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(Hipoglicemia em não diabéticos Medicina | Larissa Marzagão Ferreira [ ] Introdução Nesta situação, não seria esperado haver hipoglicemia, e obrigatoriamente o paciente deve ser investigado para tentar entender o motivo deste distúrbio. Etiologias Hipoinsulinêmicas (hipoglicemia do paciente doente): os pacientes geralmente estão em estados de disfunção orgânica/hormonal. A queda da glicose não está relacionada ao excesso de insulina. Hiperinsulinêmicas (hipoglicemia do paciente saudável): fora do período de hipoglicemia, o paciente não apresenta outras disfunções. Investigação Avaliar se realmente há uma hipoglicemia verdadeira ou se há a presença da tríade de Whipple. Se hipoglicemia confirmada, definir se é hipo ou hiperinsulinêmica. • Falência hepática e renal, abuso de álcool e disfunções hormonais, devem ser investigadas inicialmente. Se causa não encontrada: avaliação laboratorial durante o episódio de hipoglicemia: • Glicemia, insulina, peptídeo C (pró-insulina e β-hidroxibutirato/ cetonemia se disponibilidade), dosagem de sulfonilureias e glinidas e avaliar a resposta da glicemia ao uso glucagon 1 mg. Se insulina alta, excluir insulinoma: a pró-insulina é clivada em peptídeo C e insulina e as células beta as liberam na circulação, e a ação da insulina age estimulando a glicogenogênese e bloqueando cetogênese. Assim, de acordo com o perfil laboratorial, vamos identificar de onde está vindo a insulina: Insulina, peptídeo C e pró-insulina altos, β- hidroxibutirato/cetonemia baixo e reposta ao glucagon: a insulina está vindo as células beta. Devemos diferenciar se é uma patologia pancreática ou se é pelo uso do secretagogos. • Dosagem de secretagogos. • Se suspeita de insulinoma, RNM pancreática, USG endoscópico. • Se suspeita de nesidioblastose – hiperplasia difusa das células beta, cateterismo arterial pancreático. (Hipoglicemia em não diabéticos Medicina | Larissa Marzagão Ferreira [ ] Insulina alta e peptídeo C e pró-insulina baixo, β- hidroxibutirato/cetonemia baixo e reposta ao glucagon: o motivo mais comum para este perfil é o uso exógeno da insulina, já que peptídeo C e pró- insulina baixos sugerem que a insulina não vem das células beta. • Diferenciar com hipoglicemias autoimunes, dosando, na suspeita, os anticorpos anti- insulina e antirreceptor de insulina. Insulina, peptídeo C e pró-insulina baixo, β- hidroxibutirato/cetonemia baixo e reposta ao glucagon: esse é um perfil compatível com hipoglicemia secundária a um tumor produtor IGF- 2, hormônio que mimetiza a ação da insulina. • Para diagnóstico, podemos dosar diretamente o IGF-2. Neste caso, geralmente o IGF1 está baixo. Insulinemia baixa, β-hidroxibutirato/cetonemia altos e a glicemia não subir após infusão de 1 mg de glucagon: indica que o paciente tem baixa reserva metabólica (lembre-se de que jejum faz cetose), ou seja, devemos investigar mais detalhadamente as hipoglicemias hipoinsulinêmicas. A grande limitação durante a investigação é que geralmente o paciente não está no laboratório no momento da hipoglicemia, por isso, a fim de tentar flagrar o momento certo de coletar os exames, utilizamos o teste do jejum prolongado, Teste do jejum prolongado: O paciente é submetido a um jejum por até 72h até que se apresente um episódio hipoglicêmico. Durante o exame, ele pode beber água à vontade, e deve ser monitorizado com glicemia capilar e cetonemia. Interrompe-se o teste e colhemos o perfil laboratorial se: • Sintomas de hipoglicemia e hipoglicemia bioquímica (< 55 mg/dL); • Hipoglicemia assintomática (< 45 mg/ dL); • Presença de cetonemia (> 1 mmol/L): provável caso de hipoglicemia hipoinsulinêmica. Teste da refeição mista: É um teste provocativo feito na suspeita de hipoglicemia pós-prandial. Ele consiste no paciente fazer refeição com 400 kcal, sendo 60-65% carboidrato, 10% proteína e 25-30% gordura durante 10-15 minutos. Durante 5 horas mensuramos glicemia, insulina e peptídeo C a cada 30 minutos, e interrompe-se o teste se: • Sintomas de hipoglicemia e hipoglicemia bioquímica (< 55 mg/dL); • Hipoglicemia assintomática (< 45 mg/ dL); • Período maior que 5 horas. Síndrome de Dumping Tardia e Hipoglicemia Reacional: ocorre hipoglicemia em resposta a um estímulo exagerado a produção de insulina pelo pâncreas. A reação ocorre após a ingestão de alimentos de alto índice glicêmico. Esses alimentos são capazes de elevar muito e rapidamente a glicose no sangue. Hipoglicemia Hiperinsulinêmica Pancreatogênica Não-insulinoma (NIPHS): trata-se de uma síndrome hipoglicêmica hiperinsulinêmica rara, na qual se observa hipertrofia e hiperplasia de ilhotas, com neogênese de células produtoras de insulina a partir do epitélio ductal (nesidioblastose). (Hipoglicemia em não diabéticos Medicina | Larissa Marzagão Ferreira [ ] Atenção para a hipoglicemia reativa! Nesses casos, os pacientes (em geral, mulheres jovens) têm sintomas de hipoglicemia, no entanto, não têm a hipoglicemia bioquímica, apresentando valores limítrofes (entre 60-70 mg/dL), mas raramente abaixo de 55 mg/dL. • Diferenciar das causas de hipoglicemia pós-prandial. Tratamento Insulinoma: ressecção cirúrgica do insulinoma (primeira opção). Outras opções: diazóxido, análogos de somatostatina, BCC. NIPHS/Pós-cirurgia gástrica: a primeira opção é o ajuste nutricional com redução de líquidos nas refeições; adicionar proteína; retirar açúcares livres. Para casos refratários: acarbose, diazóxido, análogos de somatostatina, BCC.
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