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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 1 Estado e Política Social Neiva Silvana Hack Aula 6 CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 2 CONVERSA INICIAL Caro aluno, vamos dar início a mais uma aula da disciplina de Estado e Política Social, voltando nossa atenção aos aspectos de gestão das políticas públicas. Nossos objetivos nesta aula são: Distinguir papéis dos diferentes gestores no pacto federativo estabelecido pela Constituição Federal brasileira; Reconhecer as formas de organização dos sistemas de políticas sociais; Conhecer os aspectos de gestão de recursos públicos para operacionalização das políticas sociais; Analisar diferentes modelos de sistemas informatizados de gestão de políticas sociais; Discutir e ampliar o conhecimento sobre as prerrogativas de participação e controle social previstas nas políticas sociais brasileiras. Sendo assim, iniciemos nossos estudos a partir da videoaula disponível no material on-line, na qual a professora Neiva irá explicar com mais detalhes os assuntos que discutiremos! Boa aula! CONTEXTUALIZANDO Iniciemos nossa aula refletindo sobre o seguinte caso: CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 3 Uma associação de moradores de um grande bairro de uma das regiões metropolitanas brasileiras, está em reunião discutindo sobre os direitos das pessoas que moram no bairro e o quanto estes direitos estão sendo respeitados ou não. Alguns participantes da reunião destacaram que a associação precisa se articular e lutar para que um número maior de políticas públicas atenda às pessoas da região. “Somente assim os direitos seriam garantidos”, eles afirmavam! Então, decidiram elaborar uma carta com as principais situações que percebiam que precisavam de investimento do governo. Na carta, constavam três principais solicitações: Ampliar o número de vagas nas creches; Contratar mais profissionais para a unidade de saúde, que só contava com um médico, um dentista, uma enfermeira e dois técnicos de enfermagem; Instalar um módulo da Polícia Militar com viatura disponível para fazer rondas no bairro, que vinha contando com um número cada vez maior de ocorrências violentas. Após finalizada a carta, um dos participantes disse que a entregaria para o vereador que representava o bairro, porque ele resolveria essas situações. Outra pessoa disse que não concordava e que a carta deveria ser entregue diretamente ao Prefeito. E outra ainda ponderou, dizendo que sabia que a liberação de módulos e viaturas policiais era feita pelo Secretário de Segurança do Governo Estadual. Logo, se formou grande polêmica sobre o destinatário desse documento tão importante para o bairro. Você saberia orientar os representantes desta associação de moradores sobre qual o encaminhamento mais adequado para suas solicitações? De fato, não é uma decisão simples! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 4 Não se preocupe em dar essa resposta agora. Prossiga com seus estudos e retome a questão ao final da aula! Mas antes, assista a mais uma videoaula do material on-line. PESQUISE Competências dos gestores Quando falamos de políticas públicas estamos falando da ação do Estado, em conjunto com a sociedade civil, de forma a promover e defender o efetivo exercício dos direitos reconhecidos para os seus cidadãos. Desta forma, dois pontos precisam ser destacados: Se políticas públicas estão relacionadas a direitos, elas se tornam “exigíveis”, ou seja, a população pode reivindicar ao Estado que cumpra com seu papel na efetividade destas ações; Se são ações do Estado, elas são competências de instituições específicas deste Estado, que possui estrutura com instâncias que se diferenciam em suas competências e funções (WEBJUR, 2016). Iniciamos a discussão com aquelas duas considerações para destacar que é preciso exigir a implementação, efetividade e qualidade das políticas públicas. Mas que, para isso, é preciso reconhecer de quem é a responsabilidade para que as políticas sejam operacionalizadas e alcancem o público para a qual são direcionadas. Reflita: se, em minha cidade, não existem unidades de saúde, de quem devo exigir sua construção? Devo exigir do município, que é o responsável pela execução das ações de Atenção Primária em Saúde, que devem ser CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 5 ofertadas Unidades de Saúde. O município pode contar também com apoio do governo estadual e federal para efetivar esta ação, mas é o primeiro responsável por ela. Se, em outro município a dificuldade é a falta de viaturas e de presença da Polícia Militar, a quem devemos nos reportar? Trata-se, nesse caso, de uma competência do governo estadual. Assim, de nada adianta demandar providências ao prefeito, pois ele não é o primeiro responsável por tomar esta decisão, embora possa cooperar com o governo estadual para que haja melhoria nesta área. Retomando nossas primeiras aulas, quando estudamos a teoria sobre o Estado e sua organização, aprendemos que o Estado se divide em três poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. Embora os três poderes representem o Estado diante da população, eles diferem em suas competências. E esta distinção também é fundamental quando pensamos em exigir novas políticas públicas ou melhoria naquelas já existentes. É comum observarmos no período de campanha para vereadores, que eles se coloquem como quem vai realizar ações diretamente para o povo – alguns inclusive adotam práticas de distribuição de donativos como cestas básicas e cadeiras de rodas. Contudo, a função de vereador está compreendida dentro do poder legislativo e não executivo. Logo, não compete ao vereador executar ações junto ao povo, mas representar os interesses do povo no momento de formulação, apreciação e votação das leis. Nesse caso, ele pode contribuir com propostas de leis que decorram na criação de novas políticas públicas, na destinação de mais recursos para certas áreas ou públicos, na inserção de novos direitos dentre aqueles já reconhecidos. Assim, ao discutirmos Estado e Política Social – tema central de nossa disciplina – é fundamental saber que existem diferentes competências entre CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 6 os representantes do poder público, assim como saber caracterizá-las minimamente. A primeira distinção, como vimos, relaciona-se às competências que distinguem os três poderes. De forma simplificada, no que se refere às políticas sociais, podemos afirmar: Poder Legislativo Responsável pelas leis que regulamentam a Constituição Federal e que detalham direitos e deveres dos cidadãos relacionados à promoção das políticas públicas por setores ou segmentos. Poder Executivo Tem a competência de implementar ações qualificadas de operacionalização das políticas públicas, ou seja, cumprir as previsões estabelecidas na legislação. Poder Legislativo Representa o interesse da sociedade civil de que as políticas se tornem efetivas e os direitos sejam respeitados. Em outras palavras, exige dos responsáveis o cumprimento da lei. O Poder Executivo é representado: Pelo Presidente da República, em caráter federal; Pelo Governador, na abrangência estadual; Pelo Prefeito nos limites municipais. A organização do Poder Executivo se dá por áreas: Ministérios,no que se refere ao governo federal e Secretarias, no que concerne os governos estaduais e municipais. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 7 Na área da saúde, as instâncias do Poder Executivo responsáveis por sua implementação são: o Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais e as Secretarias Municipais de Saúde. Municípios e estados são considerados unidades federativas e possuem autonomia de organização e de governo, desde que respeitados os pressupostos legais da Constituição Federal e das Leis Federais vigentes. Para operacionalizar políticas públicas nacionais, municípios, estados e União unem-se e estabelecem pactos federativos, a partir dos quais firmam competências, responsabilidades e cooperação mútua. De acordo com a lógica dos sistemas e do estabelecimento de pactos federativos para gestão das políticas sociais, diferenciam-se as competências de cada gestor. Essa organização está prevista nas próprias legislações que regulam as políticas públicas e as afirmam enquanto direitos dos cidadãos e dever do Estado. Para compreender as diferenças entre as competências dos gestores representantes do Poder Executivo, assista à explicação da professora Neiva na videoaula disponível no material on-line! Princípios, diretrizes e objetivos A operacionalização de políticas sociais não pode ocorrer de maneira aleatória. A efetividade do exercício de cidadania por meio das políticas públicas somente é possível se as políticas se caracterizarem enquanto ações coordenadas com objetivos, métodos e meios adequados. Como ponto de partida para o estabelecimento de políticas públicas, temos o seu reconhecimento legal. Na sequência, é fundamental o estabelecimento de princípios, diretrizes e objetivos. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 8 Princípios Os princípios definem as opções ético-políticas que sustentam a existência e desenvolvimento de cada política pública. Princípios da política de Assistência Social (conforme Art. 4º da LOAS): I. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as exigências de rentabilidade econômica; II. Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; III. Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de necessidade; IV. Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações urbanas e rurais; V. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público e dos critérios para sua concessão (BRASIL, 1993). Diretrizes As diretrizes definem o caminho a ser percorrido para alcançar os objetivos propostos. Compreende opções estratégicas gerais que pretendem promover o alcance dos objetivos, com respeito aos princípios. Diretrizes da política de assistência social (conforme Art. 5º da LOAS): CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 9 I. Descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera de governo; II. Participação da população, por meio de organizações representativas, na formulação das políticas e no controle das ações em todos os níveis; III. Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de assistência social em cada esfera de governo (BRASIL, 1993). Objetivos Os objetivos caracterizam o patamar que se pretende alcançar com aquela política e aquelas ações. Os objetivos de uma política social devem estar vinculados à promoção dos direitos sociais às quais está vinculada. Os objetivos definem, portanto, onde se quer chegar. Objetivos da política de assistência social (conforme Art. 2º da LOAS): I. A proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e à prevenção da incidência de riscos, especialmente: a) A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência e à velhice; b) O amparo às crianças e aos adolescentes carentes; c) A promoção da integração ao mercado de trabalho; d) A habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a promoção de sua integração à vida comunitária; e) A garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 10 meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por sua família; II. A vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; III. A defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos no conjunto das provisões socioassistenciais (BRASIL, 1993). Conheça mais sobre este assunto assistindo à videoaula disponível no material on-line! Orçamento público e financiamento Assim como podemos presumir ao longo destas aulas sobre políticas sociais, para que elas sejam implementadas, tenham continuidade e qualidade se faz necessário investimento de recursos. Uma política pública qualificada demanda, por parte do Estado, uma estrutura bastante complexa, que compreenda espaços físicos adequados para gestão e execução (secretarias, escolas, unidades de saúde, etc.); materiais e equipamentos apropriados; equipe profissional qualificada; investimento em tecnologia e pesquisa; suprimentos a serem repassados ao cidadão (alimentos, medicamentos, materiais didáticos, etc.); dentre outros recursos. Sob a lógica do direito do cidadão e dever do Estado, tem-se a perspectiva de que o Estado assumirá com as despesas necessárias à composição das estruturas fundamentais para as políticas públicas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 11 Os recursos financeiros dos quais o Estado dispõe para realizar a gestão provêm principalmente dos diversos impostos arrecadados dentre os cidadãos. É possível, ainda, que as ações estatais contem com co- financiadores ou parceiros da iniciativa privada, que podem ser de instâncias nacionais ou internacionais. O conjunto de arrecadações do Estado compreende o “orçamento público”. Este deve ser gerido pelos representantes do governo de forma transparente e eficiente. Para assegurar tais condições, são definidas regras de uso do dinheiro público e são estabelecidos trâmites de partilha desses recursos para que retornem à população em forma de bens ou serviços de qualidade. Neste processo são estabelecidas as chamadas peças orçamentárias. São três: O PPA – Plano Plurianual A LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias A LOA – Lei Orçamentária Anual Conheça melhor estas peças orçamentárias assistindo à videoaula disponível no material on-line! Cada município e estado, bem como a União devem construir estas peças orçamentárias dentro dos prazos pré-determinados e apresentá-las à casa legislativa de sua abrangência (Câmara Municipal; Assembleia Legislativa Estadual ou Congresso Nacional), que apreciará, sugerirá mudanças e fará sua aprovação. Estabelece-se, assim, uma relação fundamental entre Poder Executivo, que propõe as peças orçamentárias e Poder Legislativo, que lhes atribui o status de lei a ser cumprida.Tendo sido aprovada a Lei Orçamentária Anual – LOA (a peça mais específica em detalhes de destinação de recursos), toda a gestão financeira dos governos deve respeitar suas previsões. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 12 Portanto, se foi aprovado na LOA que haveria maior investimento na educação do que na saúde, ao longo daquele ano não se poderia remanejar recursos ao longo do período em maior volume para a saúde do que para a educação. O momento de definir as prioridades e as alocações de recursos nas contas públicas é quando ocorre a elaboração das peças orçamentárias. Depois, cabe aos gestores, com fiscalização das instâncias de controle social, respeitar as leis aprovadas. O orçamento é distribuído em planos de contas. Cada tipo de despesa compõe uma conta específica. Os gestores não podem deliberar livremente para mudança no uso dos recursos. Se os valores são destinados a uma área e a um tipo de despesa não podem simplesmente ser empregados em outra. Se o recurso municipal compreende um valor “x” para aquisição de 2 ambulâncias, não é possível comprar somente 1 e empregar o restante do recurso na reforma de uma creche, que não havia sido prevista anteriormente. Neste caso seria equivocado o uso de recurso da saúde na área da educação, assim como o uso de recurso para bens móveis em obras ou reformas. Essas características do orçamento público pretendem assegurar que a gestão ocorra da melhor forma para a população, embora expresse evidentes desafios burocráticos para os gestores. Na perspectiva das políticas sociais, procuram-se estabelecer fundos específicos que serão destinados apenas a despesas referentes a sua área e que facilitam relações de co-financiamento entre os diferentes níveis de gestão (municipal, estadual e federal). Por exemplo, os recursos para a assistência social de um município ficam alocados no Fundo Municipal de Assistência Social. Quando o município recebe repasses dos governos estaduais e federal, esses repasses são facilitados quando ocorrem pelos chamados “repasses fundo-a-fundo”, ou CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 13 seja, o recurso vem diretamente do Fundo Estadual de Assistência Social e/ou do Fundo Nacional de Assistência Social. Os mecanismos e regras de gestão orçamentária e financeira do poder público são bastante complexos. Contudo, trata-se de um tema a ser socializado com o maior número de pessoas possível, para que possa existir efetiva participação popular e exigência por políticas sociais de qualidade. Sistemas de gestão informatizados A busca por implementar gestões qualificadas de políticas sociais conduziu ao desenvolvimento e utilização de recursos tecnológicos. A tecnologia oferece à política pública recursos que facilitam a gestão e o atendimento. Um dos pontos que se destaca na adoção de sistemas informatizados no campo das políticas sociais está relacionado ao monitoramento e avaliação da gestão. A sistematização dos registros de atendimento em bases informatizadas oportuniza a realização de análises estatísticas e a aplicação de estratégias de georreferenciamento que podem subsidiar a tomada de decisão dos gestores para melhor investimento de recursos, projeção de demandas e qualificação de estratégias. No Brasil, tais iniciativas são de grande importância, tanto pelo grande volume de dados que inviabilizaria a sistematização e a organização de dados puramente manuais quanto pelas distintas características culturais, socioeconômicas e geográficas do país. Uma base informatizada à qual diferentes gestores de políticas públicas recorrem é a do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Trata- se de uma base de âmbito nacional, que compreende grande gama de dados organizados e pré-analisados estatisticamente. Embora não se trate de um CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 14 sistema específico de uma política social, é uma base capaz de subsidiar várias decisões políticas e administrativas. As bases do IBGE são compostas principalmente pelo Censo, que é realizado em todo o país, a cada dez anos. Ainda são realizadas, no intervalo entre os Censos, pesquisas complementares como a PNAD – Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio, a MUNIC – pesquisa de informações básicas municipais, a ESTADIC – pesquisa de informações básicas estaduais e outras. Gestores públicos e cidadãos em geral podem ter acesso às análises de dados desenvolvidas e disponibilizadas pelo IBGE e podem solicitar, diretamente no Portal do IBGE, tabelas e planilhas que contemplem informações sobre seus municípios e estados, como: demografia, religião, distribuição etária, escolaridade, dentre outras. Acesse você também esses dados: http://www.ibge.gov.br/ As grandes políticas sociais brasileiras vêm aprimorando seu uso de sistemas informatizados. São desenvolvidos diversos sistemas de registro e acompanhamento de atendimentos. São exemplos destes registros: Quantidade e tipos de unidades de educação; Matrículas escolares; Frequência escolar; Registros de faltas e evasão escolar; Registros de notificações em casos de identificação de situações de violência doméstica; Atendimentos em serviços de saúde; Indicadores epidemiológicos; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 15 Quantidade e distribuição de beneficiários da previdência e da assistência social; Atendimentos realizados pela previdência e assistência social; Quantidade e distribuição de empregados com carteira assinada; Registros de denúncias de maus tratos contra mulheres, crianças, adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, população de rua, LGBT etc. Os registros informatizados compõem bases de dados cuja responsabilidade pelo sigilo e segurança das informações é do órgão que gerencia a alimentação dos sistemas e o tratamento dos dados. Embora haja registro detalhado com informações sobre o indivíduo e a família, a sistematização e análise de dados é realizada na perspectiva estatística, sem identificar os sujeitos e toda a divulgação de dados compreende o cuidado com a proteção da identidade e privacidade do indivíduo (garantia esta prevista na própria Constituição Federal). Contudo, no que se refere aos dados estatísticos, muitas informações são disponibilizadas e muitas outras podem ser solicitadas pela sociedade, tendo em vista fortalecer a transparência na gestão das políticas públicas. Os Ministérios da Saúde, da Assistência Social e da Educação, por exemplo, oportunizam a consulta pelos cidadãos de informações sobre os atendimentos realizados nessas áreas em seus municípios, estados e no país como um todo. Aos gestores, conselheiros e pesquisadores destas áreas, podem ser disponibilizadas senhas de acesso diferenciado, que permitem o conhecimento dos dados de forma mais detalhada. A tecnologia tem beneficiado a gestão pública e possibilitado maior transparência das informações e mais qualificada participação dos gestores e da sociedade civil. Para conhecer mais sobre as informações sobre políticas sociais disponíveis aos cidadãos, assista à videoaula disponível no material on-line! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 16 Controle social e participação A terminologia controle social, adotada em políticas públicas após a Constituição de 1988, está diretamente ligada à participação popular. Quando se usa o termo controle social, pode-sepensar em controle da sociedade – neste caso exercido por alguma instância do Estado. Contudo, o controle social atualmente adotado significa justamente o contrário: trata-se do controle do Estado pela sociedade. Trata-se de uma expressão da participação democrática na condução dos governos. Para potencializar e organizar o controle social de políticas públicas, duas são as principais estratégias estabelecidas pelas leis que as regulamentam: a composição e funcionamento dos conselhos de políticas públicas (ou conselhos de defesa de direitos) e a realização periódica de conferências (BRASIL, 2007; MDS e CNAS, 2013). Os conselhos de políticas públicas são compostos de diferentes formas, mas a semelhança entre eles é que compreendem representantes de diferentes atores interessados na discussão de determinada política, envolvendo sempre representantes do governo e da sociedade civil. A representação da sociedade civil pode compreender trabalhadores, usuários, instituições sociais, sindicatos, dentre outros. Também podem compor os conselhos os representantes do ministério público, defensorias ou outras instâncias de defesa de direitos (BRASIL, 2007; MDS e CNAS, 2013). Os conselhos possuem mecanismos que regulam sua existência, composição e funcionamento. Temos como exemplo as leis de criação dos conselhos, os regulamentos, os regimentos internos e os códigos de ética. Dentre as competências dos conselhos constam ações de apreciação, coparticipação e aprovação no planejamento de ações das políticas públicas a ele relacionadas, bem como das contas e peças orçamentárias que dizem respeito a sua execução. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 17 Enquanto os conselhos reúnem-se com maior frequência (em geral, mensalmente), as conferências são chamadas por esses mesmos conselhos e ocorre em períodos mais espaçados (a cada 2 ou 3 anos, por exemplo). As conferências são momentos de ampla participação, em que são avaliadas as políticas públicas em funcionamento, identificadas falhas a serem superadas, propostas novas ações ou melhorias naquelas existentes. Nas conferências são definidas propostas e direções a serem respeitadas pelos gestores públicos e monitoradas pelos conselhos, para que se efetive a participação. Além dos conselhos e conferências, outros espaços de organização da sociedade civil podem colaborar com o controle social, subsidiando o próprio funcionamento e pauta daqueles primeiros. Temos como exemplo, nesses casos, os fóruns populares, as associações, os comitês e outros espaços de participação popular que podem demandar melhorias e mudanças nas leis e nas ações relacionadas às políticas públicas. Existem, ainda, dimensões do controle social de aspecto mais relacionado à gestão governamental. Trata-se, nesse caso, de instâncias públicas do próprio estado, cujo papel é controlar a efetividade, transparência, ética e qualidade das ações do Poder Executivo no cumprimento de suas funções. São exemplos os Tribunais de Contas e os órgãos relacionados ao Poder Judiciário, que representam, judicialmente, o interesse da população referente à execução das políticas públicas (QUEIROZ, 2013). Conheça mais sobre o controle social de políticas públicas assistindo à videoaula disponível no material on-line! TROCANDO IDEIAS Hora de compartilhar conhecimentos! CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 18 Até agora, tratamos das competências dos representantes do poder público nos processos relacionados às políticas públicas. Além disso, falamos de orçamento, de estruturas que embasam as políticas públicas, de recursos tecnológicos e de participação social. São conteúdos diversos, mas todos relacionados à gestão de políticas públicas. Compartilhe com seus colegas no fórum qual foi o aprendizado mais marcante para você nesta aula e comente o porquê. Fale sobre se houve um aprendizado novo, algo que chamou a atenção por estar relacionado a experiências que você viveu, aspectos que esclareceram dúvidas que você tinha etc. Enfim, apresente aos seus colegas o enriquecimento em conhecimento que esta aula te oportunizou! NA PRÁTICA Agora, vamos buscar indicadores sobre vulnerabilidade social em um portal público do Governo Federal. Muitas são as informações disponibilizadas em portais públicos. Então, usaremos um recurso que gera mapas com informações sociais. Primeiramente, entre no site da Secretaria de Avaliação e Gestão da Informação (SAGI), do Ministério de Desenvolvimento Social: www.mds.gov.br/sag Nas opções da coluna lateral esquerda, selecione “dados e indicadores”; Na página dos dados e indicadores, selecione “Mapas temáticos de vulnerabilidade social”; Selecione o seu estado; CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 19 Selecione o seu município; Escolha um indicador social (o portal oferece 17 opções de indicadores. Selecione aquele que você tem interesse neste momento); Clique em “Gerar Mapa”; Salve o mapa em PDF e compartilhe conosco. Seu mapa deve ficar semelhante a este, em que foram solicitadas informações referentes ao indicador sobre pessoas com deficiência no município de Curitiba/PR. http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/idv/mapas_mavs/mapserver_po nderacao.php?var=perc_pop_def_grave&ibge=410690&s=eqs Na videoaula a seguir a professora Neiva irá explicar mais detalhadamente os procedimentos da pesquisa. Vamos conferir? Acesse o material on-line! SÍNTESE Nossa sexta aula está chegando ao fim. Nesta aula, tratamos da gestão de políticas públicas, com enfoque nas políticas sociais. Aprendemos sobre as diferentes competências entre instâncias, órgãos e representantes do poder público. Conhecemos características fundamentais de organização das políticas públicas. Tratamos de questões relacionadas à definição, partilha e uso de recursos públicos. Conhecemos estratégias do uso de sistemas informatizados na gestão pública e ainda aprendemos sobre o controle social, que promove a participação da sociedade civil organizada na elaboração, implementação, fiscalização e avaliação de políticas públicas. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 20 Que este conhecimento enriqueça sua formação profissional e lhe motive a prosseguir! Assim, encerramos esta aula e também a disciplina de Estado e Política Social. Confira o que a professora Neiva tem a dizer sobre o encerramento da aula e da disciplina assistindo à videoaula disponível no material on-line! Referências BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. São Paulo: Cortez, 2006. BRASIL. SENADO FEDERAL. Constituição Federal Brasileira, de 05 de outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente (ECA). Lei federal nº 8069, de 13 de julho de 1990. Brasília: Casa Civil, 1990 BRASIL. CASA CIVIL. Lei Orgânica da Saúde (LOS). Lei Federal nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Presidência da República. Casa Civil, 1990. BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Lei nº 8.742, de 7 de dezembro de 1993, que dispões sobre a organização da Assistência Social e dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1993. BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei nº 9.394, de 20 de dezembrode 1996. Brasília: Casa Civil, 1996. CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 21 BRASIL. CASA CIVIL. Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: Presidência da República. Casa Civil, 2003. BRASIL. CASA CIVIL. Lei Federal nº 12.852, de 5 de agosto de 2013. Institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de Juventude – SINAJUVE. Brasília: Presidência da República. Casa Civil, 2013. BRASIL. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Orientações para conselheiros da área da Assistência Social. Brasília: TCU, 4ª Secretaria de Controle Externo, 2007. CÂMARA DOS DEPUTADOS. Entenda o orçamento. Cartilha. Brasília: CONOFI – Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira. Câmara dos Deputados, 2016. Disponível em http://www2.camara.leg.br/atividade- legislativa/orcamentobrasil/entenda/cartilha/cartilha.pdf Acesso em 02 de maio de 2016. MDS – MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À FOME. CNAS – CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. Orientação acerca dos Conselhos e do controle social da política de Assistência Social. Brasília: MDS, 2013. QUEIROZ, R. B. Formação e gestão de políticas públicas. Curitiba: InterSaberes, 2013. WEBJUR. INFORMADOR JURÍDICO. Organização dos poderes. In. Direito Constitucional. São Paulo, 2016. Disponível em: http://www.webjur.com.br/doutrina/direito_constitucional/organiza__o_dos_p oderes.htm. Acesso em 02 de maio de 2016.
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