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Juan Luis ----- • ------------------ ~~--_.. , ascaro (org) sa edição . .... . .. . • • ., • • • 1 • • • • I Juan Luis Mascaró sa edição Porto Alegre, 201 O a a: o f- I.. f o LJJ D\t M \1 l ~ H ' \ \ { \ o \ t ~..A qu tr dit t\ p\: 1• M d > 11 tl n, 40 ~ F t to Alt'qr .. -R_ 1 J ... 1 ._. r n F\ t • ( 1) 1 ) ) b o 1) H G 7 i ti( na Bru )dtli ""' Projeto Gráfico Ale andre Si•nõe Petty luise Martins da Silva Dados internacionais de Catulogação na Publicélçao (CIP) M395c Mascaró,.Juan Luis O custo das decisões arquitetônicas I Juan Luis Mascaró - sa ed. - Porto Alegre- Masquatro Editora, 201 O. 192 P ISBN 978-85-99897-06-5 , l. Custos da construçao . 2. Projeto arquitetônico - Custos. 3. Arqu itetura- Decisões- Aspectos econônlicos. t. Titulo CDU 69.003.12 E proibida a reprodução total ou mesmo parcial desta obra sem o consentimento prévio do Editor. • SUMÁRIO , PRO LOGO DA QUARTA EDIÇÃO.......................................... 7 3.2 Variação do custo dos ambientes em função de suas formas ................................................................. 61 - lNTRODUÇAO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . g • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 3.3 Variação do custo em função das variações de comprimento e largura da planta ............................... 63 1. ASPECTOS HlSTÓRICOS ...................................................... 13 3.3.1 Variação do comprimento ................................... 63 . 3.3.2 Variação na largura ............................................. 65 2_ CONCEITOS GERAIS ......................................................... 35 3.3.3 Algumas conclusões a partir da combinação de 2.1 Estrutura conceitual geométrica de um edifício ........... 35 variações nas dimensões da pfanta ..................... 66 2.2 Elementos Básicos de um edifício ................................. 39 3.3.4 lei da forma .. ............ .. ...... /1> ••••••••••••••••• _ •••••••••••••••••• 70 2.3 Análise do custo dos componentes de um edifício ....... 41 , 3.4 Areas e suas relações geométricas otimizadas nas 2.4 Lei do tamanho nas edificações ................................. .. 47 plantas ........................................................................ lO , 3.4.1 Areas mínimas para cada função ...... ...... ............ 70 3. \NFLUÊNClA DA FORMA DA PLANTA E DA ÁREA NO 3.4.2 Relações entre as áreas das unidades J CUSTO TOTAL DO EDIFÍCI0 ..................................................... 49 h b" . . a ltactonals ·······-··························· ·· .. ······· .. ········72 3.1 Variação do custo do edifício em função da sua 3.4.3 Superposição de funções nas habitações .............. 72 fornna ................................................. 50 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 3.4.4 Relações geométricas dentro do prédro ............... 73 3. 1 .'1 Aspectos teóricos ........................................ · .... · .. ·. 50 3.1 .2 O índice de compacidade ..................................... 53 4. INFLUÊNCIA DA VARIAÇÃO DA ALTURA DO EDIFÍCIO NOS 3.1 .~ Algun1as int rpretaçôes irnportantes do índice de SEUS CUSTOS ........................... , .......................................... , ......... 77 com pacidatle ..................................... · .. · · ·. · · · ·. ·. · · · · · 60 4.1 Introdução ............................................... ~ ................. ,77 4.2 Variação do custo de construção da estrutura 5.1 .3.2 Influência térmica dos isolantes ......................... 125 resistente em função da altura .................................. 80 5.1.3.3. Influência econômica do isolamento térmíco ..... 127 4.2.1 Variações do custo dos pilares e paredes 5.1.3.4 Influência energética do isolamento térmico ...... 128 portantes ............................................................ 80 5.1.3.5 Influência do isolamento térmico no conforto ....... 130 4.2.2 Outros aspectos econômicos da estrutura 5 2 Sacadas ..... ................................................. 131 . . .............. . resistente ............................................................ 88 5.3 Aberturas .................................................................. 135 4.3 Var\ação do custo de construção segundo o tipo de 5.3.1 Portas ................................................................. 135 função ....................................................................... 91 5.3.2 Janelas ............................................................... 136 4.3.1 Fundação direta ................................................. 93 5.4 Pisos e Revestimentos ................................................ 137 4.3.2 Fundação indireta .............................................. 95 5.4.1 Pisos interiores ................................................... 137 4.4 Variação do custo de construção pelo aumento da 5.4.2 Revestimento e pintura de paredes interiores .... 138 quantidade de fachadas ............................................ 98 5.4.3 Revestimento e pinturas de paredes exteriores .. 138 4 .5 Aumento do custo financeiro em função da altura ... 101 4 .6 Variação do custo total do edifício por outras causas . 1 03 4. 7 Conjunto das variações de custo ............................... 11 O 6 CI R cu LAÇA- o ...................... 141 . . ............................................... . 6 1 Corredores .................... 141 • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • • 4.8 A tucratividade das obras ............. .. ............. ...... ........ 115 4.8.1 Maximização da lucratividade ............................ 116 6.1 .1 Aspectos gerais .................................................. 141 6 .1 .2 Tipos de corredores ............................................ 142 5. COMPONENTES DOS EDIFÍCIOS E SEUS CUSTOS .............. 119 5.1 Coberturas e paredes ................................................ 119 5.1.1 Custo das coberturas .......................................... 119 5.1.2 Custo das paredes .............................. ...... ..... ..... 120 5.1.3 O envo\vente dos edifidos e seu isolamento térmico .... . ... . .. ........ ... .. .. 123 . . .................................. . 6 2 Elevadores ..................... 145 • • ••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••••• 6 .2.1 Aspectos gerais .................................................. 145 6.2 .2 Custo em relação a t1pos de elevadores ............. 146 6.2.3 Participação das partes dos custos dos . 151 elevadores .......................................................... . 5.1.3 .1 Conceltos básicos ....................................... 123 6.2.4 Os custos dos elevadores em relação à tipologla d d'f ' . . ............ 153 Os e I I C I Os ..•........... . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . ... . 6.2.5 Economia de elevadores e tipo,ogias de d'f . e I tCIOS ................................................ · ............... 154 7. TlPOLOG\AS HAB\TACIONAlS- CUSTOS E HABITABILIDADE ... 157 7.1 Aspectos Gerais ...... o .............................. o ....... o ... o ... o ... 157 7 .2 Análise dos tipos de edifícios residenciais ................. 161 7 .2.1 Edifício (quase) quadrado .................................. 161 7 .2.2 Edifício laminar .................................................. 161 7 .2.2.1 Edifício laminar com corredor lateral ......... 167 7 .2.2.2 Edifício laminar com apartamentos em mais de um pavimento .......................................... .... ..... 171 7 .2.3 As Formas Abertas ................ 00 ....................... ..... 173 • 8. AVALIAÇÕES ECONÔMICAS SIMPLIFICADAS .................... 177 8.1 Avaliação simplificada do custo de uma edificação ... 177 802 Avaliação econômica de estruturas ........ 00 ................. 180 , 803 I ndicede eficiência econômica de projeto ................ 181 804 Organização da produção .......... 00 o .... o• ...................... 182 8.4.1 Comparação de sistemas construtivos .............. . 182 8.4.2 Determinação aproximada do tamanho das equipes que devem executar a obra e dos custos dos equipamentos .. .............. .. ........... ... ........... 184 8.3.3 Avaliação simplificada do avanço de uma obra .... 185 8.5 Estimativa do preço normal de venda e outros valores de interesse comercia f ............ 00 ................... 187 BIBLIOGRAFIA . .. ..... .... ·· ········ ........ o ••••••••••• 189 . . . . . . . . .. . . . . . . . . . . . . . . . • Uma diferença já incorporada na quarta edição é 0 conceito de "perímetro econômico" no índice de com- pacidade, que permite incluir o custo das arestas, o que faz que este indicador esteja muito mais próximo da realidade e seja mais prático. Entretanto, a maior diferença nestas duas últimas edições em relação ás anteriores é a incorporação de diversas obras, particularmente algumas conhecidas como paradigmáticas da arquitetura moderna, para explicar os diferentes conceitos de economia da arqui- tetura no decorrer dos diferentes capítulos. Nas edições anteriores a maioria das ob~as ~stava ~o final. Sua análise somente quantitativa preJu- anexo . · d"f" dicava a avaliação do ponto de vista qualitatiVO, . I •- cultando de alguma forma a aplicação dos conceitos econômicos desenvolvidos no livro. Nestas edições obras de le Corbusier, Mies van Der Rohe, Alva r Aalto, Richard Neutra, entre outros gran- des mestres da arquitetura, são analisados no decorrer dos capítulos. Finalmente, nesta edição a grande novidade é o de- senvolvimento do índice de eficiência econômica do projeto, que nas suas diferentes versões - da mais simples a mais elaborada e complexa permite resumir num indicar só todos os custos erros econômicos da geometria do projeto. Porto Alegre, maio de 201 O 7 --w ----• o ---=- - _.:ew<.- .... = 11 9 INTRODUÇÃO En1bora gera,n1et1te se conheça muito pouco a res- peito das relações entre as decisões de projeto e o custo total do edifício, elas existem e são muito claras. En1 momentos como o atual, os produtos são reavaliados sob diversos pontos de vista, tornando-se indispensável analisar os aspectos econômicos das decisões arquitetônicas, bem como sua influência no custo do produto final: os edifícios. Parece-nos não só oportuno, mas também muito adequado, já que tem sido uma característica dos países em vias de desenvolvimento, pensar seriamente em refor- mular critérios e programas em voga nos momentos mais críticos da sua história sócio-econômica, talvez justamente obrigado pelas limitações econômicas que caracterizam as crises (apesar de elas sempre existiren'l). A grande diferença não está na ausência de limita- ções, mas na forma e intensidade com que efas se apresentam, além das considerações que merecem de nós e da maneira que nos afetam. Essas situações conjunturais nos permitem novas abordagens de temas tradicionais, oferecendo a possibilidade de estudá--los e, por quê não, de que sejam aceitas no- vas propostas realizadas, nem sempre novas, mas, sobretudo, oportunas. Assim, delineados os porquês, passaremos a realizar a análise proposta, com a intenção de auxiliar o trabalho criativo dos projetistas e nunca de limitá-lo. Em consequência do habitual desconhecimento da influência relativa de cada uma das variáveis no custo 9 total da obra, quando, como é frequente, nos depa- rarnos cotn limitações orçamentárias muito grandes, in1ediatamente tratamos de limitar e economizar to- dos os itens possiveis, resultando, muitas vezes, perdas de qualidade sensivelmente mais significativas que a economia obtida, diminuindo, ao invés de aumentar, a relação qualidade-custo. O arquiteto acha-se impossibilitado de controlar economicamente cada uma das decisões do projeto porque desconhece não apenas sua influência no custo total, mas também suas inter-relações. Não pode, por exemplo, comparar economicamente, de forma simples, duas alternativas muito comuns para edifícios de vários andares em altura, como o uso de um corredor para acesso às unidades de habitação, empregando um vestíbulo de distribuição central com outro edifício que tenha unidades habitacionais equivalentes, mas com várias colunas de circulação vertical, de forma que se elimine o corredor interior. Com o conhecimento convencional de custos, isso só pode ser feito pela comparação final dos orçamentos completos dos dois projetos. Essa análise requer um processo muito trabalhoso e pressupõe a existência de projetos completos ou, pelo menos, de anteproje- tos detalhados para que se possa realizar o cômputo métrico e o orçamento das duas alternativas. Se usás- semos esse procedimento para cada •Jma das decisões arquitetônicas adotadas, o método seria muito lento e, o que é pior, limitado, porque permitiria compa- rar, de cada vez, apenas duas alternativas de seleção para determinada parte ou função do edifício. E se existissem mais de duas alternativas? E quando, no contexto de alguma delas, existissem variantes ou combinações (o que é muito frequente na arquitetura) das alternativas básicas? A comparação de projetos alternativos por meio de orçamentos completos apresenta-se não só tra- balhosa mas também insuficiente. Para avaliar as decisões de projeto do ponto de vista econômico, devemos usar uma metodologia que nos permita analisá-la uma a uma, à medida que vão sendo adotadas . O mais adequado, para isso, consiste O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNI CAS em dividir o edifício em elementos e partes funcio- nais, estudando os custo relativos de cada parte e, comprando·os, tomar consciência dos prováveis custos de cada alternativa. Aparecem três leis eco- nôrnicas que condicionam as decisões geométricas dos arquitetos e que serão estudadas no presente livro, elas são: - Lei do tamanho (dos espaços e volumes) - Lei da forma (dos espaços e volumes) - lei da altura (dos espaços e volumes) Num projeto qualquer o arquiteto toma permanen- temente decisões que se regem por uma, duas, ou como na maioria dos casos, as três leis em forma combinada. O custo, desde o ponto de vista geométrico, depende de como essas leis interagem entre si, podendo, assim, dizer: A cada traço um custo. O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITEfÓNICAS Capítulo 1 ASPECTOS Sempre existiu uma estreita relação entre a história geral do homem e seu progresso técnico-econômico. O Im- pério Romano, por exemplo, baseou-se nas descobertas de seus engenheiros, incluindo os construtores de estra- das, tanto quanto nos mais abstratos conceitos de lei e dever. A expansão da Europa no século XVI dependeu da existência de novos meios para cruzar os oceanos, bem como da vontade de fazê-lo. No mesmo sentido, as mudanças políticas, muito rápidas e numerosas nesse século, participaram de forma determinante na evolução tecno\ógica-econômica e foram influenciadas por ela. o uso racional das formas e materiai de construção tem sido uma das características mais importantes dos edifícios e dos assentamentos vernaculares, geralmen- ,.. . te produzidos em situações de escassez ec?n?mrca, na qual a necessidade de sobreviver e de ot1m1zar ao máximo os recursos disponíveis era tão grande que exercia forte influência nas decisões arquitetonicas. ASPE CTO S HI STÓ RI CO S HISTÓRICOS O de~erdício não formava parte da tradição dessas culturas, gue deixaram exemplos paradigmátícos de edificações economicamente corretas, (fig. 1.1 ). Figura 1. 1: Povoado sobre palafitas com habitações de seçao og1val, galeria e passarela frontal. Ilhas lidei almirantazgo'', Mefanesia. Fonte: CORNOLDI & LOS, 1982. 1 3 Esse período é urn dos momentos em que a arquitetu- ra pode ser considerada como veículo de implicações técnicas,emblemática de sua época. A relação entre a arquitetura e as inovações técnicas é integrada, re- presentativa dos valores que estruturam a realidade da época e capaz de produzir signos representativos de tais valores. Tanto do ponto de vista econômico como técnico, . ....... ~ é possível afirmar que o pedreiro foi o artesão da edificação mais importante .da época. Seu trabalho exemplifica bem a organização da edificação. Descre- veremos o caso da Inglaterra: en1bora o gótico tivesse chegado tardiamente, já no século XIV se trabalhava com todos os tipos de pedras inglesas. Para poupar o difícil transporte da época, a pedra era lavrada na pedreira, sempre que possível, a qual era o lugar de aprendizado habitual dos pedreiros e, inclusive, dos mestres-de-obras, os quais trabalhavam junto aos homens que supervisionavam. Havia três categorias de operários: os "free masons", capacitados para trabalhar a pedra, especialmente arenosa e calcária, que podia ser cortada em qualquer direção; os "rough- masons", que enquadravam a pedra e faziam cortes retos; e os serventes, que a carregavam. Assim, por 14 exemplo, para levantar materiais pesados, era usada uma simples cábrea com uma pofé fixa e um torno enquanto andaimes consistiam somente em madei- ras amarradas e vigas apoiadas em buracos feitos na parede (fig . 1.2). Os pedreiros, canteiros e carpinteiros que acompanha- vam os cruzados constituíam uma espécie de enge- nheiros militares que se encarregavam da construção de pontes, templos e fortificações e que usavam uma geometria própria do corte de pedras na estereotomia, a qual fundamenta a técnica de construção das igrejas góticas. Eram artesãos itinerantes que projetavam, construíam e executavam trabalhos de manutenção e reparo, manejavam a aritmética e a geometria, podiam desenhar plantas e cortes. Isso explica a unidade de pensamento e ação materializada na arquitetura e na ·relação inovação/produção, cuja figura típica é Villard de Honnecourt. Na história da economia aparece um grande intervalo entre o frutífero século XIII e a introdução da imprensa de tipos móveis, por exemplo. Na verdade, trata-se de un1 intervalo só em aparência, porque as idéias e téc- nicas continuaram a se desenvolver. Mas os cem anos transcorridos entre 1350 e 1440 apresentaram poucos capít ulo 1 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS Figura 1.2: Edifício eclesiástico em construção, de uma miniatura de 1460. Fonte: Derry & Williams, 1987 · desenvolvimentos técnicos importantes; o ritmo de mudança econômica foi mais lento que antes de 1350 e ainda mais lento do que seria depois de 1450. A organização corporativa funcionou vantajosamente, de fato, na fase da expansão da economia medieval, quando o desenvolvimento produtivo proporcionava um objetivo comum a todos os grupos empenhados na corporação, inclusive o combate conjunto para tirar o poder político das hierarquias feudais. 1 Po .s- A Europa começou a se recuperar do geríodo de deca_dência,e essa recuperação foi mais notável na Itália, onde surgiu com marcante predominância no comércio. As fábricas de tecidos de Flandres e as ex- portações de lã da Inglaterra eram controladas por comerciantes e banqueiros italianos. A crescente riqueza das cidades do norte italiano, onde os comerciantes moravam (especialmente Florença), deram um vigoroso estímulo ao desenvolvimento das belas artes e da engenharia. Executaram-se nu- merosas construções~ incluindo canais, drenagens, portos e fortificações, além de edificações. [)Je_sse am- biente desenvolveram-se as matemáticas e os estudos acadêmicos sobre arquitetura. Grandes esforços foram dedicados à compreensão das civilizações antigas de 1 5 O CUSTO DA) DECISOES ARQUITETÔNICAS gregos e ron1anos, fatos irnportantes para a enge- nharia e as artes gráficas (já que gregos e romanos deixaran1 considerável literatura). A segunda metade do século XVI, especialmente na \tália, assiste um grande aumento dos livros técni- cosJ que eram de caráter prático e ofereciam grande variedade de projetos para aumentar eficiência do trabalho manual ou para substituí-lo por energia mecânica. Entretanto, não avançaram além dos tem- po helenísticos: no conjunto, seus dispositivos eram primitivos exercícios iniciais de n1ecanização. Não se tentou mecanizar a produção talvez porque, com os grêmios ainda vigentes, era impossível convertê-la em realidade. Mecanizar a produção significava dividir o trabalho em operações componentes, fato estranho para a organização gremial. Seria preciso mudar a relações de produção para poder mudar as formas de produção. Essa mudança se anuncia através de alguns acontecimentos relevantes da época, tais como decompor elementos complexo em suas partes para logo uni-los numa mesma resultante: caso do para- lelogramo de forças. O período mais importante, deste ponto de vista, foi 0 transcorrido durante o século XVII e começo do século 1 6 XVIII. Foi predominantemente, durante esse período que grupos de artesãos foram reunidos em oficinas, constituindo o início da produção fabril, que mais -tarde foi chamada de manufatureira. Esta situação refletia a ''evidente necessidade econômica" de org~ nizar a produsão sobre bases mais "racionais" que as utilizadas anteriormente, em resposta às crescentes possibilidades comerciais que se abriram. No curso de uma geração, os grêmios tinham sido debilitados, os monopólios comerciais derrotados e os impostos reduzidos, assim como os lucros. A acumu- lação de capital e sua disponibilidade internacional, assim como o impulso dado ao comércio internacional foram fatores importantes para o desenvolvimento da tecnologia, junto com o sistema de leis sobre patentes em diferentes países. As corporações de ofício foram extintas. legalmente. a partir do século XVIII. As formulações políticas em . b sia manu a vêm ao encontro dos tnteresses da urgue d se . . - d m mercado on e turetra para a caractenzaçao eu . para . , b Jh " Era preCiso. negociava a mercadona tra a 0 · zação .d ela organr tanto, romper os entraves mantt 05 P . eraçao . tânc•a a suP gremial. Assumern grande tmpor caP'tulo 1 "' O cUSTO DAS DECISÕES ARQUIT ETO NI CAS histórica da organização corporativa do trabalho, ass\m como as novas maneiras de transmissão do conhecimento técnico, que rompem a disciplina e os segredos corporativos. Se olharmos o sécu\o XlX tentando identificar as pecu- \iaridades da época, a primeira coisa que observamos é a nova paisagem a\tamente desenvolvida e dinâmica, onde tem \ugar a experiência moderna. Trata-se de uma paisagem de engenhos a vapor, fábricas meca- nizadas, ferrovias, amplas zonas industriais, prolíferas cidades que cresceram rapidamente, nem sempre com consequências favoráveis para o ser humano; jornais, diários, telégrafos, telefones e outros instrumentos de "mídia" que se comunicam em escala cada vez maior; Estados nacionais cada vez mais fortes; movimentos sociais de massa que lutam contra as modernizações impostas de cima para baixo, contando só com seus meios de modernização de baixo para cima; um mer- cado mundial que tudo abrange, em crescente expan- são, capaz de um terrível desperdício e devastação, capaz de tudo exceto solidez e estabilidade. Todos os grandes modernistas do século XIX atacaram esse an1biente con1 paixão, embora se sentissem à vontade em meio a tudo isso, senstveis às novas pos- ASPECTOS HISTÓRlCOS sibilidades, positivos ainda em suas negaçoes radicais, irônicos nos seus momentos de maior seriedade e profundidade. A tendência arquitetônica que coincide com a difu- são do concreto armado é o "protorracionaHsmo", que aproveita as possibilidades dos materiais para conseguir seu programa de simplificação e de máxi- ma eco_nomia, marcado por orientações de natureza estética e sociológica. Pode ser considerado como um estilo fundamentalmente reducionista. Herdou a redução das arquiteturas a construção própriadas realizações dos engenheiros do século XIX, em cuja li- nha está Perret; a redução estilística do "Art Nouveau", cuja contribuição é a tendência que acaba na "obs- tinação"; a redução "econômica" de todos os estilos precedentes, do neoclássico em diante, acrescentando motiv_ações sócio-produtivas e estético-psicológicas. A matar parte da produção deste período já não vê a beleza do ~xemplar isolado, mas como um ato que leva e~ consideração "outras coisas": loos afirma que a arquitetura se extrapola do campo da arte desde que assu~e uma função prática; o objetivo de Perret é a quah.dade da construção; Garnier tenta enquadrar a arquitetura na urbanística; Behrens tenta, entre outras 1 7 , · , ar ·teto" nica à edificação tndustnal. forma arqut O final do século X\X e o inicio do XX foram carac- terizados por forte especulação imobiliária. As ~ovas torças econômicas que controlavam a ~orma~ao da odade tinham como única fina \idade o 1nvestHnento , . de capitais com lucros os mais elevados poss1ve1s, ~ obt\dos através da utilização máxima das áreas e to- ta\ \\berdade em responder a normas ou obrigações de qualquer tipo. O problema aparente frequente- mente era resolvido mediante um pacto tácito, no qua\ o investidor aceitava a\gumas imposições (por exemplo, sobre o alinhamento das ruas) em troca de altos índices de construção, muitas vezes chegando a ser autêntico índices de aproveitamento intensivo do solo urbano . Em Nova York, por exemplo, em 1879, o projeto vencedor de um concurso de uma habitação modelo responde ao máximo benefício de construtor em detrimento das condições de higiene. Segundo esse modelo (fig. 1.3), nos anos sucessivos foram construídos quarteirões inteiros com edifícios de 5 a 6 pavimentos, sem preocupações mínimas com a insolação ou a ventilação, mas o lucro máximo (CAMBI et ai, 1992). 1 8 Figura 1.3: Zona de especulação imobiliária, com apartamentos tipo "Dumbell" em Nova Iorque. Fonte; CAMBI et ai, 1992. " I, tica ' . , ,, nua ts No fmal do seculo XIX aparece a ma ""nuais em me( tratados que tendem a se converterem 1 ; 55 [1o, , . -o e transn , tecnrcos e práticas de fácil compreensa _ ·sten,a .. I (nao 51 dos quais fizeram parte, de forma casua - exernP1°· . ) . mo por tlca , alguns aspectos econôm1cos co ' O CUSTO DAS DECISÓES ARQUITETÔNICAS a proposta de habitações de cinco pavimentos como sendo as mais econômicas paraconstruir em terrenos urbanos de preço e\evado (Boldi, 191 O). Entre os arquitetos que trabalhavam na Europa antes dos anos 20, manifestava-se a tendência mundial de renovação da atividade profissional que não somente seguia o desenvolvimento tecnológico e econômico, mas também estava vinculada a ação política. Para e\es, além de julgar o que tinha sido construído, deve- ria ser estudada, também, a composição construtiva, ou seja, se os materiais escolhidos correspondiam à hipótese da máxima poupança e do mínimo desper- dício; se foram usados os avanços tecnológicos e quais foram as consequências financeiras produzidas. Enfim, se o projeto do edifício satisfazia às exigên- cias sociais e financeiras daqueles que o habitariam (TAUT, 1914). Habitação é o tema ao qual se dedicam importantes arquitetos na primeira metade do século XX, motiva- dos pela situação criada com a Primeira Guerra Mun- dial, caracterizadas pelos danos físicos à edificação, pela extensão das contradições (derivadas das neces- sidades de desenvolvimento) e pela reestruturação urbana, assim como pela necessidade de alojamento ' ASPECTOS HISTORICOS em constante aumento como consequéncia da ace- lerada urbanização. No concurso para Spandau-Haselhorst (1920) surge o tipo da casa de vários andares em forma de lâmina, já concebido nas pesquisas de Walter Gropius e Mareei Breuer e que, mais tarde, se transformaria nos con- juntos residenciais de baixo custo, característicos do pós-guerra. Gropius apresenta para o concurso dife- rentes projetos com diversas tipologias: casas baixas, médias e altas (fig. 1.4), com o objetivo de verificar e comparar a eficiência de cada uma, chegando a demonstrar que as melhores condições do ponto de vista econômico, higiênico e urbanístico se obtinham utilizando blocos de 12 pavimentos ao invés dos de 2 e 5 andares. Em 1928, Mies Van der Rohe dirige a realização da exposição intitulada Weissenholsedlung e convida a participar os arquitetos da vanguarda européia. Mies assume o bloco em linha de quatro andares com escada lateral que serve a duas habitações por andar e inaugura o uso da estrutura de aço, que lhe permite reduzir ao máximo o tamanho dos pilares ao longo das paredes no interior dos espa- 1 9 ' , -l - ES ARQUITETÔNI CAS O CUSTO DAS DECISO .. t 1 r ,,,, f • ... • .....-. .......... t • ~~' """'""!~ """"""'.....,..__, ...,.._ ,........_., l I f Figura 1.4: Walter Gropius: elementos do concurso para o bairro de Spandau-Haselhorst, Berlim, 1929. Fonte: BATT\STl, 1980. .... . I 1 ços habitáveis . Com a rígida estereotomia definida pela estrutura metálica, os carpas da escada e das paredes de divisão entre os corpos da alvenaria contíguos desenvolvem uma ampla experiência bilidade in-distributiva para demonstrar a adapta aços . enta terr terior (fig. 1.5) . O últ1mo andar apres to ;m- 20 • . s aspec parcialmente cobertos por marqurse ' biental · d nforto am portante do ponto de vasta o co ' t ulo 1 cap• __ ,f ,, f • • O CU TO f)AS Dt:C ISOl:S ARQU ITI r 0N ICAS - .. • f • ' • ' I " I • Figura 1.5: Weissenhofsiedlung, Stuttgart, 1927. Implantação original, plantas baixas e vista, arquiteto Mies Van der Rohe. 2 1 ASPECTOS HISTÓRICOS o O <. US1 0 DAS DEC ISÕES ARQU ITETÕNICAS ' ;r.· .. ~·· ~~· \. \ • • ~ --~ Figura 1.6: Cas Dr. Curutthet, do arquiteto Le Corbusier, na cidadE? de La Plata, Argentina. 22 O U TO DA DEC tSó r S AH QU 11t; 1 ÓNI CAS por prot ger un1a das superfície n1ais expostas do edifício. le Corbusier, com sua habitaçao em altura, dispõe de · ~ " , . un1a ocasrao para por en1 prattca e fazer de dornínio público os "cinco pontos" anunciados no ano anterior: uso dos pilotis, cobertura-jardim, planta livre, janela alongada e fachada livre. Entre outros princípios e através da aplicação destes, é proposto conseguir a melhor iluminação de cada ambiente, reduzindo ao , . m1n1mo as zonas de sombra e permitindo o máximo de exposição ao sol em relação a seu movimento apa- rente, não dispor unicamente da janela alongada, mas também dos fechamentos contínuos de vidro (fig. 1.6). Os Congressos CIAM incorporam oficialmente os as- pectos econôrnicos da construção à temática oficial. No Congresso de Bruxelas analisam-se os "métodos da construção racional", considerando, sob este título, não somente os dados técnicos da construção propria- mente dita (o edifício considerado isoladamente), mas os dados técnico-econômicos da edificação de novos conjuntos mais convenientes dos diferentes edifícios. Le Corbusier, que no Congresso expõe 17 tabelas de "la ville radieuse" (1964), relaciona os três "momen- ASPECTOS HISTORICOS tos" entre si: o crescirnen to das intervenções polariza .. se errl relação à escolha do tipo mais conveniente de edifício (habitações altas, médias ou baixas) para os novos bairros econômicos. A conveniência depende dos custos, mas também está relacionada com aspec- tos (ou valorações) sociológicas e higiênicas (AYMO- NINO, cit). Kaufmann e Bóhrn declararam, na sua aná- lise comparada das tipologias construtivas, que seria útil prescindir de todas as propostas que apresentam algum problema de insolação e ventilação, com a qual Gropius concorda e acrescenta a definição do racional como mais econômico, considerando prio- ritariamente as necessidades psicológicas e socjais, além das econômicas. Baseando-se nestes critérios e levando em consideração os resultados obtidos no ano anterior com o CIAM de Frankfurtem 1929 (que fixa o nível mínimo vital entre 40m 2 a 42m 2, para 4-5 camas como padrão agregativo-compositivo), os debates tendem a definir as tipologias de edifíc1os (habitações em fita), propondo-se, para o bloco de apartamentos para aluguel, o tipo de edifício com corredor como sendo o mais econômjco, para 12 a 14 pavimentos, pela pequena incidência de escadas e elevadores (AYMONJNO, 1976). Superam-se as , . Jimitações estabelecidas pelas normas t~cn1c~s cons- trutivas, particularmente aquelas relativas a altura 23 z:; - • • O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS máxima dos edifícios, por serem um anacronismo em relação aos esboços econômico-distributivos (os edi- fícios laminares de dez andares considerados como ótimos) ou mais estrita. mente técnicos (estruturas em aço e concreto armado). Os temas econômicos discutidos em Frankfurt e em Bruxelas permaneceram invariáveis durante os 30 anos sucessivos. Ainda hoje se discute qual seria a solução adequada para a inter-relação das decisões econômicas com as técnico-arquitetônicas. Não foram construídos em quantidades significativas protótipos ótimos ou produções massivas de mo- delos experimentais. Pelo contrário, difundiu-se a solução "média" (edifícios de 4 a 5 pavimentos com dois apartamentos por núcleo de escada) que tinha sido a mais criticada nos Congressos CIAM; provável (e curiosamente), por motivos diferentes em cada país, essa solução tem correspondido a exigência genéricas de economia (materiais tradicio- nais, fracionamento da produção e outras razões) e de sociabilidade (nem individual nem coletiva) que tem caracterizado a proposta l/média" dada ao problema de habitação após os debates e tentativas dos anos 20. 24 , Figura 1.7: " Rua corredor" proposta para os "redents", Le Corbusier. Fonte: CORNOLDI & LOS, 1982. capítulo 1 O "US f O DA DEC I ()~ AH Q UII [ f Ó NI CA No lU 01 gr ,..o lntern cion( I d Arquit t urd Moderna r lizad n1 Fr nkfurt, n1 1929, nun1erosos tr ba- lhos ap1eset1t dos e11focan1 aspectos econômicos da dific ão. Ernst May (1929) questiona o preconceito e istente sobre habitações pequenas, fundamentado em preocupações econômicas (quanto maior é o espaço da habitação, n1aior é o seu preço unitário, dificultando sua possibilidade de aluguel) e, também, em aspectos de caráter higiênico e psicológico. Sua proposta é construir habitações pequenas, sadias e habitáveis, com a\uguel acessível. Ou seja, habitações para o "mínimo nivel de vida" e que satisfaçam as necessidades de · grande parcela da população, assim como aplicar todas as medidas de organização e racionalização técnica e, paralelamente, reduzir a taxa de juros dos empréstimos hipotecários. Uma posição que hoje continua vigente. Já Wa\ter Gropius (1929), apesar de desenvolver o f undamento sociológico da habitação mínima, tam-,.. . bém realiza considerações sobre aspectos economl- cos. Lembra que os higienistas têm constatado que o homem, provido das melhores possibilidades de ventilação e de iluminação natural, precisa - do ponto de vista biológico - de somente uma reduzida quan- tidade de espaço habitável, particularmente se suas instalações estão bern organizadas. Fornecer Juz n - tural, sol, ar e calor é cientificamente mais importante e economicamente mais barato (com o preço da terra normal) que aumentar o espaço. Então, a regra deve ser: aumentar as janelas, diminuir o espaço. Afirma ser sadia a tendência de controlar a densidade das cidades, pois pode ser regulada a densidade de um bairro sem limitar a altura dos edifícios, estabelecendo uma relação quantitativa entre superfície habitável ou volume construído e a superfície edificável. Realiza uma comparação entre construções de blocos para- lelos alternados em fileiras orientadas norte-sul com diferentes números de pavimentos (2 a 1 O} com as seguintes conclusões (fig. 1.8): • Adotando a mesma superfície edificável e o mesmo ângulo de incidência solar, ou seja, as mesmas rela- ções de insolação (para um ângulo de incidência de 30°), o número de camas cresce com o número de pavimentos. • Adotando o mesmo ângulo de incidência solar com , . d.f. , I empregada rmJnUI tamanho da superf1c1e e I 1cave com o aumento do número de pavimentos: 25 O CU 1 O DA DE CISOE ARQUI fE I ÔNI CAS • Adotando a rnesn1a sup rfície edificável e o n1esrno nurnero de carnas, o àngulo de incidência solar é nle- nor ou aun1enta o nún1ero de pavimentos, ou seja, a insolação das fachadas é rnais favorável: Tern1ina com uma frase tão atual como importante: " ... as experiências realizadas em diferentes países den1onstram que existe uma lacuna entre os custos de construção de habitação e os ingressos médios da família, não sendo difícil satisfazer a demanda de habitações populares ... ". Le Corbusier e Jeanneret (1929) enfocam os aspectos econômicos da arquitetura através da pobreza e das inf\uências de técnicas tradicionais, denominando-as de "procedimentos híbridos caros por não economizar nem o material nem o esforço, não correspondendo às condições severas da economia geral. Os materiais modernos, o aço e o concerto armado permitem realizar com precisão a função importante do edifí- cio e obter planta e fachadas livres. O equipamento racional (resposta à função biológica) implica numa economia enorme de superfície habitável de volume" . A habitação equipada racionalmente, corn elementos de série fabricados pelas grandes indústrias, traz junto 26 ' • • .._'\.H•· - " . "' • ... •• • • • • 1 ' --~ • I - -· ~---- • .. ·a _I :. • ... -- • • • • " . .. .. • • • • • • I - ·-- -- • 8 I - -· - ' . • I .. ., .I • • • , • • • • . . ... .. - ~ ' .. .. ,. ... . . . . .. • r • .. r a. ._ • :.. ' "' _ ... • • .~ t\ . - - . . ' " • • • • • • 4 - r • • . ... • - - - ~ . . . - ---- • • ~ . .. .. .... - ... • • • • - • • tiS zsa •••u ' 112 atear • •-:.vuarn .. \&.1 ••••rnwusw t~G..-.,.fJIIJr'AJI QlftlftW~ • • • • • • • ---· • • Figura 1.8: Comparaçao entre rentabilidade na construç( 0. e.m blocos em fita com diferentes números de pavin1entos, GropJUS Fonte: AYMONINO, 1976. capítulo 1 • O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS ~ E ~ u (\) '"O E (\) E •::J z I I( 08 l 2 3 6 ~7 \ 15 ~3 ~ I 4 5 6 7 8 9 10 11 Número de Pavtmentos Figura 1.9: Hipótese I - Comparação entre rentabilidade na construção em blocos ern fita com diferentes números de pavirnentos, Gropius. Fonte: AYMONJNO, 1976. ASPECTOS HISTÓRICOS -cu ' > ro v -c;: • --o w a • -u - (!) I lO ~% I ........ - 2 3 1 ~~ /f I I 6( % I • 4 5 6 7 8 9 tO 11 Número de Pavimentos Figura 1.1 O: Hipótese 2 - Comparação entre rentabilidade na construção em blocos em fita com diferentes números de pavimentos, Gropius. Fonte: AYMONINO, 1976. F -- ,...,.. _,.._- ... ~.., - - 4 ............ 27 .,- -= P'"'"'='!P~€ - - ~ - - . O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS '- ~ -o V) (1'3 ·-u c cCJ u • - "' c - e) o - ·~ c: 3 o o I I 19 P2Q llllii 17' ~so 1 2 3 4 5 6 7 8 9 I O li Número de Pavtmentos Figura 1.1 1: Hipótese 3 - Comparação entre rentabilidade na construção em blocos em fitas com diferentes números de pavin1entos, Gropius. Fonte: AYMONINO, 1976. 28 uma economia considerável em gastos de execução e construção. Admitem que estas propostas podem ser mais caras que as tradicionais, mas opinam que esse fato paradoxal, cuja origem eles atribuem à desorganização momentânea da indústria, deve ser tolerado nesse período deficitário que, de qualquer forma deve passar. Finalmente, associam o baratea- mento da edificação à produção em série dos carros da época- critério que seria retomado no pós-guerra com a pré-fabricação. E ilustram, através de um grá- fico trazido dos Estados Unidos por, Walter Gropius (fig. 1.12) a falta de sincronismoentre a indústria de transformação e a de construção. O gráfico mostra que no período de 1913 a 1928, nos EUA, as habitações aumentaram 200°/o os seus custos, enquanto que o nível geral de preço só cresceu 150o/o e, no mesmo período, a indústria automobilística, em geral, diminuiu 22°/o os seus custos. A Ford, a fábrica mais moderna da época, reduziu seus custos em soo/o, fazendo com que mais e mais, as famílias comprassem mais automóveis e menos habitações. Um conceito complementar é de particular inte· resse é aquele que afirma que " ... a circulação capítulo 1 O CUSTO DAS DEC ISÕES ARQUITETÔNICAS exata, econômica, rá pida é a chave da a rquitetura contemporânea ... ", mostrando especial sensibi- lidade para os aspectos econômicos do projeto arqu itetônico. Mas é no Ul Congresso Internacional de Arquitetura Moderna, realizado m Bruxelas em 1930, que os aspectos econômicos da edificação torna-se tema central dos quatro apresentados. Sob o título de "Métodos Construtivos Racionais. Habitações baixas, médias e altas", Bõehm e Kaufmann (1930) analisam os custos totais de construção de habitação de 1 a 14 pavimentos para as condições de Frankfurt. Gro- pius (1930) também analisa a economia do edifício isolado em altura, mas acentuando o critério físico que demonstra que " .. o edifício moderno comuni- tário bem organizado não deve considerar-se como um mal necessário, mas como representante de um verdadeiro marco ajustando biologicamente à vida de nosso tempo .. . ". Em relação à cidade - e nisso Gropius coincide com le Corbusier e com os holandeses - o objetivo não seria a "dissolução" mas a "agregação". Crescem as distâncias e as alturas dos edifícios, mas também crescem as zonas verdes, de maneira que na cidade "a ASPE CTOS HISTÓRICO S a 4 . / ,/ 'l.l'l.-\, ~ O 1, e ... ·- .l ..... .___,,__ _ ____,j'"--·- - ------- J L l [ I ~------~·~--------~~ • • Figura 1 .12: Níveis de preços americanos para a. produç~o de habitações, automóveis e nível geral do custo de v1da, grafteado pelo arquiteto Walter Gropius. Fonte: AYMONINO, 1976. vivência da natureza seja cotidiana não somente um acontecimento dominical". A base do planejamento de Gropius está nos edifícios em fileiras conveniente- mente distanciados (fig. 1.13). 29 O CUSTO DAS DEC ISÕES ARQUITETÔ NI CAS Le Corbuslcr (1930) propõe a transformação de 80°/o do solo urbano em parques e zonas de lazer e espor- te, antieconôn1ico pelos custos de infraestrutura e de manutenção da área pública. Neutra (1930) informa que nos Estados Unidos as possibilidades oferecidas pelo edifício em altura para a habitação popular massiva também não são utiliza- das. Este tipo de realização também encontra entraves nos regulan1entos técnicos de construção, que não levam em consideração a orientação das fachadas, a densidade e o ângulo de incidência solar, mas que estão presos a uma trama viária já estabelecida, com limitação rígida das alturas edificáveis (qualificação urbanística por zonas). Segundo ele, toda a economia da construção sofre, nesse momento (assim como hoje), as consequênc1as do atraso da aplicação das possibilidades técnicas disponíveis em outros setores. Como curiosidade comentamos algumas dificuldades para chegar a princípios con1uns encontrados pelos arquitetos palestrantes desse Congresso: o problerna dos elevadores. Bõehm e Kaufmann adotam uma velocidade de 0,5 m/seg; Neutra, acostumado às condições americanas, estima uma velocidade 6 vezes superior; Le Corbusier imagina o elevador como um 30 meio de transporte comum, com capacidade de 30 a 40 pessoas. Evidentemente, isso conduz a resultados totalmente diferentes, mostrando a necessidade de estabelecer bases iguais para as realizações, situaçao difícil de ser alcançada perante as diferentes realidades técnico-econômicas de cada país de origem. A experiência descrita termina seu ciclo histórico com a Segunda Guerra Mundial, já que na fase da ~ . . "reconstrução" os programas necessarros serram elaborados rapidan1ente e realizados de maneira sumária, juntamente com o inicio de um novo tipo de especulação que tende a produzir edifícios à " . margem de qualquer normativa e plano organ1co. Entretanto, em curto espaço de tempo, houve nova orientação à intervenção do setor público, que- atuando como apoio financeiro e normativo - acaba por condicionar a quantidade e a qualida- de da edificação. Simultaneamente à introdução dos padrões dimensionais e as leis que fixam as , modalidades para ter acesso aos financiamentos,, e publicado um conjunto de manuais sobre repert~ rios tipológicos para edifícios de habitação, pn.ncr- ~ nômK05 Pai mente mas tambem sobre aspectos eco ' · de da construção. Um bom exemplo deste trpo capitu lo 1 O CUSTO DAS DE CISÕES ARQ UI TE TÔN ICAS Fig .. 1.1 ~: W~lte~ Gropi~s. Pr~jeto de blocos de habitações para a urbanização de uma beira rio. Todas as hab1taçoes d1spoem de 1gual Insolação. Fonte: AYMONINO, 1976. publicação é o livro de Candiani (1951 ), editado na Itália. Na segunda edição, o "L' Economia nel cons- to dei fabbricati. Manual i di composizione e tecnica nell ' architettura moderna" está dividido em três capítulos, o primeiro dedicado a "L ' Economia nella progettazione", o segundo a "L' Economia nella esecuzione" e o terceiro a "L ' Economia nella ~onduzione". levando em consideração o desafio Imposto pela construção, principalmente de habi- tações e da reconstrução européia, o autor afirma ASPECTOS HISTÓRICOS que os aspectos econômicos da edificação serão incorporados aos já tradicionais técnicos e sociais, podendo ser os mais importantes pelos volumes de obra a serem construídos e pelos altos preços do mercado. É interessante apontar aqui que os con- ceitos econômicos do projeto são desenvolvidos tanto para temas como número de locais e altura do edifício, circulações e instalações, como para a ergonomia dos espaços e seus equipamentos, ilustrando as preocupações da época. 3 1 O CUS TO DA S DEC I SÕES ARQUITETÔNICAS Ainda antes do final da década de 1960, fJcou c~aro que o grande surto econômico que imperava ap~s a Segunda Guerra Mundial estava chegando ao se~ f.1m. A combinação de inflação e estagnação tecnolog1ca, muito clara na construção, associada a uma crise ener- gética de caráter mundial, em pleno desenvolv~men~o, estava fadada a cobrar seu tributo, embora n1nguem pudesse prever, no início da década de 70, a dimensão que ela teria (CAMBI et aJ, 1992). A visão das pessoas do mundo moderno e suas possibi- lidades passaram a ser reformutadas. Os horizontes de expansão e o crescimento se contraíram bruscamente. Após serem alin1entadas durante décadas com energia "barata e abundante", as sociedades modernas e seus produtos, incluindo a edificação, teriam que apren- der com rapidez como utilizar suas limitadas fontes de energia para proteger os recursos em declínio e para evitar que o mundo ruísse (teoricamente). Foi desse processo de pensamento e busca de soluções, recén1 iniciado, que surgiu a arquitetura dos anos 70, entendida como arte socialr com solicitações de mais política e menos planejamento. O esforço realizado pelo pensamento arquitetônico durante esse período continuou a se dedicar a contrarrestar os excessos do suprarracionalismo da década anterior e a tentar esbo- 32 çar um modelo espaço-temporal que compatibilizasse racionalidade e intuição. Mas, após a inevitável estagnação inicial, se produz uma salutar rebelião, tanto entre os empresários I como na administração pública. Animados pela necessidade de encontrar soluções econômicas e de realização imediata, redescobrem-se os sistemas construtivos tradicionais mais apropriados a pequenas empresas artesanais em relação a qualquer tipo de pré-fabricação, já comprovados seu fracasso técnico- econômico. Adquire força numa direção linguística que conduz a soluções construtivas "vernaculares"e tecidos urbanos que se inspiram nas estruturas das cidades medievais. Atribui-se importância às intervenções de "reutilização" urbana, privilegiando o sistema de saneamento em relação à reconstrução total (CAMBI et al, 1992). Os estudos sobre a economia da edificação, retomados no segundo pós-guerra, aprofundam-se nas décadas seguintes. No final dos anos 70 e início dos anos 80, temas como o gerenciamento e o "marketing" da indústria da construção são objetos de seminários e publicações. Aparecem os programas computacionais para estimar custos de construção e realizar projetos, capítulo 1 O CUS TO DAS DECISÕES AR QU ITETÔ NICAS assim con1o os estudos de viabilidade econômica . A subcontratação como estratégia competitiva, a pro- dutividade, o desperdício nas obras, a qualidade de projeto e construção são temas dos anos 90. No final do século passado, e em nosso meio aca- dêmico, como afirmou Silva ( 1992), a questão da ap\icabH\dade dos critérios de economia da constru- ção insere-se no debate sobre o ensino do projeto arquitetônico de forma polêmica e contraditória. \sto ocorre porque, no plano puramente lógico, há unanimidade em considerar que a economia da construção é indiscutivelmente um atributo; obter • o máximo de resultados com o menor dispêndio de ASPEC10S HISTÓRICOS recursos é uma atitude racional. Assim, dific ilmente se encontrará uma doutrina arquitetônica que refu te a necessidade ou conveniência de se adotarem, no projeto arquitetônico, aqueles critérios de racionali- zação construtiva. Na prática do ensino de projeto, entretanto, negligenciar-se o exame daqueles aspec- tos morfológicos do edifício devido às preocupações com a economia construtiva. Aparentemente há con- vicção, nem sempre respaldada por uma sustentação teórica consistente, de que a excelência arquitetônica e a economia da construção não são convergentes. Esta convicção traz uma contradição e é a raiz de uma polêmica na esfera da crítica arquitetônica. 33 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÓNICAS Capítulo 2 CONCEITOS GERAIS 2.1 Estrutura conceitual geométrica de um edifício Na maioria dos casos, do ponto de vista geométrico, o edifício é um conjunto de planos horizontais em interseção com outros planos verticais, como mostra a figura 2.1. Este agrupamento de planos horizontais e verticais é o que compõe os espaços projetados. Como esses espaços devem ter acessos, há de se prever um "mecanismo de chegada", tanto no plano horizontal como no vertical, ao que habitualmente chamamos de "circulação" e que, tal qual os espaços úteis,deve se rea\izar com materiais e elementos construtivos. Cada uma dessas decisões adotadas pelo arquiteto em seu projeto significa uma opção para solucionar um ou vários aspectos da obra; são decisões que, de a\guma maneira, condicionam o comportamento e o desempenho de todo 0 edifício, tanto funcional como economicamente. o modo de estudar os planos bási- CONCE\TOS GERA\S - Figura 2.1: Edifício reduzido a um conjunto de planos que se interceptam formando os espaços aos quais se agregam as instalações 35 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS cos que con1põe o ed\fic\o é um típico exemp\o do que ioi d\to, particularmente do ponto de vista econômico. O aumento do vão entre planos horizontais ocasiona ma\ores custos nos p\anos verticais dos acessos. ldên- t\co rac\oc\n\o pode-se fazer para os planos verticais. M\es Van Der Rohe materia\iza este critério de sim- plicidade e economia em forma magnífica no seu pavi\hão de Barce\ona como mostram as fotografias da figura 2.2. ' . Figura 2.2: PavHhão Miler Van Der Rohe em Barcelona, excelente exemplo de economia da construção através da pureza geometrrca. 36 ' tu I o 2 caP 1 O CUSTO DAS DECISOES ARQUilf;:TÓNJCAS A pureza geometrica do pavilhão sem uma série de cort e recortes com seus consequentes incrementos de c~sto, mostra como a qualidade arquitetônica do nlovrn1e~to moderno esta junto com a economia da construçao. A emblemática casa da cascata de Wrigth da fig. 2.3 é outro exemplo perfeito de planos horizontais entrecru- zados com planos verticais. Parte de sua incomum beleza vem justamente de sua clara e simples geometria em contraste com a exuberância da vegetação que a rodeia. Mas nem todos os planos verticais e horizontais têm os mesmos custos: aqueles que envolvem o edifício nor- malmente são mais caros que os equivalentes internos. Por isso, é conveniente obter o volume necessário com a mínima superfície exposta ao exterior, não só pelo maior custo de construção mas também pelo custo de manutenção e uso. Os planos exteriores sofrerão a agressividade do clima e do meio ambiente, devendo estar preparados para perdurar e conservar através do tempo as qualidades que garantem a segurança e a habitabilidade do edifício. O preço do último plano horizontal, a cobertura, é cer- tamente, 20 ou 30°/o maior do que o custo dos planos CONCEITOS GERAIS Figura 2.3: Casa da cascata de Frank Lloyd Wrigth excelente exemplo de beleza através do contraste da simplicidade geometnca com a exuberância da vegetação que a rode1a. 37 O CUSTO DAS DE CISÕE S A RQ UIT ETÔN ICAS interiores em alguns t ipos de edifícios, enquanto o custo dos planos vert icais externos chega, em muitos casos, a ser de três a cinco vezes maior do que o dos vert icais internos. A dife rença de função dos diferentes planos verti- cais, justifica diferentes morfologias que otimizem as relações custo-benefício de cada plano. Morfologias que só serão possíveis a partir de uma estrutura inde- pendente como foi a proposta de Le Corbusier para a residência Dom-Ino, figura 2.4. Esses simples conceitos sobre relação de custo dos planos exteriores com seus equivalentes interiores indicam que os recursos geométricos para reduzir a superfície do edifício em contato com o exterior devem ser centrados, sobretudo, nos planos exterio- res verticais, sendo que os horizontais, em geral, só apresentam maiores custos significativos quando o a • , • plano em contato com o terreno extgtr caractensttcas especiais para sua execução devidas, por exemplo, à baixa resistência mecânica do solo. No que diz respeito ás possíveis formas do edifício, temos o seguinte: o maior volume contido dentro de determinada superfície geométrica é dado pela 38 ....,-"~ / ·---..___ -·------- • -. ~----------- • ' 1 Figura 2.4: Proposta de estrutura independente com c~n~r:~o armado para a residência Dom- Ino que introduz a idéia de dlv1sona e de fachadas leves abrindo o caminho para que arquitetos façam escolha da morfologia dos planos verticais dentro de uma extensão grande de alternativas tecnológicas, conseguindo m:lhorar relações custo - benefício que as preexistentes do mov1mento moderno. esfera, seguido pelo cilindro e, finalmente, pelo , . d as formas cubo. A med1da que nos afastamos ess . f , · extenor básicas aumenta a relação entre super rc1e ' d con- e v o lu me e, conseq uentemente, os custos 0 . f f r aqur que junto. Apesar disso, é importante en a rza cap ítu lo 2 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS não d~v:m?s preferir tais for mas apenas por serem as ma1s md1cadas economicamente, pois isso traria consequências desastrosas para os projetos, assim como projet ar formas baseadas somente em fatores estét icos o u em "duvidosas liberdades criativas" . Já fo i mencio nado que a intenção deste livro é aumen- ta r em quantidade e qualidade as informações que o arquiteto dispõe como base para suas decisões de projetos, sem mistificar a importância absoluta dos novos dados e critérios oferecidos, mas, pelo contrário, integrá-los os já tradicionais e com as novidades que constantemente se incorporam ao trabalho arquitetônico. Não duvidamos que a inter- pretação de caráter sintético, feita mediante a aná- lise dos aspectos econômicos da arquitetura, seja o resultado mais importante que se possa esperar comoresposta da incorporação desses conceitos. • Não podemos deixar de reconhecer que a economia, ao contrário da estética, tem interpretações mais homogêneas e aceitação mais geral (quem não entende de menores custos?). Reconhecendo esta pequena vantagem e conscientes do valor que tem cada uma das variáveis de projeto é que desenvol- vemos os diferentes aspectos do tema. CONCEiTOS GERA IS 2.2 Elementos Básicos de um edifício Do ponto de vista do custo, um edifício pode ser di- vidido em duas partes básicas: a) os espaços projetados e b) os equipamentos necessários para que o edifício possa cumprir sua função . Analisando economicamente cada uma dessas partes vemos que suas variações se comportam de form a diferente, apesar de estarem, construtivamente, fortemente ligadas entre si. Assim, por exemplo, o custo da circulação vertical de um edifício varia fun- damentalmente se o projeto prevê (ou não) o uso de elevadores; o custo da instalação sanitária é função direta do número de banheiros com que conta a edificação, etc. Isso é tão característico e claro que, em muitos casos, a ausência (ou presença} de alguns destes equipamentos é usada para indicar a categoria e o nível sócio-econômico do edifício, sendo que, a partir desse parâmetro, é possível estimar seu custo global por metro quadrado construído. Entretanto, o custo dos espaços construídos é função direta de suas medidas, sem exceção alguma. 39 O CUSTO DAS DECI)OES ARQUITETÔNICAS Poden1os dizer então, que o custo desses espaços dependerá, fundamentalmente, das resoluções di- mensionais adotadas para o edifício: comprimento, largura, altura do pé-direito, número de pavimentos, etc. Em todos esses itens pode-se admitir a variação de custos como sendo contínua e dependendo es- sencialmente do custo da construção. Seus custos de manutenção e uso são bastante pequenos, podem ser previstos com bastante facilidade, podendo ser programados antecipadamente a manutencão ne- ~ cessá ria para que o edifício alcance, realmente, a vida útil prevista. O custo dos equipamentos, ao contrário, depende de decisões dicotômicas (sim ou não), ainda que as decisões dimensionais também influam, neste caso, com peso muito inferior. Porém, mais importante que os custos de construção e instalação dos equipa- mentos são seus custos de manutenção e uso, muito mais difíceis de se prever, pois na maioria dos casos a manutenção que se fará não será do tipo preventivo e sim corretivo, efetuando-se quando se apresentem os defeitos e afetando (o que é mais grave) não só a instalação propriamente dita mas também as partes do edifício que a contém. 40 A falta de manutenção dos espaços construídos levará I no longo prazo, ao edifício a deixar de cumprir suas funções, enquanto uma instalação sem conservação permanente e reparação imediata pode torná-lo não só inabitável em poucas horas, como também causar danos muito mais significativos que o simples custo da reparação da instalação deteriorada. Enfocando o problema do ponto de vista quantitativo, pode-se afirmar que, segundo estudos realizados pelo CSTB (Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, Paris), para edifícios habitacionais na França (tabela 11.1 ), os espaços e suas vedações são responsáveis por 7 5°/o do custo da construção do edifício, sendo que os equipamentos representam os 25°/o restantes. Já os custos de manutenção e uso distribuem-se de maneira diferente: -Equipamento e instalações: de 60 a 70°/o (incluindo o gasto de energia para fazê-los funcionar e excluind? a energia usada para tarefas de cozinha e para ilumi- nação dos locais). -Elementos restantes: de 30 a 40o/o, aplicados funda- . - de pintura, mentalmente, às reparações e repostçoes cobertura, portas e janelas. capítulo 2 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS Tabela 11 . 1 Participa_ção n1édia de espaços e instalações nos custos de construçao e manutenção durante toda a vida útil de um ed'f 'c· h b . . l I I 10 a 1taetona custos construção manutenção custo dos espaços 75°/o 30 a 40°/o custo das 25o/o 60 a 70°/o instalações total 1 00°/o 1 00°/o Fonte: Centre Scientifique et Technique du Bâtiment, Paris. Sintetizando, podemos dizer que as decisões sobre os equipamentos e instalações são essencialmente dico- tômicas, e que, se for grande o custo de instalação, maior ainda será o de manutenção e uso. As decisões de dimensionamento dos espaços e seus componentes crescem de forma gradual e direta em relação a seus tamanhos, sendo de interesse fundamental o custo - , de construção, já que o de manutenção e uso nao so será menos crítico que o das instalações como tam- bém possível de ser adiado durante períodos mais ou menos longos. CONCEITOS GERAIS 2.3 Análise do custo dos componentes de um edifício / E de particular interesse, após analisar de forma con- ceitual os custos dos planos funcionais do edifício, fa- zer um breve comentário sobre a importância relativa que o custo de cada um deles tem na composição do custo total, tentando mostrá-lo não só quantitativa- mente (aspecto bastante conhecido), mas também associado a possíveis decisões alternativas de projeto que o arquiteto pode tomar, informando-o sobre os elementos construtivos que, do ponto de vista eco- nômico, podem ser mais fáceis e adequados de serem estudados alternativamente. Para que a avaliação seja feita de modo correto, é im - portante que a análise econômica e as consequentes decisões de projeto sejam realizadas considerando-se, para todos os itens variáveis, o Custo Total Atualizado (GA}, ou seja, o somatório dos custos de construção, manutenção e uso para a vida útil do edifício, sendo esses últimos atualizados no tempo, ou seja, trazidos até o presente através do desconto de taxas de juro. Uma proposta para a definição e composição dos diferentes tipos de custo encontra-se no modelo de 41 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS avaliação econômica funcional elaborado por nós, que se ap\\ca para conjuntos habitacionais de interesse , sociat (MASCARO et aL, 1976). Lamentavelmente em nossos países, o estudo sobre custos de manutenção e uso dos diferentes tipos de ed\fícios não tem recebido a mínima atenção indis- pensável para que sejam conhecidos adequadamente, ainda que seja apenas de maneira aproximada. A tabe\a \\.2 apresenta os custos de construção da mane\ra ma\s conhecida e convencionaL A partir da reorganização de seus dados, de forma mais adequada para nossa aná\ise, obtém-se a tabela U.3, a partir da qua\ podemos comprovar que, arredondando valores, para fac\\\tar a conceituação, os planos horizontais representam aproximadamente 25°/o do custo total do edifício, os verticais 45°/o, as instalações 25°/o e o canteiro de obras 5°/o. Podemos concluir o seguinte: a) Os arquitetos e engenheiros têm poucas alterna- tivas econômicas para os p\anos horizontais, porque as duas terças partes de seu custo são formadas pela estrutura resistente geralmente de concreto, para a qua\ se apresentam poucas possibilidades de substitui- ção. Podem apenas estudar alternativas para os pisos 42 e contra pisos, o que significa, de forma aproximada, um quarto a um décimo respectivamente do valor total dos planos horizontais interiores. Também pode fazê-lo para a cobertura, com todos os seus compo- nentes, talvez o mais crítico dos planos horizontais. Mas aqui as alternativas devem restringir-se àquelas • • 1\ • que cumprem com eficiência e economia as ex1genc1as • relativas às solicitações climáticas e estruturaiS. o I b} Os planos verticais, ao contrário, apresentam 1 Tlu~ meras alternativas, tanto para o desenho quanto para o uso de materiais. Os 45°/o do custo total de construção que representam têm, aproximadamente, a seguinte distribuição: entre um terço e a metade para as paredes exteriores, entre dois terços e a metade para as divisórias interiores. - . . I te sendo Essas proporçoes podemvanar sens1ve men ' . . dem chegar que, em casos extremos, as pnmerras po d . , . . . o das segun as. a um custo unrtano murto supenor a • . . . dividuaiS c) As anstalações complementares gera•s e •n rto do custo total, dependem, em grande parte, e sões dicotômicas, con1o já foi dito. 'tu I o 2 caP 1 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS Tabela 11.2 Participaçao média percentual de cada b . d - d ru nca no custo de c t -e pa rao e acabamento médio ons ruçao de um edifício habitacional de 7 a g · . . . pavimentos sobre pllotJs, sem subsolo Rubrica Participação Observações média (0/o} Instalações Provisórias 2,60 Não inclui grandes movimentos de terra . Fundações 5,00 Supondo-se um terreno de qualidade média. Alvenarias 8,00 Considerando-se tijolos furados. Estrutura resistente 18,00 Considerando-se concreto maciço. A participação aumenta com a altura Cobertura 2,50 Telhas de barro sem vitrificar sobre madeiramento e forro de lambris Instalações elétrica e 7,1 o Considera-se um circuito para cada 12m2 de piso. telefônica Instalações sanitária e gás 8,40 Não compreende louças e metais. Sem artefatos de gás. Pisos 6,84 Carpete nos dormitórios, cerâmica nas áreas molhadas e madeira econômica no estar. Aparelhos sanitários 4,38 Louças e metais de qualidade A, porém econômicos . Aberturas 8,55 Considerando-se madeira de lei ou alumínio anodizado. ' Revestimentos internos 9,50 Compreende chapisco, embaço, reboco e azulejo até o forro, classe A nos sant1ários Revestimentos externos 6,36 Compreende chapisco, emboço, recebo e um material econômico em mais de 1/3 da fachada Pintura 5,48 Considerando-se massa corrida e PVA nas partes interna e externa e tinta óleo nas aberturas Vidro 1,42 Espessura de 3mm Acabamentos e limpeza 1,42 Pequenos acabamentos não computados e limpeza final. da obra Elevador 4,45 Elevador de 45m/min para cada 2 aptos., máquina de CA, cabma em aço e porta automát ica t - fpos de edifícios pode ser consultada na Tabela Vlll.4. Nota: A partici pação n1édia de cada rubrica nos custos para ou ros 1 43 CO N CE ITOS G ERAIS , .. ::::v r • =- a i)**' -- '"' "' • O CUSTO DAS DECISÓES ARQUITETÔ NI CAS~~~~~~~~~~~~~~~~~~~- Podemos concluir que se uma habitação é a soma • de planos horizontais e verticais, além de insta- . , . lações e equ1pan1entos necessanos para que os espaços curnpram sua função, e que os planos ho- rizontais representam apenas 25°/o dos custos, ao passo que os verticais 45°/o, o mais lógico, quando se quer economizar é reduzir estes últimos, seja eliminando paredes ou encontrando alternativas mais econômicas para elas. A redução de superfí- cies horizontais trará, de fato, reduções nos custos muito menores do que usualmente se supõe, já que eles representam apenas 25°/o do total. A redução de custos pela redução dos planos verticais qua- litativa e quantitativamente pode ser muito mais . . , tmportante Ja que eles representam 45°/o dos custos totais. O problema não é só o fator metros quadra- dos construídos, mas também, fundamentalmente, a forma como são desenhadas essas superfícies, ou seja, o tradicional problema de quantidade versus qualidade do projeto. Por exemplo, é muito comum pensar que uma redução de 1. 0°/o de superfície construída representa redução equivalente no custo total da construção. Isso não é 44 verdade, já que as instalações (25°/o do custo) prati- camente não sofrem modificações nem tampouco as divisórias, as quais não diminuem seu custo proporcio- nalmente à redução da superfície. Segue um exemplo bem simples desse importante conceito, já que mais tarde ele será tema de um capítulo completo. Supo .. nha um quadrado de 1m x 1m, com área de 1m2, seu perímetro é de 4m. Uma diminuição de 1 0°/o de sua área resultará 0,9m2, correspondendo a uma redução no perímetro de: p' = 4\IA' = 4~0,9'= 3,80m A área diminui em: I ,O- 0,9 X I 00 = I 0% I ,O E o perímetro se reduz em: 4,00-3,80 X (QQ = 5% 4,00 Como se pode ver, o perímetro diminui a metade da área da planta. cap ítulo 2 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS Tabela 11.3 Cornpos,cão do custo total do edifício da tabela 11.1 segundo 1 h . . . . . , p anos onzonta1s, verttcats e tnstalações, em edificações habitacionais. Classificação do elemento Elementos que formam os pla- nos horizontais Elementos que formam os pla- nos verticais Instalações Instalações pro- visórias, limpeza da obra e outros trabalhos não considerados Composição Parte horizontal da es- trutura e das fundações, telhado, pisos e parte horizontal dos revesti- mentos e da pintura. Parte vertical da estru- tura e das fundações, alvenarias, aberturas, revestimentos interno e externo, parte vertical da pintura. Elétrica, telefônica, hidráulica, gás, louças e metais e elevador CONCEITOS GERAIS Participa- ção (0/o) 26,79 44,84 24,33 4,02 A redução de 1 Oo/o na área percutirá nos custos da seguinte maneira: a) Nos 25o/o diretamente ligados à superfície (planos horizontais), 1 0°/o a menos corresponderá a uma economia de 2,5°/o. b) nos 45o/o relativos ao perímetro (planos verticais), que só diminui 5°/o, a economia será de 2,2°/o. c) o custo restante é praticamente independente da superfície. A redução total de custo é de 4, 7°/o, representando menos que a metade da porcentagem de diminuição da superfície (nesse caso, de 1 O o/o). Estudos realizados pelo CSTB (Paris), em 72 edifícios de apartamentos do tipo econômico, onde todas as unidades têm o mesmo número de quartos demonstram variação de custo por metro quadrado (tabela 11.4 e figura 2.5) que permitem reduzir preços totais relativos para as habitações, como informa a tabela 11.5. A partir daí podemos deduzir que aumentos ou dimi- nuições de certa porcentagem da superfície em uma habitação correspondem aumentos ou diminuições 45 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS Tabe\a 11.4 Variação do custo de construção por metro quadrado de planta, en1 função da variação da superfície (1) Superfície da Habitação (m2) 40 50 60 70 80 90 (2) Custo do m2, tomando como base o correspondente a 60m2 ( 0/o) 127 11 o 100 90 85 80 Fonte: Centre Scientifique et Techique du Bâtn1ent, Paris, 1970-72. Nota: 1. Todas as unidades de habitação incluídas na tabela têm sala de estar/jantar, dois dormitórios, un1 banheiro e cozinha. 2 . Na co\una (2) da Tabela lL4 e (2) e (3) da Tabela 11.5 os valores foram reduzidos a índices tomando como 100 o valor co.rrespondente ao apartarnento de 60n12 . menores que a metade nos custos da construção (en- tre 40 e 50°/o, mais precisamente). Os estudos teóricos de Jarle (Finlândia), Bowley e Corlett (Inglaterra) dão cifras um pouco maiores (de 5 a 6°/o do total quando a superfície cresce 1 0°/o e vice-versa). 46 - 130 V) C) u ·- ""0 c ,_ E 120 Q) ~ N E '- 0 a. I f O o tro l}'l :J S.. 4J V) c o u C) "' o 4J V) :J u 100 90 ao ~ I I f I 90 70 30 40 50 60 70 80 1 Superfície construída por apartamento ( m) Figura 2.5: Variação do custo do metro quadrado construido em função da superfície por apartamento. · de ha- Esses estudos se referem a diferentes t1pos . , . b · - .f .,. té ed rf1oos ttaçoes, desde unidades un1 am• 1ares a , · t entos por de quatro andares com vanos aparam . , d' inulçoes andar. Na prática, esses aumentos e un au- f dos enl de superfície podem ser trans orma capítu lo 2 • O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS mentos e diminuições de largura e comprimento dos edifícios. Tabela 11.5 Variação do custo de construção de unidades de habitação em função da superfície por unidade. (2) Superfície (3) Custo da unidade tomando como (1} Superfície tomando como base a (m2) base o correspondente a correspondente a 60m2 (0/o) 60m2 40 67 85 50 83 92 60 100 100 70 116 105 80 133 113 90 150 120 O estudo de CSTB resumido naTabela 11.5 mostra a lei do tamanho quando informa que: -apartamentos que diminuíram de 60m2 para 40m 2 têm redução de área de 33o/o enquanto seus custos se reduzem em apenas 1 5°/o (menos da metade); CONCEITOS GERAIS -apartamentos que aumentaram de 60m2 para 90m2 com acréscimo de 50°/o de área tiveram incremento de custo de apenas 20o/o (também menos da metade). 2.4 Lei do tamanho nas edificações Como resumo podemos dizer que há uma lei do tama- nho que nos diz que aumento (ou redução) nas áreas construídas em X0/o levarão a aumentos (ou redução) de X/2°/o nos custos (ou ainda menos) como vemos na figura 2.6. ., REDUÇAO DE ÁREA -REDUÇAO DE CUSTOS X% X% 2 Figura 2.6: lei do tamanho 47 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS Capítulo 3 " NO CUSTO TOTAL DO EDIFÍCIO No capítulo 2, indicamos as porcentagens correspon- dentes às participações, no custo total do edifício I dos planos horizontais (25°/o), planos verticais (45o/o), instalações em geral (25°/o), canteiro de obras e outros trabalhos preparatórios (5°/o}, mostrando, assim, a • A • a tmportancta assum1da pelos planos verticais (paredes, fachadas, divisórias, etc.) no custo total de construção. Como foi dito anteriormente, esse valor de 45°/o é ape- nas uma média, podendo variar dentro de um espectro bastante amplo. São três os fatores que condicionam a porcentagem indicada: a) Os materiais, componentes e sistemas construtivos empregados na construção fazem com que o custo por m2 de parede seja variável. Basta ver rapidamente uma lista dos materiais existentes no mercado para identificar as alternativas (qualitativas e quantitativas) de que dispomos para construir uma parede. b) O tamanho médio dos locais, que determina a quantidade média de paredes por m2 construído. Embora menos considerado que o anterior, é um fator tão importante quanto ele. c) A forma dos compartimentos e do edifício, ou seja, seu grau de compacidade (fator de economia ainda menos considerado) que, como no caso anterior, in- fluencia fortemente na quantidade média de paredes por m2 construído. Na majoria dos casos, quando nos preocupamos com a ,redução dos custos, diminuímos a qualidade através da escolha de materiais e do tipo de execução do prédio e, pouquíssimas vezes, por meio da forma e dimensão dos locais. Quando fazemos isso, o faze- mos de maneira equivocada, aplicando conceitos que podem estar difundidos, mas que não são corretos, como, por exemplo, supor que a simples dimrnuição lNFLUÊNCIA DA FORMA DA PLANTA E DA ÁREA NO CUSTO TOTAL DO EDIFICIO 49 O CUSTO DAS DECISÕES ARQUITETÔNICAS do tamanho de uma habitação reduza proporcional- snente o seu custo. A influência do tamanho médio dos locais no custo de construção é relativamente fácil de intuir e calcular, ne- , . . cessitando apenas urn pouco de prat1ca. Torna-se ma1s difícil, no entanto, imaginar a influência que a forn~a dos locais e do edifício exercem sobre os custos. Este tema é tão irnportante e complexo que numerosas instituições em diferentes países do mundo o estão estudando. 3.1 Variação do custo do edifício em função da sua forma 3.1.1 Aspectos teóricos Algumas análises geométricas muito simples e apa- rentemente triviais podem nos ajudar a esclarecer as idéias expostas. Analisaremos uma série de for- nlas alternativas na planta de um edifício de um só compartimento. A forn1a mais compacta é a circular, seguindo-se a planta quadrada, até chegar à planta retangular alongada. Levando em conta nossos costumes e problemas prá- ticos de execução, devemos deixar de lado a forma cir- 50 cu lar para considerações econômicas, considerando-as a partir do quadrado, o que implica não considerar as formas hexagonais, pouco estudadas e menos ainda - " . aproveitadas na construçao economtca. Tabela 111.1 Quantidades de paredes necessárias para envolver diversas formas geométricas de plantas de edifícios , Períme- Relações Are a Forma da Planta I lado maior (ml) tro (m) Penmetro • Lado menor - Area Circular 100 35,44 0,35 - Quadrada 1 O x 1 O 100 40,00 0,40 1 5 X 20 100 50,00 0,50 4 Retan- 4 X 25 100 58,00 0,58 6,25 guiar 2 X 50 100 104,00 1,04 25 1 X 100 100 202,00 2,02 100 Na tabela 111.1 podemos observar o resultado da aná- lise das relações entre a superfície, o perímetro e 05 lados de uma série de figuras, todas elas com 100m 2 de superfície. O perímetro, que no nosso exemplo representa a quantidade de paredes, é forternente . d · lar Para crescente, segundo a forma, partrndo a c~rcu · 5 'do e 2 metros lineares de parede por m2 construi ' capitulo 3 O CUSlO DA'i DECISÕES ARQUITETÔNI CAS n1etro- lineares de parede por rn 2 para o retângulo de forn1a mais alongada. As forrnas intermediárias re tantes necC'ssitam de quantidades de paredes com- preendtdas entre esses valores extremos para fechar a superfície. o cu 2,00 '- ·-.., u Q) , _ E't: ,_ cu @ §- 1.04 Cl..V) 0,55 0,50 0,40 0,35 I , 'iJI" 2 4 6,25 I O 25 50 I 00 Lado maior Lado menor Figura 3.1: Quantidade de metros lineares de parede necessarios para envolver uma superiície de 1 OOn12 ern funçao da forma da planta. A fig . 3.1 ilustra, para uma rnesma superfície, a re- lação entre lado maior/lado menor, na horizontal, e o perímetro, na vertical. Podemos observar corno a necessidade de usar paredes aumenta à n1edida que a forma da planta se apresenta mais alongada. Recordando que uma boa parte dos custos de cons- trução (em média 45o/o) está associada às paredes/ pode-se observar agora/ com mais clareza, que essa percentagem média pode ser variável e relativa, pois a referida figura, em outra escala, pode ser entendida como gráfico da variação de custos das paredes de um edifício: por exemplo, a variação dos custos da fachada em função da forma do edifício. Considerando que os custos das instalações e dos pla- nos horizontais do edifício, pelo menos a princípio, são independentes da relação lado maior I lado menor da planta do prédio, chegamos a uma variação de custos totais como a indicada na fig. 3.2. Este gráfico nao tem escala nas ordenadas, pois ela depende de uma série de circunstâncias, como por exemplo: tipo de paredes de fechamento adotadas, tipo de estrutura resistente, etc, mas é indicativo de como podem variar os custos de construção em função das formas projetadas. É oportuno recordar aqui que as paredes externas de um edifício devem ser projetadas para separar o espaço interior do exterior, criando dentro do edifí- cio um ambiente confortável. Quanto n1ais frio for o clima da região em que se in1plantará o prédio, lNFLUÊNCIA DA FORMA DA PLANTA E DA ÁREA NO CUSTO TOTAL DO EDIFÍCIO 51 - O CUSTO DAS DEC ISÕES ARQU ITETÔNICAS maior será o custo por unidade das paredes que o envo\vem, podendo, em alguns casos extremos, ultrapassar sensivelmente a média indicada (em edifícios de habitação) de 45°/o. Ao contrário, em climas quentes, onde a maior parte da radiação solar é vert ica\ e quase permanente, a grande exigência de desempenho ocorre nos planos horizontais exte- riores, sendo muito menos solicitadas, do ponto de vista t é rmico, as superfícies verticais exteriores. De fato, essa situação deve refletir também nos custos das partes componentes do edifício e, automatica- mente, a participação das paredes nos custos totais da construção tende a cair. Por essa razão é que não colocamos escala no eixo vertical da fig. 3.2, uma vez que, de acordo com o clima e outros fatores, a curva poderá inclinar-se para cima, aumentando a participação da parcela "c", ou perdendo inclinação, diminuindo sua participação, o que em nenhum caso invalida a generalidade do conceito exposto. Se considerarmos que é através da superfície exterior do edifício (fachadas e cobertura) que se ganha calor indesejavelmente nos climas quentes e que se perde nos climas frios, lembrando que a superfície das pa- redes é função da forma
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