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Serviço Social Estado e Política Social Aula 2 Professora Neiva Silvana Hack CONVERSA INICIAL Olá, seja bem-vindo(a) à aula 2 da disciplina Estado e Política Social, onde vamos discutir a temática das políticas públicas. Vamos conhecer mais sobre este conceito, suas características e fatores que lhes compõe. Nossos objetivos nesta aula são: Conhecer a origem e os tipos de estudos voltados às políticas públicas Analisar a política pública enquanto instrumento de operacionalização de direitos pelo estado Reconhecer as novas conjunturas e os atores presentes na elaboração, operacionalização e avaliação de políticas públicas Apreender os diferentes fatores que interferem nos modelos, nas práticas e nos resultados das políticas públicas Caracterizar estruturas que compõem as políticas públicas, em termos gerais Bons estudos! Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da fala inicial da professora Neiva Hack. CONTEXTUALIZANDO Quando falamos de políticas públicas, muitas informações vêm a nossa mente, tais como escolas, unidades de saúde, programas sociais, partidos políticos e representantes do poder público. Podemos nos lembrar de situações vivenciadas no nosso município ou no nosso bairro, em que movimentos sociais têm lutado pelo estabelecimento de políticas públicas para a melhoria de qualidade de vida da população. Vemos, então, que o nosso cotidiano está permeado de informações e experiências sobre as políticas públicas. Mas, será que conhecemos bem este conteúdo? Estamos seguros para construir opiniões a respeito da efetividade ou não do poder público na garantia de nossos direitos de cidadãos? Pense nos diferentes exemplos de política pública que permeiam a tua história e teu cotidiano. Você é capaz de avaliá-las? Não se preocupe em responder estas questões neste momento, nem iniciar nenhum processo avaliativo. Vamos, antes, aprender mais sobre o conceito e as características fundamentais das políticas públicas, para só então colocar nosso saber em ação! Sobre estas reflexões, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir! Tema 1: Política pública enquanto campo do saber O conceito de política pública teve sua origem em estudos de língua inglesa, posteriormente incorporados à língua latina. No sentido original, o conhecimento, a análise e a avaliação de políticas públicas devem compreender suas diferentes e interconectas expressões. É possível distinguir três diferentes abordagens (FREY, 2000; ROSSI, 2013): Dimensão institucional – polity, relacionada à ordem do sistema político e sua organização administrativa e judiciária Dimensão processual – politics, caracterizada pelo processo político conflituoso, de definição de prioridades, princípios e decisões Dimensão material – policy, referente a operacionalização da política, por meio de programas, ações técnicas, sendo a materialização das decisões políticas Tais distinções favorecem a reflexão e o desenvolvimento do pensamento acadêmico. Contudo, na realidade política, as três abordagens são entrelaçadas e influenciam-se mutuamente. “Entender a origem e a ontologia de uma área do conhecimento é importante para melhor compreender seus desdobramentos, sua trajetória e suas perspectivas. A política pública enquanto área de conhecimento e disciplina acadêmica nasce nos EUA, rompendo ou pulando as etapas seguidas pela tradição europeia de estudos e pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise sobre o Estado e suas instituições do que na produção dos governos. Assim, na Europa, a área de política pública vai surgir como um desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre o papel do Estado e de uma das mais importantes instituições do Estado - o governo -, produtor, por excelência, de políticas públicas. Nos EUA, ao contrário, a área surge no mundo acadêmico sem estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos” (SOUZA, 2006) Os estudos sobre políticas públicas conduzem à compreensão de que se trata de um conceito complexo, que envolve diferentes relações de poder e interesses, e envolve os papéis do Estado, os governos e diferentes expressões da participação da sociedade civil. Esta característica complexa é própria da experiência política, que é permeada de tensões e contradições, e se estabelece em ações que possam regular os interesses e evitar o caos. No campo político, estão presentes poderes e contra-poderes, cujas sucessivas interações, em contextos democráticos, resultam na construção da cidadania: “Dessa feita, a política compõe-se, ao mesmo tempo, de atividades formais (regras estabelecidas, por exemplo) e informais (negociações, diálogos, confabulações) adotadas num contexto de relações de poder e destinadas a resolver, sem violência, conflitos em torno de questão que envolvem bens e assuntos públicos. Mas, ela é também, nos termos de Aristóteles, o estudo dessas atividades e dos arranjos adotados pelos homens para coexistirem em sociedade.” (PEREIRA, 2009) Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neiva Hack tratando do assunto que estamos estudando. Tema 2: Política pública enquanto ação estatal Existem abordagens sobre as políticas públicas que priorizam o conceito de que estas se tratam de ações dos governos para a efetivação dos direitos de seu povo, assegurados em sua legislação. Importante destacar que esta é, de fato, uma característica importante para a compreensão das políticas públicas. Neste sentido, é estudada em sua regulação, gestão e exigibilidade. É possível, assim, fazer um paralelo entre os três poderes do Estado e a análise de políticas públicas: Poder legislativo – aspecto de regulamentação das políticas públicas. Ex.: direitos estabelecidos na Constituição Federal; direitos regulamentados por leis federais específicas; leis orçamentárias com distribuição de valores para as diferentes ações do Estado Poder executivo – aspecto de gestão das políticas públicas. Ex.: planejamentos de ações; implementação de serviços, programas e projetos; avaliação e monitoramento da efetividade das ações; execução financeira do orçamento público Poder judiciário – aspecto da exigibilidade das políticas públicas. Ex.: ações do Ministério Público ou Tribunal de Justiça exigindo que representantes do Poder Executivo (tais como ministros e secretários estaduais ou municipais) tornem efetivo o cumprimento de suas responsabilidades diante das previsões legais Destaca-se, contudo, que esta associação linear é uma opção didática para nos aproximarmos do conhecimento da relação entre Estado e políticas públicas. Cabe considerar que também no âmbito do Poder Executivo podem ser produzidas e reconhecidas normativas que regulam a implementação, o funcionamento e a avaliação das políticas públicas – como também tais aspectos podem contar com a coparticipação da sociedade civil. Assim, as políticas públicas são entendidas como instrumentos de ação dos governos para efetivar o bem público. Um conceito que expressa bem esta perspectiva é o formulado por Queiroz (2013): “As políticas públicas são, no estado democrático de direito, os meios que a administração pública dispõe para a defesa e a concretização dos direitos de liberdade e dos direitos sociais doscidadãos, estabelecidos numa Constituição Nacional”. Este autor ainda nos apresenta uma classificação dos tipos de políticas públicas, conforme as funções que o Estado exerce na sociedade. Neste caso, podem ser caracterizados cinco tipos: políticas estabilizadoras; políticas reguladoras; políticas alocativas; políticas distributivas e políticas compensatórias. Recomendamos, neste momento, que faça a leitura do Capítulo 3 do livro Formação e gestão de políticas públicas, de Roosevelt Brasil Queiroz. Acesse a versão online da aula para ter acesso ao livro seguir: A materialização das políticas públicas junto aos cidadãos se dá por meio de programas, projetos e serviços públicos, que possuem regulamentação que define seus públicos-alvo e públicos prioritários, responsáveis pelas ações, metas e pelos objetivos. Até aqui pudemos compreender melhor os principais aspectos das políticas públicas quando entendidas como ação estatal. Deve-se, porém, recordar que, em outras perspectivas de análise, o processo compreendido pelas políticas públicas se dá na relação entre Estado e sociedade civil, contando com a participação de ambos. Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neiva Hack tratando do assunto que estamos estudando. Tema 3: Política pública e as relações entre Estado e sociedade Assim como existem estudiosos que analisam as políticas públicas como ações do Estado, há um grande número que defende que estas se tratam de ações resultantes de contínua relação entre Estado e sociedade civil. Nesta perspectiva, tornam-se mais presentes as conquistas da democracia no sentido de que a sociedade participe de processos decisórios e avaliativos sobre as ações públicas. Potyara Pereira (2009, p. 94) explica a política pública entendida para além da ação estatal: “A palavra pública, que sucede a palavra política, não tem identificação exclusiva com o Estado. Sua maior identificação é como o que em latim se denomina de res publica, isto é res (coisa), publica (de todos), e, por isso, constitui algo que compreende tanto o Estado quanto a sociedade. É, em outras palavras, ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução e sobre os atos e decisões do governo.” Quando é considerada a relação entre Estado e sociedade civil, amplia-se o conjunto de variáveis que envolve a operacionalização das políticas públicas, desde sua origem até sua execução e avaliação. Nesta perspectiva, devem ser consideradas a complementariedade e, ao mesmo tempo, as tensões entre Estado e sociedade civil no campo das políticas públicas. Estão presentes componentes importantes como: Relações de forças, demandas e interesses – presentes desde a formação das agendas das políticas públicas, dos momentos de reivindicação de novos direitos e do estabelecimento de prioridades Participação no planejamento orçamentário – a sociedade civil organizada é estimulada a acompanhar a execução do orçamento público e mesmo a propor alterações quando o planejamento orçamentário está sendo executado Cooperação na execução das políticas públicas – certos serviços públicos podem contar com a participação de organizações da sociedade civil também na sua operacionalização, de forma complementar à iniciativa estatal Controle, monitoramento e avaliação – também são estabelecidos mecanismos de participação da sociedade na avaliação das ações do poder público No Brasil, um dos grandes marcos de incentivo à participação popular foi a aprovação da Constituição Federal de 1988. Para saber mais sobre a participação democrática da sociedade civil no Brasil após a Constituição Federal de 1988, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir: Esta nova conjuntura de participação leva a perceber que as políticas públicas vão se constituindo enquanto produtos do seu momento histórico e das forças sociais que agem, reagem e destacam-se. Nesse sentido, não se pode afirmar nem a neutralidade do Estado, nem a prevalência constante dos interesses da classe dominante. Sobre isso, Boneti (1996) detalha que: “Esta nova configuração do contexto social, econômica e políticas, originada com o processo de globalização da esfera econômica, impôs elementos novos na relação entre Estado e sociedade civil. Neste caso, torna-se impossível considerar que a formulação de políticas públicas é pensada unicamente a partir de uma denominação jurídica, fundamentada em lei, como se o Estado fosse uma instituição neutra, como querem os funcionalistas. (...). Não se pode mais pensar, tampouco, que as políticas públicas são formuladas unicamente a partir dos interesses específicos de uma classe, como se fosse o Estado uma instituição a serviço da classe dominante.” Importante A atual organização do Estado brasileiro prevê a participação social na perspectiva da defesa de direitos sociais e da exigibilidade do compromisso do Estado com a garantia destes. Contudo, este incentivo à participação pode não se tornar efetivo porque as estruturas de participação se tornam exageradamente burocráticas ou mesmo porque pode ser tencionado a se tornar uma resposta da sociedade a questões em que o Estado se mostra ineficiente em promover soluções, reforçando estratégias de consolidação do Estado mínimo. Tema 4: Complexidade da análise em políticas públicas Os estudos voltados à análise de políticas públicas promovem subsídios aos gestores públicos para qualificar as ações dos governos. Podem também ampliar a transparência das ações estatais e seus resultados para melhorar a participação da sociedade civil e o exercício democrático. Contudo, a análise de políticas públicas é um exercício bastante complexo, que envolve conhecer e apreender as dinâmicas de formulação, implementação e gestão destas políticas, bem como os fatores e atores presentes nestes processos. No processo de formação das políticas públicas, podemos destacar os seguintes atores, segundo Queiroz (2013): Partidos políticos Chefes do poder executivo Ministros e secretários Parlamentares Funcionários públicos Movimentos sociais Empresários e industriários Meios de comunicação A análise dos processos originários das políticas públicas demanda considerar a participação, o poder e os interesses destes e de outros atores que estejam envolvidos. No processo de implementação e gestão, devem ser considerados os elementos de contexto a partir dos quais, e dentro dos quais, desenvolvem- se as políticas públicas. Nesse sentido, destacam-se fatores como: Conjuntura socioeconômica Histórico de formação e participação política dos atores envolvidos Interferência de modelos políticos e de gestão anteriores Instituições envolvidas Características territoriais Atores responsáveis pelas ações de implementação e operacionalização Estão compreendidas nesta análise, também, as diferentes linhas de pensamento, ideologias e doutrinas que subsidiam a legislação vinculada ao tema estudado. E estão presentes, ainda, os meios utilizados na gestão, tais como estratégias, planos, ferramentas, protocolos, estruturas de equipe e liderança, equipamentos e outros. Assim, não se pode avaliar o desenvolvimento e os resultados de uma política pública como um mecanismo simples de causa e consequência. É necessário considerar a diversidade de elementos envolvidos. Trata-sede uma ação visando ao bem público, que, contudo, desenvolve-se em meio a constantes conflitos de forças e interesses, pelos quais passam também interesses individuais ou corporativos. Para efetuar esta complexa tarefa, não há uma estratégia teórico-metodológica única – assim nos descrevem Howlett, Ramesch e Perl (2013, p. 24): “Diferentemente da Física ou da Química, não existe uma metodologia universalmente reconhecida para a análise dos problemas políticos. Em vez disso, pode-se encontrar uma gama de habilidades e técnicas na caixa de ferramentas da análise política (por exemplo, Direito, Economia, métodos quantitativos, análise organizacional, orçamento etc). Os analistas políticos aplicam uma combinação de ferramentas analíticas internas e externas ao governo para compreender os problemas da política.” Ao longo da história, diferentes técnicas e ferramentas foram desenvolvidas pelos estudiosos da área. Assim, dois grandes grupos de abordagens são classificados, derivando das influências teóricas adotas pelos diferentes analistas políticos (HOWLETT, RAMESCH e PERL, 2013): Positivistas – prevalece a análise empírica e quantitativa, valorizando a dimensão dos resultados obtidos e classificando as falhas de gestão a serem superadas Pospositivistas – há valorização dos elementos qualitativos, da participação pública, dos contextos e argumentos, considerando a dimensão do conflito permanente em que se desenvolvem as políticas públicas Sobre as diferentes formas de abordagem na análise de políticas públicas, Celina Souza (2006) conclui que sobressaem aspectos de grande importância a serem considerados nas mais distintas abordagens, que podem ser resumidos a seguir. Para a autora (2006, p. 36-37), então, a política pública: permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que, de fato, faz envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja materializada através dos governos, e não necessariamente se restringe a participantes formais, já que os informais são também importantes é abrangente e não se limita a leis e regras é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados é uma política de longo prazo, embora tenha impactos no curto prazo envolve processos subsequentes após sua decisão e proposição, ou seja, implica também implementação, execução e avaliação Uma forma frequentemente adotada para a compreensão dos processos pelos quais passa a política pública é a compreensão de “Ciclo da Política Pública”. Nesta ótica, existem importantes etapas interdependentes que se desenvolvem continuamente. Segundo Queiroz (2013), o ciclo é representado pela figura a seguir: Recomendamos, neste momento, que faça a leitura do Capítulo 4 do livro Formação e gestão de políticas públicas, de Roosevelt Brasil Queiroz. Acesse a versão online da aula para ter acesso ao livro. Outros autores também desenvolvem a análise do ciclo de políticas públicas. Contudo, existem variações entre as etapas por eles categorizadas. Como exemplo, trazemos a proposta de análise indicada por Howlett, Ramesch e Perl (2013, p. 15), Cinco estágios do ciclo político e sua relação com a resolução aplicada de problemas: Conheça o modelo de ciclo de políticas públicas, de Howlett, Ramesch e Perl (2013)! Fonte: Howlett, Ramesch e Perl, 2013, p. 16. Ampulhetas em paralelo de ciclo e os atores da política pública. Para conhecer mais sobre este modelo apresentado, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir: Tema 5: Estruturas das políticas públicas O estudo das políticas públicas compreende o conhecimento sobre suas estruturas de composição e funcionamento. Diferentes autores propõem categorizações e interpretações para este assunto. Adotaremos a proposta de Geraldo Di Giovanni (2009), desenvolvida após análise das perspectivas desenvolvidas anteriormente e da identificação de necessidades de melhoria. Acesse a versão online da aula e conheça! Di Giovani (2009) propõe uma análise histórica de constituição das políticas públicas e o reconhecimento de quatro estruturas elementares. Estrutura formal Compreende o conhecimento da forma como se dão as políticas públicas. Permite observar as relações entre teorias (técnicas, políticas, culturais e ideológicas) e sua aplicabilidade prática, por meio de estratégias e ferramentas. A análise segue observando esta relação com sua efetividade na obtenção dos resultados alcançados. Estrutura substantiva Compreende reconhecer a participação dos diferentes atores no processo das políticas públicas, sejam eles indivíduos, grupos ou instituições, sejam organizados ou não. Cabe também o reconhecimento dos interesses destes diferentes atores. Na categorização dos interesses presentes, é possível elencar aqueles mais voltados à ampliação do capital, outros relacionados à busca e à manutenção do poder, e ainda outros voltados à promoção de condições de bem-estar. E, ainda, devem ser identificadas as regras presentes no processo, sejam elas formais, representadas principalmente na legislação; ou informais, vinculadas a costumes, tradições, conteúdos morais e éticos. Todos estes elementos interagem constantemente. Estrutura material Está mais voltada aos aspectos econômicos que compõem as políticas públicas. Tratam-se dos elementos materiais que permitem a realização destas políticas. Neste caso, a análise compreende conhecer os volumes de recursos disponíveis, as regras para seu acesso; o contexto econômico; os posicionamentos frente as relações Estado e mercado. O estudo dos custos aponta para a capacidade técnica de implementação das políticas. Dados do financiamento e orçamento evidenciam o status de prioridade ocupado por cada política pública. Cabem ainda, nesta estrutura, o conhecimento de suportes disponíveis para as políticas públicas, como por exemplo: infraestrutura, transportes, recursos tecnológicos, entre outros. Estrutura simbólica Compreende a produção de conhecimento que vai sendo construída progressivamente à medida que avançam as práticas e os estudos em políticas públicas. Os valores que permeiam a história destas políticas são complementados ou mesmo confrontados com a racionalidade científica, e dão origem a novos modelos de conhecimento. Surgem novos saberes e consolida- se uma linguagem específica ao campo. Esta proposta apresentada por Di Giovani (2009) sintetiza elementos fundamentais para a análise de políticas públicas e constitui uma metodologia esclarecedora, com a qual você poderá contar ao longo dos estudos nesta disciplina. Para conhecer mais sobre esta classificação e metodologia, recomendamos a leitura do artigo As estruturas elementares das políticas públicas: https://observatorio03.files.wordpress.com/2010/06/elementos-das-politicas- publicas.pdf TROCANDO IDEIAS Nesta aula, vamos construir um Fórum Colaborativo. Cada aluno deverá indicar um tipo de política pública e apresentar o que conhece sobre ela e alguns fatores importantes para sua análise. Ex.: Política pública de saúde é um direito universal do cidadão, desde a Constituição Federal de 1988. Para analisá-la, é importante considerar as diferenças regionais no Brasil e também aspectos históricos relacionados às formas de acesso à saúde antes de 1988, quando ainda não era reconhecida como direito de todos. Cada aluno é convidado a contribuir com este fórum. As políticas públicas podem se repetir, contando com diferentes colaborações sobre suas informaçõese características para análise. NA PRÁTICA Análise das estruturas de uma política pública Agora, vamos exercitar um pouco mais nosso aprendizado. Siga as instruções e faça a atividade proposta a seguir: 1. Escolha uma das seguintes políticas públicas brasileiras: Saúde Educação Assistência social Habitação 2. Preencha a tabela abaixo com, pelo menos, uma informação para cada tipo de estrutura. Se você conseguir preencher todas as linhas, seu exercício ficará ainda mais completo: Fonte: adaptado Análise das Estruturas das Políticas Públicas, de Di Giovanni (2009). Dicas Retome as explicações da aula 05, em que este modelo de análise foi proposto; Para fazer o preenchimento você pode consultar o site dos ministérios e das secretarias estaduais e municipais responsáveis por esta política. Nestes você encontrará legislações, normativas, experiências práticas e outras informações importantes para sua atividade. Ex.: se escolho política pública de saúde, posso entrar nos sites do ministério da saúde, das secretarias estaduais de saúde e das secretarias municipais de saúde. Não há uma solução única para este exercício, pois ele terá diferentes preenchimentos segundo a escolha de cada aluno. A atividade é considerada correta se houver o preenchimento de, pelo menos, uma linha de cada estrutura, de forma compatível com a explicação dada no Tema 5 desta aula. Sobre esta reflexão prática, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir. SÍNTESE Nesta aula, aprofundamos nosso conhecimento sobre as políticas públicas. Vimos, em nossa Problematização, que as políticas públicas fazem parte do nosso cotidiano e nos questionamos se somos capazes de avaliá-las. Foi possível, então, perceber que isso não é tarefa fácil, mas que exige considerar os mais diferentes fatores, atores e contextos. A análise de políticas públicas é importante para subsidiar gestores públicos e a sociedade civil na tomada de decisões para a melhoria das ações públicas e para efetivar direitos sociais. Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a fala final da professora Neiva Hack. Referências BONETI, L. W. Políticas públicas por dentro. Ijuí: Unijuí, 2006. DI GIOVANNI, G. As estruturas elementares das políticas públicas. Caderno de Pesquisa. Campinas, n. 82. Unicamp: NEPP, 2009. FREY, K. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à prática da análise de políticas públicas no Brasil. Revista Planejamento de Políticas Públicas – IPEA. Junho de 2000, n. 21. HOWLETT, M. RAMESH, M. PERL, A. Política pública: seus ciclos e subsistemas: uma abordagem integradora. Tradução técnica Francisco G. Heidemann. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. PEREIRA, P. A. Discussões conceituais sobre política social como política pública e direito de cidadania. In: BOSCHETTI, et al. Política social no capitalismo: tendências contemporâneas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 87- 108. QUEIROZ, Roosevelt B. Formação e gestão de políticas públicas. Curitiba: Intersaberes, 2013. ROSSI, R. A perspectiva territorial no debate das políticas públicas: contribuições a partir da problematização geográfica. GeoGraphos Revista Digital para Estudiantes de geografia y ciências sociales. Ano 2013. v. 4, n. 33.
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