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Vasoconstritores São drogas que contraem os vasos sanguíneos e assim, controlam a perfusão do tecido. São adicionados às soluções anestésicas locais para combater a ação vasodilatadora dos anestésicos. Funções dos vasoconstritores ➔ Redução do fluxo sanguíneo local ➔ Absorção anestésica mais lenta ➔ Maiores concentrações anestésicas permanecem ao redor do nervo por mais tempo ➔ Aumento da duração anestésica ➔ Redução do sangramento local Duração do efeito anestésico Sem vasoconstritores Lidocaína a 2% 5 a 10 minutos Mepivacaína a 3% 20 a 40 minutos Prilocaína a 4% 5 a 15 minutos Associados a qualquer vasoconstritor Articaína Lidocaína Mepivacaína Prilocaína Duração intermediária (60 minutos) Bupivacaína Etidocaína Duração longa (maior que 90 minutos) Estrutura química Os vasoconstritores são divididos em dois tipos: aminas simpatomiméticas ou felipressina. ➔ As aminas simpatomiméticas, em sua estrutura química, podem apresentar ou não um núcleo catecol, sendo divididas em catecolaminas e não catecolaminas. ➔ As aminas simpatomiméticas agem sobre os receptores adrenérgicos, que são dos tipos α e β. ➔ A maior parte dos vasoconstritores são aminas simpatomiméticas. Catecolaminas Não catecolaminas Adrenalina Fenilefrina Noradrenalina Anfetamina Levonordefrina Metanfetamina Isoproterenol Efedrina Dopamina Metaraminol Mecanismo de ação Em relação a sua ação nos receptores adrenérgicos, podem ter: ação direta, indireta e mista. Receptores adrenérgicos ● Alfa (α) - musculatura lisa dos vasos ○ Vasoconstrição ● Beta (β) ○ β1 - coração e intestino ■ Taquicardia ■ Lipólise ○ β2 - brônquios, leitos vasculares e útero ■ Broncodilatação ■ Vasodilatação Adrenérgicos - aminas simpatomiméticas ➔ Adrenalina ➔ Noradrenalina ➔ Levonordefrina ➔ Fenilefrina Não adrenérgico - aminas não simpatomiméticas ➔ Felipressina 0,03UI/ml O que significa 1:100.000? Adrenalina 1:100.000 ● 1g de adrenalina diluído em 100.000 ml de água destilada ● 1g = 1000 mg ● 1000 mg / 100.000 ml = 0,01 mg/ml ● 1 tubete = 1,8 ml ● 0,018 mg por tubete de adrenalina 1:100.000 Concentração de adrenalina Anestésico local genérico 1:50.000 Lidocaína 1:100.000 Articaína Lidocaína 1:200.000 Articaína Bupivacaína Etidocaína Lidocaína Mepivacaína Prilocaína 1:300.000 Lidocaína 1:400.000 Articaína Adrenalina ● Vasoconstritor padrão ● Diluições → 1:50.000 / 1:100.000 / 1:150.000 / 1:200.000 ● Anestésicos que contém adrenalina em solução também apresentam o antioxidante bissulfito de sódio ● Notar que o tempo de validade de um tubete com vasoconstritor é um pouco menor ● Atua sobre os receptores α e β, sendo que os efeitos β predominam. ○ No miocárdio, estimula receptores β1 → aumento do débito e da frequência cardíaca ○ Nas células do marca-passo, estimula receptores β1 → aumento da incidência de arritmias e taquicardias ventriculares podem ocorrer ○ Nas artérias coronárias, dilatação e ação em β2 → aumento do fluxo coronariano. ○ Pressão arterial → PA sistólica aumentada → ação de α. A pressão diastólica é reduzida devido a ação de β2. ○ Dinâmica cardiovascular, estimula receptores β1 → aumento do débito e frequência cardíaca assim como força de contração → redução da eficiência cardíaca. ○ Nas redes vasculares, vasoconstrição por ação em α e hemostasia. ○ Sistema respiratório → broncodilatação → efeito β2. ○ SNC → em doses terapêuticas não é um estimulante. ○ Metabolismo → aumenta o consumo de O2 em todos os tecidos. Através de β1 que estimula a glicogenólise aumentando a glicemia. ○ Final de ação e eliminação → recaptação pelos nervos adrenérgicos e restante metabolizada pelas enzimas COMT e MAO no fígado e excretadas na urina. Noradrenalina (Levarterenol) ● Apresenta 25% da potência da adrenalina, sua diluição é 1:30.000 ● Atua quase exclusivamente sobre receptores α (90%), β (10%) → isso significa que além de aumentar a PA sistólica também aumenta a diastólica e não é broncodilatador. ● Anestésicos que contém noradrenalina em solução também apresentam o antioxidante bissulfito de sódio. Levonordefrina ● Apresenta 15% da potência da adrenalina, sua diluição é 1:20.000 ● Atua mais em receptores α (75%) do que em β (25%) ● Dose máxima de 1 mg por secção ● Anestésicos que contém levonordefrina em solução também apresentam o antioxidante bissulfito de sódio. ● Efeitos semelhantes ao da adrenalina. Fenilefrina ● Apresenta 5% da potência da adrenalina, sua diluição é 1:2.500 ● Atua mais em receptores α (95%), pouca ou nenhuma ação em β ● Não tem efeito sobre o miocárdio, as células do marcapasso e artérias coronárias ou na lipólise ● Aumento da PA sistólica e diastólica e pequena bradicardia Felipressina ● Análogo sintético do hormônio antidiurético (vasopressina) ● Diluição 0,003 UI/ml ● Não apresenta efeito hemostático clínico ● Atua sobre a musculatura lisa das vênulas pós-capilares ● Não possui efeitos sobre o miocárdio, células do marcapasso ou SNC ● Anestésicos que contém felipressina não apresentam o antioxidante bissulfito de sódio ● Possui ações antidiuréticas e otocitotóxicas ● Pode ser administrada com segurança a pacientes com hipotireoidismo e pacientes em uso de inibidores da MAO ou antidepressivos tricíclicos. Atividade dos vasoconstritores sobre os receptores adrenérgicos Fárma co α1 α2 β1 β2 Adren alina +++ +++ +++ +++ Norad renali na ++ ++ ++ + Levon ordref ina + ++ ++ + A potência relativa dos fármacos é indicada da seguinte forma: +++ → alta, ++ → intermediária e + → baixa. Dose máxima Adrenalina Fenilefrina Paciente saudável 0,2 μg (11 tubetes 1:100.000) 4 μg (5 tubetes 1:2.500) Cardiopata Hipertenso 0,04 μg (2 tubetes 1:100.000) 1,6 μg (2 tubetes 1:2.500) Concentraç ão de adrenalina (mg/kg) Pacientes normais saudáveis Pacientes com doença cardiovascu lar clinicament e significativa 1:50.000 5,5 tubetes 1 tubete 1:100.000 11* tubetes 2 tubetes 1:200.000 22* tubetes 4 tubetes * O volume real administrado é limitado pela dose do agente anestésico local. ➔ Em pacientes saudáveis: dose máxima de adrenalina de 0,2 mg ou 200 μg por consulta. ➔ Em pacientes cardiopatas: dose máxima recomendada de 0,04 mg ou 40 μg por consulta. Contraindicação ao uso de vasoconstritores ● Pacientes ASA 3 e 4 ● Pressão sistólica > 200 mmHg ou diastólica > 115 mmHg ● Hipotireoidismo não controlado ● Doença cardiovascular grave ○ Menos de 3 meses de IAM ○ Menos de 3 meses de AVE ○ Episódios diários de angina ou angina instável ○ Arritmia cardíaca ● Uso de beta-bloqueadores, inibidores da MAO, antidepressivos tricíclicos e fenotiazínicos. Cloridrato de prilocaína ● No Brasil é comercializada em associação com a felipressina como vasoconstritor, que proporciona tempo anestésico semelhante à lidocaína ou a mepivacaína com vaso. ● Possui uma contra-indicação relativa nos pacientes com metemoglobinemia, anemia ou insuficiência cardíaca ou respiratória por hipóxia. ● Não deve ser associada com o acetaminofeno que intensifica o risco de metemoglobinemia. ➔ Ampola: 54 mg (3%) ➔ Dose máxima Malamed: 6 mg/kg ◆ Limite: 400 mg com ou sem vasoconstritor ➔ Dose máxima FDA: 8,8 mg/kg com vasoconstritor não adrenérgico ◆ Limite: 600 mg ➔ Classificação para grávidas: B ➔ Seguro na amamentação: desconhecido ➔ pKa: 7,9 ➔ Concentração odontológica eficaz: 3% ➔ Meia vida do anestésico: 1,9 horas Cloridrato de Lidocaína ● Foi o primeiro anestésico do grupo amida sintetizado e comercializado, tornando-se o anestésico local mais utilizado na odontologia até os dias atuais. ● A lidocaína a 2% sem vasoconstritor possui um grande efeito vasodilatador (o que promove sua rápida eliminação do local da injeção) que limita a anestesia pulpar a 5 a 10 minutos. ➔ Ampola: 36 mg (2%) ➔ Dose máxima Malamed: 4,4 mg/kg ◆ Limite: 300 mg com ou sem vasoconstritor ➔ Dose máxima FDA: ◆ 7 mg/kg com vasoconstritor. Limite: 500 mg. ◆ 4,4 mg/kg sem vasoconstritor. Limite: 300 mg. ➔ Classificação para grávidas: B ➔ Seguro na amamentação: sim ➔ pKa: 7,9➔ Concentração odontológica eficaz: 2% ➔ Meia vida do anestésico: 1,6 horas Mepivacaína ● Possui baixo período de latência. ● Proporciona uma anestesia praticamente indolor. ● A mepivacaína 3% sem vasoconstritor é recomendada para pacientes que não está indicado o uso de vasoconstritores e para procedimentos que não necessitem de anestesia pulpar prolongada de 20 a 40 min. ● Possui intensidade e duração semelhantes à lidocaína com adrenalina. ● A única desvantagem em relação à lidocaína refere-se ao seu custo mais elevado. ➔ Mepivacaína a 2% com vasoconstritor → ampola: 36 mg. ➔ Mepivacaína a 3% sem vasoconstritor → ampola: 54 mg. ➔ Dose máxima Malamed: 4,4 mg/kg. ◆ Limite: 300 mg com ou sem vasoconstritor. ➔ Dose máxima FDA: 5,7 mg/kg. ◆ Limite: 400 mg com ou sem vasoconstritor. ➔ Classificação para grávidas: C ➔ Seguro na amamentação: sim ➔ pKa: 7,6 ➔ Concentração odontológica eficaz: com vasoconstritor → 2%. Sem vasoconstritor → 3%. ➔ Meia vida do anestésico: 1,9 horas Articaína ● Articaína com adrenalina 1:100.000 (septanest) ● A metemoglobinemia também é um potencial efeito de toxicidade da administração de grandes doses. ● É o único anestésico local a causar reação alérgica relacionada ao enxofre. ● A solução anestésica no interior das ampolas pode conter o conservante metilparabeno que também está relacionado a reações alérgicas. ● É o primeiro e único anestésico do tipo amida a possuir um anel tiopental como sua porção lipofílica. ● Parece possuir maior capacidade de difusão tecidual que outros anestésicos. ➔ Ampola: 72 mg (4%) ➔ Dose máxima Malamed: 7 mg/kg ◆ Limite: não relatado ➔ Dose máxima FDA: 7 mg/kg com vasoconstritor não adrenérgico ◆ Limite: não relatado ➔ Classificação para grávidas: C ➔ Seguro na amamentação: desconhecido ➔ pKa: 7,8 ➔ Concentração odontológica eficaz: 4% ➔ Meia vida do anestésico: 0,5 horas Bupivacaína ● Longo período de duração → pKa: 8,1 ● Tem uma indicação clássica nos procedimentos que necessitam de período prolongado de anestesia, chegando a oferecer de 10-12 horas de analgesia, o que reduz muito a necessidade de analgésicos no pós-operatório. ● Não é recomendada em odontopediatria → risco de automutilação. ● Também é desaconselhado sua aplicação em pacientes cardiopatas. ➔ Ampola: 9 mg (0,5%) ➔ Dose máxima Malamed: 1,3 mg/kg ◆ Limite: 90 mg ➔ Dose máxima FDA: 1,3 mg/kg com vasoconstritor não adrenérgico ◆ Limite: 90 mg ➔ Classificação para grávidas: C ➔ Seguro na amamentação: sim ➔ pKa: 8,1 ➔ Concentração odontológica eficaz: 0,5% ➔ Meia vida do anestésico: 2,7 horas Benzocaína ● Anestésico local tópico do tipo éster. ● Apresenta-se na forma de gel insolúvel. ● Concentração de 20%, inicia analgesia em 5-10 segundos mantendo a área anestesiada por até 20 minutos. Características dos anestésicos locais Droga Vasodilatação Lidocaína ++++ Mepivacaína ++ Prilocaína ++ Bupivacaína ++++++ Articaína ++++ Características dos anestésicos locais - segundo FDA Droga Concent ração Dose máxima Máximo Lidocaín a 2% 7 mg/kg 500 mg Mepivac aína 3% 5,7 mg/kg 400 mg Prilocaín a 3% 8,8 mg/kg 600 mg Bupivac aína 0,5% 1,3 mg/kg 90 mg Articaína 4% 7 mg/kg NR Características dos anestésicos locais - segundo Malamed Droga Concent ração Dose máxima Máximo Lidocaín a 2% 4,4 mg/kg 300 mg Mepivac aína 3% 4,4 mg/kg 300 mg Prilocaín a 4% 6 mg/kg 400 mg Bupivac aína 0,5% 1,3 mg/kg 90 mg Articaína 4% 7 mg/kg NR Dosagem dos anestésicos locais - Malamed Exemplo: ➔ Lidocaína a 2%, ampola 36 mg ➔ Dose máxima: 4,4 mg/kg - 300 mg ➔ Em um paciente de 70 kg 4,4 mg - 1 kg x - 70 kg x = 308 mg ● dose máxima: 300 mg 1 ampola - 36 mg y - 300 mg y = 8,33 ampolas/tubetes. Dosagem dos anestésicos locais - FDA Exemplo: ➔ Lidocaína a 2%, ampola 36 mg ➔ Dose máxima: 7 mg/kg - 500 mg ➔ Em um paciente de 70 kg 7 mg - 1 kg x - 70 kg x = 490 mg ● dose máxima: 500 mg 1 ampola - 36 mg y - 490 mg y = 13,61 ampolas/tubetes. Cálculo da dose máxima e do número de tubetes (uma substância) Exemplo 1. Paciente: 22 anos, saudável, mulher, 50 kg ➔ Anestésico local: Lidocaína + adrenalina 1:100.000 ➔ Lidocaína 2%, 36 mg/tubete ➔ Lidocaína: 7 mg/kg - 350 mg (DMR) ➔ Número de tubetes = 350/36 = aprox. 9 7 mg - 1 kg x - 50 kg X = 350 mg ● dose máxima: 350 mg 1 tubete - 36 mg y - 350 mg Y = 9,72 tubetes. Cálculo da dose máxima e do número de tubetes (múltiplas substâncias) Exemplo ➔ Paciente: Mulher, saudável, 45 kg ➔ Anestésico local: Mepivacaína 2% + Levonordefrina a 1:20.000 ➔ Mepivacaína 2%, 36 mg/tubete ➔ Mepivacaína: 6,6 mg/kg - 297 mg (DMR) ➔ Resultado = 8,25 tubetes A paciente recebeu 2 tubetes = 72 mg, mas a anestesia foi inadequada. O profissional decide mudar para articaína 4% + adrenalina 1:100.000. Qual a dose de articaína essa paciente pode receber? ➔ Articaína 2%, 72 mg/tubete ➔ Articaína: 7 mg/kg - 315 mg (DMR) A dose total de ambos os anestésicos locais não deve ultrapassar a mais baixa das duas doses calculadas, ou seja, 297 mg. ➔ A paciente recebeu 72 mg de mepivacaína, portanto ainda pode receber 225 mg de articaína. ➔ 225 mg/72 mg por tubete = aprox. 3 tubetes de articaína. Interações medicamentosas ● Cimetidina e lidocaína → competem na ligação com as enzimas hepáticas → aumenta a meia vida da lidocaína. ● Antidepressivos tricíclicos e adrenalina → podem potencializar ações cardiovasculares de vasopressores exógenos. ● Inibidores seletivos da recaptação de serotonina e lidocaína. ● Inibidores da MAO → podem potencializar efeitos dos vasoconstritores pela inibição das enzimas que as metabolizam. ● Fenotiazinas e adrenalina → suprimem as ações vasoconstritoras da adrenalina permitindo suas ações vasodilatadoras → hipotensão mais comum em injeções intravasculares. Seleção da solução anestésica local ● Condição clínica do paciente ● Limiar de dor do paciente ● Intensidade de dor do procedimento ● Duração do procedimento ● Potencial de desconforto no período pós-tratamento ● Possibilidade de automutilação no período pós-tratamento Riscos ● Se o cirurgião-dentista não calcular a quantidade de anestésico que deve usar e usar uma dose em excesso, pode ocorrer a distribuição do anestésico para todos os órgãos do paciente, gerando depressão do SNC, parada cardíaca e respiratória. ● Outro caso é quando a anestesia é aplicada num vaso sanguíneo, fazendo com que o anestésico vá todo para a corrente sanguínea. Quando a agulha atinge um vaso sanguíneo, é possível observar que o sangue “volta” na agulha, impedindo que o dentista faça a técnica de forma errada. ● O que fazer nesses casos? Suporte básico de vida → manter o paciente respirando e com batimentos cardíacos até que a ambulância chegue ou até que o anestésico seja eliminado do organismo.
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