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TEXTO 1 - PRE SOCRATICOS


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UNIVERSIDADE PAULISTA
CURSO DE FILOSOFIA - LICENCIATURA
PRÁTICA COMO COMPONENTE CURRICULAR
MÓDULO 1: PRÉ-SOCRÁTICOS
TIAGO TIETZ LANES – 1900878
VILA VELHA
2021
HISTÓRIA E DESENVOLVIMENTO DA FILOSOFIA ANTIGA: OS PRÉ-SOCRÁTICOS
Tiago Tietz Lanes[footnoteRef:1] [1: Graduando em Filosofia – licenciatura, sob matrícula: 1900878, na instituição UNIP.] 
Resumo: Apresentamos neste artigo quem foram os filósofos pré-socráticos, um grupo de pensadores que, diante do mito, começam a oferecer uma explicação racional do mundo. O nascimento da filosofia pré-socrática está ligado à ideia de racionalidade e rompe com o pensamento mítico. Pode-se dizer que esses filósofos descobriram o espírito e é em Mileto que acontece o que se conhece como "o milagre grego", a descoberta da razão, a passagem do mito ao logos que culmina na destruição de todo conteúdo religioso e sobrenatural. Isso ocorre dentro de um processo sociocultural que envolve a decomposição da sociedade homérica e a composição da πόλις (polis) ou cidade-estado. a limitação do nosso objetivo, os principais "físicos" pré-socráticos e seus precursores, cujo preocupação fundamental estava no estudo da natureza (physis) e dá a coerência das coisas como um todo. Em segundo lugar, não pretendemos produzir uma exposição necessariamente ortodoxa (se tal exposição for possível dentro de um campo em que as opiniões mudam tão rapidamente), mas que temos preferido, em muitas ocasiões, expor nossas próprias interpretações. Ao mesmo tempo, geralmente mencionamos outras interpretações aos pontos discutidos e sempre procuramos oferecer ao leitor os textos principais para que ele possa formar seu próprio julgamento.
Palvaras-chave: História da filosofia. Filosofia grega. Pré-socráticos. 
INTRODUÇÃO
Os pré-socráticos são o todo de filósofos que vivem entre os séculos VI-V a.C., e considera-se que com eles filosofia nasce (MATTAR, 2010, p. 35). Suas reflexões estão focadas em torno da physis (natureza), que para eles significou a substituição do pensamento mítico para o discurso racional; o que é chamado de transição do mito para o logos (pensamento racional). Esta mudança de pensamento foi caracterizada por mostrar a ordem necessária da natureza, o que se afasta da concepção mítica caracterizado por postular que após o fenômeno é a presença caprichosa dos deuses e do destino (moira), vislumbrado por poetas e padres. De acordo com Mattar, 
se de um lado a filosofia mantém, inicialmente, a forma dos mitos, de outro ela assume o conteúdo da pólis. Ocorre assim a dessacralização do saber, o advento de um pensamento exterior à religião. Mantendo as características dos mitos ligados ao rei e ao deus ordenador, a filosofia acompanha a racionalização da vida social. (MATTAR, 2010, p. 52 [grifo nosso]).
O traço característico deste grupo de filósofos era o de conceber a verdade como alétheia (descoberta) através do qual nos é mostrado a arché (natureza como origem), isto é, a forma como o conhecimento transforma o homem comum em um homem sensato. Tal princípio é se debruça sobre algo que é finito e, portanto, tem um final, então podemos caracterizar o pensamento pré-socrático como um pensamento trágico.
1. UMA REFLEXÃO SOBRE A NATUREZA 
Começando os estudos dos pré-socráticos, que se chama assim os filósofos que desenvolveram seu pensamento anterior ao de Sócrates. Este filósofo recebe esta ‘homenagem’ por ter sido um filósofo que marcou a Filosofia grega (mais uma razão para qualifique-os com este nome). A principal preocupação dos pré-socráticos é a natureza (physis) e o começo das coisas (arché); consideramos (MATTAR, 2010, BRAGA JUNIOR, LOPES, 2015) que esta etapa é considerada, dentro do Filosofia grega, como o ‘palco cosmológico’, onde a maiorias das reflexões filosóficas estavam subordinadas.
Em questão geográfica, os primeiros filósofos ocidentais surgiram nas
cidades de Mileto, Éfeso e Samos - colônias gregas da Ásia Menor - e de Eleia e Agrigento - colônias da Magna Grécia [...] nessas colônias floresceu o pensamento filosófico, sendo que as principais escolas levam o nome de sua região ou de seu fundador. Nas cidades de Mileto, Éfeso e Samos - colônias gregas da Ásia Menor - e de Eleia e Agrigento - colônias da Magna Grécia - surgiram as primeiras escolas filosóficas da Antiguidade Grega. (BRAGA JUNIOR, LOPES, 2015, p. 88)
A filosofia pré-socrática tem algumas características que os descrevem como uma filosofia não convencional, portanto temos que interpretá-la mais como uma "metafísica pré-socrática". A filosofia Ocidental mais acadêmica, sistemática e racional só começa realmente com Platão. Os pré-socráticos começam perguntando-se para o “início das coisas” (MATTAR, 2010, p. 53), o começo supremo unificador de fenômenos e que está na base de todas as transformações das coisas. Temos que nos lembrar que por ‘natureza’ é entendido como o conjunto de seres naturais, e os problemas que ocorrem com tais seres que pleiteiam mudança. Com mudança devemos entender que as coisas deixam de ser o que o que elas são, e no caso delas, passam a ser outra coisa. Mas por que isso é um problema? A questão é que se, por exemplo, uma coisa inteiramente verde torna-se inteiramente amarelo, o que ela é? verde ou amarelo? Se pode ser verde e amarelo ao mesmo tempo? Essa mudança constante e natural da natureza, despertou nos filósofos pré-socráticos o ímpeto de se perguntam “o que são coisas na realidade”, além do mero aspecto fenomênico.
Assim sendo, o projeto comum dos pré-socráticos é a tentativa de explicar racionalmente a mudança natural através da unificação da variabilidade infinita e multiplicidade de seres, o que é observado na experiência, através da permanência de alguns seres que, eles próprios imutáveis, são as fontes e suporte da mudança. A esse ser imutável que não muda e não se corrompe, mas é o começo de tudo o que é gerado, se nomeará arché. A originalidade dos filósofos pré-socráticos é que eles se aproximam da crença que o universo deve ter um sentido racional, que dá razão ao devir e a multiplicidade das coisas e, portanto, a sua explicação também deve ser racional.
Começando desta ideia, alguns argumentam que pode só haver uma única arché, é o que defendem os pré-socráticos monísticos; e por outro lado, aqueles que argumentam que existe arkhai múltiplos, que são o que os pluralistas defendem. Pois bem, a partir desta divisão conceitual vamos explicar de uma maneira específica as várias escolas e filósofos que surgiram ou foram formados dentro os dois grupos: 
1. Monistas: que sustentam que existe apenas uma arché. Escolas: Escola de Mileto: Tales, Anaximandro e Anaximenes. Escola de Éfeso: Heráclito. Escola Pitagórica: Pitágoras e Filolau. Escola Eleática: Xenófanes, Parmênides e Zeno.
As três primeiras escolas pertenceriam ao grupo Jônico[footnoteRef:2], que são físicos ou naturalistas: porque eles identificam a arché como algo físico (água, terra, ar, fogo); e o último, com os Itálicos[footnoteRef:3] que são mais especulativos, porque apresentam uma arché mais abstrata e passa a transferir a reflexão da cosmologia para ontologia. [2: Colônias gregas orientais da Jônia.] [3: Colônias gregas no sul da atual Itália, conhecida como “Magna Grécia”.] 
A primeira resposta filosófica é realizada no final do séc. VII a. C., oriunda da escola Jônica, e mais em especificamente, por Tales de Mileto que inaugura essa escola, e que vai oferecer uma primeira explicação física do mundo. Esta escola será distinguida pela caracterização da arché como uma entidade material que é única. Então, Tales pensa que é a água e, portanto, todas as outras as coisas são derivadas da água; e se eu sei Tales de Mileto se perguntou em que consiste em ser água, deve-se dizer que o princípio de tudo mais não consiste em ser algo diferente do que ela é, uma vez que se consistisse em outra coisa, não teria uma existência genuína, mas derivada e não poderia ser a arché. Na verdade, Tales indicou que a água foi transformada por condensação. Percebemos que não é um argumentoinfundado, uma vez que
a fundamentação de Tales não se baseava em nenhum argumento fantasioso ou ilógico, como era próprio dos mitos. Ao contrário, toma como base o logos, a razão, baseando-se em um raciocínio simples, uma observação sobre a natureza que o faz chegar a conclusões válidas do ponto de vista da lógica. (BRAGA JUNIOR, LOPES, 2015, p. 91)
O seguinte membro da escola, Anaxímenes de Mileto pensará que é o ar. Por último, Anaximandro de Mileto, dirá que a arché, embora material, não é algo particular que pode ser apontado à vista, como água ou ar, mas um ser indefinido, que ele chama de “apeiron”, ou seja, “o indeterminado”, e que é transformado por separação de opostos, subjugada tudo à justiça (dikné).
Para a escola de Heráclito, derivação parcial e ascendente da Escola Jônica, o universo é a combinação, ou melhor, a sucessão eterna e inadequada de ser e não ser; cada essência é fenomenal e transitória, e o ser se identifica com o tornar-se, com o movimento, ser e não ser. Ser, o universo-mundo, é uma unidade (monismo); mas uma unidade de movimento, uma série de fenômenos que aparecem e desaparecem com sujeição a uma lei eterna e absolutamente necessária. Ele afirmou que a arché era o fogo, que se transforma através da oposição do caminho descendente e ascendente, assim, tudo estaria em devir (mudança contínua), e para consequentemente, estaria sujeito ao logos. Como tipifica Mattar, para Heráclito “a tensão, o combate entre os opostos, a mudança e a dialética são os princípios do universo (ao contrário, por exemplo, da harmonia pitagórica), enquanto o logos (ou razão) governa o mundo e mantém sua ordem” (MATTAR, 2010, p. 56)
Para a escola pitagórica, sendo a universalidade das coisas, implica algo mais do que a questão dos jônicos, mais do que a sucessão perpétua de Heráclito, e mais do que agregados de combinações mecânicas de átomos, como Demócrito. Envolve um princípio transcendente e superior à natureza material, e acima de tudo, envolve e exige um princípio inteligível, uma ideia racional imanente no Universo, como uma razão suficiente da existência e essência do Universo, com suas formas e existências indivíduos.
A escola pitagórica afirmou que as archés são os números que expressam a qualidades das coisas. Mas também representa a introdução da ideia no campo da Filosofia, bem como a afirmação do princípio implícito e indireto espiritualista, na frente de reivindicações materialistas e mecânicas das escolas de Tales, Heráclito e de Demócrito. 
Os pitagóricos defenderam fortemente o dualismo antropológico, que mais tarde veremos presente na filosofia de Platão. Chegaram a fazer famosas as afirmações (demonstrações) seguintes: em primeiro lugar, afirmaram que a alma é imortal; e em segundo, que é alterado para outros tipos de seres vivos, que, além disso reaparece a cada poucos períodos e que não há absolutamente nada novo; e finalmente, que todos os seres vivos deveriam ser considerados parentes. Parece, de fato, que Pitágoras foi o primeiro a introduzir essas crenças na Grécia antiga.
Um dos discípulos de Pitágoras, Filolau de Crotona considerou que toda a matéria é composta de coisas limitantes e ilimitadas, e que o universo é determinado por números; mas foi destacado por ter originado a hipótese de que a Terra não era o centro do Universo. Ele explicou o movimento diurno da Terra com base na rotação em torno de um ponto central fixo no espaço, uma ideia que influenciou muitos filósofos posteriormente. Para Filolau o cosmos é formado por um fogo central, chamada Héstia, e nove corpos que giram em torno dele: Antichton, a Terra, a Lua, o Sol (esfera de vidro que reflete fogo central), os cinco planetas observáveis e a esfera das estrelas fixas (isto é, a abóbada celestial que envolve as estrelas acima).
Por último, a escola Eleática representa a antítese completa e abragente da escola atomística Jônica e de Heráclito, que acabamos de citar. Desenvolvendo e estendendo o princípio unitário e inteligível de Pitágoras, a escola de Eleia chega finalmente, para a seguinte conclusão: esta escola disse que o Ser é unidade absoluto e puro; o mundo externo com seus corpos, átomos e mutações são pura aparência ou ilusão, porque toda a pluralidade verdadeira é impossível, e isso se verifica, não somente no aspecto sensível, mas mesmo na ordem puramente inteligível, de modo que o sujeito e objeto, pensamento e a coisa pensada não são as mesmas coisas, eles são Deus (panteísmo), ser único, única substância real e toda substância real. Este ser é puro pensamento, é substância ideal-real, indisponível para os sentidos (idealismo), podendo ser apreendido apenas a partir do puro pensamento.
Parmênides enfatiza que quando diz que arché se descobre através da “via da verdade” que leva o conhecimento a ser caracterizado por ser único, eterno, indivisível, imutável e limitado através do mundo da multiplicidade de coisas que mudam,- neste último, onde é encontrado o homem -, então esses não sabem a verdade, mas dóxa (opinião). Segundo Mattar (2010), Parmênides afirmava que
a identidade entre o ser e o pensamento. Daí porque possamos falar, com Parmênides, de metafísica ou ontologia (lógica do ser). O ser para Parmênides é uno, inalterável, eterno, imóvel e indivisível, e por isso ele é classificado como monista. Tudo o que existe sempre existiu, e nada pode se transformar em algo diferente de si mesmo. A mudança e a diversidade seriam apenas ilusões dos sentidos. Parmênides opõe decisivamente a razão e a verdade (alétheia) à percepção e à opinião (dóxa). (MATTAR, 2010, p. 56)
Seguindo certas teses parmenidianas, Zenão de Eleia tenta mostrar que multiplicidade e mudança não são racionalizáveis para um método que será um precursor: a dialética. Finalmente, Xenófanes se junta à Parmênides na ideia de que os deuses são claramente distintos dos deuses Homéricos - deuses Hesiódicos, visto que estes, embora sejam imortais, tiveram nascimento; Xenófanes em contrapartida parece conceber uma nova ideia da eternidade de Deus: não houve tempo em que Deus não era. Esta característica do nascituro às vezes também é atribuída ao Uno, alimentando a velha opinião de que se aproximou do pensamento de Xenófanes com o de Parmênides.
2. Pluralistas: quem sustentam que há vários arkhai. São eles: Anaxágoras, Empédocles e a escola atomística: Leucipo e Demócrito. 
Os filósofos Anaxágoras e Empédocles, representam apenas variedades ou aspectos parciais de qualquer uma das escolas mencionadas anteriormente. A escola Jônica concorda com Anaxágoras ao validar o pressentimento ou concepção rudimentar de teísmo transcendente, mas sem sair do campo cosmológico e mecânico, e transformando o conceito hilozoísta em conceito parcialmente dualístico e espiritualista. Para Anaxágoras, o arkhai são homeomerias, que são elementos indivisíveis ao infinito que são governados pelo nous (mente).
A concepção ou sistema de Empédocles é uma espécie de teste de reconciliação entre as várias escolas que se desenvolveram ao seu redor. Para o filósofo de Agrigento, o Universo é ao mesmo tempo unidade e pluralidade, essencialidade e agregação de substâncias ou atomismo, é ser permanente e imutável, e sucessão contínua. Os arkhai de Empédocles são os quatro elementos (fogo, terra, ar, água) cada um deles com as características de permanência e imutabilidade do ser, porque eles sempre subsistem, acrescentam e separam; além da existência de duas forças cósmicas (o Amor e o Ódio) que atuará como a causa da combinação ou dissociação desses elementos. Assim nos elucida Mattar: 
As transformações da natureza seriam, na verdade, movimentos de combinação e separação entre esses elementos. Essa tese foi retomada por Platão e teve influência marcante na Antiguidade. Além dos elementos naturais, existiriam também forças naturais. O amor (philia) e o ódio (neikos) seriam as forças responsáveis pelos processos de união e separação entre as raízes." (MATTAR, 2010, p. 57)
Para a escola atomista de Leucipo e Demócrito, o ser, o Universo-mundo, não é a matéria principalcomo na escola Jônica, nem o movimento contínuo ou sucessão alternado e fugitivo de fenômenos, ao contrário, é um agregado, uma aglomeração de seres particulares (atomismo), diferente e oposto entre si, infinito em número, eterno em sua duração e sujeito a choques e combinações casuais ou fatais. O conhecimento ou percepção destes agregados de átomos que constituem os corpos da natureza, ou melhor dito, todas as coisas, é verificado através dos sentidos, sendo estes animados e impressionados com os átomos que “se desprendem” dos corpos; mas esta percepção é mais subjetiva do que objetiva. Na verdade, a inteligência sozinha passa a perceber e conhecer a verdadeira essência; porque o que há real e essencial nas coisas são átomos e movimento, observar e aprender os átomos e o movimento da realidade são funções própria e exclusiva da razão pura. 
Eles entendem que os átomos são governados pelo acaso, visto de uma visão mecanicista, por serem partículas materiais consideradas indestrutíveis e desprovidas de qualidades, que não se distinguem umas das outras mais do que por forma e dimensão, e que por suas várias combinações no vazio, constitui os diferentes corpos. Esta concepção da natureza foi absolutamente materialista e explicou todos os fenômenos naturais em termos de número, forma e tamanho dos átomos. Até reduziu propriedades sensoriais das coisas às diferenças quantitativas de átomos.
CONCLUSÃO
Certamente um dos as conclusões mais notáveis ​​seriam a repercussão e a influência subsequente desses filósofos no que chamamos de uma forma mais acadêmica de filosofia Grega; na verdade, apesar da indubitável originalidade de Platão, não é difícil encontrar em seu pensamento traços, ideias e problemas já tratados pelos pré-socráticos.
A influência de Parmênides e sua escola estão claras em muitos de seus escritos e teses (tanto que Platão dedicou o diálogo “Parmênides” a este): a concepção do Ser como imutável, a divisão do real em duas regiões, a saber, o mundo aparente e o mundo verdadeiro, paralelo à divisão de conhecimento em dois: a chamada ciência ou conhecimento verdadeiro, que corresponde ao exercício da razão (o chamado por Parmênides de “Via da verdade”) e a opinião, como um conjunto de verdades de classificação muito inferior ofertada aos sentidos (a chamada para Parmênides "forma da opinião") são uma amostra disso. 
E de Zenão de Eleia se herdará um novo método para adquirir conhecimento: a dialética. Mas também está presente em Heráclito (o diálogo de Crátilo também é uma homenagem, com o nome de um dos discípulos de Heráclito). O “rio Heraclitiano”, a realidade submetida a mudança permanente, aparece na Filosofia platônica no conceito de "Mundo sensível" ou conjunto de entidades que se oferecem aos sentidos.
De Anaxágoras ele tira inteligência mecânica (nous), antecedente do Demiurgo, o semideus que constrói o mundo sensível imitando o inteligente e dotando-o de um propósito, ao contrário de o que é defendido pelos atomistas, para o que a natureza era uma expressão simples do acaso e da necessidade.
Mas também a reivindicação da razão como instrumento do conhecimento, primazia da alma sobre o corpo, a teoria da reencarnação da alma ou o fato de que o Demiurgo cria o mundo sensível de modelos matemáticos, são exemplos claros de sua influência. A Religião órfica também está presente em seu pensamento, principalmente em seu dualismo radical antropológico, com a supervalorização da alma e desprezo do corpo (simples prisão da alma) e teses de caráter divino e imortal da alma humana, e em seu ideal moral de purificação.
A título de conclusão, poderíamos dizer que no período de origem da Filosofia grega, nenhuma reflexão aparece em termos epistemológicos, uma vez que o os pré-socráticos pareciam animados por uma confiança ingênua na capacidade da razão humana, transformada e criada inteiramente para o ser, para a natureza e, portanto, eles não sentem que o conhecimento em si é um problema, portanto, daí que duvidamos do seu dogmatismo em relação ao conhecimento, por ser um realismo totalmente ingênuo.
REFERÊNCIAS
BRAGA JÚNIOR, Antonio Djalma, LOPES, Luís Fernando. Introdução à filosofia antiga. [livro eletrônico] Curitiba: InterSaberes, 2015. (Série Estudos de Filosofia). Disponível em: < https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/31411/epub/0>. Acesso em 01 de setembro de 2021. 
MATTAR, João. Introdução à filosofia. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. Disponível em: <https://plataforma.bvirtual.com.br/Leitor/Publicacao/1794/pdf>. Acesso em 31 de agosto de 2021.

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