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Com o enriquecimento privado das classes burguesas, e a constante valorização do capital, ao aproximar da crise de 2008-2009 vemos um terreno fértil para as opressões causadas pelo mesmo, a destruição desenfreada da natureza, seja pelo agronegócio, seja pelos grandes incêndios florestais, a segregação urbana e social, a opressão de gênero cada vez mais acentuada assim como o racismo que cada vez mais mostra sua cara sem vergonha de ser, a homofobia, xenofobia, o grande desprezo pela ciência e seu ensino, como vemos no exemplo da cultura da não-vacinação, novas modalidades de exploração, trabalho análogo a escravidão, informalidade, essas e muitas outras coisas fazem partes dos traços destrutivos dessa nova era que compõem a crise estrutural do capital iniciada no final dos anos 60. Junto a isso vemos a tendência a redução do tempo de vida útil dos produtos, levando assim a necessidade da população de sempre substituir por novos produtos, mantendo assim o crescente nível de produção dos mesmos. Não há valor de uso e sim valor de troca visando o lucro, um sistema de produção completamente autodestrutivo. 
 E é nesse solo que se prolifera a pandemia hoje vista, deixando claro se tratar de uma pandemia de raça, classe e gênero, onde vemos uma massa de trabalhadores sem condições mínimas de sobrevivência e sendo enterradas aos milhares nos cemitérios, ao mesmo tempo em que vemos alguém como o dono da Amazon, Jeff Bezos, aumentar consideravelmente sua fortuna durante a quarentena. O capital nesse período de pandemia mostra cada vez mais que veio para penalizar as classes sociais, onde a pandemia é muito mais funesta ao atingir a classe trabalhadora, e mais intensamente as mulheres trabalhadoras negras, indígenas, imigrantes, refugiadas, LGBTs, etc. Vemos famílias que inteiras depende do próprio trabalho para sobreviver, e que não conseguem cumprir plenamente muito menos pela metade uma quarentena, pois dependem diariamente de meios de transporte lotados, e vivem em casas onde dividem o pequeno espaço com vários membros da família, ao mesmo tempo em que a classe burguesa se isola, dotada de recursos privilegiados, como hospitais privados e ótimas condições de habitação. 
 O Brasil destaca-se como um dos campeões da tragédia causada pela pandemia, seja no número de mortos e infectados ou no número de desempregados. Contando com uma imensa massa de trabalhadores informais, o país se viu diante de milhares de pessoas sem poder exercer suas funções pelo toque de recolher, e sem ter um respaldo que os assegurasse a sobrevivência. Ainda vemos uma nova onda que vem antes mesmo do surgimento da pandemia, mas que se alastra como uma própria pandemia de trabalho não produtivo, chamada “uberização”, que vem disfarçada de um novo empreendedorismo vindo para salvar aqueles que não possuem um posto de trabalho fixo, mas que não dá nenhuma garantia de direitos para aqueles que o exercem, apenas mais um modo de ser da informalidade. Isso mostra a contradição que atinge a classe trabalhadora. É preciso se isolar, para não ocorrer a proliferação do corona vírus, mas como se isolar quando se é um trabalhador informal, terceirizado, intermitente, subutilizado, uberizado, que depende do seu dia de trabalho pois só recebe pelo dia trabalhado e não possui nenhum direito social? Assim como o pequeno empreendedor, que em meio a pandemia não tem o que vender, pois não tem quem compre, esse mesmo empreendedor que não possui renda, nem previdência. Sem contar as crianças da classe trabalhadora em idade escolar, que com as escolas fechadas, não têm onde se alimentar pois faziam isso nas escolas, e também não têm onde ficar para seus pais trabalharem. A classe trabalhadora se vê nesse fogo cruzado de fome e doença, onde ambas a empurram para a mortalidade e letalidade. A única classe que não tem a menor responsabilidade por essa tragédia humana, é a que mais sofre com ela.
 As corporações globais, aproveitando desse momento, surgem com uma “solução” para a saída da crise, e que na verdade trata-se apenas de mais uma forma de extermínio da classe trabalhadora, ao aumentar a flexibilização, a informalidade, terceirização, o teletrabalho, o sistema EAD e por aí vai. Um grande sistema que serve aos desígnios da autocracia do capital.

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