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Política Internacional - Sistema Financeiro Internacional

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Aula 24
Política Internacional p/ CACD
(Diplomata) Primeira Fase - Com
Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Alexandre Vastella
Aula 24
7 de Agosto de 2020
 
 
 
Aula 25 - Política Internacional - Sistema financeiro internacional 
Introdução ao PDF ................................................................................................................................. 2 
Introdução téorica – sistema financeiro internacional ................................................................. 2 
Antecedentes do sistema financeiro internacional ................................................................................... 2 
Sistema financeiro internacional – princípios, normas, regras e processos. .............................................. 6 
Sobre as transações financeiras internacionais ......................................................................................... 7 
Sobre a ordem econômica internacional .................................................................................................. 9 
Sistema financeiro internacional e balanço de pagamento ..................................................................... 12 
Décadas de 1940 a 1970 – surgimento e consolidação de Bretton Woods ........................... 14 
Frutos de Bretton Woods – Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial ........................................ 15 
Fundo Monetário Internacional (FMI) .................................................................................................. 16 
Banco Mundial .................................................................................................................................... 18 
Crescimento de Bretton Woods e avanço nas questões comerciais ........................................................ 20 
O ciclo de crescimento de Bretton Woods – cinco etapas e seis fases. .................................................... 22 
Décadas de 1970 e 1980 – esgotamento de Bretton Woods ..................................................... 26 
Razões do esgotamento de Bretton Woods............................................................................................ 26 
Respostas ao esgotamento de Bretton Woods ....................................................................................... 28 
Países desenvolvidos formam G-8 e buscam soluções para a crise. .................................................... 28 
Países em desenvolvimento formam G-24 e propõem Nova Ordem Econômica Internacional(NOEI) 29 
O Fracasso da proposta do Sul de Nova Ordem Econômica Internacional .......................................... 32 
A partir dos anos 1990, o G-20 Financeiro reúne as 20 maiores economias ........................................ 34 
Décadas de 1990 e 2000 – Sistema financeiro na globalização ............................................... 36 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 24
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
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2 
 
 
INTRODUÇÃO AO PDF 
 Nesta aula, estudaremos o sistema financeiro internacional. Na primeira parte, de caráter mais 
teórico, apresentaremos seus antecedentes históricos e seus princípios, normas, regras e processos. 
Também veremos as relações entre as transações financeiras com o sistema internacional, com a ordem 
econômica internacional e com a balança de pagamentos. 
Na segunda parte da aula, serão apresentados os pressupostos do surgimento e do fortalecimento 
do sistema de Bretton Woods criado após a Segunda Guerra Mundial e responsável pelo 
reestabelecimento do padrão-ouro e pela criação do Fundo Monetário Internacional e do Banco 
Mundial. Também entenderemos as estratégias, os ciclos e as fases de crescimento desse sistema e as 
repercussões no sistema internacional. 
Na terceira parte da aula, estudaremos as motivações para a falência parcial de Bretton Woods 
ocorrida a partir da década de 1970 – incluindo o fim do padrão-ouro e as reformas propostas pelos países 
em desenvolvimento. Na terceira e última parte, estudaremos brevemente as transformações do sistema 
financeiro a partir da globalização – ou seja, entre os anos 1990 e as décadas iniciais do século XXI. 
 
INTRODUÇÃO TÉORICA – SISTEMA FINANCEIRO INTERNACIONAL 
 
Antecedentes do sistema financeiro internacional 
As discussões sobre o sistema financeiro internacional emergiram a partir do século XVIII, após a 
Revolução Industrial. Já nessa época, havia a percepção de que o sistema de pagamentos poderia se 
esgotar caso o câmbio fosse excessivamente manipulado ou caso houvesse emissão descontrolada de 
moeda; e sendo assim, os Estados já começaram a discutir soluções para garantir a estabilidade financeira 
do sistema internacional. 
Foi nesse contexto que o padrão libra-ouro foi estabelecido, em 1870. Nesta época, o Reino Unido 
era a maior potência mundial e a sua moeda, a libra esterlina, passou a ser lastreada em ouro. Isso 
significava que para cada libra em circulação, havia equivalente valor em ouro resguardado pelo 
governo britânico. Vejamos como esse sistema funcionava: 
 
 
 
 
 
 
Alexandre Vastella
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3 
 
Como funcionava o padrão ouro? 
 
1 – Cada país participante declarava um valor para sua moeda em termos 
de ouro. 
2 – Taxa cambial = valor das moedas em termos de ouro contido + custo de 
manuseio. 
3 – O ouro podia mover-se livremente, ou seja, os pagamentos 
internacionais podiam ser feitos em moeda conversível ou em ouro. 
4 – Países do sistema deveriam garantir conversibilidade à vista. 
O ajuste automático entre as economias 
– A disponibilidade de moeda dependia de disponibilidade de ouro. 
– Economias deficitárias perdiam ouro e, consequentemente, tinham que reduzir a disponibilidade da 
moeda. 
– Economias superavitárias, por sua vez, tinham sua quantidade de moeda em circulação aumentada. 
– Ocorria um ajuste automático dos balanços de pagamento dos países. 
Para que esse sistema funcionasse, cada país deveria declarar um valor para a sua moeda em 
termos de ouro. No padrão-ouro, a taxa cambial é determinada pelo valor das moedas em termos de 
ouro contido mais o custo de manuseio; ou seja, a taxa de câmbio era basicamente determinada pelo 
ouro. Nesse sistema, os pagamentos internacionais podiam ser feitos tanto em moeda conversível 
quanto em ouro, afinal, um estava lastreado no outro. 
Nesse sistema, havia um ajuste automático entre as economias. Se a quantidade de moedas 
dependia da quantidade de ouro, Bancos Centrais não poderiam emitir dinheiro de forma irresponsável. 
Sendo assim, economias deficitárias eram obrigadas a diminuir a oferta de moeda. Era um remédio 
amargo, porém, eficiente para lidar com a inflação. Por outro lado, economias superavitárias tinham a 
quantidade de moeda aumentada. 
Os países que adotassem o padrão-ouro deveriam garantir a conversibilidade à vista. Ou seja, a 
ideia de que chegando nesses países com determinada quantidade de dinheiro, haveria a possibilidade de 
obter valor proporcional em ouro. No entanto, isso foi uma grande dificuldade para os Bancos Centrais, 
especialmente àqueles que emitiam mais dinheiro do que havia em ouro, desequilibrando o lastro 
existente. Essas dificuldades se acirraram na Primeira Guerra Mundial. Por causa do conflito, os Estados 
precisavam de mais dinheiro para investir em armas, alimentos e tecnologias e, por isso, começaram a 
emitir mais moeda do que havia depositado em ouro, desequilibrando o lastro existente. 
Em curto prazo, esses Estados atingiram plenamente o objetivo de aumentar a quantidade de 
dinheiro em circulação. No entanto, em longo prazo, houve severas ondas de inflação – com mais dinheiro 
disponível no mercado, o valor da moeda despencou e o poder de compra caiu. Efeito da lei da oferta e da 
procura. Para piorar a situação,houve a quebra da bolsa de Nova York e a Grande Depressão, 
deflagrando uma profunda crise que perdurou por toda a década de 1930. Por conta do cenário 
desfavorável, o padrão-ouro – adotado entre 1870 e 1914 – ficou esquecido entre 1914 até 1944. Neste 
ano, houve a implantação do sistema de Bretton Woods, retornando o antigo padrão ouro; desta vez, 
lastreado ao dólar americano. 
Alexandre Vastella
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4 
 
 
Esse período sem lastreamento de ouro entre 1914 e 1944 ficou marcado por intensos debates na 
ciência econômica. De um lado, os adeptos do economista John Maynard Keynes – os keynesianos – 
defendiam maior protagonismo do Estado e maior controle da moeda. Os keynesianos propuseram, por 
exemplo, uma moeda que circulasse apenas entre bancos centrais. Do outro lado, os liberais 
americanistas, contrários às teses de intervencionismo de Keynes, defendiam o antigo padrão-ouro e a 
consequente possibilidade de conversão entre ouro e dólar (e vice-versa). Para estes, deveria haver um 
lastro no sistema internacional. Foi essa última corrente que saiu vitoriosa na Conferência de Bretton 
Woods (1944). Sendo assim, o padrão ouro voltou a vigorar entre 1944 e 1971. Ao invés da libra 
esterlina, o lastro passou a ser o dólar dos Estados Unidos, a grande potência da época. 
 
Acordo de Bretton Woods (1944) – Derivado da Conferência Monetária e Financeira das Nações Unidas da qual participaram 44 países, 
incluindo o Brasil, com o objetivo de reconstruir o capitalismo mundial a partir de um sistema de regras que regulasse a política econômica 
mundial, depois dos estragos causados pela Grande Depressão e pela Segunda Guerra Mundial. 
Não por acaso, o sistema de Bretton Woods é claramente pautado em valores liberais norte-
americanos, adotando princípios como o livre fluxo de comércio e a ausência de manipulação cambial. 
Além disso, a partir desse momento, os Estados Unidos se colocaram como garantires da ordem 
financeira internacional. Posteriormente, ainda que a China tenha crescido exponencialmente, o dólar 
americano até hoje serve de referência monetária em qualquer lugar do mundo. Vejamos um breve 
quadro explicando a importância de Bretton Woods (ainda retomaremos esse assunto na segunda parte da 
aula): 
 
Alexandre Vastella
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Principais resultados do Acordo de Bretton Woods 
 
Criação do Fundo Monetário Internacional (FMI) 
De acordo com a ONU, o “O FMI trabalha para promover a cooperação 
monetária global, garantir a estabilidade financeira, facilitar o comércio 
internacional, promover o alto nível de emprego e o crescimento econômico 
sustentável e reduzir a pobreza em todo o mundo.” 
 
Criação do Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento 
(BIRD) que integra o Grupo Banco Mundial. 
De acordo com a ONU, “O Banco Internacional para a Reconstrução e 
Desenvolvimento – BIRD atua como uma cooperativa de países, que 
disponibiliza seus recursos financeiros, o seu pessoal altamente treinado e a 
sua ampla base de conhecimentos para apoiar os esforços das nações em 
desenvolvimento para atingir um crescimento duradouro, sustentável e 
equitativo. O objetivo principal é a redução da pobreza e das desigualdades. 
 
Política monetária: economia indexada ao dólar e dólar indexado ao ouro. 
A partir de Bretton Woods, o dólar passou a ser lastreado em ouro. Qualquer 
pessoa ou empresa, na posse da moeda americana, poderia resgatar 
equivalente valor do metal no Banco Central dos Estados Unidos. 
Esse modelo caiu em desuso em 1971, quando Richard Nixon pôs fim ao 
padrão-ouro, enterrando um dos preceitos de Bretton Woods. 
Após o estabelecimento do sistema financeiro de Bretton Woods, houve tentativa de criar uma 
organização internacional do comércio, mas acabou não dando certo por motivos que veremos adiante. 
Nessa época, o máximo que os Estados conseguiram estabelecer foi o Acordo Geral sobre Tarifas e 
Comércio (GATT) ou General Agreement on Tariffs and Trade, acordo que regeu o comércio durante 
aproximadamente cinquenta anos até ser substituído, já nos anos 1990, pela Organização Mundial do 
Comércio (OMC), já em contexto de globalização e pós-Guerra Fria. Na aula que vem, estudaremos essas 
mudanças com mais detalhes. 
Nesse momento, é importante saber que o padrão-ouro vigorou somente até 1971, quando o 
presidente Richard Nixon (1969 – 1974) abandonou a garantia de resgate do metal. A partir desse 
momento, os Estados Unidos não mais honrariam o compromisso de convertibilidade estabelecido em 
Bretton Woods. Nessa época, Washington temia que os demais países trocassem todos os seus dólares 
em ouro, acabando com as reservas desse metal do Banco Central. Além disso, nesse período os Estados 
Unidos estavam passando por dificuldades. Embora seja um tema polêmico, esses dois fatores 
justificaram a medida unilateral de Nixon, um padrão que vigora até os dias atuais. 
 
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Sistema financeiro internacional – princípios, normas, regras e 
processos. 
Antes de entendermos de forma aprofundada o sistema financeiro internacional, precisamos 
entender do que se trata. Para tal, vamos à definição do professor John Ruggie: 
 
Sistema Financeiro Internacional 
Definição de acordo com o professor John Ruggie: 
“É o conjunto – explícito ou implícito – de princípio, normas, regras e processos 
decisórios em torno do qual as expectativas dos atores convergem na área das 
transações financeiras internacionais”. 
 O sistema financeiro, portanto, é um conjunto de princípios, normas, regras e processos que 
combinados, formam um conjunto relativamente coeso; ou seja, um regime internacional. O principal 
objetivo de um regime internacional, algo defendido tanto pela escola inglesa quanto pelo liberalismo, é 
buscar ordem no sistema internacional anárquico. Para além do sistema financeiro, há regimes 
internacionais para diversos temas – avião, comércio, segurança, etc. Todos eles têm em comum o fato de 
serem conjuntos de princípios, normas, regras e processos. Podemos entender melhor esses conceitos 
no quadro abaixo: 
Sistema Financeiro Internacional: princípios, normas, regras e processos decisórios. 
 Definição Exemplos 
Princípios São as causas, os objetivos ou as noções 
primárias que dão sentido às ações das pessoas e 
das organizações. 
No sistema de Bretton Woods, há princípios 
do liberalismo como livre intercâmbio 
financeiro e livre intercâmbio comercial. 
Normas São orientações gerais para as ações (por 
exemplo, a busca pelo lucro e a exigência de 
garantias). 
As orientações podem, por exemplo, ser a 
busca pelo lucro e a necessidade de 
garantias nas transações internacionais. 
Regras São expressas formalmente em tratados e 
delimitam legalmente o que pode e o que não 
pode ser feito (Acordos de Bretton Woods). 
Tendo em vista os princípios e as normas, é 
necessário estabelecer regras. No caso dos 
exemplos citados, foi estabelecido o sistema 
de Bretton Woods, positivado em tratado. 
Processos 
decisórios 
Estão presentes nas práticas e procedimentos 
para a tomada de decisões, que geralmente 
estão definidas em organizações 
estabelecidas. 
Nesse caso, podemos citar as decisões 
práticas do FMI ou do Banco Mundial, 
órgãos estabelecidos em Bretton Woods. 
 Perceba que há uma sequência entre os quatro conceitos. Os princípios dão sentido às normas, 
que servem de base para as regras, que influenciam os processos decisórios. Ou seja: 
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Princípios Objetivos primários. Tudo começa aqui. 
Normas Derivam dos Princípios 
Regras Derivam dos Princípios e das Normas. 
Processos decisórios Derivam dos Princípios, das Normas e das Regras. 
 
Sobre as transações financeiras internacionais 
Sabendo das definições acima, já podemos caracterizar as transações financeiras internacionais 
(quadro abaixo). Contudo, não é nosso objetivo avançar muito em questões econômicas. Precisamos 
apenas entender como as transações dialogam com outras esferas das relações internacionais. 
Transações financeiras internacionais 
Transações financeiras internacionais 
– Em decorrência da compra e venda de bens e serviços ou de ativos financeiros (papéis) que 
representam transferência de propriedades, participações, obrigações e direitos. 
– No caso dos ativos financeiros, significa transferência de poupança. 
Poupadores 
privados 
Indivíduos e firmas transferem recursos excedentes e investem fundos em busca de 
rentabilidade. 
Governos Transferem fundos. Os objetivos podem ser econômicos, mas geralmente estão 
associados a razões políticas. 
Conforme expresso no quadro, as transações financeiras internacionais – aquelas realizadas entre 
nações – são em decorrência da compra e venda de bens e serviços ou de ativos financeiros (papéis) que 
representam transferência de propriedades, participações, obrigações e direitos. E, no caso dos ativos 
financeiros, significa transferência de poupança. 
Para que as transações ocorram, é necessário que haja poupadores, que podem ser privados ou 
simplesmente governos. Poupadores privados são aqueles que economizam dinheiro, guardam e depois 
investem buscando maior rentabilidade; o fazem, portanto, com motivações econômicas. Já os governos, 
nem sempre (quase nunca, na verdade) transferem fundos com objetivos econômicos: na maioria das 
vezes, governos investem por razões políticas. 
 
Investidor privado 
Investe de acordo com a lógica econômica 
O objetivo é obter ganhos econômicos. 
Busca principalmente o lucro. 
Deve deve seguir as regras ditadas pelo Estado. 
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Investidor público 
Investe de acordo com a lógica política 
O objetivo é obter ganhos políticos. 
Busca principalmente melhorar a imagem do governo ou Estado. 
É o investidor público que dá as regras do jogo. 
 Um bom exemplo dessa distinção foi a busca por Getúlio Vargas, durante a Segunda Guerra 
Mundial, para construir a siderúrgica em Volta Redonda. É verdade que o Brasil precisava urgentemente 
de uma siderúrgica, mas os investimentos ocorreram por motivações políticas e não econômicas. 
Simplesmente porque os Estados Unidos não queriam que o Brasil permanecesse neutro no conflito e 
Vargas se aproveitou disso para barganhar o financiamento de Washington ao empreendimento. O 
próprio estabelecimento do sistema de Bretton Woods, conforme veremos à frente, esteve mais 
associado a razões políticas do que econômicas. 
Sendo assim, os atores e instrumentos do sistema financeiro internacional são basicamente estatais 
(governos, fundos de governos, bancos públicos, etc.) e não estatais (investidores privados, bancos 
privados, cooperativas e até mesmo indivíduos). No entanto, apenas o governo pode produzir normas e 
regras. 
Atores e instrumentos do sistema financeiro internacional 
– Investidores, firmas e governos. 
– Bancos, bolsas de valores e bolsas de mercadorias. 
– Pensões, cooperativas, fundações, fundos soberanos. 
– Fundos de Governos (Tesouro Nacional, Banco Central, agências de financiamento, 
agências de regulação). 
O governo é o único agente que pode produzir normas e regras. 
 Veremos mais detalhes sobre as transações financeiras internacionais: 
 
Transações financeiras internacionais 
Indivíduos e firmas realizam 
ganhos. 
Primeiramente, indivíduos e empresas realizam ganhos de capital: 
– Salários e pro-labore (indivíduos) 
– Negócios (firmas). 
– Ganhos sobre o capital (ambos). 
No caso dos indivíduos, há o ganho por meio de salários. No caso das 
empresas, há o ganho por meio de negócios. Ambos podem realizar um 
terceiro tipo: o ganho sobre o capital. 
Ganhos sobre o capital: O ganho sobre o capital – decorrente de uma empresa ou indivíduo que 
poupa dinheiro – é decorrente das taxas de juros, da renda sobre ativos 
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– Taxas de juros. 
– Renda sobre ativos reais. 
– Rendas sobre lucros. 
reais e das rendas sobre lucros. 
Caso alguém poupe dinheiro, pode simplesmente emprestá-lo – mesmo que 
a instituições bancárias – e obter rendimentos com base nisso. , 
Capital: 
– Ativos financeiros e 
participações societárias. 
Ao fazer um investimento, o investidor troca determinada quantia de 
dinheiro por um ativo (caderneta de poupança, título público, ações, etc.) 
Sendo assim, além do capital, o sistema financeiro também é composto de 
ativos financeiros, ativos reais e participações societárias (ações). 
Os fatores liquidez e risco: 
– O rendimento varia 
inversamente à liquidez. 
– Maior risco, maiores ganhos. 
Além disso, o rendimento das transações financeiras geralmente varia de 
acordo com a liquidez – a facilidade de resgatar o dinheiro sem que haja 
prejuízos. Empréstimos mais longos, por exemplo, geralmente possuem 
lucros maiores. 
Do mesmo modo, quanto maior o risco, maiores os ganhos. Empréstimos 
mais arriscados, por exemplo, costumam ter juros maiores para compensar 
os riscos de calote. 
 
Transações financeiras internacionais – movimentos de capital e de moeda 
Inflação 
(desvalorização da moeda) 
A inflação (a desvalorização do poder de compra da moeda) pode 
provocar perdas e ganhos de capital. Apenas governos podem 
emitir moedas, embora todos possam negociá-las. 
Capitais de curto prazo e 
investimentos de longo prazo. 
Capitais podem ser de curto prazo ou de longo prazo (investimentos). 
Investimentos em papéis e 
investimentos diretos. 
Há diversas modalidades de investimentos, entre eles papéis e 
investimentos diretos. 
 
Sobre a ordem econômica internacional 
Com todos esses conceitos, podemos concluir que as transações econômicas seguem 
determinadas regras e, portanto, não são aleatórias. Dentro desse contexto, credores e devedores 
devem estar “fechar suas contas”; caso contrário, há um desequilíbrio no sistema. Ou seja, as transações 
financeiras internacionais fazem parte de uma ordem econômica internacional. 
Equilíbrio Internacional e Ordem Econômica Internacional 
Transações econômicas não são aleatórias. 
– As transações internacionais devem estar em equilíbrio (credores e devedores “fecham” suas 
contas). 
– Equilíbrio é mais difícil com a existência e a expansão dos mecanismos de crédito. 
Alexandre Vastella
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 Assim como indivíduos e empresas o fazem em ambiente 
doméstico, Estados buscam crédito para realizar 
determinadas ações como, por exemplo, obras públicas, 
aumentando suas respectivas dívidas. Para aliviarem o 
endividamento, Estados lançam seus títulos de dívida – 
Tesouro Direto, por exemplo – para indivíduos comprarem. 
Há tentativas também, de pegar dinheiro emprestado em 
outras fontes e quitar a dívida com os antigos credores. 
 Nesse sentido, quando pensamos em relações 
internacionais, o crédito público é preferível ao crédito privado – 
pelo menos foi assim durante grande parte do século XX. A reconstrução 
da Europa e do Japão após a Segunda Guerra Mundial que emergiu após o 
sistema de Bretton Woods, por exemplo, foi justamente alavancada por conta de crédito dos Estados 
Unidos. No caso do Brasil,em aspecto doméstico, houve notórios períodos de nacional-
desenvolvimentismo, com o Estado protagonizando os principais financiamentos em infraestrutura. 
No entanto, o equilíbrio é mais difícil por causa da existência e da expansão de mecanismos de 
crédito. Não é raro um determinado governante, em prol da sua boa imagem política, contrair mais 
empréstimos do que o país é capaz de pagar e, simplesmente, passar a dívida para o próximo mandato; ou 
seja, pegando a “parte boa” do empréstimo e passando para frente a “parte ruim”. Isso foi muito 
frequente na história do Brasil, por exemplo. 
No início da aula, dissemos que o capital se move de acordo com motivações políticas e 
motivações econômicas. Vejamos abaixo, as principais motivações de ambos os casos: 
Transações financeiras internacionais – movimentos de capital e de moeda 
Diferenças nos ganhos de 
produtividade e crescimento 
econômico (motivação econômica) 
Quando um país se desenvolve, há a tendência de um menor 
crescimento marginal. Por exemplo, é mais fácil a China – um país 
emergente – crescer 10% ao ano, do que os Estados Unidos 
apresentarem a mesma taxa. É mais difícil crescer “pouco de 
muito” do que “muito de pouco”. 
Redução do dinamismo da atividade 
econômica nos países centrais e busca 
de oportunidades de investimentos 
externos (motivação econômica) 
Essa tendência narrada acima faz com que os atores situados em 
Estados centrais busquem oportunidades em Estados periféricos, 
onde possa haver maior possibilidade de crescimento percentual. 
Aqui voltamos à ideia de que os riscos são proporcionais aos ganhos. 
Investir nos Estados Unidos é mais seguro do que investir na Etiópia, 
por exemplo; no entanto, o segundo caso pode proporcionar maiores 
lucros, dependendo do investimento. 
Fundos empregados em transportes, 
comunicações, manufaturas, 
indústria, empréstimos 
governamentais, etc. (motivação 
política) 
No caso das motivações políticas, há a busca, por parte dos 
Estados, de empregar fundos em infraestrutura e desenvolvimento 
social. 
É verdade que isso atende plenamente aos interesses econômicos 
(com mais infraestrutura, o PIB pode crescer mais, por exemplo), 
mas são as motivações políticas que dão o gatilho inicial. 
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11 
 
Consequências e constatações das motivações políticas e econômicas: 
Integração das economias e escala mundial, aceleração da especialização no comércio, setor externo 
como fator importante no equilíbrio e crescimento econômico. 
Vamos pensar no caso da reconstrução da Europa do pós-Guerra, por exemplo. Apesar de a 
Europa ser um grande mercado norte-americano e também, da necessidade econômica urgente, por parte 
dos países europeus, de reconstruírem a infraestrutura de seus países, os investimentos dos Estados 
Unidos – como o Plano Marshall – foram orientados por motivações políticas. Em plena época de Guerra 
Fria, a União Soviética, uma das vitoriosas da Segunda Guerra, poderia se aproveitar da fraqueza dos 
países europeus para estender sua atuação a essa região, minando a histórica influência norte-americana e 
podendo, inclusive, causar problemas de segurança nacional. Durante a Guerra Fria, Washington adotou 
largamente essa estratégia: por meio da Doutrina Truman, promovia financiamentos às nações para que 
estas não ficassem tentadas ao comunismo. Ou seja, ainda que as motivações econômicas fossem 
importantes, foram as motivações políticas que impulsionaram as ações econômicas dos Estados 
Unidos na Europa. 
No caso do Brasil, há o exemplo da polêmica utilização do BNDES para financiar obras em 
países da América Latina e da África. Embora muitos analistas dissessem que esses empreendimentos 
não eram lucrativos e apesar das inúmeras críticas da oposição política, o governo brasileiro justificava 
essas ações dizendo que isso era essencial para aumentar a influência brasileira em países que poderiam 
ser úteis aos interesses brasileiros na ONU como, por exemplo, a reforma do Conselho de Segurança. Ou 
seja, a lógica política prevaleceu sobre a lógica econômica. 
Como consequências dessas motivações econômicas e políticas, há a integração das economias 
em escala mundial, caracterizada pela aceleração da especialização do comércio e também, pelo setor 
externo como fator importante no equilíbrio e crescimento econômico. 
Ordem econômica internacional: conjunto de regimes 
Regime monetário Responsável pela disponibilidade de liquidez nos mercados internacionais e pelos 
mecanismos e práticas que determinam as formas pelos quais os balanços de 
pagamentos dos países se mantém em equilíbrio em relação a outras economias. 
Regime do comércio 
internacional 
Oriente as transações comerciais na esfera internacional, estabelecendo práticas e 
instituições que orientam as trocas comerciais no comércio internacional e, ao fazê-
lo, estabelece os padrões dos mercados de trabalho nacionais. 
Regime financeiro 
internacional 
Define a articulação entre os mercados financeiros, ou seja, estabelece os 
mecanismos. 
 Ordem econômica internacional – elementos imateriais 
Estratégia de 
crescimento 
Qualquer ordem econômica internacional pressupõe uma estratégia de 
crescimento 
Economia política 
internacional 
A ordem econômica internacional está intrinsicamente associada a uma particular 
distribuição de riqueza e de poder que define os contornos da economia política 
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internacional. 
Não por acaso, após a emergência dos Estados Unidos como potência após a 
Segunda Guerra Mundial, a ordem econômica internacional passou a ser comandada 
e/ou altamente influenciada por esse país. 
Paradoxo de ordem econômica 
O crescimento é fator fundamental para estabilidade mas, ao mesmo tempo, constitui fator de 
desestabilização. 
 Perceba que há um paradoxo na ordem econômica: ao mesmo tempo em que o crescimento é 
fundamental para a estabilidade, contraditoriamente, também é um fator de desestabilização. Ou 
seja, como o crescimento dos países não é linear, não há previsibilidade. E, caso um bom momento de 
crescimento seja interrompido – seja por crises externas ou domésticas – um país entra em 
desestabilização. Um dos objetivos do sistema de Bretton Woods é justamente tornar o sistema 
financeiro mais previsível por meio de regras, procedimentos e instituições – ainda que a previsibilidade 
completa seja impossível. 
 
Sistema financeiro internacional e balanço de pagamento 
 Nesse breve item, prosseguindo a análise teórica, entenderemos as relações do sistema financeiro 
internacional com a balança de pagamentos. Primeiramente, vejamos as distinções entre moeda, sistema 
monetário internacional, sistema monetário internacional e sistema financeiro: 
Sistema monetário e balanço de pagamento 
Moeda Meio de troca, medida de valor e reserva de valor. 
Sistema monetário 
nacional 
Padrão monetário, garantias e instituições. Banco Central, Casa da Moeda e Tesouro 
Nacional são exemplos de instituições do sistema monetário nacional. 
Sistema monetário 
internacional 
Também cuida do padrão monetário, das garantias e instituições, mas em âmbito 
internacional. Quando tinha o padrão-ouro, o ajuste era automático. Após sua 
falência, foi necessário criar instituições internacionais para esse ajuste. 
Sistema financeiro Os fluxos financeiros são expressos em unidades monetárias e movimentam o sistema 
monetário dos países. 
No sistema financeiro internacional, portanto: a) há o registro de todas as transações 
internacionais; b) praticamente todas as transações são financeiras; e c) o equilíbrio da economia 
pressupõe a entrada e a saída de moeda. Conforme o quadro abaixo: 
Sistema financeiro internacional e balanço de pagamentoRegistro de todas as transações internacionais 
que geram movimentação de moedas ou de 
Ou seja, o sistema monetário internacional pressupõe 
um registro de todas as transações. 
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crédito. 
Praticamente todas as transações econômicas 
internacionais correspondem a alguma forma de 
transação financeira. 
Ou seja, praticamente todas as transações econômicas 
são realizadas dentro do sistema financeiro, gerando 
expressão em termos de crédito, dívidas, juros, etc. 
 A sanidade das economias demanda muito 
equilíbrio entre as entre as entradas e as saídas 
de moeda internacional. 
Ou seja, as entradas e saídas de moeda internacional 
repercutem na balança de poder entre os Estados, no 
sistema financeiro internacional e nos investimentos 
internacionais. 
 Dentro do sistema financeiro, há quatro grupos de relações possíveis: exportação e importação de 
mercadorias e outros bens; exportação e importação de serviços; transferências sem contrapartida e 
movimentação de capitais: 
Sistema monetário e balanço de pagamento 
Grupo 1 – Exportação e 
importação de 
mercadorias e outros bens 
– Exportação gera entrada de divisas; importação gera saída de divisas 
Quando você exporta um produto, entra o pagamento proveniente do 
exterior; quando você importa, o pagamento vai para fora. A mesma lógica 
vale para o item abaixo. 
Grupo 2 – Exportação e 
importação de serviços. 
– Exportação gera entrada de divisas; importação gera saída de divisas. 
Grupo 3 – Transferências 
sem contrapartida. 
– Indenizações recebidas geram entrada de divisas. 
– Doações, bolsas de estudo e ajudas humanitárias geram saída de divisas. 
Nessa categoria entram ajudas humanitárias, indenizações, doações, bolsas 
de estudos, entre outras ações normalmente praticadas por países 
desenvolvidos. No caso do Brasil, há, por exemplo, bolsas de estudos para 
africanos e programas que trazem diplomatas para se formarem no Instituto 
Rio Branco. Nada disso entra como transação financeira. 
Grupo 4 – Movimentação 
de capitais. 
– Empréstimos concedidos e investimentos em outros países geram saídas de 
divisas. 
– Empréstimos tomados e investimentos recebidos do exterior geram entradas 
de divisas. 
Quando o Brasil investe ou empresta dinheiro para outros países, isso gera 
saída de divisas, mas quando outros países investem ou emprestam dinheiro 
para o Brasil, isso gera entrada de divisas. 
 Ainda no que diz respeito à balança de pagamento, o capital pode ser ex-ante ou ex-post; ou seja, 
tomado com o propósito de investimentos ou com propósito de acerto de contas. 
 
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Sistema financeiro internacional e balanço de pagamento 
Capital Ex-Ante Capital autônomo de investimentos e empréstimos tomados com propósitos de 
ganhos financeiros ou não. 
Capital Ex-Post Empréstimos ou movimentações de reservas com o propósito de acertar contas. 
– Equilíbrio: não há movimentação de capital ex-post. 
 Basicamente, o capital ex-ante é aquele tomado para investimentos, seja visando ganhos 
financeiros ou não. Teoricamente, quem investe, procura sempre ganhar, mas a lógica é diferente para o 
poder público, que investe principalmente por razões políticas. Nesse caso, o capital ex-ante não visa 
ganhos financeiros. O segundo tipo é o ex-post, movimentações com o objetivo de pagar dívidas, juros e 
contas; portanto, algo mais emergencial que no primeiro caso. O equilíbrio do sistema internacional 
ocorre quando não há movimentação de ex-post. Ou seja, quando ninguém possui dívida e todos estão 
plenamente quitados, uma situação muito difícil de ocorrer, evidentemente. 
 
DÉCADAS DE 1940 A 1970 – SURGIMENTO E CONSOLIDAÇÃO 
DE BRETTON WOODS 
Conforme evidenciado no início da aula, a ordem econômica de Bretton Woods passou a vigorar a 
partir da Conferência de Bretton Woods (1944) criando o Fundo Monetário Internacional (FMI) e o 
Banco Internacional para Reconstrução e Desenvolvimento (BIRD), duas organizações de extrema 
importância para o sistema internacional. Também foi reestabelecido o padrão ouro-dólar, algo parecido 
com o que ocorrera no século XIX com o padrão ouro-libra. 
No contexto pós-Guerra, a Europa e a União Soviética estavam devastadas e os Estados Unidos se 
consolidaram como a maior potência mundial. Essa informação é importante porque foram os valores 
norte-americanos – especialmente os valores liberais – que conduziram as negociações de Bretton 
Woods. Esses mesmos valores também influenciaram o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT) 
(1947) e a própria Organização das Nações Unidas (1945). 
Na década de 1970, houve o esgotamento parcial do sistema de Bretton Woods. Nessa época, 
houve o Choque do Petróleo, o aumento de preços nos países centrais, o crescimento dos países 
emergentes e o fim da paridade ouro-dólar. Os países desenvolvidos responderam às dificuldades por 
meio do G-8. Já os subdesenvolvidos, se agruparam no G-24 e propuseram uma Nova Ordem Econômica 
Internacional (NOEI) alternativa à Bretton Woods. No entanto, esse novo projeto foi rechaçado pelas 
grandes potências. 
Nas linhas abaixo, veremos mais detalhes dessa evolução, desde os antecedentes de Bretton 
Woods até os dias atuais. Começaremos pelas duas organizações criadas em Bretton Woods: o FMI e o 
Banco Mundial. 
 
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Frutos de Bretton Woods – Fundo Monetário Internacional e 
Banco Mundial 
Ordem econômica internacional Pós-1945 – Contexto 
Liderança dos EUA A ordem econômica que surgiu após a Segunda Guerra Mundial – e da qual 
ainda estamos passando hoje – teve/tem forte liderança dos Estados 
Unidos. 
Embora tenham emergido como potência ainda no início do século XX, foi 
no final da Segunda Guerra que essa liderança se consolidou. Ao contrário 
dos países europeus, incluindo a União Soviética, os Estados Unidos saíram 
praticamente intactos do conflito – ainda que tivessem tido perdas 
significativas com os ataques de Pearl Harbor. Sendo assim, puderam 
consolidar sua hegemonia com relativa naturalidade desde então. 
Conferência de Bretton 
Woods de 1944. 
Em 1944, na cidade de Bretton Woods, nos Estados Unidos, houve uma 
série de conferências para criar um sistema financeiro global. 
Foi nesse contexto que ocorreram os debates mais acalorados entre 
keynesianos (defensores do Estado intervencionista) e liberais (defensores 
do livre mercado). 
Vitoriosos, os liberais norte-americanos conseguiram impor sua agenda 
em Bretton Woods, influenciando diretamente na criação do Fundo 
Monetário Internacional e do Banco Mundial. 
Criação do FMI e do Banco 
Mundial. 
Um dos pontos mais importantes de Bretton Woods foi a criação do Fundo 
Monetário Internacional (FMI) e do Banco Mundial, duas organizações de 
extrema importância para o sistema financeiro mundial. 
Enquanto o Banco Mundial visava auxiliar a formação de um novo 
sistema financeiro e a reconstrução do mundo após a Segunda Guerra, o 
FMI tinha como objetivo prover e administrar a liquidez internacional, 
zelando pela livre circulação de capitais e pelo equilíbrio da balança de 
pagamento. 
Nas linhas abaixo, veremos mais detalhes sobre esses órgãos. 
 
 
 
 
 
 
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Fundo Monetário Internacional (FMI) 
Para que serve o Fundo Monetário Internacional? (transcrição literal do site da ONU) 
 
Sede do FMI em Washington, Estados Unidos. A organização monitora o sistema monetáriointernacional e também, realiza empréstimos e 
capacitações técnicas ao países-membros. 
“O Fundo Monetário Internacional (FMI) é uma agência especializada das Nações Unidas que foi concebida 
na conferência de Bretton Woods, New Hampshire, Estados Unidos, em julho de 1944. 
O FMI trabalha para promover a cooperação monetária global, garantir a estabilidade financeira, facilitar o 
comércio internacional, promover o alto nível de emprego e o crescimento econômico sustentável e reduzir a 
pobreza em todo o mundo. 
A missão do FMI é realizada de três maneiras: monitoramento, empréstimos e capacitação. 
Monitoramento do sistema monetário internacional. 
O FMI monitora o sistema monetário internacional e as políticas econômicas e financeiras dos seus 189 
países-membros. Neste processo, que ocorre tanto em nível global como em nível individual de cada país, o 
FMI destaca os possíveis riscos para a estabilidade e aconselha sobre políticas econômicas. 
Empréstimos aos países-membros. 
Uma responsabilidade central do FMI é dar empréstimos aos países-membros que enfrentam problemas – 
atuais ou potenciais – de balanço de pagamentos. Esta assistência financeira permite aos países reconstruir 
suas reservas internacionais, estabilizar suas moedas, continuar pagando as importações e restaurar as 
condições para um forte crescimento econômico, ao mesmo tempo que implementam políticas para corrigir 
problemas subjacentes. Ao contrário dos bancos de desenvolvimento, o FMI não empresta para projetos 
específicos. 
Capacitação. 
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Programa de capacitação do FMI – assistência técnica e treinamento – auxilia os países-membros a desenhar 
e implementar políticas econômicas que promovam a estabilidade e o crescimento, fortalecendo suas 
capacidades e habilidades institucionais. O FMI busca desenvolver sinergias entre assistência técnica e 
treinamento para maximizar sua eficácia.” 
 
Mais sobre o Fundo Monetário Internacional (FMI) 
Finalidades do FMI As principais finalidades do FMI são: promover e administrar a liquidez 
internacional; assegurar o financiamento de um sistema multilateral de 
pagamentos internacionais; controlar os níveis dos balanços de 
pagamentos; e promover a estabilidade cambial. 
Estabeleceu-se que US$ 35 = 1 
oz de ouro (28,25g) - as 
demais moedas deveriam se 
ajustar. 
Em Bretton Woods, tentou-se manter a lógica do padrão-ouro, porém, com 
algumas diferenças. Foi estabelecido que US$ 35 dólares seria equivalente 
a 1 oz de ouro (28,25g). Quem tivesse ouro poderia trocar por dólar e vice-
versa. Para que o sistema funcionasse, as demais moedas deveriam se 
adequar a esse padrão. 
Cada país participava com 
uma quota em função de sua 
importância no cenário 
internacional. 
Cada país participa do FMI com uma cota em função de sua importância no 
cenário internacional. Ou seja, conforme o país se torna mais relevante 
para o comércio internacional, o seu poder dentro do FMI vai 
aumentando. A China, por exemplo, antigamente pouco expressiva, 
tornou-se um país com grande capacidade de poder decisório a medida que 
seu crescimento foi sendo observado. 
Desequilíbrios estruturais 
deveriam ser objeto de 
negociação. 
Desequilíbrios estruturais; ou seja, crises sistêmicas que afetem à maioria 
dos países, devem ser objetos de negociação a fim de encontrar soluções. 
Devemos observar, porém, que como dentro do FMI, países mais fortes 
possuem maior poder de decisão, existe uma tendência da organização de 
solucionar problemas sob a ótica das grandes potências. 
Ao contrário da Assembleia Geral da ONU – onde o voto possui o mesmo 
peso independente do país – no FMI, países mais prósperos possuem 
maior poder de barganha; e isso, evidentemente, se reflete nas decisões da 
organização. 
 
 
 
 
 
 
 
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Banco Mundial 
Para que serve o Banco Mundial? (transcrição literal do site da ONU) 
 
Sede do Banco Mundial em Washington, Estados Unidos. A organização foi criada para fomentar a reconstrução dos países após a 
Segunda Guerra, mas com o tempo acabou ganhando novas funções como, por exemplo, o fomento ao desenvolvimento.. 
“Sobre o Banco Mundial 
O Grupo Banco Mundial, uma agência especializada independente do Sistema das Nações Unidas, é a maior 
fonte global de assistência para o desenvolvimento, proporcionando cerca de US$ 60 bilhões anuais em 
empréstimos e doações aos 187 países-membros. 
O Banco (Banco Internacional para a Reconstrução e Desenvolvimento – BIRD) atua como uma cooperativa 
de países, que disponibiliza seus recursos financeiros, o seu pessoal altamente treinado e a sua ampla base 
de conhecimentos para apoiar os esforços das nações em desenvolvimento para atingir um crescimento 
duradouro, sustentável e equitativo. O objetivo principal é a redução da pobreza e das desigualdades. 
O trabalho do Banco Mundial em parceria com os países ressalta: 
– O investimento nas pessoas, especialmente por meio da saúde e da educação básicas; 
– A criação de um ambiente para o crescimento e a competitividade da economia; 
– A atenção ao meio ambiente; 
– O apoio ao desenvolvimento da iniciativa privada; 
– A capacitação dos governos para prestar serviços de qualidade com eficiência e transparência; 
– A promoção de um ambiente macroeconômico conducente a investimentos e a planejamento de longo 
prazo; 
– O investimento em desenvolvimento e inclusão social, governança e fortalecimento institucional como 
elementos essenciais para a redução da pobreza. 
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O Banco Mundial e o Brasil 
O Banco Mundial é parceiro do Brasil há mais de 60 anos, e já apoiou o Governo brasileiro, estados e 
municípios em mais de 430 financiamentos, doações e garantias, que somam quase US$ 50 bilhões. 
Anualmente, são realizados em média US$ 3 bilhões em novos financiamentos, em áreas como gestão 
pública, infraestrutura, desenvolvimento urbano, educação, saúde e meio ambiente. 
O apoio do Banco a esses projetos busca impulsionar o crescimento econômico e o desenvolvimento social, 
com redução da pobreza e da desigualdade. A parceria vai muito além do aspecto financeiro. O Banco traz 
conhecimento de ponta e experiência internacional para ajudar o País a lidar com as suas questões mais 
complexas e transformadoras, e também leva e adapta o conhecimento brasileiro a outros países. 
O Banco Mundial em ação 
O Banco Mundial é parceiro do Brasil em programas inovadores e de resultados como o Bolsa Família, 
responsável pela importante redução da desigualdade social no Brasil; o DST/Aids, que é referência 
internacional na luta contra a epidemia; os projetos comunitários de desenvolvimento rural, que beneficiam 
mais de 51% da população rural do Nordeste e hoje são replicados em todo o mundo; e o ARPA, que ajuda o 
Brasil a proteger a biodiversidade em grande parte da Amazônia.” 
 
Mais sobre o Banco Mundial 
Banco Mundial visava auxiliar 
na formação de um novo 
sistema financeiro. 
O Banco Mundial tinha como finalidade auxiliar na formação de um novo 
sistema financeiro por meio da promoção e coordenação dos fluxos 
internacionais de empréstimos e investimentos. 
A partir de então, os fluxos financeiros internacionais passaram a ser 
administrados via Banco Mundial evitando-se a volatilidade dos capitais. 
Se o FMI cuida/cuidava da balança dos pagamentos garantindo o 
equilíbrio, o Banco Mundial trata/tratava especificamente os fluxos de 
empréstimos e investimentos, dos quais podemos destacar o 
desenvolvimento e a reconstrução da Europa do pós-Guerra. 
A partir de 1944,essas duas instituições passaram a ser centrais no sistema 
financeiro internacional. E, embora haja propostas de alterações, o FMI e o 
Banco Mundial foram pouco reformados nessas várias décadas. 
Objetivo inicial: ajudar a 
reconstrução econômica, 
especialmente na Europa. 
No início, o Banco Mundial tinha como objetivo ajudar a financiar a 
reconstrução econômica e financeira, principalmente da Europa, mas 
também em outras áreas, como do Japão. 
Com o tempo, o Banco Mundial assumiu novos objetivos, porém, todos 
voltados à sua proposição inicial de coordenar empréstimos e fluxos 
financeiros. 
 
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Crescimento de Bretton Woods e avanço nas questões 
comerciais 
 Conforme já sabemos, o final da Segunda Guerra Mundial 
foi um período de grandes transformações no sistema 
internacional. Além da ONU (1945) e do Sistema de Bretton Woods 
(1944), também foi estabelecido o Acordo Geral sobre Tarifas e 
Comércio (1947) – mais conhecido como GATT 47 ou GATT 1947. 
Em 1995, o acordo foi renovado dando origem ao GATT 1994 e a 
Organização Mundial do Comércio (OMC). Na verdade, desde 
1947 havia a intenção de criar uma organização mundial sobre 
comércio, no entanto, conforme veremos na próxima aula, a ideia 
não avançou. 
 Do mesmo modo, nas décadas seguintes, o sistema de Bretton Woods se expandiu, promovendo 
a disciplina fiscal entre os países, estimulando o dollar shortage (o famoso lastro em ouro), facilitando a 
assistência ao desenvolvimento (development aid) e acarretando, enfim, em uma expansão sem 
precendentes no sistema financeiro global. No entanto, essa expansão não chegou ao Brasil. Ao 
contrário do pregado em Bretton Woods, o Estado brasileiro, nesse período, prezava pelo nacional-
desenvolvimentismo e pelo intervencionismo econômico, medidas opostas aos preceitos liberais 
defendidos pelo FMI e pelo Banco Mundial. Veremos mais detalhes desses processos nos quadros abaixo: 
Ordem econômica internacional Pós-1945 – Comércio 
1945: decidiu-se que o 
comércio seria tratado 
posteriormente. 
1946: surgiram as 
primeiras propostas 
estruturadas para o 
tema. 
Embora o FMI e o Banco Mundial tivessem sido criados, ficou acordado que o 
tema “comércio” seria tratado posteriormente, o que de fato ocorreu. 
Isso porque houve a tentativa de criar uma organização internacional para o 
comércio, algo semelhante ao que atualmente é a OMC, mas a ideia não 
prosperou. 
As primeiras propostas ganharam força somente em 1946, porém, mesmo assim, 
levaram somente a um acordo e não a uma organização. 
1947: Acordo Geral 
sobre Tarifas e Comércio 
(GATT). 
Em 1947, foi estabelecido o Acordo Geral sobre Tarifas e Comércio (GATT), que 
vigorou por quase cinquenta anos, até a criação da Organização Mundial do 
Comércio, já em 1994. 
Perceba que ao contrário do FMI e do Banco Mundial, o GATT não é uma 
organização, mas um acordo entre os países. 
Ordem econômica internacional Pós-1945 – Conferências visando recompor o sistema de comércio 
Genebra (1947): criação 
do GATT 
Havana (1948): 
aprovada a Carta da 
OIC. 
Torquay (1950/51): 
Em contexto de criação do GATT, foi realizada uma série de conferências para 
discutir o tema comércio. 
A primeira delas foi a de Genebra (1947), onde foi assinado o Acordo Geral sobre 
Tarifas e Comércio (GATT). Também estava em discussão a criação de uma 
Organização Internacional do Comércio, uma espécie de OMC do pós-Guerra, o 
que não foi para a frente. 
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abandono da OIC. Em Havana (1948), já com o GATT em funcionamento, foi aprovada a Carta 
dessa nova organização do comércio. 
Desde aquela época, havia entraves nas discussões sobre o comércio, 
principalmente por conta dos protecionismos praticados principalmente nos 
setores agrícolas e industriais. Por conta disso, não se chegou a um consenso de 
como funcionaria essa organização. 
Por conta das discussões, nas conferências de Torquay (1950 e 1951), a ideia de 
uma nova organização foi abandonada, sendo retomada somente décadas depois, 
em 1994 com a criação da OMC. 
O sistema financeiro 
move-se do centro da 
estratégia de 
crescimento. 
Devido às frustrações da não-criada organização internacional do comércio, o 
debate internacional voltou-se para o sistema financeiro, que passou a ser a 
estratégia de crescimento do pós-Guerra. 
Há, no sistema de Bretton Woods, a centralidade do sistema financeiro. 
Ordem econômica internacional Pós-1945 – Instituições e conjuntura econômica internacional 
Bretton Woods prioriza 
a disciplina como a base 
da estabilidade. 
O sistema de Bretton Woods prioriza a disciplina como base da estabilidade 
econômica e essa disciplina deveria ser estendida não somente aos países 
centrais, mas também aos países periféricos do sistema internacional. 
No entanto, muito desses países periféricos – incluindo o Brasil – estavam 
passando pelo desenvolvimentismo, demandando uma lógica própria que não 
necessariamente seguisse os princípios de Bretton Woods. Havia, por exemplo, 
um grande gasto público, o que contrariava, em partes, essa ideia de disciplina. 
Mesmo assim, para Bretton Woods, a disciplina era central para manter a 
estabilidade. Por isso, a austeridade fiscal foi reforçada tanto pelo governo 
doméstico dos Estados Unidos quanto pelo sistema de Bretton Woods. 
Dollar Shortage. Dentro desse contexto de disciplina, havia a ideia de dollar shortage, ou seja, o 
bom e velho lastro em ouro. 
Para cada dólar nos Estados Unidos, o Banco Central deveria ter a equivalente 
quantidade em ouro, freando uma eventual emissão descontrolada de moeda. 
Exportações dos EUA 
sustentavam o dollar 
shortage. 
No início da aula, vimos que exportações permitem a entrada de divisas 
internacionais. Como os Estados Unidos eram grandes exportadores – e ainda 
são – poderiam sustentar o dollar shortage por meio do dinheiro que entrava 
das exportações. 
Expansão sem 
precedentes do sistema 
financeiro global 
Com a criação dessas organizações e a implantação de medidas de disciplina e 
austeridade, o sistema financeiro internacional cresceu de forma exponencial, 
algo sem precedentes na história mundial. 
Ajuda ou assistência ao 
desenvolvimento 
(Development Aid). 
A ajuda e assistência aos países em desenvolvimento (Development Aid) 
também teve um papel essencial nesse crescimento. Nos anos 1970, de forma 
geral, os países em desenvolvimento estavam em bons momentos econômicos, 
incluindo o Brasil. 
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Crescimento passa a ser 
denominado 
“desenvolvimento 
econômico”. 
O termo crescimento econômico passou a ser substituído pelo desenvolvimento 
econômico. 
No primeiro caso, bastava a melhoria dos indicadores econômicos. No segundo, 
a melhoria dos indicadores econômicos e sociais. 
O Produto Interno Bruto (PIB), por exemplo, embora medisse bem o 
crescimento econômico, era insuficiente para medir o desenvolvimento 
econômico. Nesse caso, passou-se a utilizar o Produto Interno Bruto per capita 
(PIB per capita). 
 Embora tivesse tido a intenção de ser universal, nem sempre o Brasil seguiu os princípios de 
Bretton Woods. Sob os governos de Getúlio Vargas (1951 – 1954) e Juscelino Kubitscheck (1955 – 
1960), o Brasil adotou uma série de medidas desenvolvimentistas que colocavam o Estado como indutor 
do desenvolvimento, acarretando em maior incidência de gastos públicos. No governo de JK, 
impossibilitado de honrar a “disciplina” pregada por Bretton Woods, o Brasil rompeu com o FMI. 
Nessa época, a fim de custear o Plano de Metas, o Brasil estava realizandovários empréstimos, um 
seguido do outro, causando desequilíbrios na balança de pagamentos. 
 Na década de 1960, houve uma breve pausa no desenvolvimentismo com Castelo Branco (1964 – 
1967) que adotou medidas liberais e aproximou o Brasil do sistema financeiro internacional. Com Costa e 
Silva (1967 – 1969) e Médici (1969 – 1974) houve a retomada do desenvolvimentismo e do Estado como 
principal indutor do crescimento econômico. Nesses três primeiros governantes militares, o Brasil cresceu 
exponencialmente. 
A partir da segunda metade da década de 1970, o endividamento interno e problemas externos 
como os dois choques do petróleo (1973 e 1979) abalaram a economia interna, pondo fim ao milagre 
brasileiro. Na década de 1980, tanto o governo militar de Figueiredo (1980 – 1985) quanto o civil de 
Sarney (1985 – 1989) enfrentaram problemas como hiperinflação, crise da dívida pública e desemprego. 
No início da década de 1990, mesmo com a adoção do Estado neoliberal, o cenário econômico 
continuou ruim para o Brasil, melhorando na segunda metade após a estabilização promovida pelo Plano 
Real (1994), pouco antes do governo FHC (1994 – 2002). Em 1998, houve a adoção do tripé 
macroeconômico, caracterizado pelo câmbio flutuante, pela meta fiscal e pela meta de inflação. Nos 
anos 2000, já no Estado logístico do governo Lula (2003 – 2010), houve grande crescimento econômico, 
sobretudo por conta do “efeito China” e das políticas sociais. No entanto, houve uma severa crise 
econômica em 2015, o que resultou no impeachment de Dilma Rousseff (2014 – 2016). 
 
O ciclo de crescimento de Bretton Woods – cinco etapas e seis 
fases. 
De acordo com economista e teórico político Walt Whitman Rostow (1916 – 2003) o crescimento 
econômico dos paíoses, no sistema de Bretton Woods, ocorre em cinco etapas, desde a sociedade 
tradicional até a era do consumo em massa. Já para o economista político Raymond Barre (1924 – 2007), 
há seis fases que um país pode passar, sendo desde um devedor novo até um credor maduro. 
Cinco etapas de Walt Whitman Rostow – de sociedade tradicional à do consumo em masas 
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Seis fases de Raymond Barre – de devedor novo à credor maduro 
 
 
O ciclo de crescimento de Bretton Woods 
"The Stages of Economic Growth" - Walt Whitman Rostow 
1ª Etapa (sociedade tradicional) 
Baixa produtividade e predomínio de produção e exportação de bens primários. 
A primeira etapa ocorre em sociedades tradicionais de baixa produtividade, onde há o predomínio da 
exportação de bens primários. Nesse caso podemos pensar, por exemplo, no Brasil liberal-conservador 
existente entre o final do século XIX e o início do século XX, orientado pelos interesses da oligarquia e 
economicamente voltado para a exportação de café. 
2ª Etapa (pré-condições para a decolagem) 
Condições aceleradas por meio das agências de fomento ao desenvolvimento econômico. 
Na segunda etapa, já existem pré-condições para uma decolagem econômica. Essas pré-condições são 
agências de fomento econômico. Nesse caso, podemos citar, por exemplo, na transição que ocorreu nos anos 
1930 no Brasil, de um Estado liberal-conservador para um Estado desenvolvimentista. Nessa época, o 
Eximbank Export-Import Bank dos Estados Unidos investiu no Brasil, permitindo a instalação da CSN, da Vale 
do Rio Doce, da Petrobrás e demais estatais. 
3ª Etapa (decolagem) 
Desenvolvimento passa a ser sua situação normal. 
Na terceira etapa, ocorre a “decolagem” da economia, que passa a se desenvolver de forma mais efetiva. No 
caso brasileiro, apesar dos altos e baixos, entre as décadas de 1950 e 1970, o crescimento foi praticamente 
constante a ponto de atingir, em alguns momentos, a casa dos dois dígitos. 
4ª Etapa (marcha para a maturidade ou crescimento sustentado) 
Progresso continuado, flutuante, produção local de bens anteriormente importados, novas necessidades. 
A partir desse momento, já na quarta etapa, há um crescimento sustentado; um progresso continuado – 
ainda que flutuante – baseado na produção local de bens que antes eram importados. Nesse caso, há um 
mercado doméstico mais próspero alimentado pela indústria nacional que acabou de se fortalecer. 
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Nessa etapa, para que o crescimento continue, é necessário fazer novos ajustes, promovendo a transição de 
um Estado desenvolvimentista para um Estado que adote princípios liberais, especialmente o livre comércio. 
No Brasil, essa abertura só foi ocorrer na década de 1990, porém, de modo tímido e insuficiente. 
5ª Etapa (era do consumo de massa) 
Aumento da renda real, estrutura da força de trabalho se modifica (há mais urbanização e especialização). 
A quinta e última etapa é a “era do consumo em massa” com aumento de renda e modificações importantes 
na estrutura do trabalho, alavancadas pelas próprias mudanças da sociedade como a urbanização e a 
especialização do trabalho. 
Se na primeira etapa, há a exportação de bens primários e grande parte da população vivendo no campo; na 
quinta etapa, há a urbanização e a especialização do trabalho, denotando o amadurecimento da sociedade. 
No Brasil, essas mudanças começaram a ocorrer a partir dos anos 1970, sobretudo após o final da década. 
Avançando essa discussão, há o problema do equilíbrio internacional, expresso no Manual de 
Economia Política de Raymond Barre. Para o autor, as políticas econômicas de longo prazo deveriam se 
refletir no balanço de pagamento conforme cada uma das seis fases em que o país está: 
1ª Fase – País devedor novo. 
2ª Fase – País devedor adulto. 
3ª Fase – País devedor maduro. 
4ª Fase – País credor novo. 
5ª Fase – País credor adulto. 
6ª Fase – País credor maduro. 
Perceba que nas três primeiras fases, o país é devedor; já nas três últimas, é credor. Vejamos com 
mais detalhes: 
O problema do equilíbrio internacional 
– Sistema financeiro internacional e balanço de pagamentos. 
– Políticas econômicas de longo prazo deveriam se refletir no balanço de pagamento conforme fases 
(Raymond Barre, Manual de Economia Política, 1962). 
1ª Fase 
País devedor 
novo. 
Na primeira fase, um país “novo” é devedor; ou seja, precisa contrair empréstimos para se 
desenvolver. Ainda que os investimentos sejam arriscados, há um grande espaço para 
crescer e desenvolver. 
2ª Fase 
País devedor 
adulto. 
Um devedor “adulto” significa que as dívidas ainda não foram pagas, mas há uma 
estabilidade maior. Nessa etapa, os empréstimos já não são motivados por 
populismos ou irresponsabilidades eleitoreiras, mas sim, por necessidades estruturais. 
3ª Fase 
País devedor 
Na terceira fase, o país já é um devedor “maduro”. Isso significa uma responsabilidade 
ainda maior na aquisição de dívidas. Nessa etapa, o país está prestes a liquidar suas 
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maduro. dívidas, passando a ser credor (quarta fase). 
4ª Fase 
País credor 
novo. 
A quarta etapa é a “marcha para a maturidade” no qual o país finalmente quita suas 
dívidas e se torna um credor. 
 
5ª Fase 
País credor 
adulto. 
Depois de ser um credor “novo”, um país evolui para credor “adulto”. Isso significa que 
além de não ter dívidas, o Estado torna-se disciplinado financeiramente, zelando pela 
responsabilidade fiscal e não gastando mais do que arrecada. 
6ª Fase 
País credor 
maduro. 
Nessa última fase, além de emprestar dinheiro – algo que já faz desde quando se 
tornou um credor novo – também pode se dar ao luxo de emprestar dinheiro por meio 
de uma lógica de poder, adotando maior margem de lucros. É nessa fase que se 
encontram asgrandes potências. 
 O Brasil, embora tivesse conseguido atingir a Quarta Etapa (marcha para a maturidade ou 
crescimento sustentado), chegando até a Quinta Etapa (era do consumo de massa), nunca deixou de 
ser um país devedor, atrasando seu desenvolvimento. Contudo, esse atraso não é exclusivo do Brasil, mas 
característico de vários países em desenvolvimento. 
Para finalizarmos o item – antes de estudarmos o esgotamento de Bretton Woods – precisamos 
saber que esse crescimento orientado em cinco etapas e seis fases ocorre pela interação entre o agente 
dinamizador, entre a ação orientada e a dinâmica da estratégia de crescimento: 
Estratégia de crescimento de Bretton Woods 
Agente dinamizador 
Ator que fomenta o 
desenvolvimento. 
Sistema financeiro oficial, isto é, agências governamentais dos Estados e 
agências internacionais de fomento ao desenvolvimento, como o Banco 
Mundial e o FMI. 
Ação orientada 
Ação concretizada a 
fomentar o 
desenvolvimento. 
Há também a ação orientada para fomentar o desenvolvimento. No caso dos 
países subdesenvolvidos como, por exemplo, o Brasil, houve, em grande parte 
da história, a utilização de recursos financeiros vindos do exterior. 
Dinâmica da estratégia de 
crescimento 
Fluxos que fomentam o 
desenvolvimento. 
Trata-se de fluxos que orientam e fomentam o desenvolvimento. 
Diferentemente do que ocorria no século XIX, quando o desenvolvimento 
era orientado ao comércio; no século XX, o desenvolvimento foi 
basicamente orientado pelo Estado. 
Embora o sistema de Bretton Woods tivesse raízes liberais, na prática, os 
Estados adotaram, em maior ou menor grau, práticas de welfare state. 
 
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DÉCADAS DE 1970 E 1980 – ESGOTAMENTO DE BRETTON 
WOODS 
Razões do esgotamento de Bretton Woods 
 No início da década de 1970, o cenário mundial era bem diferente do ocorrido em 1945, 
basicamente por dois motivos: o Choque do Petróleo (1973) que desestabilizou a economia mundial – 
principalmente a dos países desenvolvidos – e também, mudanças significativas na distribuição de 
riqueza. Nesse último caso, podemos citar o crescimento dos países terceiro-mundistas, o fim da paridade 
ouro-dólar nos Estados Unidos e a maior demanda dos países subdesenvolvidos por reformas no sistema 
financeiro internacional. 
Quais fatores levaram ao esgotamento da ordem de Bretton Woods e à demanda por uma nova ordem 
internacional? 
 
Veículos fazem fila para abastecer nos Estados Unidos durante a Crise do Petróleo, em 1973. O embargo da OPEP foi um dos fatores que 
levaram à falência do sistema de Bretton Woods. 
1973: Choque do Petróleo 
– OPEP impõe embargo aos aliados 
de Israel. 
– Isso gera aumento dos preços de 
petróleo e inflação. 
O primeiro fator que levou ao esgotamento de Bretton Woods foi o 
Choque do Petróleo (1973) causado pelo embargo da Organização 
dos Países Exportadores de Petróleo (1973) aos aliados de Israel na 
Guerra do Yom Kippur. Esse embargo elevou drasticamente o preço 
do petróleo, dificultando o acesso ao combustível e gerando inflação 
em vários países ocidentais. 
A partir desse momento, conforme vimos nas aulas anteriores, o 
Brasil começou a se aproximar dos países árabes e passou a 
condenar o colonialismo e o sionismo. 
Além do Brasil, vários países mudaram sua postura em relação a 
Israel, sobretudo os do terceiro mundo. Afinal, o acesso ao petróleo 
dos países árabes não era necessário somente para o Brasil, mas 
também para os demais países terceiro-mundistas. 
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Turbulências e mudanças 
importantes na economia mundial: 
– Países centrais em crise 
– Crescimento dos terceiro-
mundistas: UNCTAD e G77. 
 
Nesse período, também houve turbulências e mudanças 
importantes na economia mundial. 
Em primeiro lugar, enquanto os países centrais estavam em crise, os 
periféricos estavam crescendo. Estados Unidos e os países da Europa 
Ocidental, por exemplo, estavam em maus lençóis. Em compensação, 
Brasil, Índia e demais periféricos estavam em boa situação. 
Apenas para lembrarmo-nos as aulas anteriores, foi nesse contexto 
que foi realizada a II UNCTAD (1968) e que se formou o G77 sob 
liderança do Brasil e da Índia. 
Essa inversão fez com que os países terceiro-mundistas passassem a 
fazer pressão por mudanças no sistema de Bretton Woods. 
Também passaram a contestar a liderança dos Estados Unidos, 
sobretudo na Assembleia Geral da ONU, onde eram mais numerosos. 
Em meio à crise, Estados Unidos 
relativizam Bretton Woods e 
abandonam o padrão-ouro. 
 
Nessa época, o presidente dos Estados Unidos Richard Nixon 
encarrou a paridade entre o ouro e o dólar. Ou seja, os Estados 
Unidos não garantiriam mais que dólares fossem trocados por ouro. 
Dois motivos levaram a essa decisão. Primeiramente, a crise fez com 
que o Banco Central norte-americano demandasse maior 
flexibilidade na emissão de moeda. Em segundo lugar, havia uma 
conspiração de que os países de terceiro mundo poderiam reunir 
todo o dólar e pedir para os Estados Unidos trocarem por ouro de 
uma vez só, acabando com a liquidez norte-americana e gerando um 
grande problema. 
Isso, evidentemente, foi um fator concreto para o esgotamento de 
Bretton Woods, um sistema que até então, demandava paridade 
entre o ouro e o dólar e que era garantido pelos Estados Unidos. 
Há explosão de liquidez 
internacional e transferência de 
riqueza para os países 
subdesenvolvidos. 
Com isso, a classificação das cinco 
etapas e das seis fases passou a não 
dar conta da realidade. 
 
Nessa época, houve explosão de liquidez internacional e 
transferência de riqueza para os países subdesenvolvidos. 
Isso significa que começou a esgotar aquela estratégia que vimos nas 
linhas anteriores das cinco etapas do crescimento e das seis fases em 
relação à atitude frente à balança de pagamentos. Esse esgotamento 
ocorreu sobretudo porque os países centrais, situados no topo dessas 
classificações, estavam tendo problemas com a balança de 
pagamentos e com os problemas econômicos internos, fazendo com 
que essas classificações já não dessem conta da realidade. 
Em meio à crise do petróleo, o que 
fazer? 
 – Países desenvolvidos propõe o G4 
(atual G8) 
– Países subdesenvolvidos propõem 
o G24 e o Blue Books, visando 
reformar a ordem econômica 
Nesse contexto de crises e transformações, cada grupo de países 
respondeu de forma diferente. 
Os países desenvolvidos propuseram o G4, um grupo formado por 
Estados Unidos, Reino Unido, França e Alemanha para discutir 
soluções para a crise e contornar a falta de acesso ao petróleo. Com 
o tempo, esse grupo foi se expandindo e ganhando novos objetivos 
até chegar ao atual G8, configuração que conhecemos hoje. 
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internacional e garantir maior 
simetria. 
Os países subdesenvolvidos foram mais ambiciosos e publicaram o 
Blue Books (Livros Azuis), um documento sugerindo uma nova ordem 
econômica internacional baseada na reforma profunda de Bretton 
Woods, especialmente do FMI e do Banco Mundial. 
A principal reivindicação desses países era que houvesse mais 
regulação do sistema financeiro reduzindo as assimetrias entre o 
Norte e o Sul. Nas linhas abaixo, veremos mais detalhes sobre isso. 
 
Respostas ao esgotamento de Bretton Woods 
Países desenvolvidos formam G-8 e buscam soluções para a crise. 
Diante da crise do petróleo, os países desenvolvidos Estados Unidos, Reino Unido, França e 
Alemanha formaram o G4 em 1973. Todos os quatro estavam em recessão e precisavam encontrar 
soluções para o acesso aos mercadosde petróleo e a resolução de seus problemas estruturais. 
Basicamente, tratava-se de um fórum internacional de Ministros da Fazenda, com uma abordagem 
técnica e não política, para tentar encapsular e resolver problemas. Cuidado para não confundir com o G4 
formado por Brasil, Alemanha, Japão e Índia para a reforma do Conselho de Segurança da ONU. São 
grupos diferentes, em contextos diferentes e com propósitos diferentes! 
Com o passar do tempo, outros países foram entrando no grupo e o nome foi mudando. Com a 
entrada do Japão, formou-se o G5. Com a entrada da Itália, o G6. Com a entrada do Canadá, o G7. Todas 
essas movimentações aconteceram nos anos 1970. 
Resposta dos países desenvolvidos: G-8 
G4 (1973): EUA + Reino Unido + França + Alemanha 
G5 (1974): EUA + Reino Unido + França + Alemanha + Japão 
G6 (1975): EUA + Reino Unido + França + Alemanha + Japão + Itália 
G7 (1976): EUA + Reino Unido + França + Alemanha + Japão + Itália + Canadá 
G8 (1998): EUA + Reino Unido + França + Alemanha + Japão + Itália + Canadá + Rússia 
 
Em 1998, o G-7 expandiu para incluir a Rússia, que nesse momento já estava se recuperando das 
graves crises econômicas após a falência da União Soviética. A partir de então, o grupo passou a ser 
denominado G-7 + Rússia ou, G-7 + 1. Essa diferenciação ocorreu porque embora a Rússia fosse uma 
potência militar, não era uma potência econômica como os outros sete; no entanto, é um país tão 
influente quanto. 
Conforme já mencionamos, nos anos 1970, enquanto os países desenvolvidos estavam em crise, 
os subdesenvolvidos estavam crescendo, incluindo o Brasil, que estava passando pelo milagre 
econômico. No entanto, essa lógica mudou na década seguinte. Nos anos 1980, os desenvolvidos 
voltaram a crescer e os subdesenvolvidos entraram em crise. No Brasil, por exemplo, houve graves 
problemas com a hiperinflação e a dívida pública. Isso se repetiu, em maior ou menor grau, em países 
como Índia, Argentina, México, entre outros. 
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Foi nessa época que houve a ascensão do liberalismo econômico nos países centrais, 
impulsionados pela chegada de Ronald Reagan (Estados Unidos) e Margareth Thatcher (Reino Unido) ao 
poder. Ambos condenaram veementemente as reivindicações dos países subdesenvolvidos, não por 
serem “contra os pobres” ou algo do tipo, mas simplesmente porque não acreditavam que as medidas 
propostas fossem surtir o efeito desejado. Visando reformar Bretton Woods, os países 
subdesenvolvidos pediam mais regulação do sistema financeiro. Reagan e Thatcher, no entanto, 
acreditavam que para reduzir a pobreza, o sistema financeiro deveria ter menos regulação. Essa visão 
liberal de ambos os líderes influenciou fortemente as discussões do G8, sufocando as propostas de 
reforma solicitada na década de 1970 pelos países periféricos. Com a recuperação econômica, os países do 
centro voltaram ao protagonismo e a reforma acabou não saindo. 
 
Países em desenvolvimento formam G-24 e propõem Nova Ordem Econômica 
Internacional(NOEI) 
 A resposta dos países em desenvolvimento veio por meio da formação do G-24, um grupo formado 
em 1971 por 8 Estados latino-americanos, 8 Estados africanos e 8 Estados asiáticos; portanto, 8 de cada 
região do mundo, exceto Europa e América Anglo Saxônica – as regiões mais desenvolvidas que ficaram 
de fora. Atualmente, há 28 membros. Esse grupo visava representar o terceiro mundo e ter mais força 
para promover reformas no sistema financeiro internacional. 
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 O G-24 lançou um documento chamado Blue Book propondo: a reforma do FMI – especialmente 
do sistema de cotas; a maior participação dos países em desenvolvimento no sistema financeiro 
internacional; e, maior regulamentação do mesmo. O conjunto dessas reformas defendidas por países 
periféricos e expressas no Blue Book foi chamado de Nova Ordem Econômica Internacional (NOEI). 
Resposta dos países em desenvolvimento Nova Ordem Econômica Internacional (NOEI) 
G-24: 
– Grupo formado por 8 Estados latino-americanos, 8 africanos e 8 asiáticos – atualmente com 28 
membros, não mais 24. 
Blue Book: 
– Reforma do FMI. 
– Participação no SFI. 
– Regulamentação do SFI. 
 Os países em desenvolvimento argumentavam que a ordem comercial era injusta porque 
privilegiava bens industrializados em detrimento dos bens primários. Ou seja, como produtos 
tecnológicos vendidos pelo Norte valiam mais do que produtos agropecuários vendidos pelo Sul, o Sul 
sempre saía em desvantagem. Para tentar convencer os países do Norte, o Blue Books argumentava que 
caso os produtos primários recebessem o devido pagamento, os programas de ajuda ao 
desenvolvimento não seriam mais necessários. Evidentemente, conforme veremos adiante, esse 
argumento “não colou”. 
Nova Ordem Econômica Internacional – Propostas dos países do Sul 
A Crise do Petróleo havia desencadeado a ideia de que: 
a) A base dessa nova ordem deveria estar associada a um novo papel para o comércio. 
b) Os padrões do comércio eram essencialmente injustos: favoreciam os bens industrializados em 
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detrimento dos mercados de bens primários. 
c) Se os produtos primários recebessem o devida pagamento, os programas de ajuda ao 
desenvolvimento não seriam necessários. 
Sendo assim, um dos principais pontos da NOEI era o reconhecimento de uma cláusula de 
desigualdade. Ou seja, o reconhecimento da realidade assimétrica que havia nas relações econômicas e 
comerciais entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos. Na prática, isso significava diferentes 
condições no comércio para esses dois grupos de países: 
Proposta dos países do Sul para corrigir a assimetria – cláusula de desigualdade 
Produtos 
primários 
Produzidos 
pelo Sul 
O mercado de primários 
deveria ser livre, beneficiando 
o Sul. 
O Norte deveria comprar sem barreiras 
protecionistas. 
Produtos 
industrializados 
Produzidos 
pelo Norte 
O mercado de industriais não 
deveria ser livre, para 
proteger o Sul. 
O Sul deveria manter as barreiras 
protecionistas pois estaria em posição 
desfavorável. 
Resumidamente, os países em desenvolvimento defendiam o livre comércio, mas apenas nos 
setores que tinham mais competitividade; no caso, o agronegócio. Portanto, defendiam que os países 
mais ricos comprassem produtos primários sem barreiras protecionistas. Por outro lado, também 
defendiam o “direito” de praticarem protecionismo industrial em relação aos produtos dos países mais 
ricos. Grosso modo, o livre mercado só seria aplicado em setores onde houvesse igualdade de condições 
e não vantagem dos desenvolvidos. 
Essa proposta, caso concretizada, mudaria o foco do sistema financeiro internacional, de uma 
lógica de crescimento baseada nas finanças para uma lógica de crescimento baseada no comércio. 
Durante um tempo, essa mentalidade repercutiu inclusive no GATT, sobretudo na Rodada do Uruguai, 
assunto que veremos em outras aulas. Também repercutiu na própria criação da OMC, organização que 
tem uma cláusula que defende os menos favorecidos. 
Além disso, havia outras reivindicações. Os países em desenvolvimento pressionavam para que a 
principal fonte de riqueza fosse a terra, os chamados fisiocratas. Também propunham uma redefinição 
nas relações Norte-Sul com um novo papel para a UNCTAD – a Conferência das Nações Unidas para o 
Desenvolvimento do Comércio. Esse maior protagonismo dos países periféricos foi reforçado pelo 
Relatório Brandt, documento de 1977 que justamente versava sobre questões de desenvolvimento. Com 
essas mudanças, esses países – em grande

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