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Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave: O crime de ameaça presente no artigo 147 do Código Penal esta enquadrado dento dos crimes contra liberdade pessoal, como o cárcere privado, sequestro e constrangimento. A análise do tipo penal no artigo 147 do Código Penal, esta descrita no próprio artigo “Ameaçar”, ameaçar alguém é intimidar, prometer que ira causar mal a uma pessoa. Ameaçar alguém de um mal injusto e grave, como o próprio artigo descreve. O artigo apresenta que o mal terá que ser “injusto”, que não tem respaldo na lei, para configurar o crime de ameaça, caso o mal não seja injusto, não irá configurar o crime de ameaça. Porem cada caso terá que ser analisado de forma individual, de acordo com os acontecimentos do caso concreto. O ato de ameaçar é caracterizado pela forma livre, nota-se que o legislador apresenta na própria doutrina positivada que, qualquer meio utilizado pelo agente pode caracterizar o crime de ameaça. Na redação do artigo estão empregadas as formas mais comuns de ameaça como: por palavra, escrita ou gesto, ou qualquer outro meio simbólico, abrindo um leque de possibilidades para caracterizar o crime previsto no artigo 147 Código Penal. Há divergência entre alguns autores sobre a caracterização do crime de ameaça ser futuro ou não. Alguns entendem que o crime de Ameaça só se apresenta se o mal ameaçado for futuro, outros entendem que o mal pode ser futuro ou presente. Portanto a doutrina majoritária entende que o crime de ameaça deve ser futuro. Cezar Roberto Bitencourt aborda com clareza esse tema: “Só a ameaça de mal futuro, mas de realização próxima, caracterizará o crime, e não a que se exaure no próprio ato; ou seja, se o mal concretizar-se no mesmo instante da ameaça, altera-se a sua natureza, e o crime será outro e não este. Por outro lado, não o caracteriza a ameaça de mal para futuro remoto ou inverossímil, isto é, inconcretizável”. (CEZAR ROBERTO BITENCUR, 2007, p447) O elemento subjetivo do artigo 147 do Código Penal é caracterizado pelo dolo, quando o agente tem intenção e consciência do ato que esta sendo realizado. O crime de Ameaça não será admitido na forma culposa. É predominante na doutrina que o agente causador do delito esteja ameaçando a pessoa com seriedade nas palavras. Em caso de ânimos alterados, discussões mais exaltadas, não esta caracterizado o crime do artigo 147, pois não há seriedade nas afirmações que o agente fala, consequentemente há ausência do dolo por parte do agente no emprego das palavras ditas. No crime do artigo 147 do Código Penal há um sujeito ativo e um sujeito passivo. O sujeito ativo no crime de ameaça pode ser qualquer pessoa, sendo assim um crime comum. O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa, desde que seja determinadamente endereçada a ela, a mesma deve ser capaz de entender e ficar intimidada pela ameaça que esta sendo realizada, desta forma pessoas que tem deficiências mentais e crianças não podem ser alvos de ameaça, pois não tem a capacidade de entender a situação que esta sendo realizada. A ameaça é consumada no momento em que a vítima entende o conteúdo da ameaça, sendo assim o crime de ameaça é formal, pois ha antecipação em sua consumação, não é necessário que a ameaça seja dita e realizada, apenas é necessário o ato de ameaçar e o entendimento do ameaçado. Esse crime admite tentativas, elas estão descritas no texto da lei, a ameaça pode ser tentada nas hipóteses de ameaça escrita, simbólica ou por gestos, quando a mesma for realizada por meio de palavras nas falas, é incompatível a que a ameaça seja tentada. No crime de Ameaça o objeto jurídico tutelado é a liberdade individual, descrito no artigo como criminosa a conduta de intimidar alguém, perante ameaça, prometendo um prejuízo ou lesão, com a manifestação de palavras gestos, ameaças escritas, ou qualquer outro meio simbólico. O objeto material presente no crime do artigo 147 do CP, é a pessoa que está sendo ameaçada, aturando a conduta criminosa. Vale ressaltar que o artigo 147 pode ser considerado um crime subsidiário, quando ele é empregado para que outro crime seja realizado. Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante seqüestro ou cárcere privado: Pena - reclusão, de um a três anos. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos: I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos; II - se o crime é praticado mediante internação da vítima em casa de saúde ou hospital; III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias. IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito) anos; V – se o crime é praticado com fins libidinosos. § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral: Pena - reclusão, de dois a oito anos. No tipo penal do Art. 148, nota-se que o bem jurídico a ser protegido é a liberdade individual, ou seja, o direito de ir e vir, a ação de se locomover pra onde bem entender. Em sua obra, Tratado de direito penal. Parte especial: crimes contra a pessoa, o ilustre doutrinador, Cézar Roberto Bitencourt, afirma que: ”... o agente que sequestrar e encarcerar responderá por um único crime, pois, na verdade, a conduta tipificada é “privar” alguém de sua liberdade...”. O crime de sequestro e cárcere privado integra o grupo de crimes contra a liberdade individual e pessoal. O elemento subjetivo identificado é o dolo, que é quando o agente priva a liberdade de um outro alguém sem o seu consentimento, ele acontece no sequestro e também, no cárcere privado. Já quando se trata da caracterização dos sujeitos ativos e passivos, o sujeito ativo é qualquer pessoa, sem qualquer tipo de característica pré-determinada. O sujeito passivo, também é descrito como qualquer pessoa sem que seja relevante sua capacidade de conhecimento ou se definir a partir desse conhecimento. Quanto a sua consumação, ela só é declarada quando a liberdade da pessoa é privada por um tempo considerável juridicamente, e ainda é configurado crime mesmo que a vítima tenha sua locomoção permitida dentro de um espaço delimitado pelo agente. E só tem seu fim a partir do momento em que a vítima obtém sua liberdade de volta. Quando se trata da tentativa, ele é considerada incomum, já que é a execução do ato sem que ele seja executado definitivamente e a vítima tenha sua liberdade restringida. No que se refere ao objeto jurídico dos crimes tipificados e preservados pelo art. 148, é não somente a liberdade de locomoção, mas também a inviolabilidade patrimonial. No entanto, ao tratarmos do objeto material, é definida pela privação da liberdade da pessoa. BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de direito penal. Parte especial: crimes contra a pessoa. Volume 2. 18 ed. São Paulo: Saraiva, 2018.