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Teoria Geral dos Contratos - Direito Civil

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Teoria geral dos contratos 
 
 
1. Conceito 
Contrato é o acordo de vontades (negócio jurídico bilateral ou plurilateral) 
para o fim de adquirir, modificar, transferir ou extinguir direitos, sendo a fonte 
principal do direito das obrigações. Seu objeto deve ser lícito, não contrariando o 
ordenamento jurídico, a boa-fé, a sua função social e econômica e os bons 
costumes. 
O conceito de contrato surgiu a partir do momento em que as pessoas 
passaram a se relacionar e a viver em sociedade - troca ou escambo (art. 533, CC). 
Os pactos são feitos com o objetivo de satisfazer os interesses da coletividade, 
diferentemente de antigamente, que visavam atender ao interesse particular dos 
contratantes. 
 
Pacta sunt servanda: o contrato faz lei entre as partes. 
Novos princípios sociais contratuais: 
A. Boa-fé objetiva: regras gerais de conduta impostas a toda a sociedade. 
Impõe ao contratante um padrão de conduta, de agir com retidão, ou 
seja, com probidade, honestidade e lealdade, nos moldes do homem 
comum, atendidas as peculiaridades dos usos e costumes do lugar. 
B. Função social dos contratos: o contrato faz efeito em todas as partes 
envolvidas. 
C. Justiça contratual: ocorre quando é dado ao às partes aquilo que lhe é 
devido. 
D. Equivalência material: cada um ter aquilo que pagou de forma justa. 
 
 
2. Função social do contrato 
Pirâmide de Maslow - psicólogo americano. O ser humano, para ser feliz, precisa ter 
satisfeito todas essas esferas: 
● Auto realização 
● Autoestima 
● Sociais - lazer e relacionamentos sociais. 
● Segurança - ordenamento jurídico, abrigo, etc. 
● Básicas - necessidades físicas e naturais. 
 
 
O foco principal do contrato não é o patrimônio, mas sim o indivíduo que 
contrata. Seu fundamento é a perpetuação da vida humana, ou seja, o atendimento 
das necessidades da pessoa. A real função do contrato não é atender aos 
interesses do mercado, mas sim da pessoa humana. 
 
3. Diálogo das fontes - CC/2002 e CDC 
 
 
A pós-modernidade está enfocando com uma grande força os direitos 
humanos, havendo uma multiplicidade de leis que regulam o mesmo fato por haver 
um pluralismo de sujeitos a proteger. Claudia Lima Marques afirma que precisa 
haver diálogo entre o Código Civil e o CDC, por a maioria dos contratos serem 
regidos pelas duas legislações. 
A. Quando há aplicação simultânea das duas leis, está sendo feito um 
diálogo sistemático de coerência. 
B. Se o caso for de aplicação coordenada de duas leis, uma norma 
poderá complementar a outra. Principal e subsidiário. 
C. Os diálogos de influências recíprocas sistemáticas estão 
presentes quando uma lei sofre a influência de outra. 
 
4. Elementos constitutivos do contrato - escada ponteana 
 
 
A. Plano de existência (1º degrau) pressupostos de existência, subjetivos: 
Para um contrato existir, faz-se necessário os agentes, vontade de contratar, 
objeto e forma (verbal, telefônica, escrita, etc.) 
No plano de existência estão os pressupostos para um negócio jurídico, seus 
elementos mínimos, seus pressupostos fáticos enquadrados dentro dos elementos 
essenciais do negócio jurídico. Não havendo nenhum dos elementos, o negócio 
jurídico é inexistente. 
B. Plano de validade (2º degrau) requisitos de validade, adjetivos: 
Nos agentes deve se encontrar a capacidade, na vontade deve haver 
liberdade, deve-se verificar a licitude (possibilidade formal) do objeto, analisando se 
ele é possível (possibilidade material), determinado e adequado. 
Esses elementos de validade constam no art. 104 do Código Civil. Ausentes 
os requisitos de validade o negócio jurídico será nulo (nulidade absoluta) de pleno 
direito (inquinado de vício) ou anulável, se celebrado por relativamente incapaz ou 
com vício de consentimento leve. 
 
C. Plano de eficácia (3º degrau) efeitos do negócio: 
-Condição: te darei um carro quando você terminar a faculdade. Futuro 
incerto. 
-Termo: te darei um carro dia 30/2023 se você terminar a faculdade. Futuro 
certo. 
 
 
carro. 
 
 
-Encargo: te darei um carro se você se comprometer a X coisa referente ao 
 
 
- Juros adicionais, cláusula penal, etc. 
No plano de eficácia estão os elementos relacionados com as consequências 
do negócio jurídico, ou seja, com a suspensão e a resolução de direitos e deveres 
relativos ao contrato, em relação às partes e em relação à terceiros. 
 
Um contrato estabelecido sob a égide do CC 1916 poderá ser atingido, de alguma 
forma, pelo atual Código Civil? Art. 2.035, CC.* 
- A regra quanto à aplicação das normas no tempo, é de que, quanto à 
validade dos negócios jurídicos deve ser aplicada a norma do momento da 
sua constituição ou celebração. 
- Quanto à condição, ao termo, ao encargo, às consequências do 
inadimplemento do contrato, aos juros, à multa, à resolução, à resilição, ao 
registro imobiliário, deve ser aplicada a norma do momento da produção dos 
efeitos, o Código Civil de 2002. 
A Escada Ponteana indica que o plano seguinte não pode existir sem o 
anterior, ou seja, para que o negócio ou contrato seja eficaz, deve ser existente e 
válido, em regra; para ser válido, deve existir. 
Todavia, é possível que um negócio ou contrato exista, seja inválido e esteja 
gerando efeitos: 
● Contrato acometido pelo vício da lesão (pagar um preço mais alto do 
que vale no mercado) (art. 157 do CC/2002). 
● Se a ação anulatória não for proposta no prazo decadencial de quatro 
anos, a contar da celebração do negócio, o contrato será convalidado. 
A convalidação é o fenômeno jurídico pelo qual o negócio inválido 
passa a ser tido juridicamente como válido. 
 
5. Princípios contratuais 
 
 
a. Autonomia privada: é a possibilidade, oferecida e assegurada aos 
particulares, de regularem suas relações mútuas dentro de determinados 
limites, por meio de negócios jurídicos, em especial mediante contratos. As 
partes podem ou não celebrar contratos sem interferência do Estado; A 
liberdade de contratar é direito existencial da personalidade. Podem escolher 
um contrato nominado (21 tipos no Código Civil) ou fazer combinações 
(contrato inominado). A liberdade de contratar não é absoluta: o Estado impõe 
alguns contratos (ex.: água, energia elétrica). O direito existencial prevalece 
sobre o patrimonial (art. 496). A parte economicamente mais forte dita as 
regras do contrato. Contrato standard ou de adesão (ex.: empréstimo no 
banco). 
 
b. Função social do contrato: um bem coletivo deve prevalecer sobre o 
individual. A realização de um contrato deve beneficiar as partes e não deve 
prejudicar os que estão em volta. Art. 421: A liberdade contratual será 
exercida nos limites da função social do contrato. Parágrafo único. Nas 
relações contratuais privadas, prevalecerão o princípio da intervenção mínima 
(Estado hoje não pode intervir principalmente nos grande conglomerados) e a 
excepcionalidade da revisão contratual. O contrato deve obedecer a função 
social porém a intervenção do Estado tem que ser mínima, e há direito a 
revisão contratual. A função social do contrato veio flexibilizar o pacta 
sunt servanda. 
 
Art. 421-A. Os contratos civis e empresariais presumem-se paritários 
(contratos de partes economicamentes semelhantes/iguais) e simétricos 
(caminhando emparelhados) até a presença de elementos concretos que 
justifiquem o afastamento dessa presunção, ressalvados os regimes jurídicos 
previstos em leis especiais, garantido também que: 
I - as partes negociantes poderão estabelecer parâmetros objetivos para a 
interpretação das cláusulas negociais e de seus pressupostos de revisão ou 
de resolução; A lei é de livre iniciativa, os negociantes poderão estabelecer os 
objetivos que quiserem fazendo a previsão também da revisão das cláusulas 
quando for interessante às partes. 
II - a alocação de riscos (existe algum risco para as partes que compõem 
essa contratação) definida pelas partes deve ser respeitada e observada; e 
III - a revisãocontratual somente ocorrerá de maneira excepcional e limitada. 
 
 
*Art. 2.035, p. único: Nenhuma convenção prevalecerá se contrariar preceitos 
de ordem pública, tais como os estabelecidos por este Código para assegurar 
a função social da propriedade e dos contratos (limitadores da nossa 
autonomia). 
 
Função social da propriedade: uma propriedade cumpre com sua função 
social quando é bem utilizada, protege uma família, um indivíduo. Age no 
sentido de que não se pode ter uma propriedade sem dar a ela uma função 
social - ou protege a família ou é destinada para a sociedade utilizar. Não se 
pode, por exemplo, se negar a ser desapropriado em vista desse princípio. 
Ex.: Se o Estado alega que sua propriedade está em um lugar estratégico e 
há necessidade de utilizá la para abrir um posto de saúde para atender a 
coletividade. 
Enunciado 431, V Jornada de Direito Civil/2011: “A violação do art. 421 
conduz à invalidade ou à ineficácia do contrato ou de cláusulas contratuais. 
Se for violado por um contrato, o contrato será nulo/inválido. 
 
Art. 425. É lícito às partes estipular contratos atípicos (inominado) observadas 
as normas gerais fixadas neste Código. 
 
Art. 426. Não pode ser objeto de contrato a herança de pessoa viva. 
Ninguém poderá vender um bem que ainda não herdou antes da morte do 
autor da herança. 
 
 
 
c. Princípio da força obrigatória dos contratos (pacta sunt servanda): o contrato 
é lei entre as partes. Aquele que, livremente contratar, está obrigado a 
cumpri-lo. A força obrigatória do contrato significa ser irreversível, em 
princípio, a palavra empenhada. Arts. 389, 390 e 391, CC, tratam do 
cumprimento obrigacional e das consequências advindas do inadimplemento, 
deixando claro a obrigatoriedade das convenções como princípio do 
ordenamento jurídico privado brasileiro. 
 
Fundamentos do pacta sunt servanda: (1) necessidade de segurança nos 
negócios jurídicos, o caos se instalaria se os contratantes pudessem não cumprir a 
palavra livremente empenhada. (2) intangibilidade ou imutabilidade do contrato, que 
não deve ser alterado nem pelo juiz. O acordo de vontades faz lei entre as partes. 
 
O princípio do pacta sunt servanda vem sendo mitigado ou relativizado, após 1ª 
Grande Guerra Mundial. 
 
Código Civil 2002 incorpora expressamente a cláusula rebus sic stantibus (Teoria da 
Imprevisão) aos contratos de execução continuada e diferida – arts. 478 a 480, CC. 
Art. 478. Nos contratos de execução continuada ou diferida, se a prestação de uma 
das partes se tornar excessivamente onerosa, com extrema vantagem para a 
outra, em virtude de acontecimentos extraordinários e imprevisíveis, poderá o 
devedor pedir a resolução do contrato. Os efeitos da sentença que a decretar 
retroagirão à data da citação. 
 
Art. 317. Quando, por motivos imprevisíveis, sobrevier desproporção manifesta 
entre o valor da prestação devida e o do momento de sua execução, poderá o juiz 
corrigi-lo, a pedido da parte, de modo que assegure, quanto possível, o valor real 
da prestação. 
 
Em geral, não se aplica a teoria da imprevisão aos contratos aleatórios porque estes 
envolvem um risco. 
 
A teoria da imprevisão consiste, portanto, na possibilidade de desfazimento ou 
revisão forçada do contrato quando, por eventos imprevisíveis e extraordinários, a 
prestação de uma das partes tornar-se exageradamente onerosa – o que, na prática, 
é viabilizado pela aplicação da cláusula rebus sic stantibus, inicialmente referida. 
 
 
 
 
d. Boa-fé objetiva: Inovação do CC 2002 (o CC/1916 previa apenas a boa-fé 
subjetiva – a boa intenção do contratante). Está relacionada com os deveres 
anexos, que são ínsitos a qualquer negócio jurídico, a quebra desses deveres 
anexos gera a violação positiva do contrato, com responsabilização civil 
daquele que desrespeita a boa-fé objetiva. 
 
DEVERES ANEXOS NO DIREITO CONTRATUAL: 
a) o dever de cuidado em relação à outra parte negocial; 
b) o dever de respeito; 
c) o dever de informar a outra parte quanto ao conteúdo do negócio; 
d) o dever de agir conforme a confiança depositada; 
e) o dever de lealdade e probidade; 
f) o dever de colaboração ou cooperação; 
g) o dever de agir conforme a razoabilidade, a equidade e a boa razão. 
 
 
Funções da boa-fé objetiva: 
 
 
1. Função de interpretação do negócio jurídico - arts. 112 e 113, CC 
Art. 112. Nas declarações de vontade se atenderá mais à intenção nelas 
consubstanciada do que ao sentido literal da linguagem. 
• Conceito de boa-fé subjetiva = “intenção” 
 
 
Art. 113. Os negócios jurídicos devem ser interpretados conforme a boa-fé e os usos 
do lugar de sua celebração. 
• Diversidades regionais devem integrar a interpretação 
• Relação de interação entre boa-fé e função social do contrato 
 
 
2. Função de controle: 
 
 
Art. 187 Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo, excede 
manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social, pela boa-fé 
ou pelos bons costumes. 
 
3. Função de integração: 
 
 
Art. 422. Os contratantes são obrigados a guardar, assim na conclusão do contrato, 
como em sua execução, os princípios de probidade e boa-fé 
 
Boa-fé objetiva veda o comportamento venire contra factum proprium 
 
 
Significa a vedação do comportamento contraditório. Regra de direito comparado, 
que protege uma parte contra aquela que pretende exercer uma posição jurídica em 
contradição com o comportamento anteriormente assumido. O contratante pratica 
ato contrário ao previsto, com surpresa e prejuízo ao outro. 
 
Supressio, surrectio e tu quoque 
 
 
● Supressio: Um direito não exercido durante determinado lapso de tempo não 
poderá mais sê-lo, por contrariar a boa-fé. 
● Surrectio: provoca o nascimento de um direito, em razão da continuada 
prática de certos atos. 
● Tu quoque: proíbe que uma pessoa faça com a outra o que não faria contra si 
mesmo. Regra ética, impede a uma pessoa que viole uma norma jurídica, 
possa exercer direito dessa mesma norma ou, especialmente, que possa 
recorrer, em defesa, a normas que ela própria violou.

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