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104 Unidade IV Unidade IV 7 DESENHO DE OBSERVAÇÃO O desenho de observação é a representação única da imagem obtida por um olhar. Em alguns desenhos, o artista expressa os outros sentidos da natureza humana e o observador consegue identificar na obra. Para ter a capacidade de desenhar, é preciso saber ler os desenhos e identificar os traços e marcos gráficos de representação. O entendimento das relações entre o tema e a forma é fundamental para a representação de um elemento construído, um objeto, um projeto ou mesmo uma imagem que não expressa a realidade. O desenho realizado à mão livre possibilita o desenvolvimento do projeto na face conceitual, no processo criativo, na expressão do pensamento, é a linguagem representativa do profissional de Design de Interiores. O primeiro passo é preciso entender qual o instrumento que se está usando para realizar o desenho. Neste caso, será o lápis. Para o desenho com esse instrumento, é importante ter o domínio do traço da linha, que pode ser fina, grossa, reta, curva ou ondulada, a sua fluidez no papel, sendo contínua ou descontínua, cria ilusões visuais e qualidade no desenho. Inicialmente, o traço será leve, curto, feito aos poucos com a mão apoiada no papel, como se estivesse escrevendo. Para o desenho à mão livre, é importante que esta fique solta, para que o traço seja contínuo, fluído e sem interrupção. Todo desenho se inicia com um ponto e o traçado de retas. O ponto estabelece uma posição no espaço e a linha é o movimento sobre a superfície do papel. Um desenho pode começar com retas e contornos para entender a forma, proporção no espaço visual. A fim de ter a noção exata do campo visual e dos limites, é natural que o desenho seja definido, organizado com elementos de composição (figuras na sequência). Ponto centralizado Ponto aleatórioPonto abaixo / direitaPonto acima / esquerda Figura 137 – O ponto estabelece a posição no espaço do quadrado 105 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES Retas centralizadas Retas descentralizadas/ acima Retas descentralizadas/ abaixo Retas descentralizadas/ aleatória Figura 138 – A reta estabelece novas formas no espaço do quadrado Circulo centralizado Circulo descentralizado/ acima Circulo descentralizado/ abaixo Circulo centralizado/ acima Figura 139 – O círculo estabelece a posição no espaço do quadrado A reta é uma linha unidimensional e de extensão contínua, é o meio mais simples e eficiente para elaborar uma forma bidimensional ou tridimensional (figura na sequência). Linha Forma Volume Figura 140 – Reta (linha), bidimensional (forma), tridimensional (volume) Outra maneira de utilizar o traço como representação gráfica é o contorno. No processo visual, a mente lê o contorno como o limite da forma, o volume e o contraste de luz e sombra projetando o desenho tridimensional na superfície. Para esse processo, é necessária a utilização de lápis macio e bem apontado ou a caneta nanquim de ponta fina 0,1, a fim de desenhar com calma e atenção, contemplar no desenho a precisão de detalhes ou apenas documentar a forma e volume (figuras seguintes). 106 Unidade IV Figura 141 – Desenho de contorno Figura 142 – Desenho de observação 107 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES O método do desenho positivo e negativo também trabalha o contorno, mas é preciso, em alguns momentos, um grande esforço do observador para ter o entendimento do desenho. A figura no positivo geralmente compartilha de detalhes e salta ao olhar por demarcar melhor o contorno. Já a figura no negativo compartilha do contorno dentro de uma forma com limite e positiva. A forma do negativo é a subtração do desenho no positivo (figuras a seguir). Figura 143 – Figura positiva Figura 144 – Figura negativa 108 Unidade IV 7.1 Tonalidade e textura No desenho, a linha é muito importante para definir a forma e o contorno do objeto, mas o uso de tonalidade e textura induz para o volume com o contraste de luz e sombra, criando a sensação real da imagem. Esse efeito é produzido por linhas sobrepostas ou por pontos nos padrões da intensidade utilizada do grafite. Quando for representar a luz, a intensidade da linha ou ponto será mais clara, ou ausente, e será o oposto para representar a sombra, ou seja, mais forte e mais próximo serão as linhas ou pontos. Esse processo de tonalidade do mais escuro até o mais claro cria efeitos de forma e volume no desenho. A tonalidade possui um efeito que indica a textura da superfície, a fonte de luz, a rugosidade, a forma, os cheios e vazios, bem como a escala e sua transparência. A formação da sombra é o resultado da localização da fonte luminosa quanto à sua direção e intensidade. A luz e a sombra revelam os contornos, altura e largura, a sua posição perto e longe, pequeno e grande, além de detalhes da superfície (figuras a seguir). Luz Sombra Figura 145 – Luz e sombra Luz Sombra Projeção de sombra Figura 146 – Fonte luminosa – lateral 109 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES Luz Sombra Projeção de sombra Figura 147 – Fonte luminosa – superior A técnica do pontilhismo é a combinação de inúmeros pontos ora mais afastados, ora agrupados, criando um efeito de forma, luz e sombra. Pode ser realizado com grafite, nanquim e também com lápis colorido. Esse método deve ser estudado e planejado antes do início do desenho, para que as áreas tonais de pontos mais intensos ou pontos mais suaves indiquem a distância do ponto de luz para obter o resultado final de um desenho com volume, profundidade e compreendido (figura a seguir). Figura 148 – Textura e volume 7.2 A forma A forma é a representação da imagem, do objeto como um todo. O desenho começa com a figura que delimita o espaço com o contorno e, na sequência, com os traçados de linhas, a configuração do formato e a forma como a estrutura é definida pelo volume tridimensional que é composto de linhas de contorno interno e externo. Todo objeto possui um dimensionamento e volume que ocupam um espaço. Para a construção de um desenho com equilíbrio e proporção, inicia‑se o desenho dentro de uma forma preestabelecida, como o quadrado ou o retângulo. Marcam‑se pontos de referências que permitem a realização de traços e o contorno do objeto a ser desenhado. Exemplo de um objeto: uma taça. Para representá‑la da forma que se vê, é preciso demarcar a sua altura e largura. Para medir o objeto, pode‑se usar um sistema simples, isto é, o próprio lápis. Estique o braço à sua frente com o lápis na mão diante do objeto. Primeiramente, o lápis deve estar 110 Unidade IV na posição vertical, na altura do seu olho, e o outro olho fechado. Desloque o polegar para baixo e verá a altura do objeto. Transfira essa medida para o papel e terá a altura do objeto. Em seguida, faça o mesmo movimento com o lápis na horizontal e obterá a medida de largura, passando‑a para o papel em seguida. Com esses dois movimentos, há o princípio do desenho como uma forma de referência. Nessa parte do desenho é indicada a utilização de um grafite ou nanquim com espessura fina (figura a seguir). Forma Figura 149 – Demarcação de altura e largura para o desenho Ao observar o objeto, vemos a junção de formas tridimensionais com proporções distintas no objeto. É possível identificar a forma elíptica na base e na boca do copo, a forma cilíndrica na sua haste e a forma cônica, o corpo do copo. Por meio do mesmo processo de medida, com o auxílio do lápis, demarque as linhas auxiliares na forma de referência (retângulo) e identifique as formas observadas, uma linha na vertical para estabelecer o eixo do objeto e as linhas na horizontal para demarcar todas as partes que compõem a taça (figura a seguir). 111 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES Figura 150 – Linhas auxiliares para o desenho da taça Observe o objeto e preencha com linhas de contorno os espaços demarcados com as linhas auxiliares (figura na sequência). Figura 151 – Linhas de contorno para o desenho da taça O próximo passo é apagar a forma de base e as linhasauxiliares. Com um lápis ou nanquim de espessura média ou grossa sobre a linha de contorno, faça a hachura e terá um desenho com volume, profundidade e dimensionamento (figura seguinte). 112 Unidade IV Figura 152 – O desenho da taça Todo objeto ocupa o espaço com volume sólido, a forma, e, ao desenhá‑la, é necessário o efeito tridimensional, linhas oblíquas com ângulos diferentes. O traçado das linhas em ângulos que expõem os três lados adjacentes do objeto permite a visualização da profundidade e do dimensionamento do volume (figura a seguir). Figura 153 – O desenho tridimensional 113 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES O desenho feito à mão livre pode utilizar linhas paralelas, sobrepostas, e traduzir a imagem desejada. Ele pode ser de observação ou da imaginação de seu autor. O desenhista pode escolher representar com grafite, nanquim, lápis de cor, giz de cera ou aquarela, vai depender do propósito do desenho. Para realizar um desenho à mão livre com proposta de passar para o papel ambientes internos de uma edificação, inicia‑se com uma foto de um objeto. Faça croquis e desenhos dele. Depois, imagine‑o em ambientes diferentes e desenhe o ambiente com o objeto. Esse processo ajuda a construir o repertório e a criatividade. Por exemplo, a cadeira Panton, criada por Verner Panton na década de 1960 (figuras a seguir). Figura 154 – Croquis da cadeira Panton Figura 155 – Croqui: dormitório, cadeira Panton 114 Unidade IV Figura 156 – Croqui: sala de reunião, cadeira Panton Figura 157 – Croqui: mesa para refeição, cadeira Panton Observação O desenho de observação possui dimensionamento, como largura, altura e profundidade. É importante ter o conhecimento para que a representação tenha proporção e volume. A variação do ponto de vista do uso do objeto, a cadeira Panton, afeta a percepção individual e cria possibilidades de uso em diferentes ambientes. Ao desenhar a cadeira vista de lado, temos uma visão de perfil do objeto; ao passo que desenhar com um ponto de vista elevado faz que o assento fique ovalado, tendo a forma circular; já com a vista situada mais abaixo, a forma superior se torna alongada. Esse processo ajuda na observação de que o desenho se relaciona com a posição que o desenhista adota perante o objeto. O processo de observar, desenhar em várias posições e imaginar esse objeto em um ambiente é um exercício que pode ser realizado com qualquer peça, pequena, média ou grande. 115 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES Saiba mais SILVA, R. Desenho artístico ao seu alcance. São Paulo: Criativo, 2014. 8 A COR A cor está presente em todas as coisas existentes: nas pessoas, natureza, objetos, materiais e edifícios. Ela é muito importante no mundo visual, mas é difícil de descrevê‑la, porque corresponde diretamente aos diferentes comprimentos de onda, luz natural. Cada comprimento de onda provoca uma sensação de cor. O espectro eletromagnético da radiação solar possui suas propriedades específicas e uma delas é a luz visível, que possibilita a compreensão das cores. O comprimento de onda está, aproximadamente, entre 380 e 750 nm (a unidade de medida é o nanômetro). Em cada faixa é possível identificar cores, como azul 470 nm, verde 530 nm, laranja 600 nm e vermelho 700 nm (INNES, 2016). Farina (1990) afirma que a cor escolhida para um ambiente interno pode proporcionar sensações de bem‑estar, ou não, ao usuário. Às cores escolhidas corretamente para cada ambiente deve observar o dimensionamento, sua função e a luz natural e artificial. Ambientes pequenos e com função de trabalho, que exijam concentração do usuário, devem ter cores claras para que a luz tenha reflexão, tornando‑se um ambiente de amplitude e proporcionando tranquilidade ao usuário. As cores escuras, ao contrário, diminuem o ambiente, têm pouca reflexão de luz e não proverão um ambiente adequado para o trabalho. No campo visual, a percepção dos objetos consiste no contraste de claro e escuro, forte e fraco, brilho e opaco, relativo à luminosidade. As cores presentes na luz do visível – o vermelho, o laranja, o amarelo, o azul, o azul‑anil e o violeta – são classificadas em cores primárias, secundárias e terciárias. Vermelho, azul e amarelo são as cores primárias. A combinação ou a mistura entre as cores primárias em quantidades variadas cria novas cores, como roxo, laranja e verde, porém as cores primárias não são elaboradas a partir de uma combinação (figura a seguir). Figura 158 – Cores primárias – vermelho, azul e amarelo As cores secundárias são a combinação entre as cores primárias e a nova gama de cores, por exemplo: misture verde com laranja e terá o roxo; amarelo e azul produzirá o verde; na junção do amarelo com o vermelho surgirá o laranja; do azul com vermelho obtêm‑se o roxo (figura a seguir). 116 Unidade IV Figura 159 – Cores secundárias – verde, laranja e roxo Para criar novas cores, deve‑se estabelecer as cores terciárias, que são a composição entre as cores primárias e secundárias, possibilitando as cores amarelo‑alaranjado, amarelo‑esverdeado, vermelho‑alaranjado, vermelho‑arroxeado, azul‑esverdeado e azul‑arroxeado (figura seguinte). Figura 160 – Cores terciárias – amarelo‑alaranjado, amarelo‑esverdeado; vermelho‑alaranjado, vermelho‑arroxeado, azul‑esverdeado e azul‑arroxeado Todo designer de interiores terá que estudar a composição das cores para criar ambientes com equilíbrio e harmonia. Existem ambientes com variações do mesmo tom (do mais claro ou mais escuro), que são classificados como monocromáticos e com cores harmônicas (figuras na sequência). Figura 161 – Tabela de cor monocromática – cor vermelha Figura 162 – Cores harmônicas – Amarelo verde, violeta, amarelo laranja Nos dias de hoje, para usar cores corretas em ambientes internos é utilizado o círculo cromático, criado por Isaac Newton em 1666. Na década de 1920, na escola de Bauhaus, o professor Johannes Itten 117 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES desenvolveu o círculo cromático especificamente para o ensino do Design e das Artes. Contudo, esse processo se tornou um padrão indispensável para todos os designers (figura a seguir). As cores no círculo cromático estão divididas em cores quentes e cores frias. As quentes expressam sensação de alegria, prazer, aconchego; as frias dão a sensação de tranquilidade, calma, frescor. As cores branca, cinza e preta não aparecem no círculo cromático, pois são neutras. O cinza é a combinação das cores preta e branca. A cor branca proporciona um efeito de amplitude, frescor e aberto; a cor preta em um ambiente confere uma dramatização, uma impressão quente e fechado. É valorizado quando possui cores de contraste e vibrantes (GIBBS, 2013). 1. Vermelho‑violeta (terciário) 2. Vermelho (primário) 3. Vermelho‑laranja (terciário) 4. Laranja (primário) 5. Amarelo‑laranja (terciário) 6. Amarelo (primário) 7. Amarelo‑verde (terciário) 8. Verde (secundário) 9. Azul‑verde (terciário) 10. Azul (primário) 11. Azul‑violeta (terciário) 12. Violeta (secundário) 1 9 2 8 3 7 412 511 610 Figura 163 – Círculo cromático Segundo Farina (1990), a cor é uma onda luminosa que, utilizada em um ambiente, expressa uma sensação visual que pode ser agradável ou não. A cor não é somente um elemento decorativo ou de estética, ela interfere no ambiente em diversos sentidos, como volume, dinâmica e estímulos psicológicos para a sensibilidade humana, para aceitar ou não, querer ficar ou não. Tradicionalmente, a associação das cores no círculo cromático pode ser resumida em três elementos básicos, que são: • tom sobre tom: a mesma tonalidade em tons diferentes; • dégradé: a cor original com a variação do mais intenso ao mais suave; • contraste: associação de duas cores opostas no círculo cromático. Para trabalhar de forma correta com o círculo cromático e ter cores harmônicas, é preciso seguir algumas indicações. Duas cores harmônicas consideradas complementares são as cores opostas no círculo, por exemplo: vermelho (número 2) com verde(número 8). Outro exemplo: amarelo (número 6) com violeta (número 12). Para utilizar três cores harmônicas, o círculo cromático possibilita a escolha das cores com variações de uso. A primeira é a harmônica análoga, que utiliza uma cor principal e duas de cada lado. Por exemplo: vermelho (número 2) com vermelho‑violeta (número 1) com vermelho‑laranja (número 3). A segunda é a harmônica triádica, que é a escolha de uma cor principal e duas cores depois da cor oposta, criando um tripé no círculo cromático, isto 118 Unidade IV é: vermelho (número 2) com amarelo (número 6) e azul (número 10). A terceira é a harmônica complementar dividida, ou seja: vermelho (número 2) com amarelo‑verde (número 7) e azul‑verde (número 9). Outra maneira para obter quatro cores é a harmônica dupla complementar, por exemplo: vermelho (número 2) com verde (número 8) com azul (número 10) com laranja (número 4). O estudo das cores é muito importante para o designer, porque todo o processo é complexo, demanda atenção, tempo e observação das cores harmônicas de todos os elementos de composição de um ambiente. Para melhor compreensão das cores e sua composição harmônica, o aluno deve iniciar observando a natureza e todos os elementos que compõem o lugar em que vive, ou seja, a sua cidade, bairro, casa, quarto entre outros locais. A primeira dica é utilizar os croquis para realizar estudos de cores juntamente com o círculo cromático. É fundamental para o estudante ter a percepção das cores harmônicas, o conhecimento para criar ambientes alegres, vibrantes ou calmos e tranquilos. Um exemplo de três cores pode ser visto com a harmônica análoga. O ambiente é todo branco com detalhes em cores. A cadeira Panton e o abajur na cor verde, as portas e gavetas do armário em azul verde, bem como os detalhes no nicho e na prateleira. A colcha em xadrez nas cores verde, amarelo‑verde e azul‑verde, também vistas nas almofadas, completam a decoração (figura a seguir). Figura 164 – Harmônica análoga: amarelo‑verde, verde, azul‑verde No mercado, a cadeira Panton pode ser encontrada com muitas cores variadas, o que possibilita o estudo de cores. Seguindo o mesmo croqui, será utilizado o círculo cromático para a harmônica triádica nas cores vermelha, azul e amarela. O azul foi utilizado na cama e na mesa de estudo, a cadeira Panton completa esta área na cor amarela. A colcha da cama em vermelho e as almofadas nas cores amarela, vermelha e um xadrez que possui as três cores. O armário, nicho e prateleira ficam na cor branca. O abajur é vermelho com cúpula listrada de branco e vermelho (figura a seguir). 119 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES Figura 165 – Harmônica triádica: vermelho, azul e amarelo Com o estudo de cores utilizando o mesmo croqui, o aluno entende que as cores podem identificar ao espectador um ambiente feminino ou masculino; sóbrio ou alegre; simples ou sofisticado. No círculo cromático, o estudo harmônico complementar dividido é composto das cores laranja, amarela e azul‑violeta. Os móveis são todos na cor branca e com acabamento na cor laranja. O abajur é todo amarelo e a colcha também. Almofadas nas cores laranja e azul‑violeta. O charme está na cadeira Panton na cor azul‑violeta e a parede do fundo na cor azul‑violeta, mas em tom suave (figura a seguir). Figura 166 – Harmônica complementar dividida: laranja, amarelo, azul violeta Um ambiente com duas cores também pode ser alegre e jovial mesmo utilizando cores tradicionais como o vermelho e o verde. Os móveis são na cor branca. O porta‑papel na cor verde, o abajur com base verde e cúpula de xadrez nas cores verde e vermelha. A colcha branca com listras de vermelho e verde, e as almofadas também acompanham as cores do ambiente. A cadeira Panton na cor vermelha e a parede do fundo na cor verde integram o ambiente harmônico complementar (figura seguinte). 120 Unidade IV Figura 167 – Harmônica complementar: vermelho e verde Seguindo o círculo cromático, têm‑se a harmônica dupla complementar, que se utiliza de quatro cores. Nesse estudo foram usadas as cores vermelha e verde, azul e laranja. A cama é azul e a colcha branca. Almofadas nas cores branca e laranja. Abajur e porta‑papel na cor vermelha. O armário, a bancada de estudo, os nichos e prateleiras na cor branca. A cadeira Panton na cor azul e na parede do fundo pode ser um papel de parede com listras de azul e verde ou uma pintura com parede de fundo na cor branca e detalhes de listras nas cores verde e azul (figura a seguir). Figura 168 – Harmônica dupla complementar: vermelho e verde, azul e laranja Com o mesmo croqui, escolher uma cor e realizar o estudo de tom sobre tom. No exemplo a seguir, a cor escolhida foi o verde. Dentro da gama de tons de verde para esse estudo, foram utilizados o verde‑malaquite, o amarelo‑verde, o verde‑esmeralda, o verde‑oliva e o verde‑limão. A cor verde‑esmeralda foi utilizada na parede do fundo. O armário, a bancada de estudo, os nichos e a prateleira são na cor branca com detalhes em amarelo‑verde. O abajur e o porta‑papel de verde‑limão. A colcha da cama na cor branca e as almofadas com detalhes na cor verde‑oliva. A cama está com a cor verde‑malaquite, um tom forte e escuro que sobressai ao olhar. A cadeira Panton é branca, completando o ambiente com leveza (figura a seguir). 121 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES Figura 169 – Cores de verdes – tom sobre tom Um ambiente nas cores branca e preta. O uso do preto pode deixar o ambiente com a sensação de que ele seja menor, sóbrio ou fechado. Para um local de descanso, utilizar essa cor em apenas alguns elementos podem ter um bom resultado. O ambiente é todo branco nas paredes, colcha, armário, bancadas de estudo e porta‑papel. A cor preta está na cama, almofadas com detalhes na cor preta, nichos e prateleira, abajur e na cadeira Panton. Os elementos na cor preta identificam a hierarquia de uso, como guardar, sentar e deitar; a cor branca sustenta essa definição porque é a cor do contraste (figura a seguir). Figura 170 – Ambiente nas cores branca e preta Outro método de estudo de cores é utilizar‑se de fotografias. Escolha uma e cole sobre um papel sulfite. Depois, coloque sobre a foto uma folha de papel‑manteiga ou fosco toda quadriculada e preencha cada quadrado com a cor que estiver vendo. Ao terminar de completar todos os quadrados com cores, terá uma gama delas. Em cada cor encontrada, faça um desenho em forma de fita, observe as cores e identifique a harmonia entre elas. É possível utilizar as cores harmônicas em um projeto de interiores (figura a seguir). 122 Unidade IV Figura 171 – Estudos de cores harmônicas Observando as cores encontradas na figura anterior, é possível identificar as cores harmônicas, as quais são: • harmônica complementar: verde e vermelho ou azul e laranja; • harmônica triádica: azul, vermelho e amarelo; • cores neutras: branco e preto. Saiba mais Aprofunde seus estudos com as bibliografias a seguir: FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 1990. GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. 1. ed. Barcelona: Gustavo Gili, 2010. Exercícios 1) Escolha um objeto e observe‑o. Faça apenas o seu contorno com lápis 6B. 2) Com o objeto escolhido no exercício 1, desenhe todos os detalhes que identificar com o lápis 6B. 123 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES 3) Faça uma forma, que pode ser um retângulo ou um quadro, e desenhe o objeto do exercício 1 como figura positiva. 4) Faça uma forma, que pode ser retangular ou quadrada, e desenhe o objeto do exercício 1 como figura negativa. 5) Observe o desenho a seguir e identifique a luz, a sombra e a projeção de sombra. Figura 172 6) Faça um desenho de observação de luz e sombra com o seguinte objeto: caneca. 7) Faça um desenho de observação tridimensional com uma maçã utilizando cores. Segue exemplo: Laranja Vermelho Amarelo laranja Magenta Marrom Figura 173 8) Preencha as lacunas aseguir com as cores primárias. 124 Unidade IV 9) Preencha as lacunas a seguir com as cores secundárias. 10) Preencha as lacunas na sequência com as cores terciárias. 11) Utilizando uma foto ou uma figura de revista, faça o estudo de cores usando um papel‑manteiga ou fosco quadriculado e depois as cores em fita. Escolha de duas a três cores e identifique as harmônicas no círculo cromático. Observação Todo desenho se inicia com a escolha da posição e do dimensionamento sobre a superfície. Utilizar um traçado suave de contorno possibilita a organização e o método a ser aplicado para obter uma forma bidimensional ou tridimensional. Saiba mais Para completar seus estudos, leia as seguintes obras: BRAGA, T. Desenho linear geométrico. 14. ed. São Paulo: Ícone, 1997. TAVARES, P. O desenho como ferramenta universal. O contributo do processo do desenho na metodologia projectual. Tékhne – Revista de Estudos Politécnicos, Barcelos, n. 12, dez. 2009. Resumo O desenho segue um processo de começo, meio e fim. Inicia‑se com um ponto da folha que estabelece a área de ocupação no espaço da mesma. Na sequência, a linha que definirá a altura e a largura do objeto. Por fim, a fonte luminosa para ter o contraste de luz e sombra, proporcionando o volume. A decisão da técnica utilizada mostrará os detalhes do objeto que finalizará o desenho. Outro elemento importante para o desenvolvimento do desenho é a presença da linha do horizonte, da linha de base e do ponto de fuga. 125 TÓPICOS DE DESIGN DE INTERIORES A prática do desenho de observação deve começar com objetos pequenos, de poucos detalhes, como um copo, e depois ir aumentado o grau de dificuldade e detalhamento. Enfim, todo desenho é uma expressão, interpretação ou mesmo uma linguagem que possibilita a comunicação entre o projetista e o observador. Ele é a representação gráfica que define todos os elementos existentes ou aqueles que vêm da imaginação do homem. Aprender a desenhar é conhecer, exercitar e dominar as técnicas de representação visual de forma bidimensional ou tridimensional, que é indispensável na vida profissional de um designer. Representar uma ideia em um projeto é reproduzir a realidade de um ambiente ou objeto, sendo somente possível com a arte do desenho. Exercícios Questão 1. No desenho de observação há várias maneiras de representar um objeto usando somente a cor preta. A maneira de representar depende da finalidade do desenho e do material utilizado. Os desenhos a seguir mostram um aparelho telefônico fixo, representado de várias maneiras. Escolha a alternativa que contêm, na sequência correta, a descrição de como cada um dos desenhos do aparelho foi feito. I II III IV V A) I. Desenho feito só com o contorno; II. Desenho positivo; III. Desenho feito com linhas e sombras; IV. Desenho feito somente com linhas, sem sombras; V. Desenho negativo. B) I. Desenho feito só com o contorno; II. Desenho positivo; III. Desenho feito com linhas e cores; IV. Desenho feito somente com linhas, sem sombras; V. Desenho negativo. 126 Unidade IV C) I. Desenho feito somente com linhas, sem sombras; II. Desenho positivo; III. Desenho feito com linhas e sombras; IV. Desenho feito só com o contorno; V. Desenho negativo. D) I. Desenho feito só com o contorno; II. Desenho negativo; III. Desenho feito com manchas, sem linhas; IV. Desenho feito somente com linhas, sem sombras; V. Desenho positivo. E) I. Desenho feito só com o contorno; II. Desenho negativo; III. Desenho feito com linhas e sombras; IV. Desenho feito somente com linhas, sem sombras; V. Desenho positivo. Resposta correta: alternativa E. Análise das afirmativas I – O desenho não mostra as formas, cores ou linhas internas do objeto, ou seja, tem só o contorno. II – O desenho coloca o objeto em branco e a área em volta preta, o que corresponde a um desenho negativo. III – Esse desenho é feito com linhas, mas se vê claramente que as linhas são usadas desenhar sombras também, mas sem o uso de manchas. IV – No desenho há apenas linhas, mostrando o contorno e as formas internas do objeto. V – O desenho corresponde ao positivo, pois o objeto está representado em preto. Questão 2. O uso de sombras e texturas permite mostrar profundidade e volume em desenhos bidimensionais, gerando uma percepção mais completa do objeto desenhado. Na figura a seguir temos um volume, com uma de suas superfícies curva. Qual dos desenhos indicados nas alternativas mostra essa curva quando vista de frente, conforme indica a seta? A. B. C. D. E. Resolução desta questão na plataforma. 127 FIGURAS E ILUSTRAÇÕES Figura 10 MONTENEGRO, G. Desenho arquitetônico. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher, 2001. p. 47. Figura 13 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13142: desenho técnico – dobramento de cópias. Rio de Janeiro, 1999. p. 3. Figura 14 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13142: desenho técnico – dobramento de cópias. Rio de Janeiro, 1999. p. 3. Figura 15 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 13142: desenho técnico – dobramento de cópias. Rio de Janeiro, 1999. p. 3. Figura 16 ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 8402: Execução de caracter para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1994. p. 2. Figura 37 YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p. 93. Figura 39 YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p. 91. Figura 40 YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p. 91. Figura 41 YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p. 93. 128 Figura 42 YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p. 90. Figura 67 YEE, R. Desenho arquitetônico: um compêndio visual de tipos e métodos. 3. ed. Rio de Janeiro: LTC, 2009. p. 124. Figura 171 FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 1990. p. 65. GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. Barcelona: Gustavo Gili, 2010. p. 70. REFERÊNCIAS Audiovisuais DONALD no país da matemágica. Dir. Hamilton Luske, 1959. 27 minutos. Textuais ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6492: representação de projetos em arquitetura. Rio de Janeiro, 1994. ___. NBR 8196‑0: desenho técnico, emprego de escalas. Rio de Janeiro, 1996. ___. NBR 8402: execução de caráter para escrita em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1994. ___. NBR 8403: aplicação de linhas em desenhos. Rio de Janeiro, 1984. ___. NBR 10067: princípios gerais de representação em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1995. ___. NBR 10068: folha de desenho – leiaute e dimensões. Rio de Janeiro, 1987. ___. NBR 10126: cotagem em desenho técnico. Rio de Janeiro, 1987. ___. NBR 10582: apresentação da folha para o desenho técnico. Rio de Janeiro, 1988. ___. NBR 13142: dobramento de cópias. Rio de Janeiro, 1999. ___. NBR 16280: reforma em edificações, sistema de gestão de reformas e requisitos. Rio de Janeiro, 2014. ___. NBR ISO 10209‑2: documentação técnica de produto – vocabulário. Parte 2: termos relativos aos métodos de projeção. Rio de Janeiro, 2005. 129 BRAGA, T. Desenho linear geométrico. 14. ed. São Paulo: Ícone, 1997. CATAPAN, M. F. Apostila de desenho técnico. Curitiba: UFPR, 2005. CHING, F. D. K.; JUROSZEK, S. P. Representação gráfica para desenho e projeto. Barcelona: GG, 2001. FARINA, M. Psicodinâmica das cores em comunicação. 4. ed. São Paulo: Edgard Blucher Ltda., 1990. GIBBS, J. Design de interiores: guia útil para estudantes e profissionais. Barcelona: Gustavo Gili, 2010. 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Exercícios Unidade II – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2015: Tecnologia em Design de Interiores. Questão 20. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/ provas/2015/15_cst_design_interiores.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2018. Unidade II – Questão 2: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2015: Tecnologia em Design de Interiores. Questão 21. Disponível em: <http://download.inep.gov.br/educacao_superior/enade/ provas/2015/15_cst_design_interiores.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2018. Unidade III – Questão 1: INSTITUTO NACIONAL DE ESTUDOS E PESQUISAS EDUCACIONAIS ANÍSIO TEIXEIRA (INEP). Exame Nacional de Desempenho dos Estudantes (ENADE) 2009: Design. Questão 21. Disponível em: < http://public.inep.gov.br/enade2009/DESIGN.pdf>. Acesso em: 16 mar. 2018. 130 131 132 Informações: www.sepi.unip.br ou 0800 010 9000
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