Buscar

ciência inovação empredorismo

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 224 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 224 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 224 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

Ciência, Inovação e 
Empreendedorismo
Ciência, Inovação e 
Empreendedorismo
Organizado por Universidade Luterana do Brasil
Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
Canoas, RS
2018
Patrícia Noll de Mattos
Rodrigo Von Mengden Tomasi
Valesca Persch Reichelt
Conselho Editorial EAD
Ana Patricia Barbosa
Andréa de Azevedo Eick
Astomiro Romais
Claudiane Furtado
Italo Ogliari
Juliane Maria Puhl Gomes
Lourdes da Silva Gil
Luiz Carlos Specht Filho
Maria Cleidia Klein Oliveira
Rafael da Silva Valada
Obra organizada pela Universidade Luterana do Brasil. 
Informamos que é de inteira responsabilidade dos autores 
a emissão de conceitos.
Nenhuma parte desta publicação poderá ser reproduzida 
por qualquer meio ou forma sem prévia autorização da 
ULBRA.
A violação dos direitos autorais é crime estabelecido na Lei 
nº 9.610/98 e punido pelo Artigo 184 do Código Penal.
Dados técnicos do livro
Diagramação: Jonatan Souza
Revisão: Ane Sefrin Arduim
Este livro apresenta uma abordagem acadêmica ressaltando a impor-tância da pesquisa científica para o processo de inovação e empre-
endedorismo tendo como contributo o fomento de atitudes que possam 
estimular o desenvolvimento da sociedade em diversas áreas de atuação 
como educação, exatas, humanas, saúde entre outras, com base no co-
nhecimento científico.
O livro esta dividido em 10 capítulos que estão subdivididos em três 
grandes partes, de forma que o aprendizado possa ir se complementando 
ao iniciar pela abordagem da ciência como base para o processo de ino-
vação, e finalizando com o fomento à atitude empreendedora, baseada no 
conhecimento científico. Com relação à ciência, serão enfatizados aspec-
tos relacionados aos tipos, às técnicas aos métodos, formas de aplicação, 
análise e uso de tecnologias de apoio à pesquisa.
No que tange à parte da inovação, serão abordados conceitos contem-
porâneos, o processo de criatividade, tipos de ferramentas e aspectos que 
possibilitem a geração de ideias inovadoras e importância da relação da 
tríplice Hélice (Universidade, Indústria e Governo) que possibilita uma rede 
de desenvolvimento tecnológico interagindo aspectos da pesquisa, da ciên-
cia e dos investimentos em inovação e expansão dos negócios com vistas ao 
desenvolvimento da sociedade. Para Terwiesche e Ulrich (2009), a inovação 
pode ser conceituada como um novo encontro entre a necessidade e uma 
solução, e nesse sentido é importante perceber que o conceito de inovação 
passa por um processo contínuo de aperfeiçoamento e precisa ser acom-
panhado com embasamento de pesquisa para que os empreendedores 
possam entender de forma clara e fundamentada o novo e amplo cenário 
de atuação ao qual serão inseridos e que constantemente será modificado 
para atender as necessidades de uma sociedade diversificada e global.
Apresentação
Apresentação v
Por fim, o livro busca mostrar a relação entre os conceitos de ciência, 
inovação e empreendedorismo criando subsídios para que o profissional 
de diversas áreas possa entender cada abordagem e de que forma pode 
interagir com a sociedade na busca da melhoria da qualidade de vida e do 
desenvolvimento do país com atitudes inovadoras empreendedoras alicer-
çadas pelos aspectos do conhecimento científico.
Marie Cristine Fortes Rocha1
1 Doutorado concluído em Gestão com ênfase em captação de recursos para o 
Terceiro Setor (2018- UTAD/PT). Atualmente coordenadora do curso de Administra-
ção EAD e professora de graduação e pós-graduação nas modalidades presencial 
e EAD da Universidade Luterana do Brasil.
 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo ................................1
 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica ..............................22
 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa ................................38
 4 Projeto de Pesquisa Científica ..............................................65
 5 Processos Criativos .............................................................85
 6 Inovação ..........................................................................115
 7 Tipos e Aspectos Legais de Inovação .................................130
 8 Atitude Empreendedora ....................................................149
 9 Modelos de Negócios .......................................................167
 10 Ciência, Inovação e Empreendedorismo para o 
Desenvolvimento da Sociedade .........................................193
Sumário
Ciência, Inovação e 
Empreendedorismo
1 Mestre em Administração com ênfase em Tecnologia e Produção pelo PPGA/
UFRGS. Professor dos cursos de graduação e pós-graduação nas modalidades pre-
sencial e a distância da Universidade Luterana do Brasil (ULBRA) desde 2004.
Rodrigo von Mengden Tomasi1
Capítulo 1
2 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
Introdução
A Universidade Luterana do Brasil, em seu processo de rees-
truturação pedagógica, realizou uma ampla discussão sobre 
o seu papel na sociedade e a adequação de suas práticas as 
necessidades atuais de todos os envolvidos em seu DNA de 
formação acadêmica e profissional.
Foram avaliados diversos aspectos referentes à pesquisa, a 
extensão e ao ensino, sempre considerando o como influen-
ciamos a sociedade e o quanto é importante considerarmos o 
feedback recebido daquilo que fazemos com total dedicação 
em nossas salas de aula e fora delas.
Esse amplo debate com os mais diferentes stakeholders2 
da Instituição resultou no Plano de Desenvolvimento Institucio-
nal (PDI) para os próximos cinco anos. O documento gerado 
apresenta as estratégias escolhidas para que possamos formar 
profissionais capazes de compreender a realidade social, de-
bater as suas variáveis e qualificar ainda mais o desenvolvi-
mento do país.
Conforme afirmou o Pró-reitor Acadêmico Pedro Hernán-
dez durante a Formação Continuada de Fevereiro de 2018, 
quando o PDI foi entregue a comunidade acadêmica: 
A Ulbra irá buscar fora dos seus muros a realidade da 
comunidade e o resultado deste estudo será a base do 
ensino. Estamos construindo uma aprendizagem signifi-
2 Stakeholders são as partes de alguma forma interessadas ou afetadas pelos proje-
tos, processos e ações de uma instituição, podendo ser pessoas físicas ou jurídicas.
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 3
cativa e transformadora, em que os alunos serão auto-
gestores do conhecimento e o professor, um orientador. 
Sendo assim, nesse contexto de evidente transformação, a 
disciplina que agora apresentamos foi concebida relacionan-
do três importantes conceitos de necessária compreensão para 
atingir a nova missão institucional: ser comunidade de apren-
dizagem eficaz e inovadora.
Abordaremos o conceito de ciência, de Inovação e de Em-
preendedorismo, iniciando por este capítulo que tem como ob-
jetivo principal apresentar a importância da compreensão dos 
mesmos, bem como sua relação para a formação acadêmica 
e seu alinhamento com o PDI e toda a filosofia da ULBRA. 
Para tal, discutiremos nesta abordagem introdutória a im-
portância da ciência como base para o processo de Inovação 
e, por consequência, o fomento à adequada atitude Empreen-
dedora embasada no conhecimento científico.
Este primeiro capítulo foi dividido da seguinte forma para 
facilitar a compreensão do que se propõe:
1 A importância da ciência
2 A importância da Inovação
3 A importância do Empreendedorismo
4 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
1 A importância da ciência
Parece algo óbvio afirmarmos a existência de relação direta 
da ciência com o universo acadêmico. Porém, será que é tão 
óbvio assim? Você já se perguntou de em que veio o último 
conceito debatido em sala de aula? Ele tem embasamento 
científico, foi concebido de forma empírica, teve a devida tes-
tagem e aplicação avaliada?
Muitas áreas de estudo são denominadas como ciência por 
seus integrantes, provavelmente com a intenção de trazer cre-
dibilidade às suas práticas, no sentido de tentar comprovar que 
os métodos utilizados em suas áreas são embasados em co-
nhecimento científico e nãoapenas em observações diversas.
Neste material, abordaremos o conceito entendendo que 
ciência não diz respeito apenas às ciências exatas, mas tam-
bém àqueles outros domínios do saber que tratam das rela-
ções humanas, da ética, da cultura, da educação, enfim, todo 
o saber nascido do exame sistemático e cuidadoso dos temas 
referentes ao ser humano e a sociedade.
Mas o que é ciência, afinal?
Afirmamos que a ciência não tem a intenção de estabelecer 
verdades absolutas ou de traçar uma compreensão plena da 
realidade, apesar de necessariamente partir do conhecimento 
científico para suas conceituações e teorias.
Conhecimento científico, por sua vez, pode ser denomi-
nado também como conhecimento provado. Ou seja, conhe-
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 5
cimento derivado de métodos específicos, esses sim variáveis 
para cada área do saber. O método científico demanda re-
gramentos claros para a obtenção dos dados e suas inter-
pretações experimentais, podendo ampliar sua percepção e 
uso de diferentes formas, com coletas de dados, simulações, 
testagens, excluindo de sua prática as opiniões pessoais e os 
possíveis pré- conceitos e preferências.
Conforme Chalmers (1993), “A ciência é objetiva. O co-
nhecimento científico é conhecimento confiável porque é co-
nhecimento provado objetivamente.” Porém, complementa di-
zendo que ao analisar trabalhos de diferentes epistemólogos 
e filósofos da ciência, percebeu que os limites da ciência e o 
significado das suas dimensões sociais e políticas são muito 
mais amplos, ao considerarem a ciência não como uma es-
trutura rígida e fechada, mas como uma atividade aberta que 
está em contínua construção. 
Nessa perspectiva, Rosenthal (1989) apresenta uma série 
de aspectos relativos a ciências que poderiam ser abordados 
nos currículos de diferentes áreas que não apenas as exatas, 
como questões de natureza:
1. Filosófica – que incluiria, entre outros, aspectos éticos do 
trabalho científico, o impacto das descobertas científicas 
sobre a sociedade e a responsabilidade social dos cien-
tistas no exercício de suas atividades;
2. Sociológica – que incluiria a discussão sobre as influên-
cias da ciência e tecnologia sobre a sociedade e dessa 
última sobre o progresso científico e tecnológico; e as 
6 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
limitações e possibilidades de se usar a ciência e a tec-
nologia para resolver problemas sociais;
3. Histórica – que incluiria discutir a influência da atividade 
científica e tecnológica na história da humanidade, bem 
como os efeitos de eventos históricos no crescimento da 
ciência e da tecnologia; 
4. Política – que passa pelas interações entre a ciência e 
a tecnologia e os sistemas público, de governo e legal; 
a tomada de decisão sobre ciência e tecnologia; o uso 
político da ciência e tecnologia; ciência, tecnologia, de-
fesa nacional e políticas globais; 
5. Econômica – com foco nas interações entre condições 
econômicas e a ciência e a tecnologia, contribuições 
dessas atividades para o desenvolvimento econômico e 
industrial, tecnologia e indústria, consumismo, emprego 
em ciência e tecnologia, e 
6. Humanística – aspectos estéticos, criativos e culturais da 
atividade científica, os efeitos do desenvolvimento cien-
tífico sobre a literatura e as artes, e a influência das hu-
manidades na ciência e tecnologia.
A importância da ciência para todas as áreas do conheci-
mento se evidencia facilmente dessa forma, explicitando um 
pouco mais a justificativa da inclusão desta disciplina nos cur-
rículos de todos os cursos.
A ULBRA em seu PDI propõe a articulação de sua Missão 
com a formação de profissionais comprometidos eticamente 
com a sociedade.
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 7
Conforme o PDI, nestas propostas, as concepções basilares 
(o Conhecimento, a Formação Pessoal, o Empreendedorismo 
e a Empregabilidade), alinhadas aos princípios estratégicos e 
Diretrizes Curriculares Nacionais, emanam o fortalecimento 
da identidade confessional e seu compromisso social e comu-
nitário. A instituição busca promover uma ação pedagógica 
que dinamize o desenvolvimento de competências cognitivas, 
técnicas, pessoais e sociais necessárias a uma inserção social 
ética e a uma atuação profissional emancipatória e transfor-
madora. A prática da indissociabilidade, Extensão, Pesquisa e 
Ensino, é elemento integrante e modernizador dos processos 
de ensino-aprendizagem.
Ilustração: Marcelo Germano - LAC Ulbra EAD. Adaptado de: PDI ULBRA 2017-2022.
8 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
Em complemento a essa proposta, o Relatório da Comis-
são Internacional sobre Educação para o Século XXI postulou 
quatro pilares da educação do futuro: saber conhecer, saber 
fazer, saber ser e saber conviver. Realizando uma analogia en-
tre competências, entendida como a sinergia de conhecimen-
tos, habilidades e atitudes (CHA),3 e os pilares da educação do 
futuro tem-se que: o saber conhecer trata dos conhecimentos, 
o saber fazer, das habilidades e o saber ser e o saber conviver 
representam as atitudes. O saber conhecer refere-se ao pro-
cesso de aprendizagem que nunca está finalizado, um apren-
der a aprender contínuo. O saber fazer refere-se à articulação 
e combinação do preparo técnico, às aptidões pessoais e re-
lacionais. O saber conviver depende da descoberta do outro 
como sujeito e da construção coletiva de projetos comuns. Por 
fim, o saber ser implica agir com ética, responsabilidade e 
compromisso social na relação com a sua realidade.
Dessa forma, podemos inferir que nem sempre se pode 
solucionar problemas com o mesmo tipo de pensamento que 
os criou, sendo necessário “pensar fora da caixa”, ampliar o 
espectro de variáveis e dos fatores que podem auxiliar na to-
mada de decisão e aplicá-los inclusive na abordagem de mé-
todos científicos inovadores.
Assim, justifica-se a escolha da Universidade Luterana do 
Brasil em ser inovadora até em sua missão, e a importância da 
compreensão do conceito de inovação para as mais diversas 
formações profissionais oferecidas na ULBRA. 
3 CARBONE, Pedro Paulo; BRANDÃO, Hugo. P; LEITE, João B. D; VILHENA, Rosa 
M. P. Gestão por competências e gestão do Conhecimento. 2. ed. Rio de Janeiro: 
Editora FGV, 2006.
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 9
2 A importância da inovação
Da mesma forma que comentamos sobre a obviedade da rela-
ção da ciência com a Universidade, podemos afirmar que é ob-
vio que a inovação é necessária para qualquer área atualmente?
Conforme Simantob (2008),4 a inovação, de uma maneira 
geral, é percebida como essencial para a sobrevivência em um 
cenário cada vez mais competitivo e globalizado, entretanto, 
ainda afirma que poucas organizações exercem algum tipo de 
iniciativa concreta para colocar os princípios da inovação em 
prática. Comenta ainda que existem duas causas principais 
para que isto não ocorra com tanta frequência: a visão ultra-
passada sobre inovação e o desconhecimento de ferramentas 
que ajudam a colocá-la em prática.
Ao contrário do que muitos podem pensar, inovação não é 
um assunto recente. Seu conceito vem sendo estudado e suas 
ferramentas exploradas desde o início do século XX. 
Borchardt e Santos (2014) afirmam que na visão de Barney 
e Hesterly (2008), como também de Carvalho, Santos e Barros 
Neto (2011), a essência do gerenciamento do processo de 
inovação consiste na mobilização e coordenação dos recur-
sos/capacidades (financeiros, físicos, humanos e organizacio-
nais) e atores internos à empresa, bem como dos recursos/ca-
pacidades e atores externos à empresa (clientes, fornecedores, 
instituições de pesquisa, instituições de fomento), para neutra-
4 Moysés Simantob, professor da FGV, co-fundador e coordenador do Fórum de 
Inovação, em entrevista para a Fundação Nacional da Qualidade - FNQ. 
http://www.inovforum.org.br/
http://www.inovforum.org.br/
10 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
lizar ameaças e, sobretudo, explorar oportunidadesalinhadas 
às prioridades estratégicas da empresa.
Ao perceber que a mudança é algo inevitável, as organi-
zações necessitam de uma “análise em profundidade dos va-
lores, crenças e padrões de comportamentos que guiam o dia 
a dia do desempenho organizacional” (MARTINS E MARTINS, 
2002) para definirem se vão se manter como estão, correndo 
o risco de não se adaptarem as mudanças, ou proporem prá-
ticas inovadoras.
Se a cultura de inovação é parte da cultura maior de uma 
organização, para que ela se desenvolva, faz-se necessário li-
dar com aspectos restritivos à cultura nesse contexto (MCLEAN, 
2005).
Para Carvalho, Reis e Cavalcante (2011), 
a resposta às pressões surge na forma de consolidação 
ou adoção de práticas de gerenciamento, como gestão 
de qualidade, planejamento estratégico, gestão financei-
ra, marketing, gestão de projetos, gestão da produção, 
gestão de pessoas e, mais recentemente, gestão da ino-
vação.
Contudo, quando lemos ciência e tecnologia de inovação, 
é comum imaginarmos que se trata de estudos relacionados à 
melhoria da produção de uma grande empresa, construção de 
máquinas modernas ou mesmo a criação de novos programas 
de computadores. Porém, o que pouca gente sabe é que hoje 
em dia, a ciência e tecnologia de inovação, se tornou uma 
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 11
ferramenta importantíssima na melhoria da qualidade de vida 
dos brasileiros (QUILICI e STADLER, 2004).
Lemos (2000) dispõe que 
dessa forma, noções lineares sobre o processo inovati-
vo como aquelas que o tratavam como resultado das 
atividades realizadas na esfera da ciência, que evoluiria 
unidirecionalmente para a tecnologia, até chegar à pro-
dução e ao mercado já não se colocam mais no centro 
do debate. Adicionalmente, na mesma medida que a ci-
ência não pode ser considerada como fonte absoluta de 
inovações, também as demandas que vêm do mercado 
não devem ser tomadas como o único elemento determi-
nante do processo de inovação.
Interessante observar que temos exemplos de inovação nas 
mais diferentes áreas. Entre eles, as inovações sociais, na área 
da saúde, no poder público, nas tecnologias de comunicação, 
entre diversas outras que viabilizaram as tantas melhorias ex-
perimentadas em nossos dias atuais.
Na educação podemos destacar a invenção da impren-
sa como inovação precursora e atualmente percebemos uma 
grande oferta de tecnologias educacionais inovadoras inse-
ridas nos processos de ensino aprendizagem, aproveitadas 
por instituições que buscam a melhoria contínua através de 
propostas inovadoras baseadas no espírito empreendedor, ou 
seja, em ações executadas por não aceitarem a possibilidade 
de acomodação, por entenderem que devem sempre estar em 
busca de uma situação futura com mais qualidade.
12 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
3 A importância do empreendedorismo
Bom, mas como relacionar agora os três conceitos? De que 
forma o empreendedorismo se encaixa nessa relação propos-
ta?
Segundo Hernandez (2017)5, o conjunto de fatores em 
questão faz com que os recursos humanos a serem formados 
na Ulbra tenham a capacidade de serem agentes de transfor-
mação social, e quando se fala em agentes de transformação 
social, isto significa profissionais capazes de compreender a 
realidade social, de estrutura, de desenvolvimento, de tecno-
logia existentes, e, através da Universidade ou dentro do con-
texto universitário, discutir estas variáveis e saírem profissionais 
capazes de qualificar ainda mais o desenvolvimento do país.
Deve-se buscar entender que o empreendedor nesse con-
texto acadêmico é aquele que inova, é o agente de mudanças. 
Porém, as mudanças que buscamos são aquelas pensadas e 
implantadas através de método científico, de análises comple-
tas e que podem gerar propostas consistentes e duradouras. 
Segundo Gomes (2005)
há muitas definições do termo empreendedor, principal-
mente, porque são propostas por pesquisadores de dife-
rentes campos do conhecimento, que utilizam os princí-
pios de suas próprias áreas de interesse para construir o 
conceito. Duas correntes principais tendem, no entanto, 
5 Fala do Pró-reitor Acadêmico Pedro Hernandez, disponível em: http://www.ulbra.
br/muda-com-voce.
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 13
a conter elementos comuns à maioria delas. São as dos 
pioneiros do campo: os economistas de corte liberal, que 
associaram empreendedor à inovação, e os psicólogos, 
que enfatizam aspectos atitudinais, como a criatividade 
e a intuição. Em um primeiro momento, os economistas 
identificaram no empreendedorismo um elemento útil à 
compreensão do desenvolvimento. Depois, os compor-
tamentalistas tentaram compreender o empreendedor 
como pessoa. Atualmente, o assunto está em processo 
de expansão para quase todas as disciplinas.
Complementando o conceito, afirma-se no PDI da ULBRA 
que,
[...] tem-se como destaque o enfoque no empreendedo-
rismo, que na organização didático-pedagógica consti-
tui-se como referencial fundamental para que o estudan-
te durante a sua formação universitária, desde o início da 
sua vida acadêmica, para que o docente contribua neste 
processo de forma progressiva e pertinente ao momento 
do currículo no qual o aluno se encontra. E, ao conciliar 
os saberes legitimados pelas práticas sociais com o saber 
produzido pela comunidade científica que sustentam a 
formação de diferentes perfis profissionais, torna-se ne-
cessário aprimorar constantemente as ações na Institui-
ção, visando ao crescimento pessoal e profissional dos 
estudantes, como agentes de suas aprendizagens. (PDI 
2017-2022)
Ou seja, o empreendedorismo se encaixa nesse contexto 
como o impulsionador da pesquisa científica com a finalida-
de de geração de inovação. O empreendedor na Universida-
14 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
de, e também fora dela, deve ser identificado como aquele 
que, interagindo com os demais, aproveita-se de um ambiente 
propicio ao empreendedorismo, à proposição de mudanças, 
à implantação de novas práticas e com abertura para novas 
ideias e sugestões.
Deve-se reconhecer a importância de se promoverem as 
condições ideais para estimular a mentalidade empreendedo-
ra, a inquietação, a busca pela melhoria contínua. Pode-se 
afirmar que o espírito empreendedor tende a ser mais bem de-
senvolvido em ambientes colaborativos, que permitem intera-
ções diversas e ampliação das possibilidades de aprendizado.
Uma das questões centrais que se colocam sobre esse 
tema é a ampliação da capacidade empreendedora, 
a qual, até recentemente, foi associada estritamente à 
qualificação formal de indivíduos (capital humano). Evi-
dencia-se, entretanto, cada vez mais, que tal capacidade 
não se resume ao aprimoramento de pessoas e empresas 
isoladamente, por meio do incremento da dotação de 
trabalhadores qualificados e treinados. Reconhece-se, 
com maior intensidade, que ambientes mais propícios ao 
empreendedorismo são aqueles em que ocorrem proces-
sos interativos e cooperativos de aprendizado e de ino-
vação; daí a importância de se promover a capacitação 
local em inovação e aprendizado de forma coletiva e 
sistêmica. Nesse contexto, assumem novo papel os sis-
temas de relações entre os diferentes atores, cuja densi-
dade e caráter inovador podem favorecer processos de 
crescimento e mudança, em que se desenvolve a ativida-
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 15
de empreendedora, produtiva e inovadora. (ALBAGLI e 
MACIEL, 2002)
Vivemos em um período marcado pela inovação tecnoló-
gica cuja velocidade da tomada de decisão pode ser funda-
mental para a diferenciação entre sucesso ou fracasso. Não 
podemos perder oportunidades de buscar vantagem compe-
titiva, seja no meio acadêmico, seja no ambiente profissional.
O empreendedorismo deve ser estimulado, porém com o 
devido cuidado de seguir um processo adequado, de análises 
bem feitas, de simulações consistentes, de testagens funda-
mentadas e com critérios objetivos. Voltamos assim ao métodocientífico e o destaque de sua importância para a busca do 
embasamento científico como base para o desenvolvimento de 
propostas empreendedoras adequadas.
Resgatando também a inovação, pode-se afirmar que es-
sas propostas empreendedoras com base na ciência, quando 
direcionadas à inovação, tendem a ter mais sucesso no con-
texto atual. 
As mais recentes definições de inovação aceitas global-
mente dividem as atividades de inovação em algumas etapas, 
podendo ser: científicas, tecnológicas, organizacionais, finan-
ceiras e comerciais, desde que conduzam, ou visem conduzir, 
à implementação de inovações. Algumas atividades de inova-
ção são em si inovadoras, outras não são atividades novas, 
mas são necessárias para a implementação de inovações.6 
6 Manual de Oslo, 3. ed., 2005. 
16 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
Relacionando com o empreendedorismo, algumas propos-
tas podem parecer empreendedoras, mas nem todas serão 
apenas por serem novidade no cenário em que foram aplica-
das. É necessário o cumprimento de algumas fases para que 
o processo empreendedor seja realmente efetivo e para que 
possamos afirmar que o mesmo teve a adequada fundamen-
tação anterior à sua implantação.
Encerramos esse capítulo com a necessidade de aprofun-
darmos os três conceitos que formam essa disciplina, a fim de 
podermos utilizar o conhecimento desenvolvido para os estu-
dos necessários em nossas áreas de formação. Sendo assim, 
no próximo capítulo iniciaremos com a ampliação do conceito 
definido como base necessária para nossos objetivos, a Ciên-
cia.
Recapitulando
Neste capítulo, apresentamos os conceitos de Ciência, Ino-
vação e Empreendedorismo, sua relação e os principais cri-
térios para sua diferenciação e compreensão. Destacou-se a 
importância de cada um dos conceitos no contexto atual e 
sua identificação direta com a proposta de formação objetiva-
da pela ULBRA para reforçar o seu papel na sociedade, bus-
cando formar profissionais capazes de impactar na melhoria 
da qualidade de vida e contribuir para o desenvolvimento do 
país. Para tal, discutimos a importância da ciência como base 
para o processo de Inovação e, por consequência, o fomento 
à adequada atitude Empreendedora embasada no conheci-
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 17
mento científico, utilizando-se de um ambiente adequado e 
propício para tal.
Referências
ALBAGLI, S., MACIEL, M. L. Capital social e empreendedo-
rismo local. Disponível em: <http://www.ie.ufrj.br/rede-
sist/NTF2/NT%20SaritaMLucia.PDF>. Acesso em: 27 set. 
2018.
BORCHARDT, P., SANTOS, G. V. Gestão de Ideias para Ino-
vação: da ideação à implantação. ANPAD, 2014.
CARVALHO, H. G.; REIS, D. R.; CAVALCANTE, M. B. Gestão 
da inovação. Curitiba: Aymará, 2011.
CHALMERS, A. F. O que é ciência afinal? Tradução: Raul 
Filker. Brasiliense, 1993. 
______. A fabricação da ciência. São Paulo: Universidade 
Estadual Paulista, 1994.
GOMES, A. F. O empreendedorismo como uma ala-
vanca para o desenvolvimento local. Disponível em: 
<http://periodicos.unifacef.com.br/index.php/rea/article/
view/192/44>. Acesso em: 27 set. 2018.
LEMOS, C. Inovação na era do conhecimento. Disponível 
em: <http://seer.cgee.org.br/index.php/parcerias_estrate-
gicas/article/viewFile/104/97>. Acesso em: 27 set. 2018.
18 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
MARTINS, E., MARTINS, N. An organizational culture model to 
promote creativity and innovation. Journal of Industrial 
Psychology, 28(4), 58-65, 2002.
MCLEAN, L. D. Organizational culture´s influence on cre-
ativity and innovation: a review of the literature and im-
plications for human resource development. Advances 
in Developing Human Resources, 7(2), 226-246. doi: 
10.1177/1523422305274528, 2005.
QUILICI, R. F. M., STADLER, C. C. A importância da ciência 
e tecnologia de inovação na saúde pública brasileira: 
Novos conceitos e diretrizes. Disponível em: <file:///C:/
Users/aqdmin/Downloads/748-quilici_RFM_A_importan-
cia_da_ciencia%20(1).pdf >. Acesso em: 27 set. 2018.
ROSENTHAL, D. B. Two approaches to science – technology 
– society (STS) education. Science Education, v. 73, n. 5, 
p.581-589, 1989.
SIMANTOB, M. Disponível em: <http://www.fnq.org.br/in-
forme-se/artigos-e-entrevistas/entrevistas/a-importancia-
-da-inovacao-para-a-sobrevivencia-das-organizacoes>. 
Acesso em: 27 set. 2018.
Atividades
 1) O Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI) da ULBRA é:
http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/entrevistas/a-importancia-da-inovacao-para-a-sobrevivencia-das-organizacoes
http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/entrevistas/a-importancia-da-inovacao-para-a-sobrevivencia-das-organizacoes
http://www.fnq.org.br/informe-se/artigos-e-entrevistas/entrevistas/a-importancia-da-inovacao-para-a-sobrevivencia-das-organizacoes
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 19
I) Um documento que apresenta as estratégias escolhi-
das pela Universidade para orientar a formação dos 
alunos.
II) A representação de como a ULBRA propõe a articula-
ção de sua Missão com a formação de profissionais 
comprometidos eticamente com a sociedade.
III) A definição do Ministério da Educação, através das Di-
retrizes Curriculares Nacionais, que determinam como 
fortalecer a identidade confessional e seu compromis-
so social e comunitário.
A partir das assertivas acima, escolha a alternativa que re-
presenta de forma correta seu conteúdo: 
a) Apenas a afirmativa I está correta.
b) Apenas a afirmativa II está correta.
c) Apenas a afirmativa III está correta.
d) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.
e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
 2) A importância da ciência para todas as áreas do conheci-
mento se evidencia facilmente. Aspectos relativos a diver-
sas áreas podem ser abordados, como por exemplo: 
a) Filosófica e Sociológica.
b) História.
c) Política e Econômica.
20 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
d) Humanística.
e) Todas as alternativas acima e muitas outras áreas ainda.
 3) O Relatório da Comissão Internacional sobre Educação 
para o Século XXI postulou quatro pilares da educação 
do futuro. Entre eles, qual implica agir com ética, respon-
sabilidade e compromisso social na relação com a sua 
realidade:
a) saber conhecer.
b) saber fazer.
c) saber ser.
d) saber conviver.
e) saber aprender. 
 4) Inovação usualmente é relacionada com melhoria. Toman-
do essa afirmação como verdadeira, por que ainda pou-
cas organizações exercem algum tipo de iniciativa concre-
ta para colocar os princípios da inovação em prática?
 5) Assinale a alternativa que completa a frase corretamen-
te: O ___ na Universidade, e também fora dela, deve ser 
identificado como aquele que, ____ com os demais, apro-
veita-se de um ____ propício ao empreendedorismo, à 
proposição de mudanças, à implantação de ____ práticas 
e com abertura para novas ideias e sugestões.
a) professor, interagindo, negócio, diferentes.
b) empreendedor, interagindo, ambiente, novas.
Capítulo 1 Ciência, Inovação e Empreendedorismo 21
c) professor, avaliando, ambiente, novas.
d) empreendedor, definindo, empreendimento, outras.
e) aluno, estudando, auditório, diferentes.
??????????
Capítulo ?
Desenvolvimento da 
Pesquisa Científica1
1 Possui graduação em Bacharelado em Informática pela Pontifícia Universidade 
Católica do Rio Grande do Sul (1991) e mestrado em Computação pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor da Universidade 
do Vale do Rio dos Sinos e professor adjunto com mestrado da Universidade Lute-
rana do Brasil. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase 
em Software Básico, Projeto de Interfaces, educação a distância e metodologia 
científica.
Patrícia Noll de Mattos1
Capítulo 2
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 23
Introdução
Iniciamos este capítulo falando sobre ciência, como ela é pro-
duzida e sua relação com a universidade. Além disso, para ex-
plicar como o conhecimento científicoé gerado, abordaremos 
também a pesquisa científica.
1 O que é ciência?
Antes de iniciarmos a apresentação sobre o processo de de-
senvolver pesquisa científica, falemos um pouco sobre ciência. 
Atualmente, a ciência é altamente considerada, mencioná-la 
em uma argumentação ou pesquisa, atribui a ela um senti-
mento de confiabilidade ou de mérito associado. É comum 
nos depararmos com anúncios de produtos que asseguram 
que seu efeito foi cientificamente comprovado, insinuando que 
sua afirmação é bem fundamentada. Existe uma crença de 
que a ciência e seus métodos são especiais e que asseguram 
a veracidade das afirmações, que a ciência é sempre exata e 
precisa. Mas será que ela é sempre assim nos diversos ramos 
de saberes?
Segundo FONSECA (2002, p. 11-12), a Ciência é um con-
junto de saberes provenientes da associação de experiências 
práticas com o raciocínio lógico. Essa associação é constituída 
a partir da observação, identificação, descrição e investigação 
experimental, além da aplicação de teorias.
24 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
No entanto, a Ciência não tem a intenção de estabelecer 
verdades absolutas ou de traçar uma compreensão plena da 
realidade. Ela se constitui em verdades provisórias, que faci-
litem a compreensão da realidade presente e permita prever 
acontecimentos futuros, permitindo que intervenções sobre os 
mesmos possam ser realizadas.
Contudo, estamos em constante evolução, novos conhe-
cimentos são agregados aos já existentes, novas experiências 
são vividas, o que nos remete ao fato de que ciência é um 
processo que está sempre em movimento. Na medida em que 
novos conhecimentos forem sendo descortinados, novas pers-
pectivas vão sendo geradas, ampliando-se o conhecimento 
sobre determinada realidade.
É importante que observemos que a Ciência é um proces-
so em movimento, mas que sua produção ocorre a partir do 
método científico, o qual envolve técnicas exatas, objetivas e 
sistemáticas. Nesse contexto, o método científico envolve re-
gras fixas para a formação de conceitos, para a condução de 
observações, para a realização de experimentos e para a va-
lidação de hipóteses explicativas. É com base nele que novos 
saberes vão sendo construídos.
A palavra ciência deriva do latim scientia, cujo significado 
é “conhecimento” ou “saber”. Ela contempla vários conjuntos 
de saberes adquiridos através do estudo ou da prática, segun-
do procedimentos específicos ou métodos científicos.
A curiosidade é um dos ingredientes base para o desenvol-
vimento da Ciência. Ela promove no indivíduo a necessidade 
de saber mais, de observar, de analisar, de refletir sobre o ob-
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 25
jeto da curiosidade. Através da curiosidade e da observação o 
homem explora a natureza das coisas e conhece o comporta-
mento das pessoas e dos fenômenos.
Um exemplo de conjunto de saberes é o que descreve, or-
dena e compara os fenômenos naturais, ou seja, da natureza 
e seus processos, estabelecendo a relação existente entre eles 
e formulando regras. A esse conjunto de saberes chamamos 
de ciências naturais. Existes outros conjuntos de saberes, como 
as ciências exatas, ciências sociais, ciências contábeis, dentre 
outras.
2 Universidade e a ciência
A maioria dos alunos ingressa na universidade com a intenção 
de cursar um conjunto de disciplinas que compõem o conjunto 
básico dos saberes necessários para atuar em uma determi-
nada área profissional, e entendem que isso é o suficiente, ou 
seja, que aí se encerra o papel da universidade.
Porém, esse compõe apenas um dos pilares da universida-
de, o do ensino. Os outros dois pilares são o da pesquisa e o 
da extensão.
Assim como vimos a constante evolução da Ciência, po-
demos dizer também que ela é sustentada por informação, 
por teorias e regras já pesquisadas em algum momento. A 
universidade, em seu pilar de ensino, tem como função reunir 
as informações e conhecimentos que dão base aos diversos 
saberes. Porém, ela não se estingue apenas no ensino, ela tem 
26 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
o compromisso de educar, de proporcionar aos seus alunos 
não apenas o alcance à informação, mas o desenvolvimento 
de um pensamento crítico, que seja capaz de absorver as in-
formações, promover relações com experiências já vividas e 
com necessidades percebidas, provocando novas descobertas 
e vislumbrando novos caminhos. 
Na universidade, professores elaboram projetos de pes-
quisa e extensão dos quais os alunos podem participar. Os 
alunos podem participar dos projetos de pesquisa através da 
iniciação científica, voluntariamente, ou com bolsa, de acordo 
com os editais publicados pela universidade. Através desses 
projetos, os alunos têm a possibilidade de estudar temas mais 
profundamente ou mesmo novos temas, não abordados em 
sala de aula, além de terem um primeiro contato com o mé-
todo científico.
Os projetos de extensão fazem a ligação dos saberes aca-
dêmicos oriundos do ensino e da pesquisa, com as necessida-
des da comunidade, faz com que se percebam as necessidades 
sociais, culturais, econômicas, dentre outras. Eles proporcio-
nam a interação da universidade com a sociedade, promoven-
do a interação entre a teoria e a prática (FIGUEIREDO, 2015).
3 Conhecimento científico
Desde que nascemos somos levados a conhecer, de forma na-
tural, o que está no nosso cotidiano, ao nosso redor. Seja por 
observação, seja por instigação de nossa família ou meios de 
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 27
comunicação, vamos recebendo as informações e adquirindo 
uma compreensão sobre as coisas do mundo, sobre o que 
acontece em nosso entorno, nas diversas áreas, humanas, so-
ciais, políticas, econômicas e culturais. Para que exista o ato de 
conhecer, é fundamental a relação entre o sujeito e o objeto. 
O sujeito, no caso que nos interessa aqui, é o ser humano 
que construiu a faculdade da inteligibilidade, construiu um in-
terior capaz de apropriar-se simbólica e representativamente 
do exterior, conseguindo, inclusive, operar de forma abstra-
ta com seus símbolos e representações. O objeto é o mundo 
exterior ao sujeito, que é representado em seu pensamento a 
partir da manipulação que executa com eles. (LUCKESI, 1995, 
p. 16)
Dessa forma, o conhecimento pode ser definido como a 
compreensão inteligível da realidade exterior, formada no in-
terior do homem como um pensamento abstrato, de maneira 
que lhe possa expressar a realidade.
A realidade pode ser descrita de diversas formas, determi-
nadas situações podem ser interpretadas sob diferentes aspec-
tos: religiosos, cotidianos, filosóficos, científicos, dentre outros. 
Para cada ótica, ou aspecto, um tipo de conhecimento é ge-
rado.
Sob a ótica do cotidiano, nasce o senso comum, conhe-
cimento adquirido pelo homem a partir de suas vivências e 
experiências, e da observação do mundo. São conhecimen-
tos empíricos, passados de geração para geração. Trata-se de 
uma herança cultural, não baseada em métodos ou conclu-
28 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
sões científicas, mas na assimilação espontânea de conheci-
mentos úteis para o dia a dia.
É através do senso comum que uma criança aprende o que 
pode ou não comer, o que é seguro ou perigoso e, mesmo, o 
que é justo ou injusto.
Sob outra ótica, o conhecimento científico deve ser basea-
do em observações e observações, que servem para atestar a 
veracidade ou não de determinada teoria. A razão deve estar 
atrelada à lógica da experimentação científica pois, caso con-
trário, se configuraria como conhecimento filosófico.
Segundo GIL (2008), o conhecimento científico é:
 Â Objetivo: descreve a realidade, independente da opi-
nião do pesquisador;
 Â Racional: baseia-se na razão e não em sensações ou 
impressões para chegar aos resultados;
 Â Sistemático: preocupa-se com a construção de um sis-
tema de ideias, organizadas racionalmente, e em incluir 
conceitos parciais em totalidades cada vez mais amplas.
 Â Geral: possui apreocupação com a elaboração de leis 
ou normas gerais, as quais, explicam todos os fenôme-
nos de certo tipo;
 Â Verificável: apresenta sempre a possibilidade de de-
monstrar a veracidade das informações apresentados;
 Â Falível: reconhece a própria capacidade de errar.
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 29
O conhecimento pode ser encarado como o resultado do 
aprimoramento do senso comum, através da investigação cien-
tífica, com o objetivo de comprová-lo ou refutá-lo. Trata-se de 
um conhecimento passível de demonstração e comprovação, 
objetivo, metódico e sistematizado. Como ele pode ser, através 
do método científico, constantemente testado, reformulado e 
atualizado, o que o atribui o caráter de provisório (FONSECA, 
2002, p. 11).
4 Pesquisa científica
Quando estamos na escola, muitos professores pedem como 
tarefa a realização de uma pesquisa sobre determinado tema. 
Nesse caso, buscamos materiais sobre o tema, escolhemos os 
tópicos mais importantes e montamos um documento ou uma 
apresentação narrando o que descobrimos sobre o assunto. 
Logo, a pesquisa pode ser definida como um conjunto de ati-
vidades orientadas para a busca de um determinado conhe-
cimento.
O que difere esse tipo de pesquisa da pesquisa científica? 
O caráter investigativo e questionador, ou seja, a proble-
matização. Segundo GIL (2008), é pela observação que o ho-
mem adquire grande parte do seu conhecimento. A pesquisa 
científica parte de um problema proposto pelo pesquisador, 
implicando na observação, análise, reflexão crítica, síntese e 
aprofundamento de conceitos sobre determinado tema, com 
base no método científico.
30 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
Dessa forma, o conhecimento científico, obtido a partir da 
pesquisa científica, se baseia na formulação de problemas, ou 
seja, na capacidade de elaborar questões para as quais se vai 
buscar respostas e, nesse processo, elaborar novos questiona-
mentos. 
Para LAKATOS E MARCONI (2010, P. 139), a pesquisa “é 
um procedimento formal, com método de pensamento refle-
xivo, que requer um tratamento científico e se constitui no ca-
minho para conhecer a realidade ou para descobrir verdades 
parciais”.
Segundo GIL (2008, p. 26), a pesquisa pode ser definida 
como “o processo formal e sistemático de desenvolvimento 
do método científico. O objetivo fundamental da pesquisa é 
descobrir respostas para problemas mediante o emprego de 
procedimentos científicos”.
É importante ressaltar que, independente da natureza da 
pesquisa, ao aplicar a metodologia científica, ela contribui 
para a aquisição de novos conhecimentos, na medida em que 
promove reflexão e discussão sobre o assunto pesquisado. Se 
produz novo conhecimento, está produzindo ciência.
DEMO (1987, p.20) menciona que “a ciência propõe-se 
a captar e manipular a realizada assim como ela é. A meto-
dologia desenvolve a preocupação em torno de como chegar 
a isto”.
Segundo GIL (2010), algumas características sociais e inte-
lectuais do pesquisador são fundamentais para a obtenção do 
êxito na pesquisa, são elas:
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 31
 Â curiosidade
 Â criatividade
 Â conhecimento sobre o que deve ser pesquisado
 Â integridade intelectual
 Â atividade corretiva
 Â sensibilidade social
 Â imaginação disciplinada
 Â perseverança e paciência
Além dessas qualidades, GIL (2010) ressalta a importância 
da construção de um projeto que planeje e norteie a pesquisa.
O desenvolvimento de uma pesquisa pode ser dividido em 
três etapas principais, a de planejamento, a de execução e a 
de divulgação.
A etapa de planejamento consiste na construção do pro-
jeto de pesquisa, através da realização de revisão literária, 
busca do problema, definição da hipótese, objetivos, justifi-
cativa, referencial teórico e definição da metodologia. Uma 
pesquisa bem planejada possui maior probabilidade de ser 
seguida e de se obter êxito.
A etapa de execução corresponde ao desenvolvimento da 
pesquisa, em que se coloca em prática o que foi planejado no 
projeto. Consiste na aplicação dos métodos e técnicas defini-
das na metodologia: realização de experimentos, construção 
de protótipos, realização de entrevistas e dentre outros. 
32 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
Nessa etapa, os resultados são obtidos através da aplica-
ção da metodologia definida no projeto, são analisados, tes-
tados e validados.
A etapa de divulgação consiste em divulgar os achados de 
pesquisa, através da publicação de um relatório final, artigo 
científico, resumos ou apresentação em eventos científicos.
4.1 Tipos de pesquisa, método, natureza e 
abordagem
Iniciaremos esta seção classificando a pesquisa científica 
quanto a seu tipo, como pesquisa pura ou aplicada. A pesqui-
sa pura ou básica, como também é chamada, tem seu foco na 
melhoria de teorias científicas, para melhor prever ou compre-
ender os fenômenos naturais ou de outro tipo. Normalmente, 
esse tipo de pesquisa é puramente teórico e tem a intenção de 
ampliar a compreensão de certos fenômenos ou comporta-
mento, sem procurar tratar ou resolvê-los. 
Pesquisa aplicada, por sua vez, usa pesquisas científicas 
para desenvolver tecnologias ou técnicas com a intenção de 
alterar fenômenos ou comportamentos e intervir nos mesmos. 
A pesquisa pura serve como base para a pesquisa aplicada.
A escolha do método depende do paradigma de pesquisa 
adotado, ou seja, deve ser apropriado ao tipo de estudo que 
se pretende realizar e, principalmente, à natureza do problema 
e ao nível de aprofundamento que se pretende adotar. 
Existem os métodos qualitativos e os métodos quantitativos. 
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 33
O método qualitativo abrange o paradigma fenomeno-
lógico, voltado à interpretação e descrição; ele preocupa-se 
em descrever a realidade investigada e não com medidas e 
fórmulas matemáticas. Ele é bem empregado em descrever a 
complexidade de determinado problema, analisar a interação 
de certas variáveis, ideal para entender particularidades de 
comportamento de indivíduos, processos, entidades, motiva-
ções de um grupo, interpretar a opinião e as expectativas dos 
indivíduos de uma população. 
O método quantitativo abrange o paradigma positivista, 
voltado à quantificação e mensuração. Ele tem como intenção 
de garantir a precisão dos resultados, através da utilização 
de técnicas estatísticas. Pode ser bem empregado para medir 
relações causa/efeito entre variáveis e avaliar o resultado de 
um sistema ou projeto.
O próximo item que devemos considerar é o nível de pes-
quisa. A pesquisa pode ser classificada como exploratória, 
descritiva ou explicativa. Uma pesquisa pode ser classificada 
individualmente em um desses níveis ou pode associar mais de 
um, dependendo do objetivo do estudo.
A pesquisa exploratória busca compreender um determi-
nado problema ao aprimorar seu conhecimento. Ela propicia 
a obtenção de novos conhecimentos e pode ser planejada de 
forma bastante flexível. Estudos exploratórios são aqueles em 
que não se tem informação sobre determinado tema e se de-
seja conhecê-lo.
A pesquisa descritiva possui como objetivo a descrição 
das características de determinado assunto, podendo ser um 
34 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
fenômeno, população ou grupo (distribuição por idade ou 
sexo, por exemplo). Estudos descritivos são realizados quando 
se deseja descrever as características de determinado tema, 
organizando-o ou classificando-o.
A pesquisa explicativa possui como objetivo analisar, ve-
rificar, avaliar ou explicar um determinado tema, normalmente 
já existente. Ela costuma explicar o porquê ou a razão de um 
determinado conceito ou acontecimento. Estudos explicativos 
são úteis quando se deseja analisar as causas ou consequên-
cias de um determinado tema.
Agora que já estudamos o tipo, o modelo e o nível de sua 
pesquisa, estamos prontos para avaliar as estratégias de pes-
quisa, ou procedimentos que podem ser utilizados no processode investigação.
Recapitulando
Neste capítulo, refletimos sobre o que é ciência e sua relação 
com a universidade, o que é conhecimento científico e pesqui-
sa científica. Vimos os diferentes tipos de pesquisa, método e 
natureza ou nível de pesquisa.
Referências
DEMO, Pedro. Introdução à Metodologia da ciência. 2. ed. 
São Paulo: Atlas, 1987.
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 35
FIGUEIREDO, Karen. Experiência Universitária: Os três Pila-
res da Universidade. Blog InspirAda. 2015. 
INSPIRADA NA COMPUTAÇÃO. Disponível em: <https://
inspiradanacomputacao.github.io/academia/experiencia-
-universitaria-os-tres-pilares-da-universidade/>. Acesso 
em: abril de 2018.
FONSECA, J. J. S. Metodologia da pesquisa científica. For-
taleza: UEC, 2002. Apostila.
GIL, Antônio Carlos. Métodos e Técnicas de Pesquisa So-
cial. 6. ed. São Paulo: Atlas, 2008.
______. Como elaborar projetos de pesquisa. 5. ed. São 
Paulo: Atlas, 2010.
LAKATOS, Eva Maria; MARCONI, Marina de Andrade. Fun-
damentos de metodologia científica. 7. ed. São Paulo: 
Atlas, 2010.
LUCKESI, Cipriano Carlos; PASSOS, Elizete Silva. Introdução 
à Filosofia. São Paulo: Cortez, 1995.
Atividades
 1) A pesquisa que busca esclarecer a relação entre causa e 
efeito e costuma explicar a razão de ser de um determina-
do conceito ou acontecimento, é caracterizada como:
a) exploratória.
https://inspiradanacomputacao.github.io/academia/experiencia-universitaria-os-tres-pilares-da-universidade/
https://inspiradanacomputacao.github.io/academia/experiencia-universitaria-os-tres-pilares-da-universidade/
https://inspiradanacomputacao.github.io/academia/experiencia-universitaria-os-tres-pilares-da-universidade/
36 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
b) explicativa.
c) descritiva.
d) bibliográfica.
e) experimental.
 2) A pesquisa qualitativa tem como característica:
a) Trabalhar com dados numéricos.
b) Utilizar técnicas de estatística para o tratamento dos 
dados.
c) Utilizar técnicas probabilísticas para obtenção dos da-
dos.
d) Apresentar o comportamento e a interpretação de fa-
tos, acontecimentos e contextos.
e) Ser puramente exploratória.
 3) O desenvolvimento de uma pesquisa pode ser dividido em 
etapas, a saber:
a) exploratória, descritiva e explicativa.
b) qualitativa ou quantitativa.
c) pura ou aplicada.
d) planejamento, execução e divulgação.
e) planejamento, divulgação e execução.
 4) A construção do projeto de pesquisa, através da realiza-
ção de revisão literária, busca do problema, definição da 
Capítulo 2 Desenvolvimento da Pesquisa Científica 37
hipótese, objetivos, justificativa, referencial teórico e de-
finição da metodologia, correspondem a qual etapa do 
desenvolvimento da pesquisa?
a) Exploratória.
b) Pesquisa bibliográfica.
c) Planejamento.
d) Divulgação.
e) Execução.
 5) A pesquisa que busca compreender um determinado pro-
blema ao aprimorar seu conhecimento, além disso, propi-
cia a obtenção de novos conhecimentos e pode ser plane-
jada de forma bastante flexível, é caracterizada como:
a) Exploratória.
b) Explicativa.
c) Descritiva.
d) Bibliográfica.
e) Experimental.
??????????
Capítulo ?
Métodos e 
Procedimentos de 
Pesquisa
1 Possui graduação em Bacharelado Em Informática pela Pontifícia Universidade 
Católica do Rio Grande do Sul (1991) e mestrado em Computação pela Universi-
dade Federal do Rio Grande do Sul (1996). Atualmente é professor da Universidade 
do Vale do Rio dos Sinos e professor adjunto com mestrado da Universidade Lute-
rana do Brasil. Tem experiência na área de Ciência da Computação, com ênfase 
em Software Básico, Projeto de Interfaces, educação a distância e metodologia 
científica.
Patrícia Noll de Mattos1
Capítulo 3
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 39
Introdução
Este capítulo abordará as principais técnicas e procedimentos 
de pesquisa, sua relação com o tipo e a natureza da pesquisa 
e com os principais métodos de coleta e análise de dados. 
Abordará também o que é método científico e sua diferença 
em relação à técnica. 
1 O que são técnicas e procedimentos de 
pesquisa?
Os métodos descrevem como você desenvolverá sua pesqui-
sa e os procedimentos as ferramentas que você utilizará para 
desenvolvê-la. Porém, antes de você iniciar a escolha dos mé-
todos e procedimentos, é importante o entendimento do que é 
“metodologia de pesquisa”.
O estudo de metodologia de pesquisa nada mais é do que 
o estudo de como fazer pesquisa. Vamos ver a definição de 
metodologia de pesquisa segundo Michel Thiollent, na obra 
Metodologia da pesquisa-ação, 2009: “A metodologia tem 
como objetivo analisar as características dos vários métodos 
disponíveis, avaliar suas capacidades, potencialidades, limita-
ções ou distorções e criticar os pressupostos ou a implicação 
de sua utilização.”
GIL (2008) define o método como o caminho para se che-
gar a determinado fim, e o método científico o conjunto de 
40 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
procedimentos intelectuais e técnicas adotadas para se obter 
conhecimento.
Método pode ser visto como a maneira de proceder, a ma-
neira de ordenar a ação de acordo com certos princípios, ou 
a ordem que se segue na procura da verdade, no estudo da 
ciência, para procurar um fim determinado.
Uma técnica é um procedimento, cujo objetivo é a obten-
ção de um determinado resultado, seja na ciência, na tecno-
logia, na arte ou em qualquer outra área. Consiste em um 
conjunto de regras, normas ou protocolos que se utiliza como 
meio para chegar a certa meta.
Na definição da metodologia você deverá definir o método 
a ser utilizado, de acordo com o tipo de pesquisa e sua nature-
za, ou seja, se a pesquisa é pura ou aplicada; quantitativa ou 
qualitativa; exploratória, descritiva ou explicativa. Além disso, 
precisa definir o aparato instrumental a ser utilizado, ou seja, 
as ferramentas e técnicas que serão necessárias para o desen-
volvimento da pesquisa. Todas essas definições fazem parte do 
planejamento da pesquisa, e já devem estar presentes desde a 
especificação do projeto de pesquisa.
As ferramentas a serem utilizadas, ou seja, as estratégias 
de pesquisa vão ajudar você a definir o plano de ação de sua 
pesquisa, orientando-o nos processos de coleta e análise de 
dados.
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 41
2 Técnicas e estratégias de pesquisa
Ao escolher a(s) estratégia(s) de pesquisa que você irá utilizar 
em sua pesquisa, você está delineando um plano de ação para 
a mesma. Além disso, a escolha da estratégia de pesquisa irá 
orientar a definição das técnicas de coleta e análise de dados 
a utilizar. A seguir são apresentadas as principais estratégias 
de pesquisa.
2.1 Pesquisa bibliográfica
A maioria das pesquisas iniciam por ela, pois ela permite ao 
pesquisador a utilização de uma série de recursos disponíveis 
sobre um determinado tema.
Através da pesquisa bibliográfica, você pode utilizar diver-
sos recursos disponíveis sobre determinado tema, recorrendo 
a pesquisa já realizadas e conteúdos já publicados em revis-
tas, livros, jornais, monografias, teses, resumos ou artigos em 
anais de congressos e simpósios, dentre outros. Ela contempla 
o referencial teórico já publicado acerca do tema (LAKATOS e 
MARCONI, 2009).
Dependendo da questão de pesquisa, remete à necessida-
de da pesquisa bibliográfica, como no caso de estudos históri-
cos, por exemplo, muitas vezes não há outra forma de realizar 
a pesquisa senão através de fontes secundárias.
É importante, porém, que os dados obtidos através desse 
tipo de pesquisa sejam analisados, que sua profundidade seja 
42 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
averiguada e que sejam comparados com os de outras fontes, 
de forma a garantir sua integridade.
A pesquisa bibliográfica requer uma leitura organizada 
e sistemática dos textos, utilizando-se de técnicas de leitura, 
como anotações, fichas de leitura e fluxogramas.
Assim como qualquer outra estratégia de pesquisa, ela 
deve ser planejada, definindo-sea classe de fontes que serão 
utilizados, quais veículos de publicação e palavras-chave de 
busca.
2.2 Pesquisa documental
A Pesquisa documental lhe permite pesquisar em documentos 
e materiais ainda não analisados e tratados, mas que tenham 
valor científico para o tema estudado. Como exemplos pode-
mos citar os arquivos de órgãos públicos e instituições, cartas, 
memorandos, diários, gravações, dentre outros.
Segundo GIL (2002), o que difere a pesquisa documen-
tal da pesquisa bibliográfica é a natureza das fontes. A pes-
quisa documental utiliza materiais que ainda não receberam 
um tratamento analítico. A pesquisa bibliográfica, por sua vez, 
utiliza-se da contribuição sobre diversos autores sobre deter-
minado assunto.
Por se utilizar de fontes ainda não tratadas, a pesquisa do-
cumental pode tornar-se mais morosa, porém, em muitas situ-
ações, é de grande contribuição, pois pode possuir um conte-
údo bastante rico.
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 43
2.3 Pesquisa de levantamento
Levantamento ou Survey consiste na interrogação direta do 
comportamento dos sujeitos sob investigação. Esta estratégia 
permite que você colha as informações de um grupo significa-
tivo de pessoas sobre o tema estudado e, em seguida, obtenha 
conclusões acerca dos dados, através da análise quantitativa 
dos dados.
Segundo GIL (2010), “quando o levantamento recolhe in-
formações de todos os integrantes do universo pesquisado, 
tem-se um censo”. Devido à dificuldade, normalmente não 
são pesquisados todos os integrantes de uma população estu-
dada, realizando-se a pesquisa com uma amostra da popula-
ção. Existem técnicas de amostragem que definem parâmetros 
para escolha do local dos participantes, tamanho da amostra, 
tipo de amostragem, garantindo a confiabilidade dos dados 
obtidos para o resultado da pesquisa (GIL, 2010).
Como ele é realizado?
O pesquisador, por meio de conhecimento prévio, adquirido 
através de pesquisa bibliográfica ou outra estratégia, esta-
belece construtores, variáveis e pressupostos que o guiarão 
na construção de seus instrumentos de pesquisa. O principal 
instrumento utilizado é o questionário, podendo ter questões 
abertas ou fechadas. Com o auxílio da internet, é possível a 
utilização de uma série de ferramentas que permite a publica-
ção de pesquisas online, facilitando sua distribuição, tabula-
ção e análise de dados.
44 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
2.4 Estudo de campo
No estudo de campo, a pesquisa é desenvolvida no próprio 
local em que ocorrem os fenômenos ou fatos em estudo, é im-
portante que o pesquisador tenha contato direto com o objeto 
de estudo, realizando a maior parte do trabalho pessoalmente.
As principais técnicas de coleta de dados utilizadas no estu-
do de campo são: observação direta das atividades do grupo 
estudado, observação participante, entrevistas, análise de do-
cumentos, filmagens e fotografias (GIL, 2002).
 Utiliza-se essa técnica quando se tem o objetivo de obter 
informações sobre um problema ara o qual se procura uma 
resposta, comprovação de hipóteses ou descobrir novos fenô-
menos e suas relações.
Ele focaliza uma comunidade de trabalho, estudo, lazer ou 
com qualquer outra finalidade. Trata-se de um grupo ou co-
munidade que possua uma estrutura social, em que há intera-
ção entre seus componentes (GIL, 2002).
2.5 Estudo de caso
Trata-se de uma investigação empírica que averigua um fenô-
meno dentro de seu contexto real. Tem como objetivo aprofun-
dar a descrição de determinada realidade. No estudo de caso, 
o pesquisador realiza uma investigação prática do compor-
tamento do fenômeno estudado dentro de um contexto real, 
desde que estabelecidos alguns limites. 
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 45
Gil (2008) afirma que o estudo de caso tem sido cada vez 
mais utilizado pelos pesquisadores, uma vez que serve a pes-
quisas de diferentes propósitos, tais como:
 Â explorar situações da vida real, cujos limites não estão 
ainda bem definidos;
 Â descrever a situação do próprio contexto em que se está 
realizando determinada investigação;
 Â explicar as variáveis que causam, determinado fenôme-
no em situações complexas, as quais não possibilitam a 
utilização de levantamentos e experimentos. 
Um estudo de caso pode utilizar diversas estratégias para 
tentar compreender a complexidade de um fenômeno em seu 
contexto, utilizando-se de diferentes fontes de coletas de da-
dos, tais como: documentos, registros em arquivos, entrevistas, 
observação direta, observação participante, dentre outros.
2.6 Pesquisa-ação
Trata-se de uma pesquisa com base empírica que é conce-
bida e realizada de forma associada a uma ação ou reso-
lução de um problema coletivo, no qual os pesquisadores e 
os representantes da situação problema estão envolvidos de 
forma cooperativa e participativa (THIOLLENT, 2009). Para ser 
classificada como pesquisa-ação, é necessário que haja uma 
ação por parte dos implicados no problema sob observação, 
ou seja, que haja uma interferência no contexto tratado.
46 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
Além da participação, essa estratégia pressupõe uma for-
ma de ação planejada por parte do pesquisador e dos partici-
pantes, de cunho social, educacional, técnico ou outro.
São características da pesquisa-ação:
 Â possuir caráter participativo e cooperativo entre pesqui-
sadores e participantes da situação problema;
 Â ter caráter de pesquisa, em que a situação problema 
necessita de investigação para ser elaborada;
 Â ter caráter de ação, através da resolução planejada de 
um problema coletivo.
 Â A pesquisa-ação pode ser construída em quatro fases, 
a saber:
 Â fase exploratória, em que se realiza um diagnóstico para 
identificar problemas e as capacidade de ação e inter-
venção;
 Â fase de pesquisa profundado, a qual ocorre por meio de 
coleta de dados;
 Â fase de ação, a qual corresponde ao planejamento e 
execução das ações, estabelecidas a partir das discus-
sões com os participantes do estudo;
 Â fase de avaliação, em que se obtém o resgate do conhe-
cimento obtido e redirecionam-se as ações.
Diferentes técnicas podem ser utilizadas para coleta de da-
dos como documentação, questionário, entrevistas, dentre ou-
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 47
tras. A análise de dados pode envolver, tantas técnicas quanti-
tativas, como qualitativas (THIOLLENT, 2009).
2.7 Pesquisa experimental
A pesquisa experimental opera com a manipulação, observa-
ção e controle direto sobre os elementos em experimentação. 
Ela consiste em determinar um objeto de estudo, selecionar 
variáveis capazes de influenciá-las e definir formas de observar 
e controlar o efeito que elas produzem no objeto.
A pesquisa experimental se relaciona diretamente às ciên-
cias naturais e seus avanços científicos. 
Uma das suas características é que seu experimento pode 
ser realizado de diversas formas e pode ser repetido, se tiver a 
intenção de se obter o mesmo resultado.
2.8 Pesquisa ex-post facto
Este tipo de pesquisa estuda fenômenos ou fatos que já aconte-
ceram, com a intenção de entendê-los melhor, descobrir como 
e por que ocorreram. Esses fatos ou fenômenos podem estar 
associados a catástrofes, atentados, epidemias, crises econô-
micas, atos de violência, dentre outros.
A coleta de dados pode ocorrer por meio de experimentos, 
manipulando variáveis, muitas vezes reproduzindo situações 
que já aconteceram.
48 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
3 Técnicas de coleta de dados
Após você ter delineado sua pesquisa, definindo o método, 
o tipo e a estratégia de pesquisa), é necessário definir a(s) 
técnica(s) que será(ão) usada(s) para a coleta dos dados. Inde-
pendente do método empregado, toda pesquisa necessita do 
levantamento de dados de diversas fontes.
É importante que, ao definir a(s) técnica(s) a utilizar, que 
você a conceitue, justifique e a descreva. Caso você opte, por 
exemplo, por aplicar questionários, é importante que você o 
conceitue,justifique sua escolha de acordo com a natureza 
da pesquisa a ser desenvolvida, descreva o público-alvo da 
pesquisa, forma de distribuição, análise dos dados e construa 
o instrumento. Todas essas etapas consistem no planejamento 
dos instrumentos a serem utilizados para a coleta dos dados 
da pesquisa.
A seguir serão apresentadas algumas técnicas bastante uti-
lizadas.
3.1 Bibliográfica
Esta técnica permite ao pesquisador acessar a uma vasta fonte 
de informações sobre o tema pesquisado, através de diversas 
fontes e autores. Esta técnica proporciona acesso a toda bi-
bliografia já tornada púbica relacionada ao tema, agregando 
publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, relatórios 
de pesquisa, monográficas, teses, dentre outros (LAKATOS; 
MARCONI, 2009).
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 49
A escolha das fontes depende dos objetivos da pesquisa, 
do tema e natureza da pesquisa. Hoje em dia, muitas fontes 
de pesquisa possuem versão digital e estão disponíveis na in-
ternet. O portal da CAPES é o padrão brasileiro para acesso a 
periódicos científicos, teses e dissertações, acessível através do 
endereço www.periódicos.capes.gov.br.
3.2 Documental
Os documentos constituem em uma importante fonte de pes-
quisa histórica, permite ao pesquisador comprovar documen-
talmente, embasando informações abordadas sobre o tema 
da pesquisa.
A principal característica desta técnica é que a fonte de 
dados consiste em documentos que podem ser obtidos nos 
momentos em que o fato ocorre, podendo ser escrito ou não. 
Esses materiais ainda não receberam tratamento analítico, di-
ferenciando-os das fontes bibliográficas.
Os documentos podem ser escritos, tais como: documen-
tos oficiais, publicações parlamentares, documentos jurídicos, 
documentos administrativos, fontes estatísticas, dentre outros. 
Contudo, os documentos podem ser de outras naturezas, tais 
como fotografias, gravações, vídeos, folclore, dentre outros 
(LAKATOS; MARCONI, 2009).
3.3 Observação
A observação é utilizada para conseguir informações e utiliza 
os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realida-
http://www.periódicos
50 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
de. Algumas estratégias de pesquisa a utilizam com frequência 
para a coleta de dados, dentre elas, o estudo de campo.
A observação pode ser realizada de diferentes formas, são 
elas:
Observação não estruturada: consiste em recolher e re-
gistrar fatos da realidade sem que o pesquisador utilize meios 
técnicos sistematizadas (estudos exploratórios sobre o campo 
a ser pesquisado).
Observação estruturada: utiliza instrumentos para a co-
leta de dados ou fenômenos observados. O observador sabe 
o que procura e o que carece de importância (quadros, ano-
tações, escalas).
Observação não participante: o pesquisador presencia o 
fato, mas não participa dele, faz mais o papel de espectador.
Observação participante: o observador se incorpora ao 
grupo, passa a fazer parte ativa do grupo pesquisado.
Observação individual: observação realizada por um 
pesquisador, pode ocorrer inferências ou distorções, mas pode 
intensificar a objetividade.
Observação em equipe: observação em equipe, em al-
guns casos pode ser mais aconselhável do que a individual, 
pois o grupo pode observar a ocorrência por diferentes ângu-
los.
Observação na vida real: observações efetuadas no âm-
bito real, registrando-se os dados à medida que forem ocor-
rendo. Realizar os registros no local.
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 51
Observação em laboratório: tenta descobrir a ação e a 
conduta que obteve em condições cuidadosamente dispostas 
e controladas.
3.4 Entrevista
A entrevista é uma técnica de coleta de dados utilizada em vá-
rias estratégias de pesquisa, tais como, levantamento e estudo 
de caso. Trata-se de uma excelente técnica para obtenção de 
dados subjetivos, tais como comportamentos, atitudes, opini-
ões etc.
A preparação da entrevista é uma das etapas mais impor-
tantes do seu processo, requer tempo e exige alguns cuidados, 
tais como (LAKATOS; MARCONI, 2009):
 Â o planejamento da entrevista deve ter em vista o objetivo 
a ser alcançado; 
 Â a escolha do entrevistado deve ser alguém que tenha 
familiaridade com o tema pesquisado; 
 Â a oportunidade da entrevista, ou seja, a disponibilidade 
do entrevistado em fornecer a entrevista, que deverá ser 
marcada com antecedência para que o pesquisador se 
assegure de que será recebido; 
 Â as condições favoráveis que possam garantir ao entre-
vistado o segredo de suas confidências e de sua identi-
dade;
 Â a preparação específica que consiste em organizar o ro-
teiro ou formulário com as questões importantes;
52 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
 Â Preparar com antecedência as perguntas a serem feitas 
ao entrevistado e a ordem em que elas devem aconte-
cer;
 Â Submeter a entrevista a um pré-teste, ou seja, procurar 
realizar uma entrevista com alguém que poderá fazer 
críticas;
 Â Não elaborar perguntas absurdas, arbitrárias, ambí-
guas, deslocadas ou tendenciosas;
 Â As perguntas devem ser feitas levando em conta a sequ-
ência do pensamento do pesquisado.
Além de todos os aspectos apresentados acima, é impor-
tante definir o tipo de entrevista que melhor irá atender as 
necessidades do tema, do entrevistador ou entrevistado, que 
pode ser:
Entrevista estruturada: é elaborada mediante questioná-
rio totalmente estruturado, todos os entrevistados respondem 
às mesmas perguntas, permitindo a comparação posterior de 
suas respostas. Como exemplo é possível citar os censos, pes-
quisa de opinião, intenção de votos etc.
Entrevista não estruturada: atende principalmente fina-
lidades exploratórias. O entrevistador introduz o tema e o en-
trevistado tem liberdade para discorrer sobre o tema sugerido. 
Entrevista semiestruturada: constitui-se em uma mescla 
entre a entrevista estruturada e a entrevista não estruturada, 
pois combina perguntas abertas e fechadas. Os entrevistados 
devem seguir um conjunto de questões previamente definidas 
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 53
no sentido de dirigir a discussão, porém, possuem liberdade 
de discorrer sobre elas.
3.5 Questionário
Os questionários são constituídos por uma série de perguntas 
ordenadas que devem ser respondidas por escrito. Por ser pos-
sível sua distribuição digital, possibilitam atingir um grande nú-
mero de pessoas. Podem ser preenchidos, no próprio local da 
pesquisa, em formulários digitais, cujo link é fornecido, pode 
ser enviado por meio digital ou correio físico.
Junto com o questionário deve-se enviar uma nota ou carta 
explicando a natureza da pesquisa, sua importância, necessi-
dade de obter respostas para o sucesso da pesquisa e o tempo 
que o respondente terá que dispender para respondê-lo. Pos-
sui um índice de retorno bem menor do que as entrevistas, por 
isso, é muito importante chamar a atenção do respondente 
seja no título utilizado da mensagem enviada, como no conte-
údo da carta explicativa (LAKATOS; MARCONI, 2009).
É importante, assim como nas entrevistas, que seja subme-
tido a um pré-teste, ou seja, antes de entregar aos responden-
tes, deve-se aplicar o questionário com algumas pessoas que 
possam fazer uma análise crítica.
Deve-se levar em conta os tipos, a ordem, os agrupamen-
tos de perguntas em sua formulação.
54 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
3.5.1 Tipos de questões
Um questionário pode ser construído com base em vários tipos 
de questões, tais como: questões abertas, questões fechadas e 
questões mistas; quanto ao relacionamento entre as questões, 
podem ser independentes ou dependentes (LAKATOS; MAR-
CONI, 2009).
Questões abertas: permitem ao informante responder li-
vremente, com suas palavras e com a possibilidade de emitir 
opinião. Uma pergunta ou questionamento é apresentado e 
deixa-se um espaço em branco para a resposta, sem qualquer 
tipo de restrição.
Questões fechadas: apresenta-se um questionamento e 
alternativasde resposta, dentre as quais o informante deve es-
colher. Esse tipo de questão facilita o processo de tabulação, 
embora restrinja a liberdade de resposta.
Questões fechadas de escolha simples categórica: o 
respondente deve escolher entre uma das alternativas de res-
posta, que exclui as demais. É importante garantir que qual-
quer que seja a situação ou opinião do informante, tenha uma 
alternativa que se enquadre, mesmo que essa seja “outro”, 
“prefiro não informar” ou “não se aplica”.
Questões fechadas de escolha simples forçada: o in-
formante deve escolher uma das alternativas, sendo a que 
mais se encaixe com sua percepção, escolha ou opinião. As 
alternativas não precisam ser excludentes, mas o informante 
deve escolher uma apenas. Pode ser informado no enunciado 
que apenas uma alternativa deve ser escolhida.
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 55
Questões fechadas de escolha simples a partir de uma 
escala: o informante deve escolher uma das alternativas, sen-
do a que mais se encaixe com sua percepção, escolha ou 
opinião. O informante deve emitir sua percepção por meio de 
uma escala de intensidade. As respostas sugeridas apresentam 
um grau de intensidade crescente ou decrescente (exemplo: 
concordo plenamente, concordo, não concordo nem discor-
do, discordo e discordo plenamente).
Questões fechadas de múltipla escolha: o informante 
pode selecionar mais de uma das alternativas de resposta for-
necidas.
Questões fechadas de classificação: o informante deve 
classificar as sugestões de resposta com base em um critério 
preestabelecido (exemplo, “Classifique de 1 a 6, da mais im-
portante para a menos importante...”).
Questões mistas: são questões de escolha simples ou múl-
tipla que apresentam, dentre as alternativas de resposta, uma 
questão aberta (exemplo de alternativas: jornal, revista, tele-
visão, indicação de um amigo e outro: indique qual:______).
Quanto à relação de dependência entre as questões, é in-
dependente caso o ato de respondê-la independa da respos-
ta de outras questões. Uma questão é dependente quando 
sua resposta depende de uma ou mais respostas fornecidas 
anteriormente.
56 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
3.6 Escala
Escalas são instrumentos construídos com o objetivo de medir 
a intensidade das percepções, opiniões e atitudes dos respon-
dentes, da forma mais objetiva possível (GIL, 2008). O objeti-
vo das escalas é permitir que se quantifique as respostas, dan-
do uma relação de distância padronizada entre as respostas a 
as análises estatísticas.
Existe mais de um tipo de escala, a saber:
Escala de intensidade: as perguntas são organizadas na 
forma de um mostruário, onde, para cada pergunta, existem 
respostas que variam de três a cinco graus. O mais indica-
do é a utilização de respostas com cinco graus de intensida-
de, evitando a tendência de se escolher o grau intermediário 
(exemplo: aprovo totalmente, aprovo com restrições, não te-
nho opinião definida, desaprova em certos aspectos, desapro-
va totalmente). 
Escala de Likert: apresentam cinco níveis de concordância 
em relação às afirmações acerca do assunto. Sua construção 
segue os seguintes passos:
Seleciona-se um grande número de enunciados ou afir-
mações que manifestem opinião ou atitude com relação ao 
objeto de estudo;
 Solicita-se a um número específico de pessoas que mani-
festem sua concordância ou discordância sobre cada um dos 
enunciados, de acordo com a graduação: concordo plena-
mente (5), concordo (4), indiferente (3), discordo (2) e discordo 
plenamente (1). 
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 57
3.7 Experimentação
A técnica de experimentação consiste em determinar um ob-
jeto de estudo, selecionar as variáveis que seriam capazes de 
influenciá-lo, definir as formas de controle e de observação 
dos efeitos que a variável produz no objeto. Se processa por 
tentativa e erro, e pode ser realizada em qualquer ambiente.
Trata-se do processo de investigação de pesquisa empírica 
que têm como principal finalidade testar hipóteses que dizem 
respeito a relações de causa e efeito. Ela envolve variáveis 
independentes e dependentes, conforme apresentado a seguir:
Variáveis independentes: consiste em diversas condições 
antecedentes tomadas como relevantes para a ocorrência de 
detemindo evento.
Variável dependente: representa o fato, o efeito, produzi-
do, suspenso ou afetado pela presença, ausência ou variações 
das variáveis independentes.
Técnica por excelencia adotada na pesquisa experimental, 
mas pode ser realizada também no laboratório e na pesquisa 
de campo. Ela normalmente exige a execução de seis passos, 
a saber:
 Â observação - acumula informações sobre os aconteci-
mentos; 
 Â organização - das informações recolhidas; 
 Â procura - de regularidades; 
58 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
 Â hipótese - tentativa de explicação das regularidades en-
contradas; 
 Â experimentação - verifica a hipótese colocada; e
 Â conclusão.
A experimentação poder ser aplica tanto às manifestações 
quantitativas e qualitativas, através das quais os indivíduos e 
seus comportamentos se revelam. Contudo, os aspectos quan-
titativos são mais relevantes, predominando o caráter de me-
dição do método.
4 Técnicas de análise de dados
Nesta seção, trabalharemos com as principais técnicas de aná-
lise de dados de pesquisa. Os dados, após serem coletados, 
devem ser organizados e analisados. Essas técnicas podem ser 
agrupadas de acordo com o tipo de dados a analisar. As téc-
nicas de análise de conteúdo, análise de discurso e análise do-
cumental são específicas para tratamento de dados em texto. 
As técnicas destinadas à análise de dados numéricos tomam 
como base matemática e estatística.
4.1 Análise de Conteúdo
Trata-se de um conjunto de técnicas de análise de comuni-
cações, as quais utilizam procedimentos sistemáticos e objeti-
vos de descrição do conteúdo das mensagens. Elas atuam na 
busca e geração de indicadores, tanto quantitativos quanto 
Capítulo 3 Métodos e Procedimentos de Pesquisa 59
qualitativos, que permitam a inferência dos conhecimentos re-
lativos às condições de produção e recepção da mensagem 
(AZEVEDO; MACHADO; SILVA, 2011). 
A análise de conteúdo é realiza em três etapas, conforme 
apresentado a seguir (BARDIN, 1995).:
pré-análise: consiste na fase de organização das informa-
ções, com objetivo de sistematizar ideias iniciais, de forma a 
conduzir a um esquema preciso do desenvolvimento de ope-
rações sucessivas. É a fase em que se inicia o contato com os 
documentos a serem analizados, a formulação das hipóteses e 
dos objetivos, além da elaboração de indicadores necessários 
para a interpretação final.
análise do material: compreende a transformação dos 
dados brutos almejando a compreensão do texto. A organiza-
ção da codificação encolve o recorte (escolha das unidades), 
a enumeração (escolha das regras de contagem) e a classifi-
cação (escolha das categorias. Permite atingir uma representa-
ção do contrúdo ou sua expressão, sucetível a esclarecimentos 
sobre as características do texto, podendo servir de índices;
tratamento de dados: os resultados são submetidos a 
operações que destacaram as informações obtidas. Nessa 
fase, são realizadas as interpretações e propostas as interfe-
rências. Corresponde a tratar os resultados brutos de forma a 
torná-los válidos e significativos. São utilizados procedimentos 
estatísticos com a intenção de produzir quadros de resultados, 
diagramas, figuras, modelos que sintetizam as informações 
fornecidas pela análise, além de conduzir à elaboração de 
conclusões finais.
60 Ciência, Inovação e Empreendedorismo
4.2 Análise de discurso
Esta técnica reúne a linguagem, o indivíduo e uma situação e/
ou contexto. Pressupõe-se que, através da linguagem, os par-
ticipantes da pesquisa comunicam-se e produzem um objeto 
(discurso) carregado de construções ideológicas. Ela focaliza 
a linguagem na forma como é utilizada em textos sociais, es-
critos

Outros materiais