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ESTRATIGRAFIA E TECTÔNICA DA BACIA DO SÃO FRANCISCO NA 
ZONA DE EMANAÇÕES DE GÁS NATURAL DO BAIXO RIO INDAIÁ 
(MG) 
 
 
 
 
HUMBERTO LUIS SIQUEIRA REIS 
UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO 
ESCOLA DE MINAS 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 
Ouro Preto, março de 2011 
i 
 
 
 
 
 
 
ESTRATIGRAFIA E TECTÔNICA DA BACIA DO SÃO 
FRANCISCO NA ZONA DE EMANAÇÕES DE GÁS NATURAL 
DO BAIXO INDAIÁ (MG) 
 
 
ii 
 
 
iii 
 
 
 
 
FUNDAÇÃO UNIVERSIDADE FEDERAL DE OURO PRETO 
Reitor 
João Luiz Martins 
Vice-Reitor 
Antenor Rodrigues Barbosa Júnior 
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-Graduação 
André Barros Cota 
ESCOLA DE MINAS 
Diretor 
José Geraldo Arantes de Azevedo Brito 
Vice-Diretor 
Wilson Trigueiro de Sousa 
DEPARTAMENTO DE GEOLOGIA 
Chefe 
Issamu Endo 
 
 
 
iv 
 
 
 
 
 
 
 
EVOLUÇÃO CRUSTAL E RECURSOS NATURAIS 
v 
 
 
CONTRIBUIÇÕES ÀS CIÊNCIAS DA TERRA 
DISSERTAÇÃO DE MESTRADO 
ESTRATIGRAFIA E TECTÔNICA DA BACIA DO SÃO FRANCISCO 
NA ZONA DE EMANAÇÕES DE GÁS NATURAL DO BAIXO INDAIÁ 
(MG) 
 
Humberto Luis Siqueira Reis 
Orientador 
Fernando Flecha Alkmim 
Co-orientadores 
Antonio Carlos Pedrosa Soares 
Maria Sílvia Carvalho Barbosa 
 
Dissertação apresentada ao Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais do 
Departamento de Geologia da Escola de Minas da Universidade Federal de Ouro Preto como requisito 
parcial à obtenção do Título de Mestre em Ciências Naturais, Área de Concentração: Geologia 
Estrutural e Tectônica 
 
 
 
OURO PRETO 
2011 
 
vi 
 
Universidade Federal de Ouro Preto – http://www.ufop.br 
Escola de Minas - http://www.em.ufop.br 
Departamento de Geologia - http://www.degeo.ufop.br/ 
Programa de Pós-Graduação em Evolução Crustal e Recursos Naturais 
Campus Morro do Cruzeiro s/n - Bauxita 
35.400-000 Ouro Preto, Minas Gerais 
Tel. (31) 3559-1600, Fax: (31) 3559-1606 e-mail: pgrad@degeo.ufop.br 
 
 
 
 
 
Os direitos de tradução e reprodução reservados. 
Nenhuma parte desta publicação poderá ser gravada, armazenada em sistemas eletrônicos, fotocopiada 
ou reproduzida por meios mecânicos ou eletrônicos ou utilizada sem a observância das normas de 
direito autoral. 
 
 
 
 
 
ISSN 85-230-0108-6 
Depósito Legal na Biblioteca Nacional 
Edição 1ª 
 
Catalogação elaborada pela Biblioteca Prof. Luciano Jacques de Moraes do 
 Sistema de Bibliotecas e Informação - SISBIN - Universidade Federal de Ouro Preto 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Catalogação: sisbin@sisbin.ufop.br 
 
R375e Reis, Humberto Luis Siqueira. 
 Estratigrafia e tectônica da Bacia do São Francisco na zona de emanações 
de gás natural do baixo Rio Indaiá (MG) [manuscrito] / Humberto Luis 
Siqueira Reis – 2011. 
 
 xxviii, 127 f.: il., color., tabs., mapas 
 (Contribuições às Ciências da Terra. Série M, v. 68, n. 296) 
 ISSN: 85-230-0108-6 
 
 Orientador: Prof. Dr. Fernando Flecha de Alkmim. 
 Co-orientador: Prof. Dr. Antônio Carlos Pedrosa Soares. 
 Co-orientadora: Profa. Dra. Maria Silvia Carvalho Barbosa. 
 
 Dissertação (Mestrado) - Universidade Federal de Ouro Preto. 
 Departamento de Geologia. Programa de pós-graduação em Evolução 
 Crustal e Recursos Naturais. 
 Área de concentração: Geologia estrutural e Tectônica. 
 
 1. Geologia estrutural - Teses. 2. Estratigrafia - Teses. 3. Bacias 
hidrográficas - Teses. 3. São Francisco, Rio, Bacia - Teses. 4. Gás natural - 
Teses. I. Universidade Federal de Ouro Preto. II. Título. 
 
 CDU: 551.243:551.7:556.51(815.1) 
mailto:Sisbin@sisbin.ufop.br
vii 
 
 
viii 
 
 
ix 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“À minha família, Dona Maria, Seu Zé e Hudson, obrigado por acreditarem...” 
 
 
x 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xi 
 
Agradecimentos 
Aos orientadores Fernando Flecha Alkmim, Antonio Carlos Pedrosa Soares e Maria Silvia Carvalho 
Barbosa, pela oportunidade, orientação e amizade. 
À Companhia de Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMIG), pelo apoio financeiro e liberação 
dos levantamentos aerogeofísicos e ao Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico (CNPQ), 
pela concessão da bolsa de pós-graduação. 
À Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), pela disponibilização das 
seções sísmicas e dados de poço, especialmente à Glauce Burlamaqui pela grande atenção durante 
todo o processo. 
Ao Departamento Nacional de Estradas e Rodagens (DER), pelas fotos aéreas, especialmente ao 
Adílson por toda a atenção. 
Aos professores do Departamento de Geologia da Escola de Minas (UFOP), pelas valiosas discussões 
e sugestões, especialmente aos professores Issamu Endo, Caroline Janette Gomes e André Danderfer 
Filho. 
Aos profissionais do Centro de Pesquisas Professor Manoel Teixeira da Costa (CPMTC/IGC/UFMG) 
pelo auxílio e competência e aos professores Lúcia Maria Fantinel, Luiz Guilherme Knauer, Ricardo 
Diniz da Costa, Marcel Auguste Dardenne, Thomas Fairchild, Hildor Seer, Lucia Castanheira e Ismar 
Carvalho pelas idéias e sugestões. 
Aos geólogos Renato Fonseca e Andréia Vaz de Melo França, pelo apoio e pelas produtivas 
discussões. 
Aos grandes companheiros de pós-graduação: Daniel Fragoso, Matheus Kuchenbecker, Monica 
Mendes, Dora Atman, Tatiana Dias, Paulo Amorim, Daniel Gradim, Fabrício Caxito, Tiago Lopes, 
Francisco Vilela, Tiago Novo, Leandro Duque, Glayton Dias, Tiago Duque, Leonardo e Cristiane 
Gonçalves, Fernanda Costa, Francisco Assis, Fernanda Brito, Dianne Farias, Alex Freitas. 
Aos amigos Miguel Nassif, Glauber Rezende, Guilherme Suckau, Paulo Zaeyen, Frederico Zogheib e 
Lucas Martins, pela boa companhia e auxílio durante os trabalhos de campo. 
Reproduzindo as palavras de um grande companheiro, à minha família geológica: Galvão, Alemão, 
Monica, Dôra, Tia, Bidu, Guilherme, Lúcia e Gláucia, pelos bons momentos e ensinamentos. 
A Lara, cujo incentivo me conduziu a este caminho. 
Aos bons e velhos amigos, Rodrigo Foltz, Dougla Leal, Rafael Lisboa, Daniel Mansur, Gilvana 
Gomes, Ketty Gomes, Letícia Faria e Bruno Pádua. 
A Deus, por tornar tudo possível. 
xii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xiii 
 
Sumário 
 
AGRADECIMENTOS .......................................................................................................................... xi 
LISTA DE FIGURAS ......................................................................................................................... xvii 
LISTA DE TABELAS ....................................................................................................................... xxiii 
LISTA DE ANEXOS .......................................................................................................................... xxv 
RESUMO ............................................................................................................................................. xxvii 
ABSTRACT ......................................................................................................................................... xxix 
1 - - INTRODUÇÃO ................................................................................................................................ 1 
1.1 Natureza do estudo realizado...........................................................................................................1 
1.2 Objetivos.............................................................................................................................................2 
1.3Localização da área de estudo.........................................................................................................2 
1.4 Metodologia.......................................................................................................................................2 
1.4.1 Confecção de mapas radiométricos e magnetométricos........... ......................................... 5 
1.4.2 Confecção dos mapas gravimétricos ..................................................................................... 6 
2 - CONTEXTUALIZAÇÃO GEOLOGICA DA PORÇÃO SUDOESTE DA BACIA DO SÃO 
FRANCISCO .............................................................................................................................................. 9 
2.1 A Bacia do São Francisco................................................................................................................9 
2.1.1 Estratigrafia ............................................................................................................................ 10 
2.1.1.1 O embasamento............................................................................................................... 10 
2.1.1.2 O Supergrupo Espinhaço ............................................................................................... 11 
2.1.1.3 O Supergrupo São Francisco ........................................................................................ 12 
2.1.1.4 Unidades fanerozóicas: os grupos Santa Fé, Areado, Mata da Corda e Urucuia .. 19 
2.1.2 Arcabouço estrutural ............................................................................................................. 21 
2.1.2.1 Grandes estruturas do embasamento ............................................................................ 21 
2.1.2.2 Estruturas envolvendo as unidades de preenchimento .............................................. 22 
2.3 A porção sudoeste da Bacia do São Francisco............................................................................23 
2.3.1 Estratigrafia ............................................................................................................................ 23 
2.3.2 Arcabouço estrutural ............................................................................................................. 25 
2.3.2.1 Estruturas pré-cambrianas ............................................................................................. 25 
2.3.2.2 Estruturas cretácicas ........................................................................................................... 28 
3 - ESTRATIGRAFIA DA REGIÃO DO BAIXO INDAIÁ ........................................................ 31 
3.1 – Introdução ................................................................................................................................... 31 
3.2 – Expressão sísmica das unidades pré-Bambuí ........................................................................ 31 
3.3 – O Grupo Bambuí ........................................................................................................................ 33 
3.3.1 Formação Lagoa do Jacaré ................................................................................................... 34 
3.3.2 Formação Serra da Saudade ................................................................................................. 36 
xiv 
 
3.3.2.1 Membro Felixlândia ....................................................................................................... 38 
3.3.3 Formação Três Marias ........................................................................................................... 42 
3.3.4 Expressão sísmica e dados de poço do Grupo Bambuí .................................................... 46 
3.3.4.1 Expressão em seções sísmicas ...................................................................................... 46 
3.3.4.2 O Poço 9-PSB-16-MG e correlações estratigráficas .................................................. 46 
3.3.5 Ambientes de sedimentação ................................................................................................. 51 
3.4- Os grupos Areado e Mata da Corda .......................................................................................... 53 
3.4.1 Grupo Areado ......................................................................................................................... 53 
3.4.2 Grupo Mata da Corda ............................................................................................................ 56 
3.4.3 Ambientes de sedimentação ................................................................................................. 56 
3.5- Artigo: Expressão magnetométrica e gamaespectrométrica da porção sudoeste da Bacia do 
São Francisco, Folha Serra Selada (1:100.000), MG .................................................................... 58 
4 - ARCABOUÇO ESTRUTURAL DA REGIÃO DO BAIXO INDAIÁ ................................. 77 
4.1 - Introdução .................................................................................................................................... 77 
4.2-A estrutura do embasamento revelada por métodos geofísicos potenciais e sísmica de 
reflexão .................................................................................................................................................. 77 
4.1.1 Estruturas do embasamento em mapas gravimétricos ...................................................... 77 
4.2.2 Expressão das estruturas do embasamento em mapas magnetométricos ....................... 81 
4.2.3 As estruturas do embasamento em seções sísmicas .......................................................... 83 
4.3-Arcabouço estrutural das rochas do Grupo Bambuí ................................................................ 84 
4.3.1 O Compartimento Oeste: a Saliência de Três Marias ....................................................... 85 
4.3.1.1 Dobras .............................................................................................................................. 85 
4.3.1.2 Falhas de empurrão ......................................................................................................... 87 
4.3.1.3 Falhas transcorrentes ...................................................................................................... 89 
4.3.1.4 Juntas ................................................................................................................................ 89 
4.3.1.5 O descolamento basal e a estruturação geral da Saliência de Três Marias ............. 93 
4.3.2 O Compartimento Leste (CL)............................................................................................... 96 
4.4-Arcabouço estrutural das unidades cretácicas ........................................................................... 97 
4.4.1 Estruturas distensionais associadas à deposição do Grupo Areado ................................ 98 
4.5-Evolução estrutural da região do baixo Indaiá ........................................................................ 101 
4.5.1 A Fase D1 e a estruturas pré-Bambuí ................................................................................ 101 
4.5.2 A Fase D2 e a Saliência de Três Marias ............................................................................ 104 
4.5.2.1 Saliência de Três Marias .............................................................................................. 105 
4.5.3 Fase D3 e a formação da Sub-Bacia Abaeté (Cretácio Inferior) .................................... 109 
5 - SOBRE O CONTROLE ESTRUTURAL DAS EXSUDAÇÕES DE GÁS NATURAL DO 
VALE DO RIO INDAIÁ.......................................................................................................................111 
5.1 Introdução.................................................................................. ......................................................111xv 
 
5.2 Breve histórico do reconhecimento das zonas de exsudação de gás na Bacia do São 
Francisco ............................................................................................................................................. 111 
5.3 Controle estrutural........................................................................................................................112 
6 - CONCLUSÕES.........................................................................................................117 
REFERÊNCIAS ...................................................................................................................... ............121 
ANEXOS .............................................................................................................................................. ..127 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xvi 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xvii 
 
Lista de Figuras 
 
 
Figura 1.1 Localização da área de estudo, principais vias de acesso à partir de Belo Horizonte (BH) e 
área de cobertura dos projetos do Projeto Alto Paranaíba(1:100.000) (Pedrosa-Soares et al. 2011 ) e 
levantamento aerogeofísico concedido pela CODEMIG (Lasa 2007). .............................................. 3 
Figura 1.2 Localização da Área 9, Programa de Levantamentos Aerogeofísicos do Estado de Minas 
Gerais (2005/2006). Fonte: Lasa (2007). ............................................................................................... 5 
Figura 1.3 Fluxograma das etapas de processamento dos dados aeromagnetométricos e 
aerogamaespectrométricos. ...................................................................................................................... 6 
Figura 1.4 Correção Bouguer aplicada sobre os dados de anomalia free-air obtidos.. .................. 7 
Figura 1.5 Fluxograma mostrando as principais etapas de processamento dos dados gravimétricos e 
topográficos obtidos por satélite (TOPEX/POSEIDON).. ................................................................... 7 
Figura 2.1 A Bacia do São Francisco como parte do cráton homônimo, com as principais unidades de 
preenchimento e feições de relevo. ......................................................................................................... 9 
Figura 2.2 Coluna estratigráfica simplificada da bacia intracratônica do São Francisco (Alkmim & 
Martins-Neto (2001). .............................................................................................................................. 11 
Figura 2.3 Litoestratigrafia simplificada do Supergrupo São Francisco. Modificado de Costa & 
Branco (1961), Plufg & Renger (1963), Braun (1968), Dardenne (1978), Karfunkel & Hoppe (1988), 
Uhlein (1991), Castro & Dardenne (2000), Martins-Neto & Alkmim (2001), Castro (2004). .... 13 
Figura 2.4 Coluna estratigráfica do Grupo Bambuí. Modificado de Martins-Neto & Alkmim (2001). 14 
Figura 2.5 Sistema de paleocorrentes proposto para a Formação Três Marias por Chiavegatto (1992) 
na região homônima. ............................................................................................................................... 19 
Figura 2.6 Mapa geológico simplificado da Bacia do São Francisco e mapa esquemático com as 
principais estruturas do embasamento da bacia. Modificado de Alkmim (2004). ......................... 22 
Figura 2.7 Localização e contexto geotectônico da região do baixo Rio indaiá e Três Marias. (a) Mapa 
geológico simplificado e compartimentação da bacia intracratônica do São Francisco. (b) Mapa 
estrutural simplificado da porção sul da Bacia do São Francisco e descrição da principais feições 
tectônicas observadas ao longo dos compartimentos deformados leste (E) e oeste (W).. Modificado de 
(Alkmim et al. 1993, Alkmim & Martins-Neto 2001 e Alkmim 2011 ). ......................................... 27 
Figura 2.8 Mapa estrutural simplificado da porção sudoeste da Bacia do São Francisco. Os traços 
estruturais (falhas e dobras) são localmente obliterados por transcorrências sinistrais. Extraído de 
Alkmim & Martins-Neto (2001) e modificado de Magahães (1989). .............................................. 28 
Figura 2.9 Mapa geológico simplificado da Sub-bacia Abaeté (sudoeste da Bacia do São Francisco). 
O perfil a esquerda mostra, segundo Sawasato (1995), a reativação negativa das falhas de João 
Pinheiro e Traçadal durante a deposição do Grupo Areado no Cretáceo Inferior (retirado de Alkmim & 
Martins-Neto 2001). ................................................................................................................................ 29 
Figura 3.1 Interpretação simplificada da seção sísmica 0240-0293 em tempo duplo (TWT/ms) 
mostrando a principais associações reconhecidas. I: Embasamento, II: Unidades pré-Bambuí (Pb1 , 
Pb2), III: Grupo Bambuí (unidades Inferior – BI- e Superior – BS)................................................ 32 
Figura 3.2 Mapa geológico simplificado da região do baixo Rio Indaiá e Três Marias. Modificado de 
Costa et al. (2011), Knauer et al. (2011), Martins et al. (2011) e Reis (2011). As estrelas 
correspondem aos pontos de exsudação de gás natural do vale do Rio Indaiá e da região da Serra 
Vermelha. ................................................................................................................................................. 34 
xviii 
 
Figura 3.3 Coluna estratigráfica com as principais associações litológicas do Grupo Bambuí 
aflorantes na região de Águas Claras, Município de Tiros, onde são cobertas, em discordância, pelos 
depósitos continentais do Grupo Areado. ............................................................................................. 35 
Figura 3.4 Coluna estratigráfica representativa do Grupo Bambuí na região da Serra do Palmital, 
divisa entre os municípios de Paineiras, Abaeté e Cedro do Abaeté (MG). .................................... 37 
Figura 3.5 Coluna estratigráfica do Grupo Bambuí ao longo do vale do baixo Rio Indaiá, próximo a 
base da Formação Três Marias e detalhe sobre o as principais fácies do Membro Felixlândia (Parenti-
Couto 1980), aflorante nas proximidades da Represa de Três Marias (Ponto 582 – Anexo 03). .40 
Figura 3.6 Modelo de distribuição dos subambientes plataformais e respectivas icnofácies. 
Modificado de Walker & Plint (1992). ................................................................................................. 42 
Figura 3.7 (A) Coluna estratigráfica do Grupo Bambuí aflorante a nordeste de Morada Nova de 
Minas. (B) Coluna estratigráfica do Grupo Bambuí a sul de Morada Nova de Minas, mostrando a 
passagem gradacional entre as formações Serra da Saudade (contendo lente de pelito carbonoso) e 
Três Marias.. ............................................................................................................................................. 43 
Figura 3.8 Esquema comparativo entre as medidas de paleocorrentes, cristas de ripples e lineações de 
partição registradas para as formações Serra da Saudade e Três Marias, comparadas às informações 
obtidas por Chiavegatto (1992).. ........................................................................................................... 44 
Figura 3.9 (A) Calcarenito fino (recristalizado) da Formação Lagoa do Jacaré (Ponto 330, Região de 
Águas Claras). (B) Pelito laminado e levemente basculado da Formação Serra da Saudade, Córrego 
Jacu (Ponto 476 – Anexo 03). (C) Calcarenito intercalado por estratos mili a centimétricos de 
ooesparrudito da Formação Serra da Saudade, Fazenda do Gabriel (Ponto 344 – Anexo 03). (D) 
Associação entre pelito verde (verdete) e arenito da Formação Serra da Saudade, Serra do Palmital. 
Note a estratificação cruzada do tipo hummocky, indicando retrabalhamento por ondas de tempestade. 
(E e F) Ripples marks em arenitos arcoseanos micáceos da Formação Três Marias. Em (F) a acentuada 
simetria indicaa atuação de fluxos ondulatórios durante a sedimentação da unidade (Ponto 289 – 
Anexo 03). ................................................................................................................................................ 45 
Figura 3.10 (A) Localização das seções sísmicas e do poço 9-PSB-16-MG. TM: Três Marias, Ti: 
Tiros, Mn: Morada Nova de Minas e Co: Corinto. (B) Detalhe da seção sísmica em tempo duplo 0240-
0296 (destacada em A e C) mostrando a geometria e as principais características sísmicas do Grupo 
Bambuí face às unidades subjacentes. (C) Composição das seções sísmicas 0240-0298 e 0240-0296 
(em tempo duplo - TWT) e interpretação simplificada, mostrando a continuidade e geometria dos 
refletores atribuídos ao Grupo Bambuí... ............................................................................................. 47 
Figura 3.11 Perfil composto do Poço 9-PSB-16-MG (CPRM/PETROBRÁS), locado imediatamente a 
norte da cidade de Corinto (Fig. 3.8).. .................................................................................................. 49 
Figura 3.12 Correlação aproximada entre as colunas levantadas na região do baixo Rio Indaiá (Figs. 
3.3, 3.4 e 3.7-b) e o Poço 9-PSB-16-MG (CPRM/PETROBRÁS). .................................................. 50 
Figura 3.13 (A) Estratificação cruzada de porte decamétrico em arenito bem selecionado e com 
estratificação bimodal do Grupo Areado. (B) Arenito conglomerático do Grupo Areado com 
estratificações tabulares plano-paralelas e cruzadas tangenciais em discordância angular erosiva com 
os sedimentos do Grupo Bambuí. (C) Argilito vermelho do Grupo Areado com camada centimétrica 
de arenito esbranquiçado exibindo perturbações por carga. Repare nos pequenos plútons de areia em 
meio às frações pelíticas. (D) Icnofóssil (Taenidium isp. ?) em arenito fluidizado do Grupo Areado 
(Ponto 174 – Anexo 03). (E) Ciclos centimétricos de granodecrescência ascendente (gda) em rocha 
epiclástica do Grupo Mata da Corda (Ponto 352 – Anexo 03). (F) Contato discordante angular e 
erosivo entre arenito estratificado e vulcanoclástica alterada dos grupos Areado e Mata da Corda, 
respectivamente. ....................................................................................................................................... 54 
Figura 3.14 Coluna estratigráfica do Grupo Areado na região de Jaguara (Ponto 159 – Anexo 03) 
mostrando associação local dos arenitos bem selecionados e unidades psamo-rudíto-pelíticas.. 55 
xix 
 
Artigo Figura 1. Mapa de localização da Folha Serra Selada (1:100.000) no contexto da Bacia do São 
Francisco, mostrando as principais vias de acesso a partir de Belo Horizonte e os mais importantes 
centros urbanos locais. ............................................................................................................................ 61 
Artigo Figura 2 Mapa geológico simplificado da Folha Serra Selada (1:100.000), modificado de Reis 
(2010). ....................................................................................................................................................... 63 
Artigo Figura 3 Localização da Área 9, Programa de Levantamentos Aerogeofísicos do Estado de 
Minas Gerais (2005/2006). Fonte: Lasa (2007). ................................................................................. 64 
Artigo Figura 4 Fluxograma das etapas de processamento dos dados aeromagnetométricos e 
aerogamaespectrométricos na confecção dos mapas geofísicos da Folha Serra Selada (1:100.000). 
 .................................................................................................................................................................... 65 
Artigo Figura 5 Mapa do Campo Magnético Anômalo (retirado IGRF) interpretado da Folha Serra 
Selada (1:100.000).. ................................................................................................................................ 67 
Artigo Figura 6 Mapa da Primeira Derivada Vertical do Campo Anômalo, Folha Serra Selada 
(1:100.000).. ............................................................................................................................................. 68 
Artigo Figura 7 Mapa do Campo Anômalo Residual, Folha Serra Selada (1:100.000). ............. 69 
Artigo Figura 8 Sobreposição do Mapa da Amplitude do Sinal Analítico e a distribuição das 
principais unidades magnéticas aflorantes (compilado a partir de dados de campo), Folha Serra Selada 
(1:100.000). .............................................................................................................................................. 70 
Artigo Figura 9 Gamaespectrometria nos canais de K, Th e U na área da Folha Serra Selada 
(1.100.000). Sobre a imagem ternária foram lançados os traços das principais falhas e unidades 
litoestratigráficas mapeadas (grupos Bambuí, Areado e Mata da Corda). ...................................... 71 
Artigo Figura 10 Teores de potássio (K%) ao longo de um perfil (A-B) de orientação N-S e que corta 
a zona de exsudações de gás natural da porção nordeste da Folha Serra Selada. Os teores de potássio 
foram obtidos do Mapa Gamaespectrométrico - canal K, apresentado na Figura 9. Localizações das 
zonas de emanações e do perfil acima são mostradas nas figuras 2 e 9, respectivamente. ........... 73 
Figura 4.1 Mapa de Anomalia Bouguer com a interpretação das principais anomalias do Cráton do 
São Francisco (Cruz & Alkmim 2006) e as respectivas conformações gravimétricas destacadas na 
Tabela 4.1.. ............................................................................................................................................... 78 
Figura 4.2 Perfis gravimétricos ao longo do Cráton do São Francisco e faixas dobradas adjacentes (a e 
b) comparados com modelo esquemático de uma colisão de placas tectônicas e anomalia gravimétrica 
associada (c). Este último modificado de Fountain & Salisbury 1981 (in Oliver 1983).. ............. 79 
Figura 4.3 Mapa de Anomalia Bouguer (TOPEX/POSEIDON), detalhando a região do Alto de Três 
Marias.. ..................................................................................................................................................... 82 
Figura 4.4 Campo Magnético Anômalo (Lasa 2007) mostrando lineamentos predominante orientados 
segundo NE. As linhas tracejadas aparentemente correspondem a diques não aflorantes, cuja anomalia 
magnética é ressaltada nas regiões em que o embasamento encontra-se mais próximo da superfície.. . 82 
Figura 4.5 Digrama tridimensional com interpretação das seções sísmicas 0240-0295, 0240-0293 e 
0240-0294.. ............................................................................................................................................... 83 
Figura 4.6 Lineamentos e alinhamentos interpretados sobre imagem Geocover (Landsat). Tanto os 
depósitos cretácicos (grupos Areado e Mata da Corda) quanto as coberturas neógenas são destacados, 
as demais regiões associam-se aos sedimentos neoproterozóicos do Grupo Bambuí. Estes últimos 
compõem o compartimento leste (CL), deformado e subdividido nos domínios SE (DSE), SW (DSW), 
e N (DN), e o compartimento oeste (CO), indeformado. A linha contínua delimita a zona estrutural 
relacionada às unidades cretácicas. Os diagramas representam as principais direções de 
lineamentos/alinhamentos obtido na imagem e respectivos comprimentos acumulados. ............. 85 
xx 
 
Figura 4.7 Dobra em kink de porte decamétrico nas proximidades da foz do Rio Indaiá na Represa de 
Três Marias. A intersecção entre as kink bands tem a orientação em torno de SSW (Ponto 130 – Anexo 
03). ............................................................................................................................................................. 86 
Figura 4.8 (A) Dobra em chevron fechada e levemente vergente para oeste (Ponto 302 – Anexo 03).A estrutura exibe encurtamento aproximado de 40% e ângulo interflanquial de 50º. (B) Traço da 
superfície axial (PA) em dobra chevron assimétrica (Ponto 290 – Anexo 03). (C) Estreograma 
sinóptico dos eixos de dobra (B) ao longo do copartimento oeste. (D) Dobras apertadas a isoclinais em 
verdete da Formação Serra da Saudade, próximo a zona de falha. ................................................... 87 
Figura 4.9 Diagramas sinópticos de juntas (a e b). Em (c) junta plumosa em arenito da Formação Três 
Marias (Ponto 545 – Anexo 03). ............................................................................................................ 90 
Figura 4.10 Estereogramas de pólos do acamamento (So), eixos de dobras (B) e rosetas de juntas para 
os distintos domínios do compartimento oeste e zonas de transcorrência de Paineiras e Serra Vermelha 
(De E). Os diagramas de So sugerem uma sutil vergência geral para E, ao passo que a concentração de 
eixos B mostra um leve caimento geral para norte nos domínios SE e SW (A e B), enquanto no 
domínio N (C) estas estruturas tendem a cair para sul (geral). Em D e E é possível notar a mudança na 
orientação das estruturas ao longo das zonas de transcorrências. DT: direção de transporte tectônico 
inferido conforme Modelo de Hansen (Twiss & Moores 2007). ...................................................... 91 
Figura 4.11 Figura esquemática mostrando as principais relações entre as juntas (J), eixos de dobra 
(Lb) e estrias (Le) ao longo do domínio SE (Serra do Palmital). Eixos geométricos (a, b e c) segundo 
Hobbs et al. (1976). ................................................................................................................................. 93 
Figura 4.12 Arranjo tridimensional das seções sísmicas 0240-0295, 0240-0298 e 0240-0293 em 
tempo duplo (TWT/ms), localizadas no Domínio Deformado (A). (B) TM: Três Marias, Ti: Tiros e 
Co: Corinto. .............................................................................................................................................. 94 
Figura 4.13 Bloco diagrama mostrando as seções sísmicas (TWT/ms) da Figura 4.8 interpretadas e 
sua relação com a topografia e algumas das principais estruturas geológicas mapeadas em superfície..95 
Figura 4.14 Orientação das principais estruturas observadas ao longo do compartimrnto leste (região 
de Morada Nova de Minas).. .................................................................................................................. 97 
Figura 4.15 Roseta mostrando os conjuntos principais de juntas das unidades cretácicas. À esquerda, 
as mesmas estruturas afetando arenitos do Grupo Areado. ............................................................... 98 
Figura 4.16 Afloramento próximo às margens do Rio Borrachudo, na região da Fazenda Pindaíbas 
(Ponto 505 – Anexo 03). Pelitos dobrados do Grupo Bambuí (porção inferior) são cortados por feixe 
de falhas normais mergulhantes para oeste e responsáveis pelo espessamento generalizado dos 
depósitos do Grupo Areado, assentados sobre os pelitos neoproterozóicos através de discrodância 
erosiva e angular. ..................................................................................................................................... 99 
Figura 4.17 Paleotensões calculadas pelo Método dos Diedros Retos através de medidas de juntas 
cisalhantes e falhas (A). Os diagramas mostram um regime de deformação distensional puro, 
exibindo índice R’=0.4 (sensu Delvaux et al. 1997 apud Lipski 2002 ). (B) Junta cisalhante em pelito 
do Grupo Bambuí relacionada à deposição do Grupo Areado. É possível notar a superfície estriada 
(Le) e coberta por óxido de manganês. Em (C) rosetas e estereogramas mostrando as principais 
características dos planos e estrias medidos.. .................................................................................... 100 
Figura 4.18 Interpretação simplificada das seções sísmicas 0240-0295 (a), 0240-0298 (b) 3 0240-0296 
(c) mostrando a continuidade dos principais refletores sísmicos ao longo de toda porção centro-sul da 
Bacia do São Francico.. ........................................................................................................................ 103 
Figura 4.19 Ilustração mostrando a influência das estruturas da bacia e espessura sedimentar na 
geometria curva do cinturão de falhas e dobras (a, b, c e d). Os desenhos à direita de cada figura 
mostram os traços das falhas gerados em modelo de caixa de areia (Retirado de Marshak 2004). (f) 
Mapa de lineamentos e principais traços estruturais da ao longo da região do baixo Rio Indaiá. A linha 
tracejada corresponde ao limite externo da Saliência de Três Marias............................................ 108 
xxi 
 
Figura 4.20 Esquema evolutivo da região centro-oeste da Bacia do São Francisco, no baixo Rio 
Indaiá.. ..................................................................................................................................................... 110 
Figura 5.1 Seção sísmica 0240-0293 em tempo duplo (TWT/ms). As linhas tracejadas destacam as 
descontinuidades (traço pontilhado) próximas às zonas axiais das dobras regionais e relacionadas às 
zonas de exsudação de gás natural (estrelas). .................................................................................... 113 
Figura 5.2 Exsudações de gás em córrego na região de Serra Vermelha (Morada Nova de Minas) (a e 
b) e no baixo Rio Indaiá (c). As setas vermelhas indicam os pontos de emanação. Em (a) é possível 
observar os seeps alinhados segundo a direção NW e sua relação com flanco de antiforme suave ao 
fundo. (d) Falha normal oblíqua cretácica (fase de deformação D3) em arenito da Formação Três 
Marias, cuja direção parece influir localmente na orientação das exsudações de hidrocarbonetos.114 
 
 
 
xxii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xxiii 
 
Lista de Tabelas 
 
 
Artigo Tabela 1 Reposta gamaespectrométrica das principais litologias do Grupo Bambuí na área 
abrangida pela Folha Serra Selada (1:100.000). ................................................................................. 74 
Tabela 4.1 Principais anomalias gravimétricas observadas ao longo do Cráton do São Francisco 
. ................................................................................................................................................................... 79 
Tabela 4.2 Relação das principais fases de deformação, etapas e estruturas associadas que afetam as 
unidades estratigráficas analisadas ao longo da região do baixo Rio Indaiá. ............................... 102 
xxiv 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xxv 
 
Lista de Anexos 
 
 
Anexo 01 Mapa estrutural da região do baixo Indaiá 
Anexo 02 Mapa geológico da região do baixo Indaiá 
Anexo 03 Mapa de pontos 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
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xxvii 
 
Resumo 
A região do baixo curso do Rio Indaiá, situada no setor sudoeste da Bacia do São Francisco, nas 
proximidades das cidades Tiros, Paineiras, Morada Nova de Minas e Três Marias em Minas Gerais, 
encerra um grande número de exsudações naturais de gás. Visando à caracterização do cenário 
geológico de tais emanações, realizou-se na região um estudo estratigráfico e estrutural fundamentado 
em trabalhos de campo e interpretação geofísica. Além do embasamento, constituído por uma 
assembléia de rochas arquenas e paleoproterozóicas, cinco outras unidades litoestratigráficas foram 
reconhecidas na área de estudo. As unidades mais antigas, designadas pré-Bambuí (Pb1 e Pb2) não 
afloram e foram caracterizadas apenas em seções sísmicas. Constituem sucessões sedimentares deidade incerta que preenchem e cobrem baixos e altos do embasamento limitados por falhas normais de 
direção preferencial NE. Sobre estas unidades jazem as rochas neoproterozóicas do Grupo Bambuí 
que, em superfície, é representado pelas formações Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três Marias, 
compostas por pelitos e carbonatos marinhos, capeados por tempestitos arcoseanos. As rochas 
sedimentares e vulcanogênicas cretácicas dos grupos Areado e Mata da Corda são as unidades mais 
jovens que ocorrem na região. Os elementos tectônicos presentes são relativos a três fases de 
formação. A primeira fase (D1), de natureza distensional, gerou grabens e horsts de direção NE que 
envolvem apenas embasamento e parte das unidades pré-Bambuí. A fase D2, compressional, foi 
responsável pelo desenvolvimento de um cinturão de dobras e falhas de empurrão epidérmico de 
antepaís, no qual tomam parte somente as rochas do Grupo Bambuí. Este cinturão, que é a 
manifestação intracratônica do front orogênico da Faixa Brasília, formou-se em nível crustal 
relativamente raso, sob um campo compressivo WNW-ESE. As estruturas D1 descrevem, em mapa, 
uma grande curva com a concavidade voltada para oeste, a Saliência de Três Marias, cuja geometria 
resulta de variações de espessura do Grupo Bambuí e irregularidades do embasamento local. 
Elementos da fase de deformação D3 se superpõem aos das demais fases e relaciona-se à geração e 
evolução da Sub-bacia Abaeté, no Cretáceo Inferior. Nesta fase, desenvolveram-se falhas normais de 
direção N-S, geralmente associadas ao crescimento de seções estratigráficas do Grupo Areado, e 
juntas de cisalhamento de direção NNE e NW. Quando examinadas a luz dos resultados obtidos no 
estudo, as exsudações de gás natural do vale do Rio Indaiá se mostram associadas a estruturas 
distensionais tanto da fase D2 quanto na fase D3. A íntima associação destas ocorrências com a 
culminação da Saliência de Três Marias sugere algum controle desta feição tanto sobre elas, quanto 
sobre as acumulações de hidrocarbonetos em profundidade. 
xxviii 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
xxix 
 
Abstract 
The lower Indaiá River valley, located in the southwestern portion of the São Francisco Basin near the 
towns of Tiros, Paineiras, Morada Nova de Minas and Três Marias, in Minas Gerais state, contains a 
large number of gas seepages. In order to characterize the geologic scenario of the seepages, a 
stratigraphic and structural study was carried out in the region, based on field data and geophysical 
analyses. Besides the basement, which is made up of Archean and Paleoproterozoic rock assemblages, 
five other lithostratigraphic units have been recognized in the study area. The oldest units, pre-Bambuí 
Pb1 and Pb2, are not exposed and were observed only in seismic sections. They correspond to 
successions of uncertain age that fills and covers NE-trending basement grabens and horsts. These 
units are overlain by the Neoproterozoic Bambuí Group, represented in the field by the Lagoa do 
Jacaré, Serra da Saudade and Três Marias formations, composed of pelites and carbonates caped by 
arcosic tempestites. The cretaceous sedimentary and volcanic rocks of the Areado and Mata da Corda 
groups are the youngest units exposed in the region. The tectonic fabric elements recognized in the 
lower Indaiá river valley are products of three deformation phases. The first phase (D1) was 
extensional and generated NE-trending grabens and horsts, that affect only basement and part of the 
pre-Bambuí units. The second phase, the compressional D2, was responsible for the development of a 
thin-skinned foreland fold-thrust belt that involves only the Bambuí Group. This belt, which 
corresponds to the intracratonic manifestation of the Brasilia belt orogenic front, developed at shallow 
crustal level under a WNW-ESE oriented contraction. D2-structures describe in map view a large 
curve, whose concave side faces west: the basin controlled Três Marias Salient. D3-phase structures 
overprint the older fabric elements and are associated to the development and evolution of the Abaeté 
Sub-basin, during Lower Cretaceous. This phase nucleated NS-trending normal faults coeval to the 
deposition of the Areado Group, as well as NNE and NW-oriented shear fractures. When examined in 
the light of the obtained results, the lower Indaiá river gas seepages seem to be controlled by 
extensional structures of both D2 and D3 deformational phases. The relation between the distribution of 
the seepages and the apex of Três Marias Salient suggests some influence of this structure upon their 
occurrence and the subsurface hydrocarbon accumulations. 
 
 
 
 
 
 
 
xxx 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
CAPÍTULO 1 
INTRODUÇÃO 
 
1.1 - NATUREZA DO ESTUDO REALIZADO 
Inserida no setor sudoeste da bacia sedimentar do São Francisco, a região do baixo Rio Indaiá foi 
foco de importantes estudos geológicos de cunho regional desde o início do século XX. Os primeiros 
esforços se devem a Freyberg (1932), que foi o responsável pela subdivisão da então chamada Série 
Bambuí (Rimann 1917) nas camadas Indaiá e Gerais. Após a descoberta de ocorrências de gás natural na 
região de Três Marias entre as décadas de 60 e 80 (Araújo 1988 apud Pinto et al. 2001), a região foi alvo 
de novos estudos (Menezes Fº et al. 1978), os quais culminaram nos levantamentos geofísicos executados 
pela PETROBRÁS, bem como descrições de novas ocorrências ao final da década de 80 (Projeto 
PETROBRÁS-METAMIG 1989 apud Signorelli et al. 2003). Alguns anos mais tarde, a área foi objeto de 
novos projetos de mapeamento geológico regional (Signorelli et al. 2003, Pedrosa-Soares et al. 2011 ), 
constituindo atualmente um dos alvos das pesquisas de hidrocarbonetos na Bacia do São Francisco. 
Sobre a região do baixo Rio Indaiá e arredores da Represa de Três Marias, onde se concentra um 
grande número de emanações de gás natural, uma série de questões geológicas ainda espera por respostas. 
Muitas destas questões decorrem principalmente da intensa deformação experimentada pelas rochas do 
Grupo Bambuí, que, aliada ao avançado grau intempérico, dificultam o reconhecimento direto de relações 
estratigráficas e a análise estrutural de feições regionais. Ao mesmo tempo, o crescente interesse nos 
sistemas de hidrocarbonetos ao longo de toda Bacia do São Francisco trouxe a tona uma nova série de 
problemas relativos às ocorrências de gás natural já documentadas. Todas estas questões podem ser 
resumidas em uma só pergunta: qual é o cenário geológico da zona de emanações de hidrocarbonetos do 
baixo Indaiá? 
Visando responder esta pergunta e, consequentemente, contribuir para o conhecimento geológico 
da Bacia do São Francisco, o presente trabalho busca, através da cartografia geológica, análise estrutural e 
investigações geofísicas, avaliar o contexto estratigráfico e tectônico da região de exsudações de gás 
natural do baixo Rio Indaiá. 
 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 
 2 
1.2 - OBJETIVOS 
Visando caracterizar o cenário geológico das exsudações de gás da região do baixo Indaiá e 
também contribuir com o conhecimento acerca da Bacia do São Francisco, o estudo realizado teve como 
objetivos específicos os seguintes: 
 Caracterizar a sucessão estratigráfica da região do baixo Indaiá, bem como a distribuição 
geográfica e as relações entre as unidades lá aflorantes. 
 Caracterizar o arcabouço estrutural da Bacia do São Francisco ao longo da região do baixo Rio 
Indaiá, com ênfase especial na determinação da geometria em sub-superfície do front 
deformacional neoproterozóico e suas relações com estruturas do embasamento. 
 Caracterizar a evolução tectônica da Bacia do São Francisco na regiãodo baixo Rio Indaiá. 
 Caracterizar cenário geológico e os controles das exsudações de gás natural da região em foco. 
 
1.3 - LOCALIZAÇÃO DA ÁREA DE ESTUDO 
A área de estudo, localizada na porção centro-oeste de Minas Gerais, aborda parte dos municípios 
de Morada Nova de Minas, Tiros, Paineiras, Biquinhas, São Gonçalo do Abaeté e Três Marias. Baliza-se 
pelas coordenadas geográficas 45º00’W- 19º00’S e 46º00’W- 18º00’S e engloba as regiões do baixo Rio 
Indaiá e da Represa de Três Marias. Esta região é coberta pelas folhas topográficas (1:100.000) Serra 
Selada, Serra das Almas, Três Marias e Morada Nova de Minas (Serviço Geográfico do Exército – SGE). 
O acesso, a partir de Belo Horizonte, pode ser feito tanto pela rodovia BR262, quanto pela BR040, 
em distâncias de cerca de 300 km e 250 km, respectivamente (Fig. 1.1). 
 
1.4 - METODOLOGIA 
Com o objetivo de alcançar os objetivos propostos, as análises foram realizadas com o emprego de 
múltiplas ferramentas. 
A caracterização estratigráfica foi conduzida através de descrições de campo, análise de colunas 
levantadas ao longo da área de interesse, interpretação de mapas magnetométricos e 
Contribuições às Ciências da Terra 
 3 
gamaespectrométricos. Para a determinação da continuidade das unidades em subsuperfície, bem como 
para caracterização de outras não aflorantes, foram analisadas seções sísmicas e dados de um poço na 
região de Corinto (MG), perfurado pela CPRM/PETROBRÁS. 
 
 
Figura 1.1 Localização da área de estudo e principais vias de acesso à partir de Belo Horizonte (BH). TM: Três 
Marias, Ti: Tiros. Projeto Alto-Paranaíba (1:100.000) (Pedrosa-Soares et al. 2011 ): I – Folha Luz; II- Folha Campos 
Altos; III-Folha São Gotardo; IV-Folha Carmo do Paranaíba; V – Folha Serra Selada; VI – Folha Morada Nova de 
Minas; VII – Folha Três Marias; VIII – Folha Serra das Almas; IX – Folha Presidente Olegário. A região hachurada 
corresponde a área coberta pelo levantamento geofísico concedido pela CODEMIG (Lasa 2007). 
 
A análise estrutural foi realizada com o emprego da sua metodologia clássica e também contou 
com o emprego de dados gravimétricos, magnetométricos e sísmicos de reflexão. 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 
 4 
Tanto a etapa de caracterização estratigráfica quanto a etapa de análise estrutural, envolveram a 
compilação dos dados do Projeto Alto-Paranaíba (Pedrosa-Soares et al. 2011 ), realizado na escala 
1:100.000, via contrato CODEMIG-UFMG 2009. 
A pesquisa foi conduzida de acordo com as seguintes etapas: 
1) Levantamento bibliográfico e compilação dos principais dados existentes ao longo da porção oeste 
da Bacia do São Francisco, bem como estudos realizados na região do baixo Rio Indaiá e Três 
Marias. 
2) Estudo e interpretação de imagens de satélite e dados aerogeofísicos. Para tal, foram utilizados 
dados dos sensores remotos Landsat 7 (Miranda 2005) e Aster (GDEM)
1
 e os levantamentos 
aerogamaespectrométricos e aeromagnetométricos disponibilizados pela Companhia de 
Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMIG) (Lasa 2007). 
3) Obtenção dos dados gravimétricos, tratamento, produção de mapas de anomalia Bouguer e 
interpretação. 
4) Numa primeira campanha de campo, foram descritas estações na área abrangida pela Folha Serra 
Selada (1:100.000) (Fig. 1.1). Esta etapa foi realizada em conjunto com o Projeto Alto Paranaíba 
(Pedrosa-Soares et al. 2011). Posteriormente, foram levantados perfis estruturais-estratigráficos 
ao longo das regiões contempladas pelas seções sísmicas concedidas ao projeto (Fig. 1.1). Ainda 
foi foco desta etapa, a descrição de estruturas rúpteis e respectivas ornamentações. Na terceira e 
última campanha, foram coletados dados de estruturas rúpteis (rúpteis-ducteis) ao longo do baixo 
Rio Indaiá e Represa de Três Marias, bem como catalogadas e descritas as principais zonas de 
exsudação de gás natural. 
5) Análises macro e microscópicas das rochas neoproterozóicas e cretácicas dos grupos Bambuí (em 
especial dos carbonatos do Membro Felixlândia, Formação Serra da Saudade) e Areado 
aflorantes na Folha Serra Selada (1:100.000). 
6) Interpretação das seções sísmicas e dados de poço concedidos ao projeto pela Agência Nacional 
do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). Trata-se de 5 seções sísmicas (0240-0293, 
0240-0294, 0240-0295, 0240-0296 e 0240-0298), em tempo duplo e estaqueadas, que cobrem 
cerca de 230 km e perfil composto de poço (9PSB16-MG) locado na região de Corinto-MG (Fig. 
1.1). Uma vez que os dados de poços disponíveis não continham perfis sônicos, não foi possível 
amarrar as linhas sísmicas ao poço. 
 
1 Disponível para download em https://wist.echo.nasa.gov/wist-bin/api/ims.cgi?mode=MAINSRCH&JS=1 
Contribuições às Ciências da Terra 
 5 
7) Confecção de mapa estrutural com base nas informações obtidas nas etapas anteriores e 
compilação dos dados recuperados do Projeto Alto Paranaíba (Pedrosa-Soares et al. 2011); 
8) Redação da dissertação. 
 
1.4.1 - Confecção de mapas radiométricos e magnetométricos 
 
 Os dados radiométricos e magnetoméricos utilizados foram cedidos pela Companhia de 
Desenvolvimento de Minas Gerais (CODEMIG) e fazem parte do Programa de Levantamentos 
Aerogeofísicos de Minas Gerais – 2005/2006. Foram utilizados os dados referentes a Área 9 deste 
levantamento (João Pinheiro-Presidente Olegário-Tiros), o qual abrange a porção oeste da área deste 
trabalho (Figs. 1.1 e 1.2). 
 
 
 
Figura 1.2 Localização da Área 9, Programa de Levantamentos Aerogeofísicos do Estado de Minas Gerais 
(2005/2006). Fonte: Lasa (2007). 
 
A partir dos dados obtidos no levantamento foram gerados, com auxílio do software Oasis 
montaj® (sistema GEOSOFT), os mapas do Campo Magnético Anômalo, Gradiente Vertical (de primeira 
ordem) do Campo Anômalo, Campo Residual e Amplitude do Sinal Analítico, bem como os mapas 
gamaespectrométricos nos canais K, Th e K e Imagem Ternária. As principais fases de tratamento dos 
dados são ilustradas no fluxograma da Figura 1.3. 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 
 6 
 
Figura 1.3 Fluxograma das etapas de processamento dos dados aeromagnetométricos e aerogamaespectrométricos 
na confecção dos mapas geofísicos. 
 
1.4.2 Confecção dos mapas gravimétricos 
 
Para a confecção dos mapas gravimétricos foram utilizados os dados de anomalia free-air e 
topográficos, obtidos por satélite (TOPEX/POSEIDON). Os dados apresentam resolução espacial de 1 
minuto e encontram-se disponíveis em ftp://topex.ucsd.edu/pub/. A conversão dos valores obtidos para 
dados de anomalia Bouguer foi realizada conforme a correção indicada na Figura 1.4. 
Com auxíllio do software Oasis Motaj® (Geosoft), foram gerados o mapa de anomalia Bouguer 
regional, cobrindo parte do Cráton do São Francisco e faixas dobradas adjacentes, e o mapa de anomalia 
bouguer de detalhe, destacando os principais contrastes gravimétricos no entorno da área de estudo (ver 
Cap. 4). Para a interpolação das informações, utilizou-se o método da curvatura mínima, segundo a rotina 
do programa. O fluxograma da Figura 1.5 ilustra as principais etapas de processamentos dos dados. 
Contribuições às Ciências da Terra 
 7 

Figura 1.4 Correção Bouguer aplicada sobre os dados de anomalia free-air obtidos. Foram utilizadas densidades 
médias de 2,6g/cm
3
 para a crosta continental e nula para o ar. 
 
 
Figura 1.5 Fluxograma mostrando as principais etapas de processamento dos dados gravimétricos e topográficos 
obtidos por satélite (TOPEX/POSEIDON). A linha tracejada (c) corresponde aos limites do Cráton do São Francisco 
segundo Alkmim et al. (1993) e modificado por Cruz & Alkmim (2006), a partir do qual foram individualizados os 
diferentes domínios gravimétricos. A-A’ e B-B’corresponde à localização dos perfis apresentados na Figura 4.2. 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 
 8 
 
 
 
 
CAPÍTULO 2 
CONTEXTUALIZAÇÃO GEOLÓGICA DA PORÇÃO SUDOESTE DA 
BACIA DO SÃO FRANCISCO 
 
2.1 - A BACIA DO SÃO FRANCISCO 
A bacia sedimentar do São Francisco, que cobre quase integralmente porção oeste e 
meridianamente alongada do cráton homônimo (Fig. 2.1), encerra sucessivos ciclos bacinais posteriores a 
1,8Ga (Alkmim & Martins-Neto 2001). Inclui as unidades pré-cambrianas dos supergrupos Espinhaço e 
São Francisco (e correlatos), bem como os depósitos fanerozóicos dos grupos Santa Fé, Areado, Mata da 
Corda e Urucuia. 
 
Figura 2.1 A Bacia do São Francisco como parte do cráton homônimo. Em (a) o mapa geológico simplificado com 
as principais unidades de preenchimento. Em (b) o modelo digital do terreno, mostrando as principais feições de 
relevo e os limites da bacia. SC Serra do Cabral; SCT Serra Central; SP Serra de Palmas de Monte Alto; SG Serra 
Geral de Goiás. 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 10 
A Bacia do São Francisco se estende por uma área aproximada de 500.000km
2
 e ocupa parte dos 
estados de Minas Gerais, Goiás e Bahia. Segundo Alkmim & Martins-Neto (2001), a mesma é delimitada 
pelas seguintes feições (Fig. 2.1): 
 A sul, pelo contato de natureza discordante entre o embasamento e as unidades do 
Supergrupo São Francisco. 
 A leste, pelo setor externo do Orógeno Araçuaí (Pedrosa-Soares et al. 2001, Alkmim et al. 
2007). 
 A oeste e a norte, pelas faixas Brasília e Rio Preto, respectivamente (Almeida 1977). 
 A nordeste, pelo corredor intracratônico de deformação do Paramirim (Cruz & Alkmim 
2006). 
 
2.1.1 Estratigrafia 
 A principal unidade aflorante nos domínios da Bacia do São Francisco é o supergrupo homônimo, 
que assenta discordantemente sobre as rochas metassedimentares do Supergrupo Espinhaço aflorantes ao 
longo das serras do Cabral, Água Fria e Bicudo, na porção oeste da bacia em Minas Gerais. Localmente, o 
Supergrupo São Francisco é coberto, em discordância, pelas unidades fanerozóicas dos grupos Santa Fé, 
Areado, Mata da Corda e Urucuia (Figs. 2.2 e 2.6). 
 
2.1.1.1 O embasamento 
 Considerando as definições propostas por Alkmim & Martins-Neto (2001), fazem parte do 
embasamento da Bacia do São Francisco todas as unidades paleoproterozóicas e arqueanas mais antigas 
que 1,8Ga. As principais exposições do embasamento ocorrem no setor sul da bacia, ao longo do Alto de 
Sete Lagoas, a norte do Quadrilátero Ferrífero, e junto ao seu limite nordeste. Elas incluem complexos de 
gnaisses e migmatitos TTG (tonalito-trondhjemito-granodiorito), corpos graníticos e seqüências do 
greenstone belt, além de pacotes metassedimentares paleoproterozóicos (e.g.: Pinho 2008, Teixeira et al. 
2000 in Martins-Neto & Alkmim 2001, Noce et al. 2007). 
Contribuições às Ciências da Terra 
 11 
 
 
Figura 2.2 Coluna estratigráfica simplificada da bacia intracratônica do São Francisco, mostrando as principais 
unidades de preenchimento (Alkmim & Martins-Neto 2001). 
 
2.1.1.2 O Supergrupo Espinhaço 
 O Supergrupo Espinhaço engloba uma seqüência composta, predominantemente, por 
metassedimentos, aflorantes ao longo da serra homônima e cujas principais exposições, nos domínios da 
Bacia do São Francisco, ocorrem nas regiões da Serra do Cabral, Serra da Água Fria e Serra do Bicudo 
(Souza Fº 1995, Hercos 2008). São descritas ainda, exposições ao longo das serras Central (MG) e 
Palmas de Monte Alto (BA) (Alkmim & Martins-Neto 2001, Alkmim 2011 ). 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 12 
 O Supergrupo Espinhaço é representado por uma alternância de quartzitos, filitos e metarruditos, 
localmente intercalados por rochas metavulcânicas (Scholl & Fogaça 1979, Knauer 1990, Almeida-Abreu 
1995) e cuja deposição se iniciou em torno de 1,71Ga, durante o Paleoproterozóico (Machado et al. 1989, 
Dussin & Dussin 1995, Renger & Knauer 1995). Embora interpretado por diversos autores como uma 
única seqüência rifte-sinéclise (Dussin & Dussin 1995, Martins-Neto 1999), correlações com outras 
unidades ao longo do Orógeno Araçuaí (Almeida-Abreu 1995, Knauer 2007) e estudo s geocronológicos 
mais recentes (Chemale et al. 2010) indicam uma evolução mais complexa para o supergrupo. 
 Na região da Serra do Cabral (MG), porção leste da Bacia do Francisco, as unidades média e 
superior do Supergrupo Espinhaço são expostas ao longo de uma grande culminação antiformal. Estas são 
compostas, predominantemente, quartzitos intercalados com filitos, localmente exibindo lentes de 
metabrechas e seções carbonáticas. Correspondem aos registros de ambiente eólico da Formação Galho do 
Miguel, sotopostos aos sedimentos marinhos plataformais do Grupo Conselheiro Mata e que, juntos, 
alcançam espessuras superiores aos 2000m (Scholl & Fogaça 1979, Almeida-Abreu 1995, Souza Fº 1995). 
Por outro lado, na região das serras Central (MG) e Palmas de Monte Alto (BA), afloram seções 
correlacionáveis às porções inferior e superior do supergrupo (Bertholdo 1995 in Alkmim 2011, Knauer et 
al. 2005). 
 
2.1.1.3 O Supergrupo São Francisco 
 Inicialmente nomeada “Série São Francisco” por Derby (1880 apud Magalhães 1989) e redefinida 
com o status de grupo por Plfug & Renger (1973), esta unidade litoestratigráfica foi alvo de importantes 
trabalhos regionais ao longo das últimas décadas (e.g.: Freyberg 1932, Costa & Branco 1961, Braun 1968, 
Dardenne 1978, Dardenne 1981). O Supergrupo São Francisco é dividido em duas grandes unidades 
litoestratigráficas, os grupos Macaúbas e Bambuí, que representam uma sucessão de sedimentos 
neoproterozóicos depositados, predominantemente, em ambiente marinho plataformal, com contribuição 
glaciogênica. 
 Nos domínios da Bacia do São Francisco, o Grupo Macaúbas é representado pelas unidades 
correlatas da Formação Jequitaí (e.g.: Karfunkel & Hoppe 1988, Hercos 2008), enquanto o Grupo Bambuí 
corresponde aos depósitos pelito-carbonáticos do Subgrupo Paraopeba (sensu Braun 1968), sobrepostos 
pelos psamitos e pelitos da Formação Três Marias (Dardenne 1978, Dardenne 1981). Conforme Costa & 
Contribuições às Ciências da Terra 
 13 
Branco (1961) e Castro & Dardenne (2000), são também incluídos no Grupo Bambuí os conglomerados 
Carrancas e a Formação Samburá (Fig. 2.3). 
 
 
Figura 2.3 Litoestratigrafia simplificada do Supergrupo São Francisco. Modificado de Costa & Branco (1961), Plufg 
& Renger (1963), Braun (1968), Dardenne (1978), Karfunkel & Hoppe (1988), Uhlein (1991), Castro & Dardenne 
(2000), Martins-Neto & Alkmim (2001), Castro (2004). 
 
A Formação Jequitaí 
 As principais exposições da Formação Jequitaí ocorrem na região homônima e ao longo das serras 
do Cabral, Água Fria e Bicudo (proximidades de Corinto – MG), na porção leste da bacia. A formação é 
composta, essencialmente, por diamictitos, pelitos e psamitos, assentados discordantemente sobre as 
unidades superiroes do Supergrupo Espinhaço (Dardenne & Walde 1979, Hercos 2008). 
 Tais depósitos são interpretados como sedimentos de origem glacial (Karfunkel & Hoppe 1988, 
Uhlein et al. 2004, Hercos 2008), com idades máximas de deposição em torno de 880Ma, em 
concordância com as idades de zircões detríticos obtidas por Rodrigues (2008). 
 O Grupo Vazante, constituído por uma sucessão predominatemente pelito-carbonática e aflorante 
no extremo oeste da bacia, junto à Faixa Brasília, é uma unidade cujo posicionamento estratigráfico tem 
sido matéria de muitas discussões. Recentemente, Rodrigues (2008) em estudo geocronológico de várias 
unidades da bacia, demonstrou que as unidades Vazante e Jequitái possuem populações de zircões 
detríticos similares. Com base em tais similaridadese dados isotópicos obtidos por Coelho (2007), 
Alkmim (2011) sugere a correlação entre a Formação Jequitaí e o Grupo Vazante. 
 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 14 
O Grupo Bambuí 
O Grupo Bambuí aflora ao longo de toda a Bacia do São Francisco e constitui uma sucessão 
pelito-carbonatada plataformal, que passa em direção ao topo para depósitos tempestíticos e sucessões 
areno-argilosas e arcoseanas, também marinhas (Dardenne 1978, Chiavegatto 1992). Podem ser 
distinguidos, pelo menos, três megaciclos em shallowing-upward no Grupo Bambuí (Dardenne, 1981; 
Martins-Neto & Alkmim, 2001), os quais envolvem as alternâncias dos pacotes lutíticos e carbonáticos do 
Subgrupo Paraopeba (sensu Braun, 1968) e os psamitos de topo da Formação Três Marias (Fig. 2.3). 
Conforme dados de poços compilados por Fugita & Clark Fº (2001), o grupo apresenta espessuras 
variáveis de poucas centenas de metros na região de Montalvânia (MG) a cerca de 1800m nas 
proximidades de Remanso do Fogo (MG). Por outro lado, dados de campo e seções sísmicas indicam 
espessuras superiores a 2000m ao longo da borda ocidental da Bacia do São Francisco (Dardenne 1981, 
Zalán & Romeiro-Silva 2007). 
 
 
Figura 2.4 Coluna estratigráfica do Grupo Bambuí, mostrando as relações entre suas principais unidades, bem como 
os sucessivos ciclos em shallowing upward. Modificado de Martins-Neto & Alkmim (2001). 
 
Contribuições às Ciências da Terra 
 15 
Embora exista certo consenso a respeito do ambiente tectônico dos depósitos psamo-pelíticos da 
Formação Três Marias (e.g.: Uhlein 1991; Chiavegatto 1992), o mesmo não pode ser dito sobre as 
sequências basais do Grupo Bambuí. Consideradas por alguns autores como correspondentes aos de uma 
bacia intracratônica não influenciada por sobrecargas tectônicas marginais (e.g.: Uhlein 1991, Zalán & 
Romeiro-Silva 2007), a seção basal deste grupo ainda é alvo de grande discussão. 
Inicialmente aventada por Chang et al. (1988) e Barbosa et al. (1970), a hipótese de todo Grupo 
Bambuí corresponder ao registro de uma bacia de antepaís foi novamente levantada por Martins-Neto & 
Alkmim (2001). Segundo estes autores, uma série de evidências corrobora tal interpretação, incluindo a 
geometria observada em seções sísmicas regionais, a distribuição de fácies sedimentares e sua relação com 
o front deformacional da Faixa Brasília, entre outras. Dados geocronológicos recentemente publicados 
indicam uma idade máxima de deposição para o Subgrupo Paraopeba de 610 Ma, obtida através de zircões 
detríticos da Formação Sete Lagoas (Figs. 2.3 e 2.4, Rodrigues 2008). Aliada à marcante presença de 
zircões ediacaranos ao longo de toda a sequência Bambuí, tal dado indica uma importante área-fonte 
situada nos domínios da Faixa Brasília, a oeste. A proveniência de sedimentos do Orógeno Araçuaí não 
pode ser também descartada, uma vez que, já a esta época, começavam a se desenvolver os primeiros 
registros acrescionários do cinturão (Pedrosa-Soares et al. 2007). Por outro lado, isócronas Pb/Pb de 
740Ma ±22Ma obtidas em cap carbonates da porção basal do Grupo Bambuí (Babinski et al. 2007), 
indicam uma evolução pretérita e, portanto, mais complexa para o grupo. 
 O Grupo Bambuí é subdividido em cinco formações: Carrancas, Sete Lagoas, Samburá, Serra de 
Santa Helena, Lagoa do Jacaré, Serra da Saudade e Três Marias. 
 Embora a posição estratigráfica da Formação Carrancas ainda seja tema de discussões (e.g.: 
Dardenne 1978), esta unidade foi inserida na base do Grupo Bambuí por Costa & Branco (1961). Suas 
principais exposições se restringem à região de Sete Lagoas (MG), onde ocorrem sob os carbonatos da 
Formação Sete Lagoas. 
A formação é composta por conglomerados fluviais polimíticos de matriz carbonática, com 
gradação normal e intercalados a lentes de arenitos com seixos (Vieira et al. 2007). Populações de zircões 
detríticos obtidos nas proximidades de Vespasiano (MG) sugerem importante contribuição de fontes 
arqueanas para estes sedimentos, provavelmente relacionadas às rochas do Complexo Belo Horizonte 
(Rodrigues 2008). 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 16 
 As principais exposições da Formação Sete Lagoas ocorrem na região homônima (MG), com 
unidades correlativas ao longo da porção centro-norte da Bacia do São Francisco e nos arredores da Serra 
de São Domingos (GO) (Dardenne 1979). Embora discutível, alguns autores correlacionam a esta 
formação parte das rochas carbonáticas expostas nas regiões de Arcos e Pains, na porção sudoeste da bacia 
(Madalosso & Veronese 1978, Heineck et al. 2003). Na sua área tipo, é composta por uma sucessão de 
margas, pelitos, dolomitos e calcários, que, localmente, contêm estromatólitos colunares e porções 
oolíticas (Dardenne 1981). Vieira et al. (2007) descrevem na porção basal da unidade calcilutitos com 
leques de psdeudomorfos de aragonita. 
 A Formação Sete Lagoas é interpretada com uma seqüência de rampa carbonática dominada por 
tempestades e arranjada segundo dois ciclos transgressivos (Vieira et al. 2007). Conforme Babinski et al. 
(2007) a seção basal, com leques aragoníticos, representa uma sucessão de carbonatos pós-glaciais, cujos 
valores isotópicos de δ
13
C passam de negativos a positivos, nas unidades sobrejacentes. 
 Conforme análises de zircões detríticos realizadas em rochas das regiões de Sete Lagoas e Serra 
de São Domingos, Rodrigues (2008) indica fontes com um amplo espectro de idades, variando de 
arquenas a neoproterozóicas. Os zircões mais jovens encontrados na unidade possuem idade em torno de 
610Ma. Babinski et al. (2007) indica para os cap carbonates basais idade deposicional de 740±22Ma, 
obtida através de isócronas Pb/Pb. 
 Aflorante apenas no setor sudoeste da Bacia do São Francisco, a Formação Samburá foi 
correlacionada à Formação Jequitaí por Dardenne (1978, 1981), esta última entendida pelo autor como 
base do Grupo Bambuí. Posteriormente, Magalhães (1988), em uma interpretação similar, posiciona a 
unidade na porção basal do Grupo Bambuí, diretamente abaixo dos carbonatos e depósitos pelíticos 
aflorantes nas regiões de Arcos e Pains (MG). É composta por orto e paraconglomerados, com seixos de 
quartzo, xisto, gnaisses, milonitos, quartzitos e filitos. Em direção ao topo, estes depósitos intercalam-se 
com siltitos e argilitos feldspáticos (Magalhães 1989). Em estudos abrangendo as regiões da Serra da 
Pimenta e alto Rio São Francisco, Castro & Dardenne (2000) interpretam estas unidades como depósitos 
de fan delta, tendo como fonte principal os domínios da Faixa Brasília. Estes mesmos autores atribuem à 
Formação Samburá uma espessura aproximada de 200m e a posicionam sobre os carbonatos basais do 
Grupo Bambuí. Dardenne et al. (2003) reportam para Formação Samburá zircões detríticos com idades 
entre 1,8 e 0,65Ga. 
Contribuições às Ciências da Terra 
 17 
 A Formação Serra de Santa Helena tem suas principais exposições na porção sudeste da Bacia do 
São Francisco, onde jaz concordantemente sobre os carbonatos da Formação Sete Lagoas. Individualizada 
como membro por Branco & Costa (1961), a formação engloba folhelhos e siltitos cinza a cinza 
esverdeados laminados, frequentemente intercalados por arenitos finos e calcários acinzentados (Dardenne 
1978, Dardenne 1981). Correspondem a sedimentos marinhos depositados em plataforma siliciclástica 
distal (Vieira et al. 2007). Idades obtidas em zircões detríticos por Rodrigues (2008) mostram 
espectro similar ao da Formação Sete Lagoas, com picos em torno de 650 e 750Ma. 
 As exposições mais expressivas da Formação Lagoa do Jacaré ocorrem nas regiões da Serra do 
Cabral/Serra Mineira (MG) e na região de Januária (MG), onde se assenta concordantemente sobre as 
unidades da Formação Serra de Santa Helena. Segundo Dardene (1978; 1981),a Formação Lagoa do 
Jacaré é composta por uma alternância de calcários oolíticos e pisolíticos, cinza-escuros, fétidos e ricos em 
matéria orgânica, siltitos e margas acinzentados. 
Em trabalhos realizados ao longo do vale do Rio São Francisco (região de Januária), Iglesias & 
Uhlein (2009) descrevem como principais estruturas sedimentares para esta formação, 
estratificações/laminações plano-paralelas, marcas onduladas, gretas de ressecamento e, localmente, 
estruturas similares a estratificações cruzadas hummocky. Nesta região, os litotipos carbonato-pelíticos da 
Formação Lagoa do Jacaré assentam-se em contato gradacional sobre as unidades sotopostas e mostram 
espessuras de até 140m. Conforme os autores, tais sedimentos correspondem a depósitos plataformais de 
alta energia, sujeita a constante retrabalhamento e episódios de tempestade. Tal interpretação está em 
concordância com as conclusões de Souza Fº (1995) e Hercos (2008) ao estudarem as unidades correlatas 
aflorantes na região da Serra do Cabral (MG). 
 Originalmente, a Formação Serra da Saudade foi posicionada por Branco & Costa (1961) sobre os 
sedimentos da Formação Três Marias (quando individualizada como membro). Entretanto, estudos 
posteriores mostraram que esta unidade assenta-se concordantemente sobre os depósitos da Formação 
Lagoa do Jacaré (e.g.: Braun 1968, Dardenne 1978;1981, Chiavegatto 1992). 
A Formação Serra da Saudade aflora ao longo de toda a Bacia do São Francisco e, segundo 
Dardenne (1981), corresponde a siltitos, argilitos e folhelhos cinzentos e verdes, intercalados por calcários 
negros, ricos em matéria orgânica, bem como bancos oolíticos e pisolíticos com estratificações cruzadas 
acanaladas. 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 18 
Nos arredores de Cedro do Abaeté (MG), esta formação hospeda importantes ocorrências de 
fosforitos, as quais se associam a ritmitos pelito-arenosos verdes e ricos em glauconita (verdetes). Tais 
depósitos foram detalhadamente estudados por Lima et al. (2007). Conforme estes autores, nesta região, a 
Formação Serra da Saudade corresponde a uma seqüência plataformal, que exibe padrão geral em 
coarsening upward e culminando em depósitos relativamente rasos e influenciados por ondas de 
tempestade. Lima et al. (2007) concluem que os minerais fosfáticos precipitaram-se em ambientes mais 
profundos e redutores, sendo posteriormente reconcentrados na forma de fosforitos através do 
retrabalhamento por ondas de tempestade. 
Análises U/Pb em cerca de 50 zircões detríticos dessa formação revelam fontes com idades 
arquenas a neoproterozóicas, cujos principais picos se situam em torno de 650 e 800Ma (Rodrigues 2008). 
 Originalmente definidos como “Arenitos Pirapora” por Eschwege (1832 apud Chiavegatto 1992), 
as rochas da Formação Três Marias foram nomeadas Membro Três Marias por Costa & Branco (1961), 
que posicionaram-nas estratigraficamente abaixo das unidades do então Membro Serra da Saudade. 
Posteriormente, Braun (1968) e Dardenne (1978; 1981) atribuem o status de formação à sequencia 
aflorante ao longo da região de Três Marias e interpretam-na como topo do Grupo Bambuí. 
 A Formação Três Marias é composta, predominantemente, por arcóseos e siltitos verdes a cinza-
esverdeados, localmente, avermelhados, assentados sobre os sedimentos da Formação Serra da Saudade 
através de um contato gradacional (Dardenne 1981). Conforme Gomes (1988) estes depósitos apresentam 
em sua composição quartzo, feldspato, mica e clorita detríticas, bem como fragmentos líticos e minerais 
opacos. Segundo este autor, a formação experimentou uma história diagenética em quatro estágios, um 
dos quais foi responsável pela precipitação da hematita que confere a cor avermelhada para alguns 
litotipos. 
 Segundo Chiavegatto (1992), as rochas expostas na região de Três Marias (MG) correspondem a 
sedimentos plataformais rasos, depositados sob intensa influência de ondas de tempestade. Este autor 
reconhece ainda, um padrão geral regressivo e demonstra, através de análises sedimentológicas apuradas, 
que a principal área-fonte destes sedimentos encontra-se a noroeste da região de Três Marias (Fig. 2.5). 
Embora o autor tenha sugerido uma espessura máxima em torno de 220m para a formação nos arredores 
de Três Marias, Alvarenga & Dardenne (1978 apud Chiavegatto 1992) atribuem espessuras em torno de 
1050m para unidade nos arredores da Serra de São Domingos (MG), borda oeste da Bacia do São 
Francisco. 
Contribuições às Ciências da Terra 
 19 
Chiavegatto et al. (1997) descrevem, na região nordeste da Bacia do São Francisco (MG), um 
contato de natureza erosiva entre as formações Três Marias e Serra da Saudade. Este contato é definido 
por conglomerado oligomítico, marcado por abundantes quantidades de clastos de carbonatos e arcóseos. 
 Populações de zircões detríticos obtidas nas regiões de Três Marias e Santa Fé de Minas e datadas 
por Rodrigues (2008), mostram espectro de áreas-fonte similar às demais unidades do Grupo Bambuí. 
Entretanto, predominam as fontes neoproterozóicas, cujos picos se situam em 770 e 630 Ma. 
 
 
Figura 2.5 Sistema de paleocorrentes proposto para a Formação Três Marias por Chiavegatto (1992) na região 
homônima. 
 
2.1.1.4 Unidades fanerozóicas: os grupos Santa Fé, Areado, Mata da Corda e Urucuia 
 O Grupo Santa Fé é constituído por uma sucessão de sedimentos glaciogênicos continentais de 
idade permo-carbonífera, depositados em discordância erosiva sobre as unidades do Grupo Bambuí 
Reis, H. L. S. 2011. Estratigrafia e Tectônica da Bacia do São Francisco na região de emanações de gás... 
 20 
(Campos & Dardenne 1997a, Sgarbi et al. 2001). O grupo ocorre em afloramentos restritos ao longo do 
eixo central da Bacia do São Francisco. 
É composto por tilitos, folhelhos com seixos pingados e arenitos, alcançando espessuras máximas 
de 180m na região de Santa Fé de Minas (MG) (Campos & Dardenne 1997a). Comumente, estes depósitos 
ocorrem associados a pavimentos estriados sobre os arcóseos da Formação Três Marias (Sgarbi et al. 
2001). 
 O Grupo Areado aflora ao longo de todo o eixo central da Bacia do São Francisco, apresentando 
suas exposições mais contínuas ao longo da denominada Sub-bacia Abaeté (Campos & Dardenne 1997a). 
Engloba os sedimentos das formações Abaeté Quiricó e Três Barras, com espessura máxima da ordem de 
300m (Kattah 1991) e assentados discordantemente sobre as unidades neoproterozóicas do Grupo Bambuí. 
 O grupo é composto por conglomerados, pelitos e arenitos depositados em sistemas aluviais, 
lacustres e eólicos. Conforme Sgarbi et al. (2001), constituem sequencias de ambiente desértico, cuja 
idade eocretácica é atestada pelo rico acervo paleontológico. 
 O Grupo Mata da Corda aflora apenas na porção sudoeste da Bacia do São Francisco e exibe 
espessura máxima em torno de 200m (Sgarbi et al. 2001). Engloba as formações Patos e Capacete, e é 
composto por rochas vulcânicas a sub-vulcânicas, depósitos vulcanoclásticos e sedimentos epiclásticos 
(Campos & Dardenne 1997a). Estas unidades associam-se aos importantes complexos alcalinos-
carbonatíticos-fosforíticos que ocorrem ao longo de todo o setor sudoeste da Bacia do São Francisco 
(Marchão et al. 2008). 
A idade neocretácica atribuída ao Grupo Mata da Corda é indicada por datações K-Ar em micas 
de corpos kamafugíticos da Formação Patos (Sgarbi 2011). 
 As principais exposições do Grupo Urucuia ocorrem na porção norte da Bacia do São Francisco, 
ao longo do vale do rio homônimo (Campos & Dardenne 1997a). É composto predominantemente por 
arenitos eólicos e aluviais, com espessura máxima de c.a. 200m na região de São Domingos (GO). A 
unidade é interpretada como neocretácica e assenta-se, em grande parte da bacia, discordantemtente sobre 
os sedimentos do Grupo Bambuí (e.g.: Campos & Dardenne 1997a, Sgarbi et al. 2001). 
 
Contribuições