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Teoria da Computação Revisão de Provas Formais Versão dos Slides: 0.7 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro DCC-UFLA, Lavras Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Conceitos Básicos Definições descrevem os objetos e noções usadas em uma determinada abstração Postulados matemáticos são feitos a respeito destes objetos Uma prova é um argumento lógico convincente de que um postulado é verdadeiro • Informalmente, o principal objetivo de uma prova é convencer alguém. Por exemplo, um colega, um revisor, o professor... 2 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Conceitos Básicos Um teorema é um postulado matemático provado como verdadeiro • Um postulado sem prova é uma conjectura Normalmente, teoremas são associados com postulados de interesse especial e aplicam-se a um conjunto infinito de casos Se um postulado aplica-se a apenas alguns casos específicos, dizemos que o mesmo se trata de uma observação 3 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Conceitos Básicos Ocasionalmente, postulados são provados apenas para assistir na prova de outro postulado mais importante. Estes postulados são chamados lemas Ocasionalmente, um teorema, ou a prova do mesmo, permite a conclusão direta de que outros postulados relacionados também são verdadeiros; estes postulados são chamadados corolários 4 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Provas Formais Existem dois tipo básicos de provas formais: • Provas por dedução • Provas por indução Aqui, estudaremos provas por dedução; provas por indução serão vistas juntamente com o material sobre funções recursivas 5 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Provas por Dedução Uma prova por dedução consiste em uma sequência de postulados cuja verdade nos leva de um postulado inicial, chamado hipótese, até uma conclusão Cada passo da prova deve obtido usando princípios lógicos reconhecidos e a partir de fatos assumidos no enunciado, postulados prévios e outros teoremas 6 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Teoremas Provados por Dedução Teoremas provados por dedução possuem, geralmente, o seguinte enunciado: • Se H então C • Dizemos que C é deduzido de H Em lógica, dizemos que H implica em C • 𝐻 → 𝐶 Inferência Modus Ponens: Dado H, podemos inferir C 7 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Teoremas Provados por Dedução Em alguns teoremas, o formato “Se H, então C” não é apresentado de maneira implícita • Exemplo: 𝑠𝑖𝑛2𝜃 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃 = 1 • Leia-se: Se 𝜃 é um ângulo, então 𝑠𝑖𝑛2𝜃 + 𝑐𝑜𝑠2𝜃 = 1 Outros formatos: • 𝐻 implica 𝐶 • 𝐻 apenas se 𝐶 • 𝐶 se 𝐻 • Sempre que 𝐻 é verdadeiro, 𝐶 também é • ... 8 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo Teorema 1: Se x é um inte𝑖𝑟𝑜 𝑒 𝑥 ≥ 4, 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 2𝑥 ≥ 𝑥2 Prova (informal) 1. Para 𝑥 = 4, temos que a Conclusão é verdadeira, isto é, 24 = 42 = 16 2. Para 𝑥 > 4, temos que o lado esquerdo da Conclusão, 2𝑥, dobra de valor cada vez que 𝑥 é incrementado por 1 3. Para 𝑥 > 4, o valor do lado direito da Conclusão, 𝑥2, cresce a uma razão de (𝑥 + 1) 𝑥 2 9 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo (2) 4. Temos que, se 𝑥 ≥ 4, então (𝑥 + 1) 𝑥 ≤ 1.25 e, portanto, (𝑥 + 1) 𝑥 2 ≤ 1.5625 5. Como 1.5625 < 2, cada vez que 𝑥 aumenta de valor acima de 4, o valor do lado esquerdo da Conclusão, 2𝑥, cresce mais que o valor do lado direito, 𝑥2 6. Portanto, iniciando-se de 𝑥 = 4, onde 2𝑥 ≥ 𝑥2 é satisfeita, nós podemos incrementar 𝑥 arbitrariamente que e a inequalidade continuára sendo satisfeita 10 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exercício Prove por dedução o seguinte teorema: • Teorema 2: Se x é a soma dos quadrados de 4 inteiros positivos, então 2𝑥 ≥ 𝑥2 Dica: • Use Teorema 1 que já foi provado • Observe que Teorema 1 e Teorema 2 possuem a mesma Conclusão 11 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exercício (2) 12 Passo Justificativa 1 𝑥 = 𝑎2 + 𝑏2 + 𝑐2 + 𝑑2 Dado pela hipótese 2 𝑎 ≥ 1; 𝑏 ≥ 1; 𝑐 ≥ 1; 𝑑 ≥ 1 Dado pela hipótese 3 𝑎2 ≥ 1; 𝑏2 ≥ 1; 𝑐2 ≥ 1; 𝑑2 ≥ 1 (2) e propriedades da aritmética 4 𝑥 ≥ 4 (1), (3) e propriedades da aritmética 5 2𝑥 ≥ 𝑥2 (4) e Teorema 1 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Teoremas “Se e Somente Se” Corresponde a duas implicações: • 𝐻 → 𝐶: Parte “Se“ ou Se • 𝐶 → 𝐻: Parte “Somente se“ Corresponde a equivalência • 𝐻 ↔ 𝐶 Requer duas provas, uma para cada parte 13 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Provando a Equivalência de Conjuntos Seja 𝐸 e 𝐹 dois conjuntos, possivelmente contruídos de maneira diferente, provar que 𝐸 = 𝐹 • Todo elemento em 𝐸 também está em 𝐹 e todo elemento em 𝐹 também esta em 𝐸 Igualdade de conjuntos pode ser descrita como um enunciado Sse. Desta a forma, a prova terá duas partes: • Provar que se 𝑥 está em 𝐸, então 𝑥 está em 𝐹 • Provar que se 𝑥 está em 𝐹, então 𝑥 está em 𝐸 14 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova sobre Conjuntos: Exemplo Teorema (Lei Distributiva da União sobre Intersecção): 𝑅 ∪ 𝑆⋂𝑇 = 𝑅 ∪ 𝑆 ∩ 𝑅 ∪ 𝑇 . Prova (Intuição): Temos 𝐸 = 𝑅 ∪ 𝑆⋂𝑇 e 𝐹 = 𝑅 ∪ 𝑆 ∩ 𝑅 ∪ 𝑇 • Parte “Se”: 𝑥 ∈ 𝐸 → 𝑥 ∈ 𝐹 • Parte “Ss”: 𝑥 ∈ 𝐹 → 𝑥 ∈ 𝐸 15 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova sobre Conjuntos: Parte “Se” 16 Passo Justificativa 1 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅⋃ 𝑆⋂𝑇 Dado pela hipótese 2 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 𝑜𝑢 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑆⋂𝑇 (1) e definição de união 3 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 𝑜𝑢 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑆 𝑒 𝑒𝑚 𝑇 (2) e definição de interseção 4 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅⋃S (3) e definição de união 5 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅⋃T (3) e definição de união 6 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 ∪ 𝑆 ∩ 𝑅 ∪ 𝑇 (4), (5) e definição de interseção Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova sobre Conjuntos: Parte “Ss” 17 Passo Justificativa 1 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 ∪ 𝑆 ∩ 𝑅 ∪ 𝑇 Dado pela hipótese 2 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 ∪ 𝑆 (1) e definição de interseção 3 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 ∪ 𝑇 (1) e definição de interseção 4 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 𝑜𝑢 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑆 𝑒 𝑒𝑚 𝑇 (2), (3) e inferência sobre união 5 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅 𝑜𝑢 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑆⋂𝑇 (4) e definição de interseção 6 𝑥 𝑒𝑠𝑡á 𝑒𝑚 𝑅⋃ 𝑆⋂𝑇 (4), (5) e definição de união Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Contraposição Toda enunciado “se H então C” tem uma forma equivalente “se não C, então não H” Chamado de contrapositivo do enunciado “se- então” Baseada na seguinte equivalência lógica: • 𝐻 → 𝐶 ⟷ ≦𝐶 → ≦𝐻 Em algumas circunstâncias, o contrapositivo é mais fácil de ser provado A regra de inferência relacionada é chamada de Modus Tollens 18 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Contraposição: Exemplo Se 𝑥 ≥ 4, então 2𝑥 ≥ 𝑥2 Contrapositivo: Se 2𝑥 < 𝑥2 𝑒𝑛𝑡ã𝑜 𝑥 < 4 Note que em enunciados “Sse” podemos usar prova por contradição em apenas uma das partes, isto é, apenas na parte “Se” ou apenas na parte “Ss” • Se 𝑥 ∈ 𝐸 → 𝑥 ∈ 𝐹 (Parte “Se”) • 𝑆𝑒 𝑥 ∉ 𝐹 → 𝑥 ∉ 𝐸 (Contraposição da parte “Ss”) 19 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Contradição Outra maneira de provar que 𝐻 → 𝐶 é provar que 𝐻 → ≦𝐶 não pode ser satisfeito, isto é, 𝐻 → ≦𝐶 é falso em todos os casos A prova demonstra que algo reconhecidamente falso pode deduzido de 𝐻 → ≦𝐶 • Exemplo: P ≦P Também conhecida como redução ao absurdo 20 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Contradição: Exemplo Temos as seguintes definições: • Um conjunto 𝑆 é finito se existe um inteiro 𝑛 tal que 𝑆 possui exatamente n elementos, isto é, ∥ 𝑆 ∥= n, onde ∥ 𝑆 ∥ denota número de elementos em S (cardinalidade). Se 𝑆 não é finito, então 𝑆 é infinito (mais sobre conjuntos infinitos mais adiante). Se 𝑆 e 𝑇 são subconjuntos de algumconjunto 𝑈, então 𝑇 é o complemento de 𝑆 (com relação a U) se 𝑆 ∪ 𝑇 = 𝑈 𝑒 𝑆 ∩ 𝑇 =⊘ 21 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Contradição: Exemplo Teorema 3: Seja 𝑆 um subconjunto finito de algum conjunto infinito 𝑈. Seja 𝑇 o complemento de S com relaçãop a 𝑈. Então 𝑇 é infinito Exercício: Prove por contradição 22 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Contradição: Exemplo Prova (Teorema 3): Temos que 𝑆 ∪ 𝑇 = 𝑈 e 𝑆 ∩ 𝑇 =⊘, portanto ∥ 𝑆 ∥ + ∥ 𝑇 ∥=∥ 𝑈 ∥. Como S é finito, então ∥ 𝑆 ∥=n para algum inteiro n e como U é infinito não existe um inteiro 𝑝 tal que ∥ 𝑈 ∥= 𝑝. Vamos assumir que T é finito, isto é, ∥ 𝑇 ∥=m para algum inteiro m. Então∥ 𝑈 ∥=∥ 𝑆 ∥ + ∥ 𝑇 ∥= 𝑛 +𝑚, o que contradiz a afirmação de que U é infinito 23 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Contraexemplo Teoremas são geralmente enunciados a respeito de um número infinito de casos • Por exemplo, todos os valores de um ou mais parâmetros Portanto, para provar que um teorema é inválido, basta mostrar um único caso onde o enunciado seja falso Exemplo: Todos números primos são ímpares • Contraexemplo: O inteiro 2 é um primo e, no entanto, é par 24 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Construção Muitos teoremas afirmam que um particular tipo de objeto existe A prova consiste em demonstrar como construir este objeto Este tipo de prova é frequentemente utilizada para demonstrar que modelos computacionais são equivalentes • Mostramos como construir um elemento qualquer de modelo a partir de um elemento qualquer do outro modelo 25 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Construção: Exemplo Teorema 4: Para cada número para 𝑛 maior que 2, existe um grafo 3-regular (grafo cúbico) com 𝑛 vértices • Um grafo é k-regular se todos os vértices possuem grau k 26 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Construção: Exemplo Prova (Intuição): Imagine os vértices de um grafo distribuídos ao longo de um círculo. Conecte todos os vértices adjacentes com uma aresta (1). Teremos um grafo 2-regular. Conecte então todos os vértices opostos entre si com uma aresta (2). Teremos um grafo 3-regular 27 1) 2) Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Prova por Construção: Exemplo Prova (Formal): Seja n um número par maior que 2. Construa um grafo 3-regular 𝐺 = (𝑉, 𝐸) com 𝑛 vértices da seguinte maneira: • Conjunto de vértices de 𝐺 é o conjunto 𝑉 = 1,… , 𝑛 • Conjunto de arestas de G é o conjunto 𝐸 = 𝑖, 𝑖 + 1 | 𝑝𝑎𝑟𝑎 1 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛 − 1 ⋃ 𝑛, 1 ⋃ 𝑖, 𝑖 + 𝑛/2 | 𝑝𝑎𝑟𝑎 0 ≤ 𝑖 ≤ 𝑛/2 28 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Método de Diagonalização Diversas provas em Teoria da Computação usam a técnica de diagonalização criada pelo matemático Georg Cantor em 1873 Técnica usada para medir o tamanho de conjuntos infinitos 29 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Método de Diagonalização Como determinar se dois conjuntos inifinitos possuem o mesmo tamanho? Por exemplo, o conjunto de todos inteiros e o conjunto de todas palavras formadas pelo alfabeto ∑= *a, b+ possuem o mesmo tamanho Método de contagem utilizado para conjuntos finitos obviamente não funciona 30 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Intuição Dois conjuntos finitos possuem o mesmo tamanho se é possível estabelecer uma correspôndencia um- para-um (1-1) entre entre os elementos de dois conjuntos, isto é, uma função bijetiva 31 A C D E F A B C D F A B C D E F Injetora Sobrejetora Bijetora Vamos aplicar esta idéia para conjuntos infinitos Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 1 Seja ℕ = *1,2,3+ o conjunto de números naturais (sem o zero) e 𝑃 = *2, 4, 6+ o conjunto de números naturais pares Ambos conjuntos são infinitos |𝑃| = ℕ ? 32 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 1 (2) |𝑃| = ℕ ? Sim! A correpôndencia 1-1 é dada pela função 𝑓 𝑛 = 2𝑛 33 n f(n) 1 2 2 4 3 6 n 2n Mesmo que 𝑛 extenda-se ao infinito, sempre teremos um elemento correspondente 𝑓(𝑛) A noção de “tamanho” é claramente diferente para conjuntos infinitos... Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Definições Definição 1: Um conjunto é infinito se o mesmo possui subconjunto próprio com o mesmo tamanho • ℕ = 𝑝 𝑝 ∈ ℕ 𝑒 𝑝 é 𝑝𝑎𝑟 | • ℕ = 𝑝 𝑝 ∈ ℕ 𝑒 𝑝 é 𝑖𝑚𝑝𝑎𝑟 | • ℕ = |ℕ − 1 | Definição 2: ℕ é infinito e contável (ou enumerável) Definição 3: Um conjunto é contável se o mesmo é finito ou possui o mesmo tamanho que ℕ 34 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 Considere o conjunto dos números racionais positivos ℚ = 𝑚 𝑛 |𝑚 𝑒 𝑛 ∈ ℕ O conjunto ℚ é infinito ℚ = ℕ ? • Em outras palavras, o conjunto ℚ é enumerável? 35 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (2) ℚ = ℕ ? Sim! Para provar que ℚ e ℕ tem o mesmo tamanho precisamos “apenas“ listar todos elementos de ℚ e estabelecer uma correspondência 1-1 com os elementos de ℕ Como poderiamos listar os elementos de ℚ ? 36 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (3) Construímos uma matriz infinita contendo todos números racionais positivos. • A 𝑖th linha contém todos racionais com numerador igual a 𝑖 e a 𝑗th coluna contém todos racionais com denominador 𝑗 • O racional 𝑖 𝑗 ocorre na 𝑖th linha e na 𝑗th coluna 37 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (4) 38 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 … 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 … 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 … 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 … 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5 … … … … … … … 1 2 3 4 5 … 1 2 3 4 5 … Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo (5) Como converter esta matriz em uma lista (que será usada posteriormente para estabelecer a correspondência 1-1 com ℕ) Se considermarmos os elementos linha por linha, jamais chegaremos até a segunda linha (comprimento da linha é infinito) Vamos proceder na diagonal 39 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (6) 40 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 … 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 … 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 … 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 … 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5 … … … … … … … 1 2 3 4 5 … 1 2 3 4 5 … Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (7) 41 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 … 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 … 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 … 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 … 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5 … … … … … … … 1 2 3 4 5 … 1 2 3 4 5 … Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (8) 42 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 … 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 … 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 … 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 … 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5 … … … … … … … 1 2 3 4 5 … 1 2 3 4 5 … Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (9) 43 1 1 1 2 1 3 1 4 1 5 … 2 1 2 2 2 3 2 4 2 5 … 3 1 3 2 3 3 3 4 3 5 … 4 1 4 2 4 3 4 4 4 5 … 5 1 5 2 5 3 5 4 5 5 … … … … … … … 1 2 3 4 5 … 1 2 3 4 5 … Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 (10) Note que 1 1 = 2 2 Durante a construção da lista temos que desconsiderar elementos repetidos Finalmente, desta forma, podemos enumerar todos elementos de ℚ e estabelecer uma correspondência um-para-um com ℕ 44 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 3 (1) Considere o conjunto dos números reais ℝ • 𝜋 = 3.14155926…• 𝑒 = 2.71828182… • 𝜑 = 1.61803398… ℝ = ℕ ? • Em outras palavras, o conjuntoℝ é enumerável? 45 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 3 (2) ℝ = ℕ ? Não! Portanto, o conjunto ℝ não é enumerável (ou contável) A prova desta afirmação utiliza o técnica geral de diagonalização criada por Cantor 46 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Diagonalização Técnica geral de prova para demonstrar que um conjunto não é contável É uma prova por contradição com, tipicamente, um passo de intermediário de construção Primeiramente assume-se que um conjunto é contável e que, portanto, seus elementos podem ser listados exaustivamente • Note que o o método de listagem não precisa ser necessariamente por diagonais em matrizes infinitas A contradição é obtida produzindo um elemento no conjunto que não pode ocorrer na lista 47 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro ℝ ≠ ℕ : Prova Vamos assumir que existe uma correspondência 1-1 𝑓 entre ℝ e ℕ, isto é, que existe uma função 𝑓: ℕ → ℝ associando todos elementos de ℕ com todos elementos de ℝ 48 n f(n) 1 3.14345234.... 2 2.3452345234 3 5645.131313 4 32323.424242 ... ... Vamos construir um valor 𝑥 ∈ ℝ que não está associado com nenhum 𝑛 ∈ ℕ Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro ℝ ≠ ℕ : Prova (2) Procedimento: Seja 𝑥 0 < 𝑥 < 1. Todos dígitos significantes são fracionais. O objetivo é contruir x tal que 𝑥 ≠ 𝑓 𝑛 para qualqer 𝑛. Para isso fazemos o 𝑖th dígito decimal de 𝑥 diferente do 𝑖th dígito decimal de 𝑓(𝑖) 49 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro ℝ ≠ ℕ : Prova (3) 50 n f(n) 1 3.14345234.... 2 2. 131313 3 5645.234999 4 32323.424242 ... ... O primeiro dígito decimal de 𝑥 tem que ser diferente que o primeiro dígito de 𝑓(1) O segundo dígito decimal de 𝑥 tem que ser diferente do segundo dígito decimal de 𝑓(2) e assim por diante Exemplo: 𝑥 = 0.4213 Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 * O conjunto das partes de um conjunto R, 2𝑅, corresponde ao conjunto de todos subconjuntos de R, isto é, 2𝑅 = 𝑟 𝑟 ⊆ 𝑅+ 51 Teorema: O conjunto das partes* de ℕ, 2ℕ, é incontável Prova por Diagonalização: 1. Assuma que 2ℕ é contável. Então os elementos de 2ℕ podem ser listados exaustivamente como 𝑁0, 𝑁1, 𝑁2, … 2. (Construção) Defina um subconjunto 𝐷 de ℕ da seguinte maneira: Para cada número natural 𝑗, 𝑗 ∈ 𝐷, sse 𝑗 ∉ 𝑁𝑗 Ou seja, 0 ∈ 𝐷 sse 0 ∉ 𝑁0, 1 ∈ 𝐷 sse 1 ∉ 𝑁1, e assim por diante. 𝐷 é claramente um conjunto de números naturais Prof. Dr.-Ing. Leonardo Andrade Ribeiro Exemplo 2 3. Como passo 1 foi assumido 𝑁0, 𝑁1, 𝑁2, … é uma listagem exaustiva de 2ℕ, então temos que 𝐷 = 𝑁𝑖 para algum 𝑖. 3. (Contradição) No passo 2 temos que i ∈ 𝐷, sse i ∉ 𝑁𝑖. No passo 4 temos que 𝐷 = 𝑁𝑖. Portanto, temos que i ∈ 𝐷, sse i ∉ 𝐷, o que é uma contradição 4. (Conclusão) Portanto, a assunção de que 2ℕ é contável deve ser falsa e podemos concluir que 2ℕ é incontável 52
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