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Política Internacional - Resumo para CACD

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Aula 31
Política Internacional p/ CACD
(Diplomata) Primeira Fase - Com
Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Alexandre Vastella
Aula 31
14 de Agosto de 2020
 
 
 
Aula 01 - Política Internacional - Resumão 
Introdução ao PDF ................................................................................................................................. 2 
Resumão de Política Internacional .................................................................................................... 5 
Eixo 1 – Teoria das Relações Internacionais – Item 1 ................................................................................. 5 
Relações internacionais: conceitos básicos, atores, processos, instituições e principais paradigmas 
teóricos (Item 1) .................................................................................................................................... 6 
Eixo 2 – Política Externa Brasileira – Item 2............................................................................................... 9 
A política externa brasileira: evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação (Item 2) ...... 10 
Eixo 3 – Relações Bilaterais do Brasil e Integração Regional – Itens 3 a 15 ............................................... 13 
O Brasil e a América do Sul (Item 3) .................................................................................................... 15 
MERCOSUL: origens do processo de integração no Cone Sul e integração na América do Sul (Item 3.1 
e 3.2) ................................................................................................................................................... 15 
Objetivos, características e estágio atual de integração; UNASUL e Conselho de Defesa (Itens 3.3, 3.4, 
3.5 e 3.6) .............................................................................................................................................. 17 
A África e o Brasil (Item 12) ................................................................................................................. 19 
A política externa da China, da Índia e do Japão; relações com o Brasil (Item 13) ................................ 20 
Oriente Médio: a questão palestina; Síria, Iraque, Irã e outras situações nacionais relevantes (Item 14)
 ............................................................................................................................................................ 21 
A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Item 15) ................................................................. 24 
Eixo 4 – Temas e Agendas Internacionais – Itens 16 a 21 ........................................................................ 24 
A agenda internacional e o Brasil (Item 16) ......................................................................................... 26 
O multilateralismo de dimensão universal: ONU, Conferências Internacionais e órgãos multilaterais 
(Item 16.1) ........................................................................................................................................... 27 
Desenvolvimento, pobreza, combate à fome, meio ambiente e direitos humanos (Itens 16.2, 16.3, 
16.4 e 16.5) .......................................................................................................................................... 28 
Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC) (Item 16.6) ............................... 29 
Sistema financeiro internacional (Item 16.7) ....................................................................................... 30 
Alexandre Vastella
Aula 31
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
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2 
 
Desarmamento e não-proliferação (Item 16.8) ................................................................................... 31 
Conflito étnico, sectário e nacionalismo: Bálcãs e Oriente Médio (por exemplo: Síria, Líbano, Iraque) 
(Item 16.9) ........................................................................................................................................... 32 
Crimes de guerra e crimes contra a humanidade: genocídio, holocausto e a Corte Penal Internacional 
(Item 16.10) ......................................................................................................................................... 33 
Políticas de identidade: gênero, raça e religião como vetores da política mundial (Item 16.11) .......... 33 
Terrorismo, Narcotráfico e Reforma das Nações Unidas (Items 16.12, 16.13 e 16.14) ......................... 34 
O Brasil e o sistema interamericano (Item 17) ..................................................................................... 36 
O Brasil e a formação dos blocos econômicos. (Item 18) ..................................................................... 36 
A dimensão da segurança na política exterior do Brasil (Item 19) ....................................................... 37 
O Brasil e as coalizões internacionais (G-20, o IBAS e o BRICS) e a cooperação sul-sul (Item 20) ........ 38 
 
 
INTRODUÇÃO AO PDF 
Nesse último PDF de nosso curso, vamos relembrar os principais conceitos, ideias e atores de 
cada um dos 21 itens do Edital, estudando como esses tópicos se relacionam e como costumam ser 
cobrados na prova do CACD. É evidente que, por se tratar de um resumo, não é possível retomar tudo 
que realmente é cobrado na prova e nem repetir o curso de novo aqui. Portanto, nessa última aula, apenas 
destacaremos alguns pontos importantes de cada item para que vocês possam relembrar as aulas 
anteriores. 
Nosso resumão está estruturado em quatro eixos: Teoria das Relações Internacionais; Política 
Externa Brasileira; Relações Bilaterais do Brasil e Integração Regional; e por último, Temas e Agendas 
Internacionais. Ou seja, exatamente a ordem e a estrutura do nosso curso. A tabela abaixo dá mais 
detalhes: 
 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 31
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 Edital 2018 CACD – Itens de Política Internacional 
 
 
Eixo 1 – Teoria das Relações Internacionais – Item 1 do edital / PDFs 00 a 02. 
1. Relações internacionais: conceitos básicos, atores, processos, instituições e principais paradigmas 
teóricos. 
 
Eixo 2 – Política Externa Brasileira – Item 2 do edital / PDFs 03 a 07. 
2. A política externa brasileira: evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação. 
 
Eixo 3 - Relações Bilaterais do Brasil e Integração Regional – Itens 3 a 15 do edital / PDFs 08 a 17. 
3. O Brasil e a América do Sul. 
3.1 Integração na América do Sul. 
3.2 O MERCOSUL: origens do processo de integração no Cone Sul. 
3.3 Objetivos, características e estágio atual de integração. 
3.4 A Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). 
3.5 A União Sul-Americana de Nações: objetivos e estrutura. 
3.6 O Conselho de Defesa da América do Sul. 
4. A política externa argentina; a Argentina e o Brasil. 
5. A política externa norte-americana e relações com o Brasil. 
6. Relações do Brasil com os demais países do hemisfério. 
7. A Política externa francesa e relações com o Brasil. 
8. Política externa inglesa e relações com o Brasil. 
9. Política externa alemã e relações com o Brasil. 
10. A União Europeia e o Brasil. 
11. Política externa russa e relações com o Brasil. 
12. A África e o Brasil. 
13. A política externa da China, da Índia e do Japão; relações com o Brasil. 
14. Oriente 29/32 Médio: a questão palestina; Síria, Iraque, Irã e outras situações nacionais relevantes. 
15. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. 
 
Alexandre Vastella
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Eixo 4 – Temas e AgendasInternacionais – Itens 16 a 21 do edital / PDFs 18 a 32. 
16. A agenda internacional e o Brasil: 
16.1 O multilateralismo de dimensão universal: a ONU; as Conferências Internacionais; os órgãos 
multilaterais. 
16.2 Desenvolvimento. 
16.3 Pobreza e ações de combate à fome. 
16.4 Meio ambiente. 
16.5 Direitos Humanos. 
16.6 Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC). 
16.7 Sistema financeiro internacional. 16.8 Desarmamento e não-proliferação. 
16.9 Conflito étnico, sectário e nacionalismo: os casos do Bálcãs e do Oriente Médio (por exemplo: 
Síria, Líbano, Iraque). 
16.10 Crimes de guerra e crimes contra a humanidade: genocídio, holocausto e a Corte Penal 
Internacional. 
16.11 Políticas de identidade: gênero, raça e religião como vetores da política mundial. 
16.12 Terrorismo. 
16.13 Narcotráfico. 
16.14 A reforma das Nações Unidas. 
17. O Brasil e o sistema interamericano. 
18. O Brasil e a formação dos blocos econômicos. 
19. A dimensão da segurança na política exterior do Brasil. 
20. O Brasil e as coalizões internacionais: o G-20, o IBAS e o BRICS. 
21. O Brasil e a cooperação sul-sul. 
 O resumão aqui apresentado segue a sequência de nossas aulas e, portanto, a sequência do edital. 
Perceba que há quatro grandes capítulos, um para cada eixo. Dentro desses capítulos, há um 
subcapítulo para cada item ou subitem do edital, apresentados de forma única ou agrupados. Nos dois 
eixos mais longos – no 3 e no 4, especificamente – há quadros informativos mostrando a localização dos 
itens no edital e a sequência do resumão. Vamos aos estudos! 
 
Alexandre Vastella
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RESUMÃO DE POLÍTICA INTERNACIONAL 
Eixo 1 – Teoria das Relações Internacionais – Item 1 
O primeiro eixo do nosso curso é o de teoria das relações internacionais, do qual apresentamos 
conceitos, teorias e instrumentos analíticos para que possamos entender como funciona as relações 
internacionais. Tendo em vista, por exemplo, a diferença conceitual entre Estado e governo, foi possível 
entender que a política externa brasileira é um instrumento de Estado, estável e constante, que não oscila 
– ou pelo menos que não deveria oscilar – com eleições de governantes. Também descobrimos, por 
exemplo, que o Estado é o principal ator de política externa – ainda que os atores não-estatais tenham 
obtido maior relevância com a globalização. 
Nesse eixo estudamos os atores internacionais, o sistema internacional, as instituições e 
organizações, os principais paradigmas teóricos – em especial o realismo e o liberalismo; e, dentro desse 
contexto, vimos que há diferentes formas de abordagem no CACD. Normalmente, há uma quantidade 
significativa de questões sobre realismo e liberalismo e, nesse caso, cobra-se um conhecimento 
relativamente aprofundado. Por outro lado, escolas menos recorrentes são cobradas de forma mais “leve” 
na prova. O feminismo, por exemplo, caiu apenas uma vez e era necessário apenas saber que existe uma 
abordagem feminista às relações internacionais, algo bem simples, portanto. Já apareceram questões 
complicadas sobre construtivismo e escola inglesa, mas não ao nível do realismo e do liberalismo. 
Apesar da importância das teorias e dos conceitos na política internacional, a prova possui um 
perfil mais prático do que teórico. Isso significa que é muito mais recorrente, por exemplo, questões 
sobre a política externa brasileira e das relações bilaterais do Brasil do que sobre escolas de pensamento. 
Mesmo assim, devemos ter em mente que essas teorias – que parecem desconectadas da realidade – na 
verdade, nos ajudam a explicar os fatos práticos da diplomacia brasileira e podem – ou devem – ser 
exploradas na prova discursiva. 
 
Eixo 1 – Itens do Edital 
1. Relações internacionais: conceitos básicos, atores, processos, instituições e principais paradigmas 
teóricos. 
Eixo 1 – Aulas oferecidas 
Aula 00 – Visão Geral da Prova e do Curso: conceitos básicos, atores, processos e instituições. 
Aula 01 – Principais paradigmas teóricos: Realismo, Liberalismo, Construtivismo e outras teorias. 
Aula 02 – Principais marcos e debates teóricos. 
 
Alexandre Vastella
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Relações internacionais: conceitos básicos, atores, processos, instituições e principais 
paradigmas teóricos (Item 1) 
Nesse primeiro item, estudado nas primeiras aulas do curso, 
aprendemos os conceitos básicos, atores, processos, instituições e 
principais paradigmas teóricos. Dentro dos conceitos básicos, aprendemos 
que: o sistema internacional é o palco onde ocorrem as interações entre 
os atores internacionais; que podem ser os atores estatais (Estados 
nacionais) ou atores não-estatais (organizações, ONGS, multinacionais, 
etc.). 
Um ator internacional, portanto, é aquele que tem capacidade de agir no sistema internacional. 
Historicamente, sobretudo pela perspectiva realista, quem cumpre essa função é o Estado. No entanto, 
com o passar do tempo, atores não estais – multinacionais, ONGs, organizações internacionais, etc – 
acabaram ganhando poder, corroborando a perspectiva liberal de que os atores estatais não são os únicos 
agentes a moldarem o sistema internacional. Alguns indivíduos, ainda que de forma numericamente 
restrita, possuem esse poder. É o caso de alguns poucos megaempresários, megainvestidores ou políticos 
conhecidos, cujas ações refletem no sistema internacional. 
Contudo, esse crescimento dos atores não-estatais é muito recente, algo que foi se consolidar, de 
fato, na segunda metade do século XX. Durante a maior parte da história humana, sobretudo após os 
Tratados de Vestfália, quem ditou o tom do sistema internacional foram os Estados nacionais. Dentro de 
seu próprio território, um Estado é capaz de elaborar leis, exercer a ordem, impor poder de polícia, exercer 
a força militar e controlar, em certo modo, a sua população – o chamado “Leviatã” de Thomas Hobbes. No 
entanto, como não há ninguém que controle o sistema internacional, considera-se a existência de uma 
anarquia internacional, da qual os Estados só podem contar com ajuda de outros Estados e não de uma 
autoridade global central. Essa visão foi historicamente desenvolvida pelos realistas, mas os liberais, na 
segunda metade do século XX, acabaram concordando com ela também. 
Evidentemente, existem outros fatores que podem influenciar o sistema internacional. Há, por 
exemplo, a necessidade de reconhecimento de um Estado com o outro para que realmente se forme um 
sistema, uma sociedade ou comunidade internacional. Assim, para cada Estado, há uma autoridade 
central que age em nome de sua nação, em nome de seu povo, que deve ser reconhecida pelo menos pela 
maioria do sistema internacional. 
Prosseguindo nosso resumo, quando o edital fala em “processos”, podemos destacar dois 
processos nas relações internacionais: a cooperação e o conflito. Embora existam outros processos como, 
por exemplo, a integração regional, todos esses ou vão ser conflituosos ou cooperativos. Mesmo com 
aliados tradicionais, pode ser que haja o conflito; e, mesmo com inimigos, pode ser que haja a 
cooperação. No caso da história brasileira, podemos citar o exemplo das relações com a Argentina que 
oscilaram entre momentos de rivalidade e cooperação. A partir dos anos 1980, houve grandes esforços de 
integração e complementariedade que culminaram na criação do Mercosul, em 1991. Antes disso, no 
entanto, houve um período de ásperas rivalidades deflagradas nos anos 1970. Embora Brasil e Argentina 
não tivessem entrado em guerra, houve conflitos a respeito da geração de energia no Rio Paraná. Isso 
significa que o conflito nem sempre é bélico, pode ser diplomático também.Alexandre Vastella
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Nos anos 1970, houve a concordância entre os neoliberais e os neorrealistas – pela chamada 
síntese neo-neo – de que o sistema internacional realmente era anárquico. Contudo, isso não significa 
que este seja caótico, desorganizado, ou sem regras; mas que simplesmente careça de hierarquia definida. 
Ou seja, Ddentro da ausência de autoridade central, há a anarquia, mas dentro dessa anarquia pode existir 
uma ordem, que pode ser dada pela dinâmica da relação entre os atores. Pode-se, portanto, criar uma 
ordem baseada no compartilhamento de valores comuns, mesmo com o sistema anárquico. Uma ordem 
mundial surgiu após 1945, por exemplo; e, outra, após a década de 1990. 
 Nesse contexto, para os realistas, em decorrência da existência de um sistema internacional no 
qual os Estados dependem apenas de si mesmos para se defenderem, o sistema internacional tende a 
levar ao conflito. Isso porque se não existe uma autoridade central, não existe confiança mútua; e, sendo 
assim, cada Estado deve garantir o poder por si próprio; deve, portanto, garantir sua sobrevivência. E para 
sobreviver, precisa ser mais forte que os demais. 
 Os neorrealistas – que vieram depois dos realistas – concordam com essa lógica de poder. No 
entanto, há algumas diferenças. Para Kenneth Waltz, os Estados buscariam o poder apenas para a defesa. 
Já para John Mearsheimer, os Estados não aumentariam o poder somente para se defender, mas também 
– e principalmente – para se tornarem a maior potência possível, para terem a hegemonia, pois assim, 
estariam seguros ao máximo patamar. Em ambos os casos, a lógica de poder pode levar a um conflito. 
 Diante desses impasses- teóricos, a posição brasileira normalmente segue o que Amado Cervo 
chama de acumulado histórico da diplomacia brasileira; ou seja, a posição oficial do Brasil sempre preza 
pela resolução pacífica de controvérsias, pelo diálogo, pela cooperação, pela mediação pacífica e pela 
tentativa de evitar conflitos. Quando necessário, o Brasil tenta resolver os problemas prezando pela via 
multilateral, levando as questões, por exemplo, à ONU. Contudo, mesmo com essa posição pacífica do 
Brasil, às vezes o conflito é inevitável. Por conflito, entende-se não somente a realização de guerras, 
mas também, outras formas de tensão, como as disputas comerciais, por exemplo. Tanto que em vários 
momentos da história, o Brasil se indispôs com a Argentina e os Estados Unidos, mesmo sendo dois 
grandes parceiros. 
 Já quando o Edital fala em “instituições”, é preciso, primeiramente, entender que uma instituição 
nem sempre é algo tangível, perceptível pela matéria concreta. Na verdade, no nosso caso, instituições 
são conjuntos de processos que afetam o sistema internacional. Podemos citar, por exemplo, o direito 
internacional público, a guerra, ou a cooperação. Essas instituições – e outras – não possuem burocracia, 
nem sede física, nem funcionários, mas influenciam diretamente o sistema internacional. Diferentemente 
das instituições, as organizações internacionais possuem personalidade jurídica, burocracia própria, 
normas e regras, etc. São tangíveis, concretas e podem ser consideradas atores internacionais. Se, por 
exemplo, a guerra é uma instituição, a OTAN é uma organização. Além disso, existem os regimes 
internacionais, que são conjuntos de costumes e valores que determinam um determinado assunto. O 
regime de desarmamento e não proliferação nuclear, por exemplo, ficou acordado no Tratado de Não-
Proliferação Nuclear (TPN) de 1968. 
 Por meio das instituições, organizações e regimes internacionais, os liberais acreditavam que a 
cooperação fosse prevalecer sob a anarquia do sistema internacional. Esperava-se, após os horrores da 
Primeira Guerra Mundial, que isso fosse realmente ocorrer. Os Quatorze de Pontos de Woodrow Wilson e 
a criação da Liga das Nações são tentativas claras – e influenciada pelo pensamento liberal – de substituir 
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o conflito pela cooperação. Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial e o evidente fracasso dessas 
tentativas, o liberalismo saiu desmoralizado, abrindo brechas para o crescimento substancial do 
realismo. 
 Nesse contexto de críticas ao liberalismo, surgiram os nomes de E.H Carr e Hans Morgenthau, 
ambos expoentes e teóricos do realismo. O primeiro ficou conhecido por escrever um livro culpando o 
idealismo dos liberais pela Segunda Guerra. Por essa perspectiva, de tanto teorizarem sobre uma paz 
ideal que não existia, os liberais esqueceram do mundo real e ignoraram os perigos de Hitler, do Império 
Japonês e da Itália fascista, levando à eclosão da guerra. Com base nas críticas de Carr, Morgenthau 
propôs uma teoria pura para as relações internacionais. Por teoria “pura”, entende-se que o autor 
apenas se debruçava sobre as relações internacionais e nada mais; ou seja, excluía o que acontecia em 
âmbito doméstico, por exemplo. O sistema internacional, portanto, seria um jogo de bilhar, com Estados 
sendo as bolas, do qual veríamos apenas a sua movimentação na mesa (sua atuação internacional) e não o 
interior das mesmas (sua política doméstica). 
 Tanto os estudos de Carr quanto os de Morgenthau possuíam base humanística – filosófica, 
literária, histórica, política, etc. Com o tempo, essa base foi sendo criticada por ser pouco aplicável à 
realidade, sobretudo para fazer prognósticos. Nesse contexto, surgiram os behavioristas ou neorrealistas 
que, ao invés da base humanística, propunham uma base de ciências exatas para o realismo. Segundo 
eles, isso daria maior robustez científica ao realismo. O homem, portanto, seria um ator racional que faz 
cálculos racionais para agir em âmbito internacional. Logo, se a atuação humana segue leis e regras, é 
possível prevê-la de acordo com a escolha de variáveis corretas. Com essa mudança de paradigma, o 
neorrealismo se estabeleceu como a corrente principal da política internacional. 
 Na década de 1970, os liberais finalmente voltaram ao debate. Desta vez, reconheceram que os 
pressupostos do realismo haviam triunfado, no entanto, insistiram no papel da cooperação na 
mitigação dos efeitos anárquicos do sistema internacional. Concordando com parte do neorrealismo, os 
liberais – desta já, já representados pelos neoliberais – argumentavam que as organizações internacionais 
poderiam influenciar positivamente no cálculo racional dos homens e Estados. Os realistas, no entanto, 
continuavam acreditando que as organizações internacionais seriam meros instrumentos dos 
Estados, os verdadeiros atores internacionais. Além disso, realistas e liberais também discordavam em 
relação aos custos de transação. Ou seja, para os liberais, as relações internacionais promoveriam ganhos 
compartilhados entre os atores. Já para os realistas, seria um jogo de soma zero – para cada um que 
ganhar, outro deve necessariamente perder. 
 No final desse debate, houve a síntese neo-neo. Os neoliberais cederam às pressões e 
concordaram que o sistema internacional é anárquico e que os atores realmente agem de acordo com o 
seu interesse próprio. Já os neorrealistas, observando todas as transformações que o mundo passava nos 
anos 1980, concordavam que a nova complexidade exigia cooperação entre Estados, conforme pregavam 
há muito tempo os liberais. Havia, nesse momento, a ideia de interdependência complexa. Ou seja, a 
concepção de que os problemas dos Estados transbordam ou derramam as fronteiras nacionais e atingem 
outros Estados e que, portanto, exigem soluções compartilhadas. Evidentemente, esse processo de spill-
over (derramamento) se intensificou com a globalização dos anos 1990. 
 Além do liberalismo e do realismo, a prova também cobra outras teorias – ainda quecom menor 
frequência e profundidade. A principal delas é o construtivismo que se diferencia destas duas 
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principalmente por uma questão de método. Os construtivistas concordam com muitos pressupostos dos 
realistas e dos liberais, inclusive, até os defendem. No entanto, ao contrário destes, acreditam que é 
possível mudar a estrutura da realidade. Na visão construtivista, o sistema internacional é moldado por 
uma realidade socialmente construída. E, sendo socialmente construída, pode ser também socialmente 
reformulada para melhor. Há, portanto, um questionamento à visão positivista de que existem regras e 
leis imutáveis. 
 Com base nessa ideia de que o sistema internacional é socialmente construído, surgiram outras 
correntes como, por exemplo, o feminismo, algo pouco cobrado no CACD, mas que está no Edital. Para os 
feministas, o sistema internacional prejudica mais as mulheres do que os homens. Em casos de guerra, 
por exemplo, as mulheres ficam vulneráveis ao estupro e ao abandono. As instituições e organizações, 
portanto, deveriam refletir uma situação de maior igualdade de gênero. 
Outra teoria a ser citada nesse resumo é a Escola Inglesa, que possui muitas características da 
síntese neo-neo. Os adeptos dessa escola não chegam a acreditar, como os construtivistas, de que é 
possível reformular o sistema internacional, mas também não são tão céticos quanto os realistas. A Escola 
Inglesa concorda que o sistema internacional é anárquico, mas acredita que é possível organizá-lo, 
não para eliminar a anarquia – algo que seria utópico demais – mas para evitar conflitos e problemas 
indesejados. Portanto, a ordem é o principal objeto de estudo dessa corrente. 
Para que essa ordem realmente seja obtida, é preciso que o sistema internacional se torne uma 
comunidade internacional com valores compartilhados, com a comunhão de pressupostos mínimos, com 
o respeito a autopropriedade de cada Estado, entre outros aspectos. Trazendo essa discussão para a 
realidade concreta, um dos exemplos de comunidade internacional seria a União Europeia, um espaço 
com o compartilhamento de princípios, regras e valores bem definidos. 
 
Eixo 2 – Política Externa Brasileira – Item 2 
O eixo de política externa brasileira é, sem dúvidas, o mais importante dos quatro eixos, tanto 
pela quantidade de questões quanto pela abrangência e profundidade na prova. Aqui praticamente 
englobamos todas as relações bilaterais do Brasil quanto os temas e agendas internacionais defendidos 
pela diplomacia brasileira. Há, portanto, uma grande sinergia com os outros eixos do Edital. 
Sendo assim, a política externa brasileira é o elo vinculante entre os quatro eixos pedidos pela 
Cespe, no qual estudamos: o histórico das relações do Brasil com outras nações; a relação do Brasil com 
os principais temas; a intercessão desses entre as principais nações e, enfim, as mudanças nos temas e 
agendas sobre os quais o Brasil se preocupa. Tudo isso, evidentemente, é condicionado por diferentes 
prioridades que mudam ao longo do tempo. 
Isso significa que mudanças na política externa brasileira provocam mudanças nos temas e 
agendas defendidos pelo Itamaraty. No governo militar, por exemplo, sob a estratégia de autonomia 
pela distância, havia um distanciamento dos regimes de meio ambiente, desarmamento, direitos 
humanos, entre outros. No entanto, a partir do processo de abertura democrática, essa postura começou 
a mudar com a reaproximação de todas essas agendas internacionais. 
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No entanto, devemos entender que temas como, por exemplo, meio ambiente, direitos humanos, 
ou desarmamento, não surgem do nada. Não há uma criação espontânea. Tudo isso é construído nas 
relações entre os Estados e, às vezes, pelas organizações internacionais. Sendo assim, a política 
externa brasileira não somente acompanha esses temas, mas também é capaz de moldá-los na mesma 
proporção do poder de barganha que o Brasil tem. 
 
Eixo 2 – Itens do Edital 
2. A política externa brasileira: evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação. 
Eixo 2 – Aulas oferecidas 
Aula 03 – A Política Externa Brasileira (PEB): princípios e diretrizes da política externa brasileira 
Aula 04 – PEB (1945 – 1985): a evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação (Parte 1) 
Aula 05 – PEB (1945 – 1985): a evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação (Parte 2) 
Aula 06 – PEB (1985 – 2018): a evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação (Parte 1) 
Aula 07 – PEB (1985 – 2018): a evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação (Parte 2) 
 
A política externa brasileira: evolução desde 1945, principais vertentes e linhas de ação 
(Item 2) 
No item dois, estudamos a evolução da política externa brasileira 
desde o pós-Guerra, passando pelas principais vertentes e linhas de 
ação. Ou seja, os principais acontecimentos desde o final do governo 
Vargas até o final do governo Temer. Evidentemente, não é possível 
retomar todos os pontos aqui, mas vejamos as principais mudanças. 
Primeiramente, devemos ressaltar a mudança entre o 
americanismo e o universalismo – este último, também chamado de 
globalismo. Nos primeiros três séculos de história, o Brasil esteve 
economicamente aos centros europeus, especialmente Portugal e Reino Unido. No início do século XX, 
com a chegada de Barão de Rio Branco à chancelaria, surgiu a preocupação de manter os europeus longe 
da América e, além disso, a possibilidade economicamente vantajosa de ter os Estados Unidos como 
parceiro principal – nesse momento, os norte-americanos estavam se consolidando como grande 
potência. 
Ainda dentro do americanismo e fugindo da equidistância da Segunda Guerra Mundial, Getúlio 
Vargas barganhou, junto a Washington, a participação do Brasil no conflito. Em troca da luta contra o 
eixo, conseguiu a modernização das Forças Armadas e investimentos norte-americanos em indústrias 
brasileiras, especialmente na construção da Companhia Siderúrgica Nacional (CSN). Nessa época de 
grandes conquistas junto aos Estados Unidos, quase o Brasil entrou no Conselho de Segurança da ONU. 
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 Apesar dos bons frutos dados até então, o americanismo encontrou dificuldades nos governos 
posteriores, quando os Estados Unidos passaram a dar menos importância à América Latina e mais 
importância à Ásia, local de maior perigo à ameaça comunista. Eurico Dutra, em momento de grande 
euforia pós-Guerra, promoveu o americanismo ideológico – até então, o americanismo havia sido apenas 
pragmático para a obtenção de vantagens. Dutra alinhou o Brasil, sem exigir contrapartidas, aos valores e 
ideais norte-americanos; um alinhamento sem recompensas. Já com Juscelino Kubitscheck, sobretudo 
após a fracassada tentativa da Operação Pan-Americana (OPA) – uma espécie de Plano Marshall para a 
América Latina – surgiu a necessidade de diversificar os parceiros, cultivando as sementes para o 
universalismo que viria na década de 1960. 
 A partir do governo de Jânio Quadros – algo que foi aprofundado com João Goulart e seguido até 
mesmo pelos militares e, inclusive, se mantendo até os dias atuais – surgiu o universalismo. Por meio de 
sua Política Externa Independente (PEI), Jânio procurou se posicionar de forma autônoma na lógica da 
Guerra Fria e diversificar ao máximo possível os parceiros do Brasil. Nessa guinada, os Estados Unidos 
deixaram de ser os parceiros principais, se tornando apenas mais um parceiro – ainda que até 2008 
continuasse sendo o maior parceiro comercial doBrasil, não tinham mais tratamento especial. Nas 
décadas seguintes, o Brasil abandonou a sua posição americanista e se aproximou de regiões 
politicamente delicadas como a União Soviética e o Leste Europeu, não porque fosse comunista ou algo 
do tipo, mas simplesmente porque estava sendo pragmático. 
 Após a instalação do regime militar, em 1964, houve o que Amado Cervo chama de passo fora da 
cadência. No auge da Guerra Fria, Castelo Branco retomou a preocupação com a segurança e tentou 
“corrigir os rumos” do Brasil, dando maior enfoque liberal e simpático aos Estados Unidos. No entanto, 
como o Brasil já seguia o universalismo desde 1961, isso acabou não acontecendo. Na verdade, houve um 
universalismo inevitável. Ou seja, por mais que os militares quisessem se aproximar do Ocidente, o Brasil 
já tinha adquirido tantos compromissos com outros países, que isso não foi concretizado. 
 A partir do governo Costa e Silva, houve a retomada do universalismo – uma tendência que se 
manteve e, inclusive, se aprofundou nos governos posteriores de Médici, Geisel e Figueiredo. Portanto, 
com exceção de Castelo Branco, é errado dizer que os militares tentaram se alinhar aos Estados Unidos. 
Na verdade, o Brasil se afirmou como país independente durante quase todo o período militar, inclusive 
tendo ótimas relações com a União Soviética, cujo auge ocorreu nos anos 1980. Foi na época do Costa e 
Silva que o Brasil, juntamente à Índia, liderou os países de terceiro mundo na II UNCTAD (1968), dando 
maior protagonismo aos países de terceiro mundo, o chamado G-77. Nesse período, o Brasil também 
criticou o congelamento de poder promovido pelo Tratado de Não-Proliferação Nuclear (TPN). Na 
verdade, manteve uma posição de autonomia pela distância – ou seja, a distância dos regimes 
internacionais. 
 Na década de 1970, os países desenvolvidos estavam em crise e os subdesenvolvidos, em situação 
de grande crescimento – o Brasil, por exemplo, estava passando pelo milagre brasileiro. Por conta dessa 
inversão, houve maior protagonismo dos países periféricos. Nesta época, o Brasil e outros países 
escreveram o Blue Books, uma proposta de reforma do sistema financeiro de Bretton Woods. O processo 
de descolonização fazia multiplicar os atores periféricos, principalmente na África, abrindo novas 
possibilidades à diplomacia brasileira. 
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 Nesse contexto, o governo de Ernesto Geisel promoveu o Pragmatismo Responsável e 
Ecumênico. O Brasil não somente seria pragmático – obtendo vantagens com diversos parceiros como já 
era feito anteriormente – como também, adotaria uma postura “responsável” com os problemas 
mundiais. Embora essa postura fosse meramente retórica, com poucas ações práticas, houve críticas ao 
racismo da África do Sul e ao sionismo de Israel. Nesse período, o Choque do Petróleo obrigava o Brasil a 
se aproximar dos países árabes e garantir acesso privilegiado ao mercado de petróleo – e isso ajuda a 
explicar as críticas a Israel. É importante destacar esse período porque a banca considera que o governo 
Geisel atingiu o ápice do universalismo brasileiro. A política externa era pragmática porque buscava 
resultados; responsável porque se preocupava com questões ligadas, por exemplo, ao colonialismo e ao 
racismo; e, ecumênica porque não distinguia ideologias ou religiões, pois todos eram bem vindos desde 
que atendessem aos interesses nacionais. 
 Na década de 1980, o Brasil se redemocratizou, elaborou nova Constituição e o poder voltou aos 
civis. Nessa época, já no governo José Sarney, houve a tentativa de renovação de credenciais. Ou seja, a 
renovação da imagem manchada dos governos militares. O principal aspecto dessa renovação foi a 
reaproximação dos regimes internacionais – meio ambiente, direitos humanos, desarmamento, entre 
outros – provando que o Brasil agora era um país disposto a dialogar. No entanto, foi uma época de 
grandes problemas econômicos – inflação, crise da dívida pública, etc. – que só foram resolvidos no início 
da década seguinte. 
 Nos governos Collor, Itamar e no primeiro mandato do governo Fernando Henrique Cardoso – já 
em contexto de final de Guerra Fria – houve tentativa de adequar o Brasil ao Consenso de Washington, 
dando um caráter mais liberal à economia. Não necessariamente porque esses governantes acreditassem 
nisso, mas simplesmente porque era a única opção no momento para inserir o país nas cadeias de 
produção global. Até então, desde o governo Vargas – com exceção do governo de Castelo Branco – todos 
os outros governantes haviam adotado o nacional-desenvolvimentismo, algo quebrado nos anos 1990 
por conta do neoliberalismo. 
 No segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso, os problemas econômicos já haviam sido 
em grande parte resolvidos, dando maior conforto à melhorias na política externa. A partir da segunda 
metade dos anos 1990, o Brasil se preocupou em buscar novos parceiros e aprofundar as parceiras já 
existentes. Houve o relançamento e o aprofundamento da relação com vários países latino-americanos, 
asiáticos e africanos, principalmente. Essa tendência foi mantida e continuada pelo governo Lula da Silva, 
quando houve a intensificação desse aprofundamento. Nessa época, o Brasil se tornou um importante 
player comercial e político, atuando com grande protagonismo internacional. 
Nesses bons momentos dos anos 2000, o Brasil teve fôlego e poder de barganha para exigir 
reformas no sistema internacional – uma antiga reivindicação que vinha desde a Liga das Nações. 
Tentou, por exemplo, reformar o Conselho de Segurança da ONU e garantir maior representatividade, 
horizontalidade e simetria nas relações internacionais – que não mais refletiam o cenário de 1945. Para 
obter sucesso em seu pleito, tentou “provar” ser um país digno de ocupar um assento permanente. 
Participou, por exemplo, de diversas missões de paz – da qual se destaca a MINUSTAH, no Haiti. Também 
sugeriu mediações importantes, como na questão nuclear do Irã. Tentou, enfim, se destacar no sistema 
internacional, não mais como um mero país subdesenvolvido, mas como um país capaz de influenciar nas 
decisões geopolíticas. 
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Eixo 3 – Relações Bilaterais do Brasil e Integração Regional – Itens 
3 a 15 
O eixo das relações bilaterais do Brasil está totalmente relacionado ao primeiro eixo da teoria das 
relações internacionais. Se as teorias delimitam a ação dos Estados e das relações bilaterais do Brasil, 
podemos compreendê-las não somente pelos aspectos factuais, mas também pela abordagem 
conceitual e teórica. O mesmo vale para a integração regional, pois há teorias que, com base no 
relacionamento de atores estatais e não-estatais, explicam os processos de integração que podem ser 
aplicáveis ao Brasil. 
Basicamente, conforme vimos nas aulas, as relações bilaterais do Brasil podem ser horizontais e 
verticais. No primeiro caso, há maior simetria entre os países, onde tanto o Brasil quanto seu parceiro 
possuem condições de relativa igualdade; ou seja, semelhanças no estágio de desenvolvimento e nas 
características de inserção regional. É o caso, por exemplo, das relações do Brasil com a Argentina ou com 
os países do Oriente Médio. 
Já as relações verticais ocorrem em um eixo de assimetria, entre um país menos desenvolvido e 
um país mais desenvolvido; como, por exemplo, as relações do Brasil com os Estados Unidos ou com os 
países da União Europeia. Se há oportunidades a serem exploradas por ambas as partes, as relações 
verticais evoluem; caso contrário, muito dificilmente estas prosperarão. 
Tendo em vista esses conceitos, o Brasil possui como principal parceiro vertical os Estados 
Unidos. A China, embora tenha ultrapassado os norte-americanosno âmbito das transações e, embora 
seja uma potência econômica – é considerada uma parceira horizontal. Isso porque há muitos desafios, 
metas de desenvolvimento e problemas de combate à pobreza similares aos do Brasil. 
 
Eixo 3 – Itens do Edital 
3. O Brasil e a América do Sul. 
3.1 Integração na América do Sul. 
3.2 O MERCOSUL: origens do processo de integração no Cone Sul. 
3.3 Objetivos, características e estágio atual de integração. 
3.4 A Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA). 
3.5 A União Sul-Americana de Nações: objetivos e estrutura. 
3.6 O Conselho de Defesa da América do Sul. 
4. A política externa argentina; a Argentina e o Brasil. 
5. A política externa norte-americana e relações com o Brasil. 
6. Relações do Brasil com os demais países do hemisfério. 
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7. A Política externa francesa e relações com o Brasil. 
8. Política externa inglesa e relações com o Brasil. 
9. Política externa alemã e relações com o Brasil. 
10. A União Europeia e o Brasil. 
11. Política externa russa e relações com o Brasil. 
12. A África e o Brasil. 
13. A política externa da China, da Índia e do Japão; relações com o Brasil. 
14. Oriente 29/32 Médio: a questão palestina; Síria, Iraque, Irã e outras situações nacionais relevantes. 
15. A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa. 
Eixo 3 – Aulas oferecidas 
Aula 08 – A política externa norte-americana e relações com o Brasil. 
Aula 09 – A União Europeia e o Brasil: as relações do Brasil com o bloco europeu e com seus principais 
membros 
Aula 10 – A política externa argentina: a Argentina e o Brasil. 
Aula 11 – O Brasil e seu entorno regional: América do Sul e as Américas 
Aula 12 – O Brasil e a América do Sul 
Aula 13 – Relações do Brasil com a África 
Aula 14 – Relações do Brasil com o Oriente Médio 
Aula 15 – Relações do Brasil com a Ásia e o Indo-Pacífico 
Aula 16 – Relações do Brasil com os BRICS 
Aula 17 – Relações do Brasil com Portugal e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP). 
 
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O Brasil e a América do Sul (Item 3) 
 
No item 3, estudamos as relações do Brasil com a América do Sul, mais especificamente: a 
integração na América do Sul (item 3.1); o MERCOSUL e as origens do processo de integração no Cone 
Sul (item 3.2); os objetivos, características e estágio atual de integração (Item 3.3); a Iniciativa de 
Integração da Infraestrutura Regional Sul-Americana (IIRSA) (item 3.4); a União Sul-Americana de Nações 
e seus objetivos e estrutura (item 3.5); e, por fim, o Conselho de Defesa da América do Sul (Item 3.6). Nas 
linhas abaixo, retomaremos todos esses subitens – ainda que de forma bastante generalizada e, às vezes, 
agrupada para facilitar a compreensão. 
 
MERCOSUL: origens do processo de integração no Cone Sul e integração na América 
do Sul (Item 3.1 e 3.2) 
 
 Primeiramente, devemos relembrar que o conceito de “América do Sul” foi desenvolvido pelo 
Brasil. Não significa, evidentemente, que o continente não existisse antes de ser mencionado por nossa 
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diplomacia, mas sim, que não existia uma identidade sul-americana e nem a identificação de algo em 
comum entre as nações. O segundo ponto a ser relembrado é que historicamente, reforçar a unidade sul-
americana serviu para encapsular as relações e manter os Estados Unidos afastados – um contraponto 
à Doutrina Monroe de que a “América é para os americanos”. É exatamente essa a ideia da UNASUL, do 
Conselho de Defesa Sul-Americano e de algumas outras iniciativas mencionadas no Edital. Esse tipo de 
encapsulamento é bastante interessante para o Itamaraty, pois o Brasil é um líder regional e, mantendo 
as potências de fora – ou, com menos interferência – pode exercer maior poder de influência na América 
do Sul. 
 Apesar de ser um líder natural da região, o Brasil adota a cordialidade com os seus vizinhos. Isso 
significa que não há a imposição dessa liderança de forma forçada, militarizada, contra a soberania dos 
países de entorno. Apesar de ser mais forte, o Brasil tenta conquistar os vizinhos por meio da diplomacia, 
da aproximação cordial e, além disso, da demonstração de que se aproximar de Brasília é mais 
vantajoso que se aproximar de Washington. Isso não é somente uma constante nos dias atuais, mas vem 
desde o início do século XX, desde a época de Barão de Rio Branco, especificamente. 
 Em sua chancelaria, Rio Branco propôs o Pacto ABC (Argentina, Brasil e Chile), firmado entre três 
países que se destacavam na região e que poderiam exercer poder de liderança na resolução de conflitos e 
sem precisar recorrer aos Estados Unidos. Perceba que embora Rio Branco tivesse adotado o 
americanismo, não era favorável à interferência estrangeira em assuntos regionais. Apesar desses 
antecedentes históricos, foi somente nos últimos anos, especificamente com a superação da crise das 
hidrelétricas entre Brasil e Argentina, que a América do Sul foi, de fato, começar a ser integrada. 
 No início dos anos 1970, tanto o Brasil quanto a Argentina costuraram acordos com o Paraguai para 
construir hidrelétricas no Rio Paraná, gerando os projetos de Itaipu e Corpus – vale ressaltar que nessa 
época de “Brasil-Potência”, era fundamental que o governo Médici aumentasse a disponibilidade de 
energia do país. O atrito se iniciou, de fato, porque o Brasil não consultou a Argentina para a construção 
de Itaipu, mesmo ela sendo parte afetada e pior, tendo feito o projeto antes do Brasil. Primeiro os 
argentinos fizeram o projeto e depois os brasileiros simplesmente foram lá e construíram, sem ao menos 
consulta-la. Na segunda metade da década de 1970, entre os governos Perón e Isabelita Perón – aqui no 
Brasil, entre Médici e Geisel – a crise se intensificou a ponto de quase haver um conflito armado entre os 
dois. 
 No entanto, ainda no governo Geisel, houve tentativas de diálogo e resolução de conflitos. Durante 
o governo Figueiredo, houve o consenso de que ambos os projetos poderiam ser compatibilizados, 
levando ao fim das rivalidades entre Brasil e Argentina. Inclusive, durante a Guerra das Malvinas, já no 
início desse novo contexto, o Brasil manteve uma neutralidade imperfeita: oficialmente, se manteve 
neutro; mas, na prática, apoiou o pleito argentino. Nesse período, portanto, após a superação das tensões, 
houve uma série de tentativas para estimular a complementariedade econômica entre os dois países, 
algo que havia sido anteriormente feito no Espírito de Uruguaiana no início dos anos 1960 e perdido na 
década de 1970. Evidentemente, foi uma construção diplomática lenta e gradual, mas que acabou dando 
certo e abrindo caminhos para o Mercosul, no início da década de 1990. 
 
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Objetivos, características e estágio atual de integração; UNASUL e Conselho de Defesa 
(Itens 3.3, 3.4, 3.5 e 3.6) 
 
 Conforme mencionamos acima, as origens do processo de integração da América do Sul ocorreram 
com a superação das rivalidades entre Brasil e Argentina que juntos, começaram a influenciar os outros 
países da região. Das negociações surgidas nos anos 1980, nasceu Mercado Comum do Sul (MERCOSUL); 
que inicialmente articulado por esses dois países, foi imediatamente aderido por Paraguai e Uruguai. 
Apesar de pretender ser um “mercado comum”, na verdade, o Mercosul é uma união aduaneira 
imperfeita. Isso significa que não existe ummercado comum de fato, com a livre circulação de 
mercadorias e pessoas que lhe é característica. Ao invés disso, o que existe no Mercosul é a adoção de uma 
Tarifa Externa Comum (TEC) que uniformiza as taxas de importação mas que, no entanto, não é adotada 
para todos os produtos. 
 No início dos anos 2000, o Mercosul foi além de uma área de livre comércio com união aduaneira e 
passou a ter contornos de integração social passando, por exemplo, a permitir a revalidação de diplomas, 
a integração de programas sociais e o financiamento de projetos de fomento ao desenvolvimento, 
especialmente nos países mais fracos Uruguai e Paraguai. Nos últimos anos, com o fim do “giro cor de 
rosa”, o Mercosul voltou a ter um caráter mais comercial – ainda que os programas sociais tivessem 
continuado. 
 Se o Brasil historicamente priorizou o nacional-desenvolvimentismo e a integração no Cone Sul, o 
Chile focou no liberalismo econômico e na aproximação com mercados economicamente prósperos, 
especialmente aqueles voltados ao Pacífico como Estados Unidos e China. Por causa dessas diferenças, o 
Chile, ao invés do Mercosul, preferiu cooperações com a Aliança do Pacífico e a Comunidade Andina 
(CAN). 
 Como proposta de integração entre o Mercosul, a Comunidade Andina e as demais iniciativas sul-
americanas, surgiu a União das Nações Sul-Americanas (UNASUL), cujo Tratado Constitutivo entrou em 
vigor em 2008. Trata-se de um grupo de cooperação em diversos temas – além do aspecto econômico, 
também há discussões sobre desenvolvimento social, defesa, energia, etc. Por meio da UNASUL foi 
estabelecido, por exemplo, o Conselho de Defesa que forma um sistema de segurança coletivo sul-
americano e dissuade as potências estrangeiras a interferirem militarmente na região. A UNASUL 
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também incorporou em sua estrutura a Iniciativa de Integração da Infraestrutura Regional Sul-
Americana (IIRSA), projeto criado em 2000 com o objetivo de investir e fomentar melhorias na 
infraestrutura física do continente, sobretudo nos eixos essenciais de integração entre os países. 
 Apesar das boas intenções, a UNASUL encontra-se enfraquecida desde 2017, em grande parte 
pelo suposto caráter ideológico da organização que já não encontra respaldo político nos novos 
governantes da América do Sul. Trata-se de um projeto vinculado a governos de esquerda que 
simplesmente não estão mais no poder. Diante disso, o Brasil suspendeu sua participação, juntamente a 
outros países como a Colômbia, por exemplo. Sem as principais lideranças, a UNASUL tende a encerrar 
suas atividades ou a perder cada vez mais poder. 
Relações do Brasil com Argentina, Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, 
União Europeia, Rússia e outros países do hemisfério sul (Itens 4 a 11). 
 
Entre os itens 4 e 11, estudamos as relações do Brasil com seus principais parceiros: Argentina, 
Estados Unidos, França, Reino Unido, Alemanha, União Europeia, Rússia e também, países no contexto 
sul-sul – como, por exemplo, a CPLP. Devido a grande quantidade de conteúdo, seria impossível fazer um 
bom resumo aqui. Apenas para recordarmos os aspectos gerais, vamos relembrar as características gerais 
de cada relação. 
Em grande parte do século XX, os Estados Unidos foram o principal parceiro comercial e político 
do Brasil. No entanto, com o esgotamento do americanismo e o início do universalismo, houve 
tentativas, por parte dos governos brasileiros, de procurarem novos parceiros. Assim, as relações com o 
Oriente Médio, a Ásia, o Leste Europeu e a África foram cada vez mais se intensificando. Grande parte 
dessas relações foram adensadas na década de 1970, em momento de “Brasil-Potência”, quando o país 
procurava novos mercados para escoar seus produtos e, além disso, contornar os efeitos negativos da 
crise do petróleo. Também houve novo impulso entre o final da década de 1990 e o início dos anos 2000, 
quando o Brasil procurava – e ainda procura – aumentar sua credibilidade e reformar o sistema 
internacional. Já a Argentina, nosso terceiro maior parceiro comercial, nunca deixou de ter relações com o 
Brasil – ainda que em alguns momentos essa relação evoluísse da cooperação à rivalidade e vice-versa. 
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Se fosse considerada um único país, a União Europeia seria a principal parceira comercial do Brasil. 
A Alemanha, por exemplo, ainda que consista em uma relação tipicamente norte-sul, possui um longo 
histórico de cooperação e investimentos no Brasil. Podemos citar, por exemplo, a formação do G-4 junto 
com Índia e Japão. Apesar do longo relacionamento com o Brasil, o Reino Unido é comercialmente pouco 
expressivo para nós, sendo mais relevantes no âmbito histórico e cultural. Tanto é que o país continua 
tendo um grande peso diplomático para o Brasil. Devido ao Brexit e ao consequente ruptura com a União 
Europeia, há maiores chances de incremento comercial futuro entre os dois países. Por sua vez, a França 
se consolidou como grande parceira no âmbito de investimentos, sobretudo durante o governo Lula na 
convergência em projetos de desenvolvimento e reformas do sistema internacional. Apesar do bom 
relacionamento, o protecionismo da França é o principal entrave para a liberalização do mercado de 
commodities europeu aos produtores brasileiros. 
Nesse sentido, a polêmica do protecionismo agrícola europeu ocorre desde pelo menos o 
estabelecimento da Comunidade Econômica Europeia (CEE) nos anos 1960, passando pelo 
recrudescimento nos anos 1970 e pelas intermináveis discussões nas Rodadas Uruguai e Doha do GATT e 
da OMC. Atualmente, é um dos maiores entraves – juntamente ao protecionismo industrial brasileiro – 
ao estabelecimento do acordo entre Mercosul e União Europeia, em discussão há muitos anos e ainda 
sem proposta concreta de estabelecimento. Apesar de algumas dificuldades, o Brasil possui parcerias 
estratégicas com os três países citados: França, Alemanha e Reino Unido. 
Sobre a Rússia, é importante ressaltar o fato das relações serem relativamente recentes e 
pragmáticas, ganhando importância real somente a partir dos anos 2000 – ainda que o Brasil tenha feito 
diversas parceiras comerciais e científicas com a União Soviética a partir dos anos 1970. A Rússia é 
fundamental para o Brasil em vários arranjos de geometria variável, dos quais podemos destacar o 
BRICS. 
 
A África e o Brasil (Item 12) 
 
 Neste item, estudamos as relações do Brasil com a África. Normalmente, quando cai sobre esse 
assunto, é apenas cobrado que o candidato tenha uma visão histórica dos processos que alteraram esse 
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relacionamento. Precisamos ter ideia, por exemplo, que o Brasil só passou a olhar para o continente 
africano com a Política Externa Independente (PEI) na década de 1960, mas que foi somente na década 
de 1970 que essa relação se intensificou – já no contexto do choque do petróleo e do milagre econômico. 
Também precisamos saber que recentemente – entre o final do governo Fernando Henrique Cardoso e o 
governo Lula – a África ganhou grande destaque na política externa brasileira, sendo um espaço 
estratégico de concertação política. 
 Além disso, a prova do CACD costuma enfatizar as relações Brasil-África dos anos 1970. Nesse 
período, aconteceu uma série de fatores que impulsionaram essas relações. Primeiramente, conforme já 
mencionamos, houve o aprofundamento do universalismo e a busca por novos mercados para as 
indústrias brasileiras que, nesse momento, estavam passando pela alta produtividade do milagre 
brasileiro. 
Em segundo lugar, com a quedado governo de Salazar em Portugal, houve a aceleração do 
processo de descolonização das possessões portuguesas como Moçambique e Angola, por exemplo. O 
Brasil, aliás, foi um dos primeiros países a reconhecer o governo marxista do MPLA em Angola – não 
obstante o combate anticomunista em âmbito doméstico. Nessa época, sob o Pragmatismo Responsável 
e Ecumênico, o Brasil intensificou as críticas ao colonialismo na África, se aproximando desses países. 
Por outro lado, também engrossou as críticas ao racismo do Apartheid, o que culminaria no afastamento 
da África do Sul na década de 1980. 
Posteriormente, conforme revisaremos nos itens abaixo, foi criada a Comunidade dos Países de 
Língua Portuguesa (CPLP). Apesar de ter representantes de todos os continentes, a maior parte das 
nações está na África. 
 
A política externa da China, da Índia e do Japão; relações com o Brasil (Item 13) 
 
 Quando pensamos em relações do Brasil com a China, a Índia e o Japão, podemos ressaltar uma 
característica principal para cada uma delas. 
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 Primeiramente, a China – segunda maior economia e maior população do mundo – é o principal 
parceiro comercial do Brasil, ultrapassando os Estados Unidos. Além da grande importância econômica, a 
China é fundamental para a estratégia de inserção internacional do Brasil, principalmente por causa da 
concertação política em arranjos de geometria variável como, por exemplo, o BRICS, o G20 e o BASIC – 
esse último, sobre questões climáticas. Além disso, existem cooperações técnico-científicas importantes 
para ambos os países. A China, portanto, é economicamente importante, politicamente importante e 
cientificamente importante para o Brasil. Seria loucura desprezá-la. 
 As relações do Brasil com a Índia ocorrem, sobretudo, no eixo político. Evidentemente, há outras 
dimensões – comerciais, econômicas, técnicas, etc. – mas a dimensão política é, de longe, a mais 
importante. É assim desde pelo menos os anos 1960, quando ambos os países coordenaram ações na II 
UNCTAD e lideraram os países de terceiro mundo, o chamado G77. Recentemente, podemos destacar a 
elevada cooperação com a Índia em arranjos de geometria variável. São muitos deles: BASIC, IBAS, 
BRICS, G-4, G-20, etc. Há mais cooperações multilaterais do que com a Rússia, a China e a África do Sul. 
Apesar da posição estratégica na concertação política, a Índia encontra pouca complementariedade 
econômica com o Brasil. Isso porque ambas são potências agrícolas e, sendo assim, produzem 
basicamente os mesmos produtos. 
 Já as relações com o Japão se destacam principalmente por conta da cooperação técnica, uma 
tradição que vem desde os anos 1970, quando a agência de cooperação japonesa JICA desenvolveu, 
juntamente à EMBRAPA, melhores condições de cultivo da soja no Cerrado brasileiro. Além deste, há 
inúmeros outros projetos como, por exemplo, a cooperação entre a JICA e a Agência Brasileira de 
Cooperação (ABC) e as parcerias na área de TV Digital. Além disso, há um grande laço cultural entre o 
Japão e o Brasil. Inclusive, a maior comunidade de japoneses fora do Japão está no Brasil. 
 Se fôssemos escolher apenas uma característica de cada país, a China é forte comercialmente para 
o Brasil, a Índia é forte politicamente para o Brasil, e o Japão é forte tecnicamente para o Brasil. 
 
Oriente Médio: a questão palestina; Síria, Iraque, Irã e outras situações nacionais 
relevantes (Item 14) 
 
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Em relação ao Oriente Médio, muito mais do que as relações do Brasil com os países árabes, é 
pedido que entendamos os principais conflitos da região: na Palestina; na Síria; no Iraque; no Irã; e, em 
outras situações que a banca julgar “relevante”. Além disso, é cobrado que saibamos a posição do Brasil 
para cada um. 
As relações do Brasil com o Oriente Médio – assim como no caso da África – foram alavancadas 
após a Política Externa Independente, quando o Brasil passou a olhar para a região por dois motivos: 
primeiramente, porque fazer “amizade” com os numerosos países árabes aumentava o apoio do Brasil nos 
fóruns multilaterais – eles foram decisivos, por exemplo, para a vitória do Brasil contra a Argentina na 
ONU por causa da questão de Itaipu. Em segundo lugar, era necessário diversificar os parceiros 
comerciais e arranjar novos mercados consumidores para o Brasil. Esses dois motivos foram exatamente 
os mesmos que levaram o Brasil a se aproximar da África, conforme revisamos no item anterior. A partir 
dos anos 1970, com o Choque do Petróleo promovido pela OPEP, o Oriente Médio entrou realmente no 
radar da política externa brasileira, de forma muito incisiva e determinante para que o Brasil conseguisse 
acesso ao mercado de petróleo que, naquele momento, escasseava para as nações ocidentais. 
Apesar da intensificação após os anos 1960, o Brasil atuou na região em momentos anteriores. 
Houve, por exemplo, um grande papel do chanceler Oswaldo Aranha na sessão da Assembleia da ONU 
para o Plano de Partilha de Israel e Palestina – a divisão de territórios entre um país árabe e um país judeu 
com Jerusalém sendo administrada internacionalmente. Em relação a questão palestina, o Brasil 
historicamente manteve a mesma posição defendida por Aranha: a equidistância – uma posição 
absolutamente neutra, sem se envolver com nenhum dos lados. É verdade que o Brasil, sobretudo durante 
os governos recentes, fez duras críticas à Israel. No entanto, essas críticas se devem, pelo menos no plano 
teórico, ao desrespeito do país com o Plano de Partilha definido pela ONU e não por questão ideológica. O 
Brasil defende, por exemplo, que Israel não construa assentamentos em regiões delimitadas para os 
palestinos, o que vem ocorrendo há alguns anos. Portanto, o Brasil preza pelo primado do direito 
internacional e pelo respeito às decisões multilaterais. 
Em relação à Guerra da Síria, há uma posição mais objetiva em dizer que os países não devem 
interferir no desfecho. O Brasil, inclusive, se colocou contrário aos embargos internacionais promovidos à 
Síria. A diplomacia brasileira vê com maus olhos a interferência russa e norte-americana no território do 
país e acredita que a mediação deve ocorrer por vias diplomáticas. Portanto, o Brasil não se alinha nem a 
Bashar Al Assad e nem aos rebeldes. Apenas condena a interferência externa e preza pela 
autodeterminação dos povos e pela soberania síria. 
Já em relação a Guerra no Iraque, a posição do Brasil é de grande questionamento e crítica aos 
Estados Unidos pois, segundo a diplomacia brasileira, entraria em conflito com o ordenamento jurídico 
estabelecido e seria um desrespeito aos fóruns multilaterais. Prezando pelo multilateralismo, o Brasil foi 
absolutamente contra os Estados Unidos terem invadido o Iraque mesmo tendo sido reprovados pela 
ONU – na época, a Doutrina Bush dizia que os norte-americanos tinham o direito de realizar um ataque 
preventivo se isso fosse uma questão de segurança nacional. Além do corpo diplomático em geral, a 
guerra foi pessoalmente criticada pelo presidente Lula e pelo chanceler Celso Amorim. 
 Essa posição elevou o saldo político do Brasil com o Oriente Médio. O fato é que a crítica à invasão 
do Iraque melhorou a imagem do Brasil com os países árabes que passaram a nos enxergar como 
guardiões dos princípios da ONU, um país comprometido com a multilateralidade, engajado na paz e 
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coisas do tipo. O Brasil, inclusive, chegou a acompanhar de perto a Guerra do Iraque. Houve, por parte do 
governo brasileiro, tentativa de enviar empreiteiraspara reconstruir o país. No entanto, com o passar do 
tempo, isso não se concretizou pois, ao contrário do esperado, os conflitos continuaram durante anos. A 
partir do governo Dilma, houve distanciamento do Oriente Médio e também, dos acontecimentos da 
Guerra do Iraque que nesse momento, já contavam com a atuação do Estado Islâmico. Embora tenha 
perdido territórios, ainda hoje o grupo terrorista é uma ameaça à região. 
 No caso do Irã, devemos destacar o Programa Nuclear Iraniano, alvo de muitas controvérsias nos 
últimos anos. Em 2010, Brasil e Turquia apresentaram a proposta do Acordo de Teerã que propunha uma 
solução ao impasse. Pelo acordo, o Irã deveria ter tecnologia nuclear para fins pacíficos, mas, como não 
aceitava fiscais da AIEA em seu território, o urânio seria enriquecido na Rússia, transportado pela Turquia 
e trazido de volta ao território iraniano para uso civil. No entanto, os países ocidentais rechaçaram a 
proposta turco-brasileira. Em seu lugar, foi costurado a Acordo Nuclear com o Irã, em 2015. Por esse novo 
acordo, apoiado pelas grandes potências, o Irá praticamente renunciou ao seu programa nuclear em troca 
do fim dos embargos e sanções que prejudicavam a sua economia, além de reparações financeiras. 
Também passou a aceitar fiscais internacionais em suas instalações. Recentemente, no entanto, os 
Estados Unidos se retiraram do acordo de 2015 e passaram a tentar resolver a questão de forma 
unilateral, pressionando o Irã com uma escalada de ameaças. A posição brasileira na questão nuclear 
iraniana é lamentar que o Acordo de Teerã, de sua autoria, não tenha sido aprovado. O Brasil também 
lamenta a retirada dos Estados Unidos do acordo mais recente. 
 Quando pensamos em “outras situações” no Oriente Médio devemos analisar o contexto geral. Há 
um entendimento da CESPE de que a região tem duas potências médias que disputam a hegemonia: a 
Arábia Saudita, que normalmente é apoiada pelos Estados Unidos; e, o Irã, normalmente apoiado pela 
Rússia. Como reflexos dessa disputa, há a desestabilização de países como a Síria, a Líbia, o Iraque, o 
Bahrein e o Iêmen. Há, na maioria dos casos, guerras de procuração (proxy wars). Ou seja, guerras que 
contam com a participação indireta dessas duas potências médias – e, na maioria das vezes, de potências 
externas – e, cujo o desfecho, ocorre justamente por conta desses atores não envolvidos diretamente no 
conflito, mas que prestam apoio militar, econômico ou logístico. 
 No geral, há uma tentativa do Irã de promover seu modelo de regime, uma república islâmica, 
às monarquias similares à Arábia Saudita. Isso explica, por exemplo, em alguma medida, o apoio que o 
Irã dá aos rebeldes que surgem durante a Primavera Árabe. Evidentemente, há outros atores importantes 
no Oriente Médio como, por exemplo, a Turquia e Israel, mas estes não atuam de forma tão incisiva e 
determinante nos conflitos da região. 
 
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A Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (Item 15) 
 
A CPLP possui representantes de várias partes do mundo. Na América, o Brasil. Na Europa, 
Portugal. Na Ásia, Timor Leste. No entanto, é na África onde a maior parte dos países da CPLP está; 
justamente onde estão as ex-colônias portuguesas que compartilham a similaridade do idioma. Por isso, 
apesar da abrangência global, a CPLP faz parte da estratégia brasileira de inserção na África. Durante 
a existência da CPLP, o Brasil mediou conflitos, ajudou em processos eleitorais, financiou projetos e 
conseguiu aumentar seu apoio na região, ampliando seu raio de ação no continente africano, uma região 
estratégica para a diplomacia brasileira. A CPLP, portanto, mais do que um grupo formado pela 
similaridade no idioma, é um espaço de concertação política e um dos muitos arranjos de geometria 
variável dos quais o Brasil faz parte. 
 
Eixo 4 – Temas e Agendas Internacionais – Itens 16 a 21 
Nesse item, falamos sobre meio ambiente, direitos humanos, desarmamento, segurança, 
economia e finanças e as relações do Brasil com cada um desses temas e agendas. Também falamos sobre 
as organizações e os regimes internacionais. Embora seja um eixo longo e complexo, muitos de seus 
aspectos já foram estudados nos três eixos anteriores. 
Importante mencionar que os temas e agendas internacionais estão relacionados à política externa 
de vários países, incluindo o Brasil. No caso brasileiro, podemos destacar a busca pela reforma das 
organizações e regimes internacionais – especialmente das Nações Unidas. Esse objetivo havia sido 
enfatizado desde a política externa independente, mas ganhou força a partir da segunda metade da 
década de 1990, se intensificando ainda mais no início do século XXI. 
 
 
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Eixo 4 – Itens do Edital 
16. A agenda internacional e o Brasil: 
16.1 O multilateralismo de dimensão universal: a ONU; as Conferências Internacionais; os 
órgãos 
multilaterais. 
16.2 Desenvolvimento. 
16.3 Pobreza e ações de combate à fome. 
16.4 Meio ambiente. 
16.5 Direitos Humanos. 
16.6 Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC). 
16.7 Sistema financeiro internacional. 16.8 Desarmamento e não-proliferação. 
16.9 Conflito étnico, sectário e nacionalismo: os casos do Bálcãs e do Oriente Médio (por 
exemplo: 
Síria, Líbano, Iraque). 
16.10 Crimes de guerra e crimes contra a humanidade: genocídio, holocausto e a Corte Penal 
Internacional. 
16.11 Políticas de identidade: gênero, raça e religião como vetores da política mundial. 
16.12 Terrorismo. 
16.13 Narcotráfico. 
16.14 A reforma das Nações Unidas. 
17. O Brasil e o sistema interamericano. 
18. O Brasil e a formação dos blocos econômicos. 
19. A dimensão da segurança na política exterior do Brasil. 
20. O Brasil e as coalizões internacionais: o G-20, o IBAS e o BRICS. 
21. O Brasil e a cooperação sul-sul. 
Eixo 4 – Aulas oferecidas 
Aula 18 – O Brasil e o Sistema Interamericano: a OEA 
Aula 19 – O MERCOSUL 
Aula 20 – A União Sul-Americana de Nações (Unasul) e outras iniciativas 
Aula 21 – Organizações e Regimes internacionais 
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Aula 22 – Sistema ONU - Origens e Carta da ONU 
Aula 23 – Sistema ONU - Evolução e Reforma 
Aula 24 – Sistema ONU - O Brasil e as Nações Unidas 
Aula 25 – Sistema Financeiro Internacional 
Aula 26 – Sistema Multilateral de Comércio: a OMC 
Aula 27 – Desenvolvimento Sustentável, Meio Ambiente e Direitos Humanos 
Aula 28 – A dimensão da segurança na política exterior do Brasil 
Aula 29 – O Brasil, as Coalizões Internacionais e a Cooperação Sul-Sul: BRICS, IBAS, G-20 
Aula 30 – Políticas de identidade: Conflito étnico, religioso, sectário e a ascensão do nacionalismo 
Aula 31 – O Oriente Médio e seus Impactos nas Relações Internacionais 
Aula 32 – Crimes de guerra e crimes contra a humanidade: conflitos civis, genocídio, holocausto e a 
Corte Penal Internacional. 
 
A agenda internacional e o Brasil (Item 16) 
 
A agenda internacional do Brasil foi definida ao longo dos processos históricos de interações do 
Brasil com seus principais parceiros, sendo alguns especificados no Edital: China, Estados Unidos, 
Argentina, Alemanha, Índia, Japão, continente africano, etc. Além disso, a agenda internacional brasileira 
também sofreu/sofre influência das pessoas que estão à frente do Estado e do governo, sobretudo no 
Ministério das Relações Exteriores. Sendo assim, a evolução da política externa brasileira alterou/altera as 
próprias prioridades do Brasil. 
Para relembrarmos na práticacomo isso ocorre, vamos retomar o contexto de final de Guerra Fria, 
na década de 1990. Nessa época, após um longo período de afastamento dos regimes internacionais, o 
Brasil participou intensamente dos temas e agendas internacionais, inclusive sediando uma 
conferência sobre meio ambiente no Rio de Janeiro – aliás, esse período ficou conhecido como Década das 
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Conferências. O fato é que com o final da União Soviética, havia uma grande expectativa que as Nações 
Unidas fossem alavancar. Sem a polaridade que congelava as decisões, temas como direitos humanos, 
meio ambiente e desarmamento finalmente prosperariam. Vale ressaltar, contudo, que apesar ter 
atingido o ápice entre os anos 1990 e 2000, essa postura proativa do Brasil iniciou, na verdade, na década 
de 1980, com o processo de renovação de credenciais, ou seja, a renovação da imagem do Brasil após o 
regime militar. 
No cenário pós-guerra fria, ciente de que a ordem anterior havia colapsado, o Brasil tentou 
moldar a nova ordem que estava surgindo. Se o mundo estava mudando, o Brasil queria não somente 
participar dessas alterações, mas também – e, principalmente – ajudar a construir essa nova ordem 
internacional para beneficiá-lo. Havia, nesse período, a expectativa de que os Estados Unidos exerceriam o 
poder de forma unilateral, o que acabou não ocorrendo. Essas “frustrações” acirraram ainda mais a busca 
pelos países emergentes na nova ordem internacional, incluindo o Brasil. Durante o início do século XXI, 
buscando reformar a ordem internacional, o Brasil tentou se colocar como um player importante, 
interferindo de forma proativa em questões internacionais. 
Conforme pudemos perceber, o item 16 é um dos mais complexos do Edital, abrangendo vários 
subitens: ONU e multilateralismo de dimensão universal, meio ambiente; desenvolvimento e pobreza e 
ações de combate à fome; direitos humanos; comércio internacional e OMC; sistema financeiro 
internacional; desarmamento e não proliferação; conflito étnico, sectário e nacionalismo com os casos do 
Bálcãs e do Oriente Médio; crimes de guerra e crimes contra a humanidade; políticas de identidade: 
gênero, raça e religião como vetores da política mundial; e, terrorismo, narcotráfico e reforma das Nações 
Unidas. Nas linhas abaixo, veremos um breve resumo de cada um desses subitens do item 16. 
 
O multilateralismo de dimensão universal: ONU, Conferências Internacionais e órgãos 
multilaterais (Item 16.1) 
 
Nesse item, o Edital especifica a cobrança do “multilateralismo de dimensão universal”; ou seja, a 
cobrança de temas relacionados à Organização das Nações Unidas e às suas principais conferências e 
órgãos multilaterais. Conforme estudamos, a ONU foi criada via Carta de São Francisco (1945) para 
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garantir a paz, a prosperidade e os direitos humanos de modo geral, evitando novos conflitos após a 
Segunda Guerra Mundial. Para isso, a ONU estabelece sistema de segurança coletivo universal, do qual 
um ataque a um dos membros pode ser defendido e revidado com as forças dos demais membros 
somadas, o que reforça o elemento dissuasório ou, o desestímulo ao conflito. 
Embora tenha sido criada em 1945, foi durante a década de 1990 – em clima de otimismo pós-
Guerra Fria – que a ONU ganhou relevância, afinal, não haveria mais a polaridade ideológica atravancando 
os regimes internacionais. Foi nessa época que ocorreu a maior parte das “Conferências Internacionais” 
explicitadas no Edital. 
Nesse novo contexto, já concluindo o processo de renovação de credenciais que vinha desde o final 
do regime militar, o Brasil adotou o multilateralismo como o único meio legítimo de poder mundial, 
ideia que se manteve até os dias atuais. Durante o governo Lula, inclusive, o chanceler Celso Amorim 
chegou a afirmar que o “multilateralismo é a expressão jurídica normativa da multipolaridade”. Ou seja, 
onde há múltiplos polos de poder, o multilateralismo se torna ainda mais necessário. Seguindo essa 
postura, desde então, o Brasil costuma levar ao âmbito multilateral questões como meio ambiente, 
direitos humanos, mudanças climáticas, entre outras das quais revisaremos a seguir. 
 
Desenvolvimento, pobreza, combate à fome, meio ambiente e direitos humanos (Itens 
16.2, 16.3, 16.4 e 16.5) 
 
 No âmbito do meio ambiente, podemos destacar alguns marcos principais. A primeira conferência 
realmente abrangente sobre o assunto foi a de Estocolmo (1972). Na ocasião, houve grande impasse 
entre os grupos de Estados. Os preservacionistas, normalmente países desenvolvidos, queriam que os 
recursos naturais fossem preservados intactos, sem a interferência humana. Havia, nesse lado, o Clube de 
Roma e os países da Europa Ocidental, por exemplo, defendendo a ideia de que as florestas nacionais 
deveriam ser preservadas, inclusive às dos países mais pobres. Por outro lado, os conservacionistas, em 
sua maioria países subdesenvolvidos, argumentavam que a questão ambiental não poderia ser dissociada 
do desenvolvimento humano e, que sendo assim, os recursos poderiam ser utilizados com equilíbrio. 
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Posteriormente, na Rio 1992, esse discurso foi substituído pelo conceito de desenvolvimento 
sustentável que harmonizava o preservacionismo e o conservacionismo. Ao invés do debate “preservar 
versus conservar”, ficou claro que o desenvolvimento econômico poderia se harmonizar com o 
desenvolvimento ambiental, uma postura que é defendida até os dias atuais. 
 No que diz respeito ao desenvolvimento, houve, no decorrer do século XX, o avanço de uma ideia 
genérica, baseada no crescimento do PIB, para um padrão de desenvolvimento humano pautado em 
qualidade de vida – o que incluía a preservação dos direitos humanos e do meio ambiente. Foi nesse 
contexto que surgiu a ideia de desenvolvimento sustentável, um conceito que combina desenvolvimento 
humano e preservação ambiental, botando fim ao pensamento antiquado de que “não é possível crescer 
sem prejudicar o meio ambiente”. 
Portanto, se em 1972, na Conferência de Estocolmo, houve grande entrave ao avanço das 
discussões – inclusive por parte do Brasil – já na Rio 1992 – oficialmente conhecida como Conferência das 
Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento – houve um grande avanço com a 
popularização do conceito de desenvolvimento sustentável. Finalmente, após décadas de discussões, o 
desenvolvimento ambiental e o desenvolvimento social seriam coisas harmonizáveis e não concorrentes 
entre si. 
 Diante dessas transformações do pós-Guerra Fria, a ideia de direitos humanos também passou a 
estar vinculada à países que garantem boas condições de vida para a população – direitos civis, 
preservação de minorias, etc. No Brasil, a discussão sobre direitos humanos ganhou maior projeção a 
partir dos anos 1980, quando houve o processo de renovação de credenciais após o regime militar. 
 
Comércio internacional e Organização Mundial do Comércio (OMC) (Item 16.6) 
 
No âmbito do comércio internacional, podemos relembrar dois grandes momentos: a criação do 
GATT, em 1947 e a criação da OMC, em 1995. No primeiro caso, havia um cenário de construção de uma 
nova ordem internacional após a Segunda Guerra Mundial. Havia a expectativa de criar uma organização 
internacional para o assunto, mas a ideia acabou fracassando. Por isso, o GATT 1947 foi apenas um 
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acordo provisório, mas que por força

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