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SERVIÇO SOCIAL ESTADO E POLÍTICA SOCIAL 02

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Serviço Social 
 
Estado e Política Social 
Aula 2 
 
 
Professora Neiva Silvana Hack 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CONVERSA INICIAL 
Olá, seja bem-vindo(a) à aula 2 da disciplina Estado e Política Social, onde 
vamos discutir a temática das políticas públicas. Vamos conhecer mais sobre 
este conceito, suas características e fatores que lhes compõe. Nossos objetivos 
nesta aula são: 
 Conhecer a origem e os tipos de estudos voltados às políticas públicas 
 Analisar a política pública enquanto instrumento de operacionalização de 
direitos pelo estado 
 Reconhecer as novas conjunturas e os atores presentes na elaboração, 
operacionalização e avaliação de políticas públicas 
 Apreender os diferentes fatores que interferem nos modelos, nas práticas 
e nos resultados das políticas públicas 
 Caracterizar estruturas que compõem as políticas públicas, em termos 
gerais 
Bons estudos! 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da fala inicial da professora 
Neiva Hack. 
 
 
 
 
 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Quando falamos de políticas públicas, muitas informações vêm a nossa mente, 
tais como escolas, unidades de saúde, programas sociais, partidos políticos e 
representantes do poder público. Podemos nos lembrar de situações 
vivenciadas no nosso município ou no nosso bairro, em que movimentos sociais 
têm lutado pelo estabelecimento de políticas públicas para a melhoria de 
qualidade de vida da população. Vemos, então, que o nosso cotidiano está 
permeado de informações e experiências sobre as políticas públicas. 
Mas, será que conhecemos bem este conteúdo? Estamos seguros para 
construir opiniões a respeito da efetividade ou não do poder público na 
garantia de nossos direitos de cidadãos? 
Pense nos diferentes exemplos de política pública que permeiam a tua 
história e teu cotidiano. Você é capaz de avaliá-las? 
Não se preocupe em responder estas questões neste momento, nem iniciar 
nenhum processo avaliativo. Vamos, antes, aprender mais sobre o conceito e as 
características fundamentais das políticas públicas, para só então colocar nosso 
saber em ação! 
Sobre estas reflexões, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a 
seguir! 
 
 
 
 
 
 
Tema 1: Política pública enquanto campo do saber 
O conceito de política pública teve sua origem em estudos de língua inglesa, 
posteriormente incorporados à língua latina. No sentido original, o conhecimento, 
a análise e a avaliação de políticas públicas devem compreender suas diferentes 
e interconectas expressões. É possível distinguir três diferentes abordagens 
(FREY, 2000; ROSSI, 2013): 
 Dimensão institucional – polity, relacionada à ordem do sistema político 
e sua organização administrativa e judiciária 
 Dimensão processual – politics, caracterizada pelo processo político 
conflituoso, de definição de prioridades, princípios e decisões 
 Dimensão material – policy, referente a operacionalização da política, 
por meio de programas, ações técnicas, sendo a materialização das 
decisões políticas 
Tais distinções favorecem a reflexão e o desenvolvimento do pensamento 
acadêmico. Contudo, na realidade política, as três abordagens são entrelaçadas 
e influenciam-se mutuamente. 
“Entender a origem e a ontologia de uma área do conhecimento é 
importante para melhor compreender seus desdobramentos, sua 
trajetória e suas perspectivas. A política pública enquanto área de 
conhecimento e disciplina acadêmica nasce nos EUA, rompendo ou 
pulando as etapas seguidas pela tradição europeia de estudos e 
pesquisas nessa área, que se concentravam, então, mais na análise 
sobre o Estado e suas instituições do que na produção dos governos. 
Assim, na Europa, a área de política pública vai surgir como um 
desdobramento dos trabalhos baseados em teorias explicativas sobre 
o papel do Estado e de uma das mais importantes instituições do 
Estado - o governo -, produtor, por excelência, de políticas públicas. 
Nos EUA, ao contrário, a área surge no mundo acadêmico sem 
estabelecer relações com as bases teóricas sobre o papel do Estado, 
passando direto para a ênfase nos estudos sobre a ação dos governos” 
(SOUZA, 2006) 
 
 
Os estudos sobre políticas públicas conduzem à compreensão de que se trata 
de um conceito complexo, que envolve diferentes relações de poder e interesses, 
e envolve os papéis do Estado, os governos e diferentes expressões da 
participação da sociedade civil. Esta característica complexa é própria da 
experiência política, que é permeada de tensões e contradições, e se estabelece 
em ações que possam regular os interesses e evitar o caos. 
No campo político, estão presentes poderes e contra-poderes, cujas sucessivas 
interações, em contextos democráticos, resultam na construção da cidadania: 
“Dessa feita, a política compõe-se, ao mesmo tempo, de 
atividades formais (regras estabelecidas, por exemplo) e 
informais (negociações, diálogos, confabulações) adotadas num 
contexto de relações de poder e destinadas a resolver, sem 
violência, conflitos em torno de questão que envolvem bens e 
assuntos públicos. Mas, ela é também, nos termos de 
Aristóteles, o estudo dessas atividades e dos arranjos adotados 
pelos homens para coexistirem em sociedade.” (PEREIRA, 
2009) 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neiva Hack 
tratando do assunto que estamos estudando. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Tema 2: Política pública enquanto ação estatal 
Existem abordagens sobre as políticas públicas que priorizam o conceito de que 
estas se tratam de ações dos governos para a efetivação dos direitos de seu 
povo, assegurados em sua legislação. Importante destacar que esta é, de fato, 
uma característica importante para a compreensão das políticas públicas. Neste 
sentido, é estudada em sua regulação, gestão e exigibilidade. É possível, assim, 
fazer um paralelo entre os três poderes do Estado e a análise de políticas 
públicas: 
 Poder legislativo – aspecto de regulamentação das políticas públicas. 
Ex.: direitos estabelecidos na Constituição Federal; direitos 
regulamentados por leis federais específicas; leis orçamentárias com 
distribuição de valores para as diferentes ações do Estado 
 Poder executivo – aspecto de gestão das políticas públicas. Ex.: 
planejamentos de ações; implementação de serviços, programas e 
projetos; avaliação e monitoramento da efetividade das ações; execução 
financeira do orçamento público 
 Poder judiciário – aspecto da exigibilidade das políticas públicas. Ex.: 
ações do Ministério Público ou Tribunal de Justiça exigindo que 
representantes do Poder Executivo (tais como ministros e secretários 
estaduais ou municipais) tornem efetivo o cumprimento de suas 
responsabilidades diante das previsões legais 
Destaca-se, contudo, que esta associação linear é uma opção didática para nos 
aproximarmos do conhecimento da relação entre Estado e políticas públicas. 
Cabe considerar que também no âmbito do Poder Executivo podem ser 
produzidas e reconhecidas normativas que regulam a implementação, o 
funcionamento e a avaliação das políticas públicas – como também tais aspectos 
podem contar com a coparticipação da sociedade civil. 
Assim, as políticas públicas são entendidas como instrumentos de ação dos 
governos para efetivar o bem público. Um conceito que expressa bem esta 
perspectiva é o formulado por Queiroz (2013): 
 
 
“As políticas públicas são, no estado democrático de direito, os 
meios que a administração pública dispõe para a defesa e a 
concretização dos direitos de liberdade e dos direitos sociais doscidadãos, estabelecidos numa Constituição Nacional”. 
Este autor ainda nos apresenta uma classificação dos tipos de políticas públicas, 
conforme as funções que o Estado exerce na sociedade. Neste caso, podem ser 
caracterizados cinco tipos: políticas estabilizadoras; políticas reguladoras; 
políticas alocativas; políticas distributivas e políticas compensatórias. 
Recomendamos, neste momento, que faça a leitura do Capítulo 3 do livro 
Formação e gestão de políticas públicas, de Roosevelt Brasil Queiroz. Acesse 
a versão online da aula para ter acesso ao livro seguir: 
 
A materialização das políticas públicas junto aos cidadãos se dá por meio de 
programas, projetos e serviços públicos, que possuem regulamentação que 
define seus públicos-alvo e públicos prioritários, responsáveis pelas ações, 
metas e pelos objetivos. 
Até aqui pudemos compreender melhor os principais aspectos das políticas 
públicas quando entendidas como ação estatal. Deve-se, porém, recordar que, 
em outras perspectivas de análise, o processo compreendido pelas políticas 
públicas se dá na relação entre Estado e sociedade civil, contando com a 
participação de ambos. 
 
 
 
 
 
Acesse a versão online da aula e assista ao vídeo da professora Neiva Hack 
tratando do assunto que estamos estudando. 
 
 
Tema 3: Política pública e as relações entre Estado e sociedade 
Assim como existem estudiosos que analisam as políticas públicas como ações 
do Estado, há um grande número que defende que estas se tratam de ações 
resultantes de contínua relação entre Estado e sociedade civil. Nesta 
perspectiva, tornam-se mais presentes as conquistas da democracia no sentido 
de que a sociedade participe de processos decisórios e avaliativos sobre as 
ações públicas. 
Potyara Pereira (2009, p. 94) explica a política pública entendida para além da 
ação estatal: 
“A palavra pública, que sucede a palavra política, não tem 
identificação exclusiva com o Estado. Sua maior identificação é 
como o que em latim se denomina de res publica, isto é res 
(coisa), publica (de todos), e, por isso, constitui algo que 
compreende tanto o Estado quanto a sociedade. É, em outras 
palavras, ação pública, na qual, além do Estado, a sociedade se 
faz presente, ganhando representatividade, poder de decisão e 
condições de exercer o controle sobre a sua própria reprodução 
e sobre os atos e decisões do governo.” 
Quando é considerada a relação entre Estado e sociedade civil, amplia-se o 
conjunto de variáveis que envolve a operacionalização das políticas públicas, 
desde sua origem até sua execução e avaliação. 
 
 
Nesta perspectiva, devem ser consideradas a complementariedade e, ao mesmo 
tempo, as tensões entre Estado e sociedade civil no campo das políticas 
públicas. Estão presentes componentes importantes como: 
 Relações de forças, demandas e interesses – presentes desde a 
formação das agendas das políticas públicas, dos momentos de 
reivindicação de novos direitos e do estabelecimento de prioridades 
 Participação no planejamento orçamentário – a sociedade civil 
organizada é estimulada a acompanhar a execução do orçamento público 
e mesmo a propor alterações quando o planejamento orçamentário está 
sendo executado 
 Cooperação na execução das políticas públicas – certos serviços 
públicos podem contar com a participação de organizações da sociedade 
civil também na sua operacionalização, de forma complementar à 
iniciativa estatal 
 Controle, monitoramento e avaliação – também são estabelecidos 
mecanismos de participação da sociedade na avaliação das ações do 
poder público 
No Brasil, um dos grandes marcos de incentivo à participação popular foi a 
aprovação da Constituição Federal de 1988. Para saber mais sobre a 
participação democrática da sociedade civil no Brasil após a Constituição 
Federal de 1988, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo a seguir: 
 
 
 
 
 
 
Esta nova conjuntura de participação leva a perceber que as políticas públicas 
vão se constituindo enquanto produtos do seu momento histórico e das forças 
sociais que agem, reagem e destacam-se. Nesse sentido, não se pode afirmar 
nem a neutralidade do Estado, nem a prevalência constante dos interesses da 
classe dominante. Sobre isso, Boneti (1996) detalha que: 
“Esta nova configuração do contexto social, econômica e 
políticas, originada com o processo de globalização da esfera 
econômica, impôs elementos novos na relação entre Estado e 
sociedade civil. Neste caso, torna-se impossível considerar que 
a formulação de políticas públicas é pensada unicamente a partir 
de uma denominação jurídica, fundamentada em lei, como se o 
Estado fosse uma instituição neutra, como querem os 
funcionalistas. (...). Não se pode mais pensar, tampouco, que as 
políticas públicas são formuladas unicamente a partir dos 
interesses específicos de uma classe, como se fosse o Estado 
uma instituição a serviço da classe dominante.” 
 
Importante 
A atual organização do Estado brasileiro prevê a participação social na 
perspectiva da defesa de direitos sociais e da exigibilidade do compromisso do 
Estado com a garantia destes. Contudo, este incentivo à participação pode não 
se tornar efetivo porque as estruturas de participação se tornam 
exageradamente burocráticas ou mesmo porque pode ser tencionado a se tornar 
uma resposta da sociedade a questões em que o Estado se mostra ineficiente 
em promover soluções, reforçando estratégias de consolidação do Estado 
mínimo. 
 
 
 
 
 
Tema 4: Complexidade da análise em políticas públicas 
Os estudos voltados à análise de políticas públicas promovem subsídios aos 
gestores públicos para qualificar as ações dos governos. Podem também ampliar 
a transparência das ações estatais e seus resultados para melhorar a 
participação da sociedade civil e o exercício democrático. Contudo, a análise de 
políticas públicas é um exercício bastante complexo, que envolve conhecer e 
apreender as dinâmicas de formulação, implementação e gestão destas 
políticas, bem como os fatores e atores presentes nestes processos. 
No processo de formação das políticas públicas, podemos destacar os seguintes 
atores, segundo Queiroz (2013): 
 Partidos políticos 
 Chefes do poder executivo 
 Ministros e secretários 
 Parlamentares 
 Funcionários públicos 
 Movimentos sociais 
 Empresários e industriários 
 Meios de comunicação 
A análise dos processos originários das políticas públicas demanda considerar 
a participação, o poder e os interesses destes e de outros atores que estejam 
envolvidos. No processo de implementação e gestão, devem ser considerados 
os elementos de contexto a partir dos quais, e dentro dos quais, desenvolvem-
se as políticas públicas. 
Nesse sentido, destacam-se fatores como: 
 Conjuntura socioeconômica 
 Histórico de formação e participação política dos atores envolvidos 
 Interferência de modelos políticos e de gestão anteriores 
 Instituições envolvidas 
 Características territoriais 
 Atores responsáveis pelas ações de implementação e operacionalização 
 
 
 
Estão compreendidas nesta análise, também, as diferentes linhas de 
pensamento, ideologias e doutrinas que subsidiam a legislação vinculada ao 
tema estudado. E estão presentes, ainda, os meios utilizados na gestão, tais 
como estratégias, planos, ferramentas, protocolos, estruturas de equipe e 
liderança, equipamentos e outros. 
Assim, não se pode avaliar o desenvolvimento e os resultados de uma política 
pública como um mecanismo simples de causa e consequência. É necessário 
considerar a diversidade de elementos envolvidos. Trata-sede uma ação 
visando ao bem público, que, contudo, desenvolve-se em meio a constantes 
conflitos de forças e interesses, pelos quais passam também interesses 
individuais ou corporativos. Para efetuar esta complexa tarefa, não há uma 
estratégia teórico-metodológica única – assim nos descrevem Howlett, Ramesch 
e Perl (2013, p. 24): 
“Diferentemente da Física ou da Química, não existe uma 
metodologia universalmente reconhecida para a análise dos 
problemas políticos. Em vez disso, pode-se encontrar uma gama 
de habilidades e técnicas na caixa de ferramentas da análise 
política (por exemplo, Direito, Economia, métodos quantitativos, 
análise organizacional, orçamento etc). Os analistas políticos 
aplicam uma combinação de ferramentas analíticas internas e 
externas ao governo para compreender os problemas da política.” 
Ao longo da história, diferentes técnicas e ferramentas foram desenvolvidas 
pelos estudiosos da área. Assim, dois grandes grupos de abordagens são 
classificados, derivando das influências teóricas adotas pelos diferentes 
analistas políticos (HOWLETT, RAMESCH e PERL, 2013): 
 Positivistas – prevalece a análise empírica e quantitativa, valorizando a 
dimensão dos resultados obtidos e classificando as falhas de gestão a 
serem superadas 
 Pospositivistas – há valorização dos elementos qualitativos, da 
participação pública, dos contextos e argumentos, considerando a 
 
 
dimensão do conflito permanente em que se desenvolvem as políticas 
públicas 
Sobre as diferentes formas de abordagem na análise de políticas públicas, 
Celina Souza (2006) conclui que sobressaem aspectos de grande importância a 
serem considerados nas mais distintas abordagens, que podem ser resumidos 
a seguir. Para a autora (2006, p. 36-37), então, a política pública: 
 permite distinguir entre o que o governo pretende fazer e o que, de fato, 
faz 
 envolve vários atores e níveis de decisão, embora seja materializada 
através dos governos, e não necessariamente se restringe a participantes 
formais, já que os informais são também importantes 
 é abrangente e não se limita a leis e regras 
 é uma ação intencional, com objetivos a serem alcançados 
 é uma política de longo prazo, embora tenha impactos no curto prazo 
 envolve processos subsequentes após sua decisão e proposição, ou seja, 
implica também implementação, execução e avaliação 
Uma forma frequentemente adotada para a compreensão dos processos pelos 
quais passa a política pública é a compreensão de “Ciclo da Política Pública”. 
Nesta ótica, existem importantes etapas interdependentes que se desenvolvem 
continuamente. Segundo Queiroz (2013), o ciclo é representado pela figura a 
seguir: 
 
 
 
 
Recomendamos, neste momento, que faça a leitura do Capítulo 4 do livro 
Formação e gestão de políticas públicas, de Roosevelt Brasil Queiroz. Acesse 
a versão online da aula para ter acesso ao livro. 
 
Outros autores também desenvolvem a análise do ciclo de políticas públicas. 
Contudo, existem variações entre as etapas por eles categorizadas. Como 
exemplo, trazemos a proposta de análise indicada por Howlett, Ramesch e Perl 
(2013, p. 15), Cinco estágios do ciclo político e sua relação com a resolução 
aplicada de problemas: 
 
Conheça o modelo de ciclo de políticas públicas, de Howlett, Ramesch e Perl 
(2013)! 
 
 
 
Fonte: Howlett, Ramesch e Perl, 2013, p. 16. Ampulhetas em paralelo de ciclo e os atores 
da política pública. 
Para conhecer mais sobre este modelo apresentado, acesse a versão online da 
aula e assista ao vídeo a seguir: 
 
 
 
Tema 5: Estruturas das políticas públicas 
O estudo das políticas públicas compreende o conhecimento sobre suas 
estruturas de composição e funcionamento. Diferentes autores propõem 
categorizações e interpretações para este assunto. Adotaremos a proposta de 
Geraldo Di Giovanni (2009), desenvolvida após análise das perspectivas 
desenvolvidas anteriormente e da identificação de necessidades de melhoria. 
Acesse a versão online da aula e conheça! 
 
 
Di Giovani (2009) propõe uma análise histórica de constituição das políticas 
públicas e o reconhecimento de quatro estruturas elementares. 
 
 
 
 
Estrutura formal 
Compreende o conhecimento da forma como se dão as políticas públicas. 
Permite observar as relações entre teorias (técnicas, políticas, culturais e 
ideológicas) e sua aplicabilidade prática, por meio de estratégias e ferramentas. 
A análise segue observando esta relação com sua efetividade na obtenção dos 
resultados alcançados. 
Estrutura substantiva 
Compreende reconhecer a participação dos diferentes atores no processo das 
políticas públicas, sejam eles indivíduos, grupos ou instituições, sejam 
organizados ou não. Cabe também o reconhecimento dos interesses destes 
diferentes atores. Na categorização dos interesses presentes, é possível elencar 
aqueles mais voltados à ampliação do capital, outros relacionados à busca e à 
manutenção do poder, e ainda outros voltados à promoção de condições de 
bem-estar. 
E, ainda, devem ser identificadas as regras presentes no processo, sejam elas 
formais, representadas principalmente na legislação; ou informais, vinculadas a 
costumes, tradições, conteúdos morais e éticos. Todos estes elementos 
interagem constantemente. 
 
 
 
Estrutura material 
Está mais voltada aos aspectos econômicos que compõem as políticas públicas. 
Tratam-se dos elementos materiais que permitem a realização destas políticas. 
Neste caso, a análise compreende conhecer os volumes de recursos 
disponíveis, as regras para seu acesso; o contexto econômico; os 
posicionamentos frente as relações Estado e mercado. 
O estudo dos custos aponta para a capacidade técnica de implementação das 
políticas. Dados do financiamento e orçamento evidenciam o status de prioridade 
ocupado por cada política pública. Cabem ainda, nesta estrutura, o 
conhecimento de suportes disponíveis para as políticas públicas, como por 
exemplo: infraestrutura, transportes, recursos tecnológicos, entre outros. 
Estrutura simbólica 
Compreende a produção de conhecimento que vai sendo construída 
progressivamente à medida que avançam as práticas e os estudos em políticas 
públicas. Os valores que permeiam a história destas políticas são 
complementados ou mesmo confrontados com a racionalidade científica, e dão 
origem a novos modelos de conhecimento. Surgem novos saberes e consolida-
se uma linguagem específica ao campo. 
Esta proposta apresentada por Di Giovani (2009) sintetiza elementos 
fundamentais para a análise de políticas públicas e constitui uma metodologia 
esclarecedora, com a qual você poderá contar ao longo dos estudos nesta 
disciplina. Para conhecer mais sobre esta classificação e metodologia, 
recomendamos a leitura do artigo As estruturas elementares das políticas 
públicas: 
https://observatorio03.files.wordpress.com/2010/06/elementos-das-politicas-
publicas.pdf 
 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
Nesta aula, vamos construir um Fórum Colaborativo. Cada aluno deverá indicar 
um tipo de política pública e apresentar o que conhece sobre ela e alguns fatores 
importantes para sua análise. Ex.: Política pública de saúde é um direito 
universal do cidadão, desde a Constituição Federal de 1988. Para analisá-la, é 
importante considerar as diferenças regionais no Brasil e também aspectos 
históricos relacionados às formas de acesso à saúde antes de 1988, quando 
ainda não era reconhecida como direito de todos. 
Cada aluno é convidado a contribuir com este fórum. As políticas públicas podem 
se repetir, contando com diferentes colaborações sobre suas informaçõese 
características para análise. 
 
NA PRÁTICA 
Análise das estruturas de uma política pública 
Agora, vamos exercitar um pouco mais nosso aprendizado. Siga as instruções e 
faça a atividade proposta a seguir: 
1. Escolha uma das seguintes políticas públicas brasileiras: 
 Saúde 
 Educação 
 Assistência social 
 Habitação 
2. Preencha a tabela abaixo com, pelo menos, uma informação para cada 
tipo de estrutura. Se você conseguir preencher todas as linhas, seu 
exercício ficará ainda mais completo: 
 
 
 
 
Fonte: adaptado Análise das Estruturas das Políticas Públicas, de Di Giovanni (2009). 
 
Dicas 
 Retome as explicações da aula 05, em que este modelo de análise foi 
proposto; 
 Para fazer o preenchimento você pode consultar o site dos ministérios e 
das secretarias estaduais e municipais responsáveis por esta política. 
Nestes você encontrará legislações, normativas, experiências práticas e 
outras informações importantes para sua atividade. Ex.: se escolho 
política pública de saúde, posso entrar nos sites do ministério da saúde, 
das secretarias estaduais de saúde e das secretarias municipais de 
saúde. 
Não há uma solução única para este exercício, pois ele terá diferentes 
preenchimentos segundo a escolha de cada aluno. A atividade é considerada 
correta se houver o preenchimento de, pelo menos, uma linha de cada estrutura, 
de forma compatível com a explicação dada no Tema 5 desta aula. 
 
 
 
Sobre esta reflexão prática, acesse a versão online da aula e assista ao vídeo 
a seguir. 
 
 
SÍNTESE 
Nesta aula, aprofundamos nosso conhecimento sobre as políticas públicas. 
Vimos, em nossa Problematização, que as políticas públicas fazem parte do 
nosso cotidiano e nos questionamos se somos capazes de avaliá-las. Foi 
possível, então, perceber que isso não é tarefa fácil, mas que exige considerar 
os mais diferentes fatores, atores e contextos. A análise de políticas públicas é 
importante para subsidiar gestores públicos e a sociedade civil na tomada de 
decisões para a melhoria das ações públicas e para efetivar direitos sociais. 
Acesse a versão online da aula e assista no vídeo a seguir a fala final da 
professora Neiva Hack. 
 
 
 
 
 
Referências 
BONETI, L. W. Políticas públicas por dentro. Ijuí: Unijuí, 2006. 
DI GIOVANNI, G. As estruturas elementares das políticas públicas. Caderno de 
Pesquisa. Campinas, n. 82. Unicamp: NEPP, 2009. 
FREY, K. Políticas públicas: um debate conceitual e reflexões referentes à 
prática da análise de políticas públicas no Brasil. Revista Planejamento de 
Políticas Públicas – IPEA. Junho de 2000, n. 21. 
HOWLETT, M. RAMESH, M. PERL, A. Política pública: seus ciclos e 
subsistemas: uma abordagem integradora. Tradução técnica Francisco G. 
Heidemann. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. 
PEREIRA, P. A. Discussões conceituais sobre política social como política 
pública e direito de cidadania. In: BOSCHETTI, et al. Política social no 
capitalismo: tendências contemporâneas. 2. ed. São Paulo: Cortez, 2009. p. 87-
108. 
QUEIROZ, Roosevelt B. Formação e gestão de políticas públicas. Curitiba: 
Intersaberes, 2013. 
ROSSI, R. A perspectiva territorial no debate das políticas públicas: 
contribuições a partir da problematização geográfica. GeoGraphos Revista 
Digital para Estudiantes de geografia y ciências sociales. Ano 2013. v. 4, n. 
33.

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