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Ronei Tiago Stein MEIO AMBIENTE Revisão técnica: Vanessa de Souza Machado Mestre e Doutora em Ciências Graduada em Ciências Biológicas Catalogação na publicação: Karin Lorien Menoncin CRB – 10/2147 M499 Meio ambiente [recurso eletrônico] / Ronei Tiago Stein ... [et al.]; [revisão técnica : Vanessa de Souza Machado]. – Porto Alegre : SAGAH, 2018. ISBN 978-85-9502-573-8 Engenharia de produção. 2. Meio ambiente. I. Stein, Ronei Tiago. CDU 502 Relatório de Impacto Ambiental Objetivos de aprendizagem Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados: � Diferenciar Estudo de Impacto Ambiental (EIA) de Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). � Relacionar a produção do EIA/RIMA e da audiência pública com as etapas do processo de licenciamento. � Descrever a apresentação do RIMA em audiências públicas. Introdução O Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) reflete as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental (EIA). Portanto, o RIMA deve ser apresentado de forma objetiva e adequada para a sua compreensão. As informações devem ser traduzidas em linguagem acessível, ilustradas por mapas, cartas, quadros, gráficos e demais técnicas de comunicação visual, de modo que a população possa entender as vantagens e desvantagens do projeto, bem como todas as consequências ambientais da sua implementação. Neste capítulo, serão descritas as diferenças entre o Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e o Relatório de Impacto Ambiental (RIMA). Também será apresentado um roteiro dos principais pontos/etapas que um EIA/RIMA deve conter. Um desses pontos, que será tratado com maior ênfase nesse texto, são as Audiências Públicas. Diferenças entre Estudo de Impacto Ambiental e Relatório de Impacto Ambiental O EIA é um procedimento administrativo que visa realizar um estudo dos prováveis impactos que uma obra, um empreendimento ou uma atividade ocasionará no meio ambiente em todas as suas formas (natural, urbano e cultural), cuja aprovação fica a cargo da autoridade ambiental competente (STRUCHEL, 2016). O RIMA, por sua vez, tem por finalidade tornar compreensível para o público o conteúdo do EIA, já que este é elaborado segundo critérios técnicos. Dessa forma, em respeito ao princípio da informação ambiental, o RIMA deve ser claro e acessível, retratando fielmente o conteúdo do estudo, de modo compreensível e menos técnico. O relatório de impacto ambiental e o seu correspondente estudo deverão ser encaminhados para o órgão ambiental competente para que se proceda a análise sobre o licenciamento ou não da atividade, segundo Fiorillo (2014). É importante salientar que o EIA deve ser elaborado de forma minuciosa e técnica. No entanto, a equipe multidisciplinar envolvida no EIA deve transformar essas infor- mações em uma abordagem mais simplificada e acessível para leitura do público em geral, ou seja, elaborar o RIMA. Portanto, a preparação do RIMA deve ser realizada da mesma forma que a do EIA, com os mesmos conteúdos e etapas, mas escrito com uma linguagem mais simples. Esse documento então, o EIA/RIMA, é protocolado para o requerimento da licença prévia (LP) durante o processo de licenciamento. Para facilitar o entendimento a respeito das diferenças entre o EIA e o RIMA, veja o Quadro 1. Aspectos EIA RIMA Linguagem Mais técnica Mais acessível Disponibilidade Apenas ao órgão ambiental Público/sociedade Necessidade de apresentação em audiência pública Não Sim Quadro 1. Principais diferenças entre o EIA e o RIMA Relatório de Impacto Ambiental70 No entanto, é importante que os profissionais da área ambiental saibam também a diferença entre EIA/RIMA e Estudo de Impacto de Vizinhança (EIV) e Relatório de Impacto de Vizinhança (RIV). O EIV se refere à construção de qualquer empreendimento imobiliário, principalmente em áreas urbanas, o qual possa causar impactos positivos ou negativos em todo o seu entorno. Para avaliá-los e corrigi-los, o EIV precisa ser realizado. As reformas em geral, como ampliações, também necessitam do estudo, cuja obrigatoriedade é determinada pela legislação de cada município. O EIV tem função semelhante ao EIA. Contudo, enquanto o EIA compre- ende a identificação e análise dos impactos no meio ambiente, o EIV analisa os impactos de determinada atividade no contexto urbano, relativos ao entorno da atividade pretendida, como impactos no sistema viário (trânsito) ou mesmo de valorização imobiliária. É importante salientar que o EIV não substitui a elaboração e aprovação do EIA, requerido nos termos da legislação ambiental. Da mesma forma, o EIA não supre o EIV. Segundo o art. 36 da Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001, a lei municipal definirá os empreendimentos e atividades privadas ou públicas em área urbana que dependerão de elaboração de EIV para obter as licenças ou autorizações de construção, ampliação ou funcionamento a cargo do Poder Público municipal (BRASIL, 2001). O Quadro 2 apresenta as diferenças entre o EIA e o EIV. Fonte: Adaptado de Struchel (2016). EIA EIV Ambiental Urbano Requisito prévio para a concessão de licença ambiental Requisito prévio para a concessão de licenças e autorizações municipais urbanísticas Campo de análise amplo (meio físico, biológico e socioeconômico) Campo de análise restrito É exigido pelos órgãos do Sistema Nacional do Meio Ambiente (SISNAMA), como o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (IBAMA), nos âmbitos federal, estadual e municipal É exigido pelos órgãos municipais Quadro 2. Impactos urbanos versus impactos no meio ambiente natural 71Relatório de Impacto Ambiental Para distribuir as responsabilidades entre municípios, estados e a União, foi instituído o SISNAMA, um modelo descentralizado de gestão ambiental que cria uma rede articulada de organizações nos diferentes âmbitos da federação (BRASIL, 1981). O RIV, por sua vez, pode ser parte do EIV ou ser complementar a ele. A sua principal função é registrar as características do local onde será realizada a construção e do seu entorno, abrangendo toda a área que pode ser influenciada pela futura atividade. Além disso, também contém os impactos proporcionados pela obra, independentemente da gravidade de cada um desses efeitos e do porte da construção ou reforma. O RIV é um demonstrativo no qual toda a área é analisada, como, por exem- plo, a infraestrutura urbana e viária, paisagem e meio ambiente. O resultado produz o nível de harmonização entre o empreendimento e os seus arredores, tanto como complemento do local quanto por similaridade. Ao longo do EIA/RIMA, podem ser encontrados alguns problemas, como: � análise e avaliação ambiental de forma pontual; � conhecimento localizado, ou seja, não há um conhecimento da situação regional ou até mesmo estadual que determinado empreendimento poderá ocasionar; � equipe multidisciplinar limitada; � ausência de análise de séries históricas (p.ex., enchentes); � ausência de parâmetros de controle ambiental; � ausência de formas específicas para elaboração do estudo (inexistência de metodologias para levantamentos específicos); � legislações ultrapassadas; � participação pública inadequada; � crescimento econômico a qualquer preço, deixando aspectos ambientais de lado. Relatório de Impacto Ambiental72 Roteiro de elaboração e apresentação do Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental O RIMA, o qual reflete as conclusões do EIA de forma objetiva e em linguagem adequada à sua compreensão, deve estar acessível ao público em locais apro- priados, de forma a garantir o conhecimento do seu conteúdo pelos interessados, durante a análise técnica do pedido de licença ambiental (BRASIL, 2009). A fim de facilitar o entendimento e deixar o presente capítulo mais didático, o Quadro 3 apresenta as principais fases do processo de licenciamento prévio e que envolvem a elaboração do EIA e do RIMA, e também da realização da audiência pública. Fases do EIA/RIMA Procedimento1 Empreendedor realiza consulta ao órgão ambiental. Identificar questões legais, socioeconômicas e políticas relacionadas com a implantação do projeto. 2 Órgão ambiental emite instrução normativa. Apontar, no termo de referência, todos os itens a serem seguidos para a elaboração do EIA/RIMA pela empresa consultora/ ou profissionais a serem contratados. 3 Empreendedor licita/ contrata a elaboração do EIA/RIMA. Realizar a licitação por meio de convite direto, tomada de preços, carta-convite ou licitação, dependendo se a atividade for pública ou privada. 4 Empresas de consultoria ambiental apresentam as suas propostas técnicas em concorrência (em caso de o empreendimento ser público). Analisar as empresas, que deverão possuir habilitação legal e apresentar as suas propostas no prazo determinado, respeitando e cumprindo as exigências definidas no respectivo edital de concorrência. 5 Empreendedor negocia a(s) proposta(s) e contrata a empresa vencedora, a qual apresentou o menor preço, mas possui capacidade de realizar o EIA/RIMA. Examinar as propostas técnicas e orçamentos antes do estabelecimento/ negociação das cláusulas contratuais. Quadro 3. Fases do EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental (Continua) 73Relatório de Impacto Ambiental Fases do EIA/RIMA Procedimento 6 Consultora elabora o EIA/RIMA. A empresa vencedora deve cumprir todas exigências para a realização dos relatórios, destacando as necessidades de formar uma equipe multidisciplinar habilitada e administrativa. Deve-se obter dados e informações técnico-científicas e dar tratamento a esse material, obedecendo um cronograma de trabalho. Para isso, é necessário recursos materiais e financeiros para a apresentação do produto final, garantindo uma gestão/trabalho com qualidade. 7 Empreendedor deve fiscalizar os segmentos da realização dos estudos. Acompanhar sistematicamente todas as atividades a serem realizadas na elaboração dos estudos/levantamentos. 8 Empreendedor submete os estudos/levantamentos ao órgão ambiental. Os estudos serão analisados por uma equipe técnica especializada e qualificada, que poderá aprová- los (parecer favorável), sugerir modificações/complementações ou reprová-los (parecer desfavorável). 9 Caso for aceito, o órgão ambiental coloca o EIA/ RIMA à disposição do público, marcando a audiência pública, e inicia-se a análise dos estudos elaborados. A audiência será marcada em local, data e horário acessíveis para a participação pública, e divulgada em jornais de grande circulação e no Diário Oficial da União. O RIMA ficará à disposição da comunidade para análise e conhecimento por, no mínimo, 45 dias antes da audiência. 10 Empreendedor encomenda material para a audiência pública à consultoria. As equipes técnicas e de comunicação visual preparam o material para a sua apresentação. São de responsabilidade do empreendedor todos os custos necessários à realização da audiência. Quadro 3. Fases do EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental (Continuação) (Continua) Relatório de Impacto Ambiental74 Embora o RIMA seja mais objetivo e sintético que o EIA e apresente uma linguagem corrente e acessível a leigos, sem prejuízo da sua qualidade técnica, deve seguir um roteiro, listado a seguir. � Descrição do projeto, localização, etapas de construção e operação, utilizando, sempre que necessário, mapas, gráficos e desenhos, e espe- cificando matérias-primas e mão de obra, fontes de energia, processos e técnica operacionais, prováveis efluentes, emissões, resíduos de energia, empregos diretos e indiretos a serem gerados e outras técnicas. � Justificativas técnicas, econômicas, ambientais e de segurança, e compa- tibilidade com as políticas setoriais, planos e programas governamentais. � Síntese (resumo) do diagnóstico ambiental da área de influência. � Descrição dos principais impactos ambientais (positivos e negativos), fases de ocorrência, medidas mitigadoras e sua eficiência, indicando impactos que não podem ser evitados e mitigados, medidas compen- satórias, bem como os métodos, técnicas e critérios adotados para sua identificação, quantificação e interpretação. Fonte: Adaptado de Brasil (2009). Fases do EIA/RIMA Procedimento 11 Órgão ambiental realiza a referida audiência, na qual o empreendedor apresenta o empreendimento, e a consultora apresenta o EIA/RIMA para o público presente. Podem ocorrer audiências prévias e/ou seminários em universidades, auditórios públicos, anteriormente à audiência propriamente dita. Expositores treinados defendem os seus pontos de vista e o conteúdo técnico de forma objetiva e coloquial no dia da audiência. 12 Órgão ambiental elabora a ata da audiência, finaliza a análise do EIA/RIMA e emite o parecer técnico. A ata leva em consideração todas as questões analisadas e comentadas na audiência pública, das interferências técnicas do empreendedor, consultora e comunidade. Há um detalhamento de informações e/ou informações adicionais e justificativas técnicas, com possíveis exigências, e, finalmente, a emissão ou não a licença. Quadro 3. Fases do EIA/RIMA no processo de licenciamento ambiental (Continuação) 75Relatório de Impacto Ambiental � Caracterização sucinta da qualidade ambiental futura da área de influ- ência, comparando as diferentes situações da adoção do projeto e suas alternativas, incluindo a hipótese de sua não realização. � Planos de monitoramento e acompanhamento dos impactos. � Apresentação da equipe técnica. � Recomendações quanto a alternativas mais favoráveis. Estudo de Impacto Ambiental/Relatório de Impacto Ambiental e audiências públicas Como descrito anteriormente, o EIA é analisado pelo órgão ambiental e apre- senta um linguajar mais técnico. O RIMA, por sua vez, deve ser disponibilizado para a comunidade com uma linguagem mais simples, e apresentado e discutido em audiência pública. O resultado dessas análises deverá subsidiar a decisão do órgão ambiental no deferimento ou não da LP para o empreendimento. As normas ambientais que visam a atender aos princípios que norteiam o licenciamento ambiental possibilitam a participação da sociedade em decisões que envolvem o meio ambiente, considerando que este é um bem de uso comum. Machado (2012) destaca que um dos principais instrumentos de participação popular é a audiência pública. A audiência pública tem por finalidade expor o projeto e os seus impactos ambientais aos interessados, recolhendo críticas e sugestões dos presentes. Essas informações servirão de subsídios para a análise e o parecer final dos Órgãos Estaduais de Meio Ambiente (OEMA) e/ou IBAMA sobre o empreendimento proposto, para efeito de licenciamento ambiental. As audiências públicas foram regulamentadas pelas resoluções do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) nº. 001, de 23 de janeiro de 1986 (BRASIL, 1986), e nº. 09, de 03 de dezembro de 1987. O art. 1º da Resolução CONAMA nº. 009/1987 ressalta que a audiência pública tem por finalidade expor aos interessados o conteúdo do produto em análise e do seu referido RIMA, dirimindo dúvidas e recolhendo dos presentes as críticas e sugestões Relatório de Impacto Ambiental76 a respeito (BRASIL, 1987). Machado (2012) ressalta que a audiência pública é realizada com dois objetivos principais: 1. informar o público sobre o projeto e os seus impactos, de modo que os interessados tenham oportunidade de expor suas dúvidas sobre o empreendimento e vê-las esclarecidas; 2. informar aos responsáveis pela decisão e ao proponente do projeto as expectativas e eventuais objeções do público. De acordo com o Ministério do Meio Ambiente (BRASIL, 2009), a audiência pública é promovida pelo OEMA ou IBAMA, ou, quando couber, pelo município, sempre que julgada necessária ou quando solicitada por entidade civil ou pelo Ministério Público ou por 50 (cinquenta) ou mais cidadãos. Deverá ser redigido um edital, que deverá ser fixado/disponibilizadoem espaços de grande circulação e visualização pela população. Esses locais podem ser jornais impressos (imprensa local), sites, distribuição de panfletos, entre outros, e a abertura do prazo de solicitação da audiência pública deverá ser, no mínimo, de 45 dias antes da sua ocorrência. Durante esse período, cópias do RIMA são colocadas à disposição do público no órgão ambiental, desde que respeitado o sigilo industrial. A audiência pública é realizada com a participação, basicamente, dos grupos de atores a seguir. � Órgão ambiental (OEMA ou IBAMA) ou, quando couber, o muni- cípio: coordena a realização da audiência pública e registra as questões relevantes suscitadas para fins decisórios subsequentes. � O empreendedor: organiza a sua realização, apresenta o empreen- dimento, responde aos questionamentos referentes à implantação pretendida e arca com os custos correspondentes. Geralmente expõe, na audiência pública, a concepção original da ação proposta, desta- cando os benefícios sociais do projeto e explicitando como a dimensão ambiental está incorporada na sua concepção. O empreendedor deve ressaltar as soluções técnicas empregadas para prevenir e/ou controlar os efeitos ambientais esperados, o montante dos recursos financeiros disponíveis e as tecnologias adotadas para a mitigação dos impactos. � A equipe multidisciplinar responsável pela elaboração do RIMA: apresenta suas conclusões, responde tecnicamente pelo seu conteúdo e atende aos questionamentos levantados sobre os estudos realizados. � Órgão da administração pública: federal, estadual e municipal, que tem interesse no projeto proposto, participa da audiência pública para 77Relatório de Impacto Ambiental conhecimento e manifestação sobre conclusões do Estudo de Impacto Ambiental. Como exemplos, podem-se citar os órgãos responsáveis pelo fornecimento de infraestrutura, como água, luz, transporte, vias de acesso, entre outros. � Pessoas físicas: são indivíduos ou grupo de pessoas que, em geral, man- têm relação direta ou que se consideram afetadas pelo empreendimento proposto. Participam da audiência pública para tomarem conhecimento e se manifestarem sobre as conclusões dos Estudos de Impacto Ambiental. � Empresas públicas e privadas: são empreendedores que já possuem projetos instalados e/ou em instalação na área de influência do projeto proposto. Participam como observadores e, também, para manifestarem opiniões sobre as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental. � Entidades civis (ONGs): são representantes de segmentos da sociedade civil organizada que mantêm relação direta com o projeto proposto. Participam da audiência pública para tomar conhecimento e colocar seus questionamentos e aspirações. � Poder Legislativo: membros do Poder Legislativo participam da audi- ência pública para tomar conhecimento e apresentar questionamentos de interesse para o conjunto da sociedade que representam. Os membros devem estabelecer compromissos de compatibilizar e incorporar na legislação as ações propostas nos estudos ambientais. � Comunidade científica: são pesquisadores e/ou centros de conhecimento que participam a convite de algum dos outros agentes, para opinarem sobre as conclusões do Estudo de Impacto Ambiental do projeto proposto. � Ministério Público: participa para cumprir suas funções institucionais estabelecidas na Constituição Federal, de 05 de outubro de 1988, da qual destaca-se o inciso III do art. 129: “promover o inquérito civil e a ação civil pública, para proteção do patrimônio público e social do meio ambiente e de outros interesses difusos e coletivos” (BRASIL, 1988). A sua participação busca garantir a exequibilidade das medidas propostas pelo empreendedor e fiscalizar o Poder Executivo. Existem regras e formas de organização das audiências públicas, as quais foram definidas pela Resolução CONAMA nº 009/1987. Relatório de Impacto Ambiental78 A audiência pública é dirigida pelo representante do órgão ambiental que, após a exposição objetiva do projeto e do seu respectivo RIMA, abre a discussão com os interessados presentes. Ao final de cada audiência pública, é lavrada uma ata sucinta, na qual todos os documentos escritos e assinados durante a sessão são anexados. A ata da(s) audência(s) pública(s) e os seus anexos servem de base, com o RIMA, para a análise do órgão ambiental sobre o licenciamento ambiental do projeto. 1. Foi instituído no Brasil pela Política Nacional do Meio Ambiente (PNMA), Lei nº. 6.938/1981 e regulamentado pela CONAMA nº001/1986. Apresenta os impactos ambientais que determinada obra/ atividade poderá ocasionar, mas de forma mais simples, visando à compreensão do seu conteúdo pela sociedade. Essa definição se refere a qual das alternativas? a) Estudo de Impacto Ambiental. b) Relatório de Impacto de Vizinhança. c) Plano de Recuperação de Área Degradada. d) Relatório de Impacto Ambiental. e) Estudo de Impacto de Vizinhança. 2. A audiência pública tem por finalidade expor aos interessados o projeto proposto e os seus impactos ambientais. Com relação à audiência pública, assinale a alternativa correta. a) A população deve ser comunicada da audiência pública 24 horas antes da data prevista para a sua ocorrência. b) A população não poderá se manifestar no dia da audiência pública, a não ser que tenha uma autorização do órgão ambiental. c) Segundo a Resolução CONAMA nº. 009/1987, somente poderá haver uma única audiência pública. d) A audiência pública deve ocorrer após a emissão da licença ambiental pelo órgão ambiental competente. e) No caso de uma obra resultar em impactos ambientais em mais de um município, a audiência pública ocorrerá no município onde os impactos ambientais forem maiores. 3. O RIMA deve seguir alguns critérios, como: a) descrever o projeto ou a atividade, mostrando a localização exata, bem como as etapas de construção e operação. b) identificar o coordenador da equipe, responsável pela realização do diagnóstico ambiental. c) evidenciar os impactos ambientais positivos que ocorrerão na área. d) apresentar um diagnóstico 79Relatório de Impacto Ambiental ambiental detalhado, contendo, por exemplo, o nome científico de espécies da fauna e da flora. e) caracterizar detalhadamente a qualidade ambiental da área. 4. Existem algumas diferenças entre o EIA e o RIMA. Qual das alternativas a seguir está correta? a) O EIA apresenta um resumo dos impactos ambientais com uma linguagem menos técnica. b) O EIA é entregue ao órgão ambiental visando à obtenção da LP; já o RIMA é encaminhado com o objetivo de alcançar a licença de operação (LO). c) O RIMA deve ser feito da mesma forma que o EIA, com os mesmos conteúdos e etapas. d) O EIA é disponibilizado para a população. e) É fundamental que o EIA seja apresentado em audiência pública, para que a população fique sabendo de todos os impactos ambientais que poderão ocorrer. 5. Entre as alternativas a seguir, qual está correta em relação ao processo de licenciamento prévio e envolve a elaboração do EIA/RIMA e a realização da audiência pública? a) A audiência pública ocorre antes da análise inicial do RIMA pelo órgão ambiental. b) Após a audiência pública, uma ata é redigida pelo órgão ambiental, a qual vai compor o EIA/RIMA e servir de critério para o parecer técnico. c) Após a entrega do RIMA, o empreendedor deve esperar o órgão ambiental organizar a audiência pública, sendo os custos arcados pelo próprio órgão. d) A audiência pública sempre é organizada pelo órgão ambiental municipal antes de ser emitida a LP. e) Caso o empreendimento/ obra seja de domínio público, deve-se primeiramente contratar uma equipe técnica, e, então, emitir instrução normativa. Relatório de Impacto Ambiental80 BRASIL. Ministério do Meio Ambiente. Caderno de licenciamento ambiental. Brasília: MMA, 2009. BRASIL. Lei nº. 10.257, de 10 de julho de 2001. Regulamenta os arts. 182 e 183 da Constitui-ção Federal, estabelece diretrizes gerais da política urbana e dá outras providências. 2001. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/LEIS_2001/L10257. htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília: Senado Federal, 1988. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução n.º 009, de 03 de dezembro de 1987. Dispõe sobre a realização de Audiências Públicas no processo de licenciamento ambiental. 1987. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res87/ res0987.html>. Acesso em: 27 nov. 2017. BRASIL. Conselho Nacional do Meio Ambiente. Resolução nº 001, de 23 de janeiro de 1986. Dispõe sobre critérios básicos e diretrizes gerais para a avaliação de impacto ambiental. 1986. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/res/res86/ res0186.html>. Acesso em: 27 nov. 2017. BRASIL. Lei nº. 6.938, de 31 de agosto de 1981. Dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providên- cias. 1981. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L6938.htm>. Acesso em: 27 nov. 2017. FIORILLO, C. A. P. Curso de Direito Ambiental. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2014. MACHADO, A. Q. Licenciamento ambiental: atuação preventiva do Estado à luz da Cons- tituição da República Federativa do Brasil. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2012. STRUCHEL, A. C. O. Licenciamento ambiental municipal. São Paulo: Oficina de Textos, 2016. 81Relatório de Impacto Ambiental Conteúdo:
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