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Relações do Brasil com União Europeia

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Aula 08
Política Internacional p/ CACD
(Diplomata) Primeira Fase - Com
Videoaulas - Pós-Edital
Autor:
Alexandre Vastella
Aula 08
21 de Julho de 2020
 
 
 
Aula 09 - Política Internacional - Relações do Brasil com União Europeia e principais membros 
Introdução ao PDF ................................................................................................................................. 2 
Relações bilaterais do Brasil com União Europeia ........................................................................ 2 
Introdução às relações bilaterais Brasil – Europa ...................................................................................... 2 
Histórico das relações bilaterais – CEE, CECA e UE ................................................................................... 5 
Década de 1940 – Europa em reconstrução não prioriza o Brasil: há o americanismo de ambos .......... 5 
Década de 1950 – Relações continuam pouco expressivas, apesar da criação da CEE. .......................... 6 
Década de 1960 – O universalismo brasileiro se aproxima da Europa, mas relações continuam pouco 
expressivas ............................................................................................................................................ 7 
Década de 1970 – Apesar do protecionismo agrícola e das críticas ao governo militar, o comércio 
aumenta. ............................................................................................................................................... 9 
Década de 1980 – Avanços na dimensão política, retrocessos na dimensão econômica ..................... 12 
Década de 1990 – Mercosul e União Europeia impulsionam a relação ................................................ 13 
Décadas de 2000 e 2010 – O comércio atinge o auge, mas há divergências com protecionismos ...... 17 
Relações bilaterais do Brasil com países europeus ..................................................................... 21 
Relações bilaterais Brasil – Alemanha ..................................................................................................... 21 
Relações bilaterais Brasil – França .......................................................................................................... 27 
Relações bilaterais Brasil – Reino Unido ................................................................................................. 31 
Relações bilaterais do Brasil com outros países europeus ....................................................................... 36 
 
 
 
 
 
 
 
Alexandre Vastella
Aula 08
Política Internacional p/ CACD (Diplomata) Primeira Fase - Com Videoaulas - Pós-Edital
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2 
 
 
INTRODUÇÃO AO PDF 
 Nesta aula, estudaremos as relações bilaterais do Brasil com a Europa. Primeiramente de forma 
geral e depois especificando as relações bilaterais com Alemanha, Reino Unido, França e demais países 
importantes. Por conta de exigências do edital, vamos focar principalmente no período pós-1945, ou seja, 
após a Segunda Guerra Mundial. 
 É importante ressaltar que as relações do Brasil com os países europeus caracterizam relações 
verticais e assimétricas; ou seja, aquelas que ocorrem entre países desenvolvidos (no caso União 
Europeia e países europeus) e países subdesenvolvidos (no caso, o Brasil). Trata-se, portanto, de relações 
travadas no âmbito norte-sul. Nas próximas aulas, estudaremos algumas relações horizontais e 
simétricas; estas concebidas entre países subdesenvolvidos (Brasil) e outros países subdesenvolvidos 
(Oriente Médio, Índia, África, etc.). O quadro abaixo já foi exposto na aula passada, mas é importante a 
gente relembrar: 
 Tipos de relação bilateral 
Relações 
verticais 
Relações norte-sul Relações do Brasil com países 
desenvolvidos 
Relações assimétricas 
Relações 
horizontais 
Relações sul-sul Relações do Brasil com países 
subdesenvolvidos e emergentes 
Relações simétricas 
 
RELAÇÕES BILATERAIS DO BRASIL COM UNIÃO EUROPEIA 
Introdução às relações bilaterais Brasil – Europa 
 Primeiramente, o Brasil possui forte laço cultural, histórico e 
migratório com a Europa. Nos primeiros trezentos anos de nossa 
colonização, fomos diretamente influenciados por Portugal, obviamente, 
por conta da própria colonização. Neste processo, também fomos 
influenciados pela Espanha, pela Holanda, pela França e pelo Reino 
Unido. O Reino Unido, aliás, era a maior potência mundial naquela 
época, tendo um significativo papel nos investimentos e no domínio dos 
mares navegáveis. Por isso, embora o Brasil tivesse mantido boas 
relações com Portugal após a independência, o Reino Unido passou a ser 
o principal parceiro comercial do Brasil-Império. 
 Além disso, durante grande parte do século XIX, houve um intenso fluxo migratório da Europa 
para o Brasil; principalmente de italianos, portugueses, alemães e espanhóis. Nesta época, o continente 
passava por uma grande crise marcada pela gripe espanhola e por guerras civis locais. Posteriormente, as 
duas guerras mundiais travadas na Europa também provocariam ondas migratórias para o Brasil. Deste 
Alexandre Vastella
Aula 08
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modo, durante o Brasil-Colônia – e também durante grande parte do Brasil Império –, toda a energia 
diplomática estava voltada para os países europeus. 
Este cenário começou a mudar entre o final do século XIX e início do século XX, quando Barão de 
Rio Branco chegou à chancelaria. Neste período, a Europa deixou de ser priorizada e ao invés disso, os 
Estados Unidos passaram a ser o foco da diplomacia brasileira. Vimos na aula passada que Rio Branco 
era entusiasta da Doutrina Monroe – expressa na máxima “América para os americanos” – e assim como 
os Estados Unidos, também se preocupava com a influência europeia na América. Isso não significa que 
França, Alemanha e principalmente Reino Unido deixaram de ter importância, mas sua participação na 
política externa foi drasticamente reduzida após a instalação do paradigma americanista. As relações 
Brasil-Europa só voltaram a ganhar impulso após o universalismo, já nos anos 1960; e mesmo assim, sob 
fortes contradições que veremos ainda nesta aula. 
Quando falamos em relações bilaterais Brasil-Europa, estamos querendo nos referir às relações 
entre o Brasil e o continente europeu. Após a instalação da União Europeia, passamos a falar em 
relações bilaterais Brasil-União Europeia. No quadro abaixo, podemos ver o histórico, a estrutura e a 
adesão dos membros ao bloco europeu: 
Datas de adesão a União Europeia e iniciativas antecedentes - 2017 
1944 (Fundação do Benelux) Entrada de Bélgica, Países Baixos e Luxemburgo. 
1952 (Fundação da CECA) Entrada de Alemanha Ocidental, França e Itália. 
1958 (Fundação da CEE) Mesmos países da CECA 
1973 Entrada de Dinamarca, Irlanda e Reino Unido. 
1981 Entrada da Grécia. 
1986 Entrada de Espanha e Portugal. 
1993 (Fundação da UE) Mesmos países da CEE 
1995 Entrada de Áustria, Finlândia e Suécia. 
2004 Entrada de Chipre, Eslováquia, Eslovênia, Estônia, Hungria, Letônia, 
Lituânia, Malta, Polônia e República Checa. 
2007 Entrada da Bulgária e Romênia. 
2013 Entrada da Croácia. 
 
 
 
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Mapa da União Europeia – 2010 
 
 
Estrutura da União Europeia 
Legislação e comissões 
– Conselho Europeu (1961) 
– Conselho de Ministros (Conselho da UE) (1967) 
– Parlamento Europeu (1952) 
– Comissão Europeia (1958) 
– Corte de Justiça de EU ( 1952) 
 
Finanças e economia 
– Tribunal de Contas Europeu 
– Banco Central Europeu (1998) 
Segurança e defesa 
– Agência Europeia de Defesa (2004) 
– Comitê Militar da EU (2000) 
– Força-Tarefa da EU (EU Battlegroups, 2005) 
 
AssuntosDomésticos e de Justiça 
– Europol (1998) 
– Eurojust (2002) 
– Agencia da EU para Treinamento em 
Aplicação da Lei (CEPOL, 2000) 
Conforme podemos ver nos quadros acima, a primeira iniciativa de integração regional no 
continente foi o Benelux (1944), área de livre comércio entre Bélgica, Países Baixos (Netherlands) e 
Luxemburgo formada ainda no finalzinho da Segunda Guerra Mundial. Posteriormente, já contando com 
Alemanha, França e Itália, surgiu a Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (1952), grupo criado para a 
livre circulação de carvão, ferro e aço entre os países-membros. Na mesma década, surgiu a 
Comunidade Econômica Europeia (CEE) (1958), o verdadeiro embrião da União Europeia: ali foram 
estabelecidas propostas de criar um mercado comum europeu. Na década de 1990, no auge da 
globalização, surgiu a União Europeia (1993) de fato, uma união monetária com mercado comum, livre 
circulação de pessoas e moeda única. 
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 Os quadros e mapas abaixo – também presentes no PDF de Geografia – mostram a evolução da 
União Europeia. Perceba no mapa que a área do bloco foi progressivamente aumentando, chegando 
inclusive ao Leste Europeu, antiga zona de influência soviética. Perceba também, que a estrutura do bloco 
é bem complexa, contando com uma infinidade de órgãos diferentes para vários setores – segurança, 
finanças, legislação, etc. 
 Apesar dos quadros acima, a ideia desta aula não é trabalhar a estrutura da União Europeia, 
assunto que será aprofundado depois. Para hoje, focaremos nas relações bilaterais entre Brasil e Europa; 
e/ou, Brasil e União Europeia. É isso que realmente interessa, mas precisávamos desta introdução para 
avançar. Finalmente, vamos às relações bilaterais, de fato: 
 
Histórico das relações bilaterais – CEE, CECA e UE 
Década de 1940 – Europa em reconstrução não prioriza o Brasil: há o americanismo de 
ambos 
Após o término da Segunda Guerra Mundial, a Europa estava preocupada com a reconstrução e, portanto, deu pouca atenção 
ao Brasil, que seguia o americanismo e também pouco retribuiu aos europeus. Na foto, parte de Berlim destruída em 1945. 
 
 
 Relações Brasil-Europa – Pós-Segunda-Guerra 
Década de 1940 
Europa em 
reconstrução pós-
guerra, poucas 
relações com o Brasil. 
Após a Segunda Guerra Mundial, a Europa estava passando por um árduo processo 
de reconstrução. Por causa disso, as energias diplomáticas da Europa estavam 
focadas nos Estados Unidos, um grande financiador dessa reconstrução; e portanto, 
havia pouquíssimo espaço para o Brasil. 
A recíproca era verdadeira: o Brasil também não estava interessado na Europa. 
Nesta época, ainda vivíamos no paradigma americanista e, portanto, estávamos 
muito mais interessados nas relações com os Estados Unidos. 
Governos Dutra , 
Vargas e J.K : 
relações Brasil- 
Nos governos Dutra (1946 – 1951), Vargas (1951 – 1954) e Juscelino (1955 – 1960), 
as relações com a Europa simplesmente não eram prioridade. Os três governos, 
influenciados pelo paradigma americanista, priorizavam relações com os Estados 
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Europa não eram 
prioridade. 
Unidos, e não com o velho continente. 
Dutra era adepto do americanismo ideológico; Vargas tentou negociar vantagens 
com os Estados Unidos alternando entre nacionalismo e americanismo; e 
Kubitscheck tentou construir a Operação Pan Americana (OPA). Todas as energias 
diplomáticas brasileiras, portanto, estavam focadas para Washington. 
 
Década de 1950 – Relações continuam pouco expressivas, apesar da criação da CEE. 
Líderes europeus se reunindo para assinar o Tratado de Roma (1957) que criou a Comunidade Econômica Europeia (CEE) 
(1958), bloco que já naquela época, estabeleceu medidas protecionistas na agropecuária, prejudicando o Brasil. 
 
Década de 1950 
América Latina é a 
maior parceira 
comercial da Europa. 
Curiosamente, apesar relações entre Brasil e Europa não serem prioridade, a 
América Latina era a principal parceira dos europeus. Isso porque a reconstrução 
dos países afetados pela Segunda Guerra demandavam matéria prima, alimentos e 
demais commodities encontradas no continente latino-americano. Nesse 
processo, a Europa comprava alimentos, grãos, minério de ferro, aço e demais 
produtos. 
O principal fato que precisamos saber dos anos 1950 é esse grande fluxo comercial: a 
América Latina alimentando a reconstrução europeia com commodities. 
Não há grande 
relação política entre 
Brasil e os países 
europeus. 
Europa focada nas 
relações com os EUA. 
Portanto, ocorre uma situação inusitada aqui: apesar da Europa nutrir grande fluxo 
comercial com a América Latina, as relações diplomáticas eram praticamente 
nulas. Diplomaticamente, tanto a América Latina quanto a Europa estavam 
alinhadas com Washington. 
Comunidade 
Econômica Europeia 
(CEE) (1957) 
Entre o surgimento da Comunidade Econômica Europeia (1958) e a assinatura do 
Tratado de Maastrich (1993) – tratado que deu origem à União Europeia – nos 
referimos às relações entre Brasil e Comunidade Econômica Europeia. 
A CEE adotou uma série de medidas protecionistas que prejudicaram 
diretamente o Brasil. 
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Década de 1960 – O universalismo brasileiro se aproxima da Europa, mas relações 
continuam pouco expressivas 
Apesar da aproximação com a Europa Oriental, as relações com a Europa Ocidental não iam bem: a CEE aplicava medidas 
protecionistas contra o Brasil e também condenava o regime militar. Na imagem, um exemplo de contencioso: avião brasileiro 
sobrevoa navio francês na Guerra da Lagosta (1963). 
 
 Na década de 60, as relações bilaterais Brasil-Europa foram alteradas pela Política Externa 
Independente de Jânio Quadros e João Goulart. Ao invés do americanismo, começou a fazer parte da 
estratégia do Brasil diversificar as parcerias para todos os quadrantes do mundo, inclusive para o 
continente europeu. Vejamos mais detalhes no quadro abaixo: 
Relações Brasil e Europa – Década de 1960 
1960 a 1963 
– PEI: diversificação de parcerias. Reaproximação com a Europa, especialmente Europa Oriental. 
– Esfriamento das relações com a Europa Ocidental. Exemplos: Guerra das Lagostas 
 
1964 em diante 
– Castelo Branco: esforços para convencer a Europa ocidental da necessidade do golpe. 
– A Europa via com desconfiança a regime militar brasileiro. 
– República Federativa da Alemanha (RFA) por ser mais desconfiada em relação ao comunismo aceita 
a aproximar da ditadura brasileira com base na alegação de que era a solução temporária para afastar 
comunismo. 
 Conforme já ressaltamos, apesar da Política Externa Independente e da consequente busca de 
novos parceiros, há um esfriamento das já fracas relações com a Europa Ocidental. Buscando mais 
horizontalidade e fugindo dos impactos da protecionista Política Agrícola Comum (PAC), o Brasil preferia 
se aproximar da Europa Oriental. Apesar desse distanciamento, o Brasil encarou com tranquilidade e 
altivez os atritos com a Europa Ocidental, como por exemplo, a Guerra da Lagosta no qual saiu vitorioso. 
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 A partir da instalação do regime militar, a situação se complicou ainda mais. A já enfraquecida 
relação Brasil-Europa Ocidental agora enfrentaria divergências políticas. O Governo Castello Branco 
tentou convencer, sem sucesso, os países europeus de que o golpe era necessário; gerando antipatia 
diplomática de países como Reino Unido e França; naçõestraumatizadas pelo autoritarismo da recente 
Segunda Guerra Mundial. Na contramão do restante da Comunidade Econômica Europeia, a Alemanha 
Ocidental se aproximou do regime militar brasileiro. 
 A aproximação com Alemanha Ocidental ocorreu por conta de dois motivos: primeiramente, o 
próprio território alemão estava dividido e, portanto, os alemães compartilhavam do mesmo receio que 
o Brasil: a expansão do comunismo. Em segundo lugar, caso negassem apoio, havia o risco do Brasil se 
aproximar da Alemanha Oriental – afinal, neste período, o Brasil estava se aproximando do Leste 
Europeu. Vejamos os principais eventos do período: 
 Década de 1960 
PEI: diversificação de 
parcerias . 
Reaproximação com 
a Europa Ocidental. 
A Europa Ocidental, dadas as grandes diferenças de desenvolvimento com o Brasil, 
representaria um relacionamento vertical e assimétrico. Justamente por isso, em 
busca de maior horizontalidade nas relações bilaterais, o Brasil priorizou a Europa 
Oriental ao invés de sua porção ocidental. Não por acaso, em 1962 foi formado o 
Grupo de Coordenação do Comércio com os Países Socialistas da Europa Oriental 
(COLESTE). 
Por mais que a década de 1960 tenha sido marcada por estas aproximações, de 
forma geral, o relacionamento Brasil-Europa continuou pouco expressivo. 
Esfriamento das 
relações com a 
Europa Ocidental Ex: 
" guerra da lagosta" 
Ainda no início dos anos 1960, a incipiente relação Brasil-Europa foi abalada pela 
Guerra das Lagostas (1961 –1963), um impasse gerado entre Brasil e França por 
conta de pesca irregular de lagosta por navios franceses na costa de Pernambuco. 
Embora a Guerra da Lagosta não tenha sido uma “guerra” de fato, houve uma 
grande tensão diplomática entre ambos os países. 
Enquanto a França era governada pelo General Charles de Gaulle, o Brasil estava 
implantando a sua Política Externa Independente. Isso significa que ambos os países 
adotavam posturas assertivas no cenário internacional; ou seja, não tinham medo 
de desagradar, o que acirrou ainda mais os ânimos. Em vários pontos, De Gaulle 
enfrentava os Estados Unidos, a União Soviética e os demais países, incluindo o 
Brasil. Por sua vez, o Brasil também não tinha medo de se posicionar e defender seus 
interesses. 
Apesar de Brasil e França terem enviado efetivo militar para a região, a disputa foi 
resolvida em tribunais internacionais, dando razão ao Brasil. 
Décadas de 1960 – detalhamento 
1961 
Estabelecimento da 
PAC ( Política 
Agrícola Comum) 
Protecionismo afeta 
Uma das primeiras medidas protecionistas da CEE foi o estabelecimento da Política 
Agrícola Comum (PAC) (1961), um sistema de subsídios à agricultura e políticas 
protecionistas em relação ao mercado externo, que até hoje está em vigor. 
Vale ressaltar que a própria criação da CEE ocorreu em um contexto de demanda por 
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as exportações 
brasileiras 
políticas agrícolas protecionistas na Europa. Grosso modo, a própria necessidade 
proteger o mercado europeu da “agressividade” dos produtos agrícolas externos 
impulsionou a criação de uma comunidade comum. 
Esse foi um dos motivos pelos quais o Brasil preferiu focar na Europa Oriental e não 
na Ocidental. 
1964 
Mudança de regime 
no Brasil 
Condenação da CEE 
Desencontros Brasil-
Europa 
Em 1964, iniciou-se o regime militar no Brasil, ocorrendo uma ruptura na condução 
do país. Na época, Castello Branco enviou um chanceler a Europa para tentar 
justificar o golpe instalado. O Brasil se justificava citando a bipolaridade da Guerra 
Fria e a necessidade de contensão do comunismo. 
No entanto, a maioria dos países não recebeu bem a justificativa brasileira, entre 
eles Itália, Reino Unido e França. Vale lembrar que a Segunda Guerra Mundial havia 
terminado há cerca de vinte anos, um período recente, portanto. Por isso, a Europa 
estava traumatizada com regimes autoritários e sendo assim, recebeu mal o 
governo militar no Brasil. 
O único país que recebeu bem o novo governo brasileiro foi a Alemanha 
Ocidental; nação diretamente impactada pelo comunismo soviético e portanto, 
ciente da necessidade de contê-lo. O próprio território alemão estava dividido entre 
Alemanha Ocidental (capitalista) e Alemanha Oriental (comunista). 
 
Década de 1970 – Apesar do protecionismo agrícola e das críticas ao governo militar, o 
comércio aumenta. 
 Neste período, o Brasil passava pela estratégia de autonomia pela distância. Isso significa que ao 
invés do multilateralismo e do credibilismo, priorizava a atuação bilateral e a independência dos regimes 
internacionais. Durante os anos de chumbo, o Brasil foi duramente criticado tanto pelos países europeus 
quanto pelos Estados Unidos devido às violações dos direitos humanos, gerando impasses diplomáticos 
entre Brasil e a Comunidade Econômica Europeia. Vimos que, inclusive, para silenciar as críticas e embora 
de forma bastante tímida, o Brasil passou a participar da Comissão de Direitos Humanos da ONU. 
 Apesar das inúmeras divergências políticas e econômicas, o 
milagre brasileiro fez com que a Europa passasse a enxergar o Brasil como um país dotado de grandes 
oportunidades de investimento. Mesmo com todos os problemas, houve um aumento do intercâmbio 
comercial entre Brasil e Europa neste período. Ao longo da década, no entanto, a Europa tentou aplicou 
medidas protecionistas contra o mercado externo, a exemplo da Convenção de Lomé (1975) que 
priorizava os países do sistema ACP – África, Caraíbas e Pacífico, as antigas colônias da CEE. Como 
Portugal e Espanha não faziam parte da CEE, o Brasil ficou de fora. 
 
 
 
 
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 Países do sistema África, Caraíbas e Pacífico (ACP), antigas colônias europeias que tinham preferência comercial na 
CEE (mapa com a configuração atual). O Brasil ficou de fora. Apesar disso, o comércio Brasil-Europa aumentou nos anos 1970. 
 
 Relações Brasil e Europa – Década de 1970 
Década de 1970 
 – Autonomia pela distancia. 
– Anos de chumbo: preocupação europeia com violações aos direitos humanos. 
– Momentos de crise nas economias europeias: A Europa vê no milagre econômico brasileiro uma 
excelente oportunidade de investimentos. O comercio foi incrementando neste período. 
1975 
Acordo nuclear entre a RFA-Brasil. 
 Nesta época, foi firmado o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha (1975); ou seja, entre Brasil e 
República Federal da Alemanha (RFA); ou, Alemanha Ocidental. Embora este acordo tenha gerado muitas 
críticas por parte dos Estados Unidos e dos demais países europeus, continua em voga até hoje – 
embora várias mudanças tenham sido realizadas. Conforme já ressaltamos, as potências nucleares – tais 
como Estados Unidos, França e Reino Unido – tinham receio que demais países pudessem desenvolver 
tal tecnologia; e por isso, viam com maus olhos este acordo. Vejamos os detalhes no quadro abaixo: 
Convenção de Lomé – 1975 
A Convenção de 
Lomé ampliou o 
sistema ACP, 
abrangendo a ex-
colônias britânicas 
Na década de 1970, foi assinado a Convenção de Lomé (1975), um conjunto de 
vantagens para o acesso de produtos das ex-colônias europeias no mercado 
europeu, em especial às antigas possessões britânicas e francesas da África, 
Caraíbas e Pacífico (ACP). 
Assim como ocorrido no estabelecimento da Política Agrícola Comum (PAC), o 
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mercado brasileiro reagiu negativamente à Convenção de Lomé. Simplesmente 
porque o Brasil, na condição de colônia de Portugal, não estava contemplado; afinal, 
Portugal não fazia parte da CEE. 
O sistema atingiu 
cerca de 80 estados.A Convenção de Lomé e o Sistema ACP (África, Caraíbas e Pacífico) atingiu oitenta 
Estados; ou seja, um número muito grande de Estados com vantagens comerciais. 
Obviamente, ficou muito difícil para o Brasil competir com 80 países diferentes. 
Euroesclerose e estagflação – década de 1970 
Estagnação 
econômica 
Inflação 
Desemprego 
estrutural 
Apesar dos subsídios agrícolas, nos anos 1970, a Europa passou por uma grande crise 
econômica, marcada principalmente pela inflação e pela estagnação econômica; ou 
seja, pela estagflação; marcando o período que os especialistas chamam de 
euroesclerose – uma crise generalizada no continente. Além das nações europeias, 
os Estados Unidos também passavam por dificuldades no período. Havia, portanto, 
uma recessão generalizada nos países desenvolvidos. 
Por outro lado, contrastando com esse cenário, os países subdesenvolvidos 
estavam em crescimento, entre eles o Brasil, que estava passando pelo período 
conhecido como milagre econômico. 
Desencontros 
políticos entre Brasil 
e CEE 
Como se a PAC, a Convenção de Lomé, e euroesclerose já não bastassem, houve 
uma série de desencontros políticos entre Brasil-Europa na década de 1970; 
marcada principalmente pelas críticas por parte da CEE às violões dos direitos 
humanos praticadas pelo regime militar brasileiro. Assim como a Europa, os 
Estados Unidos também adotaram a mesma postura crítica ao Brasil. 
Ao invés de acatar às críticas, o Brasil adotou o que chamamos de autonomia pela 
distância: procurou preservar sua autonomia e manteve o afastamento em relação 
aos regimes internacionais; não só no que concernem os direitos humanos, mas 
também meio ambiente e não-proliferação nuclear. 
Aumento do 
Protecionismo 
Com a euroesclerose e a estagflação, a Europa aumentou ainda mais o 
protecionismo que já havia sido implantado pela PAC e pela Convenção de Lomé; 
prejudicando ainda mais as tentativas brasileiras de exportar produtos agropecuários 
à CEE. Resumindo, se as relações bilaterais Brasil-Europa foram pouco expressivas 
nos anos 1960; nos anos 1970, foram ainda mais inexpressivas. 
Desconfiança no 
meio ambiente 
As divergências também ocorreram na questão ambiental. O Clube de Roma – um 
grupo de países e entidades privadas – chamou atenção para a necessidade uma 
postura preservacionista, discussão que foi acirrada na Conferência de Estocolmo 
(1972). 
Junto aos países subdesenvolvidos, o Brasil foi contra essa postura, alegando que a 
Europa já havia explorado seus recursos naturais e por isso, conseguiu se 
desenvolver. O Brasil afirmava que ainda não havia passado por esse processo, que 
era necessário primeiro garantir seu desenvolvimento e depois pensar em 
questões ambientais. 
 No âmbito militar também havia grande desconfiança da Europa com o Brasil, 
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Desconfiança em 
não-proliferação 
nuclear 
principalmente do Reino Unido e da França, que ainda são potências nucleares. As 
potências viam com preocupação o fato do Brasil não ter assinado o TNP. Esta 
situação só foi acalmada com a renovação de credenciais praticada a partir da 
redemocratização do Brasil. 
 
Década de 1980 – Avanços na dimensão política, retrocessos na dimensão econômica 
Apesar da crise brasileira dos anos 1980 dificultar o diálogo econômico com a Europa, o Brasil teve sua imagem renovada por 
conta da redemocratização, o que acarretou no avanço do diálogo político. Na imagem, parlamentares promulgam 
Constituição de 1988. 
 
 Há duas dimensões que merecem destaque nos anos 1980: a política e a econômica/comercial. 
Do ponto de vista econômico, o Brasil foi graduado no Sistema Geral de Preferência Europeu; um 
sistema que classifica os países em diferentes níveis do ponto de vista das relações comerciais europeias. 
Isso significa que o Brasil sendo graduado (elevado) neste sistema, passou a ser visto como economia 
mais desenvolvida que os demais países do terceiro mundo. Apesar de a primeira vista parecer 
vantajosa, a graduação criou novos obstáculos para a exportação de produtos brasileiros para a 
Europa; afinal, como era uma economia “mais desenvolvida”, “não precisava” mais de incentivos à 
entrada no mercado europeu. 
 Essa graduação teve por base o milagre econômico dos anos 1970, no entanto, havia sido efetivada 
na época de crise dos anos 1980. Isso significa que a Europa estava elevando o status do Brasil com base 
em uma situação de prosperidade que já havia se encerrado. Na verdade, o Brasil estava em crise e não 
mais em contexto de milagre brasileiro. Justamente por isso, essa graduação causou ainda mais 
barreiras para o Brasil no âmbito comercial. 
Relações Brasil e Europa – Década de 1980 
Dimensão econômica e comercial 
– Brasil é graduado com o Sistema Geral de Preferência Europeu 
– Passa a ser visto como uma economia mais desenvolvida 
– No Brasil a crise avolumava-se nessa década 
– Em 1986 Espanha e Portugal entraram na CEE 
– O sistema ACP não e expandido as ex-colônias dos novos membros 
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Dimensão política 
– Avanço no diálogo político devido à transição democrática 
– Renovação das credenciais. 
– Criação do Grupo do Rio em 1986 
 Em 1986, Portugal e Espanha entraram para a CEE, o que poderia representar a inclusão do 
Brasil no sistema ACP; ou seja, no sistema preferencial criado pela Convenção de Lomé (1975) no qual 
antigas colônias detinham vantagens no acesso ao mercado europeu. No entanto, os membros da CEE 
recusaram a estender estes benefícios às colônias luso-espanholas; e sendo assim, o Brasil continuou 
de fora. Por isso, a entrada de Portugal e Espanha não impactou significativamente as relações Brasil-
Europa. 
Apesar dos problemas na dimensão econômica/comercial, o Brasil obteve êxitos na dimensão 
política. Vale lembrar que neste período, o Governo Sarney estava traçando a estratégia de renovação de 
credenciais, marcada principalmente pelo avanço do diálogo político e a melhora da imagem brasileira 
no exterior. Como o Brasil se redemocratizou, promoveu eleições, fez uma Constituição cidadã; e passou 
a se preocupar com direitos humanos, meio ambiente e não-proliferação, acabou ganhando a confiança 
dos países europeus. 
Além da renovação de credenciais, o Grupo do Rio também ajudou o Brasil a melhorar a sua 
imagem perante a Europa. Lembrando que este grupo nasceu da fusão do Grupo de Contadora e o 
Grupo de Apoio a Contadora. Estes grupos eram contra a interferência dos Estados Unidos na América 
Latina em contexto de acirramento da Guerra Fria no governo de Reagan, como por exemplo, a 
interferência no Panamá e na República Dominicana. O fato é que a Europa via a afirmação destes países 
contra o intervencionismo norte-americano como uma possibilidade de aumentar seu raio de 
influência na região. 
 
Década de 1990 – Mercosul e União Europeia impulsionam a relação 
Na década de 1990, houve o aprofundamento da estratégia de renovação de credenciais e das 
políticas de afirmação do Grupo do Rio, fatores que melhoraram a imagem do Brasil perante a Europa. 
Além disso, neste período foi criado o Mercado Comum do Sul (MERCOSUL), fator que impulsionou as 
relações Brasil-Europa. 
Nos anos 1990, tanto Brasil (Mercosul) quanto Europa (UE) estavam apostando no regionalismo, o que facilitou a 
convergência nas relações. Além disso, o Brasil havia renovado suas credenciais, garantindo melhor imagem aos europeus. 
 
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Nesta época, apesar das inúmeras diferenças, tanto a América do Sul (Mercosul em 1991) quanto 
a Europa (UniãoEuropeia em 1993) estavam passando pelo mesmo processo de regionalismo. Além 
disso, o Mercosul foi diretamente inspirado na Comunidade Econômica Europeia. Foi nesse contexto que a 
União Europeia prestou grande auxílio técnico para o Mercosul, principalmente no auxílio à criação das 
instituições e dos órgãos internos do bloco sul-americano. Muito embora houvesse a deterioração dos 
fluxos comerciais, este intercâmbio acarretou no aprofundamento do diálogo político entre Brasil e 
União Europeia. Vejamos mais detalhes dos anos 1990: 
Relações Brasil e Europa – Década de 1990 
– Imagem do Brasil é renovada perante a Europa. 
– Democracia consolidada. 
– Renovação das credenciais (aproximação dos regimes internacionais: fóruns ambientais, direitos 
humanos, adesão ao TNP). 
– Criação do MERCOSUL. 
– Abertura comercial. 
– Estabilidade Macroeconômica (Plano Real/Privatização). 
– Prioridade as relações com outros blocos. 
– Ampliação dos investimentos no Brasil.. 
 Conforme já mencionamos, a renovação da imagem do Brasil perante Europa se deve à 
consolidação da democracia. Nos anos 1990 essa renovação passou pela “prova de fogo”, pois mesmo 
com a intensa crise vivida no Governo Collor, o Brasil não recorreu à intervenção militar. Em outras 
palavras, o Brasil mostrou para o mundo que era capaz de manter a democracia mesmo em tempos de 
crise, o que solidificou sua imagem como país democrático, respeitador dos direitos humanos, respeitador 
do meio ambiente e desarmamentista na questão nuclear – mudança de postura que já vinha desde o 
Governo Sarney. 
 Conforme mencionamos, a criação do Mercosul foi muito bem vista pela Europa, que inclusive, 
auxiliou a criação de instituições e órgãos internos do bloco. No mesmo período, o Governo Collor 
promoveu uma intensa abertura comercial que beneficiou várias empresas europeias. Nesta abertura 
de portos, várias montadoras europeias, por exemplo, conseguiram expandir suas atuações no Brasil, o 
que agradou muito os europeus. 
 Vale ressaltar que a chegada de empresas europeias era facilitada pelas transformações vividas 
pelo Brasil. Primeiramente, pela adoção do Consenso de Washington, cujo receituário incluía a abertura 
comercial, o ajuste de contas públicas e as privatizações. Em segundo lugar, pela estabilização econômica 
do Plano Real. Em terceiro lugar, pelas concessões que o governo brasileiro realizou, especialmente nos 
setores de transporte, comunicações. 
 Por último, o Mercosul era especialmente atrativo para as empresas europeias. Uma empresa 
europeia, ao se instalar no Brasil, além dos mercados brasileiros, também poderia ter acesso aos 
mercados argentinos, paraguaios e uruguaios. Desse modo, tornou-se mais vantajoso se instalar no 
Mercosul do que no Brasil de forma isolada, como ocorria anteriormente. Veremos mais detalhes da 
década de 1990: 
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Relações Brasil e Europa – Década de 1990 
– Em 1992, foi assinado o Tratado de Maastricht. 
– Em 1992, foi feito o Acordo de Cooperação Interinstitucional Mercosul-Comunidade Europeia. 
– Esse acordo contribuiu para definir o perfil institucional do Mercosul. 
– Em 1995, foi feito o Acordo Quadro Mercosul-União Europeia. 
– Ele serviria de base normativa para futuros acordos de livre comercio entre Mercosul- União 
Europeia. 
 Ainda na década de 1990, precisamos destacar a assinatura do Tratado de Maastricht (1992) que 
no ano seguinte, em 1993, estabeleceu oficialmente a União Europeia. É verdade que os países do 
continente europeu estavam se organizando desde a Segunda Guerra Mundial, desde o Benelux (1944), 
passando pela Comunidade Europeia do Carvão e do Aço (1952) e depois pela Comunidade Econômica 
Europeia (1958); mas só agora a União Europeia teria a configuração atual: uma união monetária com 
livre circulação de mercadorias, capitais, pessoas; e também, uma integração no âmbito financeiro 
(moeda única e Banco Central Europeu) e no âmbito jurídico (Parlamento Europeu e demais 
instituições). 
 Além disso, o contexto histórico era favorável ao regionalismo. Com o final da Guerra Fria, 
acabava-se o risco de expansão do comunismo e, além disso, era necessário se unir contra a 
hegemonia dos Estados Unidos. Não por acaso, os blocos econômicos e os grupos de cooperação 
surgiram a partir dos anos 1990, quando a união de países passou a ser uma estratégia de inserção e 
competitividade na globalização. 
 Conforme já mencionamos, após a assinatura do Tratado de Maastricht (1992), antes mesmo da 
implantação oficial da União Europeia, foi feito um Acordo De Cooperação Interinstitucional Mercosul-
Comunidade Europeia (1992); no qual o bloco europeu forneceria auxílio técnico para a criação de 
órgãos e instituições internas do Mercosul. Posteriormente, com o Acordo-Quadro Mercosul-União 
Europeia (1995), estas relações foram aprofundadas. Nesta ocasião, foram estabelecidos os marcos em 
que se dariam as negociações entre os dois blocos; estabelecendo também, uma base normativa para 
futuros acordos comerciais. No entanto, apesar do sucesso na cooperação política, até hoje se discute um 
acordo comercial, o que ainda não saiu do papel. 
Acordo De Cooperação 
Interinstitucional Mercosul-
Comunidade Europeia (1992) 
A União Europeia cooperou com o Mercosul auxiliando a criação de 
órgãos e instituições internas do bloco sul-americano. 
Acordo-Quadro Mercosul-
União Europeia (1995) 
União Europeia e Mercosul estabeleceram marcos e bases normativas 
para um futuro acordo comercial. No entanto, mesmo depois de 
tantos anos, este acordo ainda não saiu do papel. 
 No quadro abaixo, seguem mais fatos da relação Brasil e União Europeia, ainda nos anos 1990: 
 
 
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Relações Brasil e Europa – Década de 1990 
– A gestão FHC, apostou na diplomacia comercial: Mercosul, Alca, acordo coma EU e OMC. 
– Em 1999, houve a Cimeira do Rio (Américas, Caribe e EU) para discutir temas variados; 
– Preocupação coma NAFTA e com a ALCA. 
– Resposta a Cúpula de Santiago (1998) na qual se decidiu iniciar as negociações para ALCA. 
– Evitar a perda de dois grandes mercados: Brasil e Argentina. 
– Firmou-se o compromisso de iniciar as negociações do acordo entre o Mercosul a UE. 
Início do século XXI 
– Em 2002, houve a Cupula de Madri ( America Latina , Caribe e União Europeia) 
– Reação a Cupula de Quebec (2001) que definiu o lançamento da Alca para ate 2005 
– Firma compromisso de concluir o acordo de livre comercio EU-MERCOSUL ate 2004 
 Com o governo de Fernando Henrique Cardoso, houve uma grande ênfase na aposta comercial 
em quatro tabuleiros: 
Quatro tabuleiros – Governo Fernando Henrique Cardoso (1994 – 2002) 
– Mercado Comum do Sul (MERCOSUL) 
– Área de Livre Comércio das Américas (ALCA) 
– Organização Mundial do Comércio (OMC) 
– Relações entre Mercosul e União Europeia (MERCOSUL-UE) 
 Vimos anteriormente que na 1ª Cúpula das Américas (1994), foi proposta a criação da ALCA. 
Caso a ALCA se concretizasse, a União Europeia teria menos influência na América do Sul. Temendo 
perder mercados e oportunidades de investimento, o risco de criação da ALCA fez a União Europeia 
buscar um acordo com o Mercosul antes que os Estados Unidos o fizessem. Afinal, não era vantajoso, 
para os europeus, que a América do Sul fosse invadida por produtos norte-americanos, como propunha a 
ALCA. Não foi por acaso que o Acordo-Quadro Mercosul-União Europeia (1995) foi assinado logo após 
realização da 1ª Cúpula das Américas (1994). 
 Seduzido pelos Estados Unidos (ALCA) e pela União Europeia (acordo birregional), FHC poderia 
ter feito o mesmo jogo duplo que Vargas fez, mas isso não foi feito. Lembrem-se que Vargas às vezes 
se aproximava da Alemanha(eixo) e às vezes dos Estados Unidos (aliados), mantendo uma equidistância 
pragmática dos dois polos. É evidente que o contexto histórico era outro, no entanto, o que se deve 
entender aqui é que o governo brasileiro deixou passar ambas as propostas: a ALCA foi enterrada em 
2005, na IV Cúpula das Américas; e o acordo Mercosul-União Europeia até hoje não saiu do papel – 
embora as negociações tivessem sido retomadas a partir de 2015. Com a atual eleição de Jair Bolsonaro e 
as consequentes incertezas de sua postura multilateral, os europeus tentaram acelerar as discussões para 
que o acordo fosse finalizado ainda em 2018, mas isso também não foi feito. 
 Realizada na capital fluminense, a Cimeira do Rio (1999) reuniu líderes da União Europeia, 
América Latina e Caribe para discutir vários temas, especialmente a preocupação com o NAFTA e a 
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ALCA, projetos que se concretizados, consolidaram a hegemonia dos Estados Unidos em todo o 
continente americano, indo contra ao projeto europeu para a região. Este evento foi uma resposta a 2ª 
Cúpula das Américas (1998) realizada no ano anterior, em Santiago, onde foram iniciadas as negociações 
da ALCA, projeto que reduzia a atuação europeia na América do Sul. 
 Dando prosseguimento a disputa entre EUA e UE pelo mercado sul-americano, a 3ª Cúpula das 
Américas (Quebec, 2001) definiu o lançamento da ALCA para até 2005. Em reação a esta proposta, no 
ano seguinte, a Cúpula de Madri (2002) estabeleceu o compromisso de concluir o acordo de livre 
comércio Mercosul-UE até 2004. Do mesmo modo que ocorreu no governo de FHC, o governo de Lula 
poderia ter aproveitado essa disputa para fazer um jogo duplo e obter vantagens para o Brasil, mas 
novamente, nada ocorreu. Em 2005, o projeto da ALCA foi enterrado e com isso, o interesse europeu 
também diminuiu. 
Disputa pelos mercados da América – Estados Unidos versus União Europeia 
EUA lançam ALCA e com medo de perder influência, União Europeia faz Acordo-Quadro com Mercosul. 
 
1994 – Estados Unidos lançam a ALCA na 1ª Cúpula das Américas 
 
1995 – Em contrapartida, União Europeia e Mercosul assinam um Acordo-Quadro para discutir 
bases para um futuro acordo comercial. 
EUA intensifica negociações da ALCA e União Europeia também intensifica negociações com o Mercosul. 
 
1998 – EUA iniciam as negociações da ALCA na 2ª Cúpula das Américas 
 
1999 – Em contrapartida, União Europeia avança nas negociações com o Mercosul durante a 
Cimeira do Rio. 
EUA estabelece que ALCA seria lançada até 2005. Em contrapartida, UE e Mercosul apressam acordo. 
 
2001 – EUA estabelecem que ALCA seria lançada até 2005, decisão firmada na 3ª Cúpula das 
Américas 
 
2002 – Em contrapartida, União Europeia e Mercosul estabelecem que acordo sairia até 2004, 
decisão da Cúpula de Madri (2001) 
Em 2005, o projeto da ALCA foi enterrado e os europeus também desanimaram de acordo com Mercosul. 
 
Décadas de 2000 e 2010 – O comércio atinge o auge, mas há divergências com 
protecionismos 
 No início do Governo Lula, a União Europeia criticou o Mercosul pela prática de drawback; um 
regime aduaneiro especial no qual a indústria do Mercosul apenas poderia utilizar insumos produzidos 
dentro do próprio bloco; o que incluía peças, ferramentas, maquinário, etc. Diante dos impasses, ambos 
os blocos decidiram esperar o fim da Rodada Doha (iniciada em 2001) para concluírem as negociações. 
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Todavia, como a Rodada Doha não foi finalizada conforme previsto, as discussões foram retomadas em 
2010. Vejamos mais detalhes do início do século XXI nestas relações Brasil-Europa e Mercosul-Europa: 
Relações Brasil e Europa – Século XXI 
– Em 2004 as negociações para a Alca naufragam 
– Sem a ameaça da ALCA o acordo com a Mercosul não se concretizar 
– Crítica da UE à prática de drawback. 
– Rejeição a prática do Mercosul de denominação de origem , etc 
– Mercosul e UE decidem esperar o fim da Rodada Doha em 2005 . 
– Em 2010 diante do não fechamento há retomada das negociações 
– Crise europeia e no Mercosul 
– Atualmente: momento de análise das ofertas iniciais . 
 A partir de 2010, contrariando as previsões de conclusão da Rodada Doha, houve uma série de 
desencontros entre os países europeus e sul-americanos que acarretaram no adiamento das 
negociações. Entre 2011 e 2012, a Europa estava sentido os efeitos da Crise do Subprime (2008) e 
passando por graves problemas econômicos domésticos. A partir de 2015, foi a vez dos países sul-
americanos entrarem em crise; e nesse contexto está a crise política e econômica do Brasil (2015 – 
presente). 
 Apesar destes desencontros, as discussões foram retomadas nos últimos anos. Depois de muita 
conversa, a União Europeia e o Mercosul concordaram em abrir 80% de seus respectivos mercados no 
que diz respeito às barreiras tarifárias.; no entanto, o acordo ainda não foi costurado. Os principais 
entraves são o protecionismo agrícola europeu e o protecionismo industrial dos países do Mercosul. 
Relações Brasil e Europa – Século XXI 
– Acordo MERCOSUL-EU: 
– Os pontos mais importantes dizem respeitos ao padrão de normas . 
– Os padrões são sobre medidas sanitárias, regras de origem. 
– O grande obstáculo do respeito a PAC. 
– Em 2013 houve uma reforma da PAC. 
– A França é a grande defensora da PAC 
 Conforme já mencionamos, o Acordo-Quadro Mercosul-União Europeia (1995) diz respeito a 
padrões e normas a serem estabelecidas pelos dois blocos. A maioria destas regras engloba padrões 
fitossanitários e regras de origem; especialmente em relação aos alimentos. Sendo assim, a União 
Europeia determina que produtos brasileiros exportados tenham determinado padrão de qualidade – 
aqui no Brasil auferidas por agências como Inmetro e Anvisa. Para que o acordo avance, essas questões de 
qualidade devem ser levadas em conta, portanto. 
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 Uma das condições do Mercosul para assinar o acordo – e também a principal barreira para a 
negociação – diz respeito à flexibilização da Política Agrícola Comum (PAC), que deste então, vem 
criado subsídios e medidas protecionistas no mercado agrícola europeu, beneficiando países como o 
Reino Unido, a Polônia, mas principalmente a França – esta última, a principal resistência na abertura dos 
mercados agropecuários. Em 2013, por exemplo, houve uma tentativa de reformar a PAC, mas a França 
resistiu em flexibilizar as regras. Para o acordo avançar, é fundamental que estas discussões também 
sejam resolvidas. Afinal, não valeria a pena para o Brasil abrir seu mercado industrial para a Europa 
sem conseguir acesso ao mercado agropecuário europeu. A “boa notícia” para o Brasil é que países 
menos protecionistas no âmbito agrícola e com indústria mais forte, como é o caso da Alemanha, vêm 
pressionado a França para abrir mão dos subsídios. 
 Nesse ambiente de discussões, a partir de 2007, começou a ser realizada a Cúpula Brasil-União 
Europeia. Veremos o que foi decidido nas três primeiras edições do evento: 
Cúpulas entre Brasil e União Europeia 
I Cupula Brasil-União Europeia (Rio de Janeiro, 2007) 
– Lançamento da parceria estratégica 
 
II Cupula Brasil-União Europeia (Rio de Janeiro, 2008) 
– Plano de Ação 
– Reforma dos foros decisórios 
– Crise financeira 
– Fortalecimento dos Direitos Humanos no mundo 
– Cooperação: energia, ciência e tecnologia 
– Desenvolvimento sustentável e mudança tecnológica 
 
III Cupula Brasil-União Europeia (Estocolmo, 2009) 
– Reforma das Nações Unidas (CSNU/AG/ECOSOC) 
– Mudanças climáticas: necessidadede financiamento de desenvolvimento do mundo periférico 
– Crise financeira mundial: combate ao protecionismo e diversificação de fluxos de investimentos 
 Na I Cúpula Brasil-União Europeia (Rio de Janeiro, 2007), foi lançada a parceria estratégia do 
Brasil pela União Europeia. Por “parceria estratégica” entende-se que há uma relação diferenciada que 
poucos países possuem. O Brasil, por exemplo, possui parcerias estratégicas com a China, com a 
Argentina e com demais países fundamentais. 
 Já a II Cúpula Brasil-União Europeia (Rio de Janeiro, 2008) resultou em um plano de ação para 
aprofundar a parceria estratégica firmada na cúpula anterior. Havia a necessidade de colocar em prática 
ações que promovessem a inserção internacional do Brasil e do Mercosul. Além da reforma de foro 
decisório da própria Cúpula, destacam-se: o fortalecimento dos direitos humanos; a cooperação em 
energia, ciência e tecnologia e a promoção do desenvolvimento sustentável. 
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 Se as duas primeiras cúpulas ocorreram no Brasil, a terceira ocorreu 
na Suécia. Em território europeu, a III Cúpula Brasil-União Europeia 
(Estocolmo, 2009) discutiu a reforma das Nações Unidas, especialmente 
no Conselho de Segurança, na Assembleia Geral e no Conselho 
Econômico e Social. Além disso, foram discutidas questões vinculadas às 
mudanças climáticas – especialmente a necessidade de financiamento do 
mundo periférico –, e soluções para a crise financeira mundial que havia 
previamente estourado nos Estados Unidos em 2008. Uma das ideias era 
combater o protecionismo e ao mesmo tempo, diversificar investimentos. 
Seguem mais fatos das relações comerciais Brasil-Europa no século XXI: 
 
Relações Brasil e Europa – Século XXI 
– As relações econômicas-comercias são de imensas relevância para ambos os lados. 
– Entre 2003 e 2013 o intercâmbio mais que triplicou. 
– Comércio segue tendência dos últimos anos e vem caindo. 
– Tomada em seu conjunto, a UE é hoje o maior parceiro comercial do Brasil. 
– O Intercâmbio comercial entre o Brasil e os países da UE alcançou US$ 88,7 bilhões em 2014 que 
correspondeu a 19,5% do comércio exterior brasileiro; mas houve queda após 2015. 
–. Para efeitos de comparação, o comércio com a China movimentou US$ 31, 8 bilhões em 2014. 
– A UE detém um dos mais importantes estoques de investimentos no Brasil ao passo que o país se 
transformou em importante fonte de investimentos diretos estrangeiros na UE. 
– Em 2011 o estoque de investimentos de união europeia no Brasil era de US$ 303 bilhões. 
 Isoladamente, China e Estados Unidos são nossos parceiros comerciais mais expressivos. No 
entanto, considerando o bloco europeu como um todo – e não cada país individualmente – a União 
Europeia é a maior parceira comercial do Brasil. Mesmo de forma isolada, Alemanha e Holanda são, 
respectivamente, o quarto e o quinto maiores parceiros atrás de China (1º), Estados Unidos (2º) e 
Argentina (3º). No caso holandês, o Porto de Roterdã tornou-se o principal ponto de entrada dos 
produtos brasileiros dentro da Europa. No quadro abaixo, podemos ver os produtos que compõem essa 
balança (dados de 2017): 
Principais produtos exportados para UE Principais produtos importados da UE 
– Soja, mesma triturada, exceto para semeadura 
– Café não torrado, não descafeinado , em grão 
– Bagaço e resíduos da extração do óleo de soja 
– Minérios de ferro e concentrados 
– Óleos brutos de petróleo 
– Gasolina 
– Naftas para petroquimica 
– Produtos imunológicos 
– Medicamentos 
– Óleo diesel 
Em 2017, selo dos correios 
comemorou dez anos da parceria 
estratégica Brasil-EU. 
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 Com base no quadro, nota-se a importância, para o Brasil, da revisão da política de subsídios 
agrícolas da União Europeia. Afinal, os principais produtos de exportação são commodities – soja, café, 
minério de ferro e petróleo bruto não-refinado. Da União Europeia, importamos gasolina e óleo diesel 
refinados, nafta para petroquímica e medicamentos. 
 Um dado importante a ser ressaltado é que entre 2003 e 2013, o intercâmbio comercial Brasil-
União Europeia mais que triplicou, reforçando ainda mais a importância que a União Europeia tem para a 
nossa balança comercial. De forma geral, neste período, a maioria das relações bilaterais ganhou 
expressividade: o Brasil não só incrementou o comércio com a Europa, mas também com a China, com os 
Estados Unidos e também com os países do Cone Sul. 
 O ápice desde sucesso foi 2014, antes da crise econômica e política de 2015. Em 2014, o 
intercâmbio comercial entre o Brasil e União Europeia alcançou US$ 88,7 bilhões de dólares, 
correspondendo a quase 1/5 do comércio exterior brasileiro. Para efeitos de comparação, no mesmo ano, 
o comércio com a China – nosso principal parceiro comercial – movimentou US$ 31, 8 bilhões. Por esses 
dados, podemos perceber a importância da União Europeia para a balança comercial brasileira. Há um 
intenso fluxo de empresários europeus investindo no Brasil e também, empresários brasileiros investindo 
no bloco europeu: Em 2011 o estoque de investimentos de união europeia no Brasil era de US$ 303 
bilhões; um grande montante, portanto. 
 No entanto, devemos ressaltar duas coisas. Primeiramente, a Crise do Subprime (2008) provocou 
uma redução momentânea do fluxo comercial Brasil-União Europeia; no entanto, logo que os efeitos da 
crise passaram, houve a retomada do crescimento. Em segundo lugar, o ápice das relações Brasil-União 
Europeia foi o ano de 2014; afinal, a partir de 2015 o Brasil começou a passar por intensa crise econômica 
e política – fato que acarretou na diminuição dos fluxos comerciais. 
 
RELAÇÕES BILATERAIS DO BRASIL COM PAÍSES EUROPEUS 
Relações bilaterais Brasil – Alemanha 
 Embora a Alemanha seja o quarto maior parceiro comercial do Brasil, as 
relações bilaterais Brasil-Alemanha não possuem uma retaguarda histórica tão 
longínqua como no caso de Portugal, Espanha, ou até mesmo Reino Unido e 
França. Em quinhentos anos de história brasileira, foi somente a partir dos 
anos 1930 do século XX – já no governo Vargas – que as relações Brasil-
Alemanha ganharam corpo. Neste período, além de um intenso 
intercâmbio ideológico e militar, houve um expressivo acordo comercial 
de comércio compensado que fez com que, por um momento, a 
Alemanha ultrapassasse os Estados Unidos como parceiro majoritário do 
Brasil nos anos 1940. 
 Por causa da derrota da Alemanha na Segunda Guerra Mundial e a participação brasileira ao lado 
dos Estados Unidos a relação Brasil-Alemanha poderia ser prejudicada, mas não foi o que ocorreu. A partir 
dos anos 1950, a Alemanha Ocidental fez um maciço investimento no Brasil, especialmente no setor 
automobilístico. Na década seguinte, o país germânico – que tinha medo da expansão soviética – foi o 
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único europeu a apoiar a ditadura militar, fato que ampliou ainda mais as relações; a ponto de um 
Acordo Nuclear ter sido costurado, resultando nas usinas de Angra I, II e III. 
Usina Nuclear Angra I, fruto do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha (1975). Mesmo lutando em lados opostos na Segunda Guerra, 
Brasil e Alemanha costuraram excelentes relações desde os anos 1930. 
 
Nos anos 1980, apesar dos avanços no diálogo político por conta da renovação de credenciais 
brasileira; na economia, a relação Brasil-Alemanha foi prejudicada por conta da “década perdida” que 
estávamos passando. No entanto, a partir dos anos 1990 houve uma retomada, e atualmente, a 
Alemanha é um dos nossos principais parceiros – há investimentosalemães em energia, meio ambiente, 
farmácia, biotecnologia, siderurgia e outros setores. Durante o século XXI, o Brasil, já reconhecido como 
“potência em transformação”, está sendo um parceiro fiel da Alemanha em fóruns multilaterais e no 
combate à espionagem. A Alemanha, contudo, é o nosso parceiro comercial mais tipicamente norte-sul; 
afinal, exportamos commodities e importamos tecnologia. Vejamos mais detalhes abaixo: 
Relações Brasil – Alemanha 
Século XX – Era Vargas 
1936: Acordo comercial 
 
Comércio compensado 
Na década de 1930, iniciando oficialmente as relações Brasil-Alemanha, o 
Governo Vargas assinou um Acordo Comercial (1936) com os alemães. 
Segundo esse acordo, seria feito um comércio compensado: para cada 
quantidade de produto enviado ao Brasil, haveria uma quantidade igual de 
produtos enviados à Alemanha. 
Por causa desse acordo, o fluxo comercial Brasil-Alemanha foi muito expressivo 
nos anos 1930 e 1940, chegando a ultrapassar, por um momento, o fluxo 
comercial que o Brasil tinha com os Estados Unidos. 
Equidistância 
Pragmática 
Na Segunda Guerra Mundial, ao mesmo tempo que vivia o paradigma 
americanista, o Brasil também tinha ótimas relações comerciais com a Alemanha. 
Como ambos os países eram fundamentais para o Brasil, Vargas demorou a 
tomar partido no conflito. 
Nesse cenário, o governo, fazia um jogo duplo, hora se aproximando do alemães, 
hora se aproximando dos norte-americanos; e com isso, tentava tirar vantagem 
dos dois lados; sempre mantendo uma equidistância pragmática dos Estados 
Unidos e da Alemanha. 
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Vale lembrar que como o Governo Vargas possuía tendências totalitárias, era 
ideologicamente mais próximo à Alemanha nazista. Essa identificação era 
fortalecida por várias figuras do exército brasileiro que eram simpáticas aos 
alemães. Mas alguns oficiais também defendiam a aproximação com os Estados 
Unidos e outros, a neutralidade do Brasil. 
1942: Rompimento com 
o Eixo 
Apesar da proximidade ideológica com os alemães, em 1942, no auge da guerra, 
Vargas rompeu com o eixo e se aliou aos Estados Unidos. 
Em troca do alinhamento, o Brasil recebeu investimentos norte-americanos em 
diversos setores, nos quais se destacam a siderurgia (financiamento da CSN) e a 
modernização das Forças Armadas. 
1944: Ingresso da FEB 
na II Guerra Mundial 
Em 1944, Vargas enviou 25.000 homens da Força Expedicionária Brasileira 
(FEB), os famosos “pracinhas”, para lutarem na Itália ao lado dos aliados. Com a 
vitória dos Estados Unidos na guerra, o Brasil galgou grande prestígio 
internacional. 
 
Após a Segunda Guerra Mundial, a Alemanha promoveu vultosos investimentos no Brasil, especialmente no setor automotivo. 
Na foto, montadora alemã instalada no país em 1953. 
 
Anos 1950 
1950: Retomada de 
investimento da 
Alemanha no Brasil 
Apesar do impacto negativo nas relações Brasil-Alemanha por conta da 
aproximação com os Estados Unidos, houve uma retomada de investimentos 
alemães no Brasil na década de 1950, quando o país derrotado passava por um 
intenso processo de reconstrução. 
Volkswagen e Mercedes 
Benz (Caminhões) 
Entre os investimentos da Alemanha na década de 1950, destaca-se o setor 
automobilístico, especialmente as empresas Volkswagen e Mercedes-Benz que 
respectivamente, produziam automóveis e caminhões. A partir desse momento, o 
mercado brasileiro seria inundado por fuscas, brasílias, variants e demais veículos 
alemães. 
Portanto, embora em curto prazo as relações Brasil-Alemanha tivessem sido 
impactadas pela Segunda Guerra Mundial; em longo prazo, não foram. A partir 
desse momento, inclusive, houve um aumento da cooperação em vários sentidos, 
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inclusive no âmbito nuclear. 
Anos 1970 
1975: Acordos Nuclear 
Brasil-Alemanha 
 
Conforme mencionamos, a Alemanha Ocidental foi a única nação europeia a 
receber com bons olhos o regime militar brasileiro; fato que propiciou o 
aumento de cooperação entre ambos os países. 
Na década de 1970, houve a assinatura do Acordo Nuclear Brasil-Alemanha 
(1975), cujas cooperações resultaram nas usinas nucleares de Angra I e Angra II, 
no Rio de Janeiro. Apesar das inúmeras críticas dos Estados Unidos e dos demais 
países da Comunidade Econômica Europeia, o acordo está em vigor até hoje – 
embora tivesse passado por transformações. 
Usinas nucleares Angra 
I, Angra II e Angra III 
Por conta da cooperação com a Alemanha, o Brasil pode desenvolver energia 
nuclear, instalando usinas em Angra dos Reis (RJ). 
Usina Angra I – Construção iniciada em 1972 e início de operação em 1984. 
Usina Angra II – Construção iniciada em 1976 e início de operação em 2001. 
Usina Angra III – Construção iniciada em 2010 e não concluída. 
Anos 1980 
Crise brasileira (década 
perdida) 
Por causa da década perdida, as relações Brasil-Alemanha diminuíram de 
intensidade. A diminuição de fluxos não ocorreu somente com a Alemanha, mas 
no geral, também com os demais países no qual o Brasil mantinha relações 
comerciais. 
Problemas no 
relacionamento 
econômico 
Avanços no diálogo 
político 
 
Reunificação da 
Alemanha 
Nos anos 1980, assim como ocorrido nas relações Brasil-CEE, houve uma situação 
ambígua: a deterioração do relacionamento econômico, mas avanços no 
relacionamento político. 
Do ponto de vista econômico, a crise que o Brasil enfrentava diminuía os fluxos 
comerciais com a Europa e a Alemanha. Além disso, o Brasil tinha credores 
alemães, fato que ajuda a explicar essa deterioração. 
Do ponto de vista político, houve um avanço na renovação de credenciais do 
Brasil, fato que já exploramos anteriormente e que não só beneficiou o 
relacionamento com a Alemanha, mas com a Europa como um todo. 
Além disso, por conta da Reunificação da Alemanha após a Queda do Muro de 
Berlim (1989), as relações Brasil-Alemanha que sempre foram boas, ganharam 
ainda mais destaque. A partir disso, as relações seriam aprofundadas. 
Anos 1990 
1990: Brasil reconhece a 
importância da 
Alemanha e aposta no 
avanço da cooperação. 
Por causa da reunificação, o Brasil apostou no avanço da cooperação com a 
Alemanha. A partir disso, seriam aprofundados os acordos em várias dimensões: 
comercial, política, energética, ambiental, etc. 
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Maior parceiro comercial 
do Brasil na União 
Europeia 
Na década de 1990, a Alemanha se tornou o maior parceiro comercial do Brasil 
na União Europeia. 
4° maior parceiro 
comercial do Brasil no 
mundo 
Para termos ideia da importância dos alemães, a Alemanha é o 4º maior parceiro 
do Brasil, atrás apenas de China, Estados Unidos e Argentina. Lembrando que se 
a União Europeia fosse um único país, seria de longe, o nosso maior parceiro 
comercial. 
É a nossa relação 
comercial mais 
tipicamente Norte-Sul 
Déficit crônico no Brasil 
Apesar disso, trata-se da relação comercial mais tipicamente norte-sul que nós 
temos. O Brasil exporta commodities – minérios e produtos agropecuários; mas 
por outro lado, importa bens industriais de alto valor agregado – equipamentos, 
maquinário, veículos, etc. Há uma grande assimetria, portanto. 
No caso dos nossos três principais parceiros, China, Estados Unidos e Argentina 
– principalmente nestes dois últimos casos, apesar da predominância de 
commodities, o Brasil também exporta produtos industriais, o que não ocorre 
com os alemães. É por isso que as relações com a Alemanha são as mais 
verticalizadas que o Brasil possui. 
Anos 1990 até dias atuais – Investimentos 
Alemanha investe no 
Brasil 
Várias empresasalemãs investem no Brasil, não somente no tradicional ramo 
automobilístico, mas também nos setores de farmácia, biotecnologia e 
siderurgia. Há muito capital industrial alemão no Brasil. 
Alemanha investe e 
financia projetos na área 
ambiental. 
Além de indústrias e tecnologia, a Alemanha também investe em projetos 
ambientais no Brasil; como por exemplo, tecnologias para o desenvolvimento 
de etanol e tecnologias para tornar a matriz energética mais renovável. 
Anos 1990 até dias atuais – Energia 
São interrompidos 
investimentos nucleares 
Embora o Acordo Nuclear Brasil-Alemanha (1975) tivesse continuado em vigor, 
houve a interrupção de investimentos nucleares na década de 1990. Isso 
porque a Alemanha estava mudando sua matriz energética e passando a 
priorizar energias renováveis como a eólica e a fotovoltaica. 
Por outro lado, 
Alemanha investe em 
energias renováveis. 
 
Por outro lado, empresas alemãs passaram financiar projetos de energias 
renováveis no Brasil – tais como eólica e solar. Também houve apoio alemão à 
criação da Empresa de Pesquisa Energética (EPE), uma estatal brasileira voltada 
à pesquisa energética. 
Anos 1990 até dias atuais – Política e cultura 
2008: Brasil reconhecido 
como “Potencia em 
Transformação” 
Em 2008, no contexto de grande crescimento econômico, o Brasil foi 
reconhecido como uma “potência em transformação” pela Alemanha. Isso 
significa que o Brasil passou a ser visto não mais como um país subdesenvolvido, 
mas como uma potência em ascensão. 
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Por causa disso, houve maior esforço da Alemanha em buscar parcerias e pontos 
de convergência para a atuação em fóruns multilaterais. 
2008: Parceria 
estratégica Brasil-
Alemanha 
No mesmo ano, ainda em 2008, foi firmada a parceria estratégia Brasil-
Alemanha. Isso significa que a Alemanha passou a ter, oficialmente, um status 
diferenciado de parceiro estratégico para o Brasil. Neste período, no Governo 
Lula, há o lançamento de diversas parcerias estratégicas, como Brasil-União 
Europeia e Brasil-Estados Unidos – este último caso, com as negociações 
interrompidas por conta das acusações de espionagem de Snowden. 
Vale ressaltar que não só o Brasil reconheceu a Alemanha como parceira 
estratégica, mas a Alemanha também auferia o Brasil com o mesmo status. 
2013: Brasil e Alemanha 
proprõem uma 
resolução na AGNU: 
privacidade na era 
digital como direito 
humano. 
Em 2013, em meio às denúncias de Snowden de que Barack Obama estaria 
espionando Dilma Rousseff e Ângela Merkel, Brasil e Alemanha propuseram 
uma resolução na Assembleia Geral da ONU para que a privacidade fosse 
reconhecida como um direito humano na era digital. 
Neste período, o Brasil iniciou as discussões do Marco Civil da Internet (2014) e a 
Alemanha, estava preocupada com outras questões internas. Apesar das 
intenções iniciais, os diálogos dessa resolução foram encerrados. 
Mesmo com o fim dos diálogos, Brasil e Alemanha continuam parceiros no 
combate à espionagem. 
2015: Mecanismo de 
consultas de Alto Nível 
Recentemente, em 2015, foi estabelecido um mecanismo de consulta de alto 
nível. Isso significa que houve a abertura de um canal de comunicação para que os 
ministros das relações exteriores de ambos os países pudessem se consultar 
para a resolução de problemas em comum e para a discussão de temas 
estratégicos para Brasil e Alemanha. 
.G4: defesa da reforma 
do CSNU. 
G4 ( Brasil, Alemanha, 
Japão e Índia) busca a 
reforma do Conselho de 
Segurança; 
O G-4 é uma aliança entre Brasil, Alemanha, Japão e Índia com o objetivo de 
pressionarem a ONU para que tenham assentos permanentes no Conselho de 
Segurança. Ao contrário do G-20 ou do G-7 – cujo objetivo é econômico – o G4 
possui apenas o objetivo de buscar um lugar permanente no CSNU. 
Na contramão do G-4, a União pelo Consenso, ou o Coffee Club, é o grupo de 
países que desaprova a expansão do Conselho de Segurança, desejando mantê-
lo do jeito que está hoje. A Argentina, por exemplo, é contra a inclusão do Brasil. 
O Paquistão, contra a inclusão da Índia. A Coreia do Sul, contra a inclusão do 
Japão. Há outros países como México, Turquia, Canadá, Itália, Colômbia, entre 
outros, que se opõem às mudanças. 
Para esta aula, não precisamos saber detalhes, mas somente entender que Brasil 
e Alemanha se articulam para a reforma do Conselho de Segurança da ONU. 
Cooperação acadêmica 
e cultural 
Há também, uma cooperação acadêmica e cultural entre Brasil e Alemanha, a 
exemplo do Instituto Goethe, que está presente em várias cidades brasileiras 
promovendo estudos e divulgando a cultura alemã, especialmente o idioma. 
Também destaca-se a Fundação Konrad Adenauer, uma instituição de pesquisa 
em temas políticos e econômicos com muita participação no Brasil. Além disso, 
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há uma presença grande de estudantes brasileiros em universidades alemães, 
principalmente na pós-graduação. 
 
Relações bilaterais Brasil – França 
 Ao contrário da Alemanha – cujas relações com o Brasil se estabeleceram a 
partir dos anos 1930 – a França possui uma forte tradição de 
relacionamento com o Brasil – até porque a Alemanha é um Estado mais 
recente. Podemos citar várias evidências dessa proximidade: os laços 
estreitos das monarquias brasileira e francesa; o reconhecimento imediato 
da França da nossa independência; a larga influência francesa nas 
universidades brasileiras – a exemplo da USP; a influência francesa na 
literatura brasileira; o ensino de francês como segunda língua no ensino básico 
brasileiro nos séculos XIX e parte do século XX; o envio, por parte da elite oligarca, de filhos para 
estudarem na França, etc. No entanto, focaremos a partir da Segunda Guerra Mundial, época de maior 
recorrência nas provas do CACD. 
 Apesar do excelente histórico, durante um grande período, entre as décadas de 1960 e 1980, as 
relações Brasil-França foram abaladas. Na mesma época que ocorria o estabelecimento da Comunidade 
Econômica Europeia (1958) e de sua Política Agrícola Comum (1961) – projeto que limitava as 
exportações brasileiras para a França – também ocorria a Guerra da Lagosta (1961 – 1963), um evento 
que quase gerou uma guerra entre ambos os países. Nos anos 1970, as dificuldades comerciais foram 
acirradas com a Convenção de Lomé (1975) – acordo que dava preferências agrícolas à ex-colônias 
francesas e também, por conta do recrudescimento do protecionismo agrícola provocado pela 
euroesclerose – um período de crise no continente europeu. Nos anos 1980, a França saiu da crise, mas 
o Brasil entrou; fato que manteve as relações econômicas deterioradas. Até hoje, Brasil e França são 
forte opositores na OMC: enquanto os brasileiros querem um mercado aberto para seus produtos 
agrícolas; os franceses querem protege-lo. 
Apesar das divergências econômicas em relação ao protecionismo agrícola, a França é uma das principais aliadas do Brasil. Na 
imagem, presidentes Lula e Chirac, período de grande convergência em projetos culturais e sociais. 
 
 Apesar de alguns desencontros, as relações Brasil-França foram aprofundadas a partir dos anos 
1990, atingindo seu ápice na primeira década do século XXI. Além de grande investidora, a França 
possui forte intercâmbio cultural, científico, militar e ambiental com o Brasil; havendo também, uma forte 
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convergência em fóruns multilaterais – exceto a OMC – e uma intensa cooperação em projetos sociais. 
Vejamos detalhes desta relação: 
Relações Brasil – França – século XX 
Década de 1960 –Guerra das Lagostas 
Durante o governo de João Goulart (1961 – 1964) e de Charles de Gaulle (1959 – 
1969) ocorreu a Guerra da Lagosta (1962), evento que já havíamos mencionado 
aqui. Na ocasião, a marinha brasileira apreendeu embarcações francesas que 
estavam pescando lagostas irregularmente na costa brasileira, desencadeando 
a ira dos franceses, que enviaram um avançado navio de guerra para o litoral 
nordestino, área do desentendimento. Apesar do nome, não houve guerra de 
fato, mas sim, um atrito diplomático. 
A questão foi levada para o âmbito da ONU e decidida favoravelmente ao Brasil. 
Mais tarde, no Governo Médici, a Guerra das Lagostas serviu de influência para a 
expansão do mar territorial do Brasil de 12 para 200 milhas. 
Década de 1970 – 
dificuldades comerciais 
Na década de 1970, ocorreram grandes dificuldades comerciais com a França, 
um país altamente protecionista e notório defensor da Política Agrícola 
Comum (PAC). Conforme vimos anteriormente, a Europa – incluindo a França – 
estava passando por grandes dificuldades, recrudescendo o protecionismo já 
existente e prejudicando ainda mais as exportações brasileiras. 
Década de 1980 – 
aprofundamento das 
dificuldades comerciais 
(crise no Brasil) mas 
avanço do diálogo 
político 
Na década de 1980, para a França, vale o que já comentamos para os casos da 
CEE e da Alemanha: a ocorrência de dois fatos contraditórios: o aumento das 
dificuldades comerciais, porém, a melhora do diálogo político. Não vamos 
explorar o assunto porque já o estudamos, mas é fundamental que a gente tenha 
noção destas duas tendências dos anos 1980 nas relações Brasil-Europa. 
Relações Brasil – França – pós-Guerra Fria 
Início com FHC e 
consolidação com o 
governo Lula 
 
França afirma se com o 
principal capital político 
do braço na Europa 
 
Caixa de ressonância 
para apelos , iniciativas 
e apostas brasileira 
A partir dos anos 1990, cenário que as credenciais brasileiras já estavam 
renovadas no exterior, a França tornou-se o principal braço político do Brasil na 
Europa; sendo caixa de ressonância para apelos, iniciativas e apostas 
brasileiras para o sistema internacional. 
Na prática, a França passou a apoiar o Brasil em suas pautas, tais como o 
combate à fome e à miséria e as propostas de desenvolvimento do terceiro 
mundo. 
Esse processo havia começado com o governo de Fernando Henrique Cardoso, 
ex-exilado na França, ex-aluno da Universidade de Sorbornne e prestigiado no 
país mesmo antes de vencer as eleições; o que evidentemente, influenciou nesse 
aprofundamento de relações. 
No século XXI, sob os governos de esquerda de Lula (2003 – 2010) e Jacques 
Chirac (1995 – 2007), Brasil e França – agora compartilhando visões ideológicas – 
intensificaram ainda mais as relações. Foi neste momento que ambos os países 
promoveram parcerias no combate à fome, na aquisição de medicamentos e no 
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combate à pobreza, por exemplo. 
Relações atuais – economia 
A França é uma das 
grandes investidoras do 
Brasil 
Assim como a Alemanha, a França é uma grande investidora no Brasil em vários 
setores, tais como: varejo (Carrefour, Casino); automóveis (Renault, Peugeot); 
cosméticos (L’Oreal); farmácia (Sanofi), etc. 
Desencontros na OMC 
por causa da PAC. 
Basicamente, enquanto o Brasil quer expandir seu mercado agropecuário, a 
França quer protegê-lo. É por isso que apesar das boas relações e dos 
investimentos realizados, há profundos desencontros entre Brasil e França na 
OMC; bem como desencontros nas negociações entre Mercosul e União 
Europeia – nas quais a França é o principal entrave. 
Relações atuais – política 
Parceria estratégica A França é uma parceira estratégica do Brasil. Portanto, possui status 
diferenciado como país estratégico. 
Principal parceiro no 
combate a fome . 
Também é o principal parceiro no combate à fome. O auge dessa parceria se deu 
na convergência dos governos progressistas de Lula (2003 – 2010) e Jacques 
Chirac (1995 – 2007). 
Central Internacional 
para a Compra de 
Medicamentos 
(UNITAID) 
Junto com outros países como, por exemplo, Itália e Índia, Brasil e França 
lideraram o lançamento da Central Internacional para Compras de 
Medicamentos (UNITAID), um projeto humanitário coordenado pelas Nações 
Unidas. 
Apoio oficial ao pleito 
brasileiro por um 
assento permanente no 
CSNU 
O Conselho de Segurança da ONU é composto por cinco membros permanentes 
com poder de veto: Estados Unidos, Rússia, China, Reino Unido e França. 
A França, um dos seletos membros, apoia oficialmente o ingresso do Brasil. 
Houve 10 encontros 
presidenciais número 
comparável a relação 
com Brasil- Argentina 
É interessante notar que ocorreram dez encontros presidenciais entre Brasil e 
França; um número bastante elevado, portanto. Trata-se do mesmo número da 
Argentina, nosso vizinho mais expressivo e terceiro maior parceiro comercial. 
Afinidade entre Brasil e 
França em relação ao 
uso de abusivo da força 
Entre as muitas afinidades entre Brasil e França estão as críticas ao uso abusivo 
da força, especialmente durante os governos Lula e Chirac e em contexto de 
Guerra ao Terror e violação dos direitos humanos no Iraque. 
Relações atuais – fronteiras 
O Brasil é o maior pais 
com fronteiras com a 
França. 
Curiosamente, o Brasil é o país que possui mais fronteiras com a França. Afinal, 
a Guiana Francesa – província ultramarina da França – é limítrofe ao estado do 
Amapá, no extremo norte do país. Por conta disso, Brasil e França estabeleceram 
uma parceria transfronteiriça. 
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Instituto Franco-
Brasileiro de 
Biodiversidade 
Foi nesse contexto de fronteiras que foi criado o Instituto Franco-Brasileiro de 
Biodiversidade; afinal de contas, há o compartilhamento de fauna, flora e 
recursos naturais amazônicos entre Brasil e Guiana Francesa. 
A França seria um 
observador nos foros 
amazônicos. 
Não por acaso, a França é um observador nos fóruns amazônicos. Isso porque 
seu território americano também é afetado por eventuais problemas na 
Amazônia. 
Relações atuais – militar 
PROSUB ( Programa de 
Desenvolvimento de 
Submarinos) 
No campo da cooperação militar, há o Programa para Desenvolvimento de 
Submarinos (PROSUB); inclusive, englobando submarinos nucleares. 
Treinamentos militares conjuntos na fronteira Brasil-França ( Guiana Francesa). 
Compra de armamento 
– aviões Mirage durante 
décadas comprados pelo 
governo brasileiro 
Em muitos casos, as Forças Armadas brasileiras possuíram predileção por 
produtos franceses. Um exemplo disso é a compra de aviões Mirage, que por 
muito tempo, foram os caças mais importantes das nossas Forças Aéreas. 
Recentemente, durante o Governo Lula, o Brasil cogitou comprar caças da França, 
mas acabou fazendo negócio com a Suécia. 
Treinamentos militares 
em conjunto na 
Amazônia 
Por conta da extensa fronteira entre Brasil e França, ambos os países realizam 
treinamentos militares conjuntos entre a Guiana Francesa e o Amapá. 
Mapa das Guianas: repare que a Guiana Francesa possui uma extensa fronteira com o Brasil, no estado do Amapá. Por causa 
de seu território ultramarino, a França promove exercícios militares conjuntos com o Brasil e além disso, se preocupa com 
questões amazônicas. 
 
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Relações atuais – cultura e ciência 
No campo da 
cooperação cultural , a 
França é o grande 
parcerio brasileiro 
Como existem sólidos laços culturais entre Brasil e França, os dois países são 
parceiros no âmbito cultural. Antigamente, inclusive,

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