Buscar

O-PRÉ-NATA-L-PSICOLÓGICO-COMO-PROGRAMA

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 8 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

382 O Marco Legal da Primeira Infância agora é Lei
o Pré-nataL PsicoLÓGico como ProGrama 
de PreVenção à dePressão PÓs-Parto e 
Promoção do desenVoLVimento infantiL
alessandra da rocha arrais
Doutora em Psicologia pela Universidade de Brasília, Psicóloga Hospitalar da 
Secretaria de Estado de Saúde do Distrito Federal (SES-DF), Docente do Mestrado 
Profissionalizante em Saúde da Mulher e dos Idoso da FEPECS- SES-DF
natália maria de castro almeida
Psicóloga Clínica, Especializanda em Psicologia Clínica Hospitalar pelo Instituto do Coração do Hospital 
das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor- HCFMUSP)
A depressão pós-parto é um transtorno de alta incidência no puerpério, que possui repercussões ne-gativas para o desenvolvimento infantil. Com o objetivo de prevenir este tipo de transtorno, desen-volvemos um programa, que denominamos “Pré-Natal Psicológico”, o qual consideramos constituir 
uma nova ferramenta para ampliar a assistência pré-natal oferecida nos serviços de saúde, em nosso País. A 
seguir, apresentaremos este programa e pesquisa realizada para avaliar seu potencial de depressão pós-parto 
e consequente favorecimento da parentalidade promotora do desenvolvimento infantil. 
O Pré-Natal Psicológico é uma prática complementar ao Pré-Natal tradicional realizado pela equipe 
médica, voltada para maior humanização do processo gestacional, do parto e da parentalidade. Tem por fina-
lidade prevenir situações adversas potencialmente advindas na gestação e no pós-parto, principalmente pelo 
seu caráter vivencial. Visa à integração da gestante e da família a todo o processo gravídico-puerperal, através 
de encontros temáticos em grupo com ênfase psicoterápica na preparação psicológica para a maternidade e 
paternidade, e prevenção da depressão pós-parto.
1. A IMPORTÂNCIA DA ATENÇÃO PSICOLÓGICA NA GESTAÇÃO
Em se tratando de saúde mental e atuação preventiva, um importante tema vem ganhando destaque: 
a maternidade. Isso porque o fenômeno envolve, no mínimo, dois campos de prevenção fundamentais. O 
primeiro é a mulher, gestante, parturiente e mãe, que vivencia um período de muitas inseguranças e des-
cobertas, o que torna muito relevante a intervenção psicológica. O segundo campo é o desenvolvimento do 
filho. O bebê se beneficia muito de uma relação saudavelmente construída e de um projeto de parentalidade 
que compreenda suas necessidades evolutivas. 
Entretanto, para que esse trabalho se realize é preciso compreender os conceitos envolvidos e des-
construir alguns mitos edificados em torno da maternidade. O ciclo gravídico-puerperal é um período do 
desenvolvimento humano marcado por alterações bioquímicas, físicas e psíquicas da mulher. Para algumas 
PARTE IV – PROGRAMAS DE APOIO ÀS FAMÍLIAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA 383
mulheres a gravidez é um evento desejado e planejado, para outras esse processo é raramente planejado, nem 
sempre marcado por alegrias e realizações (ROSENBERG, 2007), sendo comum nessa fase o surgimento de 
sentimentos conflitantes tanto em relação ao bebê quanto à própria vida da gestante (CHIATTONE, 2007). 
(inserir box com dados da pesquisa “Nascer no Brasil”, onde se encontrou que 47% das gestações no Brasil não 
são desejadas.) 
Entre os transtornos psíquicos da puerperalidade destaca-se a depressão pós-parto (DPP). De acordo 
com o DSM-V (APA, 2014),a DPP caracteriza-se pela presença de humor deprimido ou perda de interesse 
e prazer por quase todas as atividades (Episódio Depressivo Maior), que se manifesta duas semanas após o 
parto. A incidência de transtornos depressivos no puerpério é alta. De acordo com Chiattone (2007), 10% a 
16% das pacientes preenchem critérios para o diagnóstico de DPP, que merece maior atenção. Há relatos de 
que 50% a 90% dos casos de DPP no mundo não são sequer detectados (BRASIL, 2006). 
Este trabalho defende a ideia de que a DPP é um importante problema de saúde pública, que impacta 
diretamente a saúde da mãe e do bebê, e ainda é subdiagnosticada, atingindo mulheres em todas as idades, 
classes sociais e níveis de escolaridade, com prejuízos como atraso no desenvolvimento psicomotor dos bebês, 
caso a DPP não seja tratada.
Diante da gravidade deste transtorno psíquico e, observada a necessidade de adaptação que uma puérpera 
precisa enfrentar, faz-se válida a utilização de recursos que tentem prevenir este distúrbio. O Pré-Natal Psicó-
logico é um desses recursos, cuja abordagem diferencia-se dos cursos para gestantes. Trata-se de um novo 
conceito em atendimento perinatal, voltado para uma maior humanização do processo gestacional, do parto 
e de construção da parentalidade (ARRAIS, CABRAL, MARTINS, 2012; BORTOLETTI, 2007). 
O referencial teórico utilizado foia Psicologia Positiva. Essa propõe um olhar voltado ao potencial de 
cada indivíduo, ajudando a identificar e fortalecer os fatores que permitem a redução da incidência e a pre-
venção de patologias secundárias a condições adversas de vida (OLIVEIRA; NAKANO, 2011).
1.1. descrição do Programa Pré-natal Psicológico (PnP)
O PNP apresenta uma atuação psicoprofilática por meio de um grupo interventivo complementar ao 
tradicional pré-natal médico. Seu objetivo é auxiliar na preparação para a maternidade e a paternidade, fase 
favorável à instalação de sentimentos que podem dificultar a experiência saudável do ciclo gravídico-puerperal 
(BORTOLETTI, 2007; CABRAL, MARTINS E ARRAIS, 2012). Por consequência, o PNP pode reduzir os 
riscos de DPP. Outro objetivo do grupo é atuar em uma perspectiva desenvolvimentista, provendo espaço 
dialógico para se pensar o projeto de educação de filhos, para a proposta de parentalidade do casal grávido e 
para questões do desenvolvimento psicológico dos bebês nos seus primeiros anos de vida.
O PNP é constituído por um grupo aberto de até seis casais “grávidos”, de 12 a 36 semanas de gestação. 
Normalmente, ocorre em cinco sessões grupais, quinzenais, de aproximadamente três horas de duração cada, 
mais uma de follow up entre 4 e 6 semanas do puerpério. Pode haver a participação dos avós. Durante as sessões 
são utilizadas técnicas como recorte e colagem, vídeos, elaboração de desenhos por parte das participantes, 
exercícios de relaxamento e respiração, dentre outras técnicas que promovam a discussão dos temas propostos 
tanto pela equipe condutora, quanto pelos participantes.
Os temas geralmente trabalhados nas sessões são: Desmitificação da maternidade e paternidade, 
Representação social da maternidade, Sexualidade na gravidez e no pós-parto, Mudanças na autoimagem 
corporal, Expectativas em relação ao filho, Intercorrências na gestação, Tipos de parto (preparação), Medos: 
dor, laceração, morte, Parto escolhido (postura ativa), Acompanhante na sala de parto, Amamentação, Estados 
384 O Marco Legal da Primeira Infância agora é Lei
emocionais no pós-parto, Distúrbios emocionais do puerpério, Trabalho X maternidade, o papel dos pais e 
avós. Além disso, inclui orientações e esclarecimentos quanto aos cuidados e aspectos desenvolvimentais do 
primeiro ano de vida do bebê.
1.2. caracterizando a depressão pós-parto
Segundo o DSM-V (APA, 2014), a depressão pós-parto é um episódio de depressão maior, que ocorre 
dentro das quatro primeiras semanas após o parto, durante as quais observa-se presença de um humor de-
primido ou perda de interesse ou prazer por quase todas as atividades. A mãe também deve experimentar 
pelo menos quatro sintomas adicionais, extraídos de uma lista que inclui alterações no apetite ou peso, sono 
e atividade psicomotora; diminuição da energia; sentimentos de desvalia ou culpa. 
De acordo com Arrais (2005), a puérpera pode apresentar um profundo retraimento e isolamento social, 
principalmente se ocorrer um distanciamento muito grande entre aquilo que a gestante imaginava ser, tanto 
em relação ao bebê idealizado quanto à sua própria figura materna e aquilo que advém no parto. Ainda, podem 
surgir sentimentos ambivalentes relacionados às dúvidas e medos inerentes a essemomento (BORTOLETTI, 
2007), devido ao não suprimento das expectativas do mito da mãe perfeita (AZEVEDO; ARRAIS, 2006).
A DPP tem importantes consequências sociais e familiares, sobretudo para a díade mãe-bebê, mas 
também para a tríade mãe-pai-bebê, a saber: problemas conjugais, atraso no desenvolvimento do bebê e 
grande sofrimento psíquico para a mãe, inclusive com risco aumentado para o suicídio, entre outros (RA-
MOS; FURTADO, 2007). 
A DPP pode dificultar o estabelecimento do vínculo afetivo seguro entre mãe e bebê, podendo inter-
ferir nas futuras relações interpessoais estabelecidas pela criança. Pois, de acordo com a Teoria do Apego de 
Bowlby (AINSWORTH; BOWLBY, 1991), há evidências de efeitos adversos ao desenvolvimento, atribuídos 
ao rompimento na interação com a figura materna, na primeira infância, como pode ocorrer nos casos de 
mães com DPP, quando não adequadamente diagnosticadas e tratadas (ARRAIS, 2012; BORTOLETTI, 2007; 
KLEIN; GUEDES, 2008).
A falta de informação pode gerar na gestante expectativas e crenças sobre a sua nova condição, des-
encadeando sintomas de ansiedade e depressão (BAPTISTA; FURQUIM, 2009), sendo que o impacto na 
vida dos envolvidos requer um trabalho não só remediativo, mas também preventivo, a fim de evitar este 
grave transtorno. Cientes dos fatores que envolvem a DPP e observada a necessidade de adaptação que uma 
puérpera precisa enfrentar, nada mais válido do que a utilização de um instrumento que tente prevenir este 
distúrbio, como o PNP. 
Desse modo, considerando que as consultas de pré-natal auxiliam a equipe multidisciplinar a identificar 
os fatores de risco e de proteção para a DPP, proporcionando às gestantes melhores condições de enfrenta-
mento, esse tema assume grande importância clínica, com repercussões para a saúde pública, em especial 
quando se considera sua repercussão social.
Alguns estudos apontam diversos fatores de risco para o desencadeamento da DPP, os quais devem ser 
investigados: gestante solteira, conflitos conjugais, falta de apoio do pai do bebê, histórico familiar de depressão, 
depressão e ansiedade gestacional, gravidez não programada, suporte social fraco e eventos de vida negativos 
na gravidez (ARRAIS, MOURÃO, FRAGALLE, 2013; BORTOLETTI, 2007; PEREIRA; LOVISI, 2008).
Já os fatores de proteção, que são definidos por Moraes et al. (2006) como condições do próprio indiví-
duo que podem contribuir para uma melhor resposta a determinados eventos de riscos, temos: expectativa de 
sucesso no futuro, senso de humor, otimismo, autonomia, tolerância ao sofrimento, assertividade, estabilidade 
PARTE IV – PROGRAMAS DE APOIO ÀS FAMÍLIAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA 385
emocional, engajamento nas atividades, comportamento direcionado para metas, habilidade para resolver 
problemas e boa autoestima. Constituem, ainda, fatores de proteção para a DPP: o apoio de outra mulher, 
detecção precoce da depressão (RUSCHI et al., 2007), suporte social, boa relação conjugal e suporte emo-
cional do companheiro (ARRAIS, 2005; FRIZZO; PICCININI, 2005), estabilidade socioeconômica, sistema 
de apoio familiar (ROSENBERG, 2007) e um trabalho de prevenção, como o PNP (BORTOLETTI, 2007). 
O conhecimento dos fatores de risco e de proteção da DPP é importante para o planejamento e execu-
ção de ações preventivas, como o Pré-Natal Psicológico, uma vez que, conforme mencionam Zinga, Phillips 
e Born (2012), a intervenção precoce, utilizando uma estratégia psicoterapêutica específica entre as gestantes, 
pode resultar em uma redução significativa na sintomatologia depressiva.
2. A PESQUISA-AÇÃO
Para avaliar a eficácia do Pré-Natal Psicológico na prevenção da depressão pós-parto em gestantes de 
uma maternidade pública de referência em Brasília, realizamos uma pesquisa, com os seguintes objetivos es-
pecíficos: Descrever os fatores de risco de ansiedade e depressão gestacional para a DPP; Identificar os níveis 
de DDP destas mulheres encontrados no puerpério; Relacionar os níveis de ansiedade e depressão gestacional 
e o risco de depressão pós-parto; Identificar a eficácia do PNP na redução dos fatores de risco ou na proteção 
para o aparecimento da DPP. 
Para que esses objetivos pudessem ser atingidos, o método utilizado foi a pesquisa-ação, Essa é uma 
estratégia metodológica de investigação que visa compreender e intervir propositalmente ou intencionalmente 
na situação, com vistas à modificá-la (Thiollent, 1992). Esta metodologia divide-se em três fases: a) Fase I: 
elaboração do diagnóstico da situação (levantamento dos fatores de risco e de proteção para a DPP; b) Fase 
II: proposta de intervenção e implantação (grupo PNP); e c) Fase III: avaliação (rastreamento da DPP e ava-
liação do PNP). O presente projeto de pesquisa contemplou as três fases da pesquisa-ação acima descritas, 
na qual foram identificados os fatores de risco e de proteção para a DPP e avaliado o material qualitativo e 
quantitativo colhido nas fases II e III. 
A pesquisa contou com a participação de 10 mulheres captadas em uma maternidade pública em Brasília. 
Todas estavam gestantes e encontravam-se entre a 21ª e a 35ª semana de gestação, residiam no Distrito Federal 
ou entorno e possuíam pelo menos o nível de escolaridade primário.Todas foram convidadas a participar 
do PNP, todavia, apenas cinco dessas gestantes demonstraram interesse e constituíram o grupo-intervenção 
nomeado de Grupo A. As outras cinco gestantes que não quiseram participar constituíram o grupo-controle 
dessa pesquisa, para fins comparativos, que foi nomeado de Grupo B.
Os instrumentos utilizados nas diferentes fases da pesquisa, foram: Perfil gestacional (ficha aplicada 
aos Grupos A e B, durante a Fase I); Perfil puerperal (ficha que foi aplicada aos dois grupos A e B, durante a 
Fase III); Inventário Beck de Depressão (BDI) e o Inventário Beck de Ansiedade (BAI) (CUNHA, 2011), ambos 
aplicados aos Grupos A e B, durante a Fase I; Escala de Depressão Pós-Parto de Edimburgo, ou Escala COX 
(COX; HOLDEN, 2003), que foi aplicada aos Grupos A e B, até três meses depois do pós-parto, durante a 
Fase III; e, por fim, Questionário avaliativo sobre os efeitos do Pré-Natal Psicológico, que foi aplicado apenas 
às participantes do Grupo A, durante a Fase III, que ocorreu por meio de visitas domiciliares agendadas com 
antecedência a partir de contato telefônico. 
386 O Marco Legal da Primeira Infância agora é Lei
2.1. resultados
Em função da sua grande relevância como fator de risco para depressão pós-parto, destacaremos nesse 
artigo apenas os resultados referentes aos níveis de depressão e ansiedade gestacional e rastreamento de de-
pressão pós-parto nos dois grupos, A e B. O quadro 1 e a Figura 1 apresentam esses resultados.
Quadro 1: níveis de depressão gestacional e rastreamento de depressão pós-parto nos dois grupos.
Resultado
BAI
Nível de 
ansiedade 
Resultado
BDI
Nível de 
depressão 
Resultado
COX
Rastreamento depressão 
pós-parto
GR
UP
O 
 A
P1 19 Moderado 10 Mínimo 10 Negativo para DPP
P2 10 Leve 11 Mínimo 10 Negativo para DPP
P3 30 Grave 39 Grave 10 Negativo para DPP
P4 26 Grave 18 Leve 2 Negativo para DPP
P5 22 Moderado 28 Moderado 5 Negativo para DPP
GR
UP
O 
B 
P6 19 Moderado 7 Mínimo 12 Probabilidade para DPP
P7 34 Grave 33 Moderado 15 Probabilidade para DPP
P8 34 Grave 40 Grave 20 Probabilidade para DPP
P9 32 Grave 4 Mínimo 13 Probabilidade para DPP
P10 32 Grave 47 Grave 24 Probabilidade para DPP
É interessante observar que, no Grupo A, apenas duas participantes (40%) apresentaram nível de an-
siedade grave (P3 e P4), sendo que do total da amostra, somente uma (20%) apresentou nível de depressão 
gestacional grave (P3), de acordo com a Escala Beck. No Grupo B, a maioria apresentou nível de ansiedade 
gestacional grave (80%), sendo que duas (40%) apresentaram nível de depressão gestacional grave (P8 e P10) 
e uma (20%) apresentou nível moderado (P7). 
figura 1: níveis de ansiedade e depressão gestacional e risco de dPP nos Grupos a e b
apresentou nível de ansiedadegestacional grave (80%), sendo que duas (40%) apresentaram 
nível de depressão gestacional grave (P8 e P10) e uma (20%) apresentou nível moderado (P7). 
Escore dos instrumentos
Figura 1: Níveis de ansiedade e depressão gestacional e risco de DPP nos Grupos A e B
Importante esclarecer ainda que, no Grupo A, uma participante (20%) afirmou histórico de 
depressão anterior (P5) e duas (40%) mencionaram a presença de depressão na gestação (P3 e 
P5), enquanto que no Grupo B, duas apresentaram histórico de depressão anterior (40%) e 
durante a gestação (P8 e P10). Esses dados confirmam a afirmação de Arrais (2005); Pereira e 
Lovisi (2007); Zinga, Phillips e Born (2012); Rosenberg (2007); Schmidt, Piccoloto e Müller
(2005), de que a presença de depressão na gestação representa um dos grandes fatores de risco 
para a DPP.
Outra questão que merece destaque é o fato de que os bebês de duas participantes da pesquisa 
evoluíram para óbito – uma do Grupo A (P1 – natimorto) e outra do Grupo B (P7 – óbito fetal) -
o que representa um fator de risco para a DPP. Tendo em vista que ambas as participantes
apresentavam fatores de risco semelhantes na fase diagnóstica da pesquisa (gravidez não 
planejada, situação socioeconômica desfavorável e relacionamento conjugal insatisfatório) e que 
somente a participante do Grupo B apresentou probabilidade para DPP, segundo a escala COX.
0 
5 
10 
15 
20 
25 
30 
35 
40 
45 
50 
P1 P2 P3 P4 P5 P6 P7 P8 P9 P10 
Resultado BAI 
Resultado BDI 
Resultado COX 
Escores dos 
Instrumentos 
GA – P1 a P5 
GB – P6 a P10 
P1/P7 – natimorto/óbito fetal 
PARTE IV – PROGRAMAS DE APOIO ÀS FAMÍLIAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA 387
Importante esclarecer ainda que, no Grupo A, uma participante (20%) afirmou histórico de depressão anterior 
(P5) e duas (40%) mencionaram a presença de depressão na gestação (P3 e P5), enquanto que no Grupo B, duas 
apresentaram histórico de depressão anterior (40%) e durante a gestação (P8 e P10). Esses dados confirmam a afir-
mação de Arrais (2005); Pereira e Lovisi (2007); Zinga, Phillips e Born (2012); Rosenberg (2007); Schmidt, Piccoloto 
e Müller (2005), de que a presença de depressão na gestação representa um dos grandes fatores de risco para a DPP.
Outra questão que merece destaque é o fato de que os bebês de duas participantes da pesquisa evoluíram 
para óbito – uma do Grupo A (P1 – natimorto) e outra do Grupo B (P7 – óbito fetal) - o que representa um 
fator de risco para a DPP. Tendo em vista que ambas as participantes apresentavam fatores de risco semelhantes 
na fase diagnóstica da pesquisa (gravidez não planejada, situação socioeconômica desfavorável e relaciona-
mento conjugal insatisfatório) e que somente a participante do Grupo B apresentou probabilidade para DPP, 
segundo a escala COX. Isso nos permite questionar se a participação de P1 no PNP permitiu que, de alguma 
forma, a depressão fosse tratada ou minimizada. Essa influência pode ser visualizada nas seguintes falas: 
– Aqui vocês puderam me ajudar, me aconselhar. Se não fossem vocês eu acho que não teria dado conta 
só. Nos momentos bem difíceis da minha vida me ajudou sim, bastante mesmo. (P3). 
– Durante a gestação, se eu tivesse passado aqui sozinha, sem o apoio de vocês, sem alguém pra con-
versar, me acalmar, me ajudar, eu não tinha conseguido (P5).
De acordo com os dados obtidos, pode-se afirmar que, apesar de as participantes de ambos os grupos 
serem vulneráveis e com tendência a desenvolver a DPP, nenhuma das gestantes que participaram do Pré-
Natal Psicológico, Grupo A, desenvolveram DPP. Enquanto que as cinco puérperas do Grupo B, que não 
participaram do PNP, evidenciaram probabilidade para a DPP (Figura 1). 
Verificou-se, assim, que as gestantes dos dois grupos encontravam-se vulneráveis à depressão pós-parto, 
apresentando vários fatores de risco, entretanto, somente as do grupo controle apresentaram DPP. Os resultados 
foram comparados entre os dois grupos – intervenção e controle – e encontrou-se que entre as participantes do 
PNP (grupo intervenção) a ocorrência dos fatores de risco superou a dos fatores de proteção, sendo que mais 
da metade destas participantes, de acordo com a Escala Beck, evidenciaram depressão durante a gravidez, mas 
não desenvolveram a DPP. Já nas que não participaram do PNP (grupo controle) todas apresentaram a DPP. 
Esses achados sugerem que o Pré-Natal Psicológico, associado a fatores de proteção presentes na his-
tória das grávidas, pode ajudar a prevenir a DPP, reforçando o caráter psicoprofilático deste tipo de trabalho, 
conforme apontado por Bortoletti (2007); Arrais, Cabral e Martins (2012); Santos (2013) e Shields (2006). 
Foto: Natália almeida
388 O Marco Legal da Primeira Infância agora é Lei
3. CONSIDERAÇõES FINAIS 
A partir da pesquisa realizada, concluiu-se que o Pré-Natal Psicológico atuou de forma positiva na 
prevenção da depressão pós-parto, em gestantes de alto risco e pode ser considerado um fator de proteção 
adicional, na medida em que proporciona um espaço de escuta emocional e apoio, onde o tema da DPP pode 
ser adequadamente abordado, permitindo a livre expressão de temores e ansiedades. Defende-se que a assis-
tência psicológica na gestação, por meio da utilização do PNP, é um importante instrumento psicoprofilático 
que deve ser implementado como uma política pública em postos de saúde e serviços de pré-natal no Brasil.
Este estudo possui relevância social e científica, na medida em que pode ser utilizado como ponto de 
partida para iniciativas públicas e privadas de apoio à mulher e seu bebê durante seu ciclo gravídico-puerperal. 
O Pré-Natal Psicológico, atrelado ao Programa de Pré-Natal Médico, constitui-se em ferramenta de baixo 
custo, que pode ser implementada por equipes multidisciplinares, em hospitais públicos e privados, clínicas 
da mulher e outros espaços, abrigando possibilidades de intervenção multidisciplinar. 
Os benefícios experimentados pelas participantes apontam que uma proposta de saúde integral não se 
limita apenas à prevenção da depressão pós-parto, mas permite que as transformações da gestação e puerpério 
sejam vivenciadas de forma saudável e que, principalmente, investimentos afetivos na vinculação com o bebê 
sejam contemplados.
Ao propor um trabalho interventivo e terapêutico envolvendo o casal, a pesquisa-ação propiciou um 
ganho inestimável para o desenvolvimento psicológico do bebê, pouco enfatizado nos cursos de pré-natal 
tradicionais. Além de se prevenir transtornos psicológicos que prejudicam a relação mãe-bebê, viabiliza-se um 
espaço para promover a discussão de um projeto de parentalidade. A pesquisa-ação mostrou que os conteúdos 
relativos à proposta de educação dos filhos, bem como a compreensão dos aspectos evolutivos da criança, 
foram demandados nos momentos grupais. Embora não tenha sido tratado de modo informativo, foi possível 
notar o quanto há carência desse tipo de abordagem e o quanto o preparo afetivo tem repercussões para a 
qualidade do exercício da maternidade e da paternidade. Assim como a possibilidade de se poder contar com 
informações sobre aspectos práticos da maternidade e da paternidade, em um contexto onde seja possível se 
dialogar a respeito das intenções e projetos educativos. Ao mesmo tempo em que estes aspectos podem gerar 
conflitos que atinjam a conjugalidade, seu manejo preventivo pode possibilitar a construção de um projeto 
de parentalidade mais compartilhado e melhorar a qualidade da relação do casal e da interação com o bebê.
4. REFERêNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
AINSWORTH, M.; BOWLBY, J.An ethological approach to personality development. American Psychologist, vol. 46, 
nº 4, pp. 333-341, 1991.
AMERICAN PSYCHIATRIC ASSOCIATION (APA) DSM-V: Manual diagnóstico eestatístico de transtornos mentais. 5ª 
Edição, Porto Alegre: Artmed, 2014.
ARRAIS, A. R. As configurações subjetivas da depressão pós-parto: para além da padronização patologizante. Tese de 
Doutorado, Instituto de Psicologia, Universidade de Brasília,Brasília, 2005.
ARRAIS, A. R.; CABRAL, D. S. R.; MARTINS, M. H. F. Grupo de pré-natal psicológico: avaliação de programa de in-
tervenção junto a gestantes. Encontro: Revista de Psicologia, São Paulo, v. 15, n. 22, p. 53-76, 27 set., 2012.
ARRAIS, A. R.; MOURÃO,  M. A.; FRAGALLE, B. O pré-natal psicológico como programa de prevenção à depressão 
pós-parto. Revista Saúde e Sociedade, 22(3), 2013.
PARTE IV – PROGRAMAS DE APOIO ÀS FAMÍLIAS NA PRIMEIRA INFÂNCIA 389
AZEVEDO, K. R.; ARRAIS, A. R. O mito da mãe exclusiva e seu impacto na depressão pós-parto. Psicologia: Reflexão 
e Crítica, 19 (2), 269-276, 2006.
BAPTISTA, A. S. D.; FURQUIM, P. M.. Enfermaria de Obstetrícia. Em: BAPTISTA, M. N.; DIAS, R. R.. Psicologia Hos-
pitalar: teoria, aplicações e casos clínicos. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2009. Cap. 2, p. 12-31.
BORTOLETTI, F. F. Psicologia na prática obstétrica: Abordagem Interdisciplinar. Barueri, SP: Manole, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Área Técnica de Saúde da Mulher. Pré-natal e Puerpério: atenção qualificada e humani-
zada – manual técnico/Ministério da Saúde, Secretaria
de Atenção à Saúde, Departamento de Ações Programáticas Estratégicas – Brasília: Ministério da Saúde, 2006. 163 p. 
CHIATTONE, H. B. C.. Assistência Psicológica de Urgência. Em: BORTOLETTI, F. F. Psicologia na prática obstétrica: 
Abordagem Interdisciplinar. Barueri, SP: Manole, 2007. p. 52-59.
COX J; HOLDEN J. Perinatal Mental Health: a guide to the Edinburgh Postnatal Depression Scale (EPDS). London: 
Royal College of Psychiatrists, Gaskell, 2003.
CUNHA, J. Manual em português das Escalas Beck. São Paulo: Casa do Psicólogo, 2001.
FALCONE, V. M. Atuação multiprofissional e a saúde mental de gestantes. Rev. Saúde Pública, São Paulo, v. 39, n. 4, 
Ago. 2005.
FRIZZO, G. B.; PICCININI, C. A. Interação mãe-bebê em contexto de depressão materna: aspectos teóricos e empíri-
cos. Psicol. estud., Maringá, v. 10, n. 1, Abr. 2005. 
KLEIN, M. M. S.; GUEDES, C. R. Intervenção psicológica a gestantes: contribuições do grupo de suporte para a pro-
moção da saúde. Psicol. cienc. prof.,  Brasília,  v. 28,  n. 4,   2008. 
MORAES, I. G. S.; PINHEIRO, R. T.; SILVA, R. A.; HORTA, B. L.; SOUSA, P. L. R.; FARIA, A. D.. Prevalência da de-
pressão pós-parto e fatores associados. Revista de Saúde Pública, São Paulo, v. 40, n. 1, p. 65-70, 2006.
OLIVEIRA, M. A. ; NAKANO, T. C. Revisão de pesquisas sobre criatividade e resiliência. Temas em Psicologia, 19 (2), 
467-479, 2011.
PEREIRA, P. K.; LOVISI, G. M. Prevalência da depressão gestacional e fatores associados. Rev. psiquiatr. clín., São Paulo, 
v. 35, n. 4, 2008. 
RAMOS, S. H. A. S.; FURTADO, E. F.. Depressão Puerperal e Interação mãe-bebê: Um estudo piloto. Psicologia em 
Pesquisa, Rio de Janeiro, v. 1, n. 1, Jan-Jun. 2007.
ROSENBERG, J. L. Transtornos Psíquicos da Puerperalidade. Em: BORTOLETTI, F. F. Psicologia na prática obstétrica: 
Abordagem Interdisciplinar. Barueri, SP: Manole, 2007. p. 110-117.
RUSCHI, G. E. C.; SUN, S. Y.; MATTAR, R.; CHAMBÔ FILHO, A.; ZANDONADE, E.; LIMA,V. J. Aspectos epi-
demiológicos da depressão pós-parto em amostra brasileira. Revista de Psiquiatria do Rio Grande do Sul, v. 29, n. 3 p. 
274-280, 2007.
SANTOS, S. R. L. B. Menina, mulher, filha, mãe? A gravidez decorrente de violência sexual. Tese de Doutorado. Univer-
sidade de Brasília, Brasília, 2013.
SCHMIDT, E. B.; PICCOLOTO, N. M.; MÜLLER, M. C.. Depressão pós-parto: fatores de risco e repercussões no 
desenvolvimento infantil. Psico- Usf, São Paulo, v. 10, n. 1, p. 61-68, jun. 2005. 
SHIELDS, B. Depois do parto, a dor: Minha experiência com a depressão pós-parto. São Paulo: Prestígio, 2006. 205p.
THIOLLENT, M. Metodologia da pesquisa-ação. São Paulo: Cortez, 2, 1992.
ZINGA, D.; PHILLIPS, S. D.; BORN, L. Depressão pós-parto: sabemos os riscos, mas podemos preveni-la? Rev. Bras. 
Psiquiatria, São Paulo, 2012.

Outros materiais