Buscar

AlfaCon--a-colonizacao-do-norte-do-parana

Prévia do material em texto

alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
1 
 
SUMÁRIO 
A COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ ......................................................................................................... 2 
1. O NORTE DO PARANÁ ................................................................................................................................ 2 
1.1 O NORTE PIONEIRO ............................................................................................................................. 2 
1.2 O NORTE NOVO ................................................................................................................................... 4 
1.3 O NORTE NOVÍSSIMO .......................................................................................................................... 6 
 
 
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
2 
 
A COLONIZAÇÃO DO NORTE DO PARANÁ 
1. O NORTE DO PARANÁ 
A	ocupação	da	região	norte	do	Paraná	está	ligada	à	diferentes	contextos.	Ao	contrário	do	
que	comumente	se	aceita,	o	início	da	colonização	do	norte	não	foi	obra	exclusiva	da	expansão	
da	economia	do	café.	O	chamado	norte	pioneiro	é	mais	antigo	do	que	se	possa	conceber	de	
primeira,	porém,	seu	 início	se	deu	após	o	processo	de	colonização	do	Paraná	Tradicional.	O	
início	da	sua	colonização	data	da	década	de	1840.	
1.1 O NORTE PIONEIRO 
As	denominações	dadas	à	região	situada	entre	os	rios	Paranapanema,	 Itararé	e	Tibagi,	
compreendendo	as	cidades	de	Curiúva	e	Venceslau	Braz,	foram	várias.	Ela	já	foi	chamada	de	
região	do	Valuto	pelos	sertanejos	paulistas,	que	também	usaram	o	termo	Panema	derivado	do	
nome	 do	 Rio	 Paranapanema.	 O	 usual,	 foi	 por	 algum	 tempo	 a	 expressão	 Norte	 Velho,	 mas	
mostrou-se	pouco	ética.	Assim,	estabeleceu-se	Norte	Pioneiro,	o	que	não	desmente	o	fato	da	
ocupação	do	Norte	como	um	todo	ter	se	iniciado	a	partir	dessa	região.	
O	 interesse	pela	região	 foi	despertado	desde	o	século	XVIII,	quando	a	preocupação	em	
consolidar	as	fronteiras	brasileiras	com	o	Uruguai,	Argentina	e	Paraguai	estavam	na	ordem	das	
prioridades	do	Império	brasileiro.	Em	seguida		várias	expedições	fizeram	incursões	ao	Brasil	
Meridional,	 e	 havendo	 diamantes	 no	 rio	 Tibagi,	 devido	 aos	 seus	 panelões	 de	 cascalho,	 era	
comum	 as	 expedições	 seguirem	 seu	 curso,	 ainda	 que	 fosse	mais	 lógico,	 optarem	 pelos	 rios	
Negro	e	Iguaçu	para	ir	do	Paraná	a	Santa	Catarina,	ou	rios	Tietê	e	Paranapanema	para	chegar	a	
São	Paulo.	
A	partir	de	1840,	a	necessidade	de	aproximar	a	Província	do	Mato	Grosso	com	o	Litoral,	
mostrava-se	crescente,	principalmente	diante	da	possibilidade	de	um	conflito	armado	com	o	
Paraguai.	Neste	momento,	surgiu	um	personagem	muito	ligado	ao	Governo	Imperial,	e	cujos	
interesses	latifundiários	no	Paraná	sempre	ficaram	muito	evidentes	chegando	a	ser	apelidado	
de	“papa	terras”.	Tratou-se	do	Barão	de	Antonina.	O	senhor	João	da	Silva	Machado,	Barão	de	
Antonina,	 na	 busca	 dos	 Campos	 do	 Paiquerê,	 contratou	 os	 serviços	 do	 sertanista	 Joaquim	
Francisco	Lopes	e	do	agrimensor	e	ex-marinheiro	inglês	João	Henrique	Elliot.	Em	1846,	estes	
haviam	 apontado	 um	 caminho	 terrestre-fluvial	 para	 o	 Mato	 Grosso.	 Essa	 empreitada	
necessitava	de	apoio	governamental	em	decorrência	da	grande	distância	da	civilização,	da	falta	
de	 picadas	 na	 região	 e	 do	 seu	despovoamento.	 Por	 isso	 a	 necessidade	da	 fundação	de	 uma	
colônia	agro-militar	na	região.	
Outro	problema	era	a	mão	de	obra.	Para	resolvê-lo,	foi	usado	o	sistema	de	aldeamento	de	
índios	 às	 margens	 dos	 rios	 Tibagi	 e	 Paranapanema,	 possibilitando	 não	 só	 a	 mão	 de	 obra	
necessária,	bem	como	guias	seguros	para	navegação	de	tais	águas	e	proteção	contra	possíveis	
ataques	de	tribos	hostis.	Dessa	forma,	em	1850,	o	Barão	de	Antonina	deu	início	aos	trabalhos	
preliminares	de	instalação	da	colônia.	Em	2	de	janeiro	de	1851,	pelo	Decreto	Imperial	n°	751,	
foi	autorizada	a	criação	da	Colônia	Nossa	Senhora	da	Conceição	do	Jataí,	sendo	fundada	em	8	
de	dezembro	de	1854	pelo	sertanista	Lopes.	O	nome	Jataí,	foi	retirado	de	uma	árvore	frutífera	
com	mesmo	nome,	muito	comum	no	vale	dos	Rios	Ivaí	e	Tibagi,		era	também	o	nome	dado	a	um	
pequeno	afluente	do	Rio	Tibagi.	Esta	 colônia	 tinha	por	diretor	o	major	Thomas	 José	Muniz.	
Como	não	havia	índios	na	região,	foram	trazidos	índios	Caiuás	do	Mato	Grosso	para	o	Tibagi.	
Assim,	 à	 margem	 esquerda	 do	 Tibagi,	 em	 frente	 à	 Colônia	 Militar	 do	 Jataí,	 foi	 erguido	 o	
aldeamento	 de	 São	 Pedro	 de	 Alcântara.	 O	 diretor	 do	 aldeamento	 era	 o	 italiano	 Domingos	
Antônio	Luciani,	nascido	em	Castelnovo		por	isso	chamado	de	Frei	Timoteo	de	Castelnovo.	
Apesar	de	despovoada	a	região	pertencia	aos	índios	Kaingang,	estes	índios	também	eram	
chamados	 de	 Coroados	 por	 cortarem	 seus	 cabelos	 à	 moda	 dos	 frades	 franciscanos.	 Eram	
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
3 
 
famosos	por	sua	hostilidade	e	por	sua	inimizade	com	os	Caiuás,	e	não	tardaram	a	aparecer,	o	
que	deixou	em	pânico	as	populações	que	habitavam	a	Colônia.	Entretanto,	cansados	de	lutar	
com	outras	tribos	e	de	passar	fome,	o	que	eles	queriam	era	também	aldearem-se,	o	que	acabou	
sendo	feito	na	Fazenda	São	Jerônimo,	de	propriedade	do	Barão	de	Antonina	que	ficava	à	60	km	
de	 Jataí.	Além	da	 impossibilidade	de	retirar	a	 força,	os	 índios	da	 fazenda,	o	Barão	teria	sido	
aconselhado	a	aceitar	o	aldeamento	pelo	fato	de	que	a	localização	da	mesma,	em	plena	Serra	
dos	Agudos,	dava-lhe	uma	topografia	acidentada,	o	que	só	fazia	desvalorizá-la.	Com	a	presença	
dos	 índios	do	aldeamento,	haveria	disponibilidade	de	mão	de	obra,	 o	que	poderia	valorizar	
muito	mais	rapidamente	outras	propriedades	do	Barão,	próximas	à	região.	Ressaltando-se	que	
na	época,	terras	de	maior	valor,	eram	os	campos	limpos	e	planos,	prontos	para	uso	agrícola	ou	
pastoreio,	justifica-se	o	ato	de	doação	do	Barão	não	ter	nada	de	filantrópico.	
Entre	os	primeiros	colonizadores	dessa	região	havia	muitos	mineiros.	Os	fazendeiros	de	
Minas	 Gerais,	 donos	 de	 terras	 decadentes	 (cansadas),	 lançaram-se	 também	 ao	 tropeirismo.	
Buscavam	gado	no	Rio	Grande	do	Sul	para	revendê-lo	no	sudeste.	De	retorno,	ao	passarem	pelo	
registro	do	 Itararé,	 ampliavam	sua	presença	mais	para	o	norte,	 a	 fim	de	conhecer	as	 terras	
vizinhas.	Foram	os	primeiros	a	entrar	no	que	se	chamou	de	norte	velho.	Muitos	gostaram	e	
venderam	suas	terras	para	povoar	a	região	entre	o	Itararé	e	o	rio	das	Cinzas.	
Outro	 fator	que	os	 levaram	a	migrar	 foram	as	perseguições	políticas	após	a	Revolução	
Liberal	de	1842,	pois,	tanto	o	levante	paulista	iniciado	em	Sorocaba	e	liderado	por	Feijó	como	
o	mineiro	iniciado	em	Barbacena	e	liderado	por	Teófilo	Otoni,	foram	sufocados	pelo	Barão	de	
Caxias.	Os	líderes	presos	foram	anistiados	em	1844,	ano	em	que	os	liberais	voltaram	ao	poder.	
Essas	pessoas	dirigiam-se	para	o	Valuto,	nome	que	os	sertanejos	paulistanos	davam	a	terras	
despovoadas	da	margem	esquerda	do	Paranapanema.	Quando	chegavam	à	região	ocupavam	
uma	“água”.	Este	era	o	nome	dado	à	terra	posseada	onde	buscavam	a	cabeceira	de	um	riacho,	
pois	,	se	instalando	na	cabeceira	eram	donos	da	água,	isto	é,	do	terreno	que	margeava	o	riacho.	
A	cidade	de	Jacarezinho	está	relacionada	a	esse	contexto	de	ocupação	de	“águas”.	
No	passo	dos	Barbosa,	onde	hoje	está	a	localidade	de	Santa	Ana	do	Itararé,	o	governo	criou	
uma	estação	arrecadadora	para	evitar	o	contrabando	de	mercadorias	do	Paraná	para	São	Paulo.	
Próximo	à	confluência	do	Rio	Itararé	e	Paranapanema,	fixou-se	uma	mulher	com	sua	família.	
Era	Maria	Ferreira,	descendente	de	índios	mineiros.	Sua	moradia	na	margem	paranaense,	ficou	
conhecida	como	Porto	Maria	Ferreira.		
Não	havia	nenhuma	organização	quanto	a	forma	de	colonização	até	1866.	Depois	de	20	
anos	de	existência	da	Colônia	do	Jataí,	apenas	36	lotes	haviam	sido	demarcados.	A	emancipação	
da	Colônia	do	Jataí,	deixou-a	abandonada	à	própria	sorte.	Contrabando	de	produtos	via	Mato	
Grosso,	corrupção	e	marasmo	econômico,	passaram	a	caracterizara	Freguesia,	mesmo	porque,	
isolada	 como	 estava	 da	 civilização,	 era	 difícil	 progredir.	 Em	 1904,	 teve	 início	 a	 primeira	
penetração	vinda	de	Ourinhos	quando	os	fazendeiros	de	café	fundaram	Cambará,	continuando	
a	 avançar	 em	 direção	 ao	 vale	 do	 Tibagi.	 A	 produção	 de	 café	 era	 escoada	 pela	 Sorocabana.	
Observa-se	 neste	momento,	 a	 presença	 dos	 japoneses	 na	 região,	 que	 antecedeu	 o	 início	 da	
colonização	e	que	se	intensificou	a	partir	de	1912.	A	primeira	cidade	que	os	recebeu	foi	Ribeirão	
Claro.	
Durante	a	Primeira	Guerra	Mundial	as	antigas	zonas	cafeeiras	do	Estado	de	São	Paulo,	
enfrentavam	uma	 séria	 crise	 econômica,	 ocasionada	 pela	 queda	 dos	 preços	 do	 produto	 e	 o	
consequente	prejuízo	nas	 colheitas,	 possibilitando	que	 com	o	empobrecimento	dos	grandes	
fazendeiros,	 os	 colonos	 se	 transformassem	 em	 pequenos	 e	 médios	 proprietários,	
enriquecendo-se,	porque	o	período	favorecia	ao	aumento	dos	preços	dos	cereais.	Isto	também	
pode	ser	notado	com	relação	aos	colonos	japoneses	que	se	beneficiaram	da	crise	do	café,	pois,	
ao	 ficarem	vários	anos	sem	receber	salários,	ao	acertarem	suas	contas,	adquiriram	recursos	
suficientes	para	adquirir	suas	próprias	fazendas	no	Norte	Pioneiro.	
Além	disso,	seu	desenvolvimento	inicial	também	está	ligado	à	produção	de	algodão,	fumo,	
arroz,	feijão	e	milho,	que	mesmo	com	dificuldade,	ainda	no	século	XIX,	foi	importante	para	o	
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
4 
 
desenvolvimento	econômico	da	região,	a	qual	enfrentou	várias	dificuldades.	A	partir	do	século	
XX	a	suinocultura	também	foi	desenvolvida.	O	destino	do	porco	era	Jaguariaíva,	Itararé	e	até	
Itapeva.	O	negócio	era	tão	atraente	que	a	firma	paulista	de	Francisco	Matarazo,	instalou-se	na	
região	com	um	grande	frigorífico	em	Jaguariaíva,	em	1924,	e	não	foi	o	único.	
1.2 O NORTE NOVO 
A	região	denominada	“Norte	Novo”	limita-se	ao	Norte	com	o	Rio	Paranapanema,	ao	Sul	
com	a	cidade	de	Manoel	Ribas,	a	Leste	com	o	Rio	Tibagi	e	a	Oeste	com	o	Rio	Ivaí,	compreendendo	
as	cidades-polo	de	Londrina,	Maringá,	Apucarana	e	Ivaiporã.	A	denominação	de	“Novo”	para	
essa	parte	da	região	vincula-se	de	certo	modo	à	forma	de	sua	colonização	que	foi	diferente	do	
chamado	“Norte	Pioneiro”.	Boa	parte	desta	região	(compreendendo	as	cidades	de	Londrina,	
Maringá	 e	 Apucarana)	 foram	 colonizadas	 por	 uma	 companhia	 inglesa,	 portanto,	 iniciativa	
privada.	
A	 região,	 que	 era	 povoada	 por	 índios	 coroados	 e	 caboclos,	 despertou	 interesse	 de	
empresas	de	colonização	com	a	Companhia	Marcondes	de	Colonização,	Indústria	e	Comércio.	
Esta	Companhia	pertencia	ao	sertanista	José	Soares	Marcondes.	Como	Marcondes	não	entendia	
do	 gerenciamento	da	Companhia,	 a	 presidência	da	 empresa	 foi	 confiada	 a	Custódio	Coelho.	
Entretanto,	 este	 administrador	não	 foi	 fiel	 à	 empresa,	 tirando	proveito	pessoal	 e	desviando	
valores	para	viagens	ao	exterior	à	procura	de	crédito	aos	colonos.	Suas	despesas	pessoais	eram	
grandes	 e	 os	 empréstimos	 no	 exterior	 (Inglaterra)	 enormes,	 e	 com	 isso,	 descapitalizou	 a	
empresa	 de	 tal	 forma	 que,	 quando	 o	 dono	 e	 seus	 herdeiros	 perceberam	 quão	 grave	 era	 a	
situação,	não	havia	mais	como	evitar	a	falência	da	Companhia,	e	nem	tão	pouco	evitar	a	perda	
da	 concessão	 de	 500	 mil	 alqueires	 concedidos	 pelo	 governo	 estadual	 para	 projeto	 de	
colonização.	 O	 Governador,	 Afonso	 Camargo,	 ao	 considerar	 que	 o	 prazo	 para	 a	 colonização	
havia	 expirado,	 retirou-as	 da	 Companhia	 Marcondes	 e	 transferiu-as	 para	 uma	 companhia	
inglesa.	
Os	ingleses	em	sua	expansão	imperialista,	sempre	buscaram	a	aplicação	de	seus	capitais	
com	 retorno	 garantido.	 A	 primeira	 tentativa	 de	 colonização	 inglesa	 foi	 feita	 pela	 empresa	
Paraná	and	Mato	Grosso	Railway	Survey	(1873-1874).	Esta	companhia	teria	sido	dirigida	por	
um	engenheiro	chamado	Mr.	Lloyd,	e	teria	fracassado	por	falta	de	organização,	infraestrutura	
e	uso	de	propaganda	enganosa.	Esse	 imperialismo	 traduzia-se	no	Brasil	principalmente	por	
dívida	 externa,	 que	 em	 1924,	 era	 de	 102.623.294	 libras,	 sendo	 que	 havia	 também	 débitos	
internos	a	serem	saldados.	Os	pagamentos	de	juros	e	amortizações	estavam	em	atraso	ainda.	
A	 crise	 financeira	 que	 acometeu	 os	 países	 europeus	 após	 a	 Primeira	 Guerra,	 atingiu	
também	a	Inglaterra,	impedindo-a	de	realizar	altos	investimentos	no	exterior.	Porém,	no	Brasil	
era	 diferente,	 pois,	 devedor	 aos	 bancos	 ingleses,	 dava	margem	 a	 parcerias	 em	 projetos	 de	
colonização.	 Portanto,	 o	 principal	 objetivo	 da	 “visita”	 dos	 ingleses	 ao	 Brasil	 em	 1923,	 num	
evento	conhecido	como	“Missão	Montagu”,	foi	solucionar	a	questão	da	dívida	externa	brasileira.	
A	 Missão	 Montagu	 foi	 organizada	 por	 bancos	 credores	 ingleses,	 o	 que	 vem	 confirmar	 seu	
objetivo.	 Não	 houve	 nenhum	 “convite”	 por	 parte	 do	 então	 Presidente	 da	 República,	 Arthur	
Bernardes.	Nenhum	dos	representantes	da	missão	possuía	ligações	diretas	com	a	coroa	inglesa.	
É	bem	verdade	que	pertenciam	à	aristocracia	e	eram	pessoas	renomadas	e	condecoradas	por	
serviços	 prestados	 ao	 seu	 governo,	 e	 de	 certa	 forma	 isso	 dava	 à	 Missão	 um	 certo	 “ar	 de	
oficialidade”	que	ajudava	a	 esconder	 sua	verdadeira	 identidade:	 eram	 todos	 emissários	dos	
banqueiros	que	sentiam	seus	créditos	ameaçados.		
Os	resultados	da	missão	Montagu	foram	animadores	para	os	visitantes	,pois,	voltando	a	
Inglaterra,	 os	 visitantes	 resolveram	 fundar	 a	 Brazil	 Plantations	 Syndicate	 Ltd..	 Em	 1924	 o	
advogado	João	Sampaio	instalou	e	colocou	em	funcionamento	esta	firma	inglesa	em	São	Paulo.	
No	ano	seguinte	a	companhia	comprou	três	fazendas	em	São	Paulo	com	o	objetivo	de	produzir	
algodão,	e	também	uma	indústria.	Este	projeto,	no	entanto,	não	teve	sucesso,	o	que	fez	com	que	
houvessem	mudanças	nos	planos.	Foi	então	que	o	advogado	João	Sampaio	persuadiu	Arthur	
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
5 
 
Thomas,	representante	da	companhia	inglesa	no	Brasil,	a	tentar	comprar,	terrenos	de	títulos	
duvidosos	no	Norte	do	Paraná,	pertencentes	à	Companhia	Marcondes	de	Colonização,	Indústria	
e	Comércio.	Como	essa	companhia	estava	em	dificuldades	financeiras,	colocou	sua	concessão	
de	terras	como	garantia	de	empréstimos.	As	perspectivas	de	negócios	foram	então	ampliadas,	
e	o	contato	com	o	governo	do	Estado	deu	aos	 ingleses	a	possibilidade	de	adquirirem	terras	
devolutas	para	serem	colonizadas.	
Outro	fator	que	atraiu	a	atenção	dos	ingleses	foi	a	existência	nessas	terras	de	um	ramal	
ferroviário.	Visualizando	a	possibilidade	de	muitos	outros	empreendimentos,	do	que	apenas	o	
plantio	 do	 algodão,	 a	Brazil	 Plantation	 Syndicate	 Ltd.	 Foi	 desativada,	 fundando-se	 a	 Paraná	
Plantation	Ltd.	No	Brasil	criou-se	a	sua	subsidiária,	a	Companhia	de	Terras	Norte	do	Paraná	–	
CTNP,	que	foi	organizada	por	Arthur	Thomas,	auxiliado	por	João	Sampaio	e	seu	sócio	Antônio	
de	Moraes	 Barros.	 A	 quem	 defenda	 que	 o	 uso	 do	 termo	 Paraná	 se	 associa	 a	 ideia	 de	 uma	
preocupação	com	um	projeto	futuro	de	colonização	e	povoamento.	Em	1925	a	CTNP	adquiriu	
350	mil	 alqueires	 de	 terras	 do	 Estado	 do	 Paraná	 e	 continuou	 comprando	mais	 terras,	 até	
completar	544.017	alqueires.		
A	 forma	 como	 a	 CTNP	 organizou	 a	 colonização	 de	 suas	 terras	 são	 	 denominadas	
Colonização-Dirigida,	ou	seja,	realizada	por	empresas	ou	pelo	poder	público,	cujo	planejamento	
atende	a	 vinda	de	 colonos	e	onde	as	 terras	 são	divididas	 e	organizados	eficientes	meios	de	
comunicação	e	transporte,	pois,	seu	objetivo	é	a	venda	das	terras	e	o	povoamento.	As	glebas	
compradas	pela	CTNP,	foram	pagas	até	três	vezes:	primeiro	ao	Estado,	depois	aos	que	possuíam	
títulos	de	posse	verdadeiros	ou	duvidosos,	e	por	fim	aos	posseiros.	Isso	deu	credibilidade	aos	
títulos	 de	 propriedade	 ofertados	 pela	 companhia.	 As	 glebas	 compradas	 foram	divididas	 em	
pequenas	propriedades	com	cerca	de	30	hectares	mas,	existiam	propriedades	menores	com	até5	a	10	hectares.	Foram	separados	também	lotes	urbanos	(para	dinamizar	a	atividade	comercial)	
e	lotes	rurais.	
O	objetivo	do	grupo	estrangeiro	no	norte	do	Paraná	foi	obter	o	máximo	de	lucro.	O	norte	
quase	foi	usado	pelos	ingleses	para	se	livrarem	de	uma	população	curda	do	norte	do	Iraque,	os	
quais	atrapalhavam	seus	planos	de	explorar	o	petróleo.	Encontraram	resistência	 intelectual	
paranaense	e	brasileira	e	desistiram.	Com	isso,	paulistas,	mineiros,	nordestinos	e	estrangeiros	
foram	beneficiados	com	a	aquisição	de	mais	de	12	mil	km²	das	melhores	terras	do	Brasil	(terra	
roxa).	A	expansão	do	norte	foi	fruto	da	produção	do	café	que,	após	ocupar	o	norte	propriamente	
dito	 –	 Jacarezinho,	 Cornélio	 Procópio,	 Londrina,	 Apucarana,	 Maringá,	 Cianorte,	 Umuarama,	
Paranavaí,	etc.	–	atravessou	o	rio	Piquiri	e	adentrou	na	região	oeste.	Desse	modo,	pode-se	dizer	
que	a	 colonização	do	Norte	Novo	envolveu	a	CTNP,	o	Governo	do	Estado,	os	pioneiros	e	os	
migrantes/imigrantes.	 Em	 um	 quarto	 de	 século,	 surgiram	 na	 região	 110	 núcleos	 urbanos.	
Desse,	 62	 criados	 pela	 Companhia	 e	 os	 outros	 48,	 por	 grupos	 organizados	 ou	 não.	 Como	
exemplo,	pode-se	mencionar	a	cidade	de	Londrina,	sede	do	escritório	da	CTNP	desde	a	chegada	
da	 primeira	 caravana	 da	 Companhia.	 No	 local	 chamado	 Patrimônio	 Três	 Bocas,	 que	 foi	
considerado	o	Marco	Zero.	Ela	 foi	 transformada	em	município	só	bem	mais	 tarde,	em	1934,	
sendo	a	primeira	cidade	fundada	pela	Companhia,	e	seu	nome,	uma	homenagem	ao	capitalismo	
inglês.	
A	propaganda	de	venda	das	terras	 foi	 feita	tanto	no	Brasil	quanto	no	exterior,	a	atraiu	
brasileiros	de	São	Paulo,	Minas	Gerais	e	do	Nordeste.	Atraiu,	também,	imigrantes	estrangeiros	
que	já	se	encontravam	no	Brasil	e	fora	dele.	Era	mais	compensadora	a	venda	para	os	europeus	
que	 fugiam	 das	 convulsões	 políticas	 e	 sociais	 originadas	 pela	 consolidação	 da	 URSS,	 pela	
ascensão	 do	 nazismo	 e	 fascismo	 e	 também	 camponeses	 expropriados	 pelo	 processo	 de	
desenvolvimento	do	capitalismo	europeu.	Exemplo	disso	foi	a	compra	de	terras	paranaenses	
pertencentes	à	Companhia	por	judeus-alemães,	que	tentavam	fugir	às	perseguições	nazistas.	
A	 Segunda	 Guerra	 Mundial	 fez	 com	 que	 os	 ingleses	 revissem	 suas	 perspectivas	
econômicas	,	financeiras	e,	além	disso,	a	baixa	venda	de	terras	no	período	entre	1930	e	1943	
contribuiu	para	a	colocação	da	empresa	à	venda.	A	nacionalização	da	CTNP	fez	com	que	ela	
alfaconcursos.com.br 
 
MUDE SUA VIDA! 
6 
 
passasse	 a	 se	 chamar	 Companhia	 melhoramentos	 Norte	 do	 Paraná.	 Para	 a	 Companhia	
Melhoramentos,	 ainda	 havia	muita	 terra	 para	 vender,	 pois,	 a	 CTNP,	 até	 1943	 teria	 vendido	
somente	30%	dos	lotes.	Desse	modo,	a	empresa,	agora	nacional,	deu	prosseguimento	ao	projeto	
de	colonização	iniciado	anteriormente	pela	companhia	inglesa.	
1.3 O NORTE NOVÍSSIMO 
Trata-se	da	ocupação	e	colonização	da	região	Noroeste	do	Paraná.	Corresponde	à	Região	
do	 Vale	 do	 Rio	 Ivaí	 e	 compreende	 cidades	 como	 Paranavaí,	 Umuarama,	 Cianorte	 e	 Campo	
Mourão.	De	início	essa	parte	do	território,	mais	a	Oeste,	pertencia	aos	espanhóis	(Tordesilhas),	
sendo	que	uma	parte	deste	território	fez	parte	da	Província	Real	del	Guairá.	Durante	o	século	
XVII	e	XVIII,	após	os	vários	ataques	dos	bandeirantes,	a	região	foi	dominada	para	ser	logo	em	
seguida,	abandonada.	Ainda	no	século	XVIII	o	governador	de	São	Paulo,	d.	Luiz	Antônio	de	Souza	
Botelho	e	Mourão,	enviou	o	capitão-mor	Afonso	Botelho	de	Sampaio	e	Souza,	para	reconhecer	
a	 região.	 Como	 homenagem	 deste	 capitão,	 ao	 governador,	 a	 região	 ficou	 conhecida	 como	
Campos	do	Mourão.	
A	 partir	 de	 1880,	 começou	 efetivamente	 o	 povoamento	 da	 região	 com	 expedições	 de	
Guarapuava,	formada	por	criadores	de	gado.	Foram	eles	os	primeiros	a	se	fixarem	na	região	em	
1903.	 A	 presença	 destas	 pessoas	 e	 o	 desenvolvimento	 econômico	 da	 região,	 criaram	
mecanismos	de	comunicação	com	o	resto	do	Estado,	questão	precariamente	resolvida	com	a	
abertura	em	1906,	de	um	picadão	entre	Campo	Mourão	e	Pitanga,	cidade	da	qual	era	distrito,	e	
a	 construção	 da	 Estrada	 Boiadeira	 que	 ligava	 a	 região	 ao	Mato	 Grosso.	 Essa	 deficiência	 de	
comunicação,	deveu-se	a	falta	de	infraestrutura	que	ocorreu	na	região	até	a	década	de	1960.	
A	 região	ao	que	parece,	 ficou	oficialmente	esquecida,	 ressurgindo	o	 interesse	somente	
com	a	Marcha	para	o	Oeste.	Era	a	ideia	de	desbravar	e	colonizar	as	terras	devolutas	do	Estado.	
O	governo	brasileiro,	para	agilizar	esse	processo,	contratava	obras,	pagando	às	empreiteiras	
com	terras.	Como	o	pagamento	era	adiantado,	empresas	estrangeiras	beneficiaram-se	disso,	
adquirindo	terras	no	Estado	do	Paraná.	O	que	foi	o	caso	da	Companhia	Brasileira	de	Viação	e	
Comércio	S/A	(BRAVIACO).	A	construção	da	Estrada	de	Ferro	Central	do	Paraná,	também	foi	
iniciada	mediante	o	pagamento	com	terras	próximas	à	Umuarama,	onde	acabou	originando	as	
cidades	de	Pérola,	Xambrê,	Altônia	e	outras.	A	BRAVIACO	também	possuía	uma	gleba	de	100	
mil	alqueires,	chamada	Pirapó.	Situava-se	entre	os	rios	Paranapanema	e	Ivaí,	vizinha	das	terras	
da	Companhia	de	Terras	Norte	do	Paraná.	
Apesar	de	oficialmente	devolutas,	as	terras	à	Noroeste	do	Estado	estavam	ocupadas	não	
só	por	indígenas,	como	por	grileiros,	que	de	acordo	com	o	depoimento	de	Joaquim	da	Rocha	
Medeiros,	 tentaram,	 em	 grupo	 armado,	 tomar	 posse	 de	 diversos	 pontos	 da	margem	do	Rio	
Paranapanema.	 Não	 somente	 desta	 forma,	 mas	 as	 próprias	 companhias	 colonizadoras	
acabaram	se	confrontando	pela	posse	de	terras	nesta	região.

Continue navegando