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GAME CHANGERS 3 - Cara Durão - Rachel Rei

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CARA DURÃO 
GAME CHANGERS #3 
POR Rachel Reid 
 
 
RESUMO 
 
Eles não têm nada em comum - então por que Ryan se sente mais 
como ele mesmo sempre que está com Fabian? 
 
A estrela profissional do hóquei Ryan Price pode ser um executor, 
mas fora do gelo ele luta contra a ansiedade. Recentemente negociado com 
os Toronto Guardians, ele está determinado a começar de novo na 
dinâmica LGBTQ Village da cidade. A última coisa que ele espera encontrar 
em seu novo bairro é uma explosão de seu passado na forma fabulosa de 
Fabian Salah. 
O aspirante a músico Fabian detesta hóquei. Mas isso não o impede 
de se sentir atraído por um certo defensor corpulento de barba ruiva. Ele 
não esqueceu o beijo que quase compartilharam no colégio, e está claro 
que a química entre eles apenas se intensificou. 
Fabian está mais do que feliz em ser o guia de Ryan para a cena gay 
em Toronto. Entre boates e exposições de arte - e o sexo mais incrível - Ryan 
está começando a sentir algo que não experimentava há muito tempo: 
alegria. Mas desempenhar o papel de pesado no gelo afetou seu corpo e 
sua mente, e um futuro com Fabian pode significar pendurar seus patins 
para sempre. 
 
PRÓ LÓGÓ 
 
Setembro de 2018 
 
— Você está feliz? 
Ryan Price não sabia dizer se o treinador Cooper estava fazendo a 
pergunta a ele ou ao computador do qual o homem não tirava os olhos. A 
resposta honesta foi que Ryan não conseguia se lembrar muito bem de 
como era a felicidade, mas seria uma coisa estranha de se admitir, então, 
em vez disso, ele apenas disse: — Claro. 
— Ótimo, — o treinador disse distraidamente. — Fico feliz em ouvir 
isso. Você já encontrou um lugar para morar? 
— Ainda no hotel, mas estou olhando... 
— Acho que você é especialista em mudar de cidade. — O treinador 
finalmente voltou seu olhar para Ryan e sorriu para ele como se tivesse 
acabado de pensar na piada mais engraçada do mundo. — Você 
praticamente tem um cartão de bingo completo agora, certo? 
— Sim. — Ryan nem tentou devolver o sorriso. — Bastante. 
O treinador se recostou na cadeira e cruzou os braços musculosos 
sobre o peito. Bruce Cooper estava possivelmente em melhor forma do que 
qualquer outro jogador do time do Toronto Guardians. Ele nunca tinha 
jogado na NHL, mas manteve o corpo em sua melhor forma, como se 
sugerisse aos jogadores que poderia muito facilmente amarrar os patins e 
substituir qualquer um deles a qualquer momento. — Bem, você sabe por 
que está aqui. Não preciso dizer que tipo de jogador você é e o que 
GAME CHANGERS #3 
6 
 
 
esperamos de você. Você entende o que estou dizendo, tenho certeza. — 
Ele parou de sorrir e fixou um olhar muito penetrante em Ryan. 
Ryan entendia bem o que ele estava dizendo. Era a mesma coisa que 
todos os treinadores que ele teve desde os dezessete anos lhe disseram: 
precisamos que você derrote os adversários que ameaçam nossos 
verdadeiros jogadores. 
— Sim, treinador —, disse Ryan. Ele tinha acabado de terminar sua 
primeira patinação com os Guardians, e tinha corrido... bem. Alguns 
jogadores lançaram olhares curiosos para ele, mas ninguém foi 
particularmente amigável com ele. A reputação de Ryan obviamente o 
precedeu. 
— Proteger Kent é a prioridade —, disse o treinador. — Ele tem uma 
boca aberta, mas não queremos que ele se machuque. Os caras podem 
pensar duas vezes antes de ir atrás dele se souberem que terão que, você 
sabe, pagar a Price. — Ele sorriu. 
Ryan se encolheu. — Sim. Entendi. 
— Bom, — o treinador disse alegremente. — Agora, a outra coisa que 
eu queria falar era sobre sua história de não se dar bem com seus 
companheiros de equipe. 
Ryan Price passou a língua pela parte de baixo dos dentes da frente, 
raspando os resíduos dos quatro Tums1 que engoliu antes de entrar no 
escritório de seu novo treinador. Ele queria colocar o máximo possível de 
antiácido em seu estômago para isso. 
— Não é isso, — Ryan tentou explicar. — Quer dizer, não é que eu 
não me dê bem com eles. Eu só... fico só comigo. Eu acho. 
 
1 TUMS, o antiácido mais poderoso do mundo em razão de suas propriedades medicinais e com incrível 
sabor de frutas! 
RACHEL REID 
7 
 
 
O treinador franziu a testa. — Os Guardians são uma equipe, Ryan. 
No gelo e fora dele. As equipes são construídas com base na confiança e 
camaradagem. 
— Eu sei. Vou me esforçar mais. 
— Bom saber —, disse o treinador, como se o assunto estivesse 
resolvido. Ryan não esperava formar laços particularmente fortes com 
nenhum de seus companheiros de equipe. Algo sobre ser naturalmente 
estranho, tímido, clinicamente ansioso, com medo de voar e, ah, sim, gay, 
não o tornava exatamente um ímã de amigo no velho vestiário. 
Mas ele iria tentar. 
— E ouça. — O treinador baixou a voz e se inclinou para frente. — 
Você não vai, tipo, pirar com a gente, certo? Como antes? 
As sobrancelhas de Ryan se ergueram. Uau. Isso é direto. — Eu, uh... 
tenho trabalhado nisso. 
O treinador estreitou os olhos. — Trabalhando nisso, tipo, o quê? 
Meditação ou ioga ou algo assim? 
— Não. Quer dizer, um pouco. Mas, tipo, terapia. E eu tenho uma 
receita... 
— Então você tem tudo sob controle. Bom. — O treinador acenou 
com a mão, claramente feliz por ter acabado com a conversa. — Vamos 
passar pelo campo de treinamento e descobriremos onde você vai se 
encaixar nessa equipe. 
— Ok, treinador. 
Quando o treinador voltou para seu computador, Ryan se levantou, 
acenou com a cabeça e saiu da sala. A pequena conversa não tinha sido 
muito diferente da que tivera com seu último treinador. Ou o treinador 
GAME CHANGERS #3 
8 
 
 
antes disso. Queremos que você seja aterrorizante no gelo e normal fora 
dele. 
Ryan voltou para o vestiário para se preparar para o teste físico que 
os Guardians fariam naquela tarde. Na sala, ele viu o jogador estrela de 
Toronto, Dallas Kent, conversando com outro jogador estrela, Troy Barrett. 
Kent era baixo para um jogador de hóquei, com cabelos loiros e olhos azuis 
claros. Ele não era o que Ryan chamaria de atraente, mas principalmente 
porque sua arrogância transparecia em seu rosto. Barrett era mais bonito, 
com olhos azuis penetrantes e cabelo escuro, mas ainda longe do tipo de 
Ryan. 
Ryan percebeu que também poderia se apresentar aos homens que 
deveria proteger. Conforme ele se aproximava, ele podia ouvir Kent 
descrevendo suas façanhas sexuais da noite anterior em grandes detalhes 
para Barrett. Kent nem mesmo olhou para Ryan quando ele se aproximou, 
deixando-o parado sem jeito enquanto Kent terminava sua história nojenta. 
— Juro por Deus, pensei que ela fosse desmaiar! 
Barrett riu. Ryan pigarreou e Kent finalmente ergueu os olhos. 
— Oh. Ei. — Havia um pouco de escárnio no tom de Kent. 
— Oi —, disse Ryan estupidamente. Ele estendeu a mão. — Eu sou 
Ryan. 
Kent olhou para a mão de Ryan, então lançou um olhar para Barrett. 
Finalmente, ele rapidamente apertou a mão de Ryan e disse: — Achei que 
você enlouqueceu. 
— Não —, disse Ryan, o calor subindo em suas bochechas e descendo 
pelo pescoço. — Eu tenho tudo sob controle. 
RACHEL REID 
9 
 
 
Barrett bufou. Kent olhou para Ryan como se ele fosse uma pilha de 
cobras mortas. — Eu espero que sim, Red. 
A mandíbula de Ryan apertou. Esse não era um nome pelo qual ele 
responderia. 
— Ryan —, ele o corrigiu. Ele endireitou a coluna, girando os ombros 
para trás para ficar em sua altura máxima. Ele deixou sair apenas o 
suficiente do monstro para mostrar a Dallas Kent que Ryan não era alguém 
com quem se foder. — Não Red. 
Kent ergueu as mãos de maneira apaziguadora. — Tanto faz, cara. — 
Ele se voltou para Barrett e retomou sua história como se Ryan nem 
estivesse mais lá. 
Ryan sentiu seu peito apertar enquanto se retirava para sua baia. 
Felizmente, ele ficou bom em se acalmar com esses ataques leves. 
Inspire para dois, expire para três. Inspire para três, expirepara 
quatro. Inspire para quatro, expire para cinco... 
Ele estava bem. Ele estava bem. Dallas Kent era claramente um 
idiota, mas Ryan estava bem. 
Isso é apenas um trabalho. Este não é você. Você é mais do que este 
trabalho. 
Todo trabalho tem colegas de trabalho de merda, certo? 
Ele contou mais uma vez, inspirou e expirou, então começou a 
remexer em sua bolsa de ginástica, apenas para ter algo para fazer. 
— Quer saber um segredo? 
Ryan ficou surpreso com a pergunta inesperada. Ele se virou para ver 
Wyatt Hayes, que havia sido o goleiro reserva do Toronto por anos. — 
Certo? 
GAME CHANGERS #3 
10 
 
 
— Dallas Kent é, — Wyatt se inclinou e baixou a voz para um sussurro, 
— um pouco idiota. 
Ryan gaguejou surpreso. — Então, não sou só eu? 
— De jeito nenhum. Mas ele é o superstar, certo, então o que você 
pode fazer? 
Ryan poderia pensar em um par de coisas que ele gostaria de fazer 
para ele. 
Wyatt riu. — Puta merda, Price. Seu rosto! Você não pode dar um 
soco nele! 
— Eu sei. Eu não ia. 
— Bem, se você mudar de ideia, certifique-se de me dizer. Eu quero 
assistir. 
Ryan balançou a cabeça, mas estava sorrindo. Ele decidiu que gostava 
de Wyatt Hayes. Então isso era algo. 
Ele tinha pensado que poderia ser diferente nesta temporada. Em 
retrospecto, ele não tinha ideia do porquê. Desde seus dias de júnior de 
hóquei, Ryan obedientemente ocupou o papel de executor em qualquer 
time em que jogou. Ele nunca se entusiasmou com isso; se quisesse ser 
boxeador, poderia ter seguido os passos do pai e ser um. Ryan queria ser 
jogador de hóquei. 
No verão passado, depois de saber que havia sido negociado mais 
uma vez, Ryan decidiu se lançar ao treinamento. Ele trabalhou em sua 
patinação, sua velocidade, seu condicionamento da parte inferior do corpo. 
Ele encontrou um treinador em Buffalo, onde ainda morava, e trabalhou 
duro fazendo sprints, estocadas, agachamentos e todo um pesadelo de 
atividades desumanas semelhantes. 
RACHEL REID 
11 
 
 
Ele apareceu para este campo de treinamento em Toronto na melhor 
forma de sua vida, com a esperança de ser levado a sério como um 
defensor. Ele daria a esses testes de condicionamento físico tudo o que 
tinha, mas duvidava que isso mudasse a opinião de alguém sobre o papel 
que ele desempenharia neste novo time. 
Deus. Ryan não tinha mais certeza de que conseguiria fazer isso. Ele 
iria, porque o que mais ele iria fazer? Seu currículo era bastante esparso. 
— Pronto para ir para o inferno? — Wyatt perguntou. Ryan sabia que 
ele estava se referindo ao teste de preparação física, mas Ryan estava 
pensando em toda a temporada. 
— Claro —, disse ele. — Vamos acabar com isso. 
 
 
CAPÍ TULÓ UM 
 
Fabian Salah odiava hóquei. 
Claramente havia algum tipo de jogo acontecendo hoje porque o 
trem do metrô estava lotado de pessoas vestindo camisetas azuis do 
Toronto Guardians. Fabian gostaria de poder se sentar; ele não gostava de 
ficar no meio dessas pessoas, sendo julgado por seus cérebros chatos e 
ignorantes. Havia pelo menos um atleta chato que estava abertamente 
zombando de Fabian com nojo. 
Fabian manteve os olhos baixos e resistiu ao impulso de zombar do 
homem. 
Mais três paradas e você está em casa, disse a si mesmo. 
Uma garotinha com uma versão rosa da camisa dos Guardians - 
porque obviamente você não pode deixar sua filha usar algo que não seja 
rosa chiclete - sorriu para ele. Ele se forçou a sorrir de volta. 
Não era culpa dela que ele estivesse de mau humor. Não era culpa 
dela que ele odiasse o hóquei e as pessoas que o amavam, ou que seus pais 
estivessem muito preocupados em criar agressivamente o gênero de seu 
filho. Ela estava apenas curtindo uma tarde com seus pais, torcendo pelos 
meninos da cidade. 
Fabian tinha certeza de que a equipe estava lotada de jovens heroicos 
e íntegros. Certamente não um bando de idiotas alfa homofóbicos que 
celebrariam sua vitória fazendo coisas alfa nojentas esta noite. Fabian 
conheceu exatamente um jogador de hóquei em toda a sua vida, sendo 
forçado a encontrar jogadores de hóquei que não eram um pesadelo 
completo. 
RACHEL REID 
13 
 
 
— Isso é uma guitarra? — A menina de camisa rosa perguntou a ele. 
Fabian piscou. — É um violino —, disse ele, o mais calorosamente que 
conseguiu. 
— É seu? 
— Sim. 
— Você sabe como tocar? 
Fabian sorriu. — Sim eu sei. Acho que tinha mais ou menos a sua 
idade quando comecei a aprender. Você toca algum instrumento? 
Ela balançou a cabeça, mas disse: — Gosto de cantar e dançar. 
— Eu também. 
A mãe da menina puxou-a para mais perto de seus assentos unidos e 
sussurrou algo em seu ouvido que provavelmente era benigno, como 
“Deixe o homem bom em paz” ou “Não fale com estranhos”, mas Fabian 
não pôde deixar de imaginar que era mais como “Não fale com homens que 
usam delineador e esmalte de unha”. 
A garota parou de falar com ele, mas o observou atentamente por 
todo o caminho até a estação Wellesley, onde Fabian finalmente se afastou 
do hóquei e dos fãs de hóquei. 
Enquanto descia a Church Street, Fabian sentiu a tensão persistente 
da viagem de metrô deixar seu corpo. Ele tinha coisas melhores em que 
pensar do que atletas estúpidos. Por um lado, ele finalmente terminou as 
coisas - para sempre desta vez - com Claude na noite anterior. Claude era o 
último de uma longa linha de esnobes obcecados que Fabian, por alguma 
razão, convidou para sua cama. Ele não chamaria o que eles tiveram de um 
relacionamento; ele apenas continuava encontrando Claude em vários 
GAME CHANGERS #3 
14 
 
 
eventos e eles inevitavelmente acabariam transando. Mas Fabian acabou 
com essa merda. 
Ele estava em um bom lugar agora. Ele tinha alguns shows muito 
promissores agendados, estava quase terminando seu novo álbum e gravou 
uma entrevista em estúdio e uma performance para a CBC Radio na semana 
passada. Seus pais até ouviram, então ele definitivamente se tornou 
grande. Se as coisas continuassem, ele poderia deixar o emprego de meio 
período, ficar super rico e famoso, se mudar para uma ilha particular e 
nunca mais ver uma camisa de hóquei. 
 
RYAN TINHA QUASE CERTEZA de que tinha um pau feio. 
O cara se masturbando na tela do laptop de Ryan agora tinha um pau 
lindo. Era longo, reto e não muito grosso. Era tudo liso e cortado, com bolas 
perfeitamente sem pelos. A haste projetava-se orgulhosamente de um 
retalho organizado de cachos escuros. 
O pau de Ryan era grosso e vermelho, e o cabelo que o rodeava era 
ainda mais vermelho. Ele tentou manter o controle da área, mas seus pelos 
púbicos eram tão rebeldes quanto os que cobriam sua cabeça e rosto. Suas 
bolas pareciam muito grandes e meio flácidas. Seu pau saía de uma manga 
protuberante do prepúcio. A cabeça era gorda e escura, e uma veia muito 
proeminente enrolada em seu eixo. 
E, ao contrário do cara no vídeo que ele estava assistindo, Ryan 
demorou uma eternidade para vir. Ele sempre foi um pouco lento no sexo, 
mas gozar exigia muito esforço extra no ano passado ou assim. Ele sabia 
que era pelo menos parcialmente culpa de seus remédios para ansiedade. 
RACHEL REID 
15 
 
 
Ryan fechou os olhos, bloqueando a imagem do Sr. Pau Perfeito, mas 
não os gemidos de felicidade do homem. Ryan respirou lentamente - 
inspirou e expirou - em seguida, olhou para seu pau. 
— Tudo bem, amigo. Nós podemos fazer isso. Sem pressão, apenas 
quando estiver pronto. Mas vamos tentar chegar lá desta vez, ok? 
Ele foi fácil, acariciando-se com os dedos soltos e muito lubrificante. 
O sexo hoje em dia, mesmo consigo mesmo, exigia muita paciência. Por 
esse motivo, ele raramente arrastava outra pessoa para a provação. 
O cara na tela estava se divertindo, xingando, ofegando e 
prometendo uma carga enorme em breve. — Mostre-se, — Ryan 
murmurou. Ele começou a percorrer os vídeos recomendados listados 
neste porque sabia que precisaria de outro. 
Ele nem tinha certeza do que estava procurando.Ele gostava de 
vídeos de punheta porque podia fingir que estava compartilhando uma 
experiência com alguém. Ele poderia fingir que era ele quem estava fazendo 
o belo homem gemer de prazer na tela do computador. 
Em vez disso, ele estava sozinho em seu apartamento, oferecendo 
palavras de incentivo ao seu pau mal interessado. 
Por que ele não podia fazer isso? Ele estava com tesão pra caralho, 
isso era certo. Ele não tinha estado com ninguém por meses. Ele não gozava 
há mais de duas semanas. A situação estava ficando desesperadora. 
— Só um pequeno orgasmo, amigo. Que tal? 
Era bom se acariciar assim. Certamente não se sentia mal. Ele poderia 
continuar assim por um longo tempo e apenas desfrutar das ondas de 
prazer que nunca atingiam o pico - e muitas vezes fazia exatamente isso, 
GAME CHANGERS #3 
16 
 
 
acariciando-se por uma hora ou mais sem sair do orgasmo. Foi frustrante, 
porém, e desta vez ele estava determinado a vir. 
— Oh merda, — o cara do vídeo engasgou. — Oh merda, vou gozar, 
vou gozar... 
E então ele o fez. O idiota. 
— Você sabe o que? — Ryan agarrou seu pau. — Estou dando as 
cartas hoje. Vou colocar outro vídeo, e nós dois vamos assistir e vou 
começar do zero. Vou devagar, mas vamos voltar esta noite. 
Não é como se gozar fosse impossível, mas ele precisava estar 
relaxado. Ele não podia ser distraído, mas também não podia estar 
excessivamente focado. As circunstâncias precisavam ser exatamente 
certas - tudo alinhado como o tiro perfeito em uma rede aberta. Se ele 
pudesse encontrar esse ponto ideal, ele poderia atingir o orgasmo. Mas era 
uma tarefa difícil, porra. 
Era hora de lançar as armas grandes. Ele foi até sua pasta de favoritos 
e trouxe um vídeo de uma estrela pornô de que gostava particularmente, 
chamada Kamil Kock. Ele era pequeno e magro e um pouco feminino, com 
um elaborado desenho de penas de pavão tatuado no lado esquerdo de seu 
torso. Ele tinha lindos olhos escuros e pele castanha clara. Ryan salvou 
muitos de seus vídeos. 
— Olha, — ele disse para seu pau, — é Kamil. Nós amamos Kamil. 
Seu pau deu uma contração indiferente. Foi alguma coisa. 
Ryan passou os próximos vinte e sete minutos observando Kamil Kock 
dar prazer a seu corpo magro e elegante, enquanto Ryan punia o seu 
próprio. Kamil tinha uma cadência musical em sua voz, e seus dedos longos 
RACHEL REID 
17 
 
 
e finos estavam cobertos por anéis elaborados. Ele era lindo de uma 
maneira que Ryan nunca poderia ser. 
Ryan tinha um tipo, sem dúvida. Ele gostava de homens que... 
confundiam um pouco a linha. Ele achava a androginia muito sexy, e não 
era apenas a beleza física de um homem deslumbrante e decorado que o 
atraía; ele estava pasmo com a confiança deles. De sua bravura para ser 
abertamente eles mesmos e desafiar alguém a dizer qualquer coisa sobre 
isso. Isso excitou Ryan como nada mais. 
Ele tinha estado em silêncio por anos, o que significava que ele não 
escondia ativamente sua sexualidade, mas ele também não falava sobre 
isso. Conversar online e ficar em várias cidades tinha sido o método 
preferido de Ryan para transar durante a maior parte de sua carreira no 
hóquei. Seus companheiros de equipe não lhe fizeram muitas perguntas 
sobre com quem ele estava saindo porque provavelmente não se 
importavam. Jogar para um time diferente a cada temporada tornava difícil 
para Ryan formar laços estreitos com seus companheiros de equipe. 
E foi assim que Ryan passou despercebido como um jogador gay 
sexualmente ativo da NHL por quase uma década. E agora, nesta nova era 
em que Scott Hunter estava beijando seu namorado ao vivo na televisão 
depois de ganhar a Copa Stanley, não parecia necessário se esconder. 
Hunter foi corajoso o suficiente para sair primeiro, e agora ser um jogador 
homossexual da NHL era pouco interessante. Um dos goleiros de Vancouver 
se casou com seu namorado de longa data no verão - um homem mais velho 
e robusto que construía cabanas para viver. E um sueco que jogava pelo Los 
Angeles começou a postar no Instagram fotos dele e de seu namorado, que 
GAME CHANGERS #3 
18 
 
 
era modelo. Ou um modelo do Instagram. Ou alguma coisa. Ele era um cara 
gostoso demais, de qualquer maneira. 
Uma coisa que Ryan havia notado sobre os namorados dos jogadores 
da NHL: eles eram todos muito masculinos. O namorado de Scott Hunter 
era fofo, mas não era o que Ryan chamaria de twink. E twink não era nem 
mesmo uma descrição precisa do que Ryan gostava. 
Então, talvez fosse subitamente aceitável para um jogador da NHL ter 
um namorado, mas Ryan suspeitava que se esperava que os jogadores de 
hóquei tivessem um certo tipo de namorado. E enquanto Ryan não se 
importava com o que as outras pessoas pensavam - ele nem mesmo tinha 
uma conta no Instagram - ele realmente não queria ter que explicar suas 
escolhas. 
Seu outro problema era que ele era tímido pra caralho perto de 
homens bonitos. Ele não podia imaginar que eles iriam querer olhar para 
ele, muito menos tocá-lo, então ele raramente puxava o tipo de homem 
que realmente queria. Ele se contentou com homens que ele sentia que 
estavam mais em sua liga. 
Havia um cara em Nova Jersey - um jovem deslumbrante chamado 
Anthony - que era surpreendentemente gostoso por Ryan. Ele parecia amar 
o tamanho de Ryan e sua força, então eles eram uma boa combinação por 
um tempo. Mas ele queria que Ryan o machucasse durante o sexo. Na 
verdade, não o machucasse, mas ele queria dor e Ryan não podia dar a ele. 
Ryan passou muito de sua vida causando dor física a outras pessoas, e a 
ideia de trazer isso para o quarto o deixava doente. 
Então foi isso para Ryan e Anthony. 
RACHEL REID 
19 
 
 
Ele esperava que Anthony tivesse encontrado o que precisava com 
outra pessoa. Alguém que não tinha a montanha de bagagem de Ryan. 
Ryan percebeu que tinha perdido o controle e estava apenas olhando 
fixamente para a tela onde Kamil estava provocando seu buraco com um 
vibrador. A mão de Ryan estava segurando frouxamente seu pau 
amolecido, imóvel. 
Droga. Ele se distraiu. Tinha acabado. 
Ele lançou seu pau e ele caiu, exausto, contra sua coxa. 
Ele fechou o vídeo e fechou o laptop. Droga de remédios estúpidos. 
Ansiedade estúpida do caralho. Estúpidas estrelas pornôs do caralho e seus 
paus funcionais perfeitos. 
Ele esfregou a mão no rosto. Que merda de partido ele era. Ele havia 
retirado seu perfil do Grindr alguns meses atrás e agora se perguntava se 
deveria reativá-lo. Talvez forneça uma descrição atualizada: Procurando um 
momento decepcionante com um imbecil peludo que provavelmente não 
virá mesmo se você chupá-lo por uma hora? 
Foda-se. Ryan precisava dormir. 
— Estamos tentando isso de novo amanhã à noite, — ele avisou seu 
pau. — Você, eu e Kamil. Nós vamos fazer isso. 
Seu pau parecia realmente recuar mais para dentro de seu prepúcio. 
— Eu deveria cortar você, todo o bem que você me faz, — Ryan 
resmungou. 
 
 
CAPÍTULO DOIS 
 
Fabian se perguntou se poderia usar a sombra líquida Stila 
Enchantress Glitter & Glow. Era realmente muito bonito. 
Ele passou um pouco do testador nas costas da mão. 
Tão linda. 
Ele inclinou a mão sob as luzes fluorescentes da loja e observou a 
sombra brilhar. A cor realmente funcionava com sua pele morena. 
Ele colocou o frasco de teste de volta na prateleira e voltou para seu 
banquinho atrás do balcão de cosméticos. Ele empoleirou-se na borda e 
girou para frente e para trás, entediado demais. Faltavam apenas quarenta 
minutos para seu turno noturno no Savers Drug Mart, mas a loja estivera 
praticamente morta na última hora e Fabian estava quase pronto para ir 
para casa. 
Ele verificou sua própria maquiagem no espelho que estava na mesa 
à sua frente. Tudo ainda estava totalmente correto. Ele tinha feito um 
trabalho particularmente bom em seu delineador líquido hoje. 
Ele estava, ele supôs, grato por ter um trabalho que lhe permitia usar 
alguns looks de maquiagembastante selvagens e experimentais para 
trabalhar. Ele usava uma camisa de botões preta e calças pretas - o 
uniforme para todos os funcionários do departamento de beleza Savers - 
mas ele podia ser criativo com seu rosto. O trabalho estava longe de ser 
glamoroso - não era nem mesmo uma loja de cosméticos glamorosa - mas 
havia trabalhos que teriam sido muito mais arrasadores. Pelo menos aqui 
ele poderia ser ele mesmo. 
RACHEL REID 
21 
 
 
As portas deslizantes automáticas se abriram e Fabian ergueu os 
olhos. Era seu trabalho cumprimentar calorosamente o maior número 
possível de clientes quando entravam na loja, mas ele tinha a sensação de 
que esse cara não estava aqui para comprar cosméticos. Ele era um homem 
enorme, com uma barba espessa e comprida e longos cabelos ruivos saindo 
de seu chapéu cinza. Ele parecia um Hagrid2 outonal. 
— Boa noite —, disse Fabian alegremente. O homem pareceu 
surpreso e olhou ao redor até que seus olhos pousaram em Fabian. — Posso 
te ajudar a fi-? 
Sagrado. Merda. 
— Ryan? — Fabian deixou escapar o nome antes que pudesse se 
conter. Mesmo se fosse Ryan Price, não é como se ele fosse reconhecer 
Fabian. Provavelmente nem se lembraria dele. 
O homem que possivelmente era Ryan Price encarou Fabian, com a 
boca aberta e os olhos arregalados. — Sim? — Ele disse finalmente. 
— Desculpe —, disse Fabian rapidamente. — Você provavelmente 
não me reconhece. Seu... 
— Fabian—, disse Ryan, quase um sussurro. 
Fabian sorriu. — Você lembra! 
Ryan acenou com a cabeça. — Fabian —, disse ele novamente. 
Fabian saiu de trás do balcão e parou alguns metros na frente de 
Ryan. Ryan não se moveu. 
Ryan. Porra. Price. 
— Olhe para você —, disse Fabian. — Você parece... enorme. 
 
2 
GAME CHANGERS #3 
22 
 
 
Ele era ainda mais alto do que Fabian se lembrava. Obviamente, ele 
provavelmente havia crescido desde os dezessete anos, mas Fabian 
também. Tipo de. Fabian ainda tinha que ser trinta centímetros mais baixo 
que Ryan. E a barba - toda a sua aparência, na verdade - deu a Ryan uma 
vibe rude de motociclista / viking. Quando Fabian o vira pela última vez, seu 
cabelo ruivo era curto e seu rosto era liso. 
O rosto de Ryan finalmente relaxou em um sorriso tímido. — Eu 
quase não te reconheci, — ele disse calmamente. Então ocorreu a Fabian 
que Ryan poderia estar um estranhando seu delineador e sombra 
(impecáveis). O pensamento por si só, justificado ou não, fez Fabian ficar 
um pouco mais ereto, desafiando Ryan a dizer qualquer coisa sobre isso. 
Mas tudo que Ryan disse foi: — Você está bem. 
Oh. 
Fabian relaxou os ombros, já que parecia que não haveria briga, e 
disse: — Então, o que traz Ryan Price a Toronto? 
O sorriso de Ryan se alargou e seus olhos ficaram mais calorosos. — 
Hóquei. Eu jogo para os Guardians. 
Bem, isso é constrangedor. — Eu provavelmente deveria saber disso 
—, disse Fabian. — Desculpe. Ainda não sou fã de hóquei, infelizmente. 
Ryan riu. — Está bem. — Por um momento, eles apenas ficaram em 
um silêncio constrangedor, e então ele disse: — Você ainda toca música? 
Fabian se iluminou. — Oh sim. Isso, — ele gesticulou para a loja ao 
seu redor, — é apenas minha agitação lateral. A música é o meu principal. 
— Como... suas próprias canções? Músicas que você escreveu? 
— Principalmente, sim. 
— Fantástico! Você faz shows? 
RACHEL REID 
23 
 
 
— Eu faço. Eu toco muito aqui no Village. Mas por toda a cidade. Às 
vezes, em outras cidades. Tenho um show no Farol no próximo sábado. 
Ryan franziu a testa. — Há um farol aqui? 
Ah não. Ryan Price ainda é adorável. — Não —, Fabian riu. — É um 
bar, aqui na vizinhança. 
— Oh. — O rosto de Ryan ficou rosa. — Sim, isso faz mais sentido. 
— Sim. O show é uma arrecadação de fundos para um abrigo e é um 
grande local. Isto deve ser bom. 
— Oh. Legal. — Ryan olhou para o chão. Em seguida, para Fabian. 
Então, atrás dele. — Uh, eu tenho que pegar uma receita, então... 
— Certo! Não me deixe impedi-lo! 
— Sim. Então, hum... foi bom ver você de novo. 
— Você também. E parabéns? Por jogar pelos Guardians? Eu entendo 
que isso é um grande negócio. 
Isso rendeu a Fabian outro sorriso caloroso. — Obrigado. — Então 
Ryan se virou e se dirigiu para os fundos da loja. 
Fabian se abraçou porquê de repente se sentiu muito exposto e 
estranho. Ele não esperava ver Ryan novamente, mas de repente foi 
transportado de volta aos dezessete anos com uma paixão confusa e 
ridícula pelo jogador de hóquei que morava com sua família há menos de 
um ano. 
Os pais de Fabian alojaram membros do time júnior de hóquei Halifax 
Breakers por anos. O jovem Fabian sempre se ressentiu disso e evitou 
ativamente interagir com os atletas detestáveis que invadiam sua casa a 
cada inverno. Para ser justo, os jogadores de hóquei também não pareciam 
nem um pouco interessados em Fabian. 
GAME CHANGERS #3 
24 
 
 
Exceto Ryan. 
Ryan tinha sido diferente, e isso desequilibrou Fabian 
completamente. O adolescente Fabian tinha sido todo espinhoso, incapaz 
de esconder sua estranheza, então ele se protegia sendo um rabugento 
presunçoso. Principalmente, ele apenas manteve a si mesmo, praticou sua 
música e dispensou qualquer um que tentou falar com ele. Um grande e 
idiota jogador de hóquei não poderia machucá-lo se Fabian não desse a 
mínima para ele. 
Razão pela qual Ryan era tão perigoso. 
Ryan, que estava na loja de Fabian agora. 
Algo ocorreu a Fabian: se Ryan estava pegando uma receita nesta 
farmácia, isso significava que provavelmente morava na vizinhança, que 
não era apenas onde Fabian morava, mas também era a maior vila gay do 
Canadá. 
O que não significa necessariamente nada. Mas era interessante. 
Poderia ser. 
Fabian avistou Ryan quando ele estava saindo da loja, uma pequena 
sacola de papel na mão. Assim que ele estava prestes a passar pelas portas, 
Ryan fez uma pausa e olhou para Fabian. Ryan deu a ele um sorrisinho 
tímido e um aceno, e então ele se foi. 
 
 
CAPÍ TULÓ TRÊ S 
 
Ryan olhou para frente ao entrar no avião. Ele não olhou para os 
parafusos no exterior da aeronave, ou a intrincada mecânica visível ao 
redor da porta aberta. Ele não pensou sobre o quão crucial era para cada 
um daqueles parafusos e fios e placas finas de metal ficarem juntos; que o 
menor defeito poderia causar a morte de todos a bordo. 
Ryan não conseguia pensar em nada disso. Em vez disso, ele repassou 
sua lista de pré-voo usual de pensamentos calmantes e sensatos. 
Milhões de pessoas voam todos os dias sem problemas. 
Este avião provavelmente decolou, voou e pousou centenas, senão 
milhares, de vezes sem problemas. 
O piloto não pilotaria este avião se não fosse seguro. 
Os comissários de bordo estão calmos, felizes e sorridentes. Este é o 
seu trabalho todos os dias. 
Seus companheiros estão calmos. 
Voar é mais seguro do que dirigir. 
Ryan sabia que todas essas coisas eram verdadeiras, mas ele não 
conseguia parar o medo intenso que tomava conta dele toda vez que 
embarcava em um avião. Ele não conseguia parar de pensar que era o único 
que sabia que todos a bordo estavam condenados. Que todos eles 
precisavam sair deste avião agora porque não podiam ver como isso era 
perigoso? 
Ryan exalou enquanto apertava seu grande corpo ao longo do 
estreito corredor. Seu terno parecia muito apertado. Por que eles tinham 
GAME CHANGERS #3 
26 
 
 
que usar ternos nessas viagens de avião? Ele puxou a gravata enquanto 
procurava por um assento vazio no corredor. 
— Price! 
Ryan olhou para a parte de trás do avião e viu Wyatt Hayes acenando 
para ele de trás de um assento. Ryan acenou com a cabeça em resposta e 
se moveu em direção a ele. 
— Como você está? — O tom de Wyatt era alegre. Definitivamente, 
não era um homem que estava preocupado em morrer hoje. 
— Bom como sempre, eu acho —, disse Ryan. Ele colocou sua mochila 
no assento ao lado de Wyatte a abriu. Ele remexeu e tirou um novo livro 
de bolso de um de seus autores favoritos, um pequeno frasco de Tums e 
um exemplar surrado de Anne of Green Gables3. Ele enfiou os itens, junto 
com seu telefone, no bolso do assento à sua frente, empurrou a mochila 
sob o assento e se sentou. 
— É por isso que gosto de sentar com você, Price —, disse Wyatt. — 
Você é um leitor. — Ele gesticulou para o bolso de seu próprio assento, 
onde Ryan podia ver o topo de uma grossa história em quadrinhos 
projetando-se. Wyatt amava histórias em quadrinhos e super-heróis. Ryan 
não sabia nada sobre eles. Talvez Ryan pudesse pedir a Wyatt 
recomendações básicas de quadrinhos. Isso seria uma coisa amigável de se 
fazer... 
— Deve ser um voo suave. Eu estava olhando para o tempo entre 
aqui e Nashville. — Wyatt disse isso em tom de conversa, mas Ryan sabia 
que estava fazendo o possível para ajudar. Talvez fosse porque ele era o 
 
3 Anne of Green Gables é um romance da escritora canadense L. M. Montgomery, publicado em 1908. 
Foi escrito como ficção para leitores de todas as idades, mas nas últimas décadas tem sido considerado 
principalmente como literatura infanto-juvenil. 
RACHEL REID 
27 
 
 
goleiro reserva do Toronto e passava mais tempo assistindo aos jogos do 
que jogando, mas Wyatt era notavelmente observador e atencioso. Ryan 
acenou com a cabeça em resposta. Ele desejou poder encontrar conforto 
na previsão do tempo de Wyatt, mas realmente não havia nada que 
acalmasse seu cérebro. Seus remédios para ansiedade ajudaram um pouco 
e provavelmente eram o que o estava impedindo de sair correndo gritando 
do avião agora, mas nenhuma quantidade de bom senso o faria parar de 
imaginar os piores cenários. 
É um voo curto. Você estará em Nashville antes que perceba. 
Ryan ansiava pelos dias em que as equipes da NHL viajavam 
principalmente de ônibus. Quando ele jogou hóquei júnior, todas as viagens 
eram de ônibus. Ele sabia que estava em minoria, mas faria uma viagem de 
ônibus de quinze horas em um voo de duas horas qualquer dia. 
Ele tirou o telefone do bolso do assento e enviou uma mensagem de 
texto para a irmã, como fazia antes de cada voo. Disse a si mesmo que era 
apenas porque gostava de ouvi-la e não porque temia nunca mais vê-la. 
Ryan: Indo para Nashville. 
Colleen: Com quem você está sentado? 
Ryan olhou para Wyatt, que estava baixando a cortina da janela em 
um gesto que era quase certo para o benefício de Ryan. 
Ryan: Wyatt Hayes 
Colleen: Ele é fofo! Você deveria sair com ele! 
Ryan corou e inclinou seu telefone para que Wyatt definitivamente 
não pudesse ver a tela. 
Ryan: Hétero. Casado. E cale-se. 
Colleen: Aw. Ele é fofo, certo? 
GAME CHANGERS #3 
28 
 
 
Ryan lançou outro olhar para Wyatt, que chamou sua atenção e 
sorriu para ele, todo covinhas e cachos loiros. Ele era atraente, sem dúvida, 
mas... 
Ryan: Não é meu tipo. 
Wyatt não era aquele em quem Ryan não conseguia parar de pensar. 
Levou muito tempo e muita distância para que Ryan quase se esquecesse 
de Fabian Salah. E agora um reencontro casual em uma farmácia de 
Toronto, mais de treze anos depois, abriu uma comporta de memórias. 
Mesmo quando adolescente, Fabian era deslumbrante - longe de ser 
machista, e ainda mais longe de se desculpar por isso. Ele sempre foi baixo 
e não devia pesar mais do que 56 quilos na época, mas Ryan se sentia 
totalmente intimidado por ele. 
Ele também estava completamente apaixonado por ele. 
Uma comissária de bordo estava fechando e trancando a porta do 
avião. O estômago de Ryan apertou. Ele enviou outra mensagem para sua 
irmã. Decolando em breve. Tenho que ir. 
Colleen: Você está com Anne? 
Ryan sorriu e tocou com os dedos as pontas esfiapadas de sua antiga 
cópia de Anne of Green Gables. 
Ryan: Sempre. 
Colleen: Então você está seguro. 
Ryan: Eu sei. Obrigado. 
Colleen: Amo você. Me mande uma mensagem quando você pousar. 
Ryan: Ok. Te amo. 
Ele enfiou o telefone no bolso do assento para não correr o risco de 
esmagá-lo na mão durante a decolagem. Graças a Deus por Colleen. Sua 
RACHEL REID 
29 
 
 
irmã era apenas três anos mais nova do que ele, e eles foram grossos como 
ladrões crescendo juntos em uma cidade de menos de duas mil pessoas. 
Deixá-la para trás foi uma das partes mais difíceis de se tornar profissional. 
O avião começou a se mover e Ryan agarrou os apoios de braço. Ele 
fechou os olhos e fez os exercícios respiratórios. Está bem. Tudo está bem. 
Quando ele abriu os olhos, ele podia ver os rostos sorridentes e 
idiotas de Dallas Kent e Troy Barrett olhando para ele de seus assentos no 
corredor. Assim que ele encontrou seus olhos, eles começaram a rir. 
Embora várias fileiras os separassem dele, Ryan pôde ouvir Dallas dizer algo 
como — Parece que ele vai ter um ataque cardíaco. 
Idiotas. 
— Ei, — disse Wyatt, que provavelmente adivinhou o que estava 
acontecendo. — Você já jogou em Nashville? Eu esqueço. 
— Não —, disse Ryan. — Não joguei por nenhum time ocidental. 
— Ah. Achei que seria convocado por Nashville. Meu agente achou 
que isso iria acontecer. Mas então... Toronto. 
— Você ficou desapontado? 
Wyatt sorriu. — Um pouco. Mas então eu conheci Lisa em Toronto, 
então deu tudo certo. 
Ryan conheceu a esposa de Wyatt, uma médica, apenas uma vez, em 
um jantar de equipe. Ela e Wyatt se conheceram quando Wyatt estava no 
hospital com uma clavícula quebrada. Ryan não ficou surpreso por ter 
conseguido encantá-la em tão pouco tempo. 
— Não que eu consiga vê-la —, acrescentou Wyatt. — A única coisa 
pior do que casar com um jogador de hóquei é casar com uma médica. Não 
faça isso. 
GAME CHANGERS #3 
30 
 
 
— OK. — Já que Ryan não tinha um encontro há mais de um ano, 
definitivamente não era um problema que o preocupasse. 
O avião fez uma curva e parou, e Ryan soube que eles estavam 
prestes a decolar. Ele odiava essa parte. Ele odiava todas as partes, mas 
realmente odiava essa parte. 
— Você pode me dizer para calar a boca se quiser —, disse Wyatt, — 
mas ajuda se eu falar agora? 
— Sim —, Ryan rangeu. — Continue falando. 
— Você deveria vir comigo na próxima vez que eu visitar o centro. — 
Wyatt era um visitante regular de um centro comunitário em uma área de 
baixa renda de Toronto. Ele se divertia com as crianças, jogando hóquei no 
chão e distribuindo mercadorias do Toronto Guardians. 
— Você realmente acha que as crianças ficariam animadas em me 
conhecer? — Ryan perguntou duvidosamente. 
— Certo. Por que não? 
— Eles não preferem conhecer Kent? Ou Barrett? — Ryan acenou 
com a cabeça na direção dos dois idiotas que por acaso também eram NHL 
All-Stars. 
— Eu não acho que esses idiotas devam ser permitidos dentro de cem 
metros de crianças. Ou qualquer um. Influências ruins. 
O motor do avião rugiu para a vida e saltou para a frente, e Ryan 
fechou os olhos e listou as equipes da NHL em ordem alfabética em sua 
cabeça. Em segundos, ele sabia, isso estaria acabado. Ele só precisava 
passar por isso. 
— Quero dizer, eles têm recebido visitas do goleiro reserva, então 
tenho certeza que um defensor que joga minutos reais seria emocionante 
RACHEL REID 
31 
 
 
para eles, — Wyatt continuou, educadamente ignorando o crescente 
estado de angústia de Ryan. — Além disso, você é enorme. As crianças 
adoram isso. 
Ryan fez uma careta, mas se forçou a responder. — As crianças têm 
medo de mim. 
— Nah. Você é como Chewbacca4. Eles vão adorar você. 
Por algum milagre, Ryan realmente riu enquanto estava em um avião 
durante a decolagem. — Muito obrigado. 
Wyatt continuou falando, contando a ele sobre algumas das crianças 
que ele conheceu durante suas visitas. Ryan não respondeu muito, mas 
ouviu atentamente. Depois de alguns minutos de Ryan ouvindo em silêncio 
com os olhos bem fechados, Wyatt disse: — Acho que nivelamos, a 
propósito. 
Ryan abriu um olho e depois o outro.Sempre o surpreendia como 
todos ao seu redor pareciam calmos em um avião. Seus companheiros de 
equipe estavam apenas conversando e brincando, ou colocando fones de 
ouvido, ou virando suas mesas para jogar cartas. Alguns estavam dormindo. 
Ryan não conseguia nem imaginar estar relaxado o suficiente para dormir 
em um avião. 
— Conseguimos! — Wyatt sorriu para ele. 
— Ótimo —, disse Ryan com firmeza. Nada para se preocupar quando 
você estiver a 12 mil metros de altitude. 
Wyatt balançou a cabeça. — Eu não posso acreditar que você se 
colocou nisso. É sempre tão ruim assim? 
 
4 
GAME CHANGERS #3 
32 
 
 
Às vezes é pior. — Sim. Isto é. 
— Não há uma pílula ou algo que você possa tomar? 
— Eu pego algo. Tipo de. — Ryan realmente não queria entrar em 
detalhes sobre seus remédios ou terapia para ansiedade. Não fazia sentido 
estranhar o único cara da equipe que parecia gostar de conversar com ele. 
Ele decidiu mudar de assunto. — O que você está lendo? 
Wyatt tirou seu livro colorido do bolso do assento. — É uma coleção 
de quadrinhos Mister Miracle de Jack Kirby. Foi uma série que saiu de seus 
quadrinhos do Quarto Mundo para a DC. Coisas incríveis. 
Ryan nunca tinha ouvido falar de Jack Kirby, Mister Miracle ou do 
Quarto Mundo, então ele apenas balançou a cabeça. 
— Se você quiser algum livro emprestado, me avise. Minha coleção é 
bem ridícula neste momento. Nosso porão é basicamente minha sala de 
quadrinhos agora. Você deveria vir e ver alguma hora. 
— Claro, sim. Isso seria legal. — Provavelmente também nunca 
aconteceria, mas Ryan não disse isso. 
— Você já se mudou para o seu novo lugar? 
— Sim. Ainda preciso comprar móveis para a maioria dos quartos, 
mas estou dentro. 
— Legal. Apartamento, certo? Centro da cidade? 
— Sim. — Ryan sabia que poderia estar fazendo um trabalho melhor 
com as idas e vindas dessa conversa, mas não queria dizer a Wyatt onde 
ficava seu prédio. Não que morar em um arranha-céu no coração da vila 
LGBTQ de Toronto significasse algo necessariamente - era um bairro no 
centro da cidade com propriedades caras onde muitas pessoas diferentes 
viviam - mas Ryan sabia com certeza que nenhum de seus companheiros de 
RACHEL REID 
33 
 
 
equipe morava lá, então seu endereço poderia levantar questões. E Ryan 
não gostava de responder a perguntas. 
O avião deu um solavanco e ele agarrou os apoios de braço. Normal. 
Isso tudo é normal. Como um solavanco na estrada. Como ondas sob o 
barco do seu tio. Você está seguro. 
Ele tentou imaginar isso por um tempo, que ele estava em um barco 
em vez de um avião. Ele cresceu em barcos em Ross Harbor, Nova Scotia. O 
pai e os irmãos de sua mãe eram todos pescadores de lagosta, e quase 
todos na pequena aldeia possuíam algum tipo de barco. Os barcos 
confortavam Ryan, embora provavelmente fossem estatisticamente mais 
perigosos do que os aviões. 
Pensar em barcos fez com que o cérebro de Ryan evocasse uma de 
suas memórias favoritas: uma noite fria de abril, perto o suficiente de 
Fabian para que seus braços se roçassem enquanto os dois garotos se 
apoiavam no parapeito da balsa Halifax-Dartmouth e observavam um navio 
de contêiner gigante passar na frente eles. Seu casco maciço havia 
escurecido as luzes da cidade do outro lado do porto, e Ryan disse algo 
embaraçoso sobre se sentir pequeno. Fabian respondeu algo, mas Ryan só 
conseguia se lembrar do jeito que Fabian sorriu para ele. 
Aquele sorriso. 
Foi tão doce e tímido. Ryan não sabia - nunca saberia - se ele tinha 
imaginado o convite nos olhos de Fabian. Se eles realmente tivessem se 
aproximado um do outro. Se Fabian tinha inclinado ligeiramente a cabeça 
e aberto os lábios... 
GAME CHANGERS #3 
34 
 
 
Quando Ryan abriu os olhos, ele pôde ver que Kent e Barrett estavam 
sorrindo para ele novamente. Eles se viraram assim que ele encontrou seus 
olhos, porque os dois eram covardes. 
Ryan tirou o livro do bolso do assento, determinado a ignorar seus 
companheiros idiotas de equipe e a parar de sonhar acordado com Fabian. 
E a maquiagem dos olhos de Fabian. 
Ryan não estava preparado para ver Fabian com os olhos pintados 
assim - sombra verde-jade e delineador preto alado que tornava os olhos 
castanhos escuros e longos cílios que o encantaram quando adolescente 
ainda mais impressionantes. Era uma imagem que ele não esqueceria tão 
cedo. 
Deus, ele parecia bem. 
Ele não era muito mais alto do que quando adolescente, mas sua 
mandíbula era mais afiada, seu peito e ombros mais largos. Ele ainda era 
muito magro, mas era o corpo de um homem. Quando Fabian cruzou os 
braços sobre o peito, Ryan pôde ver a ligeira protuberância de músculo 
magro em seus braços. 
Não. Pare de pensar em Fabian. 
Fabian, o primeiro garoto que ele quase beijou. 
O primeiro garoto que ele queria desesperadamente beijar. 
Fabian mencionou um show que ele estava fazendo. Em um lugar 
chamado Farol? Ryan tinha certeza de que disse que era no próximo 
sábado. Ryan estava jogando um jogo em Toronto naquela noite, mas talvez 
acabasse cedo o suficiente para que ele pudesse conferir o show de Fabian. 
Mas Ryan não poderia ir para isso, não é? Não é como se Fabian o 
tivesse convidado. Seria estranho se Ryan aparecesse. O que ele diria? Oi, 
RACHEL REID 
35 
 
 
sou eu. O cara com quem você provavelmente estava apenas sendo 
educado na farmácia outra noite. Estou perseguindo você agora. 
Não. Absolutamente não. 
Mas ele disse que era uma arrecadação de fundos. Talvez Ryan 
devesse ir. Como um cidadão bom e caridoso. Isso não seria estranho. 
Certo? 
Bom Deus. Ryan estava perdendo a cabeça. E isso certamente não 
era algo que ele pudesse fazer. De novo não. 
 
CAPÍ TULÓ QUATRÓ 
 
Fabian piscou acordado e teve que abafar um gemido quando viu 
contra quem estava aconchegado. 
Todos os eventos da noite anterior vieram à tona. Fabian está se 
divertindo muito na festa de Halloween de Ian. Fabian encontrando Claude 
na festa. Claude parecia tão fodidamente bom em uma camisa jeans escura 
de corte justo e jeans pretos justos, porque Claude era muito legal para 
fantasias. A respiração de Claude fazendo cócegas na orelha de Fabian 
quando ele se inclinou para dizer o quanto sentia falta dele, seu sotaque 
quebequense soando muito menos ridículo do que quando Tarek fez sua 
impressão sobre ele. A mão de Fabian deslizou para a de Claude, como se 
ele não tivesse controle sobre ela. 
E então Claude voltando para casa com ele, de volta ao apartamento 
que, embora fosse uma merda, Fabian não precisava dividir com ninguém. 
Muitas vezes sentia que Claude gostava mais dele porque tinha um lugar só 
para si. Eles ficaram para sempre na cama de Fabian, e Claude disse a ele 
que ele sentia falta dele. No momento, isso parecia ótimo. Parecia ótimo 
novamente mais tarde, quando Claude estava transando com ele. 
Mas agora... 
Fabian se afastou cuidadosamente de Claude, não querendo acordá-
lo. Ou talvez devesse acordá-lo para que Claude fosse embora. 
Fabian estudou o rosto de Claude. Quando ele estava dormindo em 
vez de falar, Claude estava... 
Oh Deus, ele era bonito. Seu sedoso cabelo castanho estava cobrindo 
o olho que não estava escondido pelo travesseiro, e seus lábios carnudos 
RACHEL REID 
37 
 
 
estavam separados. Os lábios de Claude eram... bem, eles eram uma 
distração. 
Ele tinha um corpo de artista, esguio a ponto de quase parecer 
desnutrido. Sua pele era pálida, como um vampiro jovem e sexy. E ele pode 
muito bem ter sido um, porque Fabian certamente parecia estar enredado 
por ele. 
Fabian pegou seu telefone na mesa de cabeceira. A tela estava cheia 
de mensagens perdidas de Vanessa. 
Eu vi você sair da festa com o Claude. 
Você foi para casa com o Claude??? 
VOCÊ DORMIU COM CLAUDE??? 
FABIAN! VOCÊ ESTÁ FAZENDO SEXO COM CLAUDE AGORA??? 
Pare de fazer sexo com Claude, Fabian. Agora mesmo. 
Droga.ESTAMOS FALANDO SOBRE ISSO no Bargain Brunch. Não traga 
Claude. 
Tudo bem. Você pode trazê-lo. Mas ele não tem permissão para falar. 
Torne isso CLARO. 
Fabian bufou com o último, o que fez Claude despertar. 
— Foda-se, — Claude resmungou. — Que horas são? 
— Nove e meia—, disse Fabian. 
Claude fez uma careta como se as nove horas fossem a coisa mais 
nojenta do mundo. Fabian queria que ele fosse embora. Ele queria apagar 
toda essa má decisão. 
— É dia de Bargain Brunch —, disse Fabian. — Você pode vir se quiser. 
— Deus, não. 
GAME CHANGERS #3 
38 
 
 
— Bem, estou saindo em breve, então... 
— Tudo bem. — Claude fez uma grande produção ao se arrastar da 
cama para o banheiro. Quando ele voltou, ele começou a procurar 
agressivamente por suas roupas. — Porra, onde estão meus cigarros? 
— Eu não sei, mas você não está fumando aqui. 
Claude agarrou sua calça jeans do chão. — Eu sei. — Ele olhou ao 
redor. — Eu tinha uma jaqueta. 
— Na cadeira, — Fabian disse prestativamente. Ele queria que Claude 
fosse embora para que ele pudesse tomar um banho. Ele estava mais do 
que pronto para lavar os pecados - e o brilho residual - da noite anterior. 
Claude parou de se vestir mal-humorado e estendeu a mão para 
Fabian. Fabian suspirou e deu um passo em seu abraço. — Podemos 
continuar fazendo isso —, disse Claude com aquela voz irritantemente sexy. 
— Pode ser apenas casual. 
— Não posso continuar fazendo isso —, disse Fabian. — Não é o que 
eu quero. Temos que parar. 
— Você diz isso, mas... 
Ele balançou sua cabeça. — Quero dizer. Te vejo por aí, certo? 
Claude deu um passo para trás e deu-lhe um sorriso desagradável e 
conhecedor. — Tenho certeza que você vai. 
Fabian se amaldiçoou depois que Claude fechou a porta atrás dele. 
Ele finalmente terminou para sempre com Claude, e então ele topou com o 
maldito Price de Ryan, de todas as malditas pessoas. Tipo, que porra é essa, 
universo? Oi, Fabian. Lembra daquele jogador de hóquei pelo qual você era 
obcecado quando tinha dezessete anos? Bem, aqui está ele! E ele é um 
sonho molhado de lenhador gigante e sexy agora! 
RACHEL REID 
39 
 
 
Não que ver Ryan tivesse algo a ver com dormir com Claude 
novamente. 
Ok, Fabian prometeu a si mesmo ao entrar no boxe sujo do chuveiro, 
chega de Claude. Chega de pensar em Ryan Price. Apenas música e coisas 
normais e saudáveis de agora em diante. 
Os amigos de Fabian tinham uma tradição semi-regular de domingo, 
que carinhosamente chamavam de Brunch Bargain. Os três componentes 
principais eram: waffles congelados, máscaras de pele baratas da drogaria 
e fofoca. Todos trouxeram uma cobertura que achavam que elevaria os 
waffles congelados à alta gastronomia. Depois da semana que Fabian teve, 
amigos e tratamentos faciais foram exatamente o que o médico receitou. 
Ele bateu a campainha da porta de um apartamento que ficava ao 
lado de uma loja de vapor e ouviu passos descendo as escadas 
imediatamente. Quando a porta se abriu, ele foi saudado por uma Vanessa 
muito entusiasmada. 
— Fabian! Yay! — Ela disse, e jogou os braços ao redor dele. 
Fabian riu e a abraçou de volta. — Sentiu minha falta desde a noite 
passada? 
— Você cheira a Claude. 
— Foda-se. Não, eu não. 
— Você faz. Você cheira a cigarro e condescendência. 
— Cale-se. 
O Brunch Bargain foi oferecido por Vanessa, Marcus e Tarek, que 
viviam platonicamente juntos em um apartamento de dois quartos que eles 
haviam convertido em um apartamento de três quartos. Convertido talvez 
fosse uma palavra muito sofisticada para definir isso: a sala de estar 
GAME CHANGERS #3 
40 
 
 
também era o quarto de Marcus. Vanessa levou Fabian escada acima e pela 
porta da frente que dava diretamente para a sala de esta/quarto de Marcus. 
Fabian tirou sua mochila enquanto se dirigia ao futon onde Marcus e Tarek 
já estavam sentados. 
— O que você trouxe? — Perguntou Tarek. 
— Peras. 
— E... 
Fabian tirou quatro pacotes finos de sua mochila. — Máscaras! Eu 
tenho argila, abacate, algas marinhas e, uh... oh, toranja. — Ele os espalhou 
na mesa de centro como cartas de jogar. 
— O que as algas marinhas fazem? — Marcus perguntou. 
— Hidrata, nutre e faz você brilhar como Zendaya —, disse Fabian, 
com toda a autoridade de alguém que trabalhava na seção de cosméticos 
de um Savers Drug Mart5. 
— Vendido. — Marcus se inclinou para frente e agarrou a máscara de 
algas marinhas. Ele realmente não precisava de nenhuma ajuda para 
brilhar; sua pele escura era perfeita. Vanessa saiu da cozinha com quatro 
canecas, que alinhou na mesinha de centro. Marcus deu um pulo e foi até 
a geladeira para pegar um pote de suco de laranja e uma garrafa gelada de 
“champanhe” canadense Baby Duck. 
— A chaleira está fervendo para fazer chá e café —, disse Vanessa. 
Ela se deixou cair na poltrona gasta em frente ao futon, colocando uma 
perna sobre o braço. — Mimosa para mim, Marcus. 
 
5 Savers, Inc. sediada em Bellevue, Washington, EUA, é uma brechó privado sem fins lucrativos que oferta 
uma cadeia de compras de produtos de segunda mão. 
https://en.wikipedia.org/wiki/Bellevue,_Washington
https://en.wikipedia.org/wiki/Second_hand
RACHEL REID 
41 
 
 
Marcus encheu cuidadosamente as canecas com Baby Duck e suco de 
laranja e as distribuiu. Fabian mal tomou um gole quando Vanessa disse: — 
Não acredito que você fodeu com Claude de novo. 
Fabian estreitou os olhos para ela. — Momento de fraqueza, — ele 
resmungou. 
— Achei que ele estava se mudando de volta para Montreal —, disse 
Tarek. 
— Bem, ele ainda não fez. Obviamente. E toda vez que o vejo eu 
simplesmente... esqueço por que ele é uma merda. 
— Eu poderia fazer uma lista para você —, Vanessa ofereceu 
prestativamente. — E você pode carregá-la com você. 
— Tudo bem. 
— Um! — Disse ela, ignorando-o. — Ele não tem absolutamente 
nenhum interesse em você ou em qualquer coisa que você faça. 
— Ele... está interessado em mim. Às vezes. 
— Dois —, Marcus saltou. — Ele odeia o Brunch Bargain. 
Fabian apertou os lábios para não sorrir. 
— Três, — disse Tarek. — Ele é um esnobe. 
— Tudo bem, entendi. 
— Quatro. — Marcus novamente. — Ele é um cineasta péssimo em 
fazer filmes. 
Fabian teve que engolir seu gole de mimosa rapidamente para se 
impedir de cuspir. 
— Cinco —, disse Vanessa. — Ele reclama quando a comida não é 
orgânica, mas fuma cigarros. 
GAME CHANGERS #3 
42 
 
 
Fabian estava rindo agora. Ele não pôde evitar. — Cale-se. Eu sei que 
ele é horrível, certo? Ele está apenas... lá. E eu meio que precisava de 
alguém na noite passada. 
Vanessa parou de provocá-lo. — O que há de errado, bebê? 
— Nada realmente. Só estou exausto, um pouco. Fiz alguns turnos 
extras na drogaria esta semana e estou tentando terminar algumas músicas 
novas. E me preparando para o show de arrecadação de fundos que estou 
fazendo neste sábado. 
— Oh, certo! Eu estarei lá com certeza —, disse Vanessa. — Eu não 
trabalho no sábado! — Ela trabalhava em uma loja de brinquedos sexuais 
de propriedade de lésbicas muito legal no Village, a apenas alguns 
quarteirões de seu apartamento. 
— Estou trabalhando nessa noite —, disse Marcus. — Desculpe. — 
Isso não foi surpresa; ele era bartender na Force, a maior boate gay da 
cidade. 
— Sem problemas. 
— Eu posso ir, — Tarek disse. Ele era o único dos quatro que 
trabalhava das nove às cinco. Ele trabalhava como assistente de escritório 
para uma organização de serviços de imigração. 
— Legal. É uma boa escalação. 
— Sim, mas você é quem eu vou ver, — disse Tarek. 
— É ele que todo mundo vai ver —, disse Vanessa. 
— Como se —, disse Fabian. Ele tomou um gole de mimosa de sua 
caneca cafona de souvenir das Cataratas do Niágara. — Acho que posso 
estrear uma nova música no show. 
— Yay! — Disse Vanessa. — Oh meu Deus, é tão lindo? Eu vou chorar? 
RACHEL REID 
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— Provavelmente. 
— Eu vou chorar totalmente.Eu ainda choro sempre que você toca 
'Ravine'. 
— Essa música tem oito anos, Van. 
— Cada. Tempo. 
Mais tarde, depois que seus waffles foram comidos e a garaffa de 
Baby Duck estava vazia, os quatro amigos vadiaram com máscaras de pele 
no rosto. 
— Eu sei que pergunto isso todas as semanas —, disse Tarek, — mas 
é para queimar tanto? 
— Sim —, disse Fabian. — Queima porque seu rosto é uma merda. 
Tem que trabalhar muito duro para consertar. 
Tarek o ignorou. 
— Oh! — Vanessa disse de repente. — Eu tenho algo para você, 
Fabian. — Ela agarrou sua bolsa carteiro do chão. Estava coberto de 
remendos e botões que a identificavam ruidosamente como a feminista gay 
positiva que ela era. 
— Vibra? — Além de trabalhar em uma sex shop, Vanessa também 
tinha um blog de resenhas de brinquedos sexuais razoavelmente popular. 
Não era incomum para ela coagir seus amigos a serem testadores de 
produtos. 
— Querida, faz muito mais do que isso. — Ela tirou uma caixa roxa 
brilhante de sua bolsa e entregou a ele. — Certifique-se de me dizer o que 
você pensa. 
— Eu tenho que? — Fabian tirou a máscara, amassou-a em uma bola 
e a colocou em seu prato de waffle vazio. 
GAME CHANGERS #3 
44 
 
 
— Vamos. Não tenho tempo para revisar todos esses brinquedos 
sozinha! E não é como se eu tivesse próstata! 
— Você ganha pontos de bala —, disse ele. — Se eu usar a coisa. 
— Você vai usar. Ele faz todas as coisas. E é roxo! 
— Isso... torna melhor? 
— Isso torna mais bonito. É um amante melhor do que Claude, 
provavelmente. 
Fabian olhou para ela. 
— Mais agradável para conversar, com certeza, — ela acrescentou, 
sorrindo. — Melhores postagens no Instagram. 
— De qualquer forma —, disse Fabian, desesperado para mudar de 
assunto para qualquer outra coisa. — Como foi o trabalho ontem à noite, 
Marcus? 
Ele revirou os olhos dramaticamente. — Exaustivo. Eu odeio quando 
o Halloween é uma quinta-feira porque o transforma em um festival de uma 
semana. O clube estava lotado de garotos quase ilegais com chifres de 
diabo sendo desleixados por toda parte. Eu estava tão cansado quando 
finalmente fechamos que não pude nem me dar ao trabalho de ir para casa 
com o cara que parecia Ezra Miller6 que esteve flertando comigo a noite 
toda. 
— Trágico —, disse Fabian. 
— Ninguém se parece com Ezra Miller, exceto Ezra Miller, mas tudo 
bem, — acrescentou Tarek. 
 
6 
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45 
 
 
— Ele era gostoso, gostava de mim, recusei. — Marcus olhou 
carrancudo para eles. — Agora estou comendo waffles com vocês, babacas, 
em vez de compartilhar um banho matinal com o Ezra-light. 
— Mm, — disse Tarek. — Eu ia transar com Nick Jonas7 ontem à noite, 
mas não queria. 
— Porra. Você, — disse Marcus. Mas ele estava rindo. 
Fabian quase mencionou ter encontrado Ryan para seus amigos, mas 
era muito confuso para explicar e muito insignificante para se preocupar 
com isso. Ele encontrou alguém que não via há mais de uma década, e agora 
provavelmente nunca o veria novamente. O fim. 
Não é como se ele tivesse pensado em Ryan desde que o encontrou. 
Não é como se ele estivesse secretamente procurando por ele sempre que 
caminhava pelo Village. 
Deus. O suficiente. Ryan era jogador de hóquei. Ele usava uma 
daquelas camisetas azuis que Fabian odiava tanto para trabalhar. E Fabian 
não precisava de nenhuma distração agora, não importava quão altos 
fossem ou quão adorável fosse seu sorriso. 
Então, ele agradeceu a seus amigos por mais um momento adorável, 
pegou sua bolsa - agora mais pesada, graças ao vibrador - e foi para casa 
para se perder na música. 
E, ele supôs, se ficasse entediado, tinha um novo brinquedo para 
brincar. 
 
 
 
7 
CAPÍ TULÓ CÍNCÓ 
 
Ryan colocou a mão em volta do braço do outro homem, puxando-o 
para perto com firmeza. Ele baixou a cabeça e aproximou os lábios do 
ouvido do homem. 
— Tem certeza que quer fazer isso, garoto? 
Quando Ryan se afastou, ele pôde ver o medo nos olhos do jovem. 
Inferno, ele podia sentir o cheiro saindo dele em ondas. 
— F-foda-se, — o homem cuspiu. 
Então Ryan deu um soco no queixo dele. E a multidão foi à loucura. 
Ryan esperava que um soco resolvesse o problema e o jogador mais 
jovem caísse no gelo. Então os árbitros poderiam intervir e terminar, o 
garoto diria que lutou com Ryan Price, e Ryan não teria que machucar esse 
novato tanto. 
Mas a criança não caiu. Em vez disso, ele puxou o punho direito e 
bateu no ombro de Ryan, que provavelmente não era para onde ele estava 
mirando, porque Ryan podia ouvir os nós dos dedos estalando contra o 
plástico rígido de seu ombro. 
O garoto - um novato de 22 anos em Minnesota chamado Corkum - 
olhou horrorizado para o próprio punho por um segundo e depois voltou os 
olhos arregalados para o rosto de Ryan. Ryan deu de ombros e deu a ele um 
olhar de desculpas antes de acertar um segundo soco no lado direito de seu 
rosto. 
Desta vez, Corkum atingiu o gelo. Ryan fez um show cobrindo-o com 
seu corpo muito maior e puxando seu braço para trás como se fosse bater 
nele novamente. Ele não iria - o garoto estava pulando agora, e Ryan nunca 
RACHEL REID 
47 
 
 
bateria em um cara naquela posição - mas ele queria chamar a atenção do 
árbitro. 
Funcionou. Em um momento, um dos bandeirinhas estava puxando 
Ryan rudemente de Corkum. A multidão gritava agora enquanto Ryan era 
conduzido para a área do pênalti. 
— Pague. O. Preço. 
Ryan odiava esse canto. Verdadeiramente, e profundamente 
desprezado. Isso o acompanhou desde seus dias júnior de hóquei até os 
oito times diferentes da NHL em que ele havia jogado, e agora para seu 
nono time. 
— Pague. O. Preço. 
Ele se acomodou na caixa, tirou o capacete e sacudiu o cabelo 
comprido e suado. 
— Estava começando a sentir sua falta —, brincou o atendente da 
caixa de penalidade. Gerald estava na casa dos sessenta e era mais falante 
do que a maioria dos assistentes da liga. Ryan saberia; ele estava muito 
familiarizado com eles. 
— Você vai estar esperando uma proposta em breve, aposto —, disse 
Ryan. — Todo esse tempo juntos sozinhos. 
Gerald riu, mas Ryan se perguntou quantas horas de sua vida haviam 
sido gastas em caixas de pênaltis. Quantos dias, se ele somasse todos os 
intervalos de dois e cinco minutos. 
Bem, menos do que Gerald. Pode ser. 
Quando a multidão se acalmou e a jogada começou, Ryan ouviu 
Corkum gritando com ele de sua própria área. — Ei, Price! 
— Sim? 
GAME CHANGERS #3 
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— Obrigado! — Corkum estava radiante e enrubescido como se 
tivesse acabado de fazer o melhor sexo de sua vida. Ryan bufou e balançou 
a cabeça. 
— Você fez a noite dele! — Gerald disse alegremente. 
— Ele é um idiota —, Ryan resmungou. Ele pegou uma garrafa de 
água e esguichou na cabeça, em seguida, penteou o cabelo úmido com os 
dedos, puxando-o para longe do rosto antes de colocar o capacete de volta. 
Não era incomum que jogadores jovens o desafiassem para lutas; Ryan era 
conhecido por ser um dos lutadores mais duros da liga. Um jovem pode 
rapidamente ganhar um pouco de respeito desafiando-o. No entanto, era 
provavelmente o tipo de luta menos favorito de Ryan. A última coisa que 
ele queria fazer era machucar alguém de verdade, então ele teve que se 
concentrar em puxar seus socos e ter certeza de que eles não pousassem 
na têmpora do cara ou em seu nariz ou olhos. Com um metro e noventa e 
quase duzentos e sessenta libras, Ryan era geralmente o maior cara do gelo, 
então lutas equilibradas eram raras. 
Ryan inspecionou sua mão esquerda antes de colocar as luvas de 
volta. Ele provavelmente teria alguns hematomas nos nós dos dedos, mas 
nada sério. Ele estava mais preocupado com o fato de que suas costas o 
estavam incomodando novamente. 
Ele olhou para o relógio. Ele duvidava que veria mais tempo no gelo 
esta noite; seu time estavacom dois gols faltando pouco mais de oito 
minutos para o fim, e ele havia feito seu trabalho durante a noite. 
Quando os cinco minutos se passaram e o jogo parou, Gerald abriu a 
porta para deixar Ryan sair da grande área. Ele rapidamente fez seu 
RACHEL REID 
49 
 
 
caminho para o banco de Toronto, onde se colocou entre seu companheiro 
de linha defensiva Marcel Houde e Wyatt. 
— Boa luta, Pricey —, disse Marcel indiferente quando Ryan se 
sentou ao lado dele. 
— Obrigado. — Ryan não se importou com a falta de entusiasmo; não 
tinha sido, na verdade, uma boa luta. Mas lutar era tudo que seus 
companheiros esperavam dele, e se ele não recebesse agradecimentos 
superficiais por socar pessoas, Ryan nunca ouviria elogios. 
— Quem você acha que as estrelas serão? — Wyatt perguntou com 
um sorriso. 
— Não sei. Pode ser... 
— Quero dizer, — Wyatt continuou, — obviamente a primeira estrela 
do jogo serei eu, mas quem será a segunda estrela? 
Ryan riu. — Você e eu, amigo. Um e dois. 
Wyatt balançou a cabeça. — Eu sou um, o Zamboni é dois. Você é o 
três. 
— Vou atender —, disse Ryan. O jogo estava agora no último minuto 
e Ryan percebeu que estava de bom humor. Seu time iria vencer em casa, 
e demoraria dias até que ele inevitavelmente começasse a se preocupar 
com o próximo voo que precisava embarcar. 
O jogo terminou e Ryan juntou-se aos seus companheiros no gelo 
para comemorar. Wyatt, em seu boné e uniforme limpo e seco, havia 
iniciado sua rotina habitual. — Whoosh, essa foi uma pergunta difícil, 
meninos. Não poderia ter feito isso sem mim! Onde estamos bebendo? 
GAME CHANGERS #3 
50 
 
 
A celebração continuou no vestiário. Ryan se sentou em sua baia em 
um canto e silenciosamente removeu seu equipamento enquanto seus 
companheiros gritavam e faziam planos para mais tarde naquela noite. 
Foi Wyatt quem pensou em perguntar a ele. É claro. 
— Você vai sair com a gente? — Wyatt, que não havia jogado e, 
portanto, não precisava de um banho, já estava vestido com um terno cinza 
escuro, pronto para deixar a arena. 
— Oh, uh, eu acho que vou para casa, na verdade. Eu... — Ryan não 
terminou a frase porque não queria contar a Wyatt sobre seus planos. Ele 
decidiu ir ver o show de Fabian naquela noite. Ele havia lutado com a ideia 
durante toda a semana e finalmente decidiu que seu desejo de ver Fabian 
se apresentar superava sua ansiedade em sair. 
Felizmente, Wyatt não exigiu uma explicação. Ele não esperava que 
Ryan aceitasse seu convite de qualquer maneira. Ryan tinha certeza disso. 
— Vejo você na segunda-feira, então —, disse Wyatt. — Tenha um bom dia 
de folga. 
— Certo. OK. Você também. 
Ryan precisava se apressar. Já passava das dez horas. Ele tomou o 
banho mais rápido de todos os tempos e amaldiçoou a regra de usar ternos 
fora da arena depois dos jogos. Ele não teria tempo de parar em casa para 
se trocar; como era, ele precisava puxar o rabo para o clube e esperar que 
ele não tivesse perdido o set de Fabian inteiramente. 
Quando Ryan chegou ao Farol, Fabian já estava no palco, mas parecia 
que ele estava apenas se preparando. A sala estava cheia, o que era bom 
tanto para a instituição de caridade para a qual o show estava arrecadando 
dinheiro, quanto para Ryan, porque ele preferia que Fabian não o visse. Ele 
RACHEL REID 
51 
 
 
não queria que ninguém o visse, realmente. Especialmente porque ele 
estava vestindo um terno completo, o que o fez se destacar ainda mais do 
que ele faria de qualquer maneira. Todos na sala estavam vestidos 
casualmente, mas de uma forma que sugeria que suas roupas foram 
cuidadosamente montadas. Ele viu de tudo, desde camisas de botão com 
estampas chamativas até macacões, camisetas brancas lisas e jeans skinny. 
Definitivamente, nenhum outro terno, no entanto. 
Ele ficou no fundo da sala escura, ciente de seu tamanho e não 
querendo bloquear a visão de ninguém, e observou Fabian mexer em uma 
configuração de aparência complicada que incluía vários pedais de piso, um 
laptop e um teclado. Ele também podia ver a caixa do violino de Fabian no 
chão atrás dele. Fabian moveu-se rápida e eficientemente entre cada um 
dos componentes, ocasionalmente conversando com as pessoas na plateia 
perto do palco. Ryan o viu sorrir e rir, e ele ficou impressionado com o quão 
surreal era vê-lo novamente como um adulto bonito e confiante. 
E isso foi antes mesmo de Fabian começar a se apresentar. 
A primeira música começou com uma faixa de bateria simples que 
Fabian tocou em seu laptop. A isso ele adicionou camadas de música do 
teclado, que parecia gravar e repetir usando os pedais de chão. Quando ele 
estava satisfeito com o som, ele adicionaria outra camada, construindo uma 
parede de som sozinho. Ele se afastou do laptop e do teclado e pegou seu 
violino, e quando se colocou na frente do microfone, Ryan sentiu como se 
o vento tivesse sido tirado dele. Fabian ficou sozinho sob as luzes do palco 
em uma camisa preta transparente, calças pretas elegantes e vários colares 
brilhantes. Ele também estava usando uma maquiagem dramática - Ryan 
GAME CHANGERS #3 
52 
 
 
podia dizer, mesmo do fundo da sala - e tudo o fazia parecer uma criatura 
mítica ou um anjo. 
Ryan pode ter engasgado um pouco quando Fabian trouxe o arco 
para o violino e tocou as primeiras notas. Ryan adorava ouvi-lo praticar seu 
instrumento com devoção quando adolescente, e ouvi-lo novamente agora 
era desconcertante. A melodia lenta e sonhadora foi gravada e repetida 
com os pedais, e então Fabian apoiou o violino e seu arco ao lado do corpo, 
um item em cada mão. Ele se virou para o microfone, fechou os olhos e 
cantou. 
Foi a coisa mais linda que Ryan já tinha ouvido; assombrando de uma 
forma que enviou faíscas dançando na espinha de Ryan e em seu abdômen. 
A voz de Fabian era suave e alta, mas também clara e confiante. A música 
provavelmente poderia ser chamada de pop, mas era tão complexa que 
Ryan não tinha certeza se se encaixava em qualquer categoria. As letras de 
Fabian eram enigmáticas, mas também inconfundivelmente sexy. Ryan não 
conseguiu acompanhar a história da música, mas ele definitivamente sentiu 
cada palavra. 
Ele prendeu a respiração, não querendo fazer o menor som que 
pudesse competir com o presente perfeito que Fabian estava dando ao 
público. Ryan não conseguia acreditar que isso estava realmente 
acontecendo na sua frente e que havia pessoas no mundo que não estavam 
aqui testemunhando o que era certamente a conquista mais 
impressionante da humanidade. 
A música terminou, o público explodiu em gritos e Ryan, boquiaberto, 
quase se esqueceu de aplaudir. E então ele percebeu que era apenas a 
primeira música. 
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53 
 
 
— Obrigado, — Fabian disse baixinho, como se ele não tivesse 
acabado de fazer algo completamente incrível. — Essa próxima música é 
nova. Ainda não dei um nome, mas queria experimentá-lo esta noite, se 
estiver tudo bem para vocês. 
Houve aplausos dispersos e alguns gritos de agradecimento. Ryan 
considerou, enquanto caminhava para o clube, apenas ficar por uma ou 
duas músicas, mas não havia nenhuma maneira de ele ir a lugar nenhum 
agora. Ele ficou parado, mal se movendo, pelo tempo que Fabian demorou 
para terminar seu set. Trinta minutos? Quarenta? Ryan não tinha ideia de 
quanto tempo havia passado porque ele estava paralisado. Quando a 
última música terminou, Fabian meio que se curvou e jogou beijos para a 
multidão. 
O show acabou e Ryan deveria ir embora, mas agora ele realmente 
queria falar com Fabian. Só para dizer a ele o quanto havia gostado do show. 
Fabian pulou do palco e Ryan o perdeu de vista por um tempo. Ele 
considerou pegar uma cerveja, ou talvez encontrar uma mesa para se 
sentar, agora que algumas pessoas estavam começando a sair. Em vez 
disso, ele se encostou na parede e ficou olhando para o chão por alguns 
minutos, apenas para evitar a busca obsessiva de Fabian na multidão. 
Provavelmentevinte minutos depois, Ryan viu Fabian parado sozinho 
ao lado de uma mesa vazia, bebendo água de uma garrafa. Ryan decidiu 
que essa era sua chance e deu um passo em sua direção. Ele passou a mão 
rapidamente pela barba, esperando que parecesse bem. 
Ele parou no meio do caminho quando viu um homem envolver os 
braços em torno de Fabian. Fabian sorriu para o homem e beijou-o 
rapidamente na boca. O homem era atarracado, com a pele um pouco mais 
GAME CHANGERS #3 
54 
 
 
escura do que a de Fabian, e usava uma roupa estilosa completa com óculos 
de aro escuro. Ele era fofo. E é claro que Fabian tinha um namorado 
adorável. 
A mão do homem ficou no braço de Fabian enquanto conversavam. 
Possessivo, pensou Ryan. Ele não o culpou. Mas ele o odiava um pouco. 
Jesus. O que diabos deu a ele o direito de pensar mal do namorado 
de Fabian? Ryan não conhecia o cara. Ryan não conhecia Fabian. Ryan 
precisava sair deste bar. Ele não pertencia aqui. Foi por isso que ele nunca 
foi a lugar nenhum. Era por isso que ele estava tão sozinho. Ele estava 
prestes a se virar quando Fabian de repente olhou para ele. 
Merda. 
O rosto de Fabian se abriu em um sorriso e ele bateu suavemente no 
braço do outro homem antes de ir até Ryan. 
— Eu pensei que era você —, disse Fabian. Ele ainda estava sorrindo 
- um sorriso cheio e encantado que mostrava seus dentes. Ryan percebeu 
que sua boca estava meio aberta, como um peixe morto. 
— Oi. Eu, hum, estava apenas - você mencionou que estava tocando 
aqui. Esta noite. Quando conversamos na semana passada. Então, hum... 
Fabian se aproximou. — Eu lembro. Eu não esperava que você 
realmente viesse. 
— Desculpe. Eu provavelmente não deveria ter... 
— Não! Não, estou feliz que você esteja aqui. É... muito doce. Na 
realidade. 
— Oh. 
RACHEL REID 
55 
 
 
— Eu talvez devesse ter sido mais claro sobre o código de vestimenta. 
— O olhar de Fabian varreu o terno cinza claro de Ryan e seus lábios se 
torceram em um sorriso provocador. 
— Vim direto da arena. Eu não tive tempo para mudar. Eu sei que 
estou ridículo. 
— De jeito nenhum. 
Por alguns segundos, eles ficaram em silêncio, e Ryan queria tanto 
fugir, como estender a mão e tocar o rosto lindo de Fabian com os dedos. 
Estando tão perto quanto eles estavam, Ryan agora podia ver claramente a 
arte de sua maquiagem; as pálpebras de Fabian estavam pintadas em 
camadas esfumadas de preto e prata, e havia um pó cintilante iridescente 
em seu rosto que destacava suas maçãs do rosto acentuadas. 
— Você gostou do show? — Fabian perguntou. 
Foda-se, Ryan. Quão rude você é? — Santo Deus. Sim, foi irreal. Você 
é muito bom. 
Fabian apertou os lábios e disse: — Obrigado. 
Ryan queria dizer mais, mas não conseguia encontrar as palavras 
certas para descrever o quão incrível era a música de Fabian. Em vez disso, 
ele disse: — Bem, devo deixar você voltar para... 
— Venha se sentar com a gente —, interrompeu Fabian. — Você pode 
conhecer meus amigos. Eu tenho ingressos para beber. O que você quer? 
— Oh. Você não tem que... 
— Vamos. Você pode me contar um pouco mais sobre como eu fui 
ótimo. 
Ryan riu disso. — OK. 
GAME CHANGERS #3 
56 
 
 
Fabian o levou de volta ao homem que ele estava abraçando, 
beijando e tocando alguns minutos atrás. — Este é meu amigo, Tarek. Ele 
mora com meus outros amigos, Vanessa, que está aqui... em algum lugar... 
e Marcus, que não está aqui porque está trabalhando hoje à noite. 
Amigo. — Prazer em conhecê-lo, Tarek. — Ryan estendeu a mão. — 
Ryan. 
O rosto de Tarek expressou claramente que ele não tinha ideia de 
quem era Ryan, mas não de uma forma rude. — Ryan —, ele repetiu de 
volta enquanto apertava sua mão. 
— Ryan morava com minha família —, explicou Fabian. — Quando 
nós dois tínhamos dezessete anos. 
— Oh! — A compreensão surgiu no rosto de Tarek. — Você é um 
jogador de hóquei! 
— Sim. — Ryan mexeu no botão do paletó e desejou pela milionésima 
vez ter tido tempo para se trocar. 
— Você ainda joga? — Tarek perguntou educadamente. 
Ryan não era exatamente famoso, mas era incomum para ele falar 
com alguém que não sabia quem ele era. Incomum, e até legal, conhecer 
pessoas que não tinham expectativas sobre ele. — Eu jogo para os 
Guardians. Por enquanto, pelo menos. Eu sou muito negociado. — Deus. 
Cale a boca, Ryan. 
— Isso deve ser difícil, — disse Tarek, e ele soou verdadeiramente 
solidário. — Eu me mudei muito quando era criança. É uma merda. 
Ryan acenou com a cabeça. — Sim. — Ele desesperadamente tentou 
pensar em algo para perguntar a Tarek, mas foi poupado quando uma 
RACHEL REID 
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mulher atacou Fabian com o tipo de abraço que normalmente era 
reservado para gols de vitórias. 
— Fabian! Isso foi bom pra caralho! 
Ryan não pôde ver a reação de Fabian, porque seu rosto estava 
coberto pelos volumosos cabelos loiros encaracolados da mulher. Ela virou 
a cabeça para olhar diretamente para Ryan, sem soltar Fabian. — Não foi 
incrível? 
— Sim —, respondeu Ryan. — Surpreendente. 
Ela soltou Fabian e se virou totalmente para enfrentar Ryan. — Quem 
é você? 
A pergunta foi tão direta que o fez rir. — Uh, Ryan. Só... 
costumávamos, ah... 
— Oi, Ryan! Você é fã do Fabian? 
— Eu, hum... 
Fabian veio em seu socorro. — Essa é Vanessa, a propósito. Ela é 
bastante. 
— Definitivamente verdade, — ela concordou. — Eu gosto do terno. 
— Oh. Obrigado. 
— O que você quer, Ryan? — Fabian perguntou, inclinando a cabeça 
em direção ao bar. 
— Você não precisa... 
— Uma cerveja? Vou adivinhar cerveja. 
Havia uma peculiaridade nos lábios de Fabian que deixou Ryan saber 
que ele estava sendo brincalhão. Ryan respondeu da mesma forma. — Você 
não deve fazer suposições sobre as pessoas. 
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Vanessa deu um soco no braço de Fabian. — Isso mesmo. Você 
deveria saber melhor. Ryan, por acaso eu sei que o barman esta noite faz 
os mais incríveis martinis com gotas de limão. Dá-me os bilhetes para 
bebidas, Fabe. Você fica e faz companhia ao seu amigo. 
Fabian fixou uma expressão no rosto de Vanessa que provavelmente 
dizia muitas coisas que Ryan não conseguia traduzir e entregou a ela uma 
tira de bilhetes de papel. — Vou querer um desses martinis. 
Vanessa apontou para Tarek e depois para Ryan. — Martini? Martini? 
— Claro, — disse Tarek. 
— Ah, eu realmente ireia apenas com uma cerveja, — Ryan disse 
timidamente. 
— Ha! — Vanessa parecia encantada. — Cerveja então. Tarek, venha 
comigo. 
— Sutil, — Tarek murmurou enquanto se virava para segui-la. 
 
FABIAN OBSERVOU SEUS AMIGOS ridículos abrindo caminho através 
da multidão até o bar, antes de voltar sua atenção para Ryan. — Pode 
demorar um pouco —, disse ele. — Vanessa tem uma queda pelo barman. 
O cabelo de Ryan estava preso em um pequeno coque hoje à noite, 
o que só acentuou o volume de sua barba. — Eu não sei como você escreve 
canções assim. Ou toca no palco na frente das pessoas. 
— Você não joga hóquei na frente de, tipo, um milhão de pessoas o 
tempo todo? 
— Não é o mesmo. 
— Não é? — Fabian realmente não entendia como não era a mesma 
coisa. 
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Ryan balançou a cabeça. — Eu posso jogar hóquei na frente de uma 
multidão, mas nunca poderia, tipo, cantar o hino nacional, sabe? 
Fabian tentou imaginar isso e sorriu para si mesmo. — Isso é porque 
você é bom no hóquei. Eu sou bom nisso. — Ele gesticulou em direção ao 
palco. — E meu público não costuma me vaiar quando cometo um erro. 
Ouvi dizer que os fãs de esportes são menos tolerantes. 
A boca de Ryan se ergueu um pouco com isso. — Eles podem ser 
muito duros, com certeza. E não tenho certeza se sou bom no hóquei. 
OK. Bem, isso foi simplesmente idiota. — Você joga na NHL, Ryan. 
Existe uma liga superior da qual não estou ciente? — Ele franziu a testa. — 
Pergunta honesta. Na verdade, pode haver uma. 
Ryan riu. — Não. A NHL é a mais alta. Mas eu não... — ele se conteve 
e Fabian se perguntou

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