Buscar

Apostila

Prévia do material em texto

Aula 14
Política Internacional p/ CACD
(Diplomata) Primeira Fase - Com
Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Alexandre Vastella
Aula 14
27 de Julho de 2020
 
 
 
Aula 15 - Política Internacional - Relações do Brasil com a Ásia - enfoque no Japão 
Introdução ao PDF ................................................................................................................................. 2 
Relações Brasil-Ásia e Japão ................................................................................................................ 2 
Panorama geral das relações Brasil-Ásia .................................................................................................. 2 
Introdução às relações bilaterais Brasil-Japão........................................................................................... 4 
Histórico das relações bilaterais Brasil-Japão ........................................................................................... 9 
Século XIX – Início do contato diplomático – objetivo é atrair mão de obra para o Brasil. ..................... 9 
Primeira metade do século XX – As relações são essencialmente culturais. .......................................... 9 
Década de 1940 – Contato diplomático baixo até Segunda Guerra, quando relações são rompidas. .. 11 
Década de 1950 – Retomada das relações, mas ainda tímidas – Japão destruído pela guerra e Brasil 
americanista. ...................................................................................................................................... 11 
Décadas de 1960 e 1970 – Boom nas relações – reconstrução do Japão, universalismo brasileiro e 
parcerias. ............................................................................................................................................ 12 
Década de 1980 – “Década perdida”, diminuição das relações e o fenômeno dos decasséguis. ......... 14 
Décadas de 1990 e 2000 – Retomada do interesse recíproco e novo ápice nas relações. .................... 15 
Política externa japonesa e comércio com o Brasil ..................................................................... 19 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
2 
 
INTRODUÇÃO AO PDF 
Nesta aula, estudaremos as relações entre Brasil e Ásia, focando especificamente nas relações 
bilaterais Brasil-Japão. É verdade que há outros países asiáticos estratégicos para o Brasil, mas 
estudaremos – ou já estudamos – esses casos. Dentro do nosso curso, há aulas sobre as relações Brasil-
Oriente Médio, Brasil-China, Brasil-Rússia e Brasil-Índia, de modo que o edital do CACD seja totalmente 
contemplado. Por hoje, vamos fazer um panorama geral da Ásia e focar no caso japonês. 
Teoricamente, O Brasil – um país subdesenvolvido exportador de commodities, e o Japão – um 
país desenvolvido exportador de tecnologia, teriam relações verticais e assimétricas. Durante muito 
tempo, inclusive, essa relação foi meramente vertical. O Brasil enviava matéria-prima e recebia em troca 
produtos de alta tecnologia. Recentemente, contudo, esse cenário foi mudando, atingindo seu ápice nos 
anos 2000, época que Brasil e Japão passaram a trabalhar juntos para o desenvolvimento tecnológico. 
 Atualmente, o Brasil não é um simples exportador de commodities para o Japão, mas sim, um 
parceiro real, no qual há uma ideia de complementariedade – na ciência, na cultura, na tecnologia, na 
agricultura e em outras áreas estratégicas. É por isso que apesar das nítidas assimetrias entre ambos os 
países, é correto dizerque o Japão se insere dentro da perspectiva brasileira voltada para o eixo 
horizontal. 
 
RELAÇÕES BRASIL-ÁSIA E JAPÃO 
Panorama geral das relações Brasil-Ásia 
 Primeiramente, vale ressaltar que o Brasil tem representações diplomáticas oficial em todos os 
países da Ásia – uma região considerada importante e estratégica. Além das inúmeras parcerias com o 
Japão (um país com grande potencial), destacam-se a pujante balança comercial com a China – nosso 
principal parceiro comercial – e a densa atuação multilateral com China e Índia – países que 
compartilhamos ideias em espaços como BRICS, BASIC e IBAS1. Também podemos destacar a Coreia do 
Sul, um país com muitos investimentos no Brasil. 
Ainda dentro do contexto asiático, existem articulações entre o MERCOSUL e ASEAN – a 
Associação de Nações do Sudeste Asiático – para que seja formada uma área de livre comércio; cujas 
negociações ainda não avançaram. O ASEAN engloba os seguintes países: Tailândia; Filipinas; Malásia; 
Singapura; Indonésia; Brunei; Vietnã; Mianmar; Laos; e Camboja. Por fim, não podemos esquecer que o 
Oriente Médio, região que estudamos na aula passada, possui a maior parte inserida na Ásia – ainda que 
seja culturalmente distinta. 
 
 
 
 
1 Este, sem a China. 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
3 
 
Relações bilaterais Brasil-Ásia – Panorama Geral 
Panorama Geral 
– Investimentos externos 
– Tecnologia de ponta 
– Mercado consumidor: 1/3 do PIB mundial 
– Concentra a maior parte da população mundial 
 A Ásia, portanto, possui uma grande importância para o Brasil, principalmente no que diz respeito 
aos investimentos externos, à produção de tecnologia de ponta e ao grande mercado consumidor. O 
continente asiático, que concentra o maior contingente populacional do planeta, também produz 1/3 do 
PIB mundial. Conforme o mapa abaixo: 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
4 
 
 Perceba que a Ásia é um continente gigantesco, abrangendo grandes territórios como a Rússia, a 
China e a Índia e, além disso, países completamente diferentes em contextos geográficos totalmente 
distintos. Não dá para comparar, por exemplo, Arábia Saudita com Japão – embora ambos estejam no 
continente asiático. Em suma, ao contrário do que acontece com a América do Sul – região com processos 
históricos semelhantes e, de certo modo, agrupados em certa unidade cultural – a Ásia é um continente 
impossível de ser agrupado sob uma identidade comum. Não dá para dizer, por exemplo, que Arábia 
Saudita possui semelhanças com o Japão. Para termos uma breve noção do quão complexo esse cenário é, 
vamos observar as subdivisões do continente: 
Subdivisões da Ásia e seus principais países 
 
Oriente Médio: Arábia Saudita, Turquia, Síria, 
Iraque, Israel, Palestina. 
Ásia Central: Cazaquistão e todos os outros 
países terminados com “istão” – exceto 
Paquistão e Afeganistão. 
Ásia Setentrional: Rússia, o maior território do 
mundo. Ainda há a Rússia europeia, onde está 
Moscou. 
Ásia Meridional ou Sul da Ásia: Índia, 
Paquistão, Irã. 
Sudeste da Ásia: Indonésia, Singapura, Vietnã, 
Malásia, Timor Leste. 
Extremo Oriente: China, Mongólia, Japão, 
Coreias do Norte e do Sul. 
 Não é preciso decorar esses países – aliás, nem é esse o objetivo dessa aula – mas sim, entender 
que considerando as enormes diversidades culturais, linguísticas, religiosas e econômicas entre os muitos 
países do continente asiático, a política externa brasileira não trata a Ásia como um bloco homogêneo, 
mas ao invés disso, considera suas diferenças e estabelece diretrizes específicas para cada país ou sub-
região. 
 
Introdução às relações bilaterais Brasil-Japão 
As relações Brasil-Japão se iniciaram no início do século XX, principalmente por conta da 
imigração. Há pouco mais de cem anos, em 1908, o navio Kasato Maru trazia a primeira leva de imigrantes 
japoneses no Brasil, no contexto de substituição de mão de obra escrava nas lavouras. Estes imigrantes 
formaram, aqui no Brasil, a maior colônia de japonesesfora do Japão, impactando diretamente nossa 
cultura e nosso modo de produção agrícola, principalmente no estado de São Paulo, onde está 
concentrada a maior quantidade de descendentes. 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
5 
 
Relações Brasil-Japão – Laços históricos com o Brasil 
Laços históricos com o Brasil 
– Migração: 111 anos da primeira migração japonesa ao Brasil, em 1908. 
– São Paulo: maior colônia japonesa do mundo 
– Fenômeno dos "decasséguis" – descendentes de japoneses que vivem no Brasil e optam por 
regressão ao Japão 
Atualmente, os decasséguis – descendentes de japoneses que vivem no Brasil e optam por 
regressão ao Japão, enviam grandes quantidades de dinheiro aos parentes brasileiros que ficaram por 
aqui. Em 2004, quando houve a última medição deste tipo de dado, a remessa dos decasséguis 
brasileiros no Japão para o Brasil somou mais de 2 bilhões de dólares; ou seja, uma contribuição 
significativa para nossa economia. Além disso, para além das questões econômicas, a migração – tanto do 
Japão para o Brasil quanto no sentido inverso – acarreta em um intercâmbio cultural muito expressivo. 
Do mesmo modo que os decasséguis que retornam ao Brasil trazem consigo parte da cultura japonesa, os 
japoneses que vivem no Brasil, juntamente à sua cultura, são muito bem integrados à sociedade brasileira. 
Apesar da grande expressividade cultural que se mantém 
importante até os dias atuais, até os anos 1940, a relação Brasil-Japão 
era puramente cultural/migratória, sem relevância econômica – 
afinal, o Brasil estava passando pelo americanismo e, portanto, estava 
pouco preocupado com as demais regiões do globo. Além disso, por 
conta da Segunda Guerra Mundial, quando brasileiros e japoneses, 
apesar de não terem se enfrentado diretamente, lutaram em lados 
opostos do front, o Brasil rompeu relações com o Japão, as quais foram 
retomadas somente após o conflito. Nesta época, o Brasil também 
cortou relações com a Itália, chegando inclusive, a proibir o idioma 
destes dois países em seu território. 
Essas relações só foram retomadas a partir da década de 1950 
quando o Japão já havia se aliado aos Estados Unidos dentro do processo de reconstrução – nesta 
época, os norte-americanos ofereceram aos japoneses o Plano Colombo – uma espécie de Plano Marshall 
voltado à reconstrução do Japão. Foi dentro desta perspectiva que os dois países começaram a identificar 
elementos de complementaridade. O Japão em reconstrução demandava commodities que o Brasil 
poderia produzir e este demandava tecnologias e know-how japoneses. Do mesmo modo que o Japão 
possuía (e ainda possui) um território pequeno, insular e com poucos recursos naturais, deficiências que o 
Brasil não tinha (e não tem); o Brasil precisava se desenvolver, combater à pobreza, alavancar a ciência e a 
tecnologia, funções que o Japão poderia auxiliá-lo. 
Foi dentro desse contexto de complementariedade que as relações Brasil e Japão se adensaram 
nos anos 1960 e 1970, na época que o universalismo começou a ser aplicado e que, portanto, o Brasil 
começou a buscar novas parcerias além dos Estados Unidos. Durante nosso milagre econômico, houve 
cooperações entre a EMBRAPA e a JICA – a agência de cooperação internacional do Japão, parceria 
fundamental para melhorar a produtividade do Cerrado brasileiro. Nesta época, o Brasil passou a exportar 
commodities e a importar tecnologia japonesa, produtos que embora fossem de segunda linha no Japão, 
eram novidade em nosso mercado. Em síntese, a partir do governo militar, as relações Brasil-Japão – que 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
6 
 
até os anos 1940 eram meramente culturais – ganharam nova densidade, englobando também, a 
cooperação técnica, a atração de tecnologia e a realização de investimentos. 
Na década de 1980, por conta do cenário doméstico de crise – por conta da hiperinflação, da 
moratória da dívida pública, da deterioração dos indicadores sociais, entre outros motivos – houve a 
deterioração das relações Brasil-Japão. Conforme vimos nas aulas anteriores, isso não ocorreu somente 
com o Japão, mas com os demais países e contextos em todos os continentes; afinal, o Brasil se fechou 
para resolver seus próprios problemas internos. Na década seguinte, o Brasil já havia obtido êxito na 
renovação de credenciais, na abertura democrática e na estabilização econômica. No entanto, as relações 
não avançaram porque, nos anos 1990, era o Japão que estava em crise; e, sendo assim, estava focado 
em resolver problemas internos. 
Após duas décadas de dificuldades, pouco antes da virada do século, houve o relançamento das 
relações Brasil-Japão, no final do segundo mandato de Fernando Henrique Cardoso e já em contexto de 
globalização e pós-Guerra Fria. Assim como ocorrera nos anos 1960, houve a identificação de 
complementariedade e parcerias em comum. 
Relações bilaterais Brasil-Ásia – Fim da Guerra Fria 
Fim da Guerra Fria 
– Nova lógica de inserção internacional 
– Brasil buscava a autonomia por meio da diversificação de parcerias 
– Pujança japonesa (tecnologia) + incorporação do sudeste asiático (mercado consumidor) 
– Brasil como um grande fornecedor de alimentos 
– Falta de conhecimento é um entrave a aproximação 
– É importante notar que tanto no discurso de posse de FHC, quanto no de Lula, ambos citaram a Ásia 
como horizonte estratégico 
 A renovação das relações Brasil-Japão possuem relação com a nova lógica de inserção 
internacional do momento pós-Guerra Fria, no qual o Brasil buscava a autonomia por meio da 
diversificação de parcerias. Se no período militar, o Brasil buscava o autonomia pelo distanciamento, a 
partir da redemocratização, sobretudo após “colocar ordem em casa” promulgando nova Constituição e 
estabilizando a economia com o Plano Real, o país passou a buscar a autonomia pela credibilidade, o que 
favoreceu a reaproximação com o Japão e também, com o sudeste asiático. O Brasil finalmente havia 
superado os problemas crônicos dos anos 1980 e voltado a explorar as oportunidades que a Política 
Externa Independente oferecia. 
 Além disso, nesta época, a Ásia estava em pleno crescimento, principalmente Japão, China e os 
Tigres Asiáticos – Coreia do Sul, Taiwan, Singapura e Hong Kong, fato que despertou interesse do 
Itamaraty. Neste cenário de expansão, o Brasil poderia fornecer commodities à região e, além disso, 
poderia se beneficiar com parcerias tecnológicas. 
Apesar do elevado potencial asiático, careciam iniciativas que promovessem a integração entre 
Brasil e sudeste asiático, havendo uma lacuna de falta de conhecimento e aprofundamento de relações. 
Foi para sanar essas deficiências que surgiu o Foro Mercosul-ASEAN e o Fórum de Cooperação América 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
7 
 
Latina e Ásia do Leste (FOLACAL) (1999) – este último, iniciativa de Chile e Singapura que veremos 
posteriormente. Por enquanto, focaremos no intercâmbio Mercosul-ASEAN: 
Relações bilaterais Brasil-Ásia – Cooperação Mercosul-ASEAN 
Marcos normativos 
– Foro Mercosul-Asean (Brasília) 
 
Plano de ação 
1 – Segurança energética 
2 – Segurança alimentar 
3 – Transportes e infraestrutura 
O Foro Mercosul-ASEAN foi uma tentativa do Brasil e também do Mercosul de se aproximação à 
Associação de Nações do Sudeste Asiático (ASEAN) – grupo que engloba Tailândia, Filipinas, Malásia, 
Singapura, Indonésia, Brunei, Vietnã, Mianmar, Laos e Camboja. O marco deste diálogo se baseia em três 
princípios: segurança energética, segurança alimentar e transportes/infraestrutura. 
Apesar de ser bastante 
promissor, o Foro encontrou alguns 
problemas. Primeiramente, pouco 
seavançou nestes três princípios. 
Além disso, havia a ideia de 
estabelecer uma área de livre 
comércio entre os dois blocos, 
ideia que ainda está sendo 
discutida, principalmente dentro do 
Mercosul, onde encontra vários 
entraves. Além do mais, o Foro 
Mercosul-ASEAN é pouco 
institucionalizado, não possuindo 
personalidade jurídica e tampouco 
secretário-geral, fato que dificulta a 
aproximação. À esquerda, mapa 
com os países do ASEAN. 
Para o CACD, é importante saber apenas da existência do Foro Mercosul-ASEAN e também, que 
apesar das dificuldades, os diálogos têm avançado – ainda que de forma bastante morosa, por meio do 
estabelecimento de mecanismos de consulta e concertação política, algo que não existia antes. Ao 
contrário deste Foro, o Fórum de Cooperação América Latina e Ásia do Leste (FOCALAL) teve/tem um 
peso institucional bem mais denso: 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
8 
 
Relações bilaterais Brasil-Ásia – FOLACAL 
Marcos normativos 
– 1999: FOCALAL: Fórum de Cooperação América Latina e Ásia do Leste 
– Iniciou com Cingapura e Chile (já faziam parte da APEC) 
– Contudo, a APEC tinham os EUA que davam as cartas e alguns países buscavam mais contato entre 
os diversos parceiros 
– Reúne 58 países 
– Aproximação política de alto nível, econômica e cultural 
 
Reuniões 
– 2001: I Reunião Ministerial, Santiago 
– 2004: II Reunião Ministerial, Manila 
– 2007: III Reunião Ministerial, Brasília 
– 2010: IV Reunião Ministerial, Japão 
 O Fórum de Cooperação América Latina e Ásia do Leste (FOCALAL) foi criado em 1999, no final 
do governo Fernando Henrique, por iniciativa do Chile e de Singapura, países que, em meio à crise 
asiática do final dos anos 1990, também viam necessidade em diversificar suas parcerias que não 
fossem as tradicionais relações com a China, os Estados Unidos e o Japão. 
Nesta época, Chile e Singapura, os mentores do 
FOCALAL, já se articulavam no âmbito da Cooperação 
Econômica Ásia-Pacífico (APEC) – um megabloco de livre 
comércio que abrange 21 países do Círculo do Pacífico, 
abarcando todo o oeste do continente americano (Chile, 
Estados Unidos, Canadá, entre outros) e o leste do 
continente asiático (Japão, China, Austrália, Rússia, entre 
outros). Para a aula de hoje, não se preocupem com a APEC, 
afinal, a estudaremos em outras ocasiões. Por enquanto, 
basta compreender a formação da FOCALAL. 
 Em comparação ao Foro Mercosul-ASEAN, a FOCALAL possui maior densidade nas relações, 
reunindo 58 países das duas regiões e contando com aproximações políticas de alto nível – como, por 
exemplo, reuniões entre ministros das relações exteriores e entre altos funcionários dos países, discutindo 
temas de relevância internacional, sobretudo no âmbito da economia. 
As quatro primeiras reuniões ministeriais foram realizadas: em Santiago, Chile (2004); em 
Manila, Filipinas (2007); em Brasília, Brasil (2007); e, em Tóquio, Japão (2010) – uma quarta reunião 
seria realizada em 2013, mas acabou sendo cancelada. Ainda hoje, o fórum continua bastante ativo. 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
9 
 
Histórico das relações bilaterais Brasil-Japão 
Uma vez que os esclarecimentos prévios foram feitos, podemos entender o histórico da relação 
do Brasil com a Ásia - focando no Japão – para que possamos compreender um pouco melhor esse 
contexto e entender de que modo isso se inseriu dentro da nossa política externa. É importante ressaltar, 
novamente, que as relações do Brasil com a China, a Índia e os demais países da Ásia serão estudadas 
ainda nesse curso. 
 
Século XIX – Início do contato diplomático – objetivo é atrair mão de obra para o Brasil. 
Relações Brasil-Japão – Século XIX 
Início do 
relacionamento com 
Tratado de Amizade, 
Comércio e Navegação 
(1895) 
O histórico das relações Brasil-Japão começou oficialmente no final do século XIX, 
com a assinatura do Tratado de Amizade, Comércio e Navegação (1895). Como o 
Brasil não tinha representação diplomática no Japão, e nem o Japão representação 
no Brasil, o acordo foi assinado em Paris. 
Intenção de atração de 
mão de obra, no 
contexto do fim da 
escravidão. 
A aproximação com Japão ocorreu em contexto de fim da escravidão, quando o 
Brasil buscava atrair mão de obra estrangeira para as lavouras, principalmente de 
café. Em busca desse objetivo, houve diálogo com vários países, até mesmo com a 
China, mas o Brasil acabou fechando acordo com o Japão e também com países 
europeus, como por exemplo, a Itália. 
Neste período, o Japão estava passando por uma severa crise econômica e a 
população via a migração para o Brasil como uma oportunidade de melhorar de 
vida. Caso prosperassem, poderiam inclusive voltar para a terra natal. 
No entanto, muitos imigrantes ficaram por aqui. Por isso, o Brasil possui a maior 
colônia de japoneses fora do Japão. 
 
Primeira metade do século XX – As relações são essencialmente culturais. 
A imigração japonesa para o Brasil começou em 1908 e durante muito tempo, foi o principal elo entre os dois países. Hoje, o 
Brasil é o país com mais japoneses fora do Japão. Na imagem, navio Kasato Maru trazendo a primeira leva de imigrantes. 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
10 
 
Relações Brasil-Japão – primeira metade do século XX 
Primeira chegada 
ocorre em 1908, à 
bordo do navio Kasato 
Maru. 
A imigração japonesa começou oficialmente em 1908, com a chegada da primeira 
leva de trabalhadores a bordo do navio Kasato Maru. 
Não por acaso, há vários monumentos, praças, ruas, marcos e demais homenagens 
a esta embarcação espalhadas pelo território brasileiro. 
Em 2018, completou-se 110 anos da imigração japonesa no Brasil. 
Importante presença 
de japoneses no Brasil 
e de brasileiros no 
Japão. 
Ainda é uma das 
principais 
condicionantes do 
relacionamento 
bilateral. 
300 a 400 mil 
brasileiros vivendo no 
Japão 
Esse fluxo migratório criou uma importante presença de japoneses no Brasil e 
também, de brasileiros no Japão – os chamados decasséguis que são 
descendentes de japoneses que optaram pela regressão ao Japão. 
Portanto, a migração ainda é um dos principais condicionantes do 
relacionamento bilateral. Este fator é tão importante que o trabalho que é feito na 
esfera diplomática ocorre principalmente nos consulados, um trabalho de 
chancelaria para garantir, por exemplo, que brasileiros que vivem no Japão não 
sofram com xenofobia ou preconceito. 
Atualmente, há cerca de 300 a 400 mil brasileiros vivendo no Japão. No entanto, é 
difícil estimar o número exato desta rede, afinal, estas pessoas possuem parentes, 
filhos, amigos, ou demais agregados que também vivem no Japão e não entram 
nesse cálculo. Trata-se, portanto, de uma comunidade influente e numerosa. 
Japoneses 
concentram-se, 
posteriormente, na 
lavoura de pequena 
escala, nos chamados 
cinturões verdes 
urbanos 
(principalmente em 
São Paulo). 
No início do século, os japoneses que vieram para o Brasil assumiram o trabalho 
que anteriormente era praticado pelos escravos, sobretudo nas plantações. 
Com as técnicas trazidas do Japão, estes imigrantes demonstraram uma grande 
habilidade na condução das lavouras. Como plantavam em porções de terra 
menores, mas com produtividade maior, começaram a vender, arrendar ou alugar 
suas terras, tornando-se assim, pequenos empreendedores. Este método de alta 
produtividade ficou conhecido como agricultura de jardinagem. 
Agricultura de 
Jardinagem. 
De produtividade elevada, a agricultura de jardinagem alterou a geografia 
agrícola do Brasil, principalmente nos cinturões verdes do estado de São Paulo, 
onde os japoneses eram (e ainda são)mais presentes. 
Além disso, trouxeram produtos novos como abobrinha ou caqui, até então, pouco 
conhecidos no Brasil; e, também, tornaram-se notórios proprietários de granjas. 
Alguns municípios paulistas como Ribeirão Preto, Sorocaba ou Campinas podem 
ser citados como exemplo desse fenômeno. 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
11 
 
Década de 1940 – Contato diplomático baixo até Segunda Guerra, quando relações são 
rompidas. 
Relações Brasil-Japão – Década de 1940 
Manutenção de nível 
de contato 
diplomático baixo até 
a Segunda Guerra 
Mundial, período no 
qual as relações 
diplomáticas são 
rompidas. 
Apesar da grande expressividade migratória, até a década de 1940, o vínculo 
diplomático era essencialmente cultural, sendo irrelevante na esfera econômica. 
Isso se manteve até a Segunda Guerra Mundial, quando Getúlio Vargas rompeu 
relações com o Japão, excluindo todos os diálogos com o país asiático. Nesta 
época, Vargas se aliou aos Estados Unidos e, portanto, contra o Eixo formado 
por Japão, Itália e Alemanha. A tensão chegou ao ponto do Brasil criar campos 
de concentração e proibir o idioma japonês em seu território. 
Apesar da hostilidade, como os japoneses estavam bem integrados à sociedade, 
tudo voltou ao normal ao término do conflito. As relações, inclusive, foram 
imediatamente reatadas. 
Recuperação 
econômica japonesa 
baseada no Plano 
Colombo (Pós-Guerra). 
Após a Segunda Guerra Mundial, o Japão se tornou uma espécie de 
“protetorado” dos Estados Unidos. Inclusive, em nome dos vitoriosos, o general 
MacArthur conduziu o processo de reconstrução do país. 
Em troca de manterem um baixo investimento em forças armadas, os Estados 
Unidos ofereceram o Plano Colombo ao Japão. Tratava-se de um plano de 
financiamento semelhante ao Plano Marshall aplicado na Europa. 
Por causa do Plano Colombo, o Japão realmente conseguiu crescer e recuperar a 
sua economia, a ponto de se tornar a segunda maior economia global. 
 
Década de 1950 – Retomada das relações, mas ainda tímidas – Japão destruído pela 
guerra e Brasil americanista. 
Apesar da destruição da II Guerra – na foto, Hiroshima antes e depois – o Japão se reconstruiu rapidamente ajudado pelos 
EUA. No primeiro momento, a destruição do país e o americanismo brasileiro impediam o avanço das relações; estas, só foram 
se adensar nos anos 1960, quando o Japão passou a demandar alimentos e matérias-primas do Brasil, já em contexto de PEI. 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
12 
 
Relações Brasil-Japão – Década de 1950 
Retomada das relações 
diplomáticas em 1952. 
Com o Japão pacificado pelo Plano Colombo e sob forte influência dos Estados 
Unidos, em 1952, houve a retomada de relações diplomáticas com o Brasil. 
A partir disso, houve uma série de tentativas de aproximação. 
Operação Brasil-Ásia 
liderada por Hugo 
Gouthier. 
No Juscelino Kubitschek (1956 – 1961), por exemplo, houve a Operação Brasil-
Ásia liderada pelo embaixador Hugo Gouthier. 
Apesar de o Brasil estar passando pelo americanismo, a operação atraiu a atenção 
do Japão a ponto de promover a visita do Primeiro Ministro Japonês ao país. 
Visita do PM Japonês 
ao Brasil (1959). 
Após a Operação Brasil-Ásia, em 1959, ocorreu a visita do Primeiro Ministro 
Japonês Nobusuke Kishi (1957 – 1960) ao Brasil. 
Foi a primeira visita oficial entre os dois Estados. O que se buscava era exatamente 
explorar melhor a complementaridade que havia entre os dois países – objetivo 
que foi concretizado nas décadas posteriores de 1960 e 1970. 
 
Décadas de 1960 e 1970 – Boom nas relações – reconstrução do Japão, universalismo 
brasileiro e parcerias. 
Nas décadas de 1960 e 1970, houve vários programas de complementariedade entre Brasil e Japão como, por exemplo, a 
parceria entre a JICA e a EMBRAPA para a produção de grãos no Cerrado brasileiro (imagem). O Japão em reconstrução 
demandava alimentos e matérias-primas brasileiras. 
 
Relações Brasil-Japão – Década de 1960 
Fortalecimento da 
presença de grandes 
companhias japonesas 
no Brasil a partir dos 
anos 1960 e a1970 
(minério de ferro, 
agricultura, celulose). 
O relacionamento 
Nas décadas de 1960 e 1970, houve um boom nas relações Brasil-Japão. 
Havia a necessidade evidente de o Japão fomentar seu processo de reconstrução e 
desenvolvimento. Por isso, o país fortaleceu a presença de grandes companhias 
no Brasil – tanto empresas quanto agências de cooperação. 
É preciso lembrar que o Japão possui um território pequeno, pouco propício à 
agricultura e, sendo assim, o Brasil poderia fornecer as commodities necessárias 
à recuperação japonesa. Foi nesse contexto que a JICA e a EMBRAPA 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
13 
 
Brasil-Japão ganha 
importância em 
relação ao tema 
"investimentos". 
desenvolveram parcerias para a produção de soja no Cerrado, por exemplo. 
Do mesmo modo que o Japão precisava das commodities brasileiras – minério de 
ferro, soja, celulose, etc – o Brasil precisava da tecnologia japonesa. Nesse 
sentido, empresas automotivas como a Honda ou a Toyota também começaram a 
investir no Brasil. 
Programa de 
Cooperação Nipo - 
Brasileiro para o 
Desenvolvimento dos 
Cerrados (PRODECER) 
(1974) 
Desenvolvimento de 
tecnologia para 
plantar no Cerrado. 
Investimento japonês 
e garantia de compra 
de safra 
Nesse contexto de busca de complementariedade, ocorreu Programa de 
Cooperação Nipo - Brasileiro para o Desenvolvimento dos Cerrados 
(PRODECER) (1974) entre a Empresa Brasileira de Agropecuária (EMBRAPA) e a 
Agência de Cooperação Internacional do Japão (JICA). 
Basicamente, ambos os países identificam que o Cerrado brasileiro apresentava 
um grande potencial agrícola, porém, não estava sendo utilizado por conta da 
falta de tecnologias agronômicas adequadas – afinal, trata-se de um solo 
naturalmente impróprio para o cultivo. 
A EMBRAPA e a JICA passaram a desenvolver o potencial agrícola de estados como 
Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, que atualmente, figuram entre os 
maiores produtores de soja do Brasil. Houve o desenvolvimento de fertilizantes, 
maquinário e demais tecnologias necessárias. 
O produtor brasileiro poderia ficar tranquilo porque além de investir na plantação, 
o Japão garantia a compra da safra – garantia que alavancou o agronegócio 
brasileiro, o carro-chefe da economia até os dias de hoje. 
Mineração: projeto de 
Carajás 
Ocorreu algo parecido ao PRODECER na Mina de Ferro Carajás, pertencente à Vale 
do Rio Doce, no Pará. 
Visando obter acesso a recursos minerais que sustentassem a sua recuperação 
econômica, o Japão investiu na Vale do Rio Doce – atualmente privatizada, 
porém, naquela época, ainda estatal. 
Milagre econômico: 
Geisel visita o Japão 
(1976) 
Em 1976, nas sobras do milagre econômico, o presidente Geisel (1974 – 1979) 
visitou o Japão. 
Essa visita merece atenção porque nesta época, era raro um presidente brasileiro 
sair do país. Lembrando que a diplomacia presidencial foi aprofundada por 
Figueiredo (1980 – 1985) e até então, era pouco usual. 
Isso evidencia a grande importância que o Japão tinha para o Brasil na época. 
Presença da Agência 
de Cooperação 
Internacional do Japão 
(JICA) no Brasil, com 
foco na área de 
tecnologia, 
montadoras de 
veículos e peças 
Além do exitoso PRODECER, a Agência de Cooperação Internacional do Japão 
(JICA) também ajudou a fomentar a indústria no Brasil, principalmente na área de 
tecnologia avançada. 
Não por acaso, a partir dessa época, empresas como Toshiba, Sharp, Honda e 
Toyota começaram a se instalar no Brasil; algumas inclusive, na Zona Franca deManaus – uma área industrial com incentivos fiscais criada pelo governo militar na 
capital amazonense. 
Entre as décadas de 1980 e 1990, tecnologia japonesa era sinônima de tecnologia 
de ponta. Era comum, por exemplo, televisores e eletrodomésticos serem 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
14 
 
construídos com recursos e matérias primas japonesas. 
 
Década de 1980 – “Década perdida”, diminuição das relações e o fenômeno dos 
decasséguis. 
Por conta da “década perdida”, o fluxo migratório se inverteu e surgiu a comunidade dos decasséguis no Japão. Atualmente, 
por conta da nova crise no Brasil, também há um aumento da emigração. 
 
Relações Brasil-Japão – Década de 1980 
Anos 1980: diminuição 
do ritmo das parcerias 
entre Brasil e Japão 
A partir da década de 1980, por conta da crise doméstica brasileira – dívida externa 
elevada, hiperinflação, deterioração dos indicadores sociais, etc – as relações com 
o Japão foram abaladas. 
No entanto, conforme vimos nas aulas anteriores, esse fenômeno não foi 
exclusivo com o Japão. De modo geral, por conta dos problemas internos, o Brasil 
teve atuação tímida na política externa no período. 
Inversão dos fluxos 
migratórios 
(Decasségui) 
Transferências 
unilaterais: é o maior 
fluxo de transferências 
unilaterais, maior até 
do que os EUA 
Nesta época, curiosamente, houve a inversão dos fluxos migratórios. 
Se, historicamente, o Brasil foi o destino dos imigrantes japoneses, entre o final da 
década de 1980 e por grande parte da década de 1990, o Japão tornou-se destino 
dos brasileiro 
Na década de 1980, o principal acontecimento entre Brasil e Japão foi justamente a 
atuação dos decasséguis. Surpreendentemente, o fluxo migratório entre Brasil-
Japão chegou a ser maior do que entre Brasil-Estados Unidos. 
Brasil possui maior 
colônia de japoneses 
fora do Japão. 
Conforme já ressaltamos, o Brasil possui o maior número de japoneses fora do 
Japão. Um dado interessante é que dos 2,5 milhões de japoneses fora do Japão, 
1,3 estão no Brasil. Mais de 50% dos emigrantes, portanto. 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
15 
 
Décadas de 1990 e 2000 – Retomada do interesse recíproco e novo ápice nas relações. 
Relações Brasil-Japão – Décadas de 1990 e 2000 
 
Retomada do interesse recíproco (nova fase de 
credibilidade externa do Brasil) 
Japão e Coreia do Sul investem no Brasil – há 
empresas de ambos os países aqui, especialmente no 
setor automotivo (imagem acima) 
Brasil aumenta interesse no extremo oriente – 
tecnologia. 
Fenômeno dos decasséguis (desde os anos 1980) 
incrementa as trocas culturais 
1999: FOCALAL (Fórum de Cooperação América 
Latina-Ásia do Leste) 
Convergência Brasil e Japão no G4 – Reforma do 
Conselho de Segurança da ONU. 
Cooperação técnica entre Agência Brasileira de 
Cooperação (ABC) e Agência de Cooperação 
Internacional do Japão (JICA) 
Cooperação técnica: TV digital, tecnologia espacial, 
nanotecnologia, biotecnologia, semicondutores. 
Pesquisa científica conjunta em diversas áreas, 
especialmente combustível e mineração. 
Brasil exporta commodities para o Japão, mas, além 
disso, também há relações simétricas com reais 
parcerias. 
 
Relações Brasil-Japão – Décadas de 1990 e 2000 
Retomada do interesse 
recíproco (nova fase de 
credibilidade externa do 
Brasil) 
No final da década de 1990, tanto Brasil quanto Japão já haviam superado 
seus problemas econômicos. O Brasil, em crise nos anos 1980; o Japão, no 
início dos anos 1990. 
Por isso, houve a retomada do interesse recíproco – o reconhecimento de que 
complementariedades poderiam ser exploradas e que um país era estratégico 
para o outro em seus respectivos projetos de inserção internacional. 
Japão e Coreia do Sul 
investem no Brasil 
Por causa da renovação do interesse, o Japão voltou a investir no Brasil. A 
Coreia do Sul pegou “carona” e passou a investir em território nacional 
também. 
Empresas coreanas – principalmente de automóveis e instrumentos musicais 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
16 
 
– começaram a vir em peso para o Brasil. Um exemplo é a montadora Daewoo. 
Brasil aumenta interesse 
no extremo oriente – 
tecnologia. 
Do mesmo modo, o Brasil aumentou o interesse no extremo oriente, 
principalmente visando obtenção de tecnologia japonesa e coreana; 
repetindo assim, o interesse que havia nos anos 1960 e 1970. 
Fenômeno dos decasséguis 
(desde os anos 1980) 
incrementa as trocas 
culturais 
Os decasséguis – fenômeno iniciado na década de 1980 – voltaram para o 
Brasil trazendo, experiências, informações, conhecimentos e vivências do 
Japão. 
Além do óbvio incremento das trocas culturais, esse processo facilitou que os 
brasileiros identificassem, no Japão, as possíveis oportunidades e 
complementariedades para que convertessem as experiências dos 
decasséguis em resultados práticos. 
1999: FOCALAL (Fórum de 
Cooperação América 
Latina-Ásia do Leste) 
- Iniciativa do Chile e de 
Cingapura. 
- Interação maior entre as 
regiões, com a criação de 
grupos de trabalho. 
Nesse contexto de aproximação, surgiu o Fórum de Cooperação América 
Latina-Ásia do Leste (FOCALAL), no final do governo Fernando Henrique 
Cardoso, em 1999. 
A iniciativa veio do Chile (por parte da América) e Singapura (por parte da 
Ásia), países que já se articulavam no âmbito da Cooperação Econômica Ásia-
Pacífico (APEC) – um grande bloco econômico de nações voltadas ao Oceano 
Pacífico. 
O objetivo do FOCALAL era promover maior integração entre Ásia e 
América, explorando o potencial existente em diversas áreas – econômica, 
política, tecnológica, etc. 
Para tal, foram criados grupos de trabalho e aproximações políticas de alto 
nível. Conforme vimos no início da aula, foram realizadas reuniões ministeriais 
em Santiago (2001), Manila (2004), Brasília (2007) e Tóquio (2010). 
Reforma do CSNU 
G4 (Brasil, Índia, Alemanha 
e Japão) 
- Veto dos Estados Unidos 
e da China 
- Oposição do Coffee Club 
- Situação delicada do 
Brasil com China e Japão, 
dois rivais. 
 
Neste período, cresceram as articulações em torno das Nações G-4, o grupo de 
quatro países que buscam reformar o Conselho de Segurança da ONU, que 
são: Brasil, Japão, Alemanha e Índia. 
Por causa disso, houve uma clara convergência entre Brasil e Japão na defesa 
de maior representatividade nas Nações Unidas em busca de assentos 
permanentes no CSNU – ainda que não tivessem poder de veto após inclusos. 
Apesar do apoio da França e do Reino Unido, China e Estados Unidos vetaram 
a ampliação do Conselho de Segurança, frustrando as pretensões do G4. 
Além de China e Estados Unidos, outros países se opõem às reformas. Na 
América Latina, México e Argentina são contra a entrada do Brasil. Na 
Europa, Itália é contra a entrada da Alemanha. Na Ásia, China e Coreia do 
Sul são contra a entrada do Japão e Paquistão é contra a entrada da Índia. 
Estas nações foram o Coffee Club – o grupo de países contrários ao G-4. 
Apesar do G-4 e do apoio japonês, não é interessante, para o Brasil, bater de 
frente com a China, seu principal parceiro econômico e aliado estratégico em 
outros espaços multilaterais como os BRICS, por exemplo. Quanto mais 
próximo do Japão, rival chinês na região, mais distante o Brasil fica da 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
17 
 
China. 
Vale lembrar que até hoje os chineses possuem mágoa com os japoneses por 
conta de atrocidades cometidas na Segunda Guerra Mundial e a amizade nunca 
foi reestabelecida, de fato. Além disso, oJapão se preocupa com o 
expansionismo chinês, principalmente pela ampliação de seu mar territorial. 
 
Reforma do Conselho de Segurança une os representantes de Brasil, Alemanha, Índia e Japão no G4 – grupo que enfrenta forte oposição na 
ONU, incluindo China e Estados Unidos, ambos contrários à reforma. Na imagem acima, encontro do G4 em 2015. 
Cooperação entre Brasil e Japão 
Agência Brasileira de Cooperação 
(ABC) x Agência de Cooperação 
Internacional do Japão (JICA) 
Houve o aprofundamento da cooperação entre Brasil e Japão por meio 
da Agência Brasileira de Cooperação (ABC) e da Agência de 
Cooperação Internacional do Japão (JICA) – a JICA já havia cooperado 
com o Brasil em diversas ocasiões no fomento à agricultura e à 
indústria no país. 
Ao contrário das parcerias ocorridas nos anos 1970, nas quais o Brasil 
apenas recebia passivamente a tecnologia japonesa; desta vez, além 
de matéria prima, o Brasil também tinha expertise em pesquisas 
para oferecer. 
Algumas destas novas cooperações incluem comunicação (televisores 
e satélites), nanotecnologia e biotecnologia (etanol). 
Exemplos de cooperação: 
- TV digital modelo nipo-brasileiro 
- Tecnologia espacial (lançamento 
de satélites) 
- Nanotecnologia 
- Biotecnologia 
 
Padrão de TV digital nipo-brasileiro 
ganhou adeptos em diversos países 
Na área de nanotecnologia, destacam-se as pesquisas conjuntas com 
os minerais grafeno e nióbio, que apesar de serem mencionados em 
tom de deboche no debate político, têm sido explorados como 
mercados em potencial. 
Na área de biotecnologia, destacam-se as pesquisas em etanol, um 
elemento importante nos anos 1970 e que ganhou nova relevância a 
partir dos anos 1990. 
Na área de tecnologia espacial, há um programa conjunto para o 
lançamento de satélites de comunicação para implantar e aprimorar o 
sinal da TV digital, cujo modelo adotado foi justamente o nipo-
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
18 
 
do mundo. brasileiro. 
Para entenderemos essa questão, recentemente, o Brasil trocou o sinal 
analógico pelo digital. Dentro desse processo havia disputas para saber 
qual padrão seria adotado. Os Estados Unidos faziam pressão para que 
fosse adotado o padrão norte-americano. Já o Japão, em vez de 
simplesmente defender a adoção de seu modelo, propôs a criação de 
um modelo em parceria com o Brasil. No final, o Brasil optou pela 
segunda opção, mais vantajosa. 
O modelo de TV digital nipo-brasileiro foi aplicado com sucesso não 
somente no Brasil, mas em outros países da América e da África, 
gerando incômodo nos Estados Unidos, que poderiam perder 
mercado com essa expansão. 
Situação atual das areas 
promissoras para a cooperação 
Há um imenso potencial de parcerias ainda a ser explorado com o 
Japão. 
Dentre as áreas mais promissoras para a cooperação, destacam-se: 
tecnologia de informação e das comunicações, nanotecnologia, 
tecnologia aeroespacial, robótica, novos materiais, dentre outros. 
Exemplos de pesquisa científica conjunta 
EMBRAPA (Brasil) 
JIRCAS (Japão) 
Biotecnologia e etanol. 
Além das cooperações técnicas, Brasil e Japão realizam pesquisas 
conjuntas. Um dos exemplos mais expressivos ocorre entre a 
EMBRAPA e a JIRCAS – o Centro Internacional Japonês para Pesquisas 
em Ciências Agrícolas (não confundir com a JICA, a agência de 
cooperação internacional que também trabalhou com a EMBRAPA no 
PRODECER). 
Estas pesquisas ocorreram na área de biotecnologia e tiveram como 
principal resultado o etanol. 
CPRM, USP (Brasil) 
JAMSTEC (Japão) 
Novos materiais minerais. 
O Serviço Geológico do Brasil (CPRM) e o Instituto de Oceanografia da 
Universidade de São Paulo (USP) fizeram parcerias com a Agência 
Japonesa de Ciência e Tecnologia do Mar (JAMSTEC). 
Na pauta da pesquisa estava a busca de novos materiais obtidos por 
meio de minérios do bioma brasileiro. 
Cooperação conjunta em 
semicondutores. 
Questionada na OMC, mas sem 
efeito. 
Houve a pesquisa conjunta na área de semicondutores – uma categoria 
de cerâmica que permite na condução de energia. 
Essa cooperação foi questionada na Organização Mundial do Comércio 
(DS497), mas o Brasil e o Japão conseguiram responder à altura. 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
19 
 
POLÍTICA EXTERNA JAPONESA E COMÉRCIO COM O BRASIL 
Neste item, vamos estudar rapidamente a política externa japonesa. No final, ainda veremos 
alguns dados comerciais sobre a relação Brasil-Japão e aí, finalizaremos a aula de hoje. 
Política externa japonesa – Pontos importantes 
1. Japão não é pacifista. Histórico imperialista e beligerante 
Primeiramente, ao contrário do que prega o senso comum, o Japão possui um histórico imperialista, 
beligerante e, portanto, não é pacifista. 
O Japão começou a ascender como potência a partir da Primeira Guerra Mundial, quando ganhou uma 
importância muito grande no Pacífico. Como neste período, os Estados Unidos também ascenderam como 
potência, houve disputas de territórios e áreas de influência entre estas duas nações. 
Ao longo do século XX, os japoneses tentaram inclusive, projetar sua influência para a península coreana, para 
a China e até mesmo para a Rússia. Na Segunda Guerra Mundial, o Japão – que integrava o eixo juntamente 
com Itália e Alemanha – adotou uma postura expansionista tentando conquistar várias ilhas do Pacífico, 
inclusive a base norte-americana de Pearl Harbor – motivo pelo qual os Estados Unidos entraram no conflito 
contra o Japão. 
Foi somente a partir da derrota na Segunda Guerra Mundial que o Japão barrou seu expansionismo, mesmo 
assim, de forma forçada e imposta pelos aliados vitoriosos. 
 
Shinzō Abe, o ministro que quer rever a Doutrina Yoshida e Donald Trump, o presidente que quer aumentar sua influência na Ásia, 
limitando o expansionismo chinês e o perigo norte-coreano, dois objetivos compartilhados com o Japão. Trump tende a apoiar as mudanças 
para que o Japão fique mais forte na região. 
2. Japão possui Forças Armadas, mas só pode investir apenas 1% do PIB (Art 9º da Constituição) 
Após a derrota na Segunda Guerra Mundial, os Estados Unidos impuseram ao Japão que o país somente 
poderia investir 1% do PIB nas Forças Armadas – uma obrigatoriedade expressa no Art 9º da Constituição. 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
20 
 
Em troca de abdicar de seu poderio militar, o Japão teve sua reconstrução financiada pelos norte-americanos e 
com isso, obteve grandes êxitos na segunda metade do século XX. 
Conforme veremos a seguir, o nono artigo da Constituição japonesa vem sendo amplamente questionado na 
sociedade japonesa, inclusive pelo atual Primeiro Ministro Shinzō Abe (2012-atual). Veremos alguns 
detalhes do nas linhas abaixo: 
Doutrina Yoshida (cânone da 
inserção japonesa no mundo) 
Pós-II Guerra Mundial: aliado aos 
EUA, país investiu em comércio e 
tecnologia, abrindo mão de ser 
potência militar, visando apenas 
uma supremacia econômica 
O processo de abdicação da primazia militar em troca da primazia 
econômica ocorreu durante o mandato do Primeiro Ministro Shigeru 
Yoshida (1948 – 1954) e ficou conhecido como Doutrina Yoshida. 
De acordo com a Doutrina Yoshida, o Japão abriria mão de disputar a 
hegemonia militar no Pacífico – afinal, havia perdido a guerra – e, ao 
invés disso, focaria no âmbito comercial e econômico. Em síntese, 
deixaria de ser uma potência militar para ser uma potência 
econômica. 
Para promover seu desenvolvimento tecnológico e sua 
industrialização, o Japão se aliou fortemente aos Estados Unidos, 
país estratégico para a reinserção internacional do Japão no pós-
Guerra. 
Em troca de abdicar de sua primaziamilitar, o Japão conseguiu 
vultosos investimentos dos Estados Unidos. Liderado pelo General 
MacArthur, foi estabelecido o Plano Colombo – um programa de 
investimentos semelhante ao Plano Marshall na Europa. Esse plano 
forneceu todo o suporte financeiro para que o Japão se reconstruísse. 
A soberania e a segurança 
japonesas são asseguradas pela 
parceria nipo-americana 
Desde então – já que o Japão investiria muito pouco em forças 
armadas – a soberania japonesa vem sendo assegurada diretamente 
pelos Estados Unidos. Apesar de investirem apenas 1% do PIB em sua 
força militar, o japoneses poderiam contar com os norte-americanos 
para defendê-los; e, portanto, poderiam ficar seguros diante das 
tensões da Guerra Fria. 
Apesar de ter dado certo na Guerra Fria, a aliança nipo-americana 
vem sendo rediscutida na sociedade japonesa, principalmente após a 
virada do século. 
Primeiramente travada entre os intelectuais e depois na mídia, o 
debate chegou à política com Ministro Shinzō Abe (2012-atual) eleito 
com a promessa de rediscutir o papel das Forças Armadas japonesas 
e revogar o polêmico artigo nono da Constituição. 
Península coreana: sérias tensões 
em região extremamente volátil. 
Japão passa a mudar sua percepção 
em relação à sua segurança na 
região 
Essa mudança de postura foi motivada principalmente por conta de 
dois fatores: a instabilidade na península coreana e o expansionismo 
chinês. 
Primeiramente, apesar da questão nuclear da Coreia do Norte ter sido 
relativamente pacificada por Donald Trump, antes disso, houve uma 
escalada de tensões entre a Coreia do Norte e o mundo ocidental, 
gerando preocupação da Coreia do Sul e do Japão. Afinal, mísseis de 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
21 
 
Kim Jong Un poderiam facilmente atingi-los. 
Devido ao fato da península coreana ser uma região extremamente 
volátil, o Japão viu (e ainda vê) a necessidade de garantir sua própria 
segurança independentemente dos Estados Unidos. 
China: passa a aumentar imposição 
na região 
Ressentimento China/Japão desde 
a Segunda Guerra Mundial 
Desconfiança entre ambos. 
Além da instabilidade entre as Coreias, outra questão que preocupa o 
Japão é a ascensão da China, um país que teve um crescimento 
econômico meteórico nas últimas décadas e que, além disso, também 
modernizou suas forças armadas, alterando a balança de poder 
regional. 
Conforme mencionamos anteriormente, desde a Segunda Guerra 
Mundial, existem rivalidades entre China e Japão. Os países não se 
enxergam como aliados, mas como competidores, o que pode ser 
problemático do ponto de vista da segurança. 
Exemplos de disputa China/Japão 
- Questão sobre as Ilha 
Senkaku/Diaoyu 
- Questão sobre a construção de 
ilhas artificiais, por parte da China. 
Um exemplo de tensão entre os dois países diz respeito à disputa pela 
Ilha Senkaku (como é chapada no Japão) ou Ilha Diaoyo (como é 
chamada na China) – um mesmo território com dois nomes diferentes. 
A Ilha Senkaku/Diaoyo, rica em petróleo, está entre os territórios da 
China, do Japão e de Taiwan, sendo disputada pelos três. A China 
defende a soberania afirmando que a ilha está mais próxima de seu 
território; já o Japão, afirma que ocupa a região desde o século XIX. 
O impasse ainda não foi resolvido. 
Outra questão que causa a preocupação no Japão é a construção, por 
parte da China, de ilhas artificiais ao sul de seu território, que 
necessariamente acarreta na ampliação do mar territorial em uma 
área rica em recursos pesqueiros reivindicada por vários países como 
Filipinas, Vietnã, Brunei, Malásia e Taiwan. 
Neste cenário de tensões, apesar dos Estados Unidos continuarem 
sendo garantidores da ordem, o Japão fica cada vez mais 
preocupado. 
Doutrina Yoshida vem sendo 
relativizada 
Novo Primeiro-Ministro, Shinzo 
Abe, quer modificação no artigo 9. 
da Constituição Japonesa 
Com Trump, mudanças ficam mais 
fáceis. 
Devido às preocupações do Japão com a segurança, a Doutrina 
Yoshida começou a ser relativizada e questionada na sociedade 
japonesa, até essas demandas chegarem à política. 
Uma das principais demandas do atual primeiro ministro Shinzō Abe 
(2012-atual) é modificar o artigo 9. da Constituição japonesa, dando 
maior poder às forças armadas. 
Os Estados Unidos, defensores do Japão, teoricamente seriam os 
maiores opositores ao fortalecimento das Forças Armadas do país. No 
entanto, Trump concorda que o Japão, seu aliado, deva ter maior 
autonomia, principalmente para se contrapor à China e adotar um 
protagonismo maior na região. O próprio Shinzō Abe, não por acaso, é 
um defensor de Trump. 
Vale lembrar que após o esgotamento de imagem provocado pelas 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
22 
 
intervenções no Oriente Médio e pelo crescimento da dívida dos 
Estados Unidos, sob o lema “America First”, Trump vem adotando 
uma postura de não estender excessivamente o alcance dos 
Estados Unidos. Essa informação é importante para entendermos o 
apoio de Trump às reformas de Shinzō Abe. 
Postura de Shinzo Abe em relação a 
homenagens aos combatentes 
japoneses da 2a Guerra Mundial 
enfurece vizinhos 
Por fim, outro fato importante a ser destacado foram as homenagens 
de Shinzō Abe aos combatentes japoneses da Segunda Guerra 
Mundial, o que gerou fúria nos vizinhos da região. 
China e Coreia do Sul consideram que o Japão cometeu crimes contra 
a humanidade durante o conflito; e por isso, não viram com bons 
olhos as homenagens do primeiro ministro. 
 O Japão possui uma estratégia de inserção internacional bastante característica, apostando na 
supremacia econômica ao invés da supremacia militar – algo que talvez seja mudado com Shinzo Abe. 
Por isso, preza pelo bilateralismo nas relações internacionais, principalmente costurando relações com os 
Estados Unidos. No campo econômico, apesar da agressividade nas exportações, pratica o 
protecionismo agrícola em diversos gêneros, como por exemplo, o arroz, que é a base de sua 
alimentação. Assentados sob um território relativamente pobre em recursos naturais e espaços 
agricultáveis, os japoneses possuem a memória histórica de vários períodos de fome e escassez de 
alimentos e por isso, acreditam ser essencial produzir a própria comida para não depender de terceiros. 
Relações bilaterais Brasil-Ásia – Comércio 
Comércio 
– Comércio Brasil-Japão - US$ 9 bilhões (Brasil é superavitário) 
– Comércio Brasil-Coréia do Sul - US$ 8 bilhões (Brasil é deficitário em US$ 2 bilhões) 
– China é o grande parceiro comercial do Brasil na região 
 No âmbito comercial, considerando o ápice das relações em 2014, o comércio Brasil-Japão gira 
em torno de US$ 9 bilhões, sendo o Brasil superavitário. Embora pareça menos expressivo, o comércio 
com a Coreia do Sul também é bastante importante, ficando na casa dos US$ 8 bilhões. Neste caso, 
contudo, o Brasil é deficitário em US$ 2 bilhões. Apesar de estes números serem aparentemente 
expressivos, é a China – e não o Japão – é o grande parceiro comercial do Brasil na região. Trataremos 
sobre estas relações na próxima aula. 
 A partir de 2015, repetindo o padrão que vimos nas outras aulas, por conta da crise doméstica 
brasileira, houve um declínio das relações comerciais com o Japão. Mesmo assim, em 2017, o Brasil 
exportou US$ 5 bilhões e importou US$ 4 bilhões, continuando a ser superavitário e também, mantendo a 
relevância na balança comercial. 
Relações bilaterais Brasil-Ásia – Comércio 
– Em 2014, o Japão figurou como o segundo principal parceiro comercial do Brasil na Ásia e o sexto no 
mundo (quinto principal destino das exportações brasileiras e sétima fonte de importações) 
– O Japão foi, em 2014, a quinta maior fonte de investimento estrangeiro direto (IED), com fluxo de 
AlexandreVastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br
 
 
 
23 
 
investimentos de US$3,7 bilhões (contra US$2,5 bilhões, em 2013) 
– O estoque de investimentos japoneses no Brasil totalizava US$28,3 bilhões, em 2013 
– Pauta bilateral focada em veículos e máquinas (importação) e em minério de ferro e produtos 
agrícolas (exportação) 
Em 2014, o Japão figurou como o segundo principal parceiro comercial do Brasil na Ásia, 
somente atrás da China e também, o sexto no mundo (quinto principal destino das exportações 
brasileiras e sétima fonte de importações); sendo também, a quinta maior fonte de investimento 
estrangeiro direto (IED), com fluxo de investimentos de US$ 3,7 bilhões (contra US$2,5 bilhões, em 2013). 
O estoque de investimentos japoneses no Brasil totalizava US$ 28,3 bilhões, em 2013. Devemos lembrar 
que parte significante destes investimentos costuma vir dos decasséguis que injetam, anualmente, US$ 2 
bilhões na economia brasileira. Além disso, os dados também revelam o que vocês provavelmente já 
desconfiavam: o Brasil importa principalmente veículos e máquinas e exporta minério de ferro e 
produtos agrícolas. Portanto, vende commodities e compra produtos de alto valor agregado. 
 
Alexandre Vastella
Aula 14
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
www.estrategiaconcursos.com.br

Continue navegando