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Habilidades em Língua Espanhola I

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Prévia do material em texto

2018
Habilidades em língua 
espanHola i
Prof.ª Iara de Oliveira
Copyright © UNIASSELVI 2018
Elaboração:
Prof.ª Iara de Oliveira
Revisão, Diagramação e Produção:
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
Ficha catalográfica elaborada na fonte pela Biblioteca Dante Alighieri 
UNIASSELVI – Indaial.
Impresso por:
 OL48h
Oliveira, Iara de 
 Habilidades em língua espanhola I. / Iara de Oliveira. – Indaial: 
UNIASSELVI, 2018.
 232 p.; il.
 ISBN 978-85-515-0225-9
 1.Língua Espanhola. – Brasil. II. Centro Universitário Leonardo Da Vinci.
CDD 460
III
apresentação
Vivemos na era da informação. Essa afirmação já é de nosso 
conhecimento e a lemos ou ouvimos com frequência. Somos diariamente 
bombardeados com milhares de informações e o desafio é saber como lidar 
com elas. Diante de tanto conteúdo, é preciso saber ler.
A leitura permite que façamos interpretações e que compreendamos 
a nós mesmos e ao mundo que nos cerca. Desse modo, todos os dias lemos 
infinidades de textos e tratamos de compreender, interpretar, analisar e avaliar 
o que guardaremos como informação útil e o que descartaremos. Será nesse 
processo que formaremos conhecimentos, definiremos posicionamentos, 
construiremos ações e reações.
É evidente, portanto, que ler não se trata apenas de decodificar, 
de decifrar o código da mensagem. É preciso mobilizar saberes que nos 
levam para dentro e para além dos textos. Tal perspectiva se torna de suma 
importância porque direciona nosso olhar e, na condição de professores, 
nossas práticas pedagógicas, e nos torna professores-mediadores. Ou seja, 
direciona as ações para que promovamos estratégias práticas de leitura que 
levem os alunos ao patamar de leitores letrados, crítico-reflexivos e cidadãos 
atuantes socialmente.
Esse processo não é diferente na construção de conhecimentos em 
uma língua estrangeira. Cabe aos profissionais que atuam com tal língua, em 
nosso caso, o espanhol, possibilitar que o letramento também ocorra nesse 
processo de aquisição do idioma, por isso a importância de relembrar ou 
mesmo conhecer os aspectos que envolvem a leitura e o desenvolvimento 
pleno desta competência.
O livro que desenvolvemos e que chega agora as suas mãos é 
direcionado para as questões que minimamente abordamos aqui. Ele 
enfatizará a competência leitora na língua estrangeira (nossa língua 
espanhola) e as habilidades necessárias para construí-la adequadamente.
Na primeira unidade discutiremos questões relacionadas ao ato de 
ler como parte do processo de comunicação. Relembraremos como se dá a 
comunicação humana e quais as funções da linguagem, o que é de fato o 
letramento, os textos verbais e não verbais, bem como quais são os níveis de 
leitura e com que finalidade lemos.
A Unidade 2 será voltada para a análise de como ocorrem os processos 
de pré-leitura, leitura e pós-leitura. Veremos a importância dos elementos 
paratextuais, de localizar, analisar e interpretar. Também trabalharemos com 
a leitura e interpretação de questões, já que elas são consideradas sempre 
um problema por nossos alunos (que sentem dificuldades quando prestam 
IV
Você já me conhece das outras disciplinas? Não? É calouro? Enfim, tanto 
para você que está chegando agora à UNIASSELVI quanto para você que já é veterano, há 
novidades em nosso material.
Na Educação a Distância, o livro impresso, entregue a todos os acadêmicos desde 2005, é 
o material base da disciplina. A partir de 2017, nossos livros estão de visual novo, com um 
formato mais prático, que cabe na bolsa e facilita a leitura. 
O conteúdo continua na íntegra, mas a estrutura interna foi aperfeiçoada com nova 
diagramação no texto, aproveitando ao máximo o espaço da página, o que também 
contribui para diminuir a extração de árvores para produção de folhas de papel, por exemplo.
Assim, a UNIASSELVI, preocupando-se com o impacto de nossas ações sobre o ambiente, 
apresenta também este livro no formato digital. Assim, você, acadêmico, tem a possibilidade 
de estudá-lo com versatilidade nas telas do celular, tablet ou computador. 
 
Eu mesmo, UNI, ganhei um novo layout, você me verá frequentemente e surgirei para 
apresentar dicas de vídeos e outras fontes de conhecimento que complementam o assunto 
em questão. 
Todos esses ajustes foram pensados a partir de relatos que recebemos nas pesquisas 
institucionais sobre os materiais impressos, para que você, nossa maior prioridade, possa 
continuar seus estudos com um material de qualidade.
Aproveito o momento para convidá-lo para um bate-papo sobre o Exame Nacional de 
Desempenho de Estudantes – ENADE. 
 
Bons estudos!
algum tipo de prova em processos seletivos, concursos, exames nacionais de 
avaliação etc.) e colegas de trabalho (que afirmam sempre que nossos alunos 
não sabem interpretar enunciados e questões de provas).
Já a última unidade estará voltada para a leitura de textos específicos. 
Trabalharemos com alguns gêneros textuais considerados acadêmicos, que 
circulam em escolas e universidades, como os resumos, resenhas e artigos. 
Deter-nos-emos em como realizar um processo de leitura adequado a esses 
gêneros textuais, os quais sempre geram desconforto para os seus leitores. 
Igualmente apresentaremos alguns caminhos para se pensar o trabalho 
com a leitura (e a leitura destes gêneros) nas aulas de língua espanhola dos 
diferentes níveis de ensino.
Como você percebeu, nossa jornada é longa, no entanto, frutífera e 
prazerosa. Aproveite os conteúdos, as indicações de leitura e atividades e 
construa o máximo de conhecimentos sobre este assunto. 
Um abraço,
Prof.a Iara
NOTA
V
Olá acadêmico! Para melhorar a qualidade dos 
materiais ofertados a você e dinamizar ainda mais 
os seus estudos, a Uniasselvi disponibiliza materiais 
que possuem o código QR Code, que é um código 
que permite que você acesse um conteúdo interativo 
relacionado ao tema que você está estudando. Para 
utilizar essa ferramenta, acesse as lojas de aplicativos 
e baixe um leitor de QR Code. Depois, é só aproveitar 
mais essa facilidade para aprimorar seus estudos!
UNI
VI
VII
UNIDADE 1 – LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS ........................................................ 1
TÓPICO 1 – ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA DO MUNDO ......................................... 3
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 3
2 O PROCESSO COMUNICATIVO .................................................................................................... 3
3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM E INTERAÇÃO COMUNICATIVA ........................................... 12
3.1 FUNÇÕES DA LINGUAGEM ....................................................................................................... 12
3.2 INTERAÇÃO COMUNICATIVA .................................................................................................. 16
3.2.1 Atos de fala .............................................................................................................................. 17
4 O LETRAMENTO ................................................................................................................................. 18
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 24
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 25
TÓPICO 2 – LEITURA E ATO DE LER ................................................................................................ 27
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 27
2 LEITURA, SOCIEDADE E ERA DIGITAL ...................................................................................... 27
2.1 LEITURA DIGITAL .........................................................................................................................30
3 O TEXTO VERBAL E O TEXTO NÃO VERBAL ............................................................................ 34
RESUMO DO TÓPICO 2........................................................................................................................ 41
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 42
TÓPICO 3 – COMPETÊNCIA LEITORA ............................................................................................ 47
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 47
2 OBJETIVOS DE LEITURA .................................................................................................................. 47
3 NÍVEIS DE LEITURA .......................................................................................................................... 49
3.1 NÍVEL DE LEITURA LITERAL OU DESCRITIVA ..................................................................... 49
3.2 NÍVEL DE LEITURA INFERENCIAL OU INTERPRETATIVA ................................................ 52
3.3 NÍVEL DE LEITURA CRÍTICA OU VALORATIVA ................................................................... 55
4 HABILIDADES PARA A LEITURA .................................................................................................. 56
LEITURA COMPLEMENTAR ............................................................................................................... 64
RESUMO DO TÓPICO 3........................................................................................................................ 67
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 68
UNIDADE 2 – ESTRATÉGIAS DE LEITURA .................................................................................... 73
TÓPICO 1 – PRÉ-LEITURA ................................................................................................................... 75
1 INTRODUÇÃO ..................................................................................................................................... 75
2 O CONHECIMENTO PRÉVIO .......................................................................................................... 75
3 OS ELEMENTOS PRÉ-TEXTUAIS .................................................................................................... 83
RESUMO DO TÓPICO 1........................................................................................................................ 94
AUTOATIVIDADE ................................................................................................................................. 95
sumário
VIII
TÓPICO 2 – LEITURA .........................................................................................................................97
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................97
2 LOCALIZAÇÃO E COMPREENSÃO .............................................................................................97
3 INTERPRETAÇÃO .............................................................................................................................106
4 LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE QUESTÕES ........................................................................111
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................121
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................122
TÓPICO 3 – PÓS-LEITURA .................................................................................................................129
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................129
2 COMPLETANDO O CICLO TEÓRICO: PRÉ-LEITURA, LEITURA, PÓS-LEITURA ..........129
3 ANÁLISE, REFLEXÃO E AVALIAÇÃO: A LEITURA CRÍTICA ...............................................132
4 UM EXEMPLO DO PROCESSO LEITOR ......................................................................................136
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................144
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................147
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................148
UNIDADE 3 – GÊNEROS DISCURSIVOS ......................................................................................151
TÓPICO 1 – GÊNEROS E TIPOS DISCURSIVOS .........................................................................153
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................153
2 RELEMBRANDO NOÇÕES IMPORTANTES SOBRE TEXTO ................................................153
3 TEXTO E DISCURSO ........................................................................................................................156
4 TIPOS E GÊNEROS TEXTUAIS ......................................................................................................160
4.1 TIPOS TEXTUAIS ..........................................................................................................................163
4.2 GÊNEROS TEXTUAIS OU DISCURSIVOS ................................................................................172
RESUMO DO TÓPICO 1......................................................................................................................176
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................177
TÓPICO 2 – O GÊNERO DISCURSIVO ACADÊMICO ...............................................................181
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................181
2 CARACTERÍSTICAS DO GÊNERO DISCURSIVO ACADÊMICO ........................................181
3 GÊNEROS MAIS USUAIS E SUAS ESPECIFICIDADES ..........................................................183
3.1 RESUMO .........................................................................................................................................183
3.2 RESENHA .......................................................................................................................................189
3.3 ARTIGO CIENTÍFICO ..................................................................................................................197
3.4 ENSAIO ...........................................................................................................................................200
RESUMO DO TÓPICO 2......................................................................................................................207
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................208
TÓPICO 3 – ESTRATÉGIAS PARA A LEITURA DE GÊNEROS 
 DISCURSIVOS ACADÊMICOS..................................................................................211
1 INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................211
2 ATIVIDADES PARA LEITURA ......................................................................................................211
2.1 O RESUMO EM SALA DE AULA ...............................................................................................2122.2 A RESENHA EM SALA DE AULA .............................................................................................215
2.3 O ENSAIO E O ARTIGO CIENTÍFICO NA SALA DE AULA: 
 UM BREVE COMENTÁRIO ........................................................................................................218
LEITURA COMPLEMENTAR .............................................................................................................221
RESUMO DO TÓPICO 3......................................................................................................................224
AUTOATIVIDADE ...............................................................................................................................225
REFERÊNCIAS .......................................................................................................................................229
1
UNIDADE 1
LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE 
TEXTOS
OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM
PLANO DE ESTUDOS
A partir do estudo desta unidade, você será capaz de:
• reconhecer o processo comunicativo;
• identificar os aspectos que compõem o letramento;
• comparar o processo leitor de textos verbais e textos não verbais;
• identificar os níveis de leitura e suas especificidades;
• analisar os objetivos de leitura e as habilidades utilizadas para atingi-los.
Esta unidade está dividida em três tópicos. No decorrer da unidade você 
encontrará autoatividades com o objetivo de reforçar o conteúdo apresentado.
TÓPICO 1 – ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA DO MUNDO
TÓPICO 2 – LEITURA E ATO DE LER
TÓPICO 3 – COMPETÊNCIA LEITORA
2
3
TÓPICO 1
UNIDADE 1
ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
DO MUNDO
1 INTRODUÇÃO
As interações sociais só ocorrem por causa da comunicação. Sem 
estabelecer comunicação não seria possível entender uns aos outros e, desse 
modo, ter uma sociedade. Assim, é importante que relembremos como ocorre o 
processo de comunicação, como se promovem as interações e quais as funções 
que nossa linguagem desempenha para atingir os objetivos comunicacionais. 
Tais conceitos nos permitem entender como executamos a leitura dos 
diversos textos (verbais e não verbais) e nos apropriamos das informações neles 
contidas. Também nos oportunizam a construção de novos conhecimentos e nos 
integram na sociedade da qual fazemos parte.
Dessa forma, o processo de comunicação e suas funções serão explorados 
ao longo deste tópico, bem como o que é o letramento e suas características. 
Lembre-se de que todos estes aspectos estarão voltados para a língua espanhola, 
foco deste livro. Sigamos em frente!
2 O PROCESSO COMUNICATIVO
Observe a seguinte charge:
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
4
FIGURA 1 – A COMUNICAÇÃO HUMANA
FONTE: <https://tuvidaproblemaexistencialista.files.wordpress.com/2014/05/semantica.jpg>. 
Acesso em: 28 maio 2018.
Analisando o que temos de informação na charge, notamos que um 
menino conversa com outro sobre o fato de o avô deste último não ter entendido 
o que realmente significava “navegar por la web”. É evidente que a comunicação 
se estabeleceu entre os dois meninos, mas entre o que disseram e o que o avô 
entendeu houve algum problema, algum ruído que impediu a ocorrência 
satisfatória do processo interativo comunicacional.
Para que entendamos como se dá a interação entre os falantes de uma 
língua, as compreensões e incompreensões que acontecem durante esse processo, 
como apontamos na charge, é importante que relembremos alguns conceitos 
básicos. Vamos a eles!
As interações humanas ocorrem por meio da linguagem. Dentre as 
possibilidades de uso de linguagem está a língua, e esta pode ser falada ou escrita. 
Então: o que é linguagem? O que é língua?
Nenhum estudioso consegue precisar quando surgiu a linguagem. O 
que se sabe é que com o surgimento das primeiras comunidades, dos primeiros 
grupos sociais, houve a necessidade de expressão e, portanto, de estabelecer 
comunicação. Sem isso, não haveria sociedade. Assim, a linguagem pode ser 
entendida, superficialmente, como um sistema de símbolos que são utilizados 
para a transmissão de mensagens. Representa a capacidade de comunicar ideias, 
pensamentos, sentimentos, sensações etc.
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
5
FIGURA 2 – A LINGUAGEM
FONTE: <http://oficina-de-filosofia.blogspot.com/2013/08/introducao-filosofia-da-linguagem.
html>. Acesso em: 28 maio 2018.
Avançando um pouco neste assunto, é importante ressaltar que o ser 
humano se distingue das demais espécies por apresentar uma refinada faculdade 
de linguagem. Isso significa que temos a capacidade de criar sistemas simbólicos, 
nos quais determinado símbolo significa uma determinada “coisa”. 
Se a linguagem é essa capacidade de criar códigos que permitem a 
atribuição de significados às coisas, podemos afirmar que a linguagem verbal é 
um desses códigos. Assim, a linguagem verbal, também conhecida como língua, 
é um sistema de signos abstrato que se configura como um patrimônio social, já 
que é partilhado por indivíduos de uma mesma sociedade. A língua apresenta 
sons aos quais se atribuem significados (langue e parole, como já falava Ferdinand 
Saussure na primeira metade do século XX). A manifestação concreta da língua, 
nos textos, é o que chamamos de fala. Note que aqui o termo fala toma um caráter 
abrangente, representando fala e escrita. 
Ao longo dos anos, surgiram várias definições e correntes teóricas que 
apresentaram conceitos sobre linguagem e língua. Aqui nos interessa a visão 
que se desenvolveu a partir dos estudos linguísticos (século XX) de que a língua 
é um instrumento de comunicação, ela permite que ocorram as interações 
comunicativas e sociais.
A língua, portanto, não é apenas um conjunto de signos, há alguns fatores 
que também se incorporam ao conceito de língua. Observe a seguinte situação:
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
6
Maria vê Antônio do outro lado do corredor e diz:
- A janela está aberta.
O que você acha que Antônio responderia?
Perceba que nós lhe demos apenas um fragmento de situação, então, 
você fará algumas suposições. Se Antônio for ainda um menino, a frase tomará a 
dimensão de “Cuidado, não se aproxime ou pode cair”. Então, ele poderá dizer: 
“- Eu sei, não chegarei perto”. Ou, se Antônio for um adulto, poderá responder: “- 
Já vou fechar!” Nesse caso, a frase de Maria foi entendida como um pedido para 
que a janela fosse fechada. Ainda, Antônio poderia apenas responder: “- Sim”, 
demonstrando que entendeu a frase apenas como uma constatação para a qual só 
resta confirmar.
Com base neste pequeno exercício e associando à ideia de que língua não 
é apenas um “sistema de signos”, a que conclusões você chega? Muito bem! O 
contexto também faz parte da comunicação, uma vez que em cada situação a língua 
adquire contornos diferentes. Justamente porque vista como um ato social, a língua 
leva em consideração o tempo, o lugar e as relações entre os falantes, já que disto 
depende o estabelecimento ou não da comunicação e da interação social.
Desse modo, para que entendamos como estimular e desenvolver as 
habilidades leitoras de nossos alunos, tema deste livro de estudos, é importante 
que consideremos a língua dentro de uma perspectiva que a vê como formada 
por três componentes: o gramatical, o semântico-cognitivo e o discursivo. No 
componente gramatical observam-se as estruturas e recursos expressivos da 
língua, aparecendo os níveis fonológico, morfológico, sintático. Esse componente 
permite que o falante possa dizer: “A janela está aberta”, ao invés de dizer, por 
exemplo: “A aberta está janela”, ou ainda “A está janela aberta”. No componente 
semântico-cognitivo estão os diferentes significados que podem ser atribuídos 
às estruturas linguísticas, de acordo com seu contexto de uso. Nesse sentido, 
entenderemos que na oração: “A manga estava suculenta e deliciosa” referimo-
nos ao fruto e não à parte de uma camisa. E o componente discursivo se refere às 
condições de uso da língua. Nele se leva emconsideração quem são os locutores e 
interlocutores e as relações existentes entre eles, as intenções contidas no discurso, 
as expectativas dos interlocutores, o gênero utilizado e seus lugares de circulação, 
o lugar físico da comunicação etc.
Ao entendermos que a língua apresenta esses três componentes e que ela 
está em constante adaptação e mudança, conseguimos compreender porque, mais 
do que apenas codificar ou decodificar textos, precisamos desenvolver outras 
habilidades que nos permitam realmente ler diferentes e diversificados textos, 
estabelecendo relações e, assim, gerando, de fato, comunicação.
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
7
E por falar em comunicação, você certamente já viu (e estudou) em 
algum momento de sua trajetória acadêmica o seguinte esquema relacionado à 
comunicação:
FIGURA 3 – PROCESSO DE COMUNICAÇÃO
FONTE: <http://www.losrecursoshumanos.com/proceso-de-comunicacion-humana/>. 
Acesso em: 28 maio 2018.
O esquema menciona o emissor, o receptor, a mensagem, o canal, o 
código e o ruído. Nele também é possível identificar como o processo ocorre. Este 
esquema de interlocução foi desenvolvido pelo linguista russo Roman Jakobson 
(JAKOBSON, 2010). Ele formulou uma teoria da comunicação que identificou 
seis elementos, os quais, organizados, constituem o processo de comunicação. Os 
seis elementos, de maneira bem sucinta, são:
• Emissor: também conhecido como locutor, enunciador, remetente ou fonte da 
informação, é aquele que deseja transmitir uma informação, uma ideia. É o 
responsável por iniciar o processo de comunicação.
• Receptor: também chamado de locutário, enunciatário ou destinatário, é aquele 
que recebe a informação ou é para quem a informação se destina.
• Canal: é o meio físico por onde circula a mensagem (ondas sonoras, papel, 
bytes etc.).
• Mensagem: é a informação a ser transmitida. “A mensagem é o conjunto de 
enunciados produzidos pela seleção e combinação de signos realizada por um 
determinado indivíduo” (ABAURRE; ABAURRE; PONTARA, 2010, p. 234).
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
8
• Código: é o sistema utilizado para transmitir a informação (palavras de uma 
língua, gesto, símbolo, imagem etc.).
• Ruído: todo e qualquer elemento que dificulte a recepção plena da informação.
Há ainda a questão do contexto, que aparece em alguns esquemas, mas não 
estava na proposta de Jakobson. Essa questão veremos adiante.
IMPORTANT
E
Ainda se pode destacar que há o ato de codificar a mensagem, ou 
seja, transformar a ideia em uma informação capaz de ser compreendida pelo 
interlocutor, e o ato de decodificar, que é interpretar a informação, entender o 
que foi transmitido.
Refletindo um pouco sobre este esquema bastante utilizado ainda em 
nossos dias para explicar como ocorre a comunicação, observe a seguinte cena:
O filho chega na cozinha em que a mãe está preparando a comida. Ele 
se aproxima e diz: “Estou com muita fome”. E a mãe responde: “Eu também 
estou com fome”. 
Note que há um emissor (o filho), ele tem uma ideia que quer transmitir 
(sentir fome). Para isso, busca em seus conhecimentos linguísticos as palavras que 
significam o que está sentindo. A mãe, por sua vez, ao receber a informação (que 
utilizou o falar como canal e a língua materna como código) dá o retorno daquilo 
que entendeu. Está estabelecido o processo comunicativo, certo? Enganou-se 
quem afirmou sim. A comunicação não ocorreu de forma plena. Alguns aspectos 
importantes foram deixados de lado no exemplo que apresentamos. No entanto, 
ele ilustra com bastante exatidão o esquema desenvolvido por Jakobson. 
Por que não funcionou? Em qualquer situação “real” de comunicação não 
é apenas o que as palavras significam que vale, mas também em que contexto 
são usadas, como e com que finalidade (nível pragmático). Desse modo, ao ouvir 
que seu filho está com fome, a mãe talvez dissesse: “A comida já está saindo”, 
“Lave a mão e venha sentar-se, já está tudo pronto”, ou, ainda, “Quer comer algo 
enquanto termino o almoço?”, “Espere, o almoço ainda não está pronto”. Então, 
não é apenas o que se pode dizer, mas o que se pode fazer com o que se diz.
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
9
A Semântica é o campo da linguística que estuda os significados, os sentidos. 
A Pragmática é a área que estuda os usos das estruturas linguísticas.
IMPORTANT
E
Sem tirarmos o mérito de Jakobson, hoje já se sabe que este esquema não 
funciona exatamente como o expresso inicialmente. Isso porque no desenho inicial, 
quando alguém emite uma “fala”, se está pensando apenas no campo semântico. 
Ou seja, que ao formular uma ideia, bastaria identificar a(s) palavra(s) que a 
representaria e estaria tudo certo. É preciso levar em consideração que “coisas” 
se pode fazer com as palavras, entrando, como já dito, no campo pragmático. Sob 
essa visão, há uma confusão entre comunicação e informação, o receptor tem uma 
função passiva de apenas receptar a informação, e a mensagem fica limitada à 
questão de significado (campo semântico, conforme mencionamos antes). 
DICAS
Se quiser saber um pouco mais sobre Semântica e Pragmática, leia os artigos 
disponíveis nos endereços a seguir: 
• <www.periodicos.letras.ufmg.br/index.php/relin/article/download/2321/2270>
• <http://www.revel.inf.br/files/artigos/revel_8_a_semantica_a_pragmatica_e_os_seus_
misterios.pdf>.
O modelo de Jakobson é um modelo linear da comunicação e teve um 
papel muito importante para o desenvolvimento desta área de estudos. No 
entanto, outros foram desenvolvidos a partir dele e conseguem representar 
melhor o “real” processo comunicativo.
Jakobson mostrou um caminho e ele foi ampliado. Surge um modelo 
interpessoal de comunicação, idealizado por Schramm (1954), influenciado 
por uma perspectiva psicolinguística. Nele, é reconhecido que os sujeitos do 
processo e que trocam informações são iguais e, desse modo, realizam as mesmas 
funções de codificação, decodificação e interpretação. Esse modelo transforma 
o receptor de paciente para agente e inclui um elemento que é denominado de 
retroalimentação (feedback). Por isso, a ideia de “interpessoal” para este modelo. 
Observe o esquema a seguir:
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
10
FIGURA 4 – ESQUEMA INTERPESSOAL DE COMUNICAÇÃO
Fonte
CAMPO DE EXPERIÊNCIACAMPO DE EXPERIÊNCIA
DestinoDecodificadorSinalCodificador
FONTE: <http://pmartins-simplesmentecomunicar.blogspot.com.br/2010/02/modelos-da-
comunicacao.html>. Acesso em: 28 maio 2018.
Note que, neste modelo, o processo é contínuo. Ao dar a “resposta” 
(feedback), o enunciatário torna-se enunciador, reiniciando o processo ou dando 
continuidade a ele.
Além dos modelos linear e interpessoal, a teoria da comunicação também 
desenvolveu um modelo chamado de espiral, cujo representante foi Dance 
(1967). Nele, o destaque está na natureza do processo, não tanto nos elementos 
que interferem nele. Para esta perspectiva, a comunicação é um processo que gera 
efeitos em seus interlocutores, permitindo um maior entendimento entre eles.
Além dessas teorias, outras surgiram, mas, para nós, atuantes na área da 
Educação, a que mais trouxe impacto foi a apresentada por Austin (1962), um 
filósofo da linguagem, quando estabeleceu aquilo que conhecemos como ato de 
fala. Essa perspectiva nos mostra que a comunicação não é apenas transformar 
um pensamento em palavras, mas associar ações às palavras em um contexto 
específico. Quando dizemos “Bom dia!”, não estamos apenas traduzindo em 
palavras a ideia de que o dia está bom. Nós associamos a estas palavras o desejo 
de que nosso interlocutor tenha um dia que lhe seja agradável e bom, há um desejo 
contido nesse ato. Assim, torna-se claro que o esquema inicial não é suficiente 
para mostrar como de fato se dá a comunicação humana, porque não contempla 
as várias faces da situação em que a comunicação se dá.
Para que ela de fato ocorra também é necessário levar em consideração 
os conhecimentos que são compartilhados entre os falantes. Essesconhecimentos 
vão desde a língua em comum, passando pelos conhecimentos de mundo e 
socioculturais, até os contextos concretos partilhados pelos envolvidos no processo.
Reflitamos com base em um novo exemplo:
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
11
Você está em casa e, ao ouvir o telefone, o atende:
- Alô?
- Oi, eu sou Maria, o João está?
Nesse momento, o que você diria? Certamente algo como: “Está sim, só 
um momento” ou “Ele não está, quer deixar recado ou que ele te ligue?”.
No modelo de Jakobson, se você respondesse “Sim”, a comunicação já 
estaria estabelecida. No entanto, teria sentido “real”? Não. Todo o contexto e 
os atos de fala fazem com que façamos uma leitura da situação e sigamos pelo 
caminho esperado.
Então, para encerrarmos esta breve reflexão, é importante que lembremos: 
ao esquema tradicional de comunicação precisamos acrescentar os conhecimentos 
compartilhados (prévios e comuns), as expectativas, as intenções, as convenções 
sociais e manter viva a ideia de que a comunicação é dinâmica, complexa e está 
em constante construção, não sendo, dessa forma, somente uma tradução de 
pensamentos, mas um processo também de leitura de mundo.
Em virtude de tudo o que vimos até aqui, o esquema de comunicação 
mais adequado para nossa prática comunicativa é assim:
FIGURA 5 – PROCESSO DE COMUNICAÇÃO COM BASE EM ATOS DE FALA
REFERENTE
TEXTO O 
DISCURSO
SITUACIÓN COMUNICATIVA conocimiento 
del mundo
posición social 
y cultural
tipo de 
discurso 
elegido
características 
psicilógicas del 
recptor y de la 
situación
uso de gestos, 
silencios, etc.
conocimientos 
lingüísticos
instancia 
receptora
mido vs. redundancia
Canal o suporte físico
interpretaciónproducción
Código
conocimiento 
del mundo
posición social 
y cultural
tipo de discurso 
elegido
características 
psicológicas del 
emisor y de la 
situación
uso de gestos 
silencios, etc.
instancia 
emisora
Conocimientos
lingüísticos
FONTE: <https://es.slideshare.net/danieliglesiaswolter/comunicacion-rea>.
Acesso em: 28 maio 2018.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
12
Como se pode notar, seguem existindo os elementos que compunham o 
processo na visão de Jakobson: emissor, receptor, código, canal etc., no entanto, 
outros aspectos são incorporados, mostrando que a comunicação é um processo 
de interação e não apenas codificação e decodificação. 
Mas o que, então, significa interação comunicativa? Discutiremos esse 
tema e as funções desempenhadas pela linguagem em nosso próximo tópico.
DICAS
Quer saber mais sobre os modelos de comunicação? Leia os artigos 
disponíveis em: 
• <http://www.scielo.br/pdf/delta/v32n3/1678-460X-delta-32-03-00005.pdf>.
• <http://www.portalcomunicacion.com/uploads/pdf/20_por.pdf>.
• <http://www.scielo.br/pdf/icse/v1n1/02.pdf>.
3 FUNÇÕES DA LINGUAGEM E INTERAÇÃO COMUNICATIVA
O processo de comunicação revela que a troca de informações ocorre não 
apenas porque é um ato social, mas porque há objetivos a serem alcançados com 
ele. Tais objetivos podem ser: estabelecer contato, pedir informação, informar 
sobre algo, falar de si, divulgar uma ideia ou produto, entre outras possibilidades.
[...] quando alguém fala ou escreve, pode não só expressar seu 
pensamento, mas também realizar ações (jurar, prometer, xingar etc.) 
ou produzir certo efeito sobre o outro. Nesse sentido, pode-se dizer 
que, ao falar ou escrever, temos sempre uma intenção ou objetivo, 
sempre pretendemos algo (SARMENTO; TUFANO, 2010, p. 238, grifo 
do original).
Ao fazermos parte de uma interação comunicativa, temos objetivos que 
queremos atingir, como já mencionamos, e, para isso, nossa linguagem assume 
funções que revelam qual é a intenção predominante em uma fala ou escrita.
3.1 FUNÇÕES DA LINGUAGEM
As funções da linguagem também foram apresentadas inicialmente por 
Jakobson, de acordo com seu modelo linear de comunicação. No entanto, elas 
funcionam em todos os modelos, pois as situações comunicativas se estabelecem 
para que algo seja alcançado. Ou seja, seguimos produzindo comunicação, fazendo 
uso da linguagem com intenções, com objetivos. Veja os textos que seguem:
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
13
FIGURA 6 – TEXTO 1: ANÚNCIO
FONTE: <http://aritoalexa001.blogspot.com/2014/09/anuncios-publicitarios-busca-otros.html>.
Acesso em: 28 maio 2018.
FIGURA 7 – TEXTO 2: POEMA
FONTE: <https://www.pinterest.es/pin/43910165091160768/>. Acesso em: 28 maio 2018.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
14
FIGURA 8 – TEXTO 3: VERBETE
FONTE: <https://www.blinklearning.com/coursePlayer/clases2 
php?idclase=13737081&idcurso=347381>. Acesso em: 28 maio 2018.
Analisando os três textos apresentados, você notará que cada um deles 
tem uma intenção, um objetivo diferente. Que tal preencher o quadro a seguir 
com o objetivo de cada texto?
AUTOATIVIDADE
Objetivo do texto (o que ele quer?)
Texto 1
Texto 2
Texto 3
Se você leu cada um dos textos com atenção, identificou que o Texto 1 faz 
a propaganda de um produto, tentando “vendê-lo” ao seu público-alvo; o Texto 2 
mostra os sentimentos de um “eu”, o que sente em relação a uma pessoa a quem 
ama, preocupando-se com o jogo de palavras; já o Texto 3 explica o significado da 
palavra “ente”.
Associando esses textos aos elementos que fazem parte do processo 
comunicativo, ficará evidente que o Texto 1 destaca a figura do receptor 
(enunciatário), já que quer convencer seu leitor/ouvinte/público-alvo a adquirir 
o produto oferecido. Desse modo, a escolha do código, o canal de circulação, o 
contexto de enunciação, foram escolhidos em função do receptor. No Texto 2, o 
destaque está na mensagem, pois todos os elementos foram escolhidos para gerar 
um efeito com esta informação. Por fim, o Texto 3 se volta para o próprio código, 
uma vez que utiliza a língua espanhola para explicar o significado de uma palavra 
desta mesma língua. Note que teremos os demais elementos comunicacionais, no 
entanto, de acordo com as intenções que regem a comunicação, um deles estará 
em destaque.
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
15
O exercício que fizemos mostra que a linguagem, de acordo com a situação 
de comunicação, a intenção dos envolvidos, apresentará funções. Tais funções 
podem ser resumidas da seguinte forma:
1. Função Referencial ou Denotativa (ênfase no contexto): é aquela que traduz 
a realidade exterior ao emissor. O destaque é para a situação em si, o contexto 
que gerou o processo comunicativo. Ex.: Os jornais sempre utilizam esse tipo 
de linguagem, pois relatam fatos, os livros didáticos, de história, geografia etc., 
também usam essa mesma linguagem.
2. Função Emotiva ou Expressiva (ênfase no emissor): é aquela que traduz 
opiniões ou emoções do emissor. Essa linguagem se caracteriza quando 
alguém expressa sua opinião sobre determinado assunto. Ex.: "Eu acho que 
aquele rapaz não está passando bem, parece que está com febre".
3. Função Fática (ênfase no canal): é aquela que tem por objetivo prolongar o 
contato com o receptor ou iniciar uma conversa, caracteriza-se pela repetição 
de termos. Ex.: "O que você acha dos políticos? – Olha, no meu ponto de vista, 
sabe, eu acho que,... bem... como eu estava dizendo, os políticos, sabe como é, 
né? É isso aí". Expressões como “né”, “entendeu”, “alô”, “escuta” servem para 
testar se a comunicação continua ocorrendo.
4. Função Conativa ou Apelativa (ênfase no receptor): é aquela que tem por 
objetivo influir no comportamento do receptor por meio de um apelo ou 
ordem. O destaque está no receptor. As propagandas, os anúncios são um 
bom exemplo desse tipo de linguagem. Ex.: "Compre o sabão espumante, que 
borbulha melhor do que qualquer outro!". São características dessa função: 
verbos no imperativo, presença de vocativos, pronomes de segunda pessoa.
5. Função Metalinguística (ênfase no código): é aquela que utiliza o código para 
explicar o próprio código. Um bom exemplo dessa função, no caso do código 
língua, são os dicionários e as gramáticas. Mas também podemosdestacar 
como metalinguagem um vídeo que explica como fazer um vídeo, um poema 
que mostra o que é um poema, um desenho que mostra como se desenha etc.
6. Função Poética (ênfase na mensagem): é aquela que enfatiza a elaboração da 
mensagem de modo a ressaltar o seu significado. Ao utilizar essa função, o autor 
se preocupa com rimas e comparações bem escolhidas, dando importância 
fundamental à maneira de estruturar a mensagem. Embora seja mais comum em 
poesia, essa função pode aparecer em qualquer tipo de mensagem linguística. 
Ex.: "sua alma sua palma" (provérbio).
Se voltarmos a qualquer um dos modelos de comunicação, que vimos 
anteriormente, conseguiremos encaixar as funções exercidas pela linguagem 
durante o ato comunicativo, como mostra a ilustração a seguir:
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
16
FIGURA 9 – FUNÇÕES DA LINGUAGEM
FONTE: <http://humanidadesaplicadas.es/las-funciones-del-lenguaje-aplicacion-la-
comunicacion-verbal>. Acesso em: 28 maio 2018.
As funções da linguagem só existem porque se estabelece comunicação, 
porque há a interação entre os seres humanos. Por isso, também chamamos essa 
perspectiva de interação comunicativa, tema que apresentaremos com mais 
ênfase no próximo item.
3.2 INTERAÇÃO COMUNICATIVA
A interação comunicativa pode ser definida em virtude de várias 
perspectivas. Uma primeira vertente pauta-se na interação a partir do conceito 
de intersubjetividade desenvolvido por Bernal (2003), e é entendida como 
uma negociação de significados relacionados ao conhecimento de mundo 
compartilhado pelos interlocutores. Tal processo pode ocorrer de forma verbal ou 
não verbal. É definida como “[...] todos los acontecimientos de la comunicación 
humana que transcienden las palabras dichas o escritas” (KNAPP, 1982, p. 27).
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
17
Partindo de uma perspectiva social, a interação comunicativa é entendida 
como uma trama discursiva que permite a socialização do sujeito através de 
atos dinâmicos, possibilitando sua participação em redes de ação comunicativa, 
fazendo com que se apreenda, compreenda e incorpore o mundo que o cerca. 
Essa visão permite a codificação e decodificação da linguagem e serve também 
para compartilhar a cultura e os valores que a sustentam, porque por ela se pode 
refletir sobre as experiências próprias e coletivas e expressá-las aos demais. “Para 
que la interacción comunicativa se efectúe, los individuos deben actuar bajo 
normas y las condiciones del contexto conversacional en que dicho intercambio 
tiene lugar, además de utilizar el código específico que demanda la situación” 
(CARRILLO VARGAS et al., 2017, p. 111).
Desse modo, parece evidente que a interação comunicativa se caracteriza 
por incluir tanto habilidades pragmáticas quanto habilidades sociais, podendo 
materializar-se nos atos de fala.
3.2.1 Atos de fala
Os atos de fala, entendidos como unidades para a análise da função 
interpessoal da comunicação, possuem proposição (conteúdo conceitual, o que se 
quer informar, dizer) e ilocução (intenção da proposição, o que se quer obter com 
esse conteúdo). Os atos também são entendidos como unidades de comunicação 
linguística que se adaptam às regras da língua e às representações mentais e 
intenções do falante.
Os atos de fala podem ser classificados em:
• Ato de fala direto: ordem direta de realização de uma ação comunicativa.
• Ato de fala indireto: adota uma forma sintática que não reflete as intenções 
subjacentes ou conhecidas como de cortesia.
• Ato de fala literal: falante diz exatamente o que quer.
• Ato de fala não literal: falante não diz com precisão o que quer dizer.
Serle (1967 apud CARRILLO VARGAS et al., 2017, p. 112-113) também 
apresenta uma classificação dos atos de fala: 
Las categorias propuestas son: las representativas, las cuales hacen 
referencia a declaraciones que trasmiten una proposición; las directivas, 
que son expresiones que intentan influir sobre el oyente para que 
realice alguna acción; las obligaciones, pues son compromisos frente 
a una acción futura, las expresivas, es decir expresiones de un estado 
psicológico y las declarativas, que buscan exponer hechos que pueden 
alterar la situación.
Outro elemento relacionado à caracterização dos atos de fala é o aspecto 
paralinguístico, também chamado de suprassegmental, que envolve todos 
os elementos, como entonação, ritmo de fala, pausas etc., os quais permitem 
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
18
uma melhor compreensão das intenções comunicativas. Além deste, é preciso 
considerar o aspecto extralinguístico, como gestos, expressões faciais e corporais, 
postura corporal, movimento de olhos e cabeça, distância, que aplicado à 
modalidade verbal amplia o processo de apreensão e compreensão.
Tudo o que estudamos até o momento reforça a ideia de que a comunicação, 
e nela incorporamos as ideias de linguagem, língua, interação e atos de fala, exige 
que tenhamos habilidades para além do mero ato de codificar e decodificar. Os 
conhecimentos prévios, as diversificadas visões de mundo, as diferentes situações 
comunicativas requerem que não apenas sejam identificadas, mas que também 
sejam utilizadas em novas interações comunicativas, em um processo contínuo de 
leitura. Esse processo é o que se chama de letramento. Tema que relembraremos 
no próximo item.
4 O LETRAMENTO
Em espanhol é raro o uso da palavra letramento. Todos os textos sobre leitura e 
processo de alfabetização se referem ao processo que denominamos de letramento como 
“lectura competente”.
NOTA
Observe a seguinte charge:
FIGURA 10 – CHARGE SOBRE LEITURA
FONTE: <https://redacaonline.com.br/blog/764-2/>. Acesso em: 28 maio 2018.
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
19
A ironia da situação representada se encontra no fato de que o jovem de 
touca faz parte dos 93% de escolarizados no Brasil, mas não consegue “entender” 
o conteúdo daquilo que leu. Faz a decodificação típica de algumas linhas 
alfabetizadoras, mas não consegue estabelecer as relações necessárias para o 
efetivo entendimento da informação. 
O que foi explorado na fala passa a estar presente também na escola. É 
bastante comum escutarmos comentários como estes nas salas de professores: 
“Os alunos não sabem ler e interpretar”; “Eles sabem fazer a conta, mas não 
conseguem interpretar o problema, falta leitura”; “Eles já não conseguem ler em 
português, quem dirá na língua estrangeira”. Resta-nos refletir sobre tais falas que 
acabam se petrificando na educação. Nossos alunos não sabem ler ou não têm uma 
habilidade de leitura “qualificada”? Os estudos na área vêm, nas últimas décadas, 
mostrando que se estabeleceu um abismo (que não deveria sequer existir) entre 
ser alfabetizado e ser letrado. Nossas escolas estão repletas de alfabetizados, 
mas são todos letrados? Essa é uma discussão importante, porque interfere 
nas relações que se estabelecem com a língua estrangeira e seu aprendizado. 
Quando ensinamos o espanhol, não estamos “alfabetizando” no sentido literal da 
palavra, porque partimos dos conhecimentos já construídos durante o processo 
de aprendizagem da língua materna. Mesmo quando ensinamos a língua aos que 
ainda não foram formalmente alfabetizados, estabelecemos comparações com a 
língua que nossas criancinhas falam.
Assim, também os professores de língua estrangeira, como nós, 
precisamos entender, sobretudo e principalmente, o que é o letramento, porque 
ele é o responsável pela qualidade dos conhecimentos linguísticos e de mundo 
que construímos.
Se fizermos uma síntese muito superficial e, claro, repleta de lacunas 
sobre o tema, poderemos afirmar que alfabetizar é o processo de aprendizagem 
no qual se desenvolvem as habilidades de leitura e de escrita. Já letramento diz 
respeito ao uso competente dessas duas habilidades nas práticas sociais. Ou seja, 
na alfabetização aprendemos o necessário para codificar e decodificar variadas 
formas de textos; no letramento desenvolvemos as habilidades para fazer usodo que aprendemos nos diferentes contextos comunicativos aos quais estamos 
diariamente expostos. 
Note que os dois conceitos são complementares e, por isso, quando 
surgiram as primeiras discussões sobre o letramento, se tenha enfatizado tanto a 
expressão “alfabetizar letrando”. No entanto, como frisamos, esse é um resumo 
que não dá conta da complexidade de tal processo. Se fosse realmente algo 
simples, não teríamos dados tão alarmantes sobre a leitura em nosso país.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
20
Por isso, antes de iniciarmos realmente a discussão sobre o que é o 
letramento, é importante que levemos em consideração uma classificação 
estabelecida pelo INAF – Indicador de Alfabetismo Funcional –, mencionada por 
Goulart (2014, p. 36):
O INAF define quatro níveis de alfabetismo que, em linhas gerais, se 
apresentam assim: analfabetismo – corresponde à condição dos que não 
conseguem realizar tarefas simples que envolvem a leitura de palavras 
e frases; nível rudimentar – corresponde à capacidade de localizar uma 
informação explícita em textos curtos e familiares (por exemplo, um 
anúncio ou pequena carta); nível básico – as pessoas classificadas neste 
nível podem ser consideradas funcionalmente alfabetizadas, pois leem 
e compreendem textos de média extensão, localizam informações 
mesmo que seja necessário realizar pequenas inferências; nível pleno 
– classificadas neste nível estão as pessoas cujas habilidades não mais 
impõem restrições para compreender e interpretar textos em situações 
usuais: leem textos mais longos, analisando e relacionando suas 
partes, comparam e avaliam informações, distinguem fato de opinião, 
realizam inferências e sínteses.
INAF – Indicador Nacional de Alfabetismo Funcional – é uma pesquisa 
desenvolvida pelo Instituto Paulo Montenegro e por Ação Educativa. Sua realização se dá 
por meio de um teste que avalia a capacidade de leitura e um questionário sobre as práticas 
de leitura e escrita da população. É feito por amostragem, ou seja, se escolhe uma amostra 
da população para realizar o procedimento e depois se analisam os resultados obtidos.
IMPORTANT
E
Os estudos apresentados pelo INAF referentes aos anos de 2011-2012 
mostram que apenas um de cada quatro brasileiros apresenta pleno domínio da 
leitura, encaixando-se na classificação de plenamente alfabetizado.
Desse modo, fica evidente que ainda não se está avançando no que se refere 
a letramento durante o processo alfabetizador. Goulart (2014) rebate, inclusive, 
a forma como se trabalha a ideia de letramento nas escolas: como parte de um 
movimento de ações compensatórias, buscando estabelecer nivelamentos ao 
invés de trabalhar com a diversidade histórico-cultural-social. Segundo a autora, 
“na perspectiva de explicitar o sentido social da aprendizagem da língua escrita, 
a utilização da noção de letramento tem levado a dicotomizar forma e sentido, 
técnica e conhecimento, em que alfabetização encampa o primeiro elemento de 
cada dupla elencada, e letramento, o segundo”. (GOULART, 2014, p. 40).
Nos aproximando de nossas realidades, como entendermos letramento e 
como aplicá-lo em nossas aulas de língua estrangeira? Mais do que responder a tais 
perguntas, apresentaremos reflexões (ou se preferir, provocações) que permitam 
que você faça escolhas e estabeleça caminhos que o(a) levem às respostas desejadas.
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
21
A formação de leitores plenamente competentes passa, valendo-nos de 
uma visão histórico-cultural, por duas dimensões, como mencionaram Cerutti-
Rizzatti, Daga e Dias (2014): uma intersubjetiva e uma intrassubjetiva, como 
veremos a seguir.
A intersubjetividade pauta-se na ideia de que ler é um ato do qual 
participam e interagem leitores e autores, sendo, desse modo, um processo social.
Tomamos, então, intersubjetividade tal qual faz Geraldi (2010a, 2010b; 
Geraldi et al., 2006), concebendo o conceito à luz de fundamentos 
bakhtinianos, como a relação do ‘eu’ com o ‘outro’, mediada pela 
linguagem, em espaços social, histórica e culturalmente situados; 
ou, como quer Ponzio (2010), também sob fundamentação filosófica 
bakhtiniana, como o encontro entre a subjetividade e a alteridade 
(CERUTTI-RIZZATTI; DAGA; DIAS, 2014, p. 228).
A partir das afirmações das autoras, podemos entender intersubjetivo 
como as interações entre indivíduos em um espaço social, realizadas através da 
linguagem. Isso coloca o ato de ler como um processo cultural que, dentro dos 
grupos sociais específicos, ganha significados, delimitações e valores diferenciados, 
bem como se torna o lugar onde os sujeitos (o “eu” e o “outro”) se encontram.
Cabe ressaltar que, no âmbito da intersubjetividade, trabalhar com a 
diversidade textual é elemento de suma importância. Será a diversidade de 
gêneros que permitirá as relações entre as diferentes individualidades, histórias 
de vida e percepções de mundo. Ela promoverá também o desenvolvimento do 
letramento, uma vez que convergirá os textos familiares (conhecidos e cuja leitura 
é “fácil”) com os textos não habituais ou estranhos (aqueles que não são uma 
leitura comum nos ambientes aos quais pertence o leitor).
Observe que devemos não apenas pensar na dimensão intersubjetiva, 
mas também incorporar a ela a dimensão intrassubjetiva. Ao mesmo tempo em 
que o texto permite o encontro de um “eu” com um “outro” pela perspectiva 
cultural, também o faz nas relações textuais, nos recursos lexicais, gramaticais 
selecionados pelos autores em seus discursos para promover sua escrita.
Desse modo, quando entramos do campo da intrassubjetividade, faz-
se necessário conhecer o que é dito pelo autor para, depois de realizada uma 
compreensão leitora, dar as respostas que o texto pede. Nesse sentido, “[...] 
importa substancialmente decodificar o texto e depreender implícitos, dois 
processos exigidos dos sujeitos em sua individualidade” (CERUTTI-RIZZATTI; 
DAGA; DIAS, 2014, p. 230). 
Note que no processo intrassubjetivo é necessário que o leitor faça 
inferências, gerencie seus esquemas cognitivos (os quais permitirão decodificar 
os códigos utilizados na escrita) e ative seus conhecimentos prévios. Tais ações 
devem ser parte da escolarização, tornando o letramento fundamento para a 
formação do sujeito.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
22
Cerutti-Rizzatti, Daga e Dias (2014) tratam em seu texto dos liames da 
língua materna. Esse é o foco de seus estudos e do grupo de pesquisa do qual 
fazem parte. Segundo as autoras:
[...] entendemos que cabe aos professores de língua materna 
empreenderem uma ação que, partindo da complexidade intersubjetiva 
do ato de ler, toque sua complexidade intrassubjetiva – em uma 
abordagem não dicotômica, mas dialética –, de modo que os alunos, 
no processo cultural, do qual a escola é parte importante – e, às vezes, 
como escreve Kleiman (1995), instituição definitiva para tal porque a 
principal agência de letramento –, potencializem suas possibilidades 
de compreensão leitora, concebida como resposta aos autores dos 
textos, como acabamento no delineamento dos sentidos, processo 
histórica, cultural e socialmente situado, tal qual propõem os estudos de 
letramento (CERUTTI-RIZZATTI; DAGA; DIAS, 2014, p. 231).
Depois dessa breve reflexão sobre o letramento, que se fechou em 
uma visão mais aproximada da língua materna, vem a pergunta: E na língua 
estrangeira (espanhol), como promover o letramento? A pergunta gera certa 
angústia nos professores de língua estrangeira das redes formais de ensino, 
porque sabemos que a carga-horária destinada a essa disciplina é pequena e, 
muitas vezes, os planejamentos gerais preveem mais assuntos relacionados à 
aquisição de vocabulários e questões de ordem gramatical do que exatamente o 
trabalho com os textos.
Claro está que essa visão também passa por bem-vindas alterações. 
Os próprios textos-base utilizados em redes públicas e privadas de ensino já 
adotam uma visão de texto como base para as interações humanas, o quevai 
gradativamente modificando o fazer docente. Mas, a pergunta segue pertinente, 
embora com um viés um pouco diferenciado: Como a língua estrangeira pode 
colaborar para o letramento deste aluno-cidadão?
Aqui cabe bem retomar as ideias de intra e intersubjetividade em uma 
proposta real de letramento. O professor de língua espanhola deve planejar suas 
atividades de modo a também promover o letramento, fazendo, para isso, uso de 
textos diversificados que sejam relevantes ao contexto do aluno e que permitam o 
uso competente da língua nas variadas situações comunicativas. Schlatter (2009), 
em um artigo sobre o letramento em língua estrangeira, faz uma colocação muito 
interessante e que nos permite atribuir ao professor de língua estrangeira uma 
dimensão diferenciada:
As atividades propostas devem levar em conta o papel da LE na vida 
do aluno, de que forma ele já se relaciona (ou não) com essa língua e 
o que essa LE pode dizer em relação a sua língua e cultura maternas. 
Em última análise, aprender a ler e escrever (e também ouvir e falar) 
em determinadas situações de comunicação da LE tem como meta 
ampliar a participação do educando nas práticas sociais em sua língua 
e em sua cultura, contribuindo para o seu desenvolvimento como 
cidadão (SCHLATTER, 2009, p. 12).
TÓPICO 1 | ATO COMUNICATIVO: UMA LEITURA 
23
Assim, reforça-se o objetivo da língua estrangeira de permitir que o 
educando tenha condições de exercer a leitura (e a escrita) com competência nas 
práticas sociais, elevando a função do leitor para além de somente decodificar, 
mas como agente capaz de avaliar o que lê e apresentar reações diante dessa 
leitura-reflexiva. 
Segundo a autora, “como analista, o leitor deverá ser crítico em relação à 
ideologia subjacente ao texto: deverá saber ler nas entrelinhas, reconhecer o que 
está implícito e pressuposto, reconhecer que qualquer texto representa um ponto 
de vista e que autor e leitor tomam posições em relação ao que escrevem/leem ”. 
(SCHLATTER, 2009, p. 13).
Desse modo, para que consigamos formar leitores proficientes, precisamos 
adotar práticas de ensino que se valham dessa perspectiva e a ponham em 
exercício. Levar textos que tenham vínculo com o universo cultural e social 
do aluno, estimular o estabelecimento de relações entre o seu universo e o dos 
autores e demais leitores, permitir a análise das estruturas do texto que mostrem 
de que lugar fala o autor e sua proximidade ou distanciamento do nosso lugar de 
leitor, relacionar o universo textual da língua estrangeira com o universo textual 
da língua materna, são alguns elementos a serem introduzidos nas aulas para 
realmente promover o letramento.
DICAS
A Universidade Federal de Minas Gerais, em parceria com o Centro de 
Alfabetização, Leitura e Escrita (CEALE) e o Ministério da Educação, produziu uma coleção 
para a formação de docentes alfabetizadores. A coleção é formada por 17 títulos e os livros, 
em formato pdf, podem ser acessados no endereço: 
• <http://www.ceale.fae.ufmg.br/pages/view/colecao-alfabetizacao-e-letramento.html>. 
Vale a pena conferir!
Para saber mais sobre alfabetização e letramento, assista aos vídeos nos endereços: 
• <https://www.youtube.com/watch?v=Gb_HDtzgmGo> (parte 1).
• <https://www.youtube.com/watch?v=M-VMUXdzbR8> (parte 2).
• <https://www.youtube.com/watch?v=-YP-7l6oAZM>.
Após essa discussão introdutória, necessária para que possamos entender 
os processos de leitura e realmente desenvolvamos em nossos alunos as habilidades 
leitoras que o tornem um leitor competente na língua estrangeira, no próximo 
tópico nos deteremos à questão do ato de ler e como ler as diferentes linguagens.
24
Neste tópico, você aprendeu que:
• Linguagem é o sistema de símbolos utilizados para a transmissão de mensagens. 
Criação de códigos capazes de atribuir significados.
• Língua é o sistema de signos compartilhados pelos indivíduos de uma mesma 
sociedade.
• Comunicação é o processo que envolve vários elementos, como: enunciador, 
enunciatário, mensagem, código, canal, contexto, ruídos, intenções 
comunicativas etc.
• A comunicação ocorre porque se pretende atingir determinados objetivos com 
ela. A linguagem, portanto, assume funções.
• As funções da linguagem são: referencial, emotiva, fática, poética, apelativa, 
metalinguística.
• Interação comunicativa pertence a todos os acontecimentos da comunicação 
humana para além da língua.
• Os atos de fala fazem parte da interação humana e se constituem de conteúdo 
e intenção.
• Letramento é o uso competente da leitura e da escrita nas diversas situações 
comunicativas.
RESUMO DO TÓPICO 1
25
1 De acordo com as intenções comunicativas, uma mesma frase 
pode ter diversos sentidos. Com base no que estudamos, 
analise as frases a seguir (se quiser, pode lê-las em voz alta, 
dando-lhes as diferentes entonações) e diga que sentidos elas 
podem assumir em cada situação:
a) Merezco eso.
b) Dios mío.
c) No pasa nada.
2 Ainda pensando na questão dos sentidos, das intenções e das 
situações comunicativas, associe às perguntas que seguem 
diferentes situações comunicativas. Explique as situações e 
como seria a resposta esperada para cada uma delas:
a) ¿Tiene fuego?
b) ¿Está Pablo?
3 Faça uma breve pesquisa e veja como os estudiosos definem alfabetização 
e letramento. Você pode, se quiser, usar alguns dos que indicamos aqui:
• MATTOS, Andréa Machado de Almeida; VALERIO, Kátia Modesto. 
Letramento crítico e ensino comunicativo: lacunas e interseções. Rev. 
bras. linguist. apl., Belo Horizonte, v. 10, n. 1, p. 135-158, 2010. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-
63982010000100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 7 set. 2018. 
• SOARES, Magda. Novas práticas de leitura e escrita: letramento 
na cibercultura. Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 81, p. 143-160, dez. 
2002. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
arttext&pid=S0101-73302002008100008&lng=pt&nrm=iso>. Acesso 
em: 7 set. 2018. 
• BONAMINO, Alicia; COSCARELLI, Carla; FRANCO, Creso. Avaliação 
e letramento: concepções de aluno letrado subjacentes ao SAEB e ao 
PISA. Educ. Soc., Campinas, v. 23, n. 81, p. 91-113, dez. 2002. Disponível 
em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0101-
73302002008100006&lng=pt&nrm=iso>. Acesso em: 7 set. 2018. 
• CERUTTI-RIZZATTI, Mary Elizabeth. Letramento: uma discussão sobre 
implicações de fronteiras conceituais. Educ. Soc., Campinas, v. 33, n. 
118, p. 291-305, mar. 2012. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0101-73302012000100018&lng=pt&nrm=i
so>. Acesso em: 7 set. 2018.
AUTOATIVIDADE
26
Autor(a) Alfabetização Letramento
4 Em suas aulas de língua espanhola, como você poderia promover o letramento? 
Se achar pertinente, dê exemplos.
27
TÓPICO 2
LEITURA E ATO DE LER
UNIDADE 1
1 INTRODUÇÃO
Já está claro que um leitor competente realiza a leitura de diferentes 
textos e consegue estabelecer nesse processo diversas relações: quem emitiu e 
quem recebeu (para não nos esquecermos dos termos utilizados inicialmente 
nos esquemas de comunicação); de que lugar se “fala” e se “ouve” e que relação 
se estabelece entre esses dois indivíduos; o conteúdo e o contexto em que foi 
produzido e em que foi recebido; as estruturas que compõem o próprio texto, 
e assim por diante. Por isso, os autores insistem tanto em falar de letramento e 
leitor competente.
Sabemos que ler não é um processo simples. Envolve uma série de 
habilidades e competências que possibilitam a atribuição de sentidos, ocorrendo 
a interação entre os sujeitos. Também gera novas visões de mundo e nos instiga a 
refletir sobre quem somos e como atuamos na sociedade em que vivemos.
Para que tal processo possa incluir-se em definitivo em nossas aulas de 
língua espanhola, neste tópico nos deteremos em entender como funciona a 
leitura, principalmente na era digital, e como ativar as habilidades necessárias 
para ler textos verbais e textos não verbais. Vamos lá?2 LEITURA, SOCIEDADE E ERA DIGITAL
Você já se deu conta de que estamos cercados por informações e textos. 
Desde a hora em que acordamos até o momento em que vamos dormir praticamos 
a leitura, às vezes, de forma tão automatizada que nem atentamos para o fato de 
que estamos lendo. 
Pense nisso: você acorda e à mesa lê o que está escrito na caixa de cereais 
ou na margarina, porque quer saber o teor de açúcar ou de gordura; já está no 
celular dialogando ativamente no Whats ou se inteirando das primeiras notícias 
do dia. Sai de casa e lê as placas de trânsito, os letreiros de ônibus, os nomes 
das ruas e números dos edifícios para chegar ao trabalho, à consulta médica, à 
escola ou a qualquer outro lugar desejado. Vai almoçar e precisa ler o cardápio ou 
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
28
quais são as opções do buffet. Ao efetuar pagamentos, lê o que está no boleto ou 
no comprovante de crédito ou débito. Vai à farmácia e lê o que está nos rótulos, 
nas bulas dos remédios, no encarte da promoção. Isso sem falar da leitura que 
fazemos dos gestos, das expressões faciais, dos outdoors, cartazes e panfletos que 
se lançam sobre nós ao passarmos pelas ruas. E veja, só chamamos a atenção 
para alguns dos milhares de situações de leitura a que somos expostos em nosso 
cotidiano. Vivemos em um mundo em que ler é algo vital para que possamos 
interagir em sociedade.
E, ainda, todos esses atos de leitura requerem de nós mais do que 
simplesmente codificar ou decodificar os códigos apresentados. Eles exigem que 
estabeleçamos relações, que busquemos conhecimentos prévios para associá-los 
aos novos que estamos construindo, que entendamos as entrelinhas, as pausas, as 
ironias que estão nos textos, ou seja, requerem que sejamos leitores competentes, 
portanto, letrados.
Mas antes que passemos às ideias mais recentes sobre o processo de 
leitura, vamos estabelecer alguns princípios que norteiam o que se pensa hoje 
sobre esse ato.
A leitura, tal como ocorre hoje, é um ato de representação. Não temos 
acesso direto à realidade, mas a reconstruímos através do que está em um texto. 
Ao olharmos para as palavras de um texto, ou as imagens, ou, ainda, as palavras 
e as imagens, vemos outras informações.
Uma primeira ideia de leitura a via como “extração de sentidos de um 
texto”. Essa visão deixava claro que o sentido estava todo no texto e o leitor deveria 
extraí-lo de lá. Leffa (1996), ao mencionar esse conceito, faz uma associação com 
uma mina e o trabalho do mineiro. Segundo ele, o texto seria uma espécie de mina, 
cheia de corredores e riquezas a serem ainda exploradas. O leitor seria o mineiro 
que trataria de explorar esses corredores e riquezas e a exploração persistente o 
faria descobrir os sentidos do texto. Sob essa perspectiva, o destaque estaria no 
texto, ele conteria tudo que é necessário para entendê-lo. O leitor, por sua vez, 
precisaria aprender o texto na íntegra para não ter seu sentido comprometido.
“O leitor está subordinado ao texto, que é o polo mais importante da leitura. 
Se o texto for rico, o leitor se enriquecerá com ele, aumentará seu conhecimento 
de tudo porque o texto é o mundo. Se o texto for pobre, mina sem ouro, o leitor 
perderá seu tempo, porque nada há para extrair” (LEFFA, 1996, p. 13).
Uma análise breve mostra que essa visão de leitura é bastante limitada e 
não representa de fato o que ocorre no processo leitor.
A segunda visão vê a leitura como “atribuição de significados”. Nela o 
foco deixa de ser o texto e passa a ser o leitor. Caberá ao leitor trazer ao texto 
as significações necessárias. Aqui, as experiências prévias são essenciais para 
a compreensão do texto. Diferentemente da primeira visão que se torna linear, 
TÓPICO 2 | LEITURA E ATO DE LER
29
esta é um levantamento de hipóteses que serão reforçadas ou refutadas a cada 
parágrafo ou página lida. O significado não está na mensagem do texto, mas no 
desencadeamento de acontecimentos na mente do leitor. Nesta perspectiva, ler é 
preencher lacunas deixadas pelo escritor.
Isoladamente, as duas perspectivas apresentam problemas e não 
conseguem dar conta do processo. Entra em questão uma terceira forma de 
conceber a leitura, pautada na ideia de “interação”. A leitura ocorre quando há 
uma interação entre o leitor e o texto, levando ainda em conta alguns fatores 
como intenção, conhecimentos prévios e partilhados, contexto etc.
Assim, a leitura passa a ser entendida como “uma atividade ou um processo 
cognitivo de construção de sentidos realizado por sujeitos sociais inseridos num 
tempo histórico, numa dada cultura” (CAFIERO, 2005, p. 17). Note que não estamos 
pensando simplesmente no ato de traduzir o que o autor escreveu (enfatizaremos 
a questão da escrita neste momento), mas de construir sentidos, em um contexto 
concreto de comunicação, a partir do que o autor nos deu.
Isso nos leva a pensar que, quando lemos, precisamos inicialmente 
compreender o que lemos, e esse processo de compreensão ocorre em duas 
dimensões: nas estruturas linguísticas do texto, como está constituído, como 
funciona socialmente; e no próprio leitor, nos conhecimentos, nas operações 
mentais de que fará uso para ler o texto.
Leer no consiste sólo en descifrar, esto es, en relacionar los sonidos con 
sus grafías correspondientes sino que supone, además, comprender, 
dotar de significado al texto. La comprensión, por tanto, implica un 
proceso interactivo entre el lector y el texto, en relacionar las ideas que 
posee en la mente con las que le presenta el autor en el texto. Supone 
diversas operaciones:
– extracción de ideas (microestructuras);
– relación entre las ideas: subtemas que contiene y que inciden en la 
coherencia textual (macroestructuras);
– reconocimiento de la organización textual, según el tipo de texto que 
se trate (superestructura);
– relación con los conocimientos previos;
– construcción del significado (DELGADO, 2010, p. 14).
A leitura é, portanto, um ato complexo que envolve diversos elementos. 
Desse modo, ao trabalharmos com nossos alunos esse ato, precisamos planejar 
como o faremos, para que consigamos promover realmente uma leitura 
competente.
Como já mencionamos anteriormente, para que nossos leitores sejam 
competentes, um dos aspectos importantes é expô-los a diversos gêneros textuais, 
procurando dosar entre gêneros que são de seu conhecimento e uso e gêneros que 
ainda lhes são pouco conhecidos ou desconhecidos. Assim também ampliaremos 
seus conhecimentos prévios para outras e novas leituras.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
30
Vale ressaltar que o meio de veiculação e circulação dos textos muda de 
acordo com a transformação das sociedades, as formas não desaparecem, mas se 
somam, permitindo que tenhamos sempre acesso a mais e mais leitura. Antes os 
textos eram orais, visto que a oralidade veio antes da escrita. Com o surgimento 
da escrita, os textos passaram a circular também de forma física (pergaminhos, 
papel etc.). Apareceram os livros, de vários formatos e tamanhos, e que circulam 
muito entre nós. E, claro, com o avanço da tecnologia e a entrada da humanidade 
na era digital, surgem os textos digitais. A questão é: O fato de que nossos textos, 
hoje, circulem em meios digitais ocasionou algum tipo de mudança na leitura? 
Surgiram novas habilidades a serem desenvolvidas no processo por conta desse 
novo meio de criação e circulação textual? Essas e outras perguntas servirão para 
o estudo que desenvolveremos no próximo item. Vamos lá.
DICAS
Sobre o ato e a importância de ler, há disponível um audiolivro de Paulo 
Freire que merece nossa atenção. Ele está no endereço: <https://www.youtube.com/
watch?v=v3PJqLKkAhs>.
2.1 LEITURA DIGITAL
Para iniciar nossa reflexão, leia a seguinte charge:
FIGURA 11 – LEITURA X MEIO DIGITAL
FONTE: <http://www.3livrossobre.com.br/leitura-e-a-maneira-pela-qual-pessoas-instalam-
novos-softwares-em-seus-cerebros/>. Acesso em: 28 maio 2018.
TÓPICO 2 | LEITURA E ATO DE LER
31
Em um tom bem-humorado,o chargista mostra uma situação bastante 
comum nas escolas atualmente: para que os alunos entendam determinados 
temas, é necessário associá-los com o universo do qual estes estudantes fazem 
parte. Este universo é o tecnológico. Nossos alunos estão todo o tempo conectados, 
recebendo e trocando informações em uma velocidade incrível. Com essa pequena 
ilustração, identificamos que atualmente não apenas as habilidades de escrita e 
leitura que são pregadas nos documentos oficiais devem ser trabalhadas, mas 
novas habilidades que surgem na mesma velocidade das tecnologias.
Sobre a leitura, tema deste livro de estudos, vale uma nota saudosista que 
também ilustrará como a evolução tecnológica alterou a percepção do ato de ler. 
Quem nasceu nos idos dos anos 70, 80 e mesmo início dos 90 se recordará que 
na escola se enfatizava muito o valor do livro. Poder levar para casa um livro da 
biblioteca ou comprar um livro era um prazer. Muitos ainda dizem que nenhum 
outro meio substitui o folhear das páginas, o cheiro da tinta e do papel, a textura 
da capa sobre os dedos ávidos do leitor.
No entanto, com o advento da internet e a rede praticamente infinita de 
informações que passou a circular neste meio, houve também uma revolução 
no ato de ler. Chegou-se a dizer, inclusive, que o livro, tal como o conhecemos, 
estaria fadado à extinção. Isso porque no meio digital a escrita passou por uma 
transformação que também transformou a leitura: o surgimento do hipertexto. 
Sobre o hipertexto, Zayas (2010, p. 2) apresenta a seguinte definição: “[...] 
una serie de fragmentos textuales vinculados entre sí de tal modo que las unidades 
puedan leerse en distinto orden, permitiendo así que los lectores accedan a la 
información siguiendo distintas rutas”.
O termo hipertexto foi apresentado por Ted Nelson em 1963, embora seu 
funcionamento já tivesse sido descrito por Vannevar Bush logo após a 2ª Guerra Mundial.
NOTA
Se os textos impressos sugeriam uma leitura linear, normalmente do 
início para o final, no meio digital os textos permitem uma leitura em rede, ou 
seja, ao acessar um texto, os vários links distribuídos nele possibilitam que se 
tenha acesso simultaneamente a imagens, gráficos, sons, explicações e mesmo 
outros textos que complementam o primeiro lido.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
32
FIGURA 12 – O HIPERTEXTO
FONTE: <https://cw121a5.wordpress.com/tag/hipertexto/>. Acesso em: 2 jun. 2018.
Na leitura em rede, proposta pelos hipertextos, o leitor abandona a 
linearidade e rigidez e tem múltiplas experiências, uma vez que o texto passa a ser 
uma espécie de quebra-cabeças que pode ser montado como lhe parecer melhor 
ou da forma que melhor atenda as suas necessidades para aquele momento.
DICAS
Para saber mais sobre hipertexto, escrita e a leitura hipertextual e outros 
aspectos do tema, leia os artigos disponíveis em: 
• <http://www.scielo.br/pdf/ci/v28n3/v28n3a4.pdf>.
• <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S1984-63982012000100011>.
• <http://www.letramagna.com/Eliane_Arbusti_Fachinetto.pdf>.
TÓPICO 2 | LEITURA E ATO DE LER
33
Muitos estudos tentaram provar que também havia a possibilidade de leitura 
não linear nos livros impressos. Um exemplo muito citado foi o livro Rayuela (O Jogo da 
Amarelinha), do argentino Julio Cortázar. Nele é possível fazer uma leitura capítulo a capítulo, 
seguindo o fluxo normal de leitura, ou se pode seguir as orientações que estão ao final de 
cada capítulo e que nos levam a ler o livro indo e voltando conforme o que pede o autor.
NOTA
Assim, o que podemos observar é que a tecnologia trouxe uma nova forma 
de leitura: a leitura digital, realizada diretamente nos aparatos tecnológicos. 
Essa nova forma não exige mais o contato com o papel, já que os textos são 
disponibilizados na rede de inúmeras formas, podendo ser lidos em qualquer 
lugar do mundo em que haja uma conexão com a internet.
Também se verifica que essa forma de leitura exige de seu leitor novas 
habilidades. Ela necessita mais requisitos do que aqueles para a leitura do papel. 
Por isso, na atualidade, fala-se tanto na alfabetização digital, pois o leitor terá 
que saber não apenas ler de forma competente, mas também utilizar de forma 
competente os recursos tecnológicos.
Nos ambientes virtuais, lugares de excelência do hipertexto, o leitor 
precisará: estabelecer claramente quais são seus objetivos de leitura para que saiba 
que percurso de leitura traçar nesta rede de informações; reconhecer os itens de 
navegação disponíveis naquele ambiente (menus, conteúdos, ícones, buscadores 
internos daquela Web...); identificar os vínculos que o levam a espaços em que 
ocorre a participação direta do leitor (fórum, comentários, impressão etc.).
Zayas (2010) afirma que o leitor da era digital deve saber movimentar-se 
na rede com o propósito de obter informação, selecionar e classificar a informação 
encontrada, arquivar o que considerar importante e reutilizar a informação 
arquivada, quando necessário em novos contextos de comunicação. Dessa forma, 
além das habilidades de leitura “convencionais”, o leitor precisa ser alfabetizado 
também no ambiente tecnológico, porque a leitura neste espaço exige dele novas 
habilidades que envolvem o acesso aos espaços virtuais de informação e o manejo 
das ferramentas destes espaços.
O professor de língua espanhola precisará trabalhar com seus alunos estes 
novos aspectos da leitura, promovendo o letramento também no ambiente virtual. 
Isso implicará ter e permitir o acesso à tecnologia e não se apoiar unicamente 
nos planejamentos estáticos e/ou nos livros didáticos. Igualmente, exigirá que se 
trabalhe a linguagem e suas diversas formas de manifestação. O próximo item 
discutirá justamente a questão da linguagem e suas manifestações. Em frente!
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
34
3 O TEXTO VERBAL E O TEXTO NÃO VERBAL
Já vimos no início desta unidade que a linguagem é um sistema de 
códigos, utilizado pelas sociedades para representar ideias, as mensagens que se 
quer transmitir. Isto é, foram criados códigos, ao longo da história da sociedade, 
que permitem que atribuamos significado aos diversos elementos que compõem 
os indivíduos e o mundo que os cerca. Observe as imagens a seguir:
FIGURA 13 – IDEIA
FONTE: <https://br.freepik.com/vetores-gratis/empresario-com-uma-grande-ideia_834592.
htm>. Acesso em: 2 jun. 2018.
FIGURA 14 – IDEIA (2)
FONTE: <http://adridea.blogspot.com/>. Acesso em: 2 jun. 2018.
TÓPICO 2 | LEITURA E ATO DE LER
35
Podemos afirmar que as duas imagens representam a mesma “coisa”? 
Sim, ambas nos apresentam um mesmo conceito: “ter uma ideia”, mas o fazem 
valendo-se de códigos diferentes. Na primeira, temos apenas desenhos (homem e 
lâmpada), na segunda, as letras do alfabeto que combinadas formam uma escrita 
(tuve una idea). Nossa sociedade convencionou que a lâmpada está associada a 
“ter ideias” porque quando as temos nosso cérebro “se ilumina”. Então, cada vez 
que vemos uma lâmpada sozinha em uma imagem ou pairando perto de alguém, 
automaticamente associamos com “ideia”.
Esses são, portanto, códigos – a imagem e as letras – que utilizamos 
para expressar o que queremos. São parte deste sistema que definimos como 
linguagem. E dentro deste sistema podemos identificar dois grandes grupos: a 
linguagem não verbal e a linguagem verbal.
Para entender como cada uma delas se manifesta, novamente observe as 
imagens a seguir:
FIGURA 15 – EXPRESSÕES
FONTE: <https://www.psicoactiva.com/blog/la-comunicacion-no-verbal-el-arte-de-expresarse-
sin-hablar/>. Acesso em: 2 jun. 2018.
UNIDADE 1 | LEITURA E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS
36
Você conseguiria traduzir em palavras cada uma das expressões que vê na 
Figura 15? Então, coloque a palavra no quadro que corresponde a cada carinha:
E, agora, consegue fazer o mesmo com esta outra imagem? Então, 
preencha o quadro:
AUTOATIVIDADE
AUTOATIVIDADE
FIGURA 16 – SINAIS DE TRÂNSITO
FONTE: <http://gloriaanabel.blogspot.com/2015/05/lenguaje-no-verbal.html>.

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