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nascimento, vivência familiar, escola, outros eventos e acontecimentos da vida pessoal mesclados com as dimensões coletivas do bairro, da cidade Já o memorial é um relato que reconstrói a trajetória pessoal, mas possui uma dimen- são reflexiva, pois requer que quem relata se coloque como sujeito que se auto-interroga e deseja compreender-se como o sujeito de sua própria história. Assim, é um esforço de organi- zação e análise do que vivemos. Esta diferença entre vivência e experiência é importante. EaD 99 PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO A experiência, ao contrár io da vivência, é refletida, pensada, e pode-se tornar algo consciente que construirá uma nova identidade, ou seja, uma outra forma de olharmos e pensarmos o mundo. Para ilustrar, seria possível afirmar que é como olhar a vida por um retrovisor, dando a chance de enxergar determinadas dimensões de nossa vida e refletir cri- ticamente sobre o s ignif icado delas em nossa trajetór ia, tendo como vantagem o distanciamento temporal. O memorial será um instrumento por meio do qual o(a) aluno(a) articula a experiên- cia com suas percepções interiores, pois ele tem como objetivo dar ao(a) sujeito uma oportu- nidade para refletir sobre sua vivência enquanto estudante e/ou de atuação em movimentos sociais, organizações populares e outras organizações empresariais ou não. Na elaboração do memorial você provavelmente se sinta desafiado a relembrar, escre- ver e produzir um conjunto de observações e comentário, cuja construção espelha e acom- panha o seu processo de aprender. Para elaborar o seu memorial, o(a) aluno(a) deverá levar em conta as condições e situações que envolvem sua trajetória, apresentando as questões que mobilizam sua aten- ção e evidenciando como elas se originam em sua história. Pelo seu caráter problematizador, reflexivo e sistematizador, o memorial se constituirá em instrumento que servirá de fio con- dutor para que o(a) aluno(a), ao longo do curso, reúna elementos para a produção de sua monografia. Entendemos que o memorial tem uma função pedagógica-formativa na medida em que o seu processo de elaboração e reelaboração ao longo do curso – como um exercício contínuo e gradativo – auxiliará o(a) aluno(a) no desenvolvimento e na articulação dos nexos entre a vivência de atuação e os conteúdos teóricos vistos no curso, de modo a gerar uma interpretação crítica da sua experiência e da própria realidade que o cerca. Neste sentido, o memorial funcionará como uma “ferramenta de suporte” que auxi- liará o(a) aluno(a) em sua formação, dado que ele tem o objetivo de gerar uma reflexão sistemática, à luz dos conteúdos teóricos, acerca de sua vivência local e os saberes aí consti tuídos. EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia 100 Pretende-se que a experiência de escrita e retomada do memorial ajude o(a) aluno(a) a refletir sobre seu saber prático e o capacite a se tornar um formulador de novos caminhos e alternativas, reinventando novos modos de transformação social no local em que atua. O memorial, portanto, servirá como uma ferramenta que auxiliará o(a) aluno(a) na articula- ção do processo de ação-investigação-conhecimento-ação no decorre de sua vida acadêmi- ca e prosseguindo na prof issional. O texto deve iniciar-se com uma apresentação, seguida do desenvolvimento de seu relato/reflexão, o qual, por sua vez, deverá estar organizado em temas/títulos/subtítulos, que correspondam aos conteúdos escolhidos pelo autor do relato. No final do trabalho deve- rão constar as reflexões. A introdução deve explicitar a estrutura do memorial e o processo vivenciado pelo autor durante a sua produção. Apesar de vir logo no início do texto, geralmente a é a última parte do memorial a ser escrita, por ter como objetivo explicitar a organização de todo o trabalho. Apresentamos um roteiro de questões que podem auxiliá-lo(a) na elaboração do memorial. Você pode se basear neste roteiro ou acrescentar e alterar questões. a) De onde você vem? b) Quem é você? Reflexão crítica sobre como você vê sua atuação comunitária, social, aca- dêmica e na organização/entidade em sua territorialidade. c) Qual é a estrutura física/material para a realização de sua formação? • Indique se o espaço físico disponível lhe garante as condições para o desenvolvimento do seu trabalho, detalhando possibilidades e limites da estrutura existente para a sua realização. • Analise suas condições pessoais para a realização do trabalho: tempo, conciliação en- tre vida pessoal/trabalho social/formação profissional, remuneração. d) Por que você está envolvido/buscando na formação superior? EaD 101 PESQUISA EM A DMINI ST RAÇ ÃO O memorial não é um questionário de perguntas e respostas, ou seja, você selecionará aquilo que considerar relevante para refletir criticamente sobre sua formação e/ou atuação. Segundo, podem existir diversos outros aspectos que não foram mencionados anteriormen- te e que necessariamente devem ser levados em conta. Então, lembre-se que as sugestões não são uma “camisa-de-força”, mas apenas exemplos de questões para o levantamento de elementos para seu memorial. A incorporação das contribuições dos diversos conteúdos teóricos desenvolvidos no curso permitirá ao(à) aluno(a) encontrar elementos para situar problemas, contradições e potencialidades em sua prática social e empresarial, desenvolvendo, assim, uma análise crítica e globalizante de sua própria experiência. Da mesma forma, esperamos que o processo de formação se constitua em estímulo para que o(a) aluno(a) compartilhe/socialize suas reflexões/problematizações desenvolvidas no transcorrer do curso com a comunidade/grupo social, organização ou empreendimento com o(a) qual está comprometido(a). Esta ser ia uma forma de fazer com que sua comunida- de participe ativamente de seu processo de produção de conhecimento. A estrutura do memorial é semelhante aos demais trabalhos acadêmicos contemplan- do os elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais com respectivas componentes. Severino (2000, p.176), assim se refere à estrutura do memorial: Enquanto texto narrativo e interpretativo recomenda-se que o memorial inclua em sua estrutura redacional subdivisões com tópicos/títulos que destaquem os momentos mais signif icativos. No mínimo, aqueles mais gerais, como os momentos de formação, da atuação profis sional, da pro- dução científica, etc. Melhor ficaria, no entanto, se esta divisão já traduzisse uma significação temática que realçasse a especificidade daquele momento. • Uma primeira parte, introdutória, em que você se apresenta (de onde vem, qual sua área de atuação, sua entidade/organização, sua intenção no curso). Lembre-se: a intenção é que você reflita sobre o passado para explicar ou problematizar seu presente. EaD Eni se Bart h Teixeira – Luci ano Z amb er la n – Pedro C ar los Rasia 102 • Numa segunda parte, descreva as ações sociais e organizacionais/empresariais em que está envolvido: programas, atividades, objetivos, lutas, conquistas. • A terceira parte apresenta e analisa o percurso acadêmico com as oportunidades, limites, possibi- lidades e auto-avaliação. Destacamos que o eixo central do memorial deve referir-se ao processo da sua reflexão sobre o que você aprendeu e as experiências que vivenciou durante o curso, que contribuíram de forma significativa para operar mudanças em você e em sua prática. • Quarta parte, problematize essa sua trajetória, destacando obstáculos, dúvidas, temas a serem aprofundados, dilemas pessoais e coletivos. O memorial também tem a função de promover e praticar a auto-avaliação. Nesse caso, você pode registrar nele: • como está o seu desempenho; • que fatos indicam mudanças na sua trajetória acadêmica; • como você está aproveitando as atividades de aprendizagem e de avaliação; • quais as suas maiores dificuldades no curso; • o que você está fazendo para superar suas dificuldades; • que transformações ocorreram nas