Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 BOAS PRÁTICAS DE MANIPULAÇÃO E SUA IMPORTÂNCIA NA PRODUÇÃO DOS ALIMENTOS SEGUROS NA PERSPECTIVA DOS CONSUMIDORES FARIA, Angélica Mundim 1 BONNAS, Deborah Santesso 2 RESUMO: A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, uma doença transmitida por alimento (DTA) é uma doença de natureza infecciosa ou tóxica causada por, ou através do consumo de alimento ou água contaminados. Cada dia cresce o número de pessoas que se interessam pelos problemas de saúde pública provocados por intoxicação alimentar e outras doenças degenerativas. Presença de contaminações perigosas, nos alimentos, raramente pode ser percebida pelo consumidor. Dentro desse contexto, o presente trabalho tem como objetivo avaliar o perfil de consumidores em relação aos aspectos da segurança de alimentos, e também o comportamento dos mesmos no momento da aquisição de produtos em serviços de alimentação, por meio de questionários aplicados à uma amostra aleatória da população. Foi feito a aplicação de um questionário online feito na plataforma GoogleDocs, para avaliação dos hábitos higiênico-sanitários dos consumidores. Participaram da pesquisa cerca de 51 pessoas, que responderam perguntas referentes à idade, características sensoriais e qualidade dos alimentos, infraestrutura dos estabelecimentos em que realizavam suas compras alimentícias, conduta do manipulador e a ocorrência de algum desconforto intestinal pelo consumo alimentar de produtos preparados fora do âmbito domiciliar. Os resultados obtidos, na maior parte da amostra de população houve preocupação em relação a qualidade e segurança dos alimentos que consomem. Palavras-Chave: Segurança de alimentos; qualidade; consumidores; manipulador ABSTACT: The World Health Organization confirm that a foodborne disease is an infectious or toxic disease caused by or through the consumption of contaminated food or water. Every day the number of people who are interested in the public health problems caused by food poisoning and other degenerative diseases increases. Presence of dangerous contamination in food can rarely be perceived by the consumer. In this context, this study aims to evaluate the consumer profile in relation to aspects of food safety, and also their behavior at the time of acquisition of products in food service, through questionnaires administered to a random sample of the population. An online questionnaire was done on the GoogleDocs platform, to evaluate the hygienic-sanitary habits of consumers. The participants were about 51 people who answered questions about age, sensory characteristics and quality of food, infrastructure establishments they performed their food shopping, handler behavior and the occurrence of some intestinal discomfort by dietary intake of prepared products out of household. The results obtained in most of the population sample were concerned with the quality and safety of the foods they consume. Key-Words: Food safety; quality; consumers; manipulator 1 Engenheira de Alimentos. Discente do curso da pós graduação em controle de qualidade de produtos alimentícios, do IFTM- Campus Uberlândia, angelica_ptu@hotmail.com 2 Doutora em Ciências dos Alimentos. Docente do curso da pós graduação em controle de qualidade de produtos alimentícios, do IFTM-Campus Uberlândia, deborahb@iftm.edu.br mailto:angelica_ptu@hotmail.com mailto:deborahb@iftm.edu.br 2 INTRODUÇÃO O processo de desenvolvimento econômico do Brasil, nas últimas décadas, provocou grandes mudanças nos hábitos alimentares, uma vez que as pessoas estão gradativamente deixando de fazer refeições em suas residências e dando preferência à praticidade, redução do tempo para o preparo dos alimentos e, sobretudo a facilidade do seu consumo (OLIVEIRA et al., 2007). Nesse contexto, grande parte dos consumidores realiza suas refeições em estabelecimentos como restaurantes, lanchonetes, trailers, padarias e supermercados. As estratégias de marketing, propagandas chamativas (SCAGLIUSI, 2005) e flexibilidade de horários auxiliam esses estabelecimentos a atrair esses consumidores para seus diversos alimentos de baixo custo, rapidez, conveniência, sabor e com qualidade nutricional (SANTOS, 2011). Embora essenciais à vida, os alimentos podem se tornar fontes de risco à saúde de quem os consome. Estima-se que as doenças transmitidas por alimentos bem como as doenças diarreicas vinculadas pela água matam cerca de 2,2 milhões de pessoas anualmente no mundo (WHO, 2013). O número crescente e a gravidade de doenças transmitidas por alimentos, em todo o mundo, instigam a abordagem da oferta de alimentos sanitariamente seguros. Principalmente, quando se constata que os casos de enfermidades causadas por alimentos geralmente não são notificados, uma vez que os sintomas mais comuns são parecidos com gripes, incluindo dor epigástrica, náusea, vômitos, diarreia e febre. A ocorrência de doenças relacionadas ao consumo de alimentos cresce anualmente. Nesse sentido número de refeições realizadas fora de casa potencializa o surgimento de doenças transmitidas por alimentos (DTA) e, consequentemente, os surtos de toxinfecções alimentares. O consumo de refeições fora do domicílio é um dos fatores que mais contribuiu para o aumento da ocorrência de doenças transmitidas por alimentos (DTA) uma vez que, nas unidades produtoras de refeição as refeições são produzidas em larga escala e torna-se mais difícil o controle efetivo de todas as preparações produzidas (ZANDONADI et al. ,2007). A Organização Mundial de Saúde (OMS) afirma que, uma doença transmitida por alimento (DTA) é “uma doença de natureza infecciosa ou tóxica 3 causada por, ou através do consumo de alimento ou água contaminados”. Cada ano as doenças relacionadas ao consumo de alimentos têm crescido, pois as refeições realizadas em estabelecimentos alimentícios potencializam o aparecimento das DTAs e os surtos das toxinfecções. Geralmente, as unidades que produzem alimentos as fazem em grande escala, tornando mais difícil o controle seguro das refeições preparadas (SOUZA et al., 2011). Os estabelecimentos que fornecem alimentos devem oferecer produtos com segurança higiênico sanitária legal e com equilíbrio nutricional. O alimento é fonte principal do ser humano ele tem o poder de nutrir e gerar saúde, no entanto, quando não possui qualidade, pode ser responsável por uma série de doenças, principalmente nos grupos mais susceptíveis, como crianças e idosos (DOS SANTOS NETO, DARK LUZIA et al., 2017). A segurança de alimentos tem uma grande importância no atual padrão de consumo da população brasileira, sendo debatido e atualizado frequentemente pelas grandes empresas, pelos estabelecimentos públicos e privados, e também pelos consumidores, que atualmente priorizam um alimento seguro e de qualidade (SOUZA et al., 2011). A cada dia cresce o número de pessoas que se interessam pelos problemas de saúde pública provocados por intoxicação alimentar e outras doenças degenerativas, cujas causas podem ser: microrganismos como Salmonela e clostrídios, inseticidas e herbicidas vindo de lavouras, toxinas de fungos, etc. A presença de contaminações perigosas nos alimentos raramente pode ser percebida pelo consumidor, daí a facilidade com que muitas pessoas são atingidas simultaneamente (CARDOSO et al.,2005).O consumidor tem se mostrado cada vez mais preocupado com os alimentos que consome, tanto no que se refere à qualidade do produto em si como também com questões voltadas à segurança dos alimentos. Por essa razão, questões, como práticas higiênicas adequadas, métodos de produção, uso de pesticidas e biotecnologia têm sido consideradas no momento da escolha de um produto (ANDRADE et al. 2013) Os surtos geralmente se desenvolvem por diversas falhas dos estabelecimentos. Incluem: refrigeração inadequada, conservação a quente imprópria,alimentos contaminados, contaminação cruzada, higienização incorreta, utilização de sobras e uso de produtos clandestinos, preparo do alimento com 4 intervalo maior que doze horas antes do consumo, manipuladores contaminados e despreparados, processamento térmico insuficiente, etc. A garantia da segurança alimentar vem sendo incorporadas cada vez mais aos planos do governo, estudos sobre condições higiênicas e práticas de manipulação e preparo de alimentos vêm sendo conduzidos em todo o mundo e também no Brasil (BAPTISTA et al.,2003) Falhas, sobretudo na manipulação, armazenamento e exposição do alimento favorecem a contaminação e posterior transmissão de agentes infecciosos ou toxicológicos aos consumidores. Portanto, são estabelecidos requisitos para a produção de alimentos, que incluem o controle do processo produtivo desde a aquisição da matéria-prima até a oferta ao consumidor e a adoção de práticas de higiene .Neste contexto, as Boas Práticas, regulamentadas pela Legislação Sanitária, destacam-se como ponto de partida e requisito essencial entre as ferramentas de gerenciamento da segurança sanitária dos alimentos enquanto abordagem preventiva para redução de riscos de contaminação microbiológica dos alimentos . As ferramentas de qualidade de alimentos têm sido implementadas em grande parte das indústrias e estabelecimento de comércios brasileiros, para garantir um alimento seguro, diminuição de perdas na produção, diminuição de custos e otimização de resultados. O sistema APPCC (Analise de Perigos e Pontos Críticos de Controle) e as BPF´s (Boas Práticas de Fabricação) tem sido recomendada por órgãos fiscalizadores como a Agencia Nacional de Vigilância Nacional (ANVISA) e o Ministério de Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) para serem utilizadas em toda cadeia produtiva de alimentos (PERETTI; ARAUJO, 2010). Boas Práticas são definidas como procedimentos que devem ser adotados por qualquer estabelecimento onde o alimento é manipulado, preparado, armazenado, exposto à venda e ou transportado, a fim de garantir a qualidade higiênico-sanitária do alimento mediante a prevenção, redução a um nível aceitável ou eliminação de contaminante físico, químico ou biológico no alimento preparado (BRASIL, 2004).Contudo, a essas práticas, só aumentarão a confiança dos consumidores se eles estiverem conscientes e informados a respeito desses sistemas, bem como da forma como é aplicado pelos agentes da cadeia alimentar. Nesse sentido, conhecer as percepções dos consumidores sobre o tema segurança dos alimentos torna-se extremamente relevante, pois pode influenciar, junto com 5 outras variáveis socioeconômicas e demográficas, a escolha do alimento a ser consumido e contribuir para a efetividade das legislações a serem implantadas. Aspectos antes pouco valorizados no consumo, como segurança alimentar, higiene, qualidade e confiabilidade dos produtos, especialmente no setor de alimentos, cada vez mais passaram a ser fatores de grande relevância para a tomada de decisão no momento da compra. Hoje o consumidor está preocupado em saber de onde vem o alimento consumido e como é produzido. E, sendo o consumidor final o objetivo último e primordial de qualquer sistema produtivo, as mudanças pelas quais passam afetam, em maior ou menor grau, todos os setores do sistema em questão. A pesquisa de opinião é uma ferramenta eficaz para detectar, com precisão, posições e tendências dos diversos segmentos sociais. Fundamentada em dados científicos, esta atividade é um instrumento que busca identificar problemas e buscar soluções. Este tipo de pesquisa pode também ser adotado para apontar, por exemplo, dados sobre se uma determinada população conhece sobre a segurança e qualidade dos alimentos. Estudos que avaliam as necessidades do consumidor e seu comportamento no momento da compra, ou decidir em qual estabelecimento fazer uma alimentação segura, são fundamentais no fornecimento de dados para o desenvolvimento de estudos, possibilitando a satisfação dos clientes e consolidação dos estabelecimentos. Nessa perspectiva, o objetivo deste estudo foi avaliar o perfil de consumidores brasileiros em relação aos aspectos da segurança de alimentos, e também o comportamento dos mesmos no momento da aquisição de produtos em serviços de alimentação por meio de questionários aplicados à uma amostra aleatória da população. 1. MATERIAL E MÉTODOS Para o levantamento dos dados, foi realizada a aplicação de um questionário online feito na plataforma GoogleDocs, para avaliação dos hábitos higiênico- sanitários dos consumidores. O questionário, do tipo semiestruturado, foi divulgado e aberto ao público por meio de redes sociais entre os meses de agosto e setembro do ano de 2018.O questionário semiestruturado tem uma grande vantagem por ser versátil, o pesquisador pode obter resultados mais aprofundados sobre as opiniões 6 dos entrevistados e servir de base para a pesquisa mais especificas, no formato estruturado. Os números de questões podem variar de acordo com o seu propósito, e os entrevistados têm liberdade para responder as questões. As questões eram fechadas ou semifechadas a fim de identificar o grau de conhecimento do consumidor. Participaram da pesquisa cerca de 51 pessoas, que responderam perguntas referentes à idade, a escolha de um estabelecimento para o consumo alimentício, o que se observa quando vai comprar algum tipo de alimento, as características sensoriais de ovos, aves, peixes e mariscos, a parte de higienização, tanto em alimentos quanto aos manipuladores, na observação de uso de adornos dos manipuladores e conduta, sobre o conhecimento das DTA´s, e qualidade dos alimentos sobre a ocorrência de algum desconforto intestinal pelo consumo alimentar de produtos preparados fora do âmbito domiciliar. As perguntas desse questionário foram baseadas na pesquisa realizada por Santos et al., em 2012, na Universidade Federal do Recôncavo da Bahia. E o questionário ficou disponível por 15 dias. 2. RESULTADOS E DISCUSSÃO A partir dos dados recebidos observou-se que aproximadamente 94% das pessoas afirmam que realizam a higienização de frutas e verduras antes do consumo. Os vegetais estão entre os alimentos listados pelo Ministério da Saúde como responsáveis pela veiculação de doenças transmitidas por alimentos (DTA), os quais ocasionaram, entre os anos 1999 e 2010, 114 surtos oriundos do consumo de frutas, sementes e castanhas e 18 surtos decorrentes da ingestão de hortaliças. O mesmo estudo constatou que o domicílio está entre os principais locais de ocorrência das DTA (BRASIL, 2010). De acordo com Ancek et al. (2010), a contaminação dos alimentos e a causa de várias intoxicações alimentares muitas vezes acontecem pela falta de higienização inadequada das mãos ou da má higienização dos alimentos. O fato de grande maioria dos entrevistados possuírem o hábito de higienização desses alimentos pode estar relacionado à sua popularidade e inserção dessa prática na educação básica. A problemática da contaminação microbiológica das hortaliças reforça a necessidade da implantação de meios profiláticos que garantam uma segurança 7 alimentar ao consumo desses produtos. Entre os métodos mais comumente empregados pela população, destacam-se o emprego do hipoclorito de sódio e do ácido acético Aproximadamente 59% dos entrevistados afirmaram que lavam as mãos com água e sabão, 24% afirmaram lavam rapidamente, 10% não lavam e 8% não lembram de lavar. A lavagem das mãos é de extrema importância as para evitar doenças transmitidas pelos alimentos e diminuir a níveis seguros a presença de microrganismos patogênicos na pele, as mãos é um meio de transporte, rápido para a multiplicação dos microrganismos, assim como as superfícies, utensílios e roupas, ou também, pela contaminação cruzada (ANDREOTTI, 2007).O processo de manipulação dos alimentos é uma das principais causas de contaminação, pois se não for realizada uma higienização adequada das mãos dos manipuladores, das bancadas e dos utensílios que serão utilizados, o alimento irá se contaminar assim que entrar em contato com estas superfícies. O resultado então demonstra que, apesar do entendimento sobre a necessidade de higienização, ela pode não estar sendo praticado da maneira correta. Em relação às respostas sobre os entrevistados terem sentido algum mal- estar em relação ao consumo de alimentos fora de casa e 82,35% falaram que sim e apenas 17,65% diz que não. Entre os que disseram que “sim” destacam-se os alimentos poderiam ter feito mal a carne de porco, frituras, maionese e salsicha. As doenças transmitidas por alimentos (DTA) são um dos problemas de saúde pública mais frequentes já vistos no mundo. São causadas por agentes etiológicos, por microrganismos, os quais atingem o organismo humano através da ingestão de água e alimentos contaminados (WELKER et al., 2010). Apesar da maioria da população associar comumente a ocorrência de DTA ao consumo de alimentos fora dos domicílios, evidências epidemiológicas sugerem que muitos casos estão associados a falhas no processamento domiciliar dos alimentos. Em estudo realizado por Fortunato e Vicenzi (2014) com pessoas responsáveis pela manipulação de alimentos nas residências em Caxias do Sul, observou-se uma prevalência de relatos sobre a ocorrência das DTA´s de 26,2% nos domicílios Entre os sintomas relatados pelos participantes a dor de barriga e a diarreia, seguido de vômito foram os citados com maiores prevalências. 8 Uma porcentagem aproximada de 73% dos entrevistados não sabia que existiam as DTA´s e os 27% restantes conhecem e citaram algumas como toxoplasmose, botulismo e gastroenterite. As doenças transmitidas por alimentos podem dar origem a surtos. Segundo o Centers for Disease Control and Prevention (CDC), surto de DTA é o episódio em que duas ou mais pessoas apresentam doença semelhante após ingerirem alimentos de origem comum. O desconhecimento sobre as DTA´s pode explicar a falta de procedimentos preventivos como a lavagem de mãos entre outros observados nesse estudo. As doenças infecciosas que concorrem com quadros de diarreia são, na maioria das vezes, limitadas no tempo, necessitando de cuidados gerais, alimentação adequada e hidratação abundante. No entanto, podem provocar o absenteísmo no trabalho e grande perda da produtividade associada a custo do afastamento das funções rotineiras. Torna-se importante a orientação e informação sobre as práticas de segurança alimentar fora do lar, com o principal objetivo na prevenção de DTAs (MAGNONI et al., 2016). Os domicílios representam hoje o local de maior incidência de surtos por DTAs, pois a maior parte das pessoas que preparam alimentos em seus domicílios desconhecem, ou até mesmo ignoram as medidas básicas e necessárias estabelecidas como as boas práticas de manipulação de alimentos, durante o preparo de suas refeições, a qual visam garantir de um alimento seguro sob o ponto de vista higiênico sanitário. Esse fato ocorre, pois dificilmente, os indivíduos associam que a contaminação dos alimentos possa ocorrer na etapa de manipulação e preparo dentro da própria residência (FORTUNATO; VICENZI, 2014) Quando questionados sobre o que observam em manipuladores de alimentos, 88% dos entrevistados afirmaram observar o bom aspecto higiênico sanitário do estabelecimento, 47% já observam se os manipuladores utilizam qualquer tipo de adornos e 69% apenas observam se utilizam luvas. Segundo a RDC (Resolução da Diretoria Colegiada) n° 216 da ANVISA - Agência Nacional de Vigilância Sanitária (BRASIL, 2004), durante o processamento, os manipuladores devem retirar todos os objetos de adorno pessoal. Ainda de acordo com a mesma legislação, os manipuladores devem usar cabelos presos e protegidos por toucas ou outro acessório apropriado para esse fim, não sendo permitido o uso de barba. As unhas devem estar curtas e sem esmalte ou base. Em pesquisa realizada por 9 Azevedo et al. (2015), os autores destacam como critérios de qualidade dos consumidores na escolha de um restaurante, que de forma geral, a falta de higiene no restaurante, falta de asseio na preparação da comida, encontrar itens no prato que não condizem com o alimento, mal atendimento, foram levantados como os principais motivos apontados pelos entrevistados como justificativa para não se consumir outras vezes em um restaurante. Do ponto de vista dos entrevistados, para considerar um restaurante como atrativo deve se investir na limpeza apresentada, na qualidade do alimento, no atendimento, na aparência e o cheiro da comida. Em relação ao consumo de peixes, ovos, aves e mariscos, 63% dos entrevistados afirmam observar as características alteradas a olho nu e 29% não observam nada característico. Na conservação dos produtos cárneos é necessário a verificação da temperatura adequada para cada tipo de alimento. Carnes, pescados, leites, quando expostos em temperaturas que não são adequadas, alteram-se rapidamente, favorecendo a multiplicação dos microrganismos. Exige- se então um controle rigoroso para garantir a qualidade desses produtos (LUNDGREN, 2009). Na compra de alimentos, certos parâmetros de qualidade não podem ser verificados antes da compra apenas pelos órgãos de sentido humanos, exceto quando explicitadas no rótulo do produto. Essas dimensões são denominadas características ou atributos intrínsecos do produto, como a ausência de aditivos, sobretudo conservantes, ausência de resíduos químicos e valor nutritivo. Já a aparência, a cor, o tamanho e o formato são considerados atributos extrínsecos, porém nem sempre suficientes para avaliar as características de segurança e qualidade do produto. No entanto, para que os consumidores decidam comprá-lo, precisam formar expectativas claras em relação à sua qualidade (PINHEIRO et al. 2011). Nesse aspecto reforçasse a necessidade do conhecimento do consumidor quanto a esses atributos. Entretanto, ao se observar os resultados em relação ao que se é notado nos estabelecimentos em que as pessoas escolhem para fazer suas compras, grande parte dos entrevistados (88%) responderam que se importavam com aspectos higiênico-sanitários satisfatórios, demonstrando preocupação dos consumidores em adquirir alimentos com bons atributos de qualidade do alimento e dos serviços de alimentação. O ambiente de total contato com o alimento deve ser limpo e 10 desinfetado com a finalidade de contribuir para o controle de microrganismos e segurança do alimento. De acordo com Akutsu, (2005), enfatiza a necessidade de aperfeiçoamento no controle sanitário na área de alimentos. Isso levou ao ministério da saúde, elaborar as portarias 1428 de 26/12/1993 e 326 de 30/07/1997, que estabelecem as orientações necessárias para a inspeção sanitária por meio do (APPCC) analises de perigos e ponto crítico de controle da empresa e de serviços de alimentação e os aspectos de devem ser levados em conta para a aplicação das boas práticas de fabricação (BPF). Uma porcentagem aproximada de 71% dos entrevistados, demonstra que, o prazo de validade é um dos aspectos de segurança alimentar dentre as preocupações do consumidor. Em estudo realizado em Campinas e Rio de Janeiro (ANDRADE et al., 2013) a maior preocupação dos consumidores, independentemente da praça estudada, foi relacionada com o prazo de validade dos produtos. A maioria comentou ser essa a primeira informação que buscam. Ainda no presente estudo destaca-se também o fato de que 65% dos entrevistados notam se o produto apresenta características alteradas de cor, cheiro ou consistência. De acordo com Busato, (2011), as doenças transmitidas por alimentos, consideradas problema de saúde pública podemdar origem a surtos definidos como, situações em que duas ou mais pessoas demonstram ao mesmo tempo, sinais e sintomas semelhantes, após a ingestão de um alimento de mesma origem considerado contaminado, por evidência clínica, epidemiológica e/ou laboratorial. O alimento contaminado geralmente possui aparência, odor e sabor normal e o pouco esclarecimento da população sobre os perigos presentes nesses alimentos é um fator prejudicial, em caso de intoxicação alimentar, pois dificulta a identificação de alimentos contaminados ingeridos na última refeição. Os alimentos devem ser armazenados em local limpo, de forma organizada, dispostos longe do piso, com temperatura e ventilação adequadas. Devem seguir o sistema PEPS – primeiro que entra, primeiro que sai ou o sistema PVPS, Primeiro que vence, Primeiro que sai. CONSIDERAÇÕES FINAIS A partir dos resultados observados, na maior parte da amostra de população analisada houve preocupação em relação à qualidade e segurança dos alimentos 11 que consomem. Cuidados aplicados na higienização das frutas e hortaliças demonstram que os consumidores entendem o potencial risco ao ingerirem esses produtos contaminados. Apesar de reconhecerem a importância da lavagem das próprias mãos previamente a manipulação dos alimentos, mas de acordo com a diversidade nas respostas obtidas quanto a frequência de sua prática, há indícios de um descrédito ao próprio manipulador como agente capaz de contaminar o alimento. Os cuidados na escolha dos alimentos bem como em relação ao local de sua aquisição são resultados promissores no indicativo de mudanças nas atitudes dos consumidores que vem se tornando cada dia mais exigente. Esses fatores assim como a atenção aos manipuladores, entretanto ainda carecem de mais informações sobre os possíveis problemas que podem estar relacionados ao consumo de alimentos fora dos padrões higiênico sanitários. Isso pode estar relacionado à carência de informações nos próprios produtos em relação às doenças que essas possam causar quando suas características de boa qualidade estão alteradas. O consumidor, sendo o último elo da cadeia alimentar, tem suas responsabilidades no que diz respeito à conservação, manipulação e preparo dos alimentos. Mas, ao mesmo tempo, tem o direito de obter alimentos mais seguros. Os consumidores, além da contaminação microbiológica, podem contribuir na contaminação da comida de forma física, onde é possível citar como perigo de baixa severidade, o que não causa danos ao consumidor, representado por materiais estranhos como sujidades (pelos, cabelos, terra, insetos e outros), e os de alta severidade como agulhas, metais que podem causar danos aos consumidores. É importante que o consumidor seja esclarecido sobre a segurança do alimento, a fim de que possa conhecer e compreender as características dos alimentos e seus processos tecnológicos de elaboração e conservação. Somente assim poderá ele decidir sobre seu consumo ou não, como devem ser manipulados e preparados, sem que sejam originados posteriores perigos à sua saúde e ao meio ambiente. Para tal políticas educativas em relação a segurança dos alimentos devem ser implementadas. 12 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ANDRADE, Juliana Cunha de et al. Percepção do consumidor frente aos riscos associados aos alimentos, sua segurança e rastreabilidade. Braz. J. Food Technol., Campinas, v. 16, n. 3, p. 184-191, Sept. 2013. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1981- 67232013000300003&lng=en&nrm=iso>. Acesso em 16 de maio 2019. http://dx.doi.org/10.1590/S1981-67232013005000023. ANDREOTTI, Adriana et al. Importância do treinamento para manipuladores de alimentos em relação à higiene pessoal. Iniciação Científica Cesumar, v. 5, n. 1, p. 29-33, 2007. AZEVEDO, L. P.; MOURA, L. R.; SOUKI, G. Um estudo qualitativo dos atributos para a escolha de um restaurante. Revista Acadêmica São Marcos. 5(1), p. 25- 51. 2015. AKUTSU, R. C. C. de, et al. Adequação das boas práticas de fabricação em serviços de alimentação. Revista de Nutrição, v.18, n.3, p.419-427, 2005. Disponível em: <http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/2113/1/ARTIGO_AdequacaoBoasPr aticas.pdf>. Acesso em: 16 mai. 2019. BANCZEK, H. F. L.; VAZ, C. R.; MONTEIRO, S. A.. Comportamento dos consumidores em self-service no município de Curtitiba. Revista Brasileira de Tecnologia Agroindustrial, v. 4, n. 1, 2010. BRASIL Informações técnicas, 2010. Disponível em: <http://portal.saude.gov.br/portal/saude/profissional/visualizar_texto.cfm?idtxt=317 58>. Acesso em: 22 mar. 2018. BUSATO, M. A. Ocorrência de Surtos de Doenças Transmitidas por Alimentos no município de Chapecó, Estado de Santa Catarina, Brasil, no período de 1997 a 2005. Revista Epidemiol. Serv. Saúde, Brasília, v.20, n.3, set. 2011. DOS SANTOS NETO; D. L., DA SILVA ARAÚJO; K. S., MARIANO, S. M. B., DOS SANTOS VIEIRA, E. S., JUNIOR, C. A. R., DIAS, F. C. F., MUJICA, P. Y. C. (2017). Perfil e grau de conhecimento de manipuladores de alimentos dos estabelecimentos comerciais de Palmas, Tocantins. Revista de Patologia do Tocantins,4(3), 31-33.2017 DUARTE, E. ; LACERDA, F. Eficiência antimicrobiana e antiparasitária de desinfetantes na higienização de hortaliças na cidade de Natal - RN. Ciência e Natura. 36 (2): 92-106, 2014. Disponível em: http://www.redalyc.org/articulo.oa?id=467546173003 Acesso em: 17 de junho de 2019. http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/2113/1/ARTIGO_AdequacaoBoasPraticas.pdf http://repositorio.bce.unb.br/bitstream/10482/2113/1/ARTIGO_AdequacaoBoasPraticas.pdf 13 FORTUNATO, L. H.; VICENZI, K. Conhecimento sobre prática de higiene na manipulação de alimentos em residências de Caxias do Sul-RS. Revista UNINGÁ Review, Maringá, v. 17, n. 1, p. 42-47, 2014. LUNDGREN, P. U. et al. Perfil da qualidade higiênico-sanitária da carne bovina comercializada em feiras livres e mercados públicos de João Pessoa/PB-Brasil. Alimentos e Nutrição Araraquara, v. 20, n. 1, p. 113-119, 2009. OLIVEIRA, A. C. G. Percepção dos consumidores sobre o comércio de alimentos de rua e avaliação do teste de mercado do caldo de cana processado e embalado e seis municípios do estado de São Paulo, Brasil. Alim. Nutr., Araraquara v.18, n.4, p. 397-403, out./dez. 2007. MAGNONI, D.; TARDIOLI, M.; ZAGATO, M.; MIYAGI, M.; TAKAYAMA, P.; MOURA, S.; KOVACS, C.; CAMELO, V.; BARBOSA, M.; CUKIER, C. Segurança alimentar e informação nutricional podem reduzir a intoxicação alimentar na alimentação fora do lar. Rev Bras Nutr Clin; 31 (2): 91-6. 2016. PERETTI, Ana Paula de Rezende; ARAÚJO, Wilma Maria Coelho. Abrangência do requisito segurança em certificados de qualidade da cadeia produtiva de alimentos no Brasil. Gest. Prod. [online]. Vol.17, n.1, pp.35-49. 2010. SANTOS, V. A.; SANTOS, M. P.; MATOS, V. S. R.; LÔBO, L. N. FREITAS, F. SILVA I. de M. M. Perfil dos consumidores de alimentos de rua. Revista Baiana de Saúde Pública. v.36, n.3, p.777-791jul./set. 2012 SCAGLIUSI, F. B. et al. Marketing aplicado à indústria de alimentos. Nutrire, v. 30, n. único, p. 79-95, 2005. SOUZA, A. C.; ALVES, F. R. S.; SILVA, J. C. S.; SANTANA, M. G.; CAVALCANTE, M.; NUNES, F. V. Avaliação dos hábitos higiênicos dos consumidores de alimentos em um centro de saúde de uma instituição pública. I Seminário de Alimentação e Cultura na Bahia. Centro de Estudos do Reconcavo Baiano. 2011. PINHEIRO, F. A.; CARDOSO, W. S.; CHAVES, K. F.; OLIVEIRA, A. S. B.; RIOS, S. A. Perfil de Consumidores em Relação à Qualidade de Alimentos e Hábitos de Compras. UNOPAR Científica. Ciências Biológicas e da Saúde, Londrina, v. 13, n. 2, p. 95-102, 2011. VIEIRA, A. C. P.; BUAINAIN, A. M.; SPERS, E. E. A segurança do alimento e a necessidade de informação aos consumidores. Cadernos de Direito, 10(19), 21- 37p. 2011. WELKER, Cassiano Aimberê Dorneles et al. Análise microbiológicados alimentos envolvidos em surtos de doenças transmitidas por alimentos (DTA) ocorridos no estado do Rio Grande do Sul, Brasil. Revista Brasileira de Biociências, v. 8, n. 1, 2010. 14 WORLD HEALTH ORGANIZATION – WHO. Advancing food safety initiatives: strategic plan for food safety including foodborne zoonoses 2013-2022. Geneva, 2013. 31 p. Disponível em: <www.who.int/foodsafety/publications/foodborne_disease/fbd_2006.pdf>. Acesso em: 25 nov. 2018. ZANDONADI, R. P. et al . Atitudes de risco do consumidor em restaurantes de auto-serviço. Revista de Nutrição, Campinas, v. 20, n. 1, p. 19-26, fev. 2007. http://www.who.int/foodsafety/publications/foodborne_disease/fbd_2006.pdf
Compartilhar