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Aula ministrada pela professora Flora Paz 1 Maria Clara Cavalcante Hipotireoidismo e Hipertireoidismo Tireoide: • Glândula localizada na região ANTERIOR do pescoço • Possui dois lobos unidos pelos ISTMO • Extremamente vascularizada • Produz e armazena hormônios tireoidianos, que são responsáveis pela regularização do metabolismo de todas as células do organismo • Aumento do volume da tireoide é chamado de BÓCIO (quando o paciente deglute, ele sobe) • Palpação: identificar a cartilagem cricoide, pois abaixo dela está o ISTMO da tireoide Rápida explanação do funcionamento da tireoide: Hipotálamo produz o TRH, que estimulará a hipófise a produzir o TSH e esse TSH “manda” a tireoide produzir os hormônios T3 e T4 Se, por exemplo, tiver uma doença no hipotálamo, ele não produzirá TRH, então a hipófise não produzirá TSH e assim não haverá, por parte da tireoide, a produção de T3 e T4 – Esse é o hipotireoidismo TERCIÁRIO Caso Clínico 1: Id: E.L.C., 23 anos, sexo feminino, parda, estudante, solteira, natural e procedente de Sobral/CE QP: Sonolência excessiva e aumento do fluxo menstrual há 6 meses HDA: Relata que nos últimos 6 meses tem se sentido mais cansada que o normal, dorme nas aulas e não se sente disposta para nada. Além disso, seus ciclos menstruais encontram-se irregulares e com fluxo aumentado, se tornando um fato incomum na sua vida social. Queixa-se ainda de excesso de frio, queda de cabelo, unhas quebradiças e ganho de peso Exame físico: Bócio difuso 2x Antecedentes: Mãe com doença tireoidiana HIPOTIREOIDISMO É a deficiência na produção ou ação dos hormônios tireoidianos Alentecimento generalizado dos processos metabólicos – Metabolismo lento TSH e TRH elevados T3 e T4 baixos ❖ Pode ser dividido em: ➔ Primário: • Mau funcionamento da própria tireoide • Quando a própria glândula para de produzir hormônios • É a MAIORIA dos casos – 95% • Causa principal: Hipotireoidismo autoimune – Doença de Hashimoto Causa mais comum -> Tireoidite de Hashimoto -> autoimune • Bócio DIFUSO ATÓXICO ➔ Secundário: Causa hipofisária -> deficiência de TSH ➔ Terciário: Deficiência hipotalâmica do TRH ❖ HIPOTIREOIDISMO PRIMÁRIO: Quando a própria glândula para de produzir hormônios • É a MAIORIA dos casos – 95% Causa mais comum -> Tireoidite de Hashimoto -> autoimune • Bócio DIFUSO ATÓXICO Tóxico: Produzo muito Atóxico: Tem uma produção normal ou abaixo Fatores que influenciam: Aula ministrada pela professora Flora Paz 2 Maria Clara Cavalcante • Sexo feminino • Incidência aumenta com a idade (> 60 anos) • Doença nodular tireoidiana • História familiar de doença tireoidiana • Áreas com deficiência de iodo – iodo é a matéria-prima para a produção dos hormônios da tireoide – baixa ingestão de iodo • Síndrome de Down e síndrome de Turner • Radioterapia externa de cabeça e pescoço • Fármacos (antitireoidianas, iodo, lítio, amiodarona, contrastes radiológicos – podem bloquear a produção normal da tireoide, causando o hipotireoidismo) Baixa ingestão de iodo: menos produção de hormônios tireoidianos ❖ Diagnóstico Clínico: Sinais e sintomas: • Astenia • Sonolência • Voz arrastada • Hiporreflexia profunda – reflexos diminuídos • Edema facial • Anemia • Bradicardia • Pele seca e descamada • Intolerância ao frio • BS e AD Sistólica: CONTRATILIDADE Diastólica: RESISTÊNCIA VASCULAR PERIFÉRICA Se tem pouco hormônio, o coração baterá mais lento, então por isso a pressão sistólica é diminuída, uma vez que ela é dada pela contratilidade do coração. Já a diastólica é dada pela Resistência Vascular Periférica. Pacientes com hipotireoidismo possuem uma RVP maior, então aumenta a diastólica • 2/3 dos pacientes podem apresentar ganho ponderal – porém esse ganho de peso é modesto e consequente à retenção hídrica (não justifica grandes ganhos de peso) Obesidade NÃO faz parte do quadro de hipotireoidismo Hipotireoidismo primário antes e depois de 4 meses de terapia com L-tiroxina Cardiomegalia por derrame pericárdico antes e depois da reposição de L-tiroxina ❖ Exames complementares: Função tireoidiana: • TSH e TRH elevados • Baixos níveis de T3 e T4 Ultrassom de tireoide: • Aumento do volume e alteração do parênquima ❖ Diagnóstico: História clínica -> Exame físico -> Função tireoidiana -> Ultrassom de tireoide Aula ministrada pela professora Flora Paz 3 Maria Clara Cavalcante Caso clínico 2: ID: M.L.S., sexo feminino, 40 anos, casada, professora, procedente de Forquilha QP: “Estou muito nervosa e emagreci nos últimos 5 meses” HDA: Paciente relata quadro de nervosismo há 5 meses, irritabilidade e perda de cerca de 10kg, embora o apetite esteja aumentado. Associado a isso, também apresenta astenia, palpitações, tremores nas mãos, sudorese excessiva, aumento do número de evacuações e irregularidade menstrual. HPP: Nega comorbidades, internamentos ou acidentes. Não faz uso de medicações H.F: Mãe tem insuficiência cardíaca e operou a tireoide Hábitos: Tabagista 10 maços/ano EF: Pele quente e úmida, lesão de pele tipo placa de coloração violácea e aspecto semelhante ao de casca de laranja na região pré-tibial, bócio difuso e com sopro audível (provavelmente devido ao fluxo sanguíneo aumentado), exoftalmia (olhos ressaltados), ritmo cardíaco regular, PA: 150 X 90 mmHg MIXEDEMA PRÉ-TIBIAL – “Casca de laranja” EXOFTALMIA – “Olhar assustado” Qual a hipótese diagnóstica? Hipertireoidismo por Doença de Graves (principais sinais: exoftalmia, mixedema pré-tibial e bócio com sopro) Exoftalmia, mixedema pré-tibial e bócio com sopro apresentam-se apenas em Graves. HIPERTIREOIDISMO Síndrome clínica caracterizada pelo aumento do hormônio tireoidiano - Metabolismo rápido (acelerado) Doença de Graves é a causa mais comum de hipertireoidismo (80% dos casos) Bócio difuso TÓXICO TSH e TRH baixos Altos níveis de T3 e T4 Prevalência em 3% das mulheres e 0,5 nos homens Pico de incidência ocorre entre 30 e 60 anos, mas pode manifestar-se em qualquer faixa etária (crianças podem ter) ❖ Diagnóstico diferencial: • Doença de Graves • Bócio Nodular Tóxico ❖ Antecedentes pessoais: • Doença autoimune tireoidiana e extratireoidiana • Tabagismo – piora a exoftalmia (inflamação ocular) • História familiar de doença tireoidiana • Fármacos (amiodarona) ❖ Diagnóstico clínico: Manifestações -> efeito estimulatório dos hormônios tireoidianos sobre o metabolismo e os tecidos Sinais e sintomas: • Pele quente e úmida • Nervosismo • Sudorese excessiva • Intolerância ao calor • Palpitações • Taquicardia • Perda de peso • Apetite preservado ou aumentado • Exoftalmia (apenas em Graves) As alterações oculares irão acontecer apenas em GRAVES Aula ministrada pela professora Flora Paz 4 Maria Clara Cavalcante • Edema palpebral • Tremores • Fraqueza • Insônia • Hiperdefecação • Bócio DIFUSO – Graves • Bócio NODULAR TÓXICO – Nodular • Pode haver sopro (apenas em Graves) • AS e BD Alta Sistólica e Baixa Diastólica • Unhas de Plummer (Mais comuns em Graves) – Unhas com o “descolamento” – é raro • Mixedema pré-tibial (Graves) – se tiver ela é GRAVES! TRÍADE CLÁSSICA DA DOENÇA DE GRAVES: Caso o paciente tenha alguma delas, é certo pensar que o paciente tem Graves, vez que elas são típicas apenas de Graves. 1) Hipertireoidismo com BÓCIO DIFUSO 2) Oftalmopatia (exoftalmia, hiperemia conjuntival) 3) Mixedema pré-tibial Tendo qualquer uma das três já é Graves, não é necessário ter as três de uma vez só. ❖ Exames complementares: Função tireoidiana: • TSHe TRH baixos • Altos níveis de T3 e T4 Ultrassom de tireoide: • Aumento de volume • Alterações do parênquima • Aumento da vascularização -> GRAVES Cintilografia da tireoide: Serve para diferenciar a doença de Graves e o Bócio nodular tóxico. • Captação DIFUSA-> GRAVES Nódulos HIPERCAPTANTES. Percebe-se que ambos os lados estão na mesma coloração. • Captação NODULAR -> NÓDULO TÓXICO Apenas um nódulo será hipercaptante. O de laranja quer dizer que é a produção normal da tireoide, para saber, deve-se compará-lo às glândulas salivares, se estiver da mesma cor é normal, se estiver mais forte está aumentado. ➔ No hipertireoidismo é muito comum o aparecimento de bócio, já no hipotireoidismo também é comum, mas nem tanto. Assim, o aparecimento de bócio é mais comum em Hipertireoidismo do que em Hipotireoidismo. ❖ Diagnóstico: História clínica -> Exame físico -> Função tireoidiana -> Ultrassom de tireoide -> Cintilografia de tireoide ADENOMA TÓXICO – BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO Diagnóstico diferencial do hipertireoidismo ➔ Bócio UNINODULAR Tóxico/ Adenoma tóxico / Doença de Plummer: • Segunda causa mais comum de hipertireoidismo • 30 – 60 anos • Tumor benigno -> Capacidade de crescer e produzir T3 e T4 de forma autônoma Paciente só tem um nódulo produtor de hormônio em excesso. Em Graves, o excesso dos hormônios tireoidianos vem de toda a glândula e aqui é do nódulo específico. • > 2,5 – 3cm ➔ Bócio MULTINODULAR Tóxico: O paciente tem vários nódulos produtores de hormônio em excesso Assim, as duas doenças são iguais, o que as diferencia é apenas a quantidade de nódulos Aula ministrada pela professora Flora Paz 5 Maria Clara Cavalcante ❖ Apresentação clínica: Bócio nodular Sintomas de hipertireoidismo (tireotoxicose), exceto pela ausência de oftalmopatias, mixedemas... mas os sintomas são menos intensos do que em Graves Em Graves tudo está palpável, já aqui o nódulo é sentido. ❖ Apresentação laboratorial: Baixa quantidade de TSH e TRH Alta quantidade de T3 e T4 ❖ Ultrassom de tireoide: Presença e características dos nódulos ❖ Cintilografia de tireoide: Nódulo (s) hipercaptantes – mais de um nódulo é captado BÓCIO UNINODULAR TÓXICO BÓCIO MULTINODULAR TÓXICO Onde está mais “quente” é onde está sendo produzido a maior quantidade de hormônios Caso Clínico 3: Sinais flogísticos + febre aguda = Infecção Infecção na tireoide: tireoidite Qual o diagnóstico? Tireoidite aguda TIREOIDITES ➔ Tireoidite aguda: Causada por bactéria Acontece em um curto espaço de tempo Processo inflamatório decorrente de invasão bacteriana da glândula Dor/sinais flogísticos/febre/IVAS (infecção na via aérea superior) prévia (ex: faringite) Paciente teve uma infecção que foi para a corrente sanguínea, chegando na tireoide e infeccionou a glândula, causando a tireoidite aguda. Tratamento é feito com antibióticos e pode haver a formação de abscessos ➔ Tireoidite subaguda de Quervain ou granulomatosa: Causada por vírus Alteração na função tireoidiana, seguindo essa ordem: Hipertireoidismo -> hipotireoidismo -> eutireoidismo (normaliza) Dor à palpação Não há sinais flogísticos ➔ Tireoidite de Hashimoto: Autoimune -> agressão do tecido tireoidiano por anticorpos Hipotireoidismo Essa doença é crônica, ou seja, o paciente fica com hipotireoidismo e não se recupera mais ➔ Tireoidite de Ridel: Fibrosante e invasiva (invade os tecidos) É agressiva Muito rara Fisiopatologia desconhecida Aula ministrada pela professora Flora Paz 6 Maria Clara Cavalcante Tireoidites Tireoidite Aguda Tireoidite Subaguda de Quervain Tireoidite de Hashimoto Tireoidite de Ridel • Causada por BACTÉRIAS • Acontece em um curto período • Presença de DOR e SINAIS FLOGÍSTICOS • Causada por VÍRUS • Alteração na função tireoidiana na seguinte ordem: Hipertireoidismo -> Hipotireoidismo -> Eutireoidismo (normaliza) • Presença de DOR e ausência de sinais flogísticos • Autoimune Agressão do tecido tireoidiano por anticorpos • Causa hipotireoidismo Essa doença é crônica, assim sendo, o paciente não se recupera mais do hipotireoidismo • Fibrosante e invasiva (invade os tecidos) • É bem agressiva • Muito rara e de fisiopatologia desconhecida
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