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PRINCÍPIOS 
JURÍDICOS NAS 
ORGANIZAÇÕES
E-book 3
Natália Bonfim
Neste E-Book:
Introdução ���������������������������������������������������� 3
Contratos: noções gerais �������������������������4
Conceito ��������������������������������������������������������������������4
Evolução histórica ����������������������������������������������������7
Princípios contratuais no Código de Defesa 
do Consumidor ���������������������������������������������������������9
Função econômica do contrato ��������������������������� 10
Requisitos de validade dos contratos ����������������� 12
Princípios contratuais �����������������������������19
Os contratos na perspectiva civil-constitucional 19
Teoria da imprevisão �������������������������������������������� 27
Princípio da boa-fé ������������������������������������������������ 30
Princípio do equilíbrio econômico ����������������������� 32
Princípio da função social dos contratos ������������ 34
Considerações finais�������������������������������36
Síntese ���������������������������������������������������������38
2
INTRODUÇÃO
Neste módulo, você irá aprender a importância dos 
princípios jurídicos nas relações privadas, notada-
mente, no que se refere aos contratos�
Os contratos são instrumentos de circulação de ri-
queza, pois estão ligados ao desenvolvimento econô-
mico da sociedade� Na vida em sociedade, estamos 
a todo momento celebrando contratos, que discipli-
nam nossos interesses, com a finalidade de produzir 
determinados efeitos jurídicos�
Tendo em vista que os princípios são regramentos 
básicos que se aplicam a um determinado instituto 
jurídico, devemos estudar os princípios contratuais, 
que constituem o ponto mais importante do Direito 
dos Contratos, pois oferecem várias repercussões 
práticas nas relações privadas�
Aqui, você irá aprender:
• As noções gerais sobre os contratos: conceito, 
evolução histórica, análise pelo Código de Defesa 
do Consumidor, função econômica e requisitos de 
validade;
• Os princípios contratuais: princípios da autonomia 
da vontade, do consensualismo, da força obrigatória 
dos contratos, da boa-fé, do equilíbrio econômico e 
da função social dos contratos�
Siga adiante!
Bons estudos!
3
CONTRATOS: 
NOÇÕES GERAIS
Conceito
A vida em sociedade impõe que os homens se rela-
cionem de diversas maneiras� Todos nós estamos 
constantemente assumindo obrigações, como quan-
do compramos algo, devemos pagar; quando nos 
comprometemos a prestar um serviço, devemos 
fazê-lo; ou, quando alugamos uma casa, devemos 
pagar o aluguel�
Esses fatos decorrem da vontade humana e são 
reconhecidos pelo Direito como capazes de criar 
uma relação jurídica� É daí que nasce o conceito de 
contrato�
Lembre-se de que o negócio jurídico são atos jurí-
dicos que decorrem da manifestação de vontade 
das partes e têm por objetivo atingir uma finalidade 
específica. É por meio dele que as partes se vincu-
lam e estabelecem regras que irão disciplinar seus 
interesses�
Nesse contexto, o contrato é um negócio jurídico pelo 
qual as partes se ajustam para alcançar objetivos 
específicos. Caio Mário da Silva Pereira (2018, p. 4) 
conceitua contrato como “o acordo de vontades com 
a finalidade de produzir efeitos jurídicos”.
4
Assim, o contrato é um negócio jurídico que depende 
da manifestação de vontade de, pelo menos, duas 
partes� É, portanto, um negócio jurídico bilateral ou 
plurilateral� São exemplos de contratos a compra e 
venda, a locação, a doação, a prestação de serviços, 
o casamento�
O contrato distingue-se do ato unilateral, pois este 
demanda a manifestação de vontade de apenas 
uma das partes, como o testamento e a promessa 
de recompensa�
É nesse sentido que Carlos Roberto Gonçalves (2019, 
p. 22) conceitua contrato:
O contrato é uma espécie de negócio jurídico 
que depende, para a sua formação, da partici-
pação de pelo menos duas partes. É, portanto, 
negócio jurídico bilateral ou plurilateral. Com 
efeito, distinguem-se, na teoria dos negócios 
jurídicos, os unilaterais, que se aperfeiçoam 
pela manifestação de vontade de apenas uma 
das partes, e os bilaterais, que resultam de 
uma composição de interesses. Os últimos, 
ou seja, os negócios bilaterais, que decorrem 
de mútuo consenso, constituem os contratos. 
Contrato é, portanto, como dito, uma espécie 
do gênero negócio jurídico.
Desse modo, toda vez que estivermos diante de um 
negócio jurídico resultante de um acordo de vontades 
entre duas ou mais pessoas, estaremos diante de um 
5
contrato. Mas, para existir o contrato, seu objeto ou 
conteúdo deve ser lícito, isto é, não pode contrariar 
o ordenamento jurídico, a boa-fé, a sua função social 
e econômica e os bons costumes (TARTUCE, 2018, 
p. 1), como será estudado ao longo deste módulo.
Destaque-se que o Código Civil de 2002 não trouxe 
um conceito de contrato, deixando essa tarefa para a 
doutrina, mas disciplina a matéria em vinte capítulos, 
compreendendo vinte e três espécies de contratos 
nominados, distribuídos entre os arts. 481 a 853.
Os principais contratos típicos são a compra e a ven-
da, a troca, o contrato estimatório, a doação, a pro-
messa de venda, a locação, a prestação de serviços, 
a empreitada, o transporte, o empréstimo, o depósito, 
o mandato, a comissão, a agência, a distribuição, a 
corretagem, a representação dramática, a consti-
tuição de renda, o seguro, a fiança, a transação, os 
contratos bancários e os de incorporação imobiliária�
No entanto, novas figuras contratuais vêm surgin-
do no mundo dos negócios e, portanto, não estão 
previstas expressamente no Código Civil, estando 
disciplinados em leis específicas ou ainda não têm 
tratamento legal� Como exemplo, podemos citar os 
contratos de alienação fiduciária (leasing) ou os con-
tratos de know-how.
6
Evolução histórica
Como já mencionamos, a origem do contrato re-
monta aos primórdios da convivência do homem 
em sociedade, contudo, foi no Direito Romano que o 
contrato se estruturou como um acordo de vontades 
em torno de um determinado objeto�
O Direito Romano distinguiu os conceitos de con-
venção, contrato e pacto� Convenção era o gênero, e 
consistia no acordo de vontades que tinha por obje-
tivo alcançar determinados fins jurídicos. Contrato e 
pacto eram as espécies, sendo que o contrato gerava 
a obrigação e o direito de reclamar o seu não cum-
primento (direito de ação), enquanto o pacto gerava 
apenas a obrigação, mas não o direito de ação�
Os romanistas não formularam uma teoria geral dos 
contratos; eles conceituaram apenas alguns tipos 
de contratos� Posteriormente, a distinção entre con-
venção, contrato e pacto do Direito Romano desa-
pareceu, permanecendo apenas a distinção entre 
convenção e contrato�
Foi a partir da doutrina de Hans Kelsen que o contrato 
passou a ter o duplo sentido de acordo de vontades e 
norma, referindo-se tanto ao consentimento entre as 
partes como à regra pela qual as partes disciplinam 
seus interesses�
O Código Civil Francês (Código de Napoleão), de 
1804, foi o primeiro código moderno a distinguir 
entre convenção e contrato. Esse código trouxe o 
7
conceito de contrato em seu art� 1�101, ao dispor 
que “o contrato é uma convenção pela qual uma ou 
várias pessoas se obrigam, em face de um ou de 
várias outras, a dar, fazer, ou não fazer alguma coisa.”
Pelo conceito napoleônico, o contrato era um ins-
trumento voltado apenas à criação de obrigações, 
não sendo capaz de modificá-las ou extingui-las. 
A modificação e extinção de obrigações ocorriam 
pelas convenções, servindo o contrato, em verdade, 
como um meio de aquisição de propriedade, uma 
garantia de que a transferência de terras entre bur-
gueses e operários ocorria por meio de um acordo 
de vontades�
O conceito de contrato evoluiu e, em 1865, foi as-
sim definido pelo Código Civil Italiano: “o contrato é 
o acordo de duas ou mais pessoas para constituir, 
regular ou dissolver um vínculo jurídico”. Note que, 
ao contrário do Código Civil Francês, o legislador 
italiano admitiu queo contrato passasse a ser fonte 
de extinção de obrigações�
Hoje, convenção, contrato e pacto são usados como 
sinônimos e se referem a qualquer acordo de vonta-
des celebrado entre duas ou mais pessoas, predo-
minando a ideia de autonomia da vontade, em que 
as partes discutem livremente as regras aplicáveis 
ao negócio jurídico travado entre elas, em condições 
de igualdade�
No entanto, em nossa sociedade atual, esse tipo de 
contrato onde as partes discutem livremente as re-
gras do negócio vem sendo, cada vez mais, relegado 
8
a segundo plano. Isso porque são as empresas e o 
Estado que fornecem bens e serviços ao consumi-
dor final e os contratos passam a ser padronizados, 
sendo impostos a todos que necessitam de bens ou 
serviços, sem espaço para que o consumidor discuta 
suas cláusulas�
Neste contexto, verifica-se que o conceito originário 
de contrato, no qual predomina a autonomia da von-
tade, está em crise, pois a economia de massa exige 
contratos impessoais e padronizados�
Princípios contratuais 
no Código de Defesa do 
Consumidor
A Constituição Federal contemplou, no inc. XXXII do 
art. 5°, a defesa do consumidor como um dos direitos 
fundamentais do cidadão. Além disso, a Carta Magna 
instituiu a defesa do consumidor como princípio geral 
da ordem econômica, no inc� V do art� 170� 
Em 1990, foi promulgada a Lei n° 8.078, o Código 
de Defesa do Consumidor, que buscou contemplar 
a proteção à contratação de massa� Até o advento 
do Código de Defesa do Consumidor – CDC eram 
poucos os mecanismos de proteção do contratante-
-consumidor e, portanto, essa legislação veio asse-
gurar seus interesses econômicos�
No que se refere aos contratos, alguns princípios 
contratuais foram trazidos para o CDC, tais como 
9
o princípio da boa-fé (art. 51, inc. IV), o princípio da 
obrigatoriedade da proposta (art. 51, inc. VIII), o prin-
cípio da intangibilidade das convenções (art. 51, inc. 
X, XI e XIII) e o princípio da excessiva onerosidade 
(art. 51, §1°).
Esses princípios, ainda que estejam previstos no CDC, 
podem ser aplicados a todos os contratos� Desse 
modo, ao analisar o caso concreto, o juiz terá em 
mente a boa-fé dos contratantes, a abusividade de 
uma parte em relação à outra, a excessiva onerosida-
de etc�, como as regras gerais e cláusulas abertas de 
todos os contratos, pois os princípios são genéricos 
(VENOSA, 2018, p. 11).
A aplicação simultânea do Código Civil e do Código 
de Defesa do Consumidor aos contratos é chamada 
de diálogo das fontes, segundo o qual esses dois sis-
temas não se excluem, mas sim, se complementam�
Desse modo, o diálogo das fontes propõe a análise 
conjunta do Código de Defesa do Consumidor e do 
Código Civil como método de resolução de questões 
envolvendo contratos, diante da aproximação prin-
cipiológica entre esses dois sistemas legislativos e 
tendo em vista que ambos criaram uma nova teoria 
geral dos contratos�
Função econômica do contrato
A vida econômica se desenrola por meio da cele-
bração dos vários contratos disponíveis no ordena-
10
mento jurídico, pelos quais as partes regulam seus 
interesses� Diz-se, assim, que os contratos têm uma 
função econômica, que é a sua causa.
Segundo Orlando Gomes (2019, p.17), considerada a 
função econômica, os contratos classificam-se em:
a) para promover a circulação de riqueza;
b) de colaboração;
c) para prevenção de risco;
d) de conservação e acautelatórios;
e) para prevenir ou dirimir uma controvérsia;
f) para a concessão de crédito;
g) constitutivos de direitos reais de gozo, ou de 
garantia�
Porém, como mencionamos anteriormente, nem 
todos os contratos estão disciplinados na lei, admi-
tindo o Código Civil, em seu art. 425, que as partes 
estipulem contratos atípicos ou inominados� Assim, 
sempre que a obrigação estipulada entre as partes 
for suscetível de avaliação em dinheiro e corresponda 
a algum interesse, se estará diante de um contrato� 
Note, portanto, que os contratos exercem uma função 
econômico-social, pois estão ligados ao desenvol-
vimento econômico da sociedade� Contratos que 
regulam interesses sem utilidade social, fúteis ou 
improdutivos não são protegidos pelo Direito�
11
Quando se afirma que o contrato exerce uma função 
social, o que se quer dizer é que ele deve ser social-
mente útil, ou seja, que deve haver interesse público 
na sua tutela pelo Direito�
Em suma, os contratos constituem fatos econômicos, 
pois constituem veículos de circulação de riquezas, 
distribuindo renda e gerando empregos�
Eles também exercem uma função social, o que 
significa que não devem mais ser abordados ape-
nas como um acordo de vontades entre as partes 
interessadas; na concepção atual, os contratos de-
vem ser analisados e interpretados de acordo com o 
contexto social, garantindo que haja igualdade entre 
os contratantes e que os direitos de terceiros não 
sejam afetados�
Requisitos de validade dos 
contratos
Já dissemos que o contrato é um acordo de vontades 
com a finalidade de produzir efeitos jurídicos. Para 
produzir esses efeitos jurídicos, os contratos devem 
possuir alguns requisitos que irão conferir validade 
ao negócio jurídico�
Se o contrato possuir esses requisitos, será conside-
rado válido e irá produzir os efeitos jurídicos aguarda-
dos� Se esses requisitos não estiverem presentes, o 
negócio jurídico não será válido, não irá produzir os 
efeitos jurídicos esperados e será nulo ou anulável� 
12
Os requisitos de validade são de duas espécies: 
(a) de ordem geral: são os requisitos previstos no 
art� 104 do Código Civil – agente capaz; objeto 
lícito, possível, determinado ou determinável; e 
forma prescrita ou não defesa em lei; e
(b) de ordem especial: é o requisito específico dos 
contratos, qual seja, o consentimento ou acordo 
de vontades�
Assim, os requisitos de validade dos contratos divi-
dem-se em três grupos: subjetivos, objetivos e for-
mais� Vamos analisar cada um deles�
Requisitos subjetivos
Os requisitos subjetivos são:
(i) capacidade genérica dos contratantes: a capaci-
dade de agir é o primeiro elemento de validade dos 
contratos e diz respeito à capacidade de agir em 
geral, que pode não existir em razão da menoridade 
ou que pode ser reduzida em casos previstos no art� 
4° do Código Civil.
Segundo o art. 3° do Código Civil, “são absolutamen-
te incapazes de exercer pessoalmente os atos da 
vida civil os menores de 16 (dezesseis) anos”. Desse 
modo, em regra, menores de 16 anos não podem, por 
si só, celebrar contratos, devendo ter um represen-
tante legal para tanto�
13
De acordo com o art. 166, inc. I do Código Civil, “é 
nulo o negócio jurídico quando celebrado por pessoa 
absolutamente incapaz”. Por exemplo, se José, de 
15 anos, celebrar um contrato de compra e venda 
de um celular com João, ele será nulo, pois José 
não pode assinar contratos por si só, devendo ser 
representado por seu representante legal�
O parágrafo único do art. 5° do Código Civil estabe-
lece que a incapacidade cessa:
I) pela concessão dos pais, ou de um deles na falta 
do outro, mediante instrumento público, independen-
temente de homologação judicial ou por sentença do 
juiz, ouvido o tutor, se o menor tiver 16 anos completos;
II) pelo casamento;
III) pelo exercício de emprego público efetivo;
IV) pela colação de grau em curso de ensino superior;
V) pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela 
existência de relação de emprego, desde que, em 
função deles, o menor com 16 anos completos tenha 
economia própria�
De acordo com o art. 4° do Código Civil, são relativa-
mente incapazes para exercer os atos da vida civil:
I) os maiores de 16 e menores de 18 anos;
II) os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III) aqueles que, por causa transitória ou perma-
nente, não puderem exprimir sua vontade;
IV) os pródigos�
14
Os relativamente incapazes podem celebrar contra-
tos, mas desde que assistidos por seu representante 
legal, isto é: eles podem assinar contratos, mas não 
sozinhos; eles devem ser acompanhadospor seu 
representante legal�
Assim sendo, enquanto na incapacidade absoluta 
deve haver representação, na incapacidade relativa 
deve haver assistência�
No que se refere às pessoas jurídicas, quem pode ce-
lebrar contratos em seu nome são os representantes 
legais indicados no contrato social ou estatuto social�
(ii) capacidade específica para contratar: algumas 
vezes, para celebrar certos tipos de contratos, a lei 
exige que o contratante apresente uma capacidade 
especial, mais intensa que a capacidade geral� Por 
exemplo, nenhum dos cônjuges pode, sem autori-
zação do outro, exceto no regime da separação ab-
soluta, vender bens imóveis (art. 1.647, inc. I, CC).
(iii) consentimento ou acordo de vontades: é um 
requisito de ordem especial� As partes contratantes 
devem concordar quanto à existência e natureza do 
contrato; quanto ao objeto do contrato e quanto às 
cláusulas que o compõem�
Quando a lei não exigir, a manifestação de vontade 
pode ser tácita, isto é, é aquela que se observa pela 
conduta do agente� Segundo o art� 111 do Código 
Civil, quando não for necessária a declaração de von-
tade expressa e quando as circunstâncias ou os usos 
15
o autorizarem, o silêncio pode ser considerado como 
manifestação de vontade�
Quando a lei exigir, a manifestação de vontade deve 
ser expressa, ou seja, exteriorizada verbalmente, por 
escrito ou gesto�
Requisitos objetivos
Os requisitos objetivos se referem ao objeto do con-
trato que, de acordo com o art� 104 do Código Civil, 
deve ser:
(i) lícito: objeto lícito é aquele que não atenta contra 
a lei, a moral e os bons costumes� O objeto imediato 
do negócio é a prestação� É o ato de dar, fazer ou não 
fazer o que o devedor está sujeito� O objeto mediato 
é o próprio conteúdo da obrigação, a própria coisa�
(ii) possível: para o objeto ser possível, ele deve ser 
viável física e juridicamente. O objeto é fisicamen-
te impossível quando as leis da natureza impedem 
o seu cumprimento, por exemplo, se o sujeito se 
comprometer a realizar uma viagem de carro à lua, 
a prestação será fisicamente impossível.
O objeto juridicamente impossível é aquele não 
permitido pelo ordenamento jurídico, por exem-
plo, a venda de imóvel gravado com cláusula de 
inalienabilidade�
(iii) determinado ou determinável: o objeto será de-
terminado quando já estiver especificado no momen-
to da constituição da obrigação, como na hipótese 
16
em que o sujeito se obriga a entregar a casa da Rua 
Margarida, n° 20.
Por outro lado, o objeto será determinável se ainda 
não puder ser especificado, mas puder ser indicado 
pelo gênero e pela quantidade – são as chamadas 
obrigações genéricas (art. 243, CC) como quando o 
devedor se obriga a entregar dez sacas de café ao 
credor, sem especificar se do tipo A ou B.
Requisitos formais
Requisito formal é aquele que diz respeito à forma 
do contrato, que revela a manifestação da vontade 
das partes� A forma de elaboração do contrato deve 
estar prescrita em lei ou não ser proibida por lei�
No Direito brasileiro, em regra, a forma é livre, po-
dendo as partes celebrar o contrato verbalmente, 
por escrito, mediante contrato público ou particular, 
a não ser naqueles casos em que a lei exige certo 
formalismo (contrato escrito, público ou particular).
É o que prevê o art� 107 do Código Civil: “a validade 
da declaração de vontade não dependerá de forma 
especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. 
No entanto, conforme dispõem os inc. IV e V do art. 
166 do Código Civil, o negócio jurídico será nulo se 
“não revestir a forma prescrita em lei” ou “for prete-
rida alguma solenidade que a lei considere essencial 
para a sua validade”.
17
Para alguns tipos de contratos, a lei também determi-
na a publicidade, isto é, que o contrato seja registrado 
no sistema de Registros Públicos (art. 221, CC).
As formas dividem-se em três espécies:
(i) livre: a forma livre predomina no direito brasileiro, 
conforme previsto no supracitado art� 107 do Código 
Civil� Se a lei não exigir, a manifestação de vontade 
pode se dar de qualquer forma, seja por escrito, ver-
balmente, por meio de gestos, mímica, por contrato 
público ou particular;
(ii) especial ou solene: a forma especial subdivide-se 
em forma única ou múltipla� Forma única é aquela 
que a lei exige, não podendo ser substituída por outra� 
Por exemplo, no caso de venda de bens imóveis, a lei 
exige a escritura pública como elemento de validade 
do negócio jurídico (art. 108, Código Civil).
A forma múltipla ocorre quando o ato é solene, mas 
a lei permite que o negócio seja formalizado por di-
versos meios� Por exemplo, a renúncia da herança 
pode ser feita mediante escritura pública ou termo 
judicial (art. 1.806, Código Civil).
(iii) contratual: forma contratual é aquela acorda-
da entre as partes, por exemplo, quando as partes 
acordam que o negócio jurídico apenas será válido 
mediante a realização de um instrumento público 
(art. 109, Código Civil).
18
PRINCÍPIOS 
CONTRATUAIS
Os contratos na perspectiva 
civil-constitucional
Ao longo dessa disciplina, vimos estudando os princí-
pios jurídicos, que são aqueles regramentos básicos, 
extraídos das normas jurídicas, dos costumes, da 
doutrina, da jurisprudência, de aspectos políticos, 
econômicos e sociais e que se aplicam a um deter-
minado instituto jurídico, no caso em questão, aos 
contratos�
Os princípios constitucionais são os vetores que 
orientam a aplicação das normas da Constituição 
Federal de modo a se alcançar o fim pretendido da 
maneira mais ampla possível� Os princípios constitu-
cionais jurídicos são aqueles que informam a ordem 
jurídica nacional, decorrem das normas constitucio-
nais e são essenciais aos cidadãos�
Nesse contexto, os princípios contratuais devem 
ser analisados à luz da Constituição Federal, no 
que se chama de eficácia horizontal dos direitos 
fundamentais�
Essa teoria reconhece que os princípios constitucio-
nais e os direitos fundamentais podem e devem ser 
aplicados nas relações privadas, principalmente no 
19
contexto de uma sociedade desigual como a nos-
sa, visando assegurar o equilíbrio entre as partes 
contratantes�
Tendo em mente que os direitos fundamentais e os 
princípios constitucionais constituem a porta de en-
trada para as relações privadas, vamos estudar agora 
os princípios contratuais�
O Direito dos Contratos é regido por seis princípios: 
três princípios clássicos e três princípios modernos� 
Dentre os princípios clássicos, se encontram os prin-
cípios da autonomia da vontade, do consensualismo 
e da força obrigatória dos contratos�
Dentre os princípios modernos, se encontram os 
princípios da boa-fé, do equilíbrio econômico e da 
função social dos contratos�
Passemos à análise de cada um desses princípios�
Princípio da autonomia da vontade
No Direito dos Contratos, o princípio da autonomia da 
vontade significa a liberdade de contratar. Significa 
o poder que os indivíduos têm de, mediante uma 
manifestação de vontade, provocar a produção de 
efeitos jurídicos�
O princípio da autonomia da vontade se fundamenta 
na ampla liberdade contratual, que decorre do direito 
de liberdade previsto na Constituição Federal� As 
partes têm direito de celebrar ou não contratos, sem 
interferência do Estado, e podem celebrar contratos 
nominados ou atípicos�
20
Segundo Orlando Gomes (2019, p. 20), a liberdade 
de contratar se manifesta sob tríplice aspecto:
a) liberdade de contratar propriamente dita, que 
abrange os poderes que as partes têm de autorre-
gular seus interesses;
b) liberdade de estipular o contrato, que abrange o 
poder de livre discussão das cláusulas contratuais; e
c) liberdade de determinar o conteúdo do contrato, 
que abrange a escolha do tipo de contrato mais con-
veniente à atuação da vontade�
A liberdade de contratar propriamente dita diz res-
peito ao poder conferido às partes contratantes de 
provocar a produção de efeitos jurídicos, sem que a 
lei imponha seus preceitos� Prevalece a vontade dos 
contratantes, aplicando-sea lei supletiva ou subsi-
diariamente, em caso de silêncio ou carência das 
vontades particulares�
Assim, as partes são livres para determinar o con-
teúdo do contrato, permitindo-se que regulem seus 
interesses de maneira diversa ou até oposta àquela 
prevista na lei�
Destaque-se que a liberdade de contratar nunca foi 
ilimitada; ela sempre encontrou limites na ordem 
pública e nos bons costumes� Sempre se entendeu 
que as partes são livres para contratar, disciplinando 
seus interesses da maneira que melhor lhes convém, 
mas desde que respeitem esses dois limites�
21
A ordem pública pode ser conceituada como as leis 
que tratam dos interesses essenciais do Estado e da 
coletividade, por exemplo, as leis que consagram o 
princípio da liberdade e da igualdade dos cidadãos; 
os princípios fundamentais do direito de propriedade 
e as leis sobre o estado civil�
Os bons costumes também é uma expressão de di-
fícil conceituação, e refere-se aos valores morais 
e éticos vigentes na sociedade� São exemplos de 
contratos que atentam contra os bons costumes: 
os contratos que dizem respeito a jogos de azar; os 
contratos que tratam da exploração de casas de to-
lerância e os contratos que têm por objetivo o tráfico 
de influência.
Os contratos contrários à ordem pública e aos bons 
costumes são nulos� Ao reconhecer sua invalidade, o 
ordenamento jurídico limita a liberdade de contratar, 
o que leva à conclusão de que toda declaração de 
vontade é capaz de produzir o efeito jurídico dese-
jado, desde que seja lícita sua causa�
Carlos Roberto Gonçalves (2019, p. 42-43) observa 
que as limitações à liberdade de contratar, em seus 
três aspectos, têm aumentado consideravelmente� A 
faculdade de contratar e não contratar, atualmente, é 
relativa, pois a vida em sociedade obriga os indivídu-
os a realizar contratos de toda espécie, muitas vezes, 
sem opção de escolha� Por exemplo, o licenciamento 
de um veículo é condicionado à contratação de um 
seguro obrigatório�
22
A liberdade de escolha do outro contraente, de con-
tratar com quem quiser, atualmente sofre restrições, 
como nos casos de serviços públicos concedidos 
sob regime de monopólio e nos contratos submeti-
dos ao Código do Consumidor�
E, por fim, o poder de estabelecer o conteúdo do con-
trato, estipulando as partes as cláusulas contratuais 
para disciplinar seus interesses, sofre limitações 
pelas cláusulas gerais dos contratos, principalmente 
aquelas que tratam da função social do contrato e da 
boa-fé objetiva, do Código de Defesa do Consumidor 
e, principalmente, pelas exigências e supremacia da 
ordem pública�
Princípio do consensualismo
Pelo princípio do consensualismo, o acordo de vonta-
des entre as partes é suficiente para a formação do 
contrato, não se exigindo, em regra, forma especial� 
Esse princípio parte da ideia de que o contrato se 
perfaz com o simples consenso, independentemente 
da entrega da coisa�
O consenso dá origem ao contrato, porém isso não 
significa que todos os contratos sejam consensuais. 
Alguns deles dependem da realização de solenidades 
previstas na lei (contratos solenes) ou do cumpri-
mento de determinadas exigências (contratos reais) 
para serem considerados válidos�
Tendo em vista que a liberdade de contratar decorre 
do princípio da liberdade, as pessoas têm a faculda-
de de vincular-se pelo simples consenso� Por isso a 
23
lei deve se abster de estabelecer solenidades para 
a formação do contrato, exceto naqueles casos em 
que é necessário certo formalismo para garantir as 
partes contratantes�
Conforme previsto no art� 107 do Código Civil, as 
partes podem celebrar o contrato por escrito ou ver-
balmente, mediante instrumento público ou particular, 
a não ser quando a lei expressamente exigir o cum-
primento de determinada formalidade, por exemplo, 
contrato escrito para a venda de automóveis�
Verifica-se, portanto, que o consenso é a regra e o 
formalismo é a exceção�
Princípio da força obrigatória dos contra-
tos (pacta sunt servanda)
O princípio da força obrigatória dos contratos, tam-
bém chamado de pacta sunt servanda, consubstan-
cia-se na regra de que o contrato faz lei entre as 
partes, devendo ser por ela cumprido como se suas 
cláusulas estivessem previstas em lei�
Desse modo, as cláusulas contratuais têm força obri-
gatória para os contratantes, devendo ser cumpridas 
tal como foram avençadas. Esse princípio significa, 
ainda, a intangibilidade, isto é, que a palavra dada pe-
las partes é irreversível� As partes, então, não podem 
se negar ao cumprimento das cláusulas contratuais, 
devendo honrar a palavra empenhada�
24
FIQUE ATENTO
O princípio do pacta sunt servanda não é aplicá-
vel apenas às relações privadas� Quando o Brasil 
celebra um acordo, tratado ou convenção com 
outros países, parte-se do pressuposto de que os 
Estados signatários irão cumprir suas cláusulas, 
pois se trata de obrigação por eles assumida, que 
faz lei entre as partes�
Um exemplo é o tratado de extradição. No pla-
no internacional, o tratado de extradição faz lei 
entre as partes e a ele se aplicam o princípio da 
autonomia da vontade, da boa-fé e do pacta sunt 
servanda, de acordo com o art. 26 da Convenção 
de Viena sobre o Direito dos Tratados� Disponí-
vel no link http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_
Ato2007-2010/2009/Decreto/D7030.htm�
O pacta sunt servanda já era regra máxima do Direito 
Romano, que determinava que deveriam prevalecer 
as cláusulas contratuais estipuladas no contrato� 
Não havia a possibilidade de revisão ou extinção 
do contrato, sem justificativa plausível, sob pena de 
acarretar insegurança jurídica ao sistema�
No entanto, o mundo globalizado não mais possi-
bilita que o contrato seja concebido como algo es-
tanque, absoluto, sem espaço para modificações. 
Hoje, passou-se a aceitar, de maneira excepcional, a 
intervenção judicial em certos contratos, para corrigir 
desequilíbrios entre as partes�
25
Nesse contexto, o princípio da força obrigatória dos 
contratos continua previsto em nosso ordenamento 
jurídico, mas não mais como regra geral, como antes 
era concebido�
Hoje, tendo em vista que o contrato representa o 
interesse coletivo, admite-se a intervenção externa� 
Em algumas circunstâncias, a força obrigatória dos 
contratos pode ser revista pelo juiz, em verdadeira 
exceção ao princípio da intangibilidade�
Para justificar a exceção à regra do pacta sunt ser-
vanda, a doutrina resgatou do Direito Canônico a 
expressão rebus sic stantibus� A cláusula rebus sic 
stantibus é uma exceção ao pacta sunt servanda, e 
significa que as regras contratuais devem continuar 
a valer, desde que as condições de fato existentes 
no momento da assinatura do contrato continuem 
as mesmas�
SAIBA MAIS
Para saber mais sobre os significados de pacta 
sunt servanda e rebus sic stantibus, acesse o ví-
deo “AGU Explica - Pacta Sunt Servanda e Rebus 
Sic Stantibus”, disponível no link https://www.
youtube.com/watch?v=31e80lBSIRc�
Assim, se ao longo da execução do contrato surgir 
um fato imprevisto que as partes não esperavam 
que pudesse ocorrer quando assinaram o contrato, 
tornando difícil para uma das partes cumprir a obri-
26
https://www.youtube.com/watch?v=31e80lBSIRc
https://www.youtube.com/watch?v=31e80lBSIRc
gação, aplica-se a cláusula rebus sic stantibus para 
restabelecer o equilíbrio contratual entre as partes� 
Todavia, não basta a mera alteração nas circuns-
tâncias de fato para justificar a quebra do contrato. 
Para se admitir a intervenção judicial no contrato 
é essencial que as partes não pudessem prever a 
mudança desse estado quando de sua celebração, 
requisito este que deu origem à teoria da imprevisão, 
que iremos estudar no próximo tópico�
Teoria da imprevisão
A teoria da imprevisão parte do princípio de que a 
alteração das circunstâncias de fato existentes no 
momento da assinatura do contrato seja de tal ordem 
que cause onerosidade excessiva a uma das partes, 
isto é, torne muito difícil o cumprimento da prestação 
por uma das partescontratantes�
Nesse sentido, a imprevisão deve decorrer de circuns-
tâncias extraordinárias, a ponto de acarretar à parte 
contratante excessiva dificuldade no cumprimento da 
obrigação. A modificação na prestação deve ser tão 
gravosa, que o contratante não conseguiria cumpri-la 
sem se sacrificar economicamente.
Quando a alteração no estado de fato é demasiada-
mente grande, a parte contratante pode requerer ao 
juiz a revisão do contrato com base na teoria da im-
previsão, como ensina Orlando Gomes (2019, p. 33):
27
Portanto, quando acontecimentos extraordiná-
rios determinam radical alteração no estado 
de fato contemporâneo à celebração do con-
trato, acarretando consequências imprevisí-
veis, das quais decorre excessiva onerosidade 
no cumprimento da obrigação, o vínculo con-
tratual pode ser resolvido ou, a requerimento 
do prejudicado, o juiz altera o conteúdo do 
contrato, restaurando o equilíbrio desfeito. Em 
síntese apertada: ocorrendo anormalidade da 
alea que todo contrato dependente de futuro 
encerra, pode-se operar sua resolução ou a 
redução das prestações.
A teoria da imprevisão consiste, portanto, na pos-
sibilidade de revisão judicial dos contratos quando 
ocorrem eventos extraordinários e imprevisíveis, tor-
nando-se excessivamente oneroso o cumprimento 
da obrigação por uma das partes contratantes, o 
que é viabilizado pela aplicação da cláusula rebus 
sic stantibus�
O Código Civil dispõe, em três artigos, sobre a pos-
sibilidade de resolução (dissolução) dos contratos 
por onerosidade excessiva, como seguem:
Art. 478. Nos contratos de execução continu-
ada ou diferida, se a prestação de uma das 
partes se tornar excessivamente onerosa, com 
extrema vantagem para a outra, em virtude de 
acontecimentos extraordinários e imprevisí-
veis, poderá o devedor pedir a resolução do 
28
contrato. Os efeitos da sentença que a decre-
tar retroagirão à data da citação.
Art. 479. A resolução poderá ser evitada, ofe-
recendo-se o réu a modificar equitativamente 
as condições do contrato.
Art. 480. Se no contrato as obrigações cou-
berem a apenas uma das partes, poderá ela 
pleitear que a sua prestação seja reduzida, ou 
alterado o modo de executá-la, a fim de evitar 
a onerosidade excessiva.
Note que os dispositivos legais supracitados dizem 
respeito à resolução do contrato por onerosidade 
excessiva e modos de evitá-la, mas o art� 317 do CC 
prevê a possibilidade de a parte pleitear a revisão 
do contrato:
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, 
sobrevier desproporção manifesta entre o va-
lor da prestação devida e o do momento de 
sua execução, poderá o juiz corrigi-lo, a pedi-
do da parte, de modo que assegure, quanto 
possível, o valor real da prestação.
Com base nas cláusulas gerais, sempre será possível 
requerer a revisão judicial dos contratos quando um 
fato superveniente desvirtuar sua finalidade social, 
29
violar a boa-fé e significar o enriquecimento inde-
vido para uma das partes, em detrimento da outra 
(GONÇALVES, 2019, p. 52).
Logo, a parte poderá requerer a revisão judicial do 
contrato naqueles casos em que ainda for possível 
manter o vínculo contratual, apenas modificando-se 
a prestação (arts. 317 e 479, CC), ou poderá requerer 
a resolução do contrato (arts. 317 e 478, CC) com 
base nas cláusulas gerais do fim social do contrato 
(art. 421, CC), da boa-fé (art. 422, CC) e do enrique-
cimento injusto (art. 884, CC).
Por fim, deve-se ressaltar que os riscos normais do 
contrato excluem a possibilidade de aplicação da te-
oria da imprevisão, pois são previsíveis no momento 
da celebração do negócio jurídico, como já decidiu 
o STJ em caso em que a parte pedia a resolução do 
contrato de safra futura de soja com base na teoria 
da imprevisão�
Para conhecer os fundamentos da decisão daquele 
Tribunal, acesse o podcast 1 - Contrato de safra futura 
de soja e teoria da imprevisão.
Podcast 1 
Princípio da boa-fé
O art� 422 do Código Civil dispõe sobre o princípio 
da boa-fé contratual, nos seguintes termos:
30
https://famonline.instructure.com/files/118838/download?download_frd=1
Art. 422. Os contratantes são obrigados a 
guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de pro-
bidade e boa-fé.
O princípio da boa-fé determina que as partes con-
tratantes ajam de maneira correta durante toda a 
relação contratual, isto é, desde as negociações 
preliminares, passando pela assinatura do contrato 
e durante a execução contratual� A probidade men-
cionada no dispositivo legal em questão diz respei-
to à honestidade na forma de proceder pela parte 
contratante�
Modernamente, a doutrina distingue entre boa-fé 
subjetiva e boa-fé objetiva� A primeira se refere ao 
estado psicológico do indivíduo e é muito utilizada no 
Direito das Coisas, por exemplo, quando uma pessoa 
compra um imóvel sem saber que ele foi penhorado 
em ação judicial� A boa-fé subjetiva, portanto, está 
ligado a uma concepção psicológica da boa-fé no 
sentido de que a parte acredita estar agindo de acor-
do com o Direito, mas a realidade é outra�
A boa-fé objetiva se refere a uma regra de conduta, 
a um modelo de comportamento que se espera do 
sujeito perante a sociedade� Está relacionada a uma 
concepção ética da boa-fé� O princípio da boa-fé se 
refere à boa-fé objetiva�
Além do art� 422, o Código Civil traz outros dois dis-
positivos que tratam da cláusula geral da boa-fé – os 
arts. 113 e 187, como seguem:
31
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser in-
terpretados conforme a boa-fé e os usos do 
lugar de sua celebração.
[...]
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular 
de um direito que, ao exercê-lo, excede ma-
nifestamente os limites impostos pelo seu 
fim econômico ou social, pela boa-fé ou pelos 
bons costumes.
Assim sendo, à luz do princípio da boa-fé e dos ele-
mentos que o compõem – ética, probidade, lealdade, 
confiança –, o juiz irá apreciar conduta adotada pela 
parte contratante, levando em consideração ainda 
os usos e costumes do lugar da celebração do con-
trato� Se entender que o comportamento adotado 
pela parte contratante violou o princípio da boa-fé, 
a conduta é ilícita�
Princípio do equilíbrio 
econômico
O princípio do equilíbrio econômico, também cha-
mado de sinalagma, está previsto no Código Civil 
como fundamento de duas figuras jurídicas: a lesão 
e a revisão ou resolução do contrato por onerosidade 
excessiva.
32
Já analisamos a revisão ou resolução do contrato 
por onerosidade excessiva. Vamos verificar a lesão, 
prevista no art. 157 do Código Civil:
Art. 157. Ocorre a lesão quando uma pessoa, 
sob premente necessidade, ou por inexperi-
ência, se obriga a prestação manifestamente 
desproporcional ao valor da prestação oposta.
§ 1o Aprecia-se a desproporção das presta-
ções segundo os valores vigentes ao tempo 
em que foi celebrado o negócio jurídico.
§ 2o Não se decretará a anulação do negócio, 
se for oferecido suplemento suficiente, ou se 
a parte favorecida concordar com a redução 
do proveito.
Funciona, assim, esse princípio como limite à força 
obrigatória dos contratos, pois se admite a interven-
ção judicial para restabelecer o equilíbrio econômi-
co entre as partes contratantes, com o objetivo de 
atingir a igualdade de condições para a celebração 
do negócio jurídico�
33
Princípio da função social dos 
contratos
O princípio da função social dos contratos está 
previsto no art� 421 do Código Civil, nos seguintes 
termos:
Art. 421. A liberdade de contratar será exerci-
da em razão e nos limites da função social do 
contrato, observado o disposto na Declaração 
de Direitos de Liberdade Econômica.
Segundo Humberto Theodoro Júnior (2004, p. 31), 
“a função social do contrato consiste em abordar a 
liberdade contratual em seus reflexos sobre a socie-
dade (terceiros) e não apenas no campo das relações 
entre as partes que o estipulam (contratantes)”.
Desse modo, as partes contratantes devem se cercar 
de todos os cuidados possíveis para evitar que a ce-
lebração donegócio jurídico prejudique injustamente 
os direitos de terceiros alheios ao contrato�
A função social dos contratos não se esgota apenas 
no art� 421 do Código Civil� O parágrafo único do art� 
2.035 dispõe que “nenhuma convenção prevalecerá 
se contrariar preceitos de ordem pública, tais como 
os estabelecidos por este Código para assegurar a 
função social da propriedade e dos contratos”.
Efetivamente, a liberdade de contratar está subordi-
nada à sua função social, com prevalência dos princí-
34
pios condizentes com a ordem pública� Considerando 
que o direito de propriedade deve ser exercido de 
acordo com sua função social, como determina a 
Constituição Federal, e se viabiliza por meio dos con-
tratos, é por isso que o Código Civil estabelece que a 
liberdade de contratar não pode se afastar daquela 
função (GONÇALVES, 2019, p. 25).
A função social do contrato, portanto, decorre da 
função social da propriedade, e constitui matéria 
de ordem pública, pois o contrato deixou de ser um 
instrumento da autonomia da vontade, para se tor-
nar um instrumento que também deve realizar os 
interesses da coletividade�
Recentemente, foi editada a Medida Provisória 
n° 881/2019, denominada de “MP da Liberdade 
Econômica”, que propõe a alteração do art. 421 do 
Código Civil, relativizando a função social do contra-
to� Saiba mais sobre o assunto no podcast 2 - MP 
da Liberdade Econômica e relativização da função 
social do contrato.
Podcast 2 
35
https://famonline.instructure.com/files/118839/download?download_frd=1
CONSIDERAÇÕES 
FINAIS
Parabéns, estudante, você concluiu mais um Módulo 
desta disciplina!
Neste Módulo, você aprendeu a importância dos 
contratos para o desenvolvimento econômico da 
sociedade�
Por serem instrumentos de circulação de riquezas, os 
contratos não mais se prendem apenas à autonomia 
da vontade; embora as partes contratantes sejam 
livres para estipular as cláusulas contratuais, elas 
deverão agir sempre com boa-fé e cuidar para que 
o negócio jurídico celebrado não afete os direitos 
de terceiros�
Hoje, no contexto de uma econômica globalizada, 
os contratos devem atender aos interesses da cole-
tividade e, por isso, admite-se a intervenção judicial 
para restabelecer o equilíbrio econômico, evitando 
onerosidade excessiva no cumprimento da prestação 
por uma das partes contratantes�
Assim, se apresentam os princípios contratuais: 
como regramentos básicos que devem ser aplicados 
ao negócio jurídico, para alcançar equilíbrio, igualda-
de de condições e justiça entre as partes contratan-
tes� São normas gerais e abstratas que norteiam a 
existência, a validade e o cumprimento dos contratos�
36
Enquanto cidadãos que estamos a todo momento 
celebrando contratos, conhecer os princípios contra-
tuais é essencial para exercermos nossos deveres 
e reivindicarmos nossos direitos, sempre à luz dos 
princípios constitucionais, já que os direitos funda-
mentais previstos na Constituição Federal são a porta 
de entrada para as relações privadas�
37
Síntese
• Princípio da autonomia da vontade, princípio do 
consensualismo, princípio da força obrigatória dos 
contratos (pacta sunt servanda), princípio da 
boa-fé, princípio do equilíbrio econômico, princípio 
da função social do contrato.
PRINCÍPIOS
CONTRATUAIS
CONTRATOS: 
NOÇÕES GERAIS
Parabéns, estudante! Você chegou ao fim da 
terceira unidade dessa disciplina. Em síntese, 
isso é o que você aprendeu até agora: 
PRINCÍPIOS JURÍDICOS
NAS ORGANIZAÇÕES
• Negócio jurídico bilateral ou plurilateral, pois 
depende da manifestação de vontade de duas ou 
mais pessoas, que tem por objetivo produzir os 
efeitos jurídicos desejados pelas partes. 
• Princípios contratuais no Código de Defesa do 
Consumidor: pode ser aplicados a todos os 
contratos diálogo das fontes. 
• Função econômica do contrato: o contratos 
exercem uma função econômico-social, pois estão 
ligados ao desenvolvimento econômico da 
sociedade.
• Requisitos de validade dos contratos: conferem 
validade ao negócio jurídico. São eles: requisitos 
subjetivos, objetivos e formais.
Subjetivos capacidade genérica, capacidade 
específica e consentimento ou acordo de 
vontades. Objetivos objeto lícito, possível, 
determinado ou determinável. Formais livre, 
especial ou solene e contratual.
Referências 
Bibliográficas 
& Consultadas
BRASIL. Constituição (1988). Constituição Federativa 
do Brasil. Brasília, DF, 1988.
BRASIL. Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990. 
Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras 
providências� Diário Oficial da União, Brasília, DF, 12 
set. 1990 (edição extra).
GONÇALVES, Carlos Roberto. Direito civil brasileiro, 
volume 3: contratos e atos unilaterais. 16. ed. São 
Paulo: Saraiva Educação, 2019�
GOMES, Orlando. Contratos. 27� ed� Rio de Janeiro: 
Forense, 2019�
PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de Direito 
Civil, volume 3: contratos; rev� e atual� por Caitlin 
Mulholland. 22. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
TARTUCE, Flávio. Direito civil, v. 3: teoria geral dos 
contratos e contratos em espécie� 13� ed� rev�, atual� 
e ampl. Rio de Janeiro: Forense, 2018.
THEODORO JÚNIOR, Humberto. O contrato e sua 
função social� Rio de Janeiro: Forense, 2004� 
VENOSA, Silvio de Salvo� Direito civil: contratos� São 
Paulo: Atlas, 2018. 
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	Introdução
	Contratos: noções gerais
	Conceito
	Evolução histórica
	Princípios contratuais no Código de Defesa do Consumidor
	Função econômica do contrato
	Requisitos de validade dos contratos
	Princípios contratuais
	Os contratos na perspectiva civil-constitucional
	Teoria da imprevisão
	Princípio da boa-fé
	Princípio do equilíbrio econômico
	Princípio da função social dos contratos
	Considerações finais
	Síntese

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