Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO Professora Me. Daniela Carla Monteiro Professor Me. Diego Figueiredo Dias GRADUAÇÃO Unicesumar Acesse o seu livro também disponível na versão digital. C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; MONTEIRO, Daniela Carla; DIAS, Diego Figueiredo. Economia do Setor Público. Daniela Carla Monteiro; Diego Figueiredo Dias. Maringá-Pr.: Unicesumar, 2019. 200 p. “Graduação - EaD”. 1. Economia 2. Setor 3. Público 4. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-1842-4 CDD - 22 ed. 330 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Ficha catalográfica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Diretoria de Design Educacional Débora Leite Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Head de Curadoria e Inovação Tania Cristiane Yoshie Fukushima Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Gerência de Processos Acadêmicos Taessa Penha Shiraishi Vieira Supervisão de Produção de Conteúdo Nádila Toledo Coordenador de Conteúdo Eder Rodrigo Gimenes Designer Educacional Lilian Vespa Projeto Gráfico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração Flávia Thaís Pedroso Qualidade Textual Jaqueline Mayumi Ikeda Loureiro Ilustração Rodrigo Barbosa da Silva Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quan- do investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou profissional, nos transformamos e, consequente- mente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Crian- do oportunidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desafios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois, conforme Freire (1996): “Os ho- mens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógi- ca e se encontram integrados à proposta pedagógica, contribuindo no processo educacional, complemen- tando sua formação profissional, desenvolvendo com- petências e habilidades e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo provocar uma aproximação entre você e o conteúdo, possibilitando o desenvol- vimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessários para a sua formação em nível pessoal e profissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográfica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enque- tes, assista às aulas ao vivo e participe das discussões. Além disso, lembre-se que há uma equipe de profes- sores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de apren- dizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranquilidade e segurança sua trajetória acadêmica. CU RR ÍC U LO Professora Me. Daniela Carla Monteiro Possui Mestrado em Economia Regional pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - 2013), Especialização em Direito do Estado – área de concentração em Direito Administrativo pela Universidade Estadual de Londrina (UEL - 2006) e graduação em Ciências Econômicas pela Universidade Estadual de Maringá (UEM - 2002). É professora adjunta do Departamento de Ciências Econômicas da Faculdade Cidade Verde (FCV) e professora formadora (EAD) no Centro Universitário de Maringá (Unicesumar). <http://lattes.cnpq.br/0168207316464790> Professor Me. Diego Figueiredo Dias Diego Figueiredo Dias é Mestre em Economia pela Universidade Estadual de Maringá, onde também se graduou em Ciências Econômicas. Atuou como professor de graduação e pós-graduação em diversos cursos das Ciências Sociais Aplicadas desde 2006. Coordenou o curso de graduação em Administração da Associação Educacional do Cone Sul - MS em 2010. Em 2010 e 2011 coordenou os Cursos Superiores em Tecnologia de Gestão Financeira; Gestão Comercial; Negócios Imobiliários; e Gestão Pública do Núcleo de Educação a Distância do Unicesumar (Centro Universitário de Maringá- PR). Também coordenou os cursos de pós-graduação na área de Gestão. Foi coordenador dos Polos de Apoio Presencial do Núcleo de Educação a Distância do Unicesumar (Centro Universitário de Maringá-PR). <http://lattes.cnpq.br/0458701505878523> SEJA BEM-VINDO(A)! Olá, caro(a) acadêmico(a), bem-vindo(a) ao livro de Economia do Setor Público. É com muito prazer que apresento a você este livro, resultado de um trabalho feito com muito carinho. Sou a Professora Me. Daniela Carla Monteiro, autora deste material, o qual pre- parei com muita dedicação para que você aprenda acerca do relevante papel do setor público na economia. Assim, ressalto que os assuntos que você estudará nesta disciplina serão de grande re- levância para sua formação, ao passo que o domínio dos conteúdos ministrados aqui propiciarão uma nova maneira de pensar, já que reúne discussões sobre: (a) o setor pú- blico na economia; (b) as atribuições econômicas dos estados modernos; (c) sistema tributário, incidência tributária e eficiência; (d) estrutura, crescimento e contenção das despesas e das dívidas públicas; (e) orçamento público: conceitos, princípios, ciclos e orçamento participativo. Meu objetivo, ao escrever este livro, foi criar meios para que você compreenda, da melhor maneira possível, conceitos, instrumentos e mecanismos que fazem parte da economia do setor público, pois o ajudarão a encontrar possíveis respostas às inúmeras questões socioeconômicas com as quais nos deparamos cotidia- namente. Ainda nessa vertente, o conhecimento em questão proporcionará a você melhor com- preensão das políticasde cunho econômico vigentes no país, de modo que o exercício da cidadania se fortalecerá. A título de exemplo, considere um cidadão que conheça bem o contexto socioeconômico do país em que vive. Tal cidadão será capaz de identi- ficar e de avaliar com mais propriedade, em um período eleitoral, as propostas de viés socioeconômico dos candidatos, não é mesmo? Ressalto ainda que, embora os conteúdos do livro tratem apenas de modo introdutó- rio e simplificado os principais conceitos, instrumentos e mecanismos que envolvem o tema, ele permitirá a compreensão de questões de extrema relevância. Por isso, sugiro que aproveite! Com relação à estrutura geral, o livro foi organizado em cinco unidades que foram elen- cadas da seguinte maneira: Unidade 1, O Setor Público na Economia, nesta unidade, você aprenderá, entre outros, o papel, as competências e as principais relações do se- tor público no contexto econômico. Na Unidade 2, Atribuições Econômicas dos Esta- dos Modernos, por sua vez, você aprenderá sobre as funções econômicas do governo e sobre as falhas de mercado que justificam a intervenção do Estado na Economia. Se- quencialmente, na Unidade 3, Sistema Tributário, Incidência Tributária e Eficiência, você aprenderá sobre as características do sistema tributário vigente, bem como sobre os efeitos da tributação sobre a atividade econômica. Posteriormente, na Unidade 4, Es- trutura, Crescimento e Contenção das Despesas e das Dívidas Públicas, você aprenderá sobre despesa pública, déficit governamental, dívida nacional e política fiscal. Por fim, na Unidade 5, Orçamento Público: Conceito, Princípios, Ciclos e Orçamento Participati- vo, você aprenderá sobre conceitos e princípios do orçamento público. Ademais, apren- derá, entre outros, sobre ciclos orçamentários, etapas de elaboração do orçamento e orçamento participativo. APRESENTAÇÃO ECONOMIA DO SETOR PÚBLICO Vale relembrar que este livro, caro(a) acadêmico(a), foi pensado para você enquanto cidadão ativo em nosso país e enquanto estudante de graduação. Nesse sentido, fique atento aos conteúdos que serão ministrados e estabeleça relações do mesmo com as situações vigentes no mundo e no país em que vivemos. Ademais, dedique-se a ler e a interagir com os textos, fazer anotações, anotar e es- clarecer suas dúvidas, verificar as indicações de leitura, realizar novas pesquisas so- bre os assuntos abordados, responder às atividades de autoestudo, entre outros. Lembre-se de que toda e qualquer informação ou conhecimento adicional contri- bui, e muito, para a construção e para a solidificação de sua formação. Por fim, esperamos que esta iniciação ao conhecimento da economia do setor pú- blico seja de grande valia para a sua vida pessoal e profissional. Em caso de dúvidas, encontro-me à sua disposição juntamente com a equipe Unicesumar. Um forte abraço! APRESENTAÇÃO SUMÁRIO 09 UNIDADE I INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA 15 Introdução 16 Política Econômica 20 Política Fiscal 28 Política Monetária 29 Políticas Externas: Cambial e Comercial 31 Política de Rendas 32 Considerações Finais 40 Referências 41 Gabarito UNIDADE II ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DOS ESTADOS MODERNOS 45 Introdução 46 Atribuições Econômicas do Setor Público 55 As Falhas de Mercado 65 Estado Provedor versus Estado Regulador 70 Considerações Finais 78 Referências 79 Gabarito SUMÁRIO 10 UNIDADE III SISTEMA TRIBUTÁRIO, INCIDÊNCIA TRIBUTÁRIA E EFICIÊNCIA 83 Introdução 84 Definição e Espécies de Tributos 89 Contribuições Sociais e de Intervenção de Domínio Econômico 92 Princípios Tributários 97 Competências Tributárias 99 Os Impostos e sua Classificação 107 Os Efeitos Da Tributação sobre a Atividade Econômica 113 Considerações Finais 121 Referências 122 Gabarito UNIDADE IV ESTRUTURA, CRESCIMENTO E CONTENÇÃO DAS DESPESAS E DAS DÍVIDAS PÚBLICAS 125 Introdução 126 Conceito, Execução e Fases da Despesa Pública 138 Déficit Governamental 148 Necessidade de Financiamento do Setor Público, Déficits e Dívida Pública 151 Considerações Finais 160 Referências 161 Gabarito SUMÁRIO 11 UNIDADE V ORÇAMENTO PÚBLICO 165 Introdução 166 Aspectos Institucionais do Orçamento Público 167 Princípios Orçamentários 170 Orçamento Público no Brasil 186 A Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF) 190 Considerações Finais 198 Referências 199 Gabarito 200 Conclusão U N ID A D E I Professora Me. Daniela Carla Monteiro Professor Me. Diego Figueiredo Dias INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Objetivos de Aprendizagem ■ Explicar o que é política econômica. ■ Compreender a política fiscal enquanto principal instrumento de política econômica. ■ Analisar a relevância da política monetária enquanto instrumento de política econômica. ■ Discutir as políticas cambial e comercial enquanto instrumentos externos de política econômica. ■ Estudar o instrumento de política econômica conhecido como política de rendas. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Política Econômica ■ Política Fiscal ■ Política Monetária ■ Políticas Externas: Cambial e Comercial ■ Política de Rendas INTRODUÇÃO Olá, caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à primeira unidade do livro de Economia do Setor Público. Aqui, você aprenderá sobre os instrumentos de política econômica. Os objetivos a serem atingidos na unidade em questão são: (a) explicar o que é política econômica; (b) compreender a política fiscal enquanto principal instrumento de política econômica; (c) analisar a relevância da política monetária enquanto instrumento de política econômica; (d) discu- tir as políticas cambial e comercial enquanto instrumentos externos de política econômica; (e) estudar o instrumento de política econômica conhecido como política de rendas. Nessa direção, visando atingir os objetivos de aprendizagem elencados, a referida unidade foi dividida em quatro tópicos, que são: (1) Política Econômica; (2) Política Fiscal; (3) Políticas Externas: Cambial e Comercial; (4) Política de Rendas. O primeiro tópico tratará do conceito de política econômica, além de apre- sentar seus principais instrumentos: (a) Política Fiscal; (b) Política Monetária; (c) Política Cambial; (d) Política Comercial; (e) Política de Rendas. No segundo tópico, por sua vez, chamado de Política Fiscal, será tratada a política fiscal expan- sionista, tanto via aumento de gastos quanto via redução de tributos, e da política fiscal contracionista nos âmbitos da redução dos gastos públicos e do aumento da tributação. Posteriormente, no terceiro tópico, será discutida a política monetá- ria. Esta se refere à atuação do Estado na economia sobre a quantidade de moeda e títulos públicos. Sequencialmente, o quarto tópico tratará dos instrumentos de política econômica externos, a saber: política cambial e política comercial. Essas políticas atuam sobre as variáveis relacionadas ao setor externo da econo- mia. No quinto e último tópico será discutida a política de rendas, que se refere à intervenção direta do governo na formação de rendas. Assim, ao término desta unidade, você terá aprendido, ainda que sucinta- mente, sobre os principais instrumentos de política econômica. Bons estudos! Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 15 INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E16 POLÍTICA ECONÔMICA Com o objetivo de atuar nos âmbitos da produção, circulação e consumo dos bens e serviços, o governo tem adotado um conjunto de medidas, chamado de política econômica. Tanto o conteúdo quanto o alcance dessas medidas são variáveis. O que quero dizer é que a política econômica varia de economia para economia e depende muito do modo de produção em que estáinserida e do grau de diversi- ficação da economia. Ademais, depende do ponto de vista dos chefes de estado e/ou chefes de governo quanto ao papel do Estado na economia e quanto aos objetivos que pretende alcançar. Afinal, quais são os objetivos de política econômica que usualmente têm sido discutidos? De acordo com Albergoni (2008, p. 215), os referidos objetivos são: • Crescimento – melhoria ou expansão dos recursos, implantação de infraestrutura adequada e adequação da poupança externa e interna. • Alto nível de emprego – geração de empregos compatível com o aumento da população, de forma a manter a renda e os salários. Política Econômica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 17 • Estabilidade econômica – estabilidade dos preços e equilíbrio nas transações internacionais. • Distribuição de renda justa – distribuição da renda gerada na so- ciedade de forma compatível com as necessidades de consumo dos indivíduos. Note que tais objetivos, quando alcançados, geram crescimento econômico que, por conseguinte, podem gerar desenvolvimento econômico. Para que você possa compreender melhor o que estou explicando, vamos conhecer os dois conceitos supramencionados. Segundo Vasconcellos e Garcia (2014, p. 110), quando se fala em “crescimento econômico, está se falando em crescimento da renda nacional per capita, ou seja, em colocar à disposição da coletividade uma quantidade de mercadorias e serviços que supere o crescimento populacional”. A renda per capita, por sua vez, é um indicador para a apuração da melhora do padrão de vida das pessoas, embora haja críticas com relação a esse indica- dor operacional. O que quero dizer é que existem economias que estão entre as maiores rendas per capita do mundo e não possuem o melhor padrão de vida em relação a outros países, que também possuem renda per capita elevada (ex.: países árabes). Sendo assim, faz-se necessário, para um crescimento econômico de longo prazo, que seja elevado o produto potencial da economia. Tal condição será possível, entre outros, por meio do: (a) aumento nos recursos disponíveis; (b) avanço tecnológico. Este diz respeito a novos métodos de organizar a produção e de qualificá-la. Nesse caminho, incorrendo em desemprego e em capacidade ociosa, poder-se-á aumentar o produto nacional da economia, por meio de políticas econômicas de curto prazo que fomentem a atividade produtiva, mas, atenção, curto prazo significa dizer que não dará resultado por muito tempo. Ou seja, existe um limite no que tange à quantidade que se pode produzir com os recursos e com a tecnologia que se tem. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E18 Pois bem, caro(a) aluno(a), falemos agora de desenvolvimento econô- mico. É comum os estudantes confundirem a empregabilidade dos dois termos. Crescimento econômico é diferente de desenvolvimento econômico. Observe que o conceito de crescimento evidencia a empregabilidade de variáveis quantitati- vas. O desenvolvimento, por sua vez, considera tanto as variáveis quantitativas quanto as variáveis qualitativas. Entre estas estão: educação, saúde, infraestru- tura, saneamento básico, qualidade de vida, entre outros. Em outras palavras, quando se incorre em desenvolvimento econômico, incorre-se em variações positivas de ordem quantitativa e qualitativa. Pode-se dizer que é possível que haja crescimento sem desenvolvimento, mas que não será possível desenvolvimento sem crescimento, compreende? Esse é o caso do Brasil. Enquanto economia subdesenvolvida, nossos períodos de crescimento nem sempre possibilitam desenvolvimento. O crescimento econômico pode facilitar a solução de problemas relativos à pobreza, pois os conflitos sociais sobre a divisão do bolo produtivo podem ser abrandados quando ele aumenta. Nesse sentido, poder-se-ia aumentar a renda dos pobres sem diminuir a dos ricos. Entretanto, no Brasil e em outros países em desenvolvimento, as metas de crescimento e equidade distribu- tiva têm-se mostrado conflitantes, fundamentalmente devido ao fator edu- cacional, com a maioria da mão de obra com baixa qualificação e, portanto, com baixos rendimentos. Fonte: Vasconcellos e Garcia (2014, p. 110). Considere que no âmbito da política econômica, habitualmente, empregam-se termos utilizados para classificar medidas e ações. Você encontrará muitos des- ses termos ao longo desta unidade, então, é importante que os compreenda bem. Política Econômica Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 19 Os termos mais comuns são: (a) curto prazo – longo prazo; (b) conjuntu- ral – estrutural; (c) estabilização – crescimento/desenvolvimento. Os primeiros termos, descritos em (a), referem-se ao horizonte temporal tanto para aplicar instrumentos de política econômica quanto para averiguar as respostas da sua empregabilidade. Destaca-se que o critério temporal, via de regra, é subjetivo e discutível. Os termos descritos em (b) referem-se à responsabilidade do governo quanto à regulação e ao controle da economia. Esse tipo de ação é empregado por meio de mecanismos que afetam a demanda agregada num intervalo bem curto de tempo. Os aspectos comportamentais da economia que, em geral, estão em foco nesse contexto, são: (1) Resultado das contas do governo; (2) Equilíbrio, Superávit ou Déficit do balanço de pagamentos; (3) Volume de emprego; (4) Ritmo de variação inflacionária. Nessa direção, pode-se dizer que a política de cunho estrutural remete à socie- dade como um todo a problemas de ordem qualitativa ou estrutural, bem como a problemas de ordem microeconômica. A solução para tal depende de mudan- ças de cunho institucional. Ademais, depende de mudanças de regras, costumes, normas, leis ou padrões sociais. Essas mudanças conceituam entre os agentes econômicos, suas relações, motivações e expectativas. Tais mudanças estabele- cem direitos, obrigações e incentivos que, por sua vez, determinam resultados. Por fim, os termos descritos em (c) referem-se às políticas de estabilização que procuram o equilíbrio macroeconômico, via variáveis de ordem conjuntural, por serem de respostas rápidas. Assim, as políticas de desenvolvimento não só afetam o crescimento de curto prazo, mas também a construção de uma estru- tura econômica com capacidade de sustentação a longo prazo. Ou seja, implicam reformas estruturais de longo prazo. Você aprenderá, a partir de agora, os instrumentos de política econômica, a saber: (a) política fiscal; (b) política monetária; (c) política cambial; (d) política comercial; (e) política rendas. Vamos lá? INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E20 POLÍTICA FISCAL O primeiro instrumento de política econômica que você aprenderá é a “polí- tica fiscal”. Essa política, como todas as outras que você aprenderá na sequência, deverá manter uma estreita ligação com os objetivos que os governos perseguem, dentre os quais estão: (a) crescimento do produto interno bruto (PIB); (b) pleno emprego; (c) melhor distribuição de renda; (d) taxa de inflação baixa e estável; (e) taxas de juros baixas; (f) investimentos em expansão; (g) equilíbrio no balanço de pagamentos (que trata das contas externas). Destaca-se que conseguir atingir mais de um objetivo é o grande desafio que os governos enfrentam, porque, via de regra, há conflitos entre eles. O objetivo de crescimento do PIB, por exemplo, pode colidir com o de taxas de inflação baixas ou o objetivo de reduzir os impostos pode resultar no aumento da dívida pública interna, e ter consequências negativas sobre as contas públicas. Assim, é fundamental compreender que cada um dos instrumentos de polí-tica econômica que você estudará nesta unidade, tem direta influência sobre as variáveis que compõem a demanda agregada. O que quero dizer é que a inter- venção governamental na economia, por meio de um ou mais instrumentos de política econômica, deve afetar o consumo privado, o investimento privado ou as exportações, de modo a alterar o nível da demanda agregada, o que influen- ciará no nível do produto interno bruto, na geração da renda nacional e no nível de emprego. Política Fiscal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 21 A demanda agregada é composta pelos seguintes componentes: (1) De- manda de Consumo (C) – bens e serviços para as famílias; (2) Demanda de Investimentos (I) – a demanda das empresas por fábricas, equipamentos e caminhões de entregas (bens de capital), por exemplo; (3) Demanda de gastos do Governo (G) – para hospitais, contabilistas e forças armadas, por exemplo; (4) Demanda de Exportações (X) – a demanda dos estrangeiros por bens e serviços que vendemos ao exterior, tais como café e soja; (5) De- manda por Importados (M) – demanda por bens e serviços do exterior (de consumo ou investimento) pelas famílias, empresas e pelo governo. Fonte: Albergoni (2008, p. 219) Afinal, o que é política fiscal? A política fiscal, dentre os instrumentos de política econômica, é a principal ferramenta para a correção das distorções do mercado. Entre outros objetivos de política econômica, ela é também um relevante ins- trumento para viabilizar-se crescimento econômico ou estabilidade econômica. Em outras palavras, é a política de gastos e receitas do governo. A referida polí- tica começou a ser utilizada a partir de 1930, visto que a política monetária do período não estava sendo eficaz para combater os efeitos da grande depressão. De acordo com Vasconcellos e Garcia (2014): A política fiscal refere-se a todos os instrumentos de que o governo dispõe para arrecadar tributos e controlar suas despesas. A política tri- butária, além de influir sobre o nível de tributação, é utilizada, por meio da manipulação da estrutura e alíquotas de impostos, para estimular (ou inibir) os gastos de consumo do setor privado. (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014, p. 112) A constante utilização desta política, a partir da década de 1930, fez com que surgissem discussões acerca dos limites dos gastos públicos. Os governos tor- naram-se altamente endividados no final dos anos 70 e com o Brasil não foi diferente. Os gastos do governo compõem-se de despesas correntes e de inves- timentos. Nas despesas correntes, incluem-se quatro itens: ■ O consumo do governo (pagamento dos funcionários e despesas, como energia elétrica e materiais). INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E22 ■ As transferências (despesas do setor público destinadas ao setor privado, sem contraprestação de serviços ou fornecimento de bens, por exemplo, a assistência e a previdência social). ■ Os juros (pagamento de juros tanto da dívida interna como externa). ■ Os subsídios são gastos do governo que têm como objetivo fazer com que os consumidores adquiram alguns bens e serviços por preços meno- res do que se daria pelo mercado normal; ou são gastos do governo que tem como objetivo fazer com que o produtor receba preços maiores pelo seu produto, ou seja, o subsídio tanto pode ser para o consumidor como para o produtor. Nas despesas de investimento, por sua vez, incluem-se os gastos do governo que visam aumentar a capacidade de geração de bens e serviços no país, tais como construção de estradas, rodovias, escolas, hospitais, hidrelétricas etc. Analisando-se, genericamente, a evolução dos gastos públicos no Brasil, pode- -se afirmar que as despesas correntes, que se situavam ao em torno de 20% do PIB na década de 70, passaram a ser crescentes a partir do ano 2000, enquanto as despesas com investimentos, que eram de 3,0%, passaram a ser decrescentes. Complicado, não é mesmo? Pois analisando a grosso modo, o governo tem gas- tado cada vez mais com a manutenção da máquina pública, com transferências, juros e subsídios, do que com a construção de escolas e hospitais, por exemplo, que são tão relevantes para a população. Assim, o objetivo básico da política fiscal, enquanto instrumento de polí- tica econômica, é conduzir, com eficiência, a área administrativa do governo, promovendo o bem-estar da população, mediante a realização de obras de inte- resse da sociedade e com a eficácia na arrecadação tributária para fazer frente às despesas orçamentárias. Essas políticas devem manter estreita ligação com os objetivos que os governos perseguem, embora muitos sejam conflitantes entre si. Entre esses objetivos, conforme você já aprendeu, estão: (a) crescimento do PIB; (b) pleno emprego; (c) distribuição da renda; (d) taxa de inflação baixa e estável; (e) taxas de juros baixas; (f) investimentos em expansão; (g) equilíbrio no balanço de pagamentos. Política Fiscal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 23 A política fiscal pode ser empregada de maneira expansionista ou de maneira contracionista. Pode ser implementada tanto para expandir a demanda da eco- nomia e combater efeitos de crise como para restringir a demanda e conter, por exemplo, pressões inflacionárias. É importante que você saiba, no entanto, que o que determina como a política será empregada nada mais é do que o objetivo que o governo pretende atingir. Nesse sentido, começarei a expandir seu conheci- mento acerca da política fiscal por meio da política fiscal expansionista. Vamos lá? POLÍTICA FISCAL EXPANSIONISTA: AUMENTO DOS GASTOS VERSUS REDUÇÃO DE TRIBUTOS Primeiramente é importante você compreender que o objetivo da política fis- cal expansionista é expandir a atividade econômica. Em outras palavras, se o governo pretende expandir a atividade econômica, ele poderá apostar na execu- ção de uma política fiscal expansionista, que poderá ser utilizada de duas formas: (1) aumentando os gastos do governo ou (2) reduzindo tributos. Imagine que, ao realizar uma política fiscal expansionista, o governo opte pelo aumento dos gastos. Considere a seguinte situação: o governo brasileiro decidiu realizar um investimento, construindo uma nova sede para uma uni- versidade federal em uma determinada cidade. Para realizar esse investimento, o governo teve que considerar despesas de investimento, que, de maneira bem simples e genérica, resumem-se a despesas com a contratação da construtora que realizará a obra (prestação de serviços) e com o material de construção neces- sário para tal (insumos/matéria-prima). As empresas envolvidas na construção da nova sede precisarão realizar investimentos em sua capacidade produtiva para atender a essa nova demanda, como a contratação de pessoal. Observe que em um primeiro momento temos um “aumento” do investimento das empresas envolvidas diretamente na construção da sede. Tais trabalhadores, obviamente, receberão salários que, por sua vez, serão utilizados de acordo com suas neces- sidades de consumo. Note que um dos componentes da demanda agregada, aqui representado pela letra (C), representando o consumo das famílias, aumentará. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E24 Por conseguinte, para atender ao aumento da demanda das famílias por bens de consumo, as empresas locais, como supermercados, farmácias, restau- rantes, lojas de vestuário, entre outros, também realizarão investimentos, a fim de expandir a sua capacidade de produção. Você está percebendo, por meio do nosso exemplo, o efeito dominó? Certamente sim, não é mesmo? Novamente, o componente investimento sofre expansão,só que agora com empresas que não estão diretamente envolvidas na obra que construirá a sede da universidade. Observe que, tanto as empresas que estão envolvidas diretamente quanto as empresas que estão indiretamente, acabam por estimular outras empresas for- necedores de produtos ou bens de capital. É importante ressaltar que o efeito dominó, como aqui estou chamando para que você possa compreender melhor, tem um limite, mas tem efeitos de expan- são além daquele relacionado à construção da sede da universidade. A variação da demanda agregada a partir de um aumento de gastos é o que nós, economis- tas, denominados multiplicador keynesiano de gastos do governo. De acordo com a Teoria Keynesiana, você sabia que um aumento nas despe- sas do setor público tem como efeito um aumento da atividade econômica mais que proporcional a essa variação? (Leide Albergoni) O multiplicador keynesiano de gastos do governo pode ser representado por meio da seguinte equação: K = DA GG ∆ ∆ Em que: KG: multiplicador keynesiano de gastos do governo.. ΔDA: variação da demanda agregada. ΔG: variação dos gastos do governo. Política Fiscal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 25 Nessa direção, caro(a) aluno(a), considerando o nosso exemplo hipotético da construção da sede da universidade, se o estado gastar R$ 10 milhões para fina- lizar a obra e o aumento da demanda agregada for da ordem de R$ 20 milhões, o multiplicador keynesiano de gastos do governo será de: KG = = 20 10 2 Ou seja, o multiplicador indica que, para cada R$ 1,00 gasto na construção da sede da universidade, gerou-se um aumento de R$ 2,00 na demanda agregada. Você consegue perceber a eficácia da política fiscal expansionista para o fim que ela se propõe? Tenho certeza que sim. Logo, se o objetivo é expandir a atividade econômica, podemos certamente afirmar que, por meio do exemplo utilizado, o objetivo é facilmente atingido. Agora, imaginemos que, ao realizar uma política fiscal expansionista, o governo opte pela redução dos tributos sobre as atividades de consumo de produção ou sobre a renda das famílias. Primeiramente, consideremos sobre as atividades de produção e consumo. Assim, imagine que o saco de arroz de 5 qui- los que você compra todos os meses no mercado custe R$ 15,00. Sendo que desses R$ 15,00, R$ 10,00 correspondam ao custo de fatores e que R$ 5,00 correspon- dam aos tributos, ou seja, uma alíquota de 50%. Assim, é possível afirmar que com uma renda de R$ 150,00 é possível adquirir 10 sacos de arroz de 5 quilos. Agora, considere que, realizando uma política fiscal expansionista via tribu- tos, o Estado reduza a alíquota para 20%, reduzindo, assim, o preço do saco de arroz de 5 quilos para R$ 12,00. Note que, nesse novo contexto, com uma renda de R$ 150,00, seria possível comprar 12,5 quilos. Portanto, fica evidente, por meio do simples exemplo adotado, que a redução da alíquota de tributos sobre a produção e o consumo implica em aumento do consumo, certo? Agora, pensaremos juntos na tributação sobre a renda. Observe que uma redução da tributação resultará em aumento da renda disponível, certo? Por exemplo, se você tem uma renda de R$ 10.000,00 por mês e se a alíquota de tri- butação é de 27,5%, sua renda disponível será de R$ 7.250,00. No entanto, se a alíquota for reduzida para 15%, então a renda disponível passará a ser de R$ 8.500,00. Observe que nessa simples mudança de alíquota você passará a ter R$ INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E26 1.250,00 a mais para gastar. Nessa direção, é fato que o aumento da sua renda e de todas as pessoas que forem beneficiadas com a diminuição da alíquota impac- tará sobre o consumo e estimulará as empresas a realizarem investimentos para expandir a produção, certo? No que isso implicará, caro(a) aluno(a)? Em cres- cimento econômico. Novamente, por meio do exemplo adotado, consegue-se verificar a eficácia da política fiscal expansionista para o fim que ela se propõe, qual seja: expandir a atividade econômica, que implica em geração de empre- gos e, consequentemente, de renda. Por fim, destaco que a empregabilidade dessa política com tais características é utilizada principalmente em períodos em que a economia não caminha bem sozinha, então, faz-se necessária a intervenção do governo. A título de exemplo, cito o momento em que o governo brasileiro reduziu ou isentou o Imposto sobre Produtos Industrializados, popularmente conhecido como (IPI) de alguns produ- tos da indústria nacional (carros e linha branca), fazendo-os ficar mais baratos, estimulando as vendas e, por conseguinte, a atividade econômica como um todo. POLÍTICA FISCAL CONTRACIONISTA: AUMENTO DA CARGA TRIBUTÁRIA VERSUS REDUÇÃO DOS GASTOS DO GOVERNO Da mesma forma que iniciei a explicação sobre política fiscal expansionista, ini- ciarei a da contracionista, explicando qual é o seu objetivo. Pois bem, o objetivo da política fiscal contracionista é “obter estabilidade econômica”. Em outras pala- vras, se o objetivo do governo for estabilizar a economia, ele poderá valer-se de uma política fiscal contracionista, que poderá ser realizada de duas formas: (1) aumentando a carga tributária; (2) reduzindo os gastos do governo. Iniciaremos o seu aprendizado pela redução de gastos públicos. Essa redu- ção, quando necessária, é popularmente chamada de ajuste fiscal. Tenho certeza que você já deve ter ouvido muitas vezes esse termo, não é mesmo? Afinal, não é novidade para você e nem para ninguém que o grau de endividamento do governo brasileiro sempre foi motivo de preocupação para todos nós. Destaco que quando o Estado opta por reduzir seus gastos, consequentemente, reduz a Política Fiscal Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 27 sua necessidade de financiamento do déficit. Tal condição, por sua vez, resulta na redução do endividamento. Por outro lado, a redução dos gastos diminui a pressão sobre a demanda agre- gada. Aquele “efeito dominó” que você acabou de aprender é reduzido e pode deixar de acontecer. Note que estamos falando do efeito contrário ao estudado ou do efeito que a falta de gastos, via investimentos, pode provocar. Ademais, a redução dos gastos públicos faz com que o nível de preços não sofra alterações relevantes, justamente por conta de a incapacidade da oferta agregada atender a um possível aumento da demanda agregada. Destaco que não haverá necessariamente uma queda da demanda, no entanto, é fato que o ritmo de expansão será muito menor do que antes de promover redução dos gastos públicos. Não obstante, falemos agora do aumento da tributação. Se apenas a tributa- ção sofrer um aumento, sem que o setor público reduza suas despesas, o objetivo da política com essas características não será atingido ou não será tão efetivo. Lembra-se dele, certo? Estabilidade econômica é o objetivo. Como é possível manter a economia estável, aumentando tributação sem reduzir despesas? Você se lembra que aprendeu que a redução de tributos aumenta o consumo? Pois bem, o aumento de tributos provoca o efeito contrário. O aumento da tributação sobre a produção, consumo ou renda reduz o consumo, ao passo que as pessoas terão menor disponível para gastar. Destaco que os efeitos do aumento da tributação sobre a atividade econômica são intensos, muito mais do que a redução de gastos públicos, desestimulando a atividade de produção. Com isso, registro que essa política é tomada quando a demanda da economia está muito elevada, podendo causar pressões inflacionárias. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E28 POLÍTICA MONETÁRIA A política monetária tambémé um dos mais relevantes instrumentos de política econômica. A política em questão é decorrente da atuação do governo sobre a quan- tidade de moeda e títulos públicos existentes na economia. A política monetária é empregada quando o governo atua sobre a quantidade de moeda e títulos públicos. Para tal, o governo se vale de alguns instrumentos a saber: (a) emissões; (b) reservas compulsórias; (c) Open Market; (d) redescontos; (e) regulamentação sobre crédito e taxa de juros. Nessa direção, por exemplo, se um dos objetivos do governo for controlar a inflação, via política monetária, deverá destruir moeda, ou seja, diminuir o estoque monetário da economia. Como poderá fazer isso? O governo, via Banco Central do Brasil, poderá, entre outras formas existentes, aumentar a taxa de juros, aumentar as reservas compulsórias ou vender títulos no mercado aberto. Todavia, se a meta for crescimento econômico, o processo seria o inverso. Ou seja, o governo teria que reduzir a taxa de juros e a de reservas compulsó- rias. Ademais, teria que comprar títulos no mercado aberto, o que resultaria em aumento de liquidez da economia. Políticas Externas: Cambial e Comercial Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 29 Observe que as políticas fiscais e monetárias podem ser aplicadas para a mesma finalidade, recorrendo a diferentes meios alternativos. Logo, diz-se que a política econômica deve ser posta em prática mediante nteração adequada de instrumentos fiscais e monetários, evitando que conflitos sejam gerados. Destaca-se que a política fiscal tende a ser mais eficaz quando o objetivo é a melhoria na distribuição de renda, tanto na taxação de rendas mais altas como pelo aumento dos gastos do governo, com destinação a setores menos favorecidos. A política monetária, por sua vez, é mais difusa no tocante à questão distributiva. Por fim, uma vantagem que comumente é apontada pela política monetária sobre a fiscal é que a monetária, logo após a sua aprovação, pode ser implemen- tada, ao passo que depende apenas de decisões decorrentes das autoridades monetárias. Ressalta-se que o processo fiscal, via de regra, é mais lento, pois depende de votação no Congresso Nacional e está vinculado a princípios, tais como o da anterioridade, o que por sua vez faz com que a defasagem de tempo aumente entre a tomada de decisão e a implantação das medidas fiscais. POLÍTICAS EXTERNAS: CAMBIAL E COMERCIAL Finalmente chegamos às políticas externas: (a) cambial e (b) comercial. Você sabe por que essas políticas são de caráter externo? Porque atuam sobre as vari- áveis com ligação direta com o setor externo da economia, sendo: (a) câmbio; (b) estímulos fiscais e creditícios. Começaremos conhecendo um pouco mais sobre a política cambial, como o nome sugere, refere-se à atuação do governo sobre a taxa de câmbio. As auto- ridades monetárias, via Banco Central do Brasil, podem fixar a taxa de câmbio. Quando esse tipo de decisão é tomado, diz-se que estamos num regime de taxas INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E30 fi xas de câmbio. No entanto, se a decisão for contrária sobre fi xar o câmbio, ou seja, permitindo que seja fl exível e determinado pelo mercado de divisas, diz-se que estamos num regime de taxas fl utuantes de câmbio. Assim, fi xar ou deixar fl u- tuar dependerá do resultado via política cambial que o governo pretende atingir. Concentremo-nos em conhecer um pouco mais sobre a política comercial. De acordo com o que vimos, ela diz respeito aos instrumentos de incentivos às exportações ou ao estímulo e desestímulo às importações. Em outras palavras, refere-se a estímulos fi scais, tais como crédito-prêmio do ICMS, IPI, entre outros; e creditícios, entre eles taxa de juros subsidiadas às exportações e ao controle das importações. Destaca-se que o controle das importações é feito via barrei- ras quantitativas e tarifas sobre as importações. Faz-se necessário ressaltar que as decisões de política cambial e comercial são de alçadas diferentes. A cambial é de alçada das autoridades monetárias e, a comercial, dos ministros do Planejamento, Indústria, Comércio e Agricultura, com o apoio do ministério das relações exteriores (VASCONCELLOS; GARCIA, 2014). INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Política de Rendas Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 31 POLÍTICA DE RENDAS Para discutirmos esse último instrumento de política econômica, faz-se neces- sário que você compreenda a que ela se refere. Segundo Vasconcellos e Garcia (2014, p. 113), “refere-se à intervenção direta do governo na formação de renda, via o controle (fixação da política salarial) e congelamento de preços”. Em outras palavras, por meio desse tipo de política, o governo interfere na formação de salários. Adotando essa medida, fixa-se a política salarial e o salário mínimo. Você tem ideia da relevância de uma política dessa natureza? Tenho certeza que sim, afinal, somos trabalhadores e, desde cedo, somos motivados a nos qualificar para um bom emprego que, c onsequentemente, ofereça-nos boa remuneração. Agora, caro(a) aluno(a), quero que você reflita sobre o que acabou de apren- der, se seu salário é determinado, no Brasil, por meio da política de rendas enquanto instrumento de política econômica, certo? Não acha interessante? Já havia pensado dessa forma ou já sabia disso? Quanto ao controle de preços via congelamento, saliente que o intuito é evitar que os agentes econômicos respon- dam prontamente, em algumas situações, as influências comuns do mercado. Afinal, o principal objetivo da política de rendas via política de fixação de salário e congelamento de preços nada mais é do que conter a inflação, ou, melhor dizendo, evitar que a inflação se expanda. INSTRUMENTOS DE POLÍTICA ECONÔMICA Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IU N I D A D E32 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) acadêmico(a), finalizamos a primeira unidade do livro de Economia do Setor Público. Relembremos, ainda que brevemente, tudo o que estudamos, Você se lembra que, inicialmente, aprendeu sobre política econômica? Ao compreen- der esse conceito, compreendeu também quais são os principais instrumentos desse tipo de política. Tenho certeza que muito do que você aprendeu nesta unidade lhe será de grande valia, pois poderá, a partir de agora, observar com um olhar mais crítico a política econômica em curso em nosso país. Por conseguinte, você aprendeu, num primeiro momento, sobre o principal instrumento: a política fiscal, que, como vimos, pode ser de cunho expansionista ou contracionista, dependendo apenas do objetivo que o governo pretende atingir, sendo eles: (a) expansão da atividade econômica ou (b) estabilidade econômica, respectivamente. Pois bem, após aprender sobre política fiscal, você aprendeu sobre política monetária, cam- bial, comercial e de rendas. Assim, após tanto aprendizado, você será capaz de identificar cada política, por meio das variáveis que o governo manipular. Quero dizer que se a variável for a taxa de juros, você saberá que é política monetária; se for câmbio, que é polí- tica cambial; se forem estímulos fiscais e creditícios, será de renda; e, se for na formação de rendas e salários, será de rendas. Interessante, não é mesmo? Você tinha ideia da quantidade de atuações que são de competências do governo? Ou melhor, você tinha ideia da relevância da atuação do governo com essas políticas? Espero que esta primeira unidade tenha sido proveitosa e que você tenha gostado de aprender sobre instrumentos de política econômica. Parabéns pelo aprendizado!1. A política fiscal é um dos principais instrumentos para a correção das distor- ções de mercado. No entanto, é também um importante instrumento para se obter o crescimento econômico, a estabilidade econômica, entre outros obje- tivos de política econômica. Considerando esse contexto, avalie as afirmativas que se seguem: I. A política fiscal contracionista tem como objetivo expandir a atividade eco- nômica. II. A política fiscal expansionista pode ser empregada de duas formas: pelo au- mento dos gastos ou pela redução dos tributos. III. Numa política fiscal expansionista, tanto o aumento dos gastos quanto a re- dução dos tributos têm como efeito a tendência de déficit no resultado fiscal. IV. Uma política fiscal expansionista não tem efeitos para o resultado do setor público. Assinale a alternativa que apresenta a afirmativa correta: a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente as afirmativas I e II estão corretas. c) Somente as afirmativas II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas III e IV estão corretas. e) Todas as alternativas estão corretas. 2. A política utilizada pelo governo para arrecadar tributos e para controlar seus gastos é denominada política fiscal. Assim sendo, por meio da política fiscal via tributação, o governo controla a estrutura e as alíquotas tributárias, inibindo ou estimulando os gastos de consumo do setor privado. Já se for via política de gastos, o governo controla seus investimentos no sistema. A respeito desse assunto, avalie as afirmações a seguir e assinale com V, as ver- deiras, e F, as falsas: I. A diminuição do IPI para a aquisição de eletrodomésticos (linha branca), rea- lizada pelo governo brasileiro há alguns anos, pode ser apontada como uma política fiscal expansionista. II. Uma política fiscal expansionista é decorrente do aumento de gastos e/ou aumento dos tributos. III. Uma política fiscal restritiva é utilizada pelo governo com o intuito de esti- mular a demanda, via consumo. 33 34 As afirmações I, II e III são respectivamente: a) V, F e V. b) F, F e V. c) V, F e F. d) F, V e F. e) F, V, e V. 3. Política Fiscal é o nome dado às ações do governo destinadas a ajustar seus níveis de gastos, monitorando e influenciando a economia de um país. Nos diversos manuais de Economia, a política fiscal está intimamente ligada à po- lítica monetária, podendo-se afirmar, em termos bastante simplistas, que as duas políticas econômicas são como irmãs, pois ambas buscam influenciar um aspecto da economia: a política monetária modificará o comportamento da moeda, e a política fiscal operará frente aos gastos estatais. Todo o governo in- variavelmente utilizará as duas políticas sob várias combinações e graduações, num esforço para orientar as metas econômicas de um país. (INFOESCOLA. Política fiscal. Disponível em: <https://www.infoescola.com/ economia/politica-fiscal/>. Acesso em: 21 fev. 2019). Considerando o enunciado e as ideias que transmitidas, analise as asserções a seguir e a relação proposta entre elas: I. Os instrumentos de ação da política fiscal são: arrecadação de impostos e gastos do governo, que são divididos em despesas correntes e investimen- tos. Assim sendo, a política fiscal tem influência sobre a demanda agregada. PORQUE II. A arrecadação incide diretamente sobre o nível de consumo, e os gastos públicos são caracterizados como um componente próprio da Demanda Agregada (DA = C + I + G + X - M). A respeito dessas asserções, assinale a alternativa correta: a) As asserções I e II são proposições verdadeiras, e a II é justificativa correta da I. b) As asserções I e II são proposições verdadeiras, mas a II não é justificativa correta da I. c) A asserção I é proposição verdadeira, e a II é proposição falsa. d) A asserção I é proposição falsa, e a II é proposição verdadeira. e) As asserções I e II são proposições falsas. 35 4. As políticas (a) fiscais, (b) monetárias, (c) comerciais, (d) de rendas e (e) cam- biais são os principais instrumentos empregados pelo governo no exercício de suas funções. Com elas, espera-se que a economia cresça, que a distribuição de renda melhore, que os preços se mantenham estáveis, que os juros não sejam abusivos e que o desemprego não atinja números alarmantes. Ou seja, tais po- líticas, enquanto mecanismo de atuação dos governos, são empregadas isola- da ou concomitantemente para se atingir os objetivos descritos. Considerando esse contexto, avalie as afirmativas que se seguem: I. O consumo privado, o investimento privado ou as exportações podem ser afetados pela política econômica, por meio de ação governamental, o que, por sua vez, resulta em alteração da demanda agregada. II. A partir de 1930, o controle dos agregados monetários passou a combater os efeitos da grande depressão, o que, por sua vez, dispensou uma atuação governamental, via política fiscal, mais efetiva. III. Uma das dificuldades enfrentadas pelo governo para atingir mais de um objetivo perseguido, ao executar uma determinada política, é a geração de conflito entre eles. Um exemplo desses conflitos é o aumento da dívida pú- blica causada pelas advertências entre o crescimento do PIB e as taxas de inflação baixas. IV. A política fiscal pode ser utilizada de modo expansivo ou restritivo, isto é, para objetivos distintos. Ou seja, pode ser utilizada tanto para expandir a demanda da economia como para restringir a referida demanda. Assinale a alternativa que apresenta as afirmativas corretas: a) Somente a afirmativa I está correta. b) Somente as afirmativas I e II estão corretas. c) Somente as afirmativas II e III estão corretas. d) Somente as afirmativas I, III e IV estão corretas. e) Todas as alternativas estão corretas. 36 5. Você aprendeu que o governo utiliza a arrecadação tributária para manter bens públicos, tais como escolas, hospitais, e demais instituições, além de utilizar tais receitas tributárias para pagar o funcionalismo público, ou seja, os servidores. Assim, para atingir, entre outros, esses objetivos, a arrecadação tributária pode aumentar ao longo do tempo. A sociedade, em contrapartida, espera que, com tantos tributos por ela pagos, os serviços públicos essenciais sejam oferecidos com qualidade, o que, na maioria das vezes, não acontece. A respeito desse contexto, avalie as afirmações a seguir e assinale com V, as verdadeiras, e F, as falsas. I. A política fiscal contracionista está relacionada com o aumento dos tributos ou com o corte dos gastos públicos, diminuindo, consequentemente, a de- manda da economia. II. A condução eficiente da área administrativa do governo é o objetivo básico da política fiscal, para que, mediante a realização de obras de interesse da população e com eficiência da arrecadação tributária, o bem-estar da popu- lação seja promovido. III. A política fiscal expansionista está relacionada com o aumento dos tributos ou a minimização dos gastos públicos, aumentando, consequentemente, a demanda da economia e a geração de empregos e de renda. As afirmações I, II e III são respectivamente: a) V, F e V. b) F, F e V. c) V, V e F. d) F, V e F. e) F, V e V. GASTOS SOCIAIS APÓS O PLANO REAL O período 1994\1995 foi caracterizado por uma nova retomada do gasto público so- cial. Em 1995, seu patamar atingiu 20,5% do PIB, sendo superior aos níveis elevados alcançados no final da década de 80. Dessa vez, não somente a expansão econômica após o imediato lançamento do Plano Real pode explicar a elevação dos gastos sociais. Destacam-se fatores estruturais que influenciaram e continuarão influenciando a dinâ- mica dos gastos sociais no final da década de 90 e no século seguinte, tais como: (a) as mudanças na estrutura etária da população brasileira; (b) a necessidade de inserção do Brasil no mercado internacional (efeitos da globalização e integração dos mercados); e (c) as mudanças no papel do Estado. Vale salientar que a expansão dos gastos sociais ocorrida nos dois anos que seguiram apóso Plano Real não acontece de forma homogênea. Além disso, instalou-se um pro- cesso de especialização por parte das esferas de governo com relação ao financiamen- to e reponsabilidade pela execução do gasto social. As áreas que apresentaram maior expansão entre 1994 e 1995 foram previdência, assistência social, trabalho e organiza- ção agrária. As funções de educação, cultura, desporto, transporte urbano e de massas cresceram na mesma proporção do PIB, enquanto saúde, saneamento, e habitação e urbanismo tiveram reduzidas suas participações em relação ao PIB. Observa-se que não ocorreram mudanças significativas, no tocante à origem e execução do gasto total, po- dendo destacar apenas ligeiro aumento na participação dos municípios, tanto no finan- ciamento como na sua execução. Em termos desagregados é possível detectar um aprofundamento do processo de espe- cialização do gasto social público por governo de esfera de governo. Isso reflete, por um lado, aumento das obrigações da União em áreas como a previdência, impedindo o avan- ço com mais recursos e outra funções. Por outro, observa-se um movimento mais ordena- do na divisão de responsabilidades, tanto no financiamento como na execução do gasto, sobretudo em áreas em que os governos subnacionais possuem capacidade de atuação mais eficiente, por poderem refletir, com proximidade, as preferências locais. A União elevou sua participação nos gastos com assistência e previdência social, traba- lho, ciência, tecnologia e organização agrária. Essas são funções que a União deve assu- mir, devido às suas características de escopo nacional. Destaca-se o crescente aumento na demanda por benefícios previdenciários do INSS e do seguro-desemprego. Esse úl- timo foi influenciado por uma maior flexibilização nas regras de acesso ao programa e pelo aumento do desemprego estrutural na economia. Os estados e municípios eleva- ram sua responsabilidade no financiamento e na execução dos gastos nas áreas de edu- cação, cultura, desporto, saúde, saneamento, habitação e urbanismo. Na área de saúde, ressalta-se o crescimento da participação dos municípios em razão do fortalecimento do processo de descentralização ocorrido a partir da criação do Sistema Único de Saúde (SUS). No setor de saneamento, a responsabilidade fica a cargo dos governos estaduais em razão da necessidade de maiores montantes de investimentos exigidos na oferta, na distribuição de água e na construção de rede de esgotos. 37 O Brasil atravessa um processo de transição demográfica que se acentuou nas últimas décadas e que se aprofundará nas décadas seguintes. A taxa de crescimento média da população, que no período de 1950 a 1970 foi de 3% a.a., passou para 1,9% a.a. na déca- da de 80 e caiu 1,4% a.a. na década de 90, projetando menores taxas para as próximas décadas. Essa redução é explicada pelo aumento do nível de escolaridade da popula- ção brasileira e pela adoção dos métodos anticoncepcionais. Combina–se a esse fato o aumento da expectativa de vida devido ao avanço da medicina nas áreas preventiva e curativa. As consequências dessas mudanças no perfil demográfico são o envelheci- mento da população brasileira e a redução relativa da participação dos jovens. Estimati- vas do Instituto de Pesquisa Aplicada (IPEA) apontam para redução de 43,1%, em 1995 e para 29,1% em 2020 da participação do contingente com menos de 19 anos na popu- lação total. No outo extremo, a população acima dos 60 anos praticamente dobraria sua participação no período, elevando de 7,8% para 15%. As implicações para o gasto social se refletem no aumento de demanda por benefícios previdenciários e nos gastos na área de saúde para idosos, principalmente com doenças de natureza crônico-degenerativas (aparelho respiratório, estrutura óssea, neoplasias etc.). Com relação à questão previdenciária, a transição demográfica foi um dos fatores responsáveis pela deterioração nas contas do INSS e pelo aumento das aposentadorias, reformas e pensões no setor público. A redução na proporção de crianças implicaria uma menor pressão nos orçamentos pú- blicos por serviços como saúde materno-infantil e escolas do 1º grau. No entanto, cresce a demanda por serviços educacionais para a população em idade ativa (de 15 a 65 anos). Essa transição demográfica ocorre de forma desigual entre as classes sociais e regiões do país. A taxa de fecundidade é maior entre as classes de menor nível de renda e nas regiões Norte e Nordeste. O mesmo pode ser dito para as populações rurais em relação às urbanas. Acrescenta-se a isso o déficit existente na oferta de serviços públicos no Bra- sil. A conclusão é que se pode ter grande alívio nos gastos sociais em educação e saúde direcionados para populações em baixa idade. Assim, o Brasil, além de continuar pres- sionado por demandas predominantes em países com baixo grau de desenvolvimento, ainda teria que voltar sua atenção para a cobertura de doenças típicas de países mais desenvolvidos, características da população idosa. As mudanças tecnológicas que ocorreram a partir da década de 80 na microeletrônica, na informática e nas telecomunicações são disseminadas por toda atividade econômica. Esse novo ciclo tecnológico também contribuiu para aprofundar o processo da integra- ção comercial e financeira entre nações. A formação de grandes blocos comerciais exige dos países maior competitividade internacional na disputa pelos mercados. A grande questão que deixo para reflexão é: quais os impactos desses fenômenos econômicos sobre os gastos sociais? Fonte: Rezende (2007, p 324-327). 38 Material Complementar MATERIAL COMPLEMENTAR Gestão por competência no setor público Rogério Leme Editora: Qualitymark Sinopse: a obra aborda a aplicação da Gestão por Competências no serviço público, no qual a cultura e a maneira de superar os desafi os do projeto são especiais, em função das relações trabalhistas serem diferentes do setor privado, tais como o concurso público, o estágio probatório, a estabilidade do servidor, entre outras. Os autores apresentam um material pautado nas metodologias do Inventário Comportamental para Mapeamento de Competências e da Avaliação de Desempenho com Foco em Competências. a obra aborda a aplicação da Gestão por Competências no serviço público, no qual a cultura e a maneira de superar os desafi os do projeto são especiais, em função das relações trabalhistas serem diferentes do setor privado, tais como o concurso público, o estágio probatório, a estabilidade REFERÊNCIASREFERÊNCIAS ALBERGONI, L. Economia. Curitiba: IESDE Brasil S.A., 2008. REZENDE, F. A. Finanças Públicas. São Paulo: Atlas, 2007. VASCONCELLOS, M. A. S.; GARCIA, M. H. Fundamentos de Economia. 3. ed. Saraiva, 2009. GABARITO 41 GABARITO 1. C. 2. C. 3. A. 4. D. 5. C. U N ID A D E II Professora Me. Daniela Carla Monteiro Professor Me. Diego Figueiredo Dias ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DOS ESTADOS MODERNOS Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender as principais atribuições econômicas do setor público. ■ Discutir as falhas de mercado mais relevantes existentes na economia. ■ Entender o papel dos Estados Provedores e dos Estados Reguladores. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Atribuições econômicas do setor público ■ As falhas de mercado ■ Estado Provedor versus Estado Regulador Introdução Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 45 INTRODUÇÃO Olá, caro(a) acadêmico(a), seja bem-vindo(a) à segunda unidade do livro “Economia do Setor Público”. Você aprenderá sobre as atribuições econômicas dos Estados Modernos. Os objetivos a serem atingidos na unidade em questão são: (a) compreender as principais atribuições econômicas do setor público; (b) discutir as falhas de mercado mais relevantes existentes na economia; e (c) enten- der o papel dos Estados Provedores e dos Estados Reguladores.Visando atingir os objetivos de aprendizagem elencados, esta unidade foi dividida em três tópicos: 1) Atribuições Econômicas do Setor Público; 2) as falhas de mercado; 3) Estado provedor versus Estado regulador. Iniciaremos o primeiro tópico com uma contextualização baseada na impor- tância da participação do Estado na economia, haja vista que ela vem crescendo ao longo do tempo por diversas razões: o desemprego, a inflação, os déficits, os juros, entre outros. Ademais, sabe-se que cabe ao Estado a busca pelo bem-estar da população como um todo. Por conseguinte, o tópico apresentará as principais funções econômicas do setor público, sendo: (a) função alocativa; (b) função dis- tributiva; (c) função estabilizadora. No segundo tópico, por sua vez, será feita uma breve discussão acerca das mais relevantes falhas de mercado, quais sejam: (a) Bens Públicos; (b) externa- lidades; (c) Poder de Mercado; (d) assimetria de informações. No terceiro e último tópico, serão apresentadas as principais competências de um Estado Provedor e de um Estado Regulador. Ademais, serão tratados os principais aspectos da regulação no Brasil. Assim sendo, ao término da unidade, você saberá quais as principais funções econômicas do governo e o que cada uma delas representa para o bom andamento da nação, bem como saberá quais são as mais relevantes falhas de mercado exis- tentes na economia e como o governo tem atuado na tentativa de corrigi-las e/ ou minimizá-las. Além disso, poderá diferenciar um Estado Provedor e de um Estado Regulador. Bons estudos! ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DOS ESTADOS MODERNOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E46 ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DO SETOR PÚBLICO Ao final do século XIX e início do século XX, observou-se, no mundo capitalista, a formação de grandes monopólios, que passaram a limitar a oferta de produtos e a aumentar os preços. Isso fez com que os governos iniciassem uma reflexão sobre seu verdadeiro papel na economia. O pensamento que predominava naquela época era o da “mão invisível”, de Adam Smith. Foi ele quem transformou a economia em ciência a partir da publicação do livro A riqueza das nações, em 1976, em que expunha suas ideias liberais, entre elas: a de que os mercados eram autorreguláveis e, portanto, não precisavam de intervenções do Estado. No ano de 1890, nos Estados Unidos, criou-se uma lei contra os trustes – um truste se forma quando empresas se fundem com o intuito de dominar a oferta de produtos e serviços -, que foi chamada de Lei Sherman. Esta visava comba- ter os grandes conglomerados que estavam prejudicando a concorrência e os consumidores. A partir desse momento, a eficácia da chamada “mão invisível” passou a ser questionada. Tal questionamento ficou ainda mais evidente a partir da grande depressão, que veio com a quebra da Bolsa de Nova Iorque, em 1929, Atribuições Econômicas do Setor Público Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 47 ao passo que havia uma clara crise de superprodução e o Estado precisava inter- vir para solucionar o problema. Em outras palavras, a depressão advinda da crise de 1929 deu origem a estudos que justificaram a intervenção do governo na eco- nomia para combater, entre outros, a inflação e o desemprego. A partir de então, o Estado passou a incorporar em suas funções ativida- des que iam além da manutenção da justiça e segurança, passando também a ofertar bens públicos, como eletricidade, rodovias, saneamento básico, ferro- vias, portos etc. Nessa direção, ao longo do tempo, a participação do Estado na economia cresceu e vem crescendo por diversas razões, dentre elas: o desemprego, a neces- sidade de manutenção do poder de compra da moeda e as mudanças tecnológicas e populacionais. Ademais, a existência de alguns problemas na livre movimenta- ção de mercado fez com que o Estado também tivesse que intervir fortemente e executar alguns papéis importantes para a melhor condução da economia com fins de promover o bem-estar a toda população. Em outras palavras, pode-se dizer que as atribuições econômicas do setor público ganharam força nos três primeiros quartéis do século passado, corrobo- rando com a doutrina que via com bons olhos a necessidade de intervenção do Estado na economia. Nesse período, houve também mudanças na visão da socie- dade quanto a preferir a intervenção efetiva do governo em assuntos econômicos, principalmente quando se tratava de ações relacionadas à distribuição de renda. De acordo com Rezende (2007), As duas grandes guerras mundiais também provocaram alterações de- finitivas nas preferências da coletividade quanto à necessidade de in- terferência do governo, visando à promoção do bem-estar social, isto é, uma distribuição de renda mais equitativa e uma ampliação das ati- vidades previdenciárias e de assistência social para o atendimento das classes menos favorecidas. No pós-guerra, por sua vez, a preocupação com os problemas de desenvolvimento econômico constituiu-se em outro fator importante para aumentar as atribuições do governo – es- pecialmente em países retardatários na corrida pelo desenvolvimento. (REZENDE, 2007, p. 18). O referido autor reafirma que de uma atuação inicial pouco invasiva, como vimos, na qual lhe cabia apenas a prestação de serviços essenciais à população, ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DOS ESTADOS MODERNOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E48 entre eles, acesso à justiça e à segurança pública, o papel do Estado na econo- mia se modificou substancialmente. Em decorrência dessa evolução, para fins de resultado, as atribuições eco- nômicas do governo passaram a ser classificadas em três grandes categorias, quais sejam: (a) promover ajustamento na alocação de recursos; (b) promo- ver ajustamento na distribuição da renda; (c) manter a estabilidade econômica (MUSGRAVE, 1959 apud Rezende, 2007). Essas categorias originaram funções e são popularmente conhecidas como função alocativa; função distributiva; e função estabilizadora. É fato que cada uma dessas funções possui característi- cas e competências distintas que você passará agora a conhecer. FUNÇÃO ALOCATIVA Sabe-se que o mercado privado não consegue fornecer “tudo” o que a população precisa ou tudo que a população pode pagar. Ou seja, alguns bens e serviços a iniciativa privada não tem interesse em ofertar, ao passo que o dispêndio finan- ceiro para ofertar não é compatível com o retorno por ele gerado e com o esforço para uma eficiente gestão. A título de exemplo, podemos citar a segurança nacio- nal, como um tipo de serviço que a iniciativa privada, se assim pudesse, não teria interesse em oferecer. Em contrapartida, existem outros bens e serviços que ofe- rece de maneira muito eficiente, tais como os serviços de assistência à saúde, mas tais serviços oferecidos são excludentes, pois uma boa parte da população não pode pagar por eles. É aí que entra o exercício da função alocativa. O exercício da função alocativa visa corrigir as falhas deixadas pelo mercado, isto é, corrigir as lacunas deixadas no oferecimento de bens e serviços pela ini- ciativa privada. Essas falhas/lacunas são o “não oferecimento” de determinados bens/serviços ou o oferecimento excludente. Para corrigi-las, o governo tende a oferecer os produtos e serviços identificados para a população com o menor custo possível. Em outras palavras, a existência da função alocativa é decorrente da neces- sidade de atuação do governo nos casos em que não há eficiência e/ou interesse Atribuições Econômicas do Setor Público Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 49 da iniciativa privada ou quando a natureza da atividade indicar a necessidade de presença do Estado.Assim, de acordo com Nascimento (2010), a função alocativa do setor público refere-se à “alocação de recursos” por parte do governo a fim de oferecer bens públicos, tais como praias, praças, segurança nacional e rodovias, e bens semi- públicos ou meritórios, como saúde e educação. Os bens públicos são bens que são consumidos por várias pessoas ao mesmo tempo, sem dispêndio financeiro, por exemplo, as ruas, a iluminação pública, as praias, entre outros. São indivisíveis (todo indivíduo tem acesso a “mesma” disponibilidade do bem público), não excludentes (quando alguém adquire um bem público, isso não exclui o direito de outra pessoa adquirir também) e não rivais (rivalidade é a situação em que o consumo de um bem por uma pessoa reduz a quantidade disponível desse bem para o restante da sociedade). Os bens/serviços semipúblicos ou meritórios possuem parte das característi- cas dos bens públicos, ou seja, apenas algumas características. As características que não possuem o tornam um bem semipúblico, podendo ser ofertado tanto pelo governo quanto pelo mercado. Esses bens são passíveis de exclusão, isto é, são excludentes. A título de exemplo, podemos citar a prestação de serviços educacionais. O referido serviço é oferecido tanto pela iniciativa privada quanto pelo governo. Fica bem evidente a classificação desse tipo de serviço enquanto bem semipúblico, pela exclusão por ele gerada, aos indivíduos que não podem pagar pelo serviço. Assim, faz-se relevante destacar que produzir roupa e energia elétrica são atividades bem distintas que nos fazem crer que a produção de roupa será de res- ponsabilidade do setor privado, enquanto a produção de energia elétrica será de responsabilidade do setor público. Na verdade, nada impede que o governo passe também a responsabilidade da geração de energia elétrica para o setor privado, porém o Estado deve ser o controlador dessa atividade para garantir que toda a nação tenha acesso a este bem, essencial para a qualidade de vida da população. Para financiar o processo de fornecimento de bens públicos ou semipúblicos, o governo utiliza-se, entre outros, da tributação, ou seja, retira dinheiro da popu- lação na forma de impostos e devolve na forma de bens e prestações de serviços. ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DOS ESTADOS MODERNOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E50 Em suma, a função alocativa trata do fornecimento de bens e serviços por parte do governo, que não são oferecidos de maneira adequada pelo setor pri- vado devido às falhas de mercado. Trata-se do processo em que o governo divide os recursos para utilização no setor público e privado, ofertando bens e serviços, como rodovias, segurança, saúde, educação, iluminação pública, construção de praças públicas, manuten- ção de praias, dentre outros exemplos. FUNÇÃO DISTRIBUTIVA A função distributiva é a função eco- nômica do setor público destinada a promover ajustes distributivos, ou seja, ajustes na distribuição de renda. Nesta função, o Estado se comporta como um agente mediador que transfere aos menos favorecidos uma renda proveniente de tributos e subsídios governamentais. Tal função se faz necessária em decorrên- cia da existência de muitas famílias e/ ou pessoas que vivem abaixo da linha de pobreza no Brasil. Assim sendo, o governo, por meio dessa função, precisa criar meios de assistir as famílias e as pessoas, de modo que elas tenham condições mínimas de se manterem e se prepararem para sair de tal condição. Não se trata de uma função com programas ou ações de cunho permanente, ou uma função que não cria meios para uma mudança de cenário, muito pelo con- trário. Cabe a essa função, por meio de algumas ações e programas, socorrer as famílias ou pessoas num primeiro momento, estabilizá-las e criar “meios assisti- dos”, tal como a obrigatoriedade de frequentar a escola, para seu desenvolvimento. Atribuições Econômicas do Setor Público Re pr od uç ão p ro ib id a. A rt . 1 84 d o Có di go P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re iro d e 19 98 . 51 Alguns governos marcaram suas gestões pela ênfase no exercício dessa fun- ção. Em alguns casos, as ações e os programas por eles promovidos foram efetivos, em outros casos não. O que quero dizer é que, atualmente, alguns programas ou ações criadas no passado ainda vigoram, dada a sua efetividade, enquanto outros foram extintos, pois não eram tão efetivos quanto se esperava. O Programa Fome Zero; Bolsa Família, Bolsa Escola e Fundo Social de Emergência (FSE) são exem- plos de programas e/ou ações que foram implementadas por meio do exercício da referida função. Pode-se dizer que a função distributiva consiste em arrecadar tributos dos mais ricos ou das regiões mais desenvolvidas e transferi-los para os mais pobres e regiões mais carentes. Existem impostos, enquanto espécies de tributos, por exemplo, que são capazes de onerar mais quem tem mais a pagar, ou seja, os mais ricos; o Imposto de Renda, popular IR, é um bom exemplo. Portanto, é dessa maneira que o Brasil vem tentando distribuir melhor a renda que é injustamente distribuída no atual modo de produção, o capitalismo. Essa função é vista como uma das mais relevantes, por alguns doutrinado- res, pois, segundo eles, a distribuição no sistema capitalista não é feita da forma mais justa. Considerando o processo de evolução da economia, cabe ao Estado criar mecanismos que melhorem a distribuição de renda da população e, para tal, vale-se de impostos diretos, indiretos, isenções, incentivos, subsídios etc. Em 2012, foram divulgadas algumas pesquisas que revelaram que o Brasil, em 2011, teve o melhor índice de distribuição de renda desde o início da década de 60. O governo utilizou vários programas para que isso fosse alcançado, porém os mais relevantes foram o Bolsa Família e o Prouni. ATRIBUIÇÕES ECONÔMICAS DOS ESTADOS MODERNOS Reprodução proibida. A rt. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. IIU N I D A D E52 FUNÇÃO ESTABILIZADORA Diante da incapacidade do mercado de promover eficientemente a estabili- dade, o emprego e o desenvolvimento, faz-se necessário que o Estado colo- que em prática inúmeras políticas que, mais uma vez, sejam capazes de corrigir tais falhas provocadas pelo mercado. Essa ação é realizada por meio de uma função conhecida como função estabilizadora. Podemos dizer que a função estabilizadora tem por objetivo a manutenção da estabilidade econômica, cujo intuito é diminuir o impacto econômico e social em cenários de recessão ou crises. Ou seja, as decisões no plano macroeconômico visam melhorar a qualidade de vida das pessoas. Por meio do exercício dessa função, os níveis de preços são mantidos estáveis, os efeitos das crises ou reces- são são minimizados e os níveis de emprego tendem a permanecer constantes. Em outras palavras, pode-se dizer que a função estabilizadora é a qual o governo procura atingir um de seus objetivos, que é a “estabilização econômica”, ou seja, a estabilidade dos preços, uma das condições necessárias para que os investimentos aumentem e, com eles, o crescimento econômico, o emprego e a renda nacional. Essa função é considerada, pelos estudiosos de gestão pública, bastante atual, afinal, o Estado busca constantemente o equilíbrio macroeconômico. Este signi- fica a busca pelo crescimento econômico, aumentando constantemente os níveis de emprego na economia, sem esquecer a manutenção do poder de compra da moeda nacional, ou seja, a baixa inflação. De acordo com Nascimento (2010), a função estabilizadora corresponde à aplicação das diversas políticas econômicas, pelo governo, a fim de promover o emprego, o desenvolvimento e a estabilidade, quando o mercado é incapaz de assegurar o alcance desses objetivos. Ou seja, é a intervenção do governo para atingir algumas metas de estabilidade macroeconômica. Atribuições Econômicas do Setor Público Re pr
Compartilhar