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apostila 6 estado e politica social

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Prévia do material em texto

CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
1 
 
 
 
 
 
 
Estado e Política Social 
 
Neiva Silvana Hack 
Aula 6 
 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
2 
CONVERSA INICIAL 
Caro aluno, vamos dar início a mais uma aula da disciplina de Estado 
e Política Social, voltando nossa atenção aos aspectos de gestão das 
políticas públicas. 
Nossos objetivos nesta aula são: 
 Distinguir papéis dos diferentes gestores no pacto federativo 
estabelecido pela Constituição Federal brasileira; 
 Reconhecer as formas de organização dos sistemas de políticas 
sociais; 
 Conhecer os aspectos de gestão de recursos públicos para 
operacionalização das políticas sociais; 
 Analisar diferentes modelos de sistemas informatizados de gestão de 
políticas sociais; 
 Discutir e ampliar o conhecimento sobre as prerrogativas de 
participação e controle social previstas nas políticas sociais brasileiras. 
 
Sendo assim, iniciemos nossos estudos a partir da videoaula disponível 
no material on-line, na qual a professora Neiva irá explicar com mais detalhes 
os assuntos que discutiremos! 
Boa aula! 
 
 
 
 
CONTEXTUALIZANDO 
Iniciemos nossa aula refletindo sobre o seguinte caso: 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
3 
Uma associação de moradores de um grande bairro de uma das 
regiões metropolitanas brasileiras, está em reunião discutindo sobre os 
direitos das pessoas que moram no bairro e o quanto estes direitos estão 
sendo respeitados ou não. 
Alguns participantes da reunião destacaram que a associação precisa 
se articular e lutar para que um número maior de políticas públicas atenda às 
pessoas da região. “Somente assim os direitos seriam garantidos”, eles 
afirmavam! 
Então, decidiram elaborar uma carta com as principais situações que 
percebiam que precisavam de investimento do governo. 
Na carta, constavam três principais solicitações: 
 Ampliar o número de vagas nas creches; 
 Contratar mais profissionais para a unidade de saúde, que só contava 
com um médico, um dentista, uma enfermeira e dois técnicos de 
enfermagem; 
 Instalar um módulo da Polícia Militar com viatura disponível para fazer 
rondas no bairro, que vinha contando com um número cada vez maior 
de ocorrências violentas. 
Após finalizada a carta, um dos participantes disse que a entregaria 
para o vereador que representava o bairro, porque ele resolveria essas 
situações. Outra pessoa disse que não concordava e que a carta deveria ser 
entregue diretamente ao Prefeito. E outra ainda ponderou, dizendo que sabia 
que a liberação de módulos e viaturas policiais era feita pelo Secretário de 
Segurança do Governo Estadual. Logo, se formou grande polêmica sobre o 
destinatário desse documento tão importante para o bairro. 
Você saberia orientar os representantes desta associação de 
moradores sobre qual o encaminhamento mais adequado para suas 
solicitações? 
De fato, não é uma decisão simples! 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
4 
Não se preocupe em dar essa resposta agora. Prossiga com seus 
estudos e retome a questão ao final da aula! Mas antes, assista a mais uma 
videoaula do material on-line. 
 
 
 
PESQUISE 
 
Competências dos gestores 
Quando falamos de políticas públicas estamos falando da ação do 
Estado, em conjunto com a sociedade civil, de forma a promover e defender 
o efetivo exercício dos direitos reconhecidos para os seus cidadãos. 
Desta forma, dois pontos precisam ser destacados: 
 Se políticas públicas estão relacionadas a direitos, elas se tornam 
“exigíveis”, ou seja, a população pode reivindicar ao Estado que 
cumpra com seu papel na efetividade destas ações; 
 Se são ações do Estado, elas são competências de instituições 
específicas deste Estado, que possui estrutura com instâncias que se 
diferenciam em suas competências e funções (WEBJUR, 2016). 
Iniciamos a discussão com aquelas duas considerações para destacar 
que é preciso exigir a implementação, efetividade e qualidade das políticas 
públicas. Mas que, para isso, é preciso reconhecer de quem é a 
responsabilidade para que as políticas sejam operacionalizadas e alcancem 
o público para a qual são direcionadas. 
Reflita: se, em minha cidade, não existem unidades de saúde, de quem 
devo exigir sua construção? Devo exigir do município, que é o responsável 
pela execução das ações de Atenção Primária em Saúde, que devem ser 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
5 
ofertadas Unidades de Saúde. O município pode contar também com apoio 
do governo estadual e federal para efetivar esta ação, mas é o primeiro 
responsável por ela. 
Se, em outro município a dificuldade é a falta de viaturas e de presença 
da Polícia Militar, a quem devemos nos reportar? Trata-se, nesse caso, de 
uma competência do governo estadual. Assim, de nada adianta demandar 
providências ao prefeito, pois ele não é o primeiro responsável por tomar esta 
decisão, embora possa cooperar com o governo estadual para que haja 
melhoria nesta área. 
Retomando nossas primeiras aulas, quando estudamos a teoria sobre 
o Estado e sua organização, aprendemos que o Estado se divide em três 
poderes: Executivo, Legislativo e Judiciário. 
Embora os três poderes representem o Estado diante da população, 
eles diferem em suas competências. E esta distinção também é fundamental 
quando pensamos em exigir novas políticas públicas ou melhoria naquelas já 
existentes. 
É comum observarmos no período de campanha para vereadores, que 
eles se coloquem como quem vai realizar ações diretamente para o povo – 
alguns inclusive adotam práticas de distribuição de donativos como cestas 
básicas e cadeiras de rodas. Contudo, a função de vereador está 
compreendida dentro do poder legislativo e não executivo. Logo, não 
compete ao vereador executar ações junto ao povo, mas representar os 
interesses do povo no momento de formulação, apreciação e votação das leis. 
Nesse caso, ele pode contribuir com propostas de leis que decorram na 
criação de novas políticas públicas, na destinação de mais recursos para 
certas áreas ou públicos, na inserção de novos direitos dentre aqueles já 
reconhecidos. 
Assim, ao discutirmos Estado e Política Social – tema central de nossa 
disciplina – é fundamental saber que existem diferentes competências entre 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
6 
os representantes do poder público, assim como saber caracterizá-las 
minimamente. 
A primeira distinção, como vimos, relaciona-se às competências que 
distinguem os três poderes. De forma simplificada, no que se refere às 
políticas sociais, podemos afirmar: 
 Poder Legislativo 
Responsável pelas leis que regulamentam a Constituição Federal e 
que detalham direitos e deveres dos cidadãos relacionados à 
promoção das políticas públicas por setores ou segmentos. 
 Poder Executivo 
Tem a competência de implementar ações qualificadas de 
operacionalização das políticas públicas, ou seja, cumprir as previsões 
estabelecidas na legislação. 
 Poder Legislativo 
Representa o interesse da sociedade civil de que as políticas se tornem 
efetivas e os direitos sejam respeitados. Em outras palavras, exige dos 
responsáveis o cumprimento da lei. 
O Poder Executivo é representado: 
 Pelo Presidente da República, em caráter federal; 
 Pelo Governador, na abrangência estadual; 
 Pelo Prefeito nos limites municipais. 
A organização do Poder Executivo se dá por áreas: 
 Ministérios,no que se refere ao governo federal e 
 Secretarias, no que concerne os governos estaduais e municipais. 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
7 
Na área da saúde, as instâncias do Poder Executivo responsáveis por 
sua implementação são: o Ministério da Saúde, as Secretarias Estaduais e 
as Secretarias Municipais de Saúde. 
 
Municípios e estados são considerados unidades federativas e 
possuem autonomia de organização e de governo, desde que respeitados os 
pressupostos legais da Constituição Federal e das Leis Federais vigentes. 
Para operacionalizar políticas públicas nacionais, municípios, estados 
e União unem-se e estabelecem pactos federativos, a partir dos quais firmam 
competências, responsabilidades e cooperação mútua. De acordo com a 
lógica dos sistemas e do estabelecimento de pactos federativos para gestão 
das políticas sociais, diferenciam-se as competências de cada gestor. Essa 
organização está prevista nas próprias legislações que regulam as políticas 
públicas e as afirmam enquanto direitos dos cidadãos e dever do Estado. 
Para compreender as diferenças entre as competências dos gestores 
representantes do Poder Executivo, assista à explicação da professora Neiva 
na videoaula disponível no material on-line! 
 
 
 
Princípios, diretrizes e objetivos 
A operacionalização de políticas sociais não pode ocorrer de maneira 
aleatória. A efetividade do exercício de cidadania por meio das políticas 
públicas somente é possível se as políticas se caracterizarem enquanto ações 
coordenadas com objetivos, métodos e meios adequados. 
Como ponto de partida para o estabelecimento de políticas públicas, 
temos o seu reconhecimento legal. Na sequência, é fundamental o 
estabelecimento de princípios, diretrizes e objetivos. 
 
 
 
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8 
Princípios 
Os princípios definem as opções ético-políticas que sustentam a 
existência e desenvolvimento de cada política pública. 
Princípios da política de Assistência Social (conforme Art. 4º 
da LOAS): 
I. Supremacia do atendimento às necessidades sociais sobre as 
exigências de rentabilidade econômica; 
II. Universalização dos direitos sociais, a fim de tornar o destinatário da 
ação assistencial alcançável pelas demais políticas públicas; 
III. Respeito à dignidade do cidadão, à sua autonomia e ao seu direito a 
benefícios e serviços de qualidade, bem como à convivência familiar 
e comunitária, vedando-se qualquer comprovação vexatória de 
necessidade; 
IV. Igualdade de direitos no acesso ao atendimento, sem discriminação 
de qualquer natureza, garantindo-se equivalência às populações 
urbanas e rurais; 
V. Divulgação ampla dos benefícios, serviços, programas e projetos 
assistenciais, bem como dos recursos oferecidos pelo Poder Público 
e dos critérios para sua concessão (BRASIL, 1993). 
 
Diretrizes 
As diretrizes definem o caminho a ser percorrido para alcançar os 
objetivos propostos. Compreende opções estratégicas gerais que pretendem 
promover o alcance dos objetivos, com respeito aos princípios. 
Diretrizes da política de assistência social (conforme Art. 5º 
da LOAS): 
 
 
 
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9 
I. Descentralização político-administrativa para os Estados, o Distrito 
Federal e os Municípios, e comando único das ações em cada esfera 
de governo; 
II. Participação da população, por meio de organizações 
representativas, na formulação das políticas e no controle das ações 
em todos os níveis; 
III. Primazia da responsabilidade do Estado na condução da política de 
assistência social em cada esfera de governo (BRASIL, 1993). 
 
Objetivos 
Os objetivos caracterizam o patamar que se pretende alcançar com 
aquela política e aquelas ações. Os objetivos de uma política social devem 
estar vinculados à promoção dos direitos sociais às quais está vinculada. Os 
objetivos definem, portanto, onde se quer chegar. 
Objetivos da política de assistência social (conforme Art. 2º 
da LOAS): 
I. A proteção social, que visa à garantia da vida, à redução de danos e 
à prevenção da incidência de riscos, especialmente: 
a) A proteção à família, à maternidade, à infância, à adolescência 
e à velhice; 
b) O amparo às crianças e aos adolescentes carentes; 
c) A promoção da integração ao mercado de trabalho; 
d) A habilitação e reabilitação das pessoas com deficiência e a 
promoção de sua integração à vida comunitária; 
e) A garantia de 1 (um) salário-mínimo de benefício mensal à 
pessoa com deficiência e ao idoso que comprovem não possuir 
 
 
 
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10 
meios de prover a própria manutenção ou de tê-la provida por 
sua família; 
II. A vigilância socioassistencial, que visa a analisar territorialmente a 
capacidade protetiva das famílias e nela a ocorrência de 
vulnerabilidades, de ameaças, de vitimizações e danos; 
III. A defesa de direitos, que visa a garantir o pleno acesso aos direitos 
no conjunto das provisões socioassistenciais (BRASIL, 1993). 
 
Conheça mais sobre este assunto assistindo à videoaula disponível no 
material on-line! 
 
 
 
Orçamento público e financiamento 
Assim como podemos presumir ao longo destas aulas sobre políticas 
sociais, para que elas sejam implementadas, tenham continuidade e 
qualidade se faz necessário investimento de recursos. 
Uma política pública qualificada demanda, por parte do Estado, uma 
estrutura bastante complexa, que compreenda espaços físicos adequados 
para gestão e execução (secretarias, escolas, unidades de saúde, etc.); 
materiais e equipamentos apropriados; equipe profissional qualificada; 
investimento em tecnologia e pesquisa; suprimentos a serem repassados ao 
cidadão (alimentos, medicamentos, materiais didáticos, etc.); dentre outros 
recursos. 
Sob a lógica do direito do cidadão e dever do Estado, tem-se a 
perspectiva de que o Estado assumirá com as despesas necessárias à 
composição das estruturas fundamentais para as políticas públicas. 
 
 
 
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Os recursos financeiros dos quais o Estado dispõe para realizar a 
gestão provêm principalmente dos diversos impostos arrecadados dentre os 
cidadãos. É possível, ainda, que as ações estatais contem com co-
financiadores ou parceiros da iniciativa privada, que podem ser de instâncias 
nacionais ou internacionais. 
O conjunto de arrecadações do Estado compreende o “orçamento 
público”. Este deve ser gerido pelos representantes do governo de forma 
transparente e eficiente. Para assegurar tais condições, são definidas regras 
de uso do dinheiro público e são estabelecidos trâmites de partilha desses 
recursos para que retornem à população em forma de bens ou serviços de 
qualidade. 
Neste processo são estabelecidas as chamadas peças orçamentárias. 
São três: 
 O PPA – Plano Plurianual 
 A LDO – Lei de Diretrizes Orçamentárias 
 A LOA – Lei Orçamentária Anual 
Conheça melhor estas peças orçamentárias assistindo à videoaula 
disponível no material on-line! 
Cada município e estado, bem como a União devem construir estas 
peças orçamentárias dentro dos prazos pré-determinados e apresentá-las à 
casa legislativa de sua abrangência (Câmara Municipal; Assembleia 
Legislativa Estadual ou Congresso Nacional), que apreciará, sugerirá 
mudanças e fará sua aprovação. Estabelece-se, assim, uma relação 
fundamental entre Poder Executivo, que propõe as peças orçamentárias e 
Poder Legislativo, que lhes atribui o status de lei a ser cumprida.Tendo sido aprovada a Lei Orçamentária Anual – LOA (a peça mais 
específica em detalhes de destinação de recursos), toda a gestão financeira 
dos governos deve respeitar suas previsões. 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
12 
Portanto, se foi aprovado na LOA que haveria maior investimento na 
educação do que na saúde, ao longo daquele ano não se poderia remanejar 
recursos ao longo do período em maior volume para a saúde do que para a 
educação. 
O momento de definir as prioridades e as alocações de recursos nas 
contas públicas é quando ocorre a elaboração das peças orçamentárias. 
Depois, cabe aos gestores, com fiscalização das instâncias de controle social, 
respeitar as leis aprovadas. 
O orçamento é distribuído em planos de contas. Cada tipo de despesa 
compõe uma conta específica. Os gestores não podem deliberar livremente 
para mudança no uso dos recursos. Se os valores são destinados a uma área 
e a um tipo de despesa não podem simplesmente ser empregados em outra. 
Se o recurso municipal compreende um valor “x” para aquisição de 2 
ambulâncias, não é possível comprar somente 1 e empregar o restante do 
recurso na reforma de uma creche, que não havia sido prevista anteriormente. 
Neste caso seria equivocado o uso de recurso da saúde na área da educação, 
assim como o uso de recurso para bens móveis em obras ou reformas. 
Essas características do orçamento público pretendem assegurar que 
a gestão ocorra da melhor forma para a população, embora expresse 
evidentes desafios burocráticos para os gestores. 
Na perspectiva das políticas sociais, procuram-se estabelecer fundos 
específicos que serão destinados apenas a despesas referentes a sua área e 
que facilitam relações de co-financiamento entre os diferentes níveis de 
gestão (municipal, estadual e federal). 
Por exemplo, os recursos para a assistência social de um município 
ficam alocados no Fundo Municipal de Assistência Social. Quando o município 
recebe repasses dos governos estaduais e federal, esses repasses são 
facilitados quando ocorrem pelos chamados “repasses fundo-a-fundo”, ou 
 
 
 
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seja, o recurso vem diretamente do Fundo Estadual de Assistência Social e/ou 
do Fundo Nacional de Assistência Social. 
Os mecanismos e regras de gestão orçamentária e financeira do poder 
público são bastante complexos. Contudo, trata-se de um tema a ser 
socializado com o maior número de pessoas possível, para que possa existir 
efetiva participação popular e exigência por políticas sociais de qualidade. 
 
 
 
Sistemas de gestão informatizados 
A busca por implementar gestões qualificadas de políticas sociais 
conduziu ao desenvolvimento e utilização de recursos tecnológicos. 
A tecnologia oferece à política pública recursos que facilitam a gestão 
e o atendimento. Um dos pontos que se destaca na adoção de sistemas 
informatizados no campo das políticas sociais está relacionado ao 
monitoramento e avaliação da gestão. A sistematização dos registros de 
atendimento em bases informatizadas oportuniza a realização de análises 
estatísticas e a aplicação de estratégias de georreferenciamento que podem 
subsidiar a tomada de decisão dos gestores para melhor investimento de 
recursos, projeção de demandas e qualificação de estratégias. 
No Brasil, tais iniciativas são de grande importância, tanto pelo grande 
volume de dados que inviabilizaria a sistematização e a organização de dados 
puramente manuais quanto pelas distintas características culturais, 
socioeconômicas e geográficas do país. 
Uma base informatizada à qual diferentes gestores de políticas públicas 
recorrem é a do IBGE – Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Trata-
se de uma base de âmbito nacional, que compreende grande gama de dados 
organizados e pré-analisados estatisticamente. Embora não se trate de um 
 
 
 
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sistema específico de uma política social, é uma base capaz de subsidiar 
várias decisões políticas e administrativas. 
As bases do IBGE são compostas principalmente pelo Censo, que é 
realizado em todo o país, a cada dez anos. Ainda são realizadas, no intervalo 
entre os Censos, pesquisas complementares como a PNAD – Pesquisa 
Nacional por Amostra de Domicílio, a MUNIC – pesquisa de informações 
básicas municipais, a ESTADIC – pesquisa de informações básicas estaduais 
e outras. 
Gestores públicos e cidadãos em geral podem ter acesso às análises 
de dados desenvolvidas e disponibilizadas pelo IBGE e podem solicitar, 
diretamente no Portal do IBGE, tabelas e planilhas que contemplem 
informações sobre seus municípios e estados, como: demografia, religião, 
distribuição etária, escolaridade, dentre outras. Acesse você também esses 
dados: 
http://www.ibge.gov.br/ 
 
As grandes políticas sociais brasileiras vêm aprimorando seu uso de 
sistemas informatizados. São desenvolvidos diversos sistemas de registro e 
acompanhamento de atendimentos. 
São exemplos destes registros: 
 Quantidade e tipos de unidades de educação; 
 Matrículas escolares; 
 Frequência escolar; 
 Registros de faltas e evasão escolar; 
 Registros de notificações em casos de identificação de situações de 
violência doméstica; 
 Atendimentos em serviços de saúde; 
 Indicadores epidemiológicos; 
 
 
 
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15 
 Quantidade e distribuição de beneficiários da previdência e da 
assistência social; 
 Atendimentos realizados pela previdência e assistência social; 
 Quantidade e distribuição de empregados com carteira assinada; 
 Registros de denúncias de maus tratos contra mulheres, crianças, 
adolescentes, pessoas idosas, pessoas com deficiência, população de 
rua, LGBT etc. 
Os registros informatizados compõem bases de dados cuja 
responsabilidade pelo sigilo e segurança das informações é do órgão que 
gerencia a alimentação dos sistemas e o tratamento dos dados. Embora haja 
registro detalhado com informações sobre o indivíduo e a família, a 
sistematização e análise de dados é realizada na perspectiva estatística, sem 
identificar os sujeitos e toda a divulgação de dados compreende o cuidado 
com a proteção da identidade e privacidade do indivíduo (garantia esta 
prevista na própria Constituição Federal). 
Contudo, no que se refere aos dados estatísticos, muitas informações 
são disponibilizadas e muitas outras podem ser solicitadas pela sociedade, 
tendo em vista fortalecer a transparência na gestão das políticas públicas. Os 
Ministérios da Saúde, da Assistência Social e da Educação, por exemplo, 
oportunizam a consulta pelos cidadãos de informações sobre os atendimentos 
realizados nessas áreas em seus municípios, estados e no país como um 
todo. 
Aos gestores, conselheiros e pesquisadores destas áreas, podem ser 
disponibilizadas senhas de acesso diferenciado, que permitem o 
conhecimento dos dados de forma mais detalhada. 
A tecnologia tem beneficiado a gestão pública e possibilitado maior 
transparência das informações e mais qualificada participação dos gestores e 
da sociedade civil. Para conhecer mais sobre as informações sobre políticas 
sociais disponíveis aos cidadãos, assista à videoaula disponível no material 
on-line! 
 
 
 
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16 
Controle social e participação 
A terminologia controle social, adotada em políticas públicas após a 
Constituição de 1988, está diretamente ligada à participação popular. Quando 
se usa o termo controle social, pode-sepensar em controle da sociedade – 
neste caso exercido por alguma instância do Estado. Contudo, o controle 
social atualmente adotado significa justamente o contrário: trata-se do 
controle do Estado pela sociedade. Trata-se de uma expressão da 
participação democrática na condução dos governos. 
Para potencializar e organizar o controle social de políticas públicas, 
duas são as principais estratégias estabelecidas pelas leis que as 
regulamentam: a composição e funcionamento dos conselhos de políticas 
públicas (ou conselhos de defesa de direitos) e a realização periódica de 
conferências (BRASIL, 2007; MDS e CNAS, 2013). 
Os conselhos de políticas públicas são compostos de diferentes 
formas, mas a semelhança entre eles é que compreendem representantes de 
diferentes atores interessados na discussão de determinada política, 
envolvendo sempre representantes do governo e da sociedade civil. A 
representação da sociedade civil pode compreender trabalhadores, usuários, 
instituições sociais, sindicatos, dentre outros. Também podem compor os 
conselhos os representantes do ministério público, defensorias ou outras 
instâncias de defesa de direitos (BRASIL, 2007; MDS e CNAS, 2013). 
Os conselhos possuem mecanismos que regulam sua existência, 
composição e funcionamento. Temos como exemplo as leis de criação dos 
conselhos, os regulamentos, os regimentos internos e os códigos de ética. 
Dentre as competências dos conselhos constam ações de apreciação, 
coparticipação e aprovação no planejamento de ações das políticas públicas 
a ele relacionadas, bem como das contas e peças orçamentárias que dizem 
respeito a sua execução. 
 
 
 
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Enquanto os conselhos reúnem-se com maior frequência (em geral, 
mensalmente), as conferências são chamadas por esses mesmos conselhos 
e ocorre em períodos mais espaçados (a cada 2 ou 3 anos, por exemplo). As 
conferências são momentos de ampla participação, em que são avaliadas as 
políticas públicas em funcionamento, identificadas falhas a serem superadas, 
propostas novas ações ou melhorias naquelas existentes. Nas conferências 
são definidas propostas e direções a serem respeitadas pelos gestores 
públicos e monitoradas pelos conselhos, para que se efetive a participação. 
Além dos conselhos e conferências, outros espaços de organização da 
sociedade civil podem colaborar com o controle social, subsidiando o próprio 
funcionamento e pauta daqueles primeiros. Temos como exemplo, nesses 
casos, os fóruns populares, as associações, os comitês e outros espaços de 
participação popular que podem demandar melhorias e mudanças nas leis e 
nas ações relacionadas às políticas públicas. 
Existem, ainda, dimensões do controle social de aspecto mais 
relacionado à gestão governamental. Trata-se, nesse caso, de instâncias 
públicas do próprio estado, cujo papel é controlar a efetividade, transparência, 
ética e qualidade das ações do Poder Executivo no cumprimento de suas 
funções. São exemplos os Tribunais de Contas e os órgãos relacionados ao 
Poder Judiciário, que representam, judicialmente, o interesse da população 
referente à execução das políticas públicas (QUEIROZ, 2013). 
Conheça mais sobre o controle social de políticas públicas assistindo à 
videoaula disponível no material on-line!
 
 
 
TROCANDO IDEIAS 
Hora de compartilhar conhecimentos! 
 
 
 
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18 
Até agora, tratamos das competências dos representantes do poder 
público nos processos relacionados às políticas públicas. Além disso, falamos 
de orçamento, de estruturas que embasam as políticas públicas, de recursos 
tecnológicos e de participação social. São conteúdos diversos, mas todos 
relacionados à gestão de políticas públicas. 
Compartilhe com seus colegas no fórum qual foi o aprendizado mais 
marcante para você nesta aula e comente o porquê. Fale sobre se houve um 
aprendizado novo, algo que chamou a atenção por estar relacionado a 
experiências que você viveu, aspectos que esclareceram dúvidas que você 
tinha etc. Enfim, apresente aos seus colegas o enriquecimento em 
conhecimento que esta aula te oportunizou! 
 
 
 
NA PRÁTICA 
Agora, vamos buscar indicadores sobre vulnerabilidade social em um 
portal público do Governo Federal. Muitas são as informações 
disponibilizadas em portais públicos. Então, usaremos um recurso que gera 
mapas com informações sociais. 
Primeiramente, entre no site da Secretaria de Avaliação e Gestão da 
Informação (SAGI), do Ministério de Desenvolvimento Social: 
www.mds.gov.br/sag 
 Nas opções da coluna lateral esquerda, selecione “dados e 
indicadores”; 
 Na página dos dados e indicadores, selecione “Mapas temáticos de 
vulnerabilidade social”; 
 Selecione o seu estado; 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
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 Selecione o seu município; 
 Escolha um indicador social (o portal oferece 17 opções de indicadores. 
Selecione aquele que você tem interesse neste momento); 
 Clique em “Gerar Mapa”; 
 Salve o mapa em PDF e compartilhe conosco. 
Seu mapa deve ficar semelhante a este, em que foram solicitadas 
informações referentes ao indicador sobre pessoas com deficiência no 
município de Curitiba/PR. 
http://aplicacoes.mds.gov.br/sagirmps/idv/mapas_mavs/mapserver_po
nderacao.php?var=perc_pop_def_grave&ibge=410690&s=eqs 
Na videoaula a seguir a professora Neiva irá explicar mais 
detalhadamente os procedimentos da pesquisa. Vamos conferir? Acesse o 
material on-line! 
 
 
 
SÍNTESE 
Nossa sexta aula está chegando ao fim. 
Nesta aula, tratamos da gestão de políticas públicas, com enfoque nas 
políticas sociais. Aprendemos sobre as diferentes competências entre 
instâncias, órgãos e representantes do poder público. Conhecemos 
características fundamentais de organização das políticas públicas. Tratamos 
de questões relacionadas à definição, partilha e uso de recursos públicos. 
Conhecemos estratégias do uso de sistemas informatizados na gestão pública 
e ainda aprendemos sobre o controle social, que promove a participação da 
sociedade civil organizada na elaboração, implementação, fiscalização e 
avaliação de políticas públicas. 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
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Que este conhecimento enriqueça sua formação profissional e lhe 
motive a prosseguir! 
Assim, encerramos esta aula e também a disciplina de Estado e Política 
Social. Confira o que a professora Neiva tem a dizer sobre o encerramento da 
aula e da disciplina assistindo à videoaula disponível no material on-line! 
 
 
 
Referências 
BEHRING, E. R.; BOSCHETTI, I. Política Social: fundamentos e história. São 
Paulo: Cortez, 2006. 
BRASIL. SENADO FEDERAL. Constituição Federal Brasileira, de 05 de 
outubro de 1988. Brasília: Senado Federal, 1988. 
BRASIL. Estatuto da criança e do adolescente (ECA). Lei federal nº 8069, 
de 13 de julho de 1990. Brasília: Casa Civil, 1990 
BRASIL. CASA CIVIL. Lei Orgânica da Saúde (LOS). Lei Federal nº 8.080, 
de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, 
proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos 
serviços correspondentes e dá outras providências. Brasília: Presidência da 
República. Casa Civil, 1990. 
BRASIL. Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS). Lei nº 8.742, de 7 de 
dezembro de 1993, que dispões sobre a organização da Assistência Social e 
dá outras providências. Brasília: Casa Civil, 1993. 
BRASIL. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB). Lei nº 
9.394, de 20 de dezembrode 1996. Brasília: Casa Civil, 1996. 
 
 
 
CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
 
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BRASIL. CASA CIVIL. Lei Federal nº 10.741, de 1º de outubro de 2003. 
Dispõe sobre o Estatuto do Idoso e dá outras providências. Brasília: 
Presidência da República. Casa Civil, 2003. 
BRASIL. CASA CIVIL. Lei Federal nº 12.852, de 5 de agosto de 2013. Institui 
o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens, os princípios e 
diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de 
Juventude – SINAJUVE. Brasília: Presidência da República. Casa Civil, 2013. 
BRASIL. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. Orientações para 
conselheiros da área da Assistência Social. Brasília: TCU, 4ª Secretaria de 
Controle Externo, 2007. 
CÂMARA DOS DEPUTADOS. Entenda o orçamento. Cartilha. Brasília: 
CONOFI – Consultoria de Orçamento e Fiscalização Financeira. Câmara dos 
Deputados, 2016. Disponível em http://www2.camara.leg.br/atividade-
legislativa/orcamentobrasil/entenda/cartilha/cartilha.pdf Acesso em 02 de 
maio de 2016. 
MDS – MINISTÉRIO DO DESENVOLVIMENTO SOCIAL E COMBATE À 
FOME. CNAS – CONSELHO NACIONAL DE ASSISTÊNCIA SOCIAL. 
Orientação acerca dos Conselhos e do controle social da política de 
Assistência Social. Brasília: MDS, 2013. 
QUEIROZ, R. B. Formação e gestão de políticas públicas. Curitiba: 
InterSaberes, 2013. 
WEBJUR. INFORMADOR JURÍDICO. Organização dos poderes. In. Direito 
Constitucional. São Paulo, 2016. Disponível em: 
http://www.webjur.com.br/doutrina/direito_constitucional/organiza__o_dos_p
oderes.htm. Acesso em 02 de maio de 2016.

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