não têm condições estruturais para receber surdos, cegos, autistas e demais necessidades especiais. Mostrando apenas os dados de matrícula aparenta dizer que estas crianças estão verdadeiramente tendo acesso à educação, mas resta saber se completam o ano escolar e o que aprendem durante o ano. FAULSTICH11 (2002) também estabelece tipos de leitura pra os textos técnicos. Ele divide em 2 tipos de leitura, a INFORMATIVA e a INTERPRETATIVA, como demonstrado abaixo: 11 FAULSTICH, Enilde L. de J. Como ler, entender e redigir um texto. Petrópolis: Editora Vozes, 2002. É importante destacar que FAULSTICH (2002) segue as capacidades cognitivas estabelecidas por Benjamin Bloom12 et alii adaptadas para o processo de leitura interpretativa. Como pode ser observado, a leitura não é uma tarefa simples como muitos acreditam ser. Ela requer tempo e cuidado para que não seja superficial e sem significado. 12 BLOOM. S. B. et. alii. Taxionomia dos objetos educacionais. Porto Alegre, Globo, 1973. LEITURA TÉCNICA LEITURA SELETIVA Identificar dentro de cada parágrafo a palavra- chave da ideia central e as palavras-chave das ideias secundárias Selecionar na sequência esse conjunto de palavras que formarão o resumo do texto LEITURA CRÍTICA Leitura abrangente do assunto Reconhecer a hierarquia das ideias Verificar como o texto está organizado, dividido LEITURA INFORMATIVA LEITURA TÉCNICA COMPREENSÃO Entender a mensagem literal defendida pelo autor. entender o ponto de vista, a tese ANÁLISE Desdobrar o texto em partes percebendo a relação das partes com o todo SÍNTESE Retirar de cada parágrafo as ideias centrais e ordenar as ideias principais AVALIAÇÃO Julgar, criticar as relações lógicas evidenciadas no texto e sua aplicação científica APLICAÇÃO Associar assuntos paralelos. Utilizar o assunto aprendido no texto em outros textos. projeção de novas ideias a partir do conhecimento adquirido LEITURA INTERPRETA TIVA Compreender a leitura como um processo é fundamental para o seu sucesso. Se você pensar em leitura como pegar o texto, ler de qualquer jeito e finalizar, possivelmente serão perdidas muitas informações. Por isso, essa ideia de processo: primeira leitura para conhecer o texto e fazer um rápido mapeamento; segunda leitura para apreender a essência do texto, a ideia defendida pelo autor e só então pode-se fazer críticas ao texto, relacionar o texto com outros textos. Também é bom lembrar que um livro, um texto, um artigo pode ser relacionado a outros tipos de informação: documentários, filmes, séries, novelas, desenhos animados, músicas, quadros. Lembre-se de que todo o conhecimento de mundo deve ser acionado quando se faz uma leitura porque só assim é possível estabelecer relações, comparar, criticar. Neste capítulo, foram apresentados dois modelos de técnicas de leitura, de processo de leitura: a primeira, de Adler (1974), com 3 etapas bem detalhadas e que podem servir para leituras mais exigentes; a segunda, de Faulstich (2002) apresenta 2 etapas que servirão para leituras mais rápidas. Ao final desta unidade, o que você precisa ter compreendido é que a leitura é parte do processo de formação universitária. Não há formação, não há conhecimento sem leitura, por isso, se você quer investir em uma formação acadêmica séria, consistente, de sucesso, leia todos os textos, todos os livros indicados e solicitados pelo professor. Leia com cuidado, com calma, com paciência. Mesmo que no começo, pareça uma tarefa chata e enfadonha, não desista. Cada vez que você lê um texto completo, mais fácil fica a leitura do próximo e assim, você constrói o gosto pela leitura. Apesar de ser um assunto tratado pela disciplina de Metodologia do Estudo, tratar-se-á de algumas técnicas utilizadas na universidade durante o processo de leitura ou mesmo após a leitura. As informações são de MEDEIROS13, 2011 e são úteis para cumprir as principais atividades de leitura na universidade. Durante o estudo, em especial um estudo independente em que está apenas você e o texto, você precisa: a) Anotar; b) Esquematizar o texto; c) Transformar o texto em roteiro; d) Realizar resumos. ANOTAÇÃO Este é um ponto de partida para qualquer estudante, seja diante de uma aula expositiva, uma palestra ou um livro. Realizar anotações ajuda a compreender melhor o que está sendo lido e depois serve como ponto de partida para outras atividades. Medeiros, (2011, p. 8) considera a anotação como “[...] processo de seleção de informações para posterior aproveitamento” Antes de iniciar as anotações é preciso definir onde elas serão feitas e isso depende de você, enquanto estudante e do propósito da leitura. Você pode anotar no próprio livro/texto, em um caderno, em um bloco de anotações ou mesmo no computador ou tablet. Caso você esteja lendo vários livros, é bom registrar a fonte de onde as anotações foram extraídas. 13 MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-27Ex.: MEDEIROS, João Bosco. Como tornar o estudo e a aprendizagem mais eficazes. In: ______. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos, resenhas. 11. ed. São Paulo: Atlas, 2011. cap. 1, p. 5-18. Medeiros, 2011 classifica as anotações em: a) Anotações corridas: Realizar a leitura total do texto, sem interrupção; Reler o texto, levando em consideração as palavras desconhecidas; localizando-as no dicionário – anotar o mais próximo possível; Buscar em enciclopédias e almanaques, informações relevantes para a compreensão do texto, sejam elas: históricas, geográficas entre outras; Só destacar os trechos e as palavras-chave após ter compreendido o texto; Realizar a redação da anotação corrida e submetê-la a uma avaliação própria; havendo a necessidade de correções, refazer a redação. b) Anotações esquemáticas: “Ordenam hierarquicamente as partes principais do conteúdo de uma comunicação” (MEDEIROS, 2011, p. 8). Deve ser realizada após o estudo do texto e as anotações corridas. Pode ser apresentado como: 1) esquema vertical das ideias do autor; ou 2) por chaves ou diagramas. Há diversos tipos de esquemas, dentre eles o mapa- conceitual, os organogramas; c) Anotações resumidas: “[...] proporciona melhores resultados para a leitura, bem como para a própria redação. [...] só consegue fazer um bom resumo quem realmente assimilou as ideias principais do texto” (MEDEIROS, 2011, p. 13). Apresenta a síntese de informações extraídas de livros, artigos e exposições orais. O resumo consiste na condensação de um texto, apresentando as ideias principais, respeitando a estrutura e a inter-relação das ideias. Deve ser feito em parágrafos mantendo as ideias do texto, mas com a escrita do aluno; resumo não é cópia de partes do texto, é uma síntese das principais ideias, reescrita pelo aluno. MEDEIROS (2011) chama atenção para dois fatores importantes: A técnica de SUBLINHAR, tão comum no ato de ler, porém mal utilizada pelos alunos, pois tendem a sublinhar indistintamente, sem considerar o que de fato importa. O autor indica que não deve ser feito na primeira leitura e deve-se sublinhar apenas as ideias principais, as palavras- chave. Também solicita atenção especial para o VOCABULÁRIO, pois “[...] quem pouco lê tem vocabulário reduzido” (MEDEIROS, 2011, p. 16). A leitura se torna incompreensível, portanto, ineficaz, se não há domínio do vocabulário. Recomenda-se buscar no dicionário toda palavra desconhecida que aparece no texto ou tentar descobrir o sentido da palavra no contexto. LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL TEMA 02 PARTE 01 – INTERPRETAÇÃO: DA PALAVRA À COMUNICAÇÃO Parece simples afirmar que a interpretação de um texto está diretamente ligada às palavras do texto e só elas são importantes. Já vimos na unidade que trata da leitura a sua ampla concepção, envolvendo o conhecimento de mundo. Todo o aprendizado sobre a leitura é importante para esta etapa em que trataremos da interpretação textual. É preciso ter em mente que interpretar um texto é um processo complexo, envolve diversos campos do conhecimento, desde o sentido das palavras, passando pelo gênero e pelo processo de comunicação. Primeiramente, vamos tratar do sentido que as palavras apresentam dentro do texto, pois assim teremos condição de focar nossa atenção e direcionar a interpretação do texto para o sentido que as palavras ganham naquele texto. Relativo à palavra, temos dois sentidos, que são: denotação e conotação. Estes mecanismos devem servir para que o leitor atente melhor para o que foi escrito/dito e, assim, interpretar mais facilmente o que foi comunicado. O sentido do texto nem sempre está no sentido real da palavra, ou seja, no sentido literal, por isso, o produto do texto vela significados para desvelá-los (...). Para que o leitor entenda os textos, é preciso perceber a relação entre o que se diz e o que se quer dizer (PLATÃO E FIORIN14, 2006, p. 328). Dependendo de qual sentido as palavras expressam na oração, seu sentido pode ser alterado e ter significado fora do usual. Por isso, é importante conhecermos estes dois sentidos. Vejamos: 14 SAVIOLI, F. Platão & FIORIN, J. Luiz. Lições de texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2006, p. 328. Sentido denotativo É o literal, comum; aquele que exprime a significação usual da palavra Ex: Eu acredito em anjo, por isso peço proteção a eles. Neste exemplo, a palavra anjo significa: no cristianismo, no judaísmo e no islamismo, ser puramente espiritual, servidor de Deus e mensageiro entre Ele e os homens. Podemos observar que o sentido desta palavra é o usual, o literal, logo, podemos afirmar que ela está no sentido denotativo. Se utilizarmos anjo em outro contexto: Ex: Aquele menino sempre foi um anjo Vamos observar que o sentido da palavra é figurativo, é uma forma de dizer que o menino é bom, não está empregada de modo literal. Assim, temos: De modo sintético, podemos dizer que: Vamos compreender o conceito aplicado a alguns exemplos: Sentido conotativo Figurado; depende de um contexto particular. Palavra Denotação Sentido real Conotação Sentido figurado Veja a relação feita pela autora do texto. Ele associa a palavra “palavra” a “armas”, afiadas, flecha. Temos aqui o sentido conotativo, pois as palavras não são armas de verdade, a autora está utilizando o sentido figurado. Neste caso, o trabalho do leitor para interpretar o texto é maior, pois ele precisa compreender o sentido que estas palavras querem dar ao texto. No caso do texto em questão, quando afirma que as palavras são armas, ela quer dizer que podem machucar, ofender, causar danos; quando se refere a flechas, quer enfatizar o quanto uma palavra pode adentrar a mente da pessoa e ficar por muito tempo. Portanto, a associação de palavras a armas simboliza o perigo. Como afirma Affonso Romano De Sant'anna: Há vários modos de matar um homem: com o tiro, a fome, a espada ou com a palavra -envenenada. Não é preciso força. Basta que a boca solte a frase engatilhada e o outro morre - na sintaxe da emboscada. Diariamente utilizamos expressões que são conotativas e precisam ser traduzidas para obtermos o sentido que verdadeiramente querem dar. Em outros casos, as palavras estão no seu sentido literal: É preciso ter cuidado com as palavras. Elas são verdadeiras armas. Algumas vezes mortais. Certas pessoas têm o dom de dizer as mais afiadas, que entram feito uma flecha envenenada. Porém, em muitos casos, o atingido é aquele que usou a arma, ou seja, o falador. Esse, por exemplo, pode sofrer horríveis arrependimentos por ter dito o que não deveria ter dito. Mas como não dizer aquilo que pensamos? Há maneiras de dizer sem dizer, e de dizer, desdizendo. (Ana Miranda. O oráculo insondável. In: Correio Braziliense, Caderno C, p. 10, 2/4/2006 (com adaptações). Observe algumas expressões idiomáticas conotativas que utilizamos no dia a dia: Olha o passarinho! Na metade do século 19, os fotógrafos tinham de permanecer parados por até 15 minutos, a fim de que sua imagem fosse impressa dentro da máquina. Fazer as crianças ficarem imóveis por tanto tempo era um verdadeiro desafio. Por isso, gaiolas com pássaros ficavam penduradas atrás dos fotógrafos, o que chamava a atenção dos pequenos. Assim, a expressão “Olha o passarinho” ficou conhecida como a frase dita pelo fotógrafo na hora da pose para a foto. Motorista barbeiro Antigamente, os barbeiros eram conhecidos não apenas por realizar o corte de cabelo e barba, mas também por desempenhar tarefas como: extração de dentes, remoção de calos e unhas, entre outros. Geralmente, os serviços extras deixavam consequênciasdesagradáveis aos clientes. No século 15, o termo “barbeiro” era atribuído a atividades mal executadas. Com o tempo, passou a ser relacionado A menina passou o dia de cara amarrada. A sacola foi amarrada para maior segurança O temporal varreu as ruas assustadoramente. A vizinha varreu a rua Ele ficou no fundo do poço por causa das drogas O homem desceu até o fundo do poço para colocar o equipamento aos motoristas. Daí a expressão “motorista barbeiro”, ou seja, mau motorista. Bafo de onça A onça é um animal carnívoro que se lambuza bastante na hora de comer a caça. Por esta razão, fede muito e sua presença é detectada a distância, na mata. Assim, pessoas que possuem o hálito fétido passaram a ser chamadas de “bafo de onça”. A expressão também faz referência ao hálito de quem está (ou esteve) alcoolizado. Santinha do pau oco Expressão que se refere à pessoa que se faz de boazinha, mas não é. Nos séculos 18 e 19, os contrabandistas de ouro em pó, moedas e pedras preciosas utilizavam estátuas de santos ocas por dentro. O santo era “recheado” com preciosidades roubadas e enviado para Portugal. Disponível em: http://www.soportugues.com.br/secoes/proverbios /index.php. Outro aspecto fundamental na interpretação do texto é saber como a comunicação/oral ou escrita está sendo produzida, qual é o centro dela. Para isso, precisamos estudar o processo da comunicação, como afinal acontece esse processo tão comum entre os seres humanos? Vamos estudar agora a teoria da comunicação a partir da perspectiva de um grande estudioso desta questão Roman Jakobson15 (2007). Este 15 JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. Tradução de Izidoro Blikstein e José Paulo Paes. São Paulo: Editora Cultrix, 2007. estudioso estabeleceu alguns elementos importantes quando acontece ou para que aconteça a comunicação. Nas palavras do autor: Analisemos os fatores fundamentais da comunicação linguística: qualquer ato de fala envolve uma mensagem e quatro elementos que lhe são conexos: o emissor, o receptor, o tema (topic) da mensagem e o código utilizado. A relação entre esses quatro elementos é variável (JAKOBSON, 2007, p. 19). Esses elementos podem aparecer sozinhos ou em conjunto em um texto e constituem uma hierarquia entre elas, por isso é importante saber qual é o verdadeiro eixo da comunicação, qual a função primária e quais as funções secundárias, qual é a intenção do escritor, para qual elemento verdadeiramente a comunicação se volta. Na poesia acima temos a 1ª. Pessoa e a 2ª. Pessoa, mas o predomínio é da 1ª. Pessoa, pois é o EU que direciona o texto, é, portanto predominantemente emotivo, embora tenha trecho conativo. Importante também destacar que “o problema essencial para a análise do discurso é o do código comum ao emissor e ao receptor e subjacente à troca de mensagens” (JAKOBSON, 2007, p. 21). Como veremos mais adiante, o código verbal é a língua portuguesa e deve ser comum tanto para o emissor quanto para o receptor, sem isso, não há comunicação entre ambos. Vejamos como Jakobson (2007, p. 122) estruturou a teoria: O REMETENTE envia uma MENSAGEM ao DESTINATÁRIO. Para ser eficaz, a mensagem requer um CONTEXTO a que se refere (Ou "referente", em outra nomenclatura algo ambígua), apreensível pelo destinatário, e que seja verbal ou suscetível de verbalização; um CÓDIGO total ou parcialmente comum ao remetente e ao destinatário (ou, em outras palavras, ao codificador e ao decodificador da mensagem); e, finalmente, um CONTACTO, um canal físico e uma conexão psicológica entre o remetente e o destinatário, que os capacite a ambos a entrarem e permanecerem em comunicação. Todos estes fatores da comunicação verbal foram esquematizados pelo autor como: CONTEXTO REMETENTE MENSAGEM DESTINATÁRIO ------------------------------------------------------- CONTACTO - CANAL CÓDIGO Vamos analisar melhor cada um destes elementos propostos por Jakobson (2007): Vejamos como esse processo de comunicação se dá, analisando algumas situações concretas: 1) Situação de escrita: Quando escrevemos, temos a intenção que alguém leia o conteúdo e o entenda. A pessoa que escreve é o emissor. A pessoa que lê é o receptor. O meio, o veículo no qual vamos fixar as palavras, pode ser papel, computador, celular, muro, camisa é o canal. O assunto, os fatos, o raciocínio que o emissor expõe é denominado referente ou contexto. A língua que o emissor utiliza é o código. E o entendimento é a mensagem. 2) Jornal da TV: O apresentador do jornal é o emissor. Quem assiste ao jornal é o receptor. Imagine que ele está noticiando um campeonato de futebol, este é referente ou contexto, ou seja, é o assunto que ele está tratando. Sua voz e todos os aparatos tecnológicos da TV são o canal, são o veículo por onde E L E M E N T O S D A C O M U N IC A Ç Ã O REMETENTE – também considerado EMISSOR – o que manda, envia, fala, escreve uma mensagem. Está centrada no EU – primeira pessoa singular. DESTINATÁRIO – também denominado RECEPTOR – o que recebe a mensagem. Está centrado no TU/VOCÊ – 2ª. Pessoa; CONTEXTO – também conhecido como REFERENTE - é a informação, o conteúdo, o assunto a ser tratado; CÓDIGO – símbolo utilizado para a realização da comunicação. Se for verbal é a língua falada; se for não verbal é o gesto, o som, as cores etc.; CONTACTO – também denominado de CANAL – é o veículo/meio por onde passa ou se fixa o código; MENSAGEM – significado da comunicação, entendimento. passa a comunicação. Ele usa principalmente a língua portuguesa, que é o código. A compreensão do tema é a mensagem. 3) Um telefonema: A pessoa que liga é o emissor, quem atende é o receptor. O assunto tratado é o referente ou contexto. A voz e o telefone são o veículo por onde o código passa, é o canal. A língua portuguesa é o código. O entendimento do assunto é a mensagem. Uma mensagem no muro: Fonte: tumblr.com A pessoa que escreveu a mensagem no muro é o emissor, todos os que lerem a informação, serão receptores. O assunto tratado é o referente ou contexto. O canal, ou seja, o veículo onde está fixado o código é o muro. A língua portuguesa escrita é o código. O entendimento é a mensagem. Uma camisa: Fonte: https://www.mitoucamisetas.com.br/ A pessoa que vai usar a camisa é o emissor, todos os que lerem a informação, serão receptores. O assunto tratado é o referente ou contexto. O canal, ou seja, o veículo onde está fixado o código é a camisa. A língua portuguesa escrita é o código. O entendimento é a mensagem. SINTETIZANDO: Assim, para que a comunicação possa acontecer de forma satisfatória, todos estes elementos devem ser considerados, sob pena de termos um ruído na comunicação: Após compreender este assunto, vamos ampliar nosso estudo para as funções da linguagem, tema que está diretamente ligado aos seis elementos da comunicação já estudados. É importante que você tenha compreendido todos os seis elementos da comunicação para que possa compreender com facilidade o que vamos estudar agora. Quando a comunicação acontece temos: O emissor transmite uma mensagem ao receptor através de um canal tratando de um contexto ou referente utilizando um código comum. Ruído – É tudo o que dificulta a comunicação, interfere a transmissão e perturba a recepção ou compreensão da mensagem; tudo o que possibilita a perda de informação durante o transporte da mensagem entre o emissor e o receptor. Cada função da linguagem está relacionada a um elemento de comunicação. Assim: Cada um desses seis fatores determina uma diferente funçãoda linguagem. Embora tenhamos seis funções da linguagem, dificilmente encontraríamos mensagens verbais que estivessem voltados apenas para uma única função. Jakobson (2007, p. 123-126) determina as funções como forma de compreender em que elemento da comunicação a informação está centrada, tendo em vista que se o objetivo da comunicação for o emissor, o centro da comunicação é ele, ou seja, o assunto a ser tratado é o próprio emissor. Se sabemos desta informação, certamente temos mais facilidade para compreender o texto em questão. Detalhando cada uma delas, temos: Função EMOTIVA ou "expressiva", centrada no REMETENTE/EMISSOR, “visa a uma expressão direta da atitude de quem fala em relação àquilo de que está falando. Tende a suscitar a impressão de uma certa emoção, verdadeira ou simulada”. Nesta função, o tema é tratado em 1ª. Pessoa singular, são as opiniões, os sentimentos do emissor. Obs: só poderá ser função emotiva se a comunicação for feita em 1ª. Pessoa. Caso contrário, será outra função. Se a informação se volta para o emissor – FUNÇÃO EMOTIVA Se a informação se volta para o receptor – FUNÇÃO CONATIVA Se a informação se volta para o canal – FUNÇÃO FÁTICA Se a informação se volta para o código – FUNÇÃO METALINGUÍSTICA Se a informação se volta para o contexto – FUNÇÃO REFERENCIAL Se a informação se volta para a mensagem – FUNÇÃO POÉTICA Ex: Vejamos o exemplo abaixo: Observe no exemplo que o texto está em 1ª. Pessoa singular, sabemos disso pelos pronomes e pelos verbos, como destacados. O objetivo desta comunicação é tratar do sujeito que fala, que escreve para contar sobre si mesmo. Temos aqui a comunicação centrada no emissor. Função CONATIVA, centrada no receptor. Esta função age diretamente sobre o receptor de modo a fazer com que ele execute a solicitação, a ordem, o pedido do emissor. São comunicações que partem do emissor com a intenção de que sejam executadas pelo receptor. É a função feita em 2ª. Pessoa – TU/VOCÊ; é a função do verbo no imperativo, os verbos de ordem; também pode ser feita em forma de pedido ou solicitação. Obs: deverá vir em 2ª. Pessoa, mesmo que oculta ou com verbos no imperativo. Ex: Use camisinha! (ordem) Beba Coca-Cola! (ordem) Diga não às drogas! (ordem) Se dirigir, não beba! (ordem) “Se você procura o melhor imóvel, vá logo ao endereço certo” (uso da 2ª. Pessoa você) (Folha de São Paulo) Por favor, dê-me o caderno de anotações! (pedido) A PRIMEIRA NOITE DE LIBERDADE Cristovão Tezza Fui levado pela velha até o sótão; o excesso de gentileza era a evidência de que me enganavam. Docilmente me deixei levar; mãos nas minhas costas, ela me conduzia balbuciando consolos. Não ousei fazer perguntas. De qualquer modo, me responderiam com mentiras. Função FÁTICA, vão aparecer em mensagens que servem basicamente para prolongar ou interromper a comunicação, para verificar se o canal funciona ("Alô, está me ouvindo?"), para atrair a atenção do interlocutor ou confirmar sua atenção continuada (pois, é; huhum; é...; então; isso, isso...; hummm) Obs: diz-se que a função fática não favorece uma comunicação. Seu objetivo maior é manter uma conversa ou checar se o canal está funcionando e pode ser utilizado, é o caso do alô, para checar se o telefone – canal desta comunicação – está funcionando; caso também de quando checamos aparelhagem de som: “alô, som, testando, 1,2,3”. Função METALINGUÍSTICA, voltada para o código. No caso, se a linguagem for verbal, o código dos brasileiros é a língua portuguesa. Assim, toda comunicação feita para tratar do código está na função metalinguística. Dizemos que seria o código – língua portuguesa que tem como assunto o próprio código – a língua portuguesa. Ex: o dicionário usa a língua verbal escrita – língua portuguesa para tratar do significado das palavras da língua portuguesa. Observe que temos um material em língua portuguesa que vai tratar da língua portuguesa, é, portanto, função metalinguística Obs: uma forma de reconhecer a função metalinguística é fazer duas perguntas: Em que língua está escrita? Ou qual a forma de composição Qual o assunto? Se a resposta para as duas for: “a língua portuguesa, teremos função metalinguística. Vamos a alguns exemplos: a) A gramática é metalinguística – Em qual língua está escrita? Língua portuguesa Qual o assunto? Normas e regras da Língua portuguesa Temos então, o código para tratar do código b) Um manual de redação – Qual a forma de composição? redação Qual o assunto? Normas e regras da produção de redação Temos então, o código para tratar do código, ou seja, temos um material escrito em língua portuguesa, utilizando redação para tratar do assunto redação. Uma poesia cujo assunto é a poesia: Qual a forma de composição? poesia Qual o assunto? poesia Temos então, o código para tratar do código, ou seja, a poesia foi feita para tratar dela mesma. E se o assunto da poesia fosse o amor, ainda seria metalinguística? Não, porque o código não estaria tratado dele mesmo, estaria tratando de outro assunto. Observe: “Gastei uma hora pensando no verso Que a pena não quer escrever (...) mas a poesia deste momento Inunda minha vida inteira” (Carlos Drummond de Andrade) Temos função poética por conta da estrutura em verso, mas se perguntarmos, qual a forma de composição? A resposta é: em verso; qual o assunto? A escrita de um verso. Temos função metalinguística porque o código se volta para o código. Também podemos afirmar que há função emotiva no 1º. e 4º. Versos por conta da 1ª. Pessoa do singular – eu. Importante destacar que também temos função metalinguística na linguagem não verbal ou mista, como podemos observar abaixo: Neste caso, a palavra jornalismo carrega os símbolos do jornalismo. Utilizou-se a palavra para representar os elementos relacionados à palavra. Podemos dizer que o código (palavra) está sendo utilizado para tratar do próprio código (elementos da profissão). Função REFERENCIAL, está centrada na informação, o fato, o assunto. O objetivo desta função é tratar especificamente do assunto sem interferência do emissor e sem apelo ao receptor. Há uma pretensa busca pela imparcialidade. É feita em 3ª. Pessoa singular/plural ou mesmo na 1ª. Pessoa do plural. Esta é a função dos textos acadêmicos, de toda comunicação científica. Obs: Atente para não confundir, a função emotiva está ligada à 1ª. pessoa do singular. A função referencial aceita a 1ª. pessoa do plural. Quando a comunicação é feita com vistas a tratar do assunto, sem utilizar a 1ª. Pessoa singular ou a 2ª. Pessoa. Assim, se o tema é “trabalho infantil”, deve-se tratar especificamente do assunto sem dar opinião pessoalizada – eu acho, eu penso, eu acredito ou fazer apelo ao receptor – você deve ter cuidado. O exemplo abaixo demonstra como o assunto é tratado de modo isento de opinião e apelos Função POÉTICA, quando a mensagem é centro da informação. Embora ela esteja voltada para a mensagem, esta função tem características muito particulares, quais sejam: estrutura em forma de verso, estrofes, e pode ter linguagem figurada Quando os favores acabam, começa a ingratidão Por Delmo Menezes - 5 de agosto de 2016 Ingratidão é uma forma de fraqueza. “A ingratidão é o mais horrendo de todos os pecados”, já dizia Alexandre Herculano. Ser ingrato tem a ver com o ser humanista, porque o humanista atribui suas vitórias a ele mesmo, e não a um ser supremo. Johann Goethe diz: “Jamais conheci homem de valor que fosse ingrato”. O ingrato não reconhece que sem ajuda, não chegaria a lugar nenhum. Esquece com muita facilidade as coisas boas que lhe fizeram. Vive no “seu mundo”, busca apenas os seus próprios interesses. É um tipo de pessoa que se torna cega para o amor (e doação) de quem está aolado. O pior erro de um ingrato, é afastar as pessoas que mais se importam com ele. As pessoas esquecem que um dia podem precisar de você novamente. A ingratidão é falta de bom senso, de visão, de sabedoria e de humildade. O ingrato não vê o que os outros vêem e nem sentem o que os outros sentem, não por que não querem ou não desejam, mas por incapacidade, por fraqueza moral e ausência de amor. Há na cabeça do ingrato, um vazio de amor ao próximo, que se manifesta não eventualmente, mas permanentemente. [...] Obs: pode-se dizer que toda comunicação estruturada em forma de versos – em linhas – está na função poética, independente de outras características que possa ter. Importante considerar as duas formas de composição: prosa e verso Exemplo: Minha terra tem palmeiras (1ª. Linha – 1º. Verso) Onde canta o sabiá (2ª. Linha – 2º. Verso) As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá [...] Não permita Deus que eu morra sem que eu volte para lá Sem que desfrute os primores que não encontro por cá. [...] Podemos considerar que a função é poética por conta da estrutura em versos. Também podemos considerar que no 1º., 4º. e 5º. versos temos também função emotiva por conta da 1ª. Pessoa do singular – eu. Observe outro exemplo: “Só uma coisa me entristece O beijo de amor que não roubei A jura secreta que não fiz A briga de amor que eu não causei” (Abel Silva) Neste exemplo, temos uma letra de música que é também função poética por causa da estrutura em verso, mas também é emotiva por conta da 1ª. Pessoa singular em todos os versos. Vejamos o esquema dos fatores fundamentais com um esquema correspondente das funções: Prosa – toda comunicação feita em parágrafos; Verso – toda comunicação feita em linhas. Fonte: Jakobson (2007) Dificilmente encontramos mensagens em que haja apenas uma dessas funções. Normalmente elas se organizam em nossa vida de modo que nós a utilizamos de acordo com nossas necessidades. Em um mesmo texto temos, em alguns casos, mais de uma função, por isso, nas questões de prova, devemos atentar para o que predomina, o que se apresenta de forma mais intensa. FUNÇÕES DA LINGUAGEM EMOTIVA Centrada no emissor EU CONATIVA Centrada no receptor TU_VOCÊ FÁTICA Feita para checar o canal REFERENCIAL Voltada para o assunto METALINGUÍSTIC A O código é utilizado para tratar do próprio código POÉTICA atenta para a mensagem. Estrura em versos REFERENCIAL EMOTIVA POÉTICA CONATIVA FÁTICA METALINGUÍSTICA LEITURA, INTERPRETAÇÃO E PRODUÇÃO TEXTUAL PARTE 02 – COMPREENSÃO DO TEXTO: TIPOS TEXTUAIS E ORGANIZAÇÃO TEMA 02 TIPOLOGIA TEXTUAL16 Tratar do tipo textual enquanto elemento de interpretação textual é considerar que, se você reconhece a tipologia textual, mais fácil é a sua compreensão dele, isto porque cada texto atende a uma estrutura diferente e a uma finalidade própria. Assim, quando você se depara com um texto descritivo e o conhece, pode antecipar algumas considerações, antes mesmo de conhecer o conteúdo tratado nele. Por exemplo, sabe que se trata de caracterização, de especificação, de detalhamento, pois os textos descritivos têm esta função. O que vamos estudar neste tópico são as tipologias textuais: sua especificidade, características e função social. Ficando atento a isso, sua interpretação textual será facilitada: Tradicionalmente os tipos textuais são classificados de três formas: narrativo, descritivo e dissertativo (informativo ou argumentativo). Atualmente, foram acrescidos mais dois tipos para melhor agrupamento: o injuntivo e o dialogal. Embora estas 5 tipologias mantenham características diferentes na composição e organização do texto, nem sempre cada tipologia se compõe sozinha. É normal que um tipo de texto esteja em outra tipologia, neste caso, teremos uma predominância de um tipo textual. Se tomarmos um romance como exemplo, veremos que possui características da narrativa, mas em diversos trechos encontraremos a descrição. Observem a síntese do que estudamos nesta etapa: 16 ROSENTHAL, Marcelo; FURTADO, Lilian; OMENA, Tiago; et.all.. Interpretação de Textos e Semântica para concursos: teoria, esquemas, exercícios e questões de concursos comentadas série provas e concursos. Site: LeLivros.Info. acessado em <15/02/12019> Para que fique mais fácil compreender, vamos analisar abaixo cada tipo textual, iniciando pela NARRAÇÃO: NARRAÇÃO O centro do texto narrativo é o FATO, a história a ser contada – seja verídica ou inventada. Para que o fato seja contado, alguns elementos são necessários: personagens, espaço e tempo. Na narração, temos um narrador que relata um fato, ocorrido num determinado espaço e tempo. O narrador pode aparecer de forma clara no texto ou de modo implícito. Os fatos são apresentados em uma sequência de ações que vão se desenrolando com certa lógica até que atinja o ponto máximo do problema da narração e assim tenha o desfecho, ou seja, o final da trama. Sim, toda narração precisa de um conflito, sem este não há fato para contar. Os conflitos são de diversas ordens: inveja, assassinato, brigas por diversos motivos, assalto, doença, guerra, traição, mistérios, amor, paixão etc.. Pode-se dizer que os conflitos são a base dos fatos, portanto, sem conflitos não há narração. Vejamos alguns exemplos de textos narrativos: Texto 1: Poesia NARRAÇÃO • Fato DESCRIÇÃO •Característica INJUNÇÃO •Ordem DIALOGAL •Diálogo DISSERTAÇÃO • Informação O texto conta a história de duas pessoas que se separaram e ficaram com uma história mal resolvida. De modo muito sintetizado temos uma narração. Texto 2: música História antiga No meu grande otimismo de inocente, Eu nunca soube por que foi... um dia, Ela me olhou indiferentemente, Perguntei-lhe por que era... Não sabia... Desde então, transformou-se de repente A nossa intimidade correntia Em saudações de simples cortesia E a vida foi andando para frente... Nunca mais nos falamos... vai distante... Mas, quando a vejo, há sempre um vago instante Em que seu mudo olhar no meu repousa, E eu sinto, sem, no entanto, compreendê-la, Que ela tenta dizer-me qualquer cousa, Mas que é tarde demais para dizê-la... Raul de Leoni Faroeste caboclo Legião Urbana Não tinha medo o tal João de Santo Cristo Era o que todos diziam quando ele se perdeu [...] Ainda mais quando com um tiro de soldado o pai morreu [...] E João aceitou sua proposta E num ônibus entrou no Planalto Central [...] E o Santo Cristo até a morte trabalhava Mas o dinheiro não dava pra ele se alimentar [...] E João de Santo Cristo ficou rico E acabou com todos os traficantes dali. [...] Já no primeiro roubo ele dançou E pro inferno ele foi pela primeira vez [...] Foi quando conheceu uma menina E de todos os seus pecados ele se arrependeu Maria Lúcia era uma menina linda E o coração dele pra ela o Santo Cristo prometeu [...] Mas acontece que um tal de Jeremias, Traficante de renome, apareceu por lá Ficou sabendo dos planos de Santo Cristo E decidiu que, com João ele ia acabar [...] E Santo Cristo há muito não ia pra casa E a saudade começou a apertar "Eu vou me embora, eu vou ver Maria Lúcia Já tá em tempo de a gente se casar" Chegando em casa então ele chorou E pro inferno ele foi pela segunda vez Com Maria Lúcia Jeremias se casou E um filho nela ele fez [...] Sentindo o sangue na garganta, João olhou pras bandeirinhas e pro povo aaplaudir E olhou pro sorveteiro e pras câmeras e [...] E nisso o sol cegou seus olhos E então Maria Lúcia ele reconheceu Ela trazia a Winchester-22 A arma que seu primo Pablo lhe deu [...] E Santo Cristo com a Winchester-22 Deu cinco tiros no bandido traidor Maria Lúcia se arrependeu depois E morreu junto com João, seu protetor E o povo declarava que João de Santo Cristo Era santo porque sabia morrer [...] E João não conseguiu o que queria Quando veio pra Brasília, com o diabo ter Ele queria era falar pro presidente Pra ajudar toda essa gente que só faz... Sofrer... Podemos observar que o texto acima é uma letra de música, mas que conta uma narrativa, relata um fato a partir da grande problemática da personagem João de Santo Cristo de conseguir uma vida melhor. Temos personagens, conflito, tempo, espaço que se desenvolvem numa ordem lógica. Texto 3: fábula O VELHO, O MENINO E O BURRO Num lugar que você sabe, este fato aconteceu. A pessoa que eu descrevo, você, talvez, tenha conhecido. E se você não se lembra, procure na consciência. Porque se houver semelhança, não é mera coincidência. O burrico vinha trotando pela estrada. De um lado vinha o velho, puxando o cabresto. Do outro vinha o menino, contente, que o dia estava fresquinho e o sol brilhava no céu. Sentados no barranco estavam dois homens. No que viram o burro mais o velho e o menino, um cutucou o outro: – Veja só, compadre! Que despropósito! Em vez do velho montar no burro, vem puxando ele! O velho e o menino se olharam. Assim que viraram na primeira curva, o velho parou o burro e montou nele. O menino segurou o cabresto e lá se foram os três, muito satisfeitos. Até que perto da ponte tinha uma casa com uma mulher na janela. – Olha só, Sinhá, venha ver o desfrute! O velho no bem-bom, montado no burro, e o pobre do menino gramando a pé! O velho e o menino se olharam de novo. Assim que saíram da vista da mulher, o velho desceu do burro e botou o menino na sela. E foram andando um pouco ressabiados, o velho puxando o burro pelo cabresto, pensando no que o povo podia dizer. Logo, logo, passaram numa porteira onde estava parada uma velha mais uma menina. – Mas que absurdo, minha gente! Um velho que nem se aguenta nas pernas andando a pé, e o guri, bem sem-vergonha, escanchado no burro! Os dois se olharam e nem esperaram. O velho mais que depressa montou na garupa do burro e lá se foram os três. Dali a pouco encontraram um padre que vinha pela estrada mais o sacristão: – Olha só, que pecado, onde é que já se viu? O pobre do burro, coitadinho, carregando dois preguiçosos! Mas isso é coisa que se faça? O velho e o menino, desanimados, desmontaram e nem discutiram: saíram carregando o burro. Mas nem assim o povo sossegou! Cada vez que passavam por alguém, era só risada! – Olha só os dois burros carregando o terceiro! Quando chegaram em casa, o velho sentou cansado, se assoprando: – Bem feito! — ele dizia. — Bem feito! – Bem feito o quê, vô? – Bem feito pra nós. Que a gente já faz muito de pensar pela própria cabeça, e ainda quer pensar pela cabeça dos outros. Agora eu sei por que é que meu pai dizia: “Quem quer agradar a todos a si próprio não faz bem! Pois só faz papel de burro e não agrada a ninguém!” Observe o texto e vamos verificar se ele apresenta as características da tipologia narrativa: Fato – conflito: montar ou não no burro Personagem: menino, padre, as pessoas Espaço: lugar que você sabe qual é Tempo: indeterminado Podemos afirmar que o texto é uma narrativa, pois seu propósito é relatar um fato, contar um conflito através de personagens que agem num tempo e num espaço. Texto 4: Piada Neste texto, também temos uma narração que se desenvolve a partir de um problema - os homens estarem bêbados -, apresentando como personagens os bêbados e uma senhora, no tempo de três horas da manhã, no espaço, a casa da senhora. Texto 4 – Conto - Bonito papel! Quase três da madrugada e os senhores completamente bêbados, não é? Foi aí que um dos bêbados pediu: - Sem bronca, minha senhora. Veja logo qual de nós é o seu marido que os outros querem ir para casa. (Stanislaw Ponte Preta) O conto apresenta uma clara estrutura narrativa: o fato é o casamento de Misael com Maria Elvira (personagens); o conflito se dá por conta dos namorados de Maria Elvira; o espaço são vários bairros do Rio de Janeiro, não há um tempo determinado. O texto se organiza de modo que o conflito vai tomando proporções maiores à medida que o texto progride, chegando ao clímax quando Misael fica privado de seus sentidos e mata a esposa, num desfecho trágico da trama. Sintetizando a tipologia textual narração, temos: NARRAÇÃO ENREDO É a própria narrativa, a história contada. TEMPO Data: mês, ano, século, dia da semana. PERSONAGEM Pessoa, animal, objeto personificado. ESPAÇO Lugar onde acontece o fato. CONFLITO O problema vivido pelas personagens. Tragédia brasileira Manuel Bandeira Misael, funcionário da Fazenda, com 63 anos de idade. Conheceu Maria Elvira na Lapa – prostituída, com sífilis, dermite nos dedos, uma aliança empenhada e os dentes em petição de miséria. Misael tirou Maria Elvira da vida, instalou-a num sobrado no Estácio, pagou médico, dentista, manicura…Dava tudo quanto ela queria. Quando Maria Elvira se apanhou de boca bonita, arranjou logo um namorado. Misael não queria escândalo. Podia dar uma surra, um tiro, uma facada. Não fez nada disso: mudou de casa. Viveram três anos assim. Toda vez que Maria Elvira arranjava namorado, Misael mudava de casa. Os amantes moravam no Estácio, Rocha, Catete, Rua General Pedra, Olaria, Ramos, Bom Sucesso, Vila Isabel, Rua Marquês de Sapucaí, Niterói, Encantado, Rua Clapp, outra vez no Estácio, Todos os santos, Catumbi, Lavradio, Boca do Mato, Inválidos… Por fim na Rua da Constituição, onde Misael, privado de sentidos e de inteligência, matou-a com seis tiros, e a polícia foi encontrá-la caída em decúbito dorsal, vestida de organdi azul. DESCRIÇÃO A outra tipologia textual é a DESCRIÇÂO, cujo eixo norteador é a CARACTERIZAÇÃO. Descrever é apresentar o ser, objeto ou lugar da forma como é ou está; é detalhar, pormenorizar, apresentar seu estado. É um tipo de texto normalmente curto e quase nunca existe sozinho, está inserido em outras tipologias como a narração, a dissertação ou mesmo a injunção. Esta tipologia é muito utilizada nos romances para caracterizar as personagens, o espaço, os objetos. É de fundamental importância na construção da narração para que o leitor possa compreender melhor os fatos que estão sendo narrados. Seu processo de composição se dá através de elementos como: adjetivos e verbos de ligação. Pode-se fazer descrição técnica e literária. A descrição técnica é feita por diversos campos de conhecimento, tais quais: arquitetura, engenharia, psicologia. Já a descrição literária, fica por conta dos contos, dos romances, das poesias etc.. Vejamos algumas descrições: Texto 1: trecho de música Observe que as palavras destacadas são características do lugar e da casa. Eu queria ter na vida simplesmente Um lugar de mato verde Pra plantar e pra colher Ter uma casinha branca, de varanda, um quintal e uma janela Para ver o sol nascer Texto 2: Poesia Texto 3: Descrição técnica Texto 3: Descrição literária RETRATO Cecília Meireles Eu não tinha este rosto de hoje, assim calmo, assim triste, assim magro, nem estes olhos tão vazios, nem o lábio amargo. Eu não tinha estas mãos sem força, tão paradas e frias e mortas; eu não tinha este coração que nem se mostra. Eu não dei por esta mudança, tão simples, tão certa, tão fácil: - Em que espelho ficou perdida a minha face? O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos à caixa de câmbio,
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