Prévia do material em texto
O que é fenação? De maneira geral, esta técnica tem por fundamento preservar a espécie forrageira por longos períodos. Mantendo concomitantemente o máximo de suas características nutritivas, mediante a remoção da água presente no material vegetativo, através do processo de desidratação. Para tanto, o material vegetal é submetido a secagem a campo sob a luz solar, até atingir níveis entre 12 e 18 % de umidade (BONATO,2004). Uma vez respeitada tais condições, o material é recolhido e enfardado, resultando assim, no feno. O processo parece simples. Entretanto na prática, a condução da fenação é trabalhosa, pois requer por parte do produtor muita habilidade. Principalmente quanto a otimização das etapas bem como na prevenção de possíveis adversidades, visto que o campo de produção é a céu aberto. Processo de Fenação No processo de fenação, podemos destacar 3 etapas principais: o corte, a secagem e o enfardamento da espécie forrageira. O corte, por exemplo, consiste basicamente na ceifa do capim. Etapa esta realizada através de um implemento acoplado no trator composto por um conjunto de facas. Com o capim cortado, é possível iniciar o processo de secagem em campo da biomassa vegetal sob a luz solar. Para tanto, o revolvimento constante do material é crucial para acelerar o processo da desidratação, além de garantir que o procedimento seja conduzido de maneira homogênea, e que assim a planta alcance o mais breve possível o ponto ideal de umidade para a conservação. Acerca do revolvimento, este normalmente é realizado com a ajuda de um instrumento chamado de ancinho, implemento este capaz de desempenhar funções semelhantes a de um rastelo, permitindo assim a movimentação do material sobre a superfície do solo, bem como auxiliar no enleiramento da massa vegetal a ser enfardada posteriormente. Com o material seco e uma vez enleirado, ou seja, agrupado em linhas sobre a superfície, podemos iniciar o enfardamento. Este por sua vez, é realizado através de uma máquina especialmente desenvolvida para recolher o capim seco, compactá-lo e transformá-lo em fardos de tamanhos sistematizados e passíveis de serem armazenados com maior facilidade. Cuidados na produção de Feno Todas as etapas descritas anteriormente, seguindo suas respectivas especificidades, exigem muita atenção. No corte por exemplo, o produtor deve atentar-se ao período em que se deseja cortar efetivamente o capim, visto que o aspecto nutritivo da planta e sua qualidade, estão intrinsecamente relacionados ao estádio vegetativo da forragem e o nível de adubação. Outro cuidado, é acerca do período do dia em que a forragem é ceifada. Deve-se evitar ao máximo a presença de orvalho ou até mesmo ocorrência de chuva, visto que tais eventos são prejudiciais e retardam o processo em si. No mercado, podemos encontrar fardos de feno de diferentes formas e tamanhos, desde fardos retangulares a redondos. Além da praticidade quanto a armazenagem do alimento, o feno possui também a versatilidade quanto a atender diferentes categorias de animais. A silagem tem como objetivo armazenar forragem para o período de inverno sem grandes perdas nutricionais. Porém, esta técnica possui algumas exigências bem particulares. Caso haja algum erro durante o processo pode acarretar em grandes perdas do produto a ser conservado. Para suprir as principais dúvidas de como realizar uma conservação de silagem de forma adequada a Agromove conversou com o especialista Paulo Stacchini FENAÇÃO A colheita no momento certo, a secagem rápida e uniforme da forrageira, e o seu recolhimento com a umidade adequada, são condições fundamentais para a produção de feno de boa qualidade, independentemente do processo adotado. O momento ideal para o corte é aquele em que a forrageira apresenta uma elevada concentração de nutrientes, além de um bom rendimento de forragem. Isso ocorre geralmente ainda no estágio vegetativo, quando é maior a proporção de folhas, a porção mais nutritiva da planta. Ao estabelecer o manejo de corte, deve-se também levar em conta as condições que asseguram a persistência da forrageira, tais como a freqüência e a altura de corte. Na secagem ou desidratação da forragem colhida, o conteúdo de umidade da planta, em geral variando de 75% a 80% no momento do corte, deve ser reduzido para níveis inferiores a 20%, no feno. Isso implica a evaporação de grande quantidade de água, duas a três toneladas de água para cada tonelada de feno produzido, no menor tempo possível. As condições ambientais que favorecem a secagem são: dias ensolarados, pouca nebulosidade, baixa umidade relativa do ar, ocorrência de ventos e temperaturas elevadas. A taxa de secagem é favorecida pela presença de maior proporção de folhas e de caules finos. O adequado processamento da forragem, espalhamento, viragem e enleiramento, contribui para acelerar e uniformizar a desidratação da planta. Nessas condições e com tempo bom, dois ou três dias serão suficientes para se produzir um feno de boa qualidade, desde que a forrageira seja colhida no momento ideal. A ocorrência de chuva é o fator mais prejudicial à produção de feno. Resulta em maior tempo de permanência da forragem no campo, em prejuízo à qualidade do feno e em maiores riscos de perdas totais. Este fato determina a necessidade de o produtor manter-se atento à previsão do tempo e às primeiras indicações de mudanças tomar as providências adequadas para proteger o feno. A desidratação da forragem se processa até que a umidade do feno entre em equilíbrio com a umidade do ar, conforme a Tabela 1. A umidade relativa do ar varia durante o dia, sendo menor à tarde e elevada à noite, pelo que se justifica manter a forragem com baixa umidade, enleirado-a à noite e removendo as leiras durante o dia. O enleiramento durante a noite evita o reumedecimento. As folhas perdem água mais rapidamente que o caule ou partes grossas da planta, atingindo o ponto de feno primeiro. A partir deste ponto é recomendável que a forragem seja mantida enleirada, para se obter uma secagem uniforme. PONTO DO FENO O feno deve ser recolhido com menos de 20% de umidade, para sua melhor conservação. Com 20% a 30% de umidade, estará sujeito ao desenvolvimento de mofos e ao aquecimento, pelo que exigirá condições de armazenamento que favoreçam a remoção do excesso de umidade. Para averiguar se a forragem pode ser recolhida ou enfardada, recomenda-se tomar amostras em diferentes pontos das leiras e determinar a umidade residual, em fornos ou estufa, se possível, ou proceder a avaliações práticas. Sugestões práticas para se avaliar a umidade do feno: 1. Fechar com força a amostra de feno na mão; se a forrageira quebrar quase totalmente ou, ao abrir a mão, não tiver tendência a voltar à forma inicial, indica que o feno está em condições de ser enfardado. 2. Tomar alguns caules, espremendo-os entre as unhas; se não aparecer umidade, o feno poderá ser enfardado. Em gramíneas, remova a bainha (parte da folha que envolve o caule) e esprema a porção próxima ao nó. QUALIDADE DO FENO A qualidade do feno está diretamente relacionada à concentração de nutrientes nas plantas no momento do corte e às perdas ou alterações ocorridas durante o processo de fenação. A idade, associada ao desenvolvimento, é o fator responsável pelas maiores alterações na concentração de nutrientes na planta. Decréscimos acentuados ocorrem com a mudança do estádio vegetativo para o reprodutivo, pela redução na proporção de folhas, que é a porção mais nutritiva. Com a idade, a planta torna-se mais fibrosa e diminui os teores de proteína, cálcio, fósforo e sua digestibilidade, o que afeta negativamente a ingestão do feno pelos animais. A composição mineral da planta é afetada também pela fertilidade do solo e pelos níveis de adubação, o que, além da maior produção, resulta em feno de melhor qualidade. As perdas e alterações devido à fenação são causadas pela manutenção da respiração da planta após o corte, pela lixiviação de nutrientes solúveis por águas de chuvas, pela queda de folhas e fragmentação mecânica da planta,pela ineficiência das máquinas em colher e recolher toda a forragem disponível e pelo desenvolvimento de fungos e aquecimento do feno armazenado com alta umidade. A qualidade do feno pode ser apreciada visualmente, examinando-se o estádio de maturação, a quantidade de folhas, a presença de material estranho (ervas, terra etc.) e suas condições gerais, tais como cor, odor e presença de mofo. A avaliação química deve ser efetuada, na medida do possível. O teor de matéria seca é útil para predizer ou corrigir problemas de armazenamento. O teor de proteína bruta é uma boa medida da qualidade do feno, visando ao balanceamento da dieta, e o teor de fibra em detergente neutro dá indicação do consumo de feno. A Tabela 1 apresenta uma proposta da Embrapa Gado de Leite para a avaliação das principais características utilizadas na classificação de fenos de gramíneas e leguminosas, enquanto a Tabela 2 apresenta uma classificação qualitativa de classificação. PRODUÇÃO INTENSIVA - ETAPAS A produção de feno pelo processo mecanizado envolve a utilização de um conjunto completo de fenação, constituído basicamente de segadeira, ancinho e enfardadeira, acionados por trator. Além disso, requer o cultivo de forrageiras em terreno mecanizável; e mão-de-obra treinada. Assim é possível a produção de grandes quantidades de feno, com rendimento elevado e economia de mão-de-obra. As máquinas e equipamentos empregados são, em geral, de custo elevado e dispõem de alguns mecanismos complexos. Devem ser operadas por pessoal treinado, seguindo-se as especificações dos fabricantes no que se refere a ajustes, regulagens e manutenção. Uma seqüência de etapas deve ser realizada para que se consiga eficiência na produção e qualidade do material fenado. CORTE DA FORRGAEIRA · O corte deve ser efetuado sempre que possível em nível, a partir das laterais para o centro do terreno, caminhando com o trator sobre a faixa ceifada anteriormente. · Deve-se iniciar o corte o mais cedo possível, logo após a evaporação do excesso de orvalho, em dias não sujeitos a chuvas. · Aconselha-se cortar diariamente apenas a quantidade de forragem que possa ser revolvida, enleriada ou recolhida adequadamente, levando-se em conta a mão-de-obra e os recursos disponíveis. · Uma recomendação de ordem geral é ceifar pela manhã e, à tarde, revolver a forragem e recolher o feno ceifado nos dias anteriores. · É necessário manter-se atento às irregularidades do terreno; desviar a segadeira ou levantá-la pelo hidráulico, se necessário, para ultrapassar obstáculos. CORTE DE FORRAGEIRA PARA O FENO Os seguintes equipamentos são utilizados no corte da forragem para produção de feno: a) Segadeira simples: executa apenas o corte da planta, deixando-a espalhada no próprio local. É encontrada em dois tipos: · Segadeira de barra: equipamento relativamente simples, de menor custo e fácil manutenção. O sistema de corte é por navalhas serrilhadas ou lisas, com largura de corte de 1,5 a 2,0 m. Existem várias marcas e modelos disponíveis no mercado. · Segadeira circular de disco ou tambor rotativo: é eficiente para o corte de gramíneas estoloníferas ou tombadas. b) Segadeira condicionadora: equipamento de maior porte, custo e rendimento; indicada para ceifar plantas com caules espessos ou com muita umidade. A vantagem da segadeira condicionadora é executar, numa só operação, o corte e o esmagamento da planta (por meio de dois rolos compactadores), deixando a forragem disposta em leiras frouxas, o que permite maior circulação de ar. O esmagamento de caule e hastes - porções mais úmidas e de secagem mais lenta - aumenta a superfície de exposição da planta ao ar, possibilitando uma secagem mais rápida e uniforme da forragem. Disso resulta: menor tempo de secagem a campo, menores perdas e feno de melhor qualidade. Contudo, se chover, o reumedescimento da forragem é mais intenso e as perdas de nutrientes por lixiviação são maiores. c) Colheitadeira de forragem: equipamento de uso alternativo utilizados para o corte de capineiras. Dispõe, em geral, de sistema de corte por navalhas flutuantes, que provoca a fragmentação da planta, do que pode resultar maior taxa de secagem, porém sujeito a perdas elevadas. d) Ancinhos Existem dois tipos de ancinhos disponíveis no mercado, quais sejam: · Ancinho canavieiro ou estrela É um equipamento simples, de fácil operação e manutenção, de menor custo, bastante utilizado pelos produtores de feno. Características Gerais: O modelo mais comum é composto por quatro rodas, com 1,5 m de diâmetro, montadas sobre barras articuladas, uma principal e duas secundárias. As rodas são formadas por 40 a 50 hastes flexíveis de aço, dispostas em raio, tendo como elemento ativo as suas extremidades - os dedos . Características Operacionais: Funciona acoplado aos três pontos do sistema hidráulico do trator, dispensado a tomada de força. É operado por arraste. Quando tracionados, os dedos tocam a superfície do solo e as rodas giram, acompanhando as irregularidades do terreno. Pode espalhar, revolver ou enleirar o feno, mediante a inversão das barras principais e/ou secundárias, de sustentação das rodas. Isso é feito de forma rápida e simples, após erguer o ancinho pelo hidráulico do trator. Assim: · Para espalhar, posiciona-se as rodas de modo a movimentar a forragem separadamente, formando quatro pequenas leiras. Espalhar a forragem de maneira uniforme acelera a secagem. · Para revolver, posiciona-se os pares de rodas, pela inversão das barras secundárias, de modo a virar duas leiras simultaneamente. O revolvimento seca o feno uniformemente. · Para enleirar, posiciona-se as rodas em linha, de modo que o feno seja transferido de uma roda para a outra, sucessivamente, formando ao final uma leira lateralmente à esquerda. Nesta posição é possível reunir duas ou quatro pequenas leiras. · Ancinho Rotativo Características: acionado pela tomada de força do trator. Em geral é operado em maior velocidade - até 10 km/h-, e em faixas de 3 a 6 m de largura, revolvendo mais intensamente a forragem e com maior rendimento. Pode espalhar ou enleirar a forragem, dependendo do ajuste das hastes. As desvantagens são: custo mais elevado, maior número de componentes móveis e a necessidade de maior manutenção. Observações: · Manter a forragem recém-colhida no próprio local, até o emurchecimento da camada superior. · Revolver e/ou espalhar a forragem. Considerações importantes: - Deve-se usar o ancinho expondo ao sol o material mais úmido, situado próximo ao solo. - Em condições favoráveis, revolver à tarde a forragem ceifada pela manhã, e pela manhã a forragem ceifada na tarde do dia anterior. ENLEIRAMENTO O que é? · Deve ser realizado quando as folhas atingirem o ponto de feno, formando-se leiras uniformes, em nível e da mesma largura da enfardadeira, para facilitar o recolhimento. · A distância entre leiras dependerá da quantidade de forragem existente. · A forragem deve ser revolvida ou enleirada na sua totalidade e de forma suave, de modo a causar menores perdas no campo, principalmente de folhas. · Deve-se evitar que os dedos do ancinho escavem o solo, para não sujar o feno com terra. · O enleiramento diminui a exposição direta da forragem aos raios solares, dando um feno de coloração verde mais intensa. Além disso, contribui para que a planta seque uniformemente; reduz as perdas de folhas, especialmente de leguminosas forrageiras; contribui para menor reumedecimento do feno e para menor lixiviação de nutrientes, caso ocorra chuvas; e resulta em feno de melhor qualidade. · A velocidade e a largura da faixa de trabalho do ancinho depende do tipo de operação e da resistência oferecida pela forragem. Maior esforço é exigido pela forragem úmida ou em grande quantidade, devendo, nestes casos, operar em baixa velocidade e em faixas mais estreitas. · Caso a forragem seja reumedecida por chuva ou orvalho intensos, deve-se aguardar a evaporação do excesso de umidade do material e do próprio solo, e só então espalhar ou a virar a leira. Usando o ancinho,revolve-se as leiras, mudando-as de lugar duas vezes ao dia, até secar por completo. Na impossibilidade de se completar a secagem, inviabilizando a produção de feno, com perdas totais, é necessário remover a forragem do campo, para não prejudicar a rebrotação do pasto. O material poderá ser aproveitado como piso para animais em confinamento ou para a produção de composto orgânico. ENFARDAMENTO Depois de seco, o feno deve ser removido do campo o mais rápido possível. Para isso, são utilizados equipamentos denominados enfardadeiras, que recolhem o material diretamente das leiras e produzem fardos de alta densidade, o que facilita o manuseio, o transporte e o armazenamento do feno.(bom exemplo de texto didático) Principais tipos de enfardadeiras: a) Enfardadeira Automática de Fardo Retangular Características Técnicas Operacionais: - Engate no terceiro ponto do trator. - Acionamento pela tomada de força, por meio de sistema de transmissão com juntas universais. - Potência requerida na tomada de força: acima de 25 HP e 540 rpm; velocidade de trabalho: 4 a 10 km/h. - Rendimento: até 400 fardos por hora, com peso entre 12 a 25 kg. - Recolhedor frontal de feno, com 1,4 a 2,8 m de largura, e altura ajustável. - Rosca sem fim ou garfos alimentadores, que transportam o feno do recolhedor ao interior da câmara de enfardamento. - Câmara de enfardamento com 30a 35 cm de altura, 40a 50 cm de largura e 120a 130 cm de comprimento, no interior da qual se move um pistão que atua comprimindo o fardo de feno. - Mecanismo automático de amarração do fardo, com dois cordões, formado por duas agulhas e nosadores. - Contador automático de fardos. b) Enfardadeira de Fardos Cilíndricos ou Rolões Recolhe o feno diretamente das leiras e produz fardos cilíndricos ou rolões, com 1,5 m de comprimento e até 1,8 m de diâmetro e peso de 300 a 500 kg. O rendimento é de até 8 t/h. Características Técnicas e Operacionais: - Acionada pela tomada de força e sistema hidráulico do trator; conjunto recolhedor, com regulagem de altura. - Compactador ou prensa, constituído de rolos compactadores reguláveis, correias planas e molas tensionadoras. - Amarrador com corda de sisal. - Descarregador com abertura por cilindros hidráulicos. Esse tipo de equipamento é pouco disponível no mercado nacional. Parte superior do formulário Parte inferior do formulário Topo