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Processo Civil − Art.1º ao 12 do CPC - Interpretação conforme a CF (art. 1º): As normas processuais devem ser interpretadas de acordo com as normas constitucionais. Art. 1º - A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos: I - a soberania; II - a cidadania; III - a dignidade da pessoa humana; IV - os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa; V - o pluralismo político. Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta Constituição. − Normas processuais x Normas constitucionais: Exemplo: art. 53, I CPC: Art. 53. É competente o foro: I - para a ação de divórcio, separação, anulação de casamento e reconhecimento ou dissolução de união estável: Onde se tem houver uma ação de união estável no código anterior dizia que deveria propor a ação no foro do domicílio da mulher, onde a CF/88 diz que a mulher e homem são iguais perante a lei, onde houve a mudança que deve propor a ação no domicílio do guardião do filho incapaz e essas normas foram adequadas conforme a Constituição Federal. - Priorização da solução por auto composição (art. 3o, § 2º do CPC): O estado promoverá sempre que possível a solução consensual dos conflitos, e essa solução significa que todas as vezes que houver um conflito o Estado e um juiz deve tentar um acordo consensual entre as partes. Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito. § 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos. − Solução consensual dos conflitos: Exemplos: art. 334 do CPC – Audiência de Conciliação ou Mediação, que significa que antes do réu apresente a sua defesa, ele vai ter a oportunidade de tentar um acordo. Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência. Exemplo: art. 165 do CPC – Centros, que serve para priorizar a solução consensual na tentativa desses acordos, sendo um lugar especializado com profissionais específicos. Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição. III – Princípio da primazia do julgamento de mérito (4º do CPC): Art. 4º - As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa. As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito (mérito=pedido). • − Prazo razoável; • − Solução integral do mérito; Ex: art. 321 do CPC. ß significa que sempre que o juiz puder ultrapassar os problemas processuais para julgar o pedido tem que ultrapassar os problemas processuais e resolva o pedido. Nesse exemplo do art. 321, se o juiz verificar que na inicial tem algum defeito, ele tem que intimar o autor para corrigir esse defeito e indicar o que está errado para facilitar o processo. Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado. IV- Princípio do efetivo contraditório (art. 7º, 9º e 10 CPC): O juiz deverá zelar pelo efetivo contraditório, não proferindo decisão contra uma das partes sem que antes ela seja ouvida. Art. 7º - É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz ao juiz zelar pelo efetivo contraditório. Art. 9º - Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida. Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica: I - à tutela provisória de urgência; II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III; III - à decisão prevista no art. 701. Art. 10 - O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício. Exceções: a) Tutelas de urgência; b) Tutelas de evidência liminares (art. 311 CPC); c) Tutela liminar monitória. OBS.: o juiz não pode decidir em grau algum de jurisdição sobre um fundamento a respeito do qual não tenha dado às partes a oportunidade de se manifestar, ainda que seja matéria que possa decidir de ofício (proibição da decisão surpresa) – significa que o juiz não pode proferir uma decisão surpresa sobre um fundamento que ele nunca deu oportunidade das partes de se manifestar. O juiz não pode extinguir o processo por prescrição, porque ele precisa dar a oportunidade para que as partes se manifestem para evitar a decisão surpresa. Ler os artigos: • − Boa-fé (art. 5º); Art. 5º - Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé. • − Cooperação (art. 6º); Art. 6º - Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva. NORMAS FUNDAMENTAIS • − Ordem de conclusão (art. 12). Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. Conceito: é o poder-dever do Estado de resolver o conflito de interesses (lides). • Poder-dever do Estado; • Resolver o conflito de interesses. Características: I. Inércia (art. 2º): A jurisdição somente se inicia se for provocada; sendo assim, uma vez iniciada ela não precisa ser mais provocada (princípio do impulso oficial). Art. 2º - O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei. II. Substitutividade: A jurisdição substituiu a vontade das partes pela vontade da lei, significa que o momento em que a jurisdição que ela foi posta é ela quem decide quem tem o direito. III. Una: Só existe uma jurisdição em todo território nacional. A doutrina tradicionalmente classifica as formas de resolução de conflitos em autodefesa, autocomposição e heterocomposicão. Esta última poderia ser feita pelo Estado (Poder Judiciário) ou por um particular, em certos casos específicos permitidos pela Lei (arbitragem). É bem verdade, contudo, que hoje parte da doutrina tem expandido o conceito de jurisdição, para abarcar também, em certas situações, a resolução de conflitos empreendida fora do Poder Judiciário. Meios alternativos de solução de conflitos: ® Autodefesa ou autotutela: é a solução do conflito por meio da força. Ex: Legitima defesa (188, I CC); Art. 188. Não constituem atos ilícitos: I - os praticados em legítima defesa ou no exercício regular de um direito reconhecido; Ex: Legitima defesa da posse (1210, §1º CC); Art. 1.210. O possuidor tem direito a ser mantido na posse em caso de turbação, restituído no de esbulho, e segurado de violência iminente, se tiver justo receio de ser molestado. § 1 o O possuidor turbado, ou esbulhado, poderá manter-se ou restituir-se por sua própria força, contanto que o faça logo; os atos de defesa, ou de desforço, não podem ir além do indispensável à manutenção, ou restituição da posse. Seria a forma mais primitiva de resoluçãode conflitos. Utilizava-se da força física contra o adversário para vencer sua resistência e satisfazer uma pretensão. Todavia o Estado permite a autodefesa em situações excepcionais, tais como: na legítima defesa no âmbito penal (art. 25 do CP); no desforço possessório conferido ao possuidor turbado (art. 1.210, § 1o, do CC); no direito de retenção do locatário (art. 578 do CC) e do depositário (art. 644 do CC); bem como no direito de greve, garantido constitucionalmente (art. 9o da CF), no âmbito do direito do trabalho. Tais exceções se justificam pelo fato de o Estado nem sempre estar presente no momento em que um direito é violado. Assim, para evitar o perecimento do direito, seu titular poderá realizar atos por conta própria para garanti-lo, nos casos em que a lei permitir, desde que o faça imediatamente após a violação ou quando o direito estiver prestes a ser vulnerado, devendo haver, sempre, a proporcionalidade entre o agravo sofrido e a resposta. ® Autocomposição: solução do conflito por meio do consenso, sendo assim, as partes entram em acordo e pode se dar das seguintes formas: a) Transação: É a solução do conflito por meio de sacrifícios recíprocos, significa que ambas as partes vão acabar abrindo mão de uma parte do seu direito para ter um acordo. b) Renúncia: ocorre todas as vezes que o titular abre mão do seu direito, significa que quem propôs a demanda renúncia o seu direito e isso não é desistência da ação que significa desistir e poder propor a ação de novo e a renúncia significa abrir mão do direito. c) Submissão/reconhecimento jurídico do pedido: ocorre todas as vezes que a parte contraria admite do direito do titular, sendo assim, por exemplo o réu reconhece e admite a verdade e paga tudo que o autor pediu. OBS: essas três formas de autocomposição podem ser realizadas fora ou dentro do juízo, mas para valerem precisa ser homologada por via sentença com mérito (art. 487 CPC). Trata-se de solução parcial (por ato dos sujeitos em conflito) na qual as partes chegam a um acordo quanto à existência ou inexistência de um direito, seja pela renúncia, pela transação (concessões recíprocas) ou mediante o reconhecimento da pretensão alheia, pondo fim ao conflito de interesses existente. São exemplos de autocomposição em nosso ordenamento jurídico: a transação civil (arts. 840 a 850 do CC); a conciliação (arts. 21 a 26 da Lei n. 9.099/95 e art. 165, § 2o, do CPC/2015); a mediação (art. 165, § 3o, do CPC/2015 e Lei n. 13.140/2015); e a transação penal (arts. 72 a 76 da Lei n. 9.099/95). É bem verdade que o termo autocomposição está, hoje, em desuso. Os novos ordenamentos vêm tratando da conciliação e da mediação como ferramentas mais adequadas para o tratamento dos conflitos. ® Arbitragem: (ler a Lei nº 9.307/06) É a solução de um conflito por um terceiro escolhido pelas partes por meio da convenção de arbitragem. As partes ao invés de levarem as demandas delas para o judiciário, elas levam para um árbitro eleito por elas mesmas, sendo um terceiro podendo ser qualquer pessoa para julgar essa causa, sendo que as partes tem que servem capazes e o direito for disponível. No caso da arbitragem, não havendo possibilidade de acordo entre as partes, caberá ao árbitro impor a sua decisão solucionando a controvérsia, em razão do fato de que as partes haviam acordado previamente que se submeteriam àquilo que por aquele viesse a ser decidido, como será visto adiante. ® Heterocomposição: A parcialidade característica da autocomposição fundamentou a crença de que a solução de conflitos deveria ser entregue a pessoa desinteressada no objeto da disputa. O juízo arbitral é uma modalidade de heterocomposição (julgamento do litígio por terceiro escolhido consensualmente pelas partes) também voltada à fixação de existência ou inexistência de um direito. Diferencia-se da conciliação porquanto esta, além de consistir em meio alternativo de autocomposição induzida, permite apenas que um terceiro imparcial conduza as partes a um acordo, nada mais podendo fazer se isso se mostrar inviável. JURISDIÇÃO O CPC, além de trazer novos princípios processuais, positivou na legislação infraconstitucional diversos princípios que antes eram somente constitucionais. Os 12 artigos iniciais do Código trazem a base principiológica do CPC. > Princípio do acesso à justiça: O acesso à justiça garante que o jurisdicionado, diante de uma lide, poderá buscar a solução via jurisdição, sendo indevidas quaisquer limitações à possibilidade de se acionar o Judiciário. Um exemplo de limitação do acesso à justiça seria a dificuldade de a parte pobre arcar com as custas do processo. Para tanto, de modo a garantir o acesso à justiça, há a previsão da assistência jurídica. Houve discussão se a arbitragem violaria o acesso à justiça, já que veda a possibilidade de discussão da lide perante o Judiciário. Prevalece a posição de que, diante da opção das partes pela arbitragem, não há violação ao princípio (STF, SE 5.206 AgRg, Tribunal Pleno, j. 12-12-2001, DJ 30-4-2004). > Princípio do contraditório: O princípio do contraditório pode ser assim definido: quando uma parte se manifesta, a outra também deve ter a oportunidade de se manifestar no processo. Trata-se de um binômio: informação e possibilidade de manifestação. O primeiro é indispensável; o segundo não necessariamente precisa ocorrer. Assim, não haverá violação ao princípio se a parte, ciente (informada), não se manifestar. É positivado no art. 5º, LV, da CF, e também no CPC. O art. 9º traz a visão clássica de o juiz não decidir sem ouvir a parte contrária, salvo exceções, como no caso de tutela de urgência (art. 9º, parágrafo único). Inova o CPC ao trazer, no art. 10, a vedação às decisões surpresa. Trata-se do contraditório sob outro ângulo: a impossibilidade de o juiz decidir sem que tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, mesmo que se trate de matéria que possa ser apreciada de ofício. Assim, o binômio passa a ser um trinômio: informação, possibilidade de manifestação e resposta do Judiciário. Trata-se do contraditório efetivo previsto no CPC. Como exemplo, se o juiz for reconhecer a prescrição, ainda que possa fazer isso de ofício, terá antes de ouvir a parte a respeito desse tema. Se assim não proceder, haverá uma decisão surpresa. > Princípio da publicidade: O princípio da publicidade prevê que os atos processuais e a tramitação do processo devem ser públicos. Está no art. 93, IX, da CF (“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos (...)”) e no CPC, no art. 11 e no art. 8º. Porém, não se trata de um princípio absoluto, já que há situações em que o processo pode ser sigiloso. E isso é previsto na própria CF, no art. 5º, LX: “a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem”. Assim, em certos casos – como nas discussões envolvendo direito de família –, tendo em vista a defesa da intimidade, o processo não será público para terceiros, em virtude do segredo de justiça (CPC, arts. 11 e 189). > Princípio da motivação: Pelo princípio da motivação toda decisão proferida pelo Poder Judiciário deverá ser fundamentada pelo magistrado que a profere. É positivado na CF, art. 93, IX (“todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões (...)”) e repetido no art. 11 do CPC. A finalidade é que as partes saibam a razão pela qual seus argumentos foram aceitos ou, principalmente, negados. Inclusive de modo a se ter condições de impugnar a decisão, via recurso. Caso não haja motivação, a decisão será nula. Merece destaque, no CPC, a forma pela qual a motivação das decisões judiciais é tratada. O art. 489, § 1º, aponta quando não há uma adequada motivação – numa das mais relevantes inovações do Código.> Princípio da duração razoável do processo: O princípio da duração razoável do processo está na Constituição (art. 5º, LXXVIII: “a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação”) e no CPC. O art. 4º faz também menção específica à satisfação da parte, o que demonstra que o princípio não se restringe apenas à fase de conhecimento, mas também ao cumprimento de sentença e execução. Em alguns casos, busca o legislador que haja o julgamento do processo de forma mais rápida para determinados litigantes, considerando uma situação de dificuldade ou hipossuficiência para tais partes. Para tanto, o Código prevê a prioridade de tramitação para (CPC, art. 1.048): ■ em que figure como parte ou interessado pessoa idosa (acima de 60 anos), sendo que há uma prioridade especial para o “superidoso”, ou seja, a pessoa acima de 80 anos (Estatuto do Idoso, art. 71, § 5º); ■ pessoa portadora de doença grave (conforme art. 6º, XIV, da Lei n. 7.713/88); ■ demandas cíveis envolvendo criança e adolescente reguladas pelo ECA (Lei n. 8.069/90); ■ em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, em ações cíveis fundadas na Lei Maria da Penha (inovação da Lei n. 13.894/2019). > Princípio da inércia: O princípio da inércia determina que, para a atuação do Judiciário, há necessidade de provocação pela parte interessada. O princípio está previsto no art. 2º do CPC e tem por objetivo garantir a imparcialidade do juiz. Mas o mesmo artigo preceitua que, uma vez retirado o Judiciário da inércia, aí o processo tramita por impulso oficial. Apesar de a regra ser o Judiciário inerte, existem algumas exceções no sistema, em que a própria legislação afirma que o juiz poderá agir de ofício. Por exemplo, ao apreciar matérias de ordem pública, como vícios processuais, pode o juiz agir de ofício (CPC, art. 485, § 3º). > Princípio da cooperação: O art. 6º do CPC inova ao prever o princípio da cooperação, destacando que todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si “para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”. Como exemplos, do ponto de vista das partes, a possibilidade de perícia consensual. Do ponto de vista do juiz, o dever de o magistrado PRINCÍPIOS DO PROCESSO CIVIL indicar qual ponto da inicial deve ser emendado (CPC, art. 321). Do ponto de vista das partes e do juiz, de saneamento compartilhado, em que as partes apontam, em conjunto com o juiz, quais são os pontos controvertidos (CPC, art. 357, § 3º). > Princípio da proibição de provas ilícitas: O princípio da proibição da prova ilícita aponta que “são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por meios ilícitos” (CF, art. 5º, LVI). O que se busca proteger é a intimidade das pessoas (também protegida na CF, art. 5º, X). Se uma prova ilícita for levada ao processo, esta não deverá ser considerada pelo magistrado no momento do julgamento. > Princípio do devido processo legal: Este é chamado um princípio-síntese, do qual outros decorrem. É previsto na CF, art. 5º, LIV: “ninguém será privado (...) de seus bens sem o devido processo legal”. O princípio se aplica a diversas situações e indica as condições mínimas para o trâmite do processo, ou seja, o trâmite do processo deve seguir uma forma prevista em lei (regras previamente estabelecidas). > Princípio da ampla defesa: O princípio da ampla defesa é a garantia de qualquer réu de ter plenas condições de apresentar seus argumentos de defesa. É positivado no art. 5º, LV, da CF: “aos litigantes (...) são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”. Porém, a ampla defesa não significa que tudo aquilo que o réu pretende alegar ou provar deve ser levado em consideração. O juiz deve analisar a pertinência e a conveniência das provas e das alegações. > Princípio do juiz natural: O princípio do juiz natural preceitua que o órgão julgador competente para determinada causa deve existir e ser conhecido antes de ocorrido o fato a ser julgado. É previsto no art. 5º da CF: “XXXVII – não haverá juízo ou tribunal de exceção” e “LIII – ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente”. O juiz natural é o juiz competente previsto em lei (Constituição e Códigos) para julgar a lide em abstrato, antes mesmo de sua ocorrência. O objetivo do princípio é garantir a imparcialidade do julgador, a qual é usualmente deixada de lado quando se cria um tribunal para determinado ato, após a sua ocorrência. > Julgamento em ordem cronológica: há a previsão de julgamento das demandas em ordem cronológica de conclusão (art. 12). Este é um dos dispositivos já alterados no Código (Lei n. 13.256/2016), sendo importante conhecer a modificação. Na redação original, tinha-se o seguinte: “os juízes e os tribunais deverão obedecer à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. Contudo, com a alteração legislativa, a redação do artigo ficou a seguinte: “Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão”. Em outras palavras, de um comando para o julgador (deverão obedecer) passou-se para uma mera sugestão ao magistrado (atenderão, preferencialmente). Pelo Código, em cada uma das varas de juízes ou gabinetes de desembargadores ou de ministros, deverá ser elaborada uma lista com a ordem dos processos que estão conclusos para decisão final (CPC, art. 12, § 1º). Essa lista deverá estar disponível não só na vara ou gabinete, mas também na internet. Do ponto de vista prático, poucas são as varas e tribunais que adotam essa lista. Além disso, vale destacar que o próprio CPC traz diversas exceções à ordem cronológica (há 9 incisos no art. 12, § 2º, dentre os quais homologação de acordo e julgamento de causas massificadas). Contudo, como o julgamento em ordem cronológica é opcional, esses incisos acabam tendo pouca relevância prática. Empresarial - O conceito de empresa: A empresa não fora definida pelo Código Civil. Como fenômeno econômico, a empresa poderia ser decomposta em diversos perfis e foi utilizada com diversos sentidos nas diversas legislações nacionais, ora como sinônimo de empresário, ora como sinônimo de estabelecimento, ora como instituição. No Código Civil, o conceito de empresa pode ser apreendido da definição de empresário, como definido no art. 966. Nesse ponto, a empresa pode ser caracterizada como a atividade desempenhada pelo empresário, uma atividade econômica profissional e organizada voltada à produção de bens e serviços. - O conceito de empresário: Por atividade, é necessário um conjunto de atos destinados a um fim. Não basta um único ato, mas que sejam praticados continuadamente. A atividade deve ser econômica. Os atos devem ser destinados a produzir riqueza, de modo que o lucro é pressuposto de seu desenvolvimento. Econômica, também, é a atividade destinada ao mercado. Os bens e serviços produzidos devem ser destinados ao mercado e não à utilização do próprio agente. Os atos devem ser praticados pelo empresário de modo profissional. Como profissional, o empresário deve deter o monopólio da informação. Ele deve possuir o conhecimento técnico para a realização da atividade. Outrossim, a profissão também indica atividade não eventual. O empresário faz dessa prática habitual de atos o modo de obter rendimentos ao longo do tempo. Para o seu desenvolvimento, o empresário deverá organizar os diversos fatores de produção. A organização é da essência dos atos praticados, mas não pressupõe o concurso do trabalho de terceiros. É empresário aquele que desenvolve atividade ainda que sozinho, como uma produção totalmente automatizada. Basta que haja uma organização do empresário de todos os fatores de produção, como máquinas e mercadorias,para a produção do bem pretendido. - Empresário individual: Pessoa física que realiza uma atividade empresarial (loja de roupas, restaurante, lanchonete); • Tem a obrigação de providenciar o seu registro na Junta comercial (tem que ser feito antes do início da atividade) art. 967, CC; • Não adquire personalidade jurídica (art. 44, CC à Quem tem personalidade jurídica) à não haverá separação patrimonial; • Risco Integral, ou seja, uma vez assumido alguma responsabilidade pela empresa, assumi também o risco integral pela empresa. Obs.: o empresário individual só ele pode adotar a forma de microempresário individual (MEI): tem uma receita bruta anual de até R$81.000,00. Art. 18-A, LC 123/06 (é a figura econômica que menos paga impostos). a) Incapaz pode ser empresário individual? ® art. 972, CC; ® art. 5, CC; Sim, se os requisitos estiverem presentes: ✓ Pode continuar a empresa (ex. herança); ✓ Se houver a autorização judicial (o juiz pode ou não autorizar); ✓ Precisa ser representado (absolutamente incapaz) ou assistido (relativamente incapaz) à vai depender do tamanho da incapacidade. art. 974, CC. Obs.: se faltar um desses requisitos, o incapaz não pode ser empresário individual (pela idade ou pela interdição pode se identificar se uma pessoa é incapaz. b) A pessoa precisa ser Livre de Impedimentos (proibições); Exemplos: magistrado, MP, militar, servidor público federal, falido etc.; Obs.: exemplo de questão à um magistrado é Empresário individual (ele não se registrou ou não informou a junta comercial), ele responde pelas obrigações assumidas? Sim, responde pelas obrigações assumidas à art. 973, CC. c) Produtor Rural Art. 971, CC: quem exerce uma atividade rural, tem uma faculdade de se registrar. Pode exercer a atividade regular sem ser pelo registro na junta comercial à ele pode exercer como uma cooperativa ou pode usar outros meios para regularizar sua atividade. Art. 971, CC: faculdade de se registrar na Junta Comercial: quando ele se registra, a partir desse momento ele se torna empresário; Registro: é um ato constitutivo (só existe empresa se houver registro). Atenção: não confunda obrigação com ato constitutivo. O empresário individual tem obrigação, mas não quer dizer que somente existe empresa se ele for registrado, se ele não for registrado ele é irregular, mas é empresa. O registro é um ato declaratório. d) Empresário é casado: ele quer alienar ou onerar um bem imóvel (dar em garantia) Se for um bem imóvel atingido pela atividade empresarial (ex. terreno onde está a loja ou o terreno que está o restaurante), nesse caso a empresa não precisa da vênia conjugal (vênia conjugal é a autorização que um cônjuge concede ao outro para alienação ou oneração de bens imóveis), art. 978, CC (não importa o regime de bens); OBS: sociedade entre casados à não podem constituir sociedade entre si os casados em regime de comunhão universal ou separação obrigatória de bens. - Não são considerados empresários: Exceção ao conceito de empresário é aquele que exerce atividade civil. A prestação de serviços era considerada, antes da unificação do direito obrigacional realizada pelo Código Civil, atividade tipicamente civil. Com o Código Civil, que conceituou como empresarial a atividade econômica profissional e a organização para a produção ou circulação de bens ou serviços, estes últimos também são considerados atividades tipicamente empresariais. Ao conceituar as atividades empresariais, entretanto, o Código Civil as diferenciou das atividades econômicas civis. São esses atos praticados por aqueles que exercem profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda que com o concurso de auxiliares ou colaboradores, a menos que constitua elemento de empresa. TEORIA GERAL DO DIREITO EMPRESARIAL Por elemento de empresa entende-se que a atividade intelectual é inserida em uma organização maior. A atividade intelectual, com as qualidades pessoais do sujeito que a desenvolve, é inserida como um fator de produção, entre os demais, para a realização de uma atividade maior, o que descaracteriza essas qualidades pessoais. É a diferença observada em um médico, o qual, ao exercer atividade intelectual científica, não é considerado empresário. A partir do momento em que está inserido em um hospital, ele se torna elemento de uma empresa, compreendida, no caso, como a atividade hospitalar como um todo. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e para a partilha, entre si, dos resultados. A sociedade é formada por um conjunto de pessoas e é decorrente da necessidade de uma pessoa se associar a outra para, unindo esforços, realizar um empreendimento em comum. Para tanto, os sócios celebram um contrato plurilateral, em que cada um dos sócios ocupa um dos polos de uma relação, a qual, portanto, ao contrário de um contrato bilateral, forma uma relação circular e não linear. Não há apenas dois polos contratantes, mas diversos, conforme a quantidade de sócios. Como qualquer contrato, os contratantes precisam ser capazes para contratar ou devem estar representados ou assistidos. O incapaz, que estava proibido de ser empresário, não está impossibilitado de ser sócio. Em razão da responsabilidade, determinou-se que os menores poderão ser sócios, desde que o capital social esteja totalmente integralizado e eles não participem da administração das sociedades. Os casados também poderão contrair sociedades. A sociedade, entretanto, não poderá servir para fraudar o regime matrimonial e, entendeu a lei, não poderia ser realizada se houvesse apenas um patrimônio único efetivo, como na comunhão universal. Nesse ponto, cumpre ressaltar que, independentemente do regime jurídico do matrimônio, o empresário individual poderá alienar ou onerar bens sociais independentemente de outorga conjugal, o que é inadmissível se não fosse empresário. Além de agente capaz, objeto lícito, possível e determinado ou determinável e forma prescrita ou não defesa em lei, o contrato de sociedade exige elementos específicos. O primeiro desses elementos é a pluralidade de sócios. A sociedade unipessoal não é permitida no direito brasileiro, à exceção da sociedade subsidiária integral, em que será possível ter como acionista uma única sociedade brasileira. A EIRELI, nesse contexto, é pessoa jurídica empresária, mas não consiste em sociedade. A unipessoalidade, entretanto, poderá ser superveniente e temporária. Durante o desenvolvimento da atividade, a sociedade poderá ficar com um único sócio, independentemente do motivo a tanto. Na sociedade anônima, a sociedade será dissolvida de pleno direito se a pluralidade não for recomposta, após a assembleia que a constatou, até a do ano seguinte. Nas demais sociedades, o Código Civil estabelece que elas se dissolverão se a pluralidade não for recomposta no prazo de 180 dias da redução. As sociedades também deverão ter capital social. Esse é o montante formal, inserido no contrato de sociedade, referente aos bens conferidos pelos sócios para o desempenho da atividade social. Ainda deve constar no contrato de sociedade a participação dos sócios nos lucros e nas perdas. Pela própria definição do contrato de sociedade, os sócios celebram o contrato para que se beneficiem do resultado da atividade e, em razão disso, participarão de eventuais perdas. Por conta disso, a cláusula que exclui qualquer dos sócios da participação nos resultados ou nas perdas, a chamada sociedade leonina, é nula. SOCIEDADE E SEUS CONTRATOS
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