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Universidade Federal de Sergipe Departamento de Matemática – DMA Apostila de Cálculo II Franklin Zillmer São Cristóvão, SE - Brasil 2020 Resumo Essa apostila é destinada aos alunos da disciplina de Cálculo II. Nesse material se encontram a teoria e também exemplos, os quais serão resolvidos em sala de aula para que haja fixação da teoria. A apostila foi feita com base nos livros (STEWART, 2013) e (WEIR; HASS; GIOR- DANO, 2009). Dentre as bibliografias complementares temos: (ANTON; DAVIS; BIVENS, 2007), (APOSTOL, 1999), (FLEMMING; GONÇALVES, 2006), (GUIDORIZZI, 2011) e (LEITHOLD, 1994). Sumário 1 Equações Paramétricas e Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.1 Curvas Definidas por Equações Paramétricas . . . . . . . . . . . . . . . . . 4 1.2 Cálculo com Curvas Parametrizadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 1.3 Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7 1.4 Áreas e Comprimentos em Coordenadas Polares . . . . . . . . . . . . . . . 11 2 Funções Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.1 Limites e Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 2.2 Regras de Derivação . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 2.3 Integral de Funções Vetoriais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 2.4 Comprimento de Arco e Vetor Tangente Unitário . . . . . . . . . . . . . . 16 2.4.1 Parâmetro comprimento de arco com ponto base P (t0) . . . . . . . 16 3 Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.1 Funções de Várias Variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.1.1 Limite e continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 3.1.2 Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 3.2 Derivadas Parciais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 3.2.1 Derivadas Parciais e Continuidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 3.2.2 Derivadas Parciais de Segunda Ordem . . . . . . . . . . . . . . . . 24 3.2.3 Diferenciabilidade . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 3.2.4 Regra da Cadeia . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.2.4.1 Funções de duas variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.2.4.2 Funções de três variáveis . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26 3.2.5 Derivadas Direcionais e Vetor Gradiente . . . . . . . . . . . . . . . 27 3.2.5.1 Gradientes e reta tangente a curvas de nível . . . . . . . . 29 3.2.6 Valores Máximo e Mínimo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 3.2.7 Multiplicadores de Lagrange . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 4 Sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.1 Convergência e divergência . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 4.2 Calculando limites de sequências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 34 5 Séries . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 5.1 Séries Alternadas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 44 5.2 Séries de Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 5.3 Convergência de Séries de Potências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 46 5.4 Derivação Termo a Termo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 5.5 Integração Termo a Termo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 5.6 Séries de Taylor . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48 Referências . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 4 1 Equações Paramétricas e Coordenadas Po- lares 1.1 Curvas Definidas por Equações Paramétricas Definição 1 Sejam um intervalo I ⊂ R e funções contínuas x = f(t) e y = g(t) definidas em I. 1. Dizemos que a função λ é uma curva parametrizada. λ I → R2 t → λ(t) = (f(t), g(t)) 2. O conjunto C = {(f(t), g(t)); t ∈ I} (imagem da função λ) é uma curva. 3. As equações x = f(t) e y = g(t) (t ∈ I) são equações paramétricas da curva C. Dizemos também que essas equações parametrizam a curva C. 4. A variável t é chamada de parâmetro. Exemplo 1 As equações paramétricas x = sen(2t), y = cos(2t), 0 ≤ t ≤ 2π represen- tam o círculo unitário x2 + y2 = 1. O ponto inicial (sen(0), cos(0)) e o ponto final (sen(2π), cos(2π)) representam o ponto (0, 1). Quando t varia de 0 a 2π, a curva se move duas vezes em torno do círculo no sentido horário, como indicado na figura. 0 (0,1) x yt = 0, !, 2! Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 5 1.2 Cálculo com Curvas Parametrizadas Tangentes Sabemos que se x = f(t), y = g(t) e y = h(x) são funções diferenciáveis, a regra da cadeia nos diz que dy dt = dy dx · dx dt . Se dx dt 6= 0, temos dy dx = dy dt dx dt , que permite encontrar a inclinação da tangente para uma curva paramétrica. Além disso, d2y dx2 = d dx ( dy dx ) = d dt( dydx) dx dt . Cicloide A curva traçada pelo ponto P na borda de um círculo quando ele rola ao longo de uma reta é chamada de cicloide como indicado na figura. xeixo polarO r θ P(r,θ) P Exemplo 2 Considere a cicloide x = r(θ − senθ), y = r(1− cos θ). (a) Encontre a tangente à cicloide em θ = π3 ; (b) Em que pontos a tangente é horizontal? Quando é vertical? Solução: (a) (b) � Áreas Sabemos que a área sob uma curva y = F (x) de a até b é A = ∫ b a F (x)dx, em que F (x) ≥ 0. Se a curva for dada por equações paramétricas x = f(t), y = g(t), α ≤ t ≤ β, então podemos deduzir a fórmula da área como sendo A = ∫ b a ydx = ∫ β α g(t)f ′(t)dt. Exemplo 3 Encontre a área sob um arco da cicloide x = r(θ − senθ), y = r(1− cos θ). Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 6 Solução: � Comprimento de Arco Definição 2 Comprimento de uma curva paramétrica Se uma curva C é definida parametricamente por x = f(t) e y = g(t), a ≤ t ≤ b, onde f ′ e g′ são contínuas em [a, b] e C é percorrida exatamente uma vez, quando t avança de a para b, então o comprimento de C é L = ∫ b a √ [f ′(t)]2 + [g′(t)]2dt. Exemplo 4 Determine o comprimento do circulo de raio r definido parametricamente por x = r cos t y = rsen t 0 ≤ t ≤ 2π. Solução: � Área de Superfícies Definição 3 Área de superfície de revolução para curvas parametrizadas Se a curva dada pelas equações paramétricas x = f(t) e y = g(t), a ≤ t ≤ b, é percorrida exatamente uma vez quando t aumenta de a para b, então a área das superfícies geradas pela rotação da curva em torno dos eixos de coordenadas é calculada como se segue 1. Rotação em torno do eixo x (y ≥ 0): S = ∫ b a 2πy √√√√(dx dt )2 + ( dy dt )2 dt. 2. Rotação em torno do eixo y (x ≥ 0): S = ∫ d c 2πx √√√√(dx dt )2 + ( dy dt )2 dt. Exemplo 5 Mostre que a área da superfície de uma esfera de raio r é 4πr2. Solução: � Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 7 1.3 Coordenadas Polares No sistema de coordenadas polares definimos um ponto O no plano chamado polo (ou origem) e o eixo polar que consiste de uma meia linha começando em O e corresponde ao eixo x positivo nas coordenadas cartesianas. xeixo polarO r θ P(r,θ) P Figura 1: Representação do sistema de coordenadas polares Se P for um ponto do plano, considere r a distância de O a P e θ o ângulo (em radianos) entre o eixo polar e a reta OP , como na Figura 1. Assim, P = (r, θ) e r e θ são chamados coordenadas polares de P . Convencionamos que: - um ângulo é positivo se for medido no sentido anti-horário a partir do eixo polar e negativo se for medido no sentido horário; - (0, θ) representa o polo O para qualquer valor de θ; - (−r, θ) e (r, θ) estão na mesma reta passando pelo polo O e estão à mesma distância |r| a partir de O, mas em lados opostos de O; - Se r > 0, (r, θ) está no mesmo quadrante que θ e se r < 0, (r, θ) está no quadrante do lado oposto ao polo. Exemplo 6 Marque os pontos cuja coordenadas polares são (1, 5π4), (2, 3π), (2, −2π 3 ) e (−3, 3π4 ). Solução: � Observe que, para n inteiro: (r, θ) = (r, θ + 2nπ) = (−r, θ + (2n+ 1)π) Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 8 Relação entre coordenadas polares e cartesianas Considere o ponto P . Em coordenadas polares representamos P como (r, θ) e em coordenadas cartesianas como (x, y) como vemos na Figura 2. O r θ P=(x,y)=(r,θ) P x y Figura 2: Relação entre os sistemas de coordenadas As relações entre os sistemas de coordenadas são os seguintes: • x = r cos θ; • y = rsenθ; • tgθ = y x ; • r2 = x2 + y2. Exemplo 7 Converta (2, π3 ) para coordenadas cartesianas e (1,−1) para coordenadas polares. Solução: � Curvas Polares O gráfico de uma equação polar r = f(θ) consiste em todos os pontos P que têm pelo menos uma representação (r, θ) cujas coordenadas satisfaçam a equação. Exemplo 8 Esboce as curvas polares. • r = 2; • θ = π4 ; Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 9 • r = 2 cos θ; • r = 1 + senθ; • r = cos(2θ). Solução: � Simetria Ao esboçar curvas polares, as vezes é útil levar em conta a simetria. As regras são as seguintes: (a) Se uma equação polar não mudar quando θ for trocado por −θ, a curva será simétrica em relação ao eixo polar. (b) Se uma equação polar não mudar quando r for trocado por −r ou quando θ for trocado por θ + π, a curva será simétrica em relação ao polo. (c) Se uma equação polar não mudar quando θ for trocado por π − θ, a curva será simétrica em relação à reta vertical θ = π2 . Tangentes a Curvas Polares Para encontrarmos a equação da reta tangente a uma curva polar r = f(θ) procedemos como segue: x = r cos θ = f(θ) cos θ y = rsenθ = f(θ)senθ dy dx = dy dθ dx dθ = dr dθ senθ + r cos θ dr dθ cos θ − rsenθ Localizamos as tangentes horizontais achando os pontos onde dy dθ = 0 (desde que dx dθ 6= 0). Do mesmo modo, localizamos as tangentes verticais nos pontos onde dx dθ = 0 (desde que dy dθ 6= 0). Para retas tangentes ao polo, r = 0, logo dy dx = dr dθ senθ + r cos θ dr dθ cos θ − rsenθ = dr dθ senθ dr dθ cos θ = tgθ, se dr dθ 6= 0. Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 10 Exemplo 9 (a) Para a cardioide r = 1 + senθ, calcule a inclinação da reta tangente quando θ = π3 . (b) Encontre os pontos na cardioide onde a reta tangente é horizontal ou vertical. Solução: (a) dy dx = dr dθ senθ + r cos θ dr dθ cos θ − rsenθ = cos θsenθ + (1 + senθ) cos θcos θ cos θ − (1 + senθ)senθ = (1 + 2senθ) cos θ 1− sen 2θ − (1 + senθ)senθ , logo dy dx = (1 + 2senθ) cos θ1− senθ − 2sen 2θ = (1 + 2senθ) cos θ (1 + senθ)(1− 2senθ) . Em θ = π3 temos dy dx |θ=π3 = (1 + 2sen π3 ) cos π 3 1− sen π3 − 2sen 2 π 3 = ( 1 + 2 √ 3 2 ) 1 2 1− √ 3 2 − 2 (√ 3 2 )2 = ( 1 + √ 3 ) 1 2 1− √ 3 2 − 3 2 = 1+ √ 3 2 −1− √ 3 2 Portanto, dy dx |θ=π3 = 1+ √ 3 2 −1− √ 3 2 = 1 + √ 3 −(1 + √ 3) = −1. (b) Temos que dy dx = (1 + 2senθ) cos θ(1 + senθ)(1− 2senθ) , logo: dy dθ = (1 + 2senθ) cos θ = 0 ⇒ θ = π2 , 3π 2 , 7π 6 , 11π 6 dx dθ = (1 + senθ)(1− 2senθ) = 0 ⇒ θ = 3π2 , π 6 , 5π 6 Quando θ = 3π2 , dx dθ e dy dθ são 0, logo lim θ→ 3π2 + (1 + 2senθ) cos θ (1 + senθ)(1− 2senθ) = limθ→ 3π2 + −(1 + 2senθ)senθ + 2 cos2 θ −2(1 + senθ) cos θ + (1− 2senθ) cos θ = −∞ Portanto, a tangente horizontal é nos pontos ( 2, π2 ) , (1 2 , 7π 6 ) , (1 2 , 11π 6 ) e a tangente vertical é nos pontos ( 0, 3π2 ) , (3 2 , π 6 ) , (3 2 , 11π 6 ) . Uma das retas tangentes é no polo (O = ( 0, 3π2 ) ). � Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 11 1.4 Áreas e Comprimentos em Coordenadas Polares Área Considere a área de um setor de um círculo A = 12r 2θ, sendo r o raio e θ a medida do ângulo central. Para obtermos a área de uma região R limitada pela curva polar r = f(θ) e por θ = a e θ = b, sendo f contínua e positiva e 0 < b− a ≤ 2π, devemos dividir o intervalo [a, b] em subintervalos com extremidades θ0, θ1, · · · , θn com larguras iguais a ∆θ. A i-ésima região será aproximada como a área Ai de um setor de um círculo de raio f(θ∗i ) e ângulo central ∆θ, ou seja, Ai ≈ 1 2f(θ ∗ i )2∆θ E uma aproximação para a área A será: A ≈ n∑ i=0 1 2f(θ ∗ i )2∆θ Portanto A = lim n→∞ n∑ i=0 1 2f(θ ∗ i )2∆θ = ∫ b a 1 2f(θi) 2dθ = ∫ b a 1 2r 2dθ Exemplo 10 Calcule a área delimitada por um laço da rosácea de quatro pétalas r = cos(2θ). Solução: A = ∫ π 4 −π4 1 2r 2dθ = 12 ∫ π 4 −π4 cos2(2θ)dθ = 12 · 2 ∫ π 4 0 cos2(2θ)dθ = ∫ π 4 0 cos2(2θ)dθ = ∫ π 4 0 1 2(1 + cos(4θ))dθ = 1 2(θ + 1 4sen(4θ))| π 4 0 = 12 ( π 4 + 1 4sen(π)− 0− 1 4sen(0) ) = π8 � Comprimentos de Arco Sejam r = f(θ), a ≤ θ ≤ b, x = r cos θ = f(θ) cos θ e y = rsenθ = f(θ)senθ, então: dx dθ = dr dθ cos θ − rsenθ e dy dθ = dr dθ senθ + r cos θ Capítulo 1. Equações Paramétricas e Coordenadas Polares 12 ( dx dθ )2 + ( dy dθ )2 = ( dr dθ )2 cos2 θ − 2rdr dθ senθ cos θ + r2sen 2θ + ( dr dθ )2 sen 2θ + 2rdr dθ senθ cos θ + r2 cos2 θ = ( dr dθ )2 (sen 2θ + cos2 θ) + r2(sen 2θ + cos2 θ) = ( dr dθ )2 + r2 Dessa forma, L = ∫ b a √√√√(dx dθ )2 + ( dy dθ )2 dθ = ∫ b a √√√√(dr dθ )2 + r2dθ Exemplo 11 Calcule o comprimento da cardioide r = 1 + senθ. Solução: L = ∫ 2π 0 √√√√(dr dθ )2 + r2dθ = ∫ 2π 0 √ (1 + senθ)2 + cos2 θdθ = ∫ 2π 0 √ 1 + 2senθ + sen 2θ + cos2 θdθ = ∫ 2π 0 √ 2 + 2senθdθ = 2 ∫ π 2 −π2 √ 2 + 2senθdθ = 2 ∫ π 2 −π2 √ 2 + 2senθ √ 2− 2senθ√ 2− 2senθ dθ = 2 ∫ π 2 −π2 √ 4− 4sen 2θ√ 2− 2senθ dθ = 2 ∫ π 2 −π2 2 cos θ√ 2− 2senθ dθ Seja u = 2 − 2senθ, então du = −2 cos θdθ e θ = −π2 ⇒ u = 4, θ = π 2 ⇒ u = 0. Logo L = 2 ∫ π 2 −π2 2 cos θ√ 2− 2senθ dθ = −2 ∫ 0 4 1√ u du = 2 ∫ 4 0 u− 1 2du = 2 · 2 √ u|40 = 4( √ 4− √ 0) = 4 · 2 = 8 � 13 2 Funções Vetoriais Sejam x = f(t), y = g(t) e z = h(t), t ∈ I. (1) Os pontos (x, y, z) = (f(t), g(t), h(t)), t ∈ I formam uma curva no espaço que é a trajetória de uma partícula. As equações e o intervalo em (1) parametrizam a curva. A curva no espaço também pode ser representada na forma vetorial. O vetor r(t) = −→OP = f(t)~i+g(t)~j+h(t)~k a partir da origem até a posição da partícula P = (f(t), g(t), h(t)) no instante t é o vetor posição da partícula. As funções f , g e h são as funções componentes do vetor posição e r define uma função vetorial da variável real t no intervalo I. Exemplo 12 Represente graficamente a função vetorial r(t) = (cos t)~i+ (sen t)~j + t~k. Solução: � 2.1 Limites e Continuidade Definição 4 Sejam r(t) = f(t)~i+g(t)~j+h(t)~k uma função vetorial e L um vetor. Dizemos que r tem limite em L à medida que t se aproxima de t0 e escrevemos lim t→t0 r(t) = L se para todo número ε > 0, existe um número correspondente δ > 0 tal que para todo t 0 < |t− t0| < δ ⇒ |r(t)− L| < ε. Exemplo 13 Se r(t) = (cos t)~i+(sen t)~j+t~k, então calcule o limite de r(t) quando t→ π4 . Definição 5 Uma função vetorial r(t) será contínua em um ponto t = t0 no seu domínio se lim t→t0 r(t) = r(t0). A função será contínua se for contínua em todos os pontos do seu domínio. Seja r(t) = f(t)~i+ g(t)~j + h(t)~k o vetor posição de uma partícula que se move ao longo de uma curva e f , g e h funções deriváveis em t. Então a diferença entre as posições da partícula no instante t e no instante t+ ∆t é ∆r = r(t+ ∆t)− r(t). Capítulo 2. Funções Vetoriais 14 Definição 6 A função vetorial r(t) = f(t)~i+g(t)~j+h(t)~k tem uma derivada (é derivável) em t se f , g e h têm derivadas em t. A derivada é a função vetorial r′(t) = dr dt = lim ∆t→0 r(t+ ∆t)− r(t) ∆t = df dt ~i+ dg dt ~j + dh dt ~k. Uma função vetorial r é derivável se for derivável em todos os pontos de seu domínio. A curva traçada por r é lisa se dr dt for contínua e nunca 0, isto é, se f , g e h tiverem derivadas primeiras contínuas que não sejam simultaneamente 0. O vetor r′(t) quando diferente de 0, é um vetor tangente à curva em P . Uma curva que é feita de um número finito de curvas lisas ligadas de maneira contínua é lisa por partes. Definição7 Se r é o vetor posição de uma partícula que se move ao longo de uma curva lisa no plano, então v(t) = dr dt é o vetor velocidade da partícula, tangente à curva. Em qualquer instante t, a direção de v é a direção do movimento, a magnitude de v representa o módulo da velocidade da partícula, e a derivada a = dv dt , quando existe é o vetor aceleração da partícula. Em resumo: 1. A velocidade é a derivada da posição: v = dr dt ; 2. O módulo da velocidade é a magnitude da velocidade = |v|; 3. A aceleração é a derivada da velocidade: a = dv dt = d 2r dt2 ; 4. O vetor unitário v |v| é a direção do movimento no instante t. Exemplo 14 Uma pessoa em uma asa-delta está espiralando para cima devido ao ar ascendente em uma trajetória com vetor projeção r(t) = (3 cos t)~i+(3sen t)~j+t2~k. Encontre: (a) Os vetores velocidade e aceleração; (b) O módulo da velocidade da asa-delta em qualquer instante t; (c) Os instantes, se houver algum, em que a aceleração da asa-delta é ortogonal a sua velocidade. Solução: a b Capítulo 2. Funções Vetoriais 15 c � 2.2 Regras de Derivação Sejam u e v funções vetoriais deriváveis de t, C um vetor constante, c qualquer escalar e f qualquer função escalar derivável, então 1. d dt C = 0; 2. d dt [c · u(t)] = c · u′(t); d dt [f(t)u(t)] = f ′(t) · u(t) + f(t) · u′(t); 3. d dt [u(t) + v(t)] = u′(t) + v′(t); 4. d dt [u(t)− v(t)] = u′(t)− v′(t); 5. d dt [u(t) · v(t)] = u′(t) · v(t) + u(t) · v′(t); 6. d dt [u(t)× v(t)] = u′(t)× v(t) + u(t)× v′(t); 7. d dt [u(f(t))] = f ′(t) · u′(f(t)). Se r for uma função vetorial derivável de t de comprimento constante, então r · dr dt = 0. Exemplo 15 Mostre que r(t) = (sen t)~i+ (cos t)~j + √ 3~k tem comprimento constante e é ortogonal a sua derivada. Solução: � Capítulo 2. Funções Vetoriais 16 2.3 Integral de Funções Vetoriais Definição 8 Se as componentes de r(t) = f(t)~i+ g(t)~j + h(t)~k são integráveis sobre [a, b] então r também é, e a integral definida de r de a até b é: ∫ b a r(t)dt = (∫ b a f(t)dt ) ~i+ (∫ b a g(t)dt ) ~j + (∫ b a h(t)dt ) ~k Exemplo 16 Calcule a integral ∫ π 0 ((cos t)~i+~j − 2t~k)dt. Solução: � 2.4 Comprimento de Arco e Vetor Tangente Unitário Definição 9 O comprimento de uma curva lisa r(t) = f(t)~i + g(t)~j + h(t)~k, a < t < b, que é traçado exatamente uma vez à medida que t aumenta de t = a para t = b é L = ∫ b a √√√√(dx dt )2 + ( dy dt )2 + ( dz dt )2 dt = ∫ b a |v|dt. Exemplo 17 Um planador está voando para cima ao longo da hélice r(t) = (cos t)~i + (sen t)~j + t~k. Qual a distância percorrida atingida pelo planador ao longo de sua trajetória de t = 0 até t = 2π = 6, 28s? Solução: � 2.4.1 Parâmetro comprimento de arco com ponto base P (t0) s(t) = ∫ t t0 √ [x′(τ)]2 + [y′(τ)]2 + [z′(τ)]2dτ = ∫ t t0 |v(τ)|dτ s(t) é um parâmetro de comprimento de arco para uma curva lisa C de um ponto base P (t0) ao ponto P (t). Se t > t0, s(t) é a distância entre P (t0) e P (t). Se t < t0, s(t) é o oposto da distância. Capítulo 2. Funções Vetoriais 17 Exemplo 18 Mostre que se u = u1~i+u2~j+u3~k é um vetor unitário, então o parâmetro de comprimento da curva r(t) = (x0 +tu1)~i+(y0 +tu2)~j+(z0 +tu3)~k do ponto P0 = (x0, y0, z0) onde t = 0 é o próprio t. Solução: � Observação 1 Como s(t) = ∫ t t0 |v(τ)|dτ , então ds dt = |v(t)|. Definição 10 O vetor tangente unitário de uma curva derivável r(t) é T = dr ds = dr dt ds dt = v |v| . Exemplo 19 Encontre o vetor tangente unitário da curva r(t) = (3 cos t)~i+(3sen t)~j+t2~k. Solução: � Definição 11 Se T é o vetor unitário de uma curva lisa, a função curvatura da curva é κ = ∣∣∣∣∣dTds ∣∣∣∣∣. Fórmula para calcular a curvatura: Se r(t) é uma curva lisa, então a curvatura é κ = 1 |v| ∣∣∣∣∣dTdt ∣∣∣∣∣ onde T = v|v| é o vetor tangente unitário. Exemplo 20 Mostre que a curvatura de um círculo de raio a é 1 a . Solução: � Definição 12 Em um ponto onde k 6= 0, o vetor normal unitário principal para uma curva no plano é N = 1 κ dT ds . Fórmula para calcular N : Se r(t) é uma curva lisa, então a normal unitária principal é N = dT dt∣∣∣dT dt ∣∣∣ onde T = v|v| é o vetor tangente unitário. Capítulo 2. Funções Vetoriais 18 Exemplo 21 Encontrar T e N para o movimento circular r(t) = (cos 2t)~i+ (sen2t)~j. Solução: � Observe que T ·N = 0, verificando-se que N é ortogonal a T . Como os vetores tangente e normal são ortogonais, se calcularmos B = T ×N que é chamado de vetor binormal de uma curva no espaço, temos que B é unitário e ortogonal tanto a T quanto a N . Juntos T,N,B definem um referencial positivo que tem papel significativo no cálculo de trajetórias de partículas movendo-se no espaço. Ele é chamado de Triedro de Frenet. Definição 13 Sejam B = T ×N . A função torção de uma curva lisa é τ = −dB ds ·N . Definição 14 Componentes tangencial e normal da aceleração A aceleração pode ser decomposta em duas componentes – uma na direção da tan- gente e outra na direção do normal – como a = aTT + aNN onde aT = d2s dt2 = d dt |v| e aN = κ ( ds dt )2 = κ|v|2 são as componentes escalares tangencial e normal da ace- leração, respectivamente. Fórmula para calcular aN : aN = √ |a|2 − a2T . Fórmula vetorial para curvatura: κ = |v × a| |v|3 . Fórmula para calcular a torção: τ = ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ ẋ ẏ ż ẍ ÿ z̈ ˙̈x ÿ z̈ ∣∣∣∣∣∣∣∣∣ |v × a|2 se v × a 6= 0. ẋ = dx dt , ẏ = dy dt , ż = dz dt ẍ = d2x dt2 , ÿ = d2y dt2 , z̈ = d2z dt2 ẋ = d3x dt3 , ẏ = d3y dt3 , ż = d3z dt3 onde r(t) = x~i+ y~j + z~k. Exemplo 22 Sem encontrar T e N , escreva a aceleração do movimento r(t) = (cos t+ tsen t)~i+ (sen t− t cos t)~j, t > 0 na forma a = aTT + aNN . Capítulo 2. Funções Vetoriais 19 Solução: � Exemplo 23 Encontre a curvatura e a torção da hélice r(t) = (a cos t)~i+ (asen t)~j + bt~k, a, b > 0, a2 + b2 6= 0. Solução: � 20 3 Derivadas Parciais 3.1 Funções de Várias Variáveis Definição 15 Seja D = {(x1, x2, . . . , xn)/x1, x2, . . . , xn ∈ R}. Uma função real f em D é uma regra que associa um único número real w = f(x1, x2, . . . , xn) a cada elemento em D. O conjunto D é o domínio de f e o conjunto de valores de w assumidos por f é a sua imagem. O símbolo w e a variável dependente de f , que por sua vez, é considerada uma função de n variáveis independentes x1 a xn. Também chamamos os xj de variáveis de entrada da função e w a variável de saída da função. Exemplo 24 O valor de f(x, y, z) = √ x2 + y2 + z2 no ponto (3, 0, 4) é f(3, 0, 4) =√ 32 + 02 + 42 = √ 25 = 5. Nesse exemplo, f é a função distância da origem ao ponto (x, y, z) nas coordenadas cartesianas espaciais. Exemplo 25 Determine o domínio e a imagem de g(x, y) = √ 9− x2 − y2. Definição 16 Se f é uma função com domínio D = {(x1, x2, . . . , xn)/x1, x2, . . . , xn ∈ R}, então o gráfico de f é o conjunto de todos os pontos (x1, x2, . . . , xn, xn+1) ∈ Rn+1 tal que xn+1 = f(x1, x2, . . . , xn) e (x1, x2, . . . , xn) ∈ D. Observação 2 Se f é uma função com domínio D ⊆ R2, então o gráfico de f é o conjunto dos pontos (x, y, z) ∈ R3 tal que z = f(x, y) e (x, y) ∈ D. Exemplo 26 Esboce o gráfico de g(x, y) = √ 9− x2 − y2. Definição 17 As curvas de nível de uma função f de duas variáveis são aquelas com equação f(x, y) = k, onde k é uma constante (na imagem de f). Exemplo 27 Esboce as cuvas de nível da função g(x, y) = √ 9− x2 − y2 para k = 0, k = √ 5 e k = 9. 3.1.1 Limite e continuidade Definição 18 Limite de uma função de duas variáveis independentes Seja f uma função de duas variáveis cujo domínio D contém pontos arbitrariamente próximos de (a, b). Dizemos que o limite de f(x, y) quando (x, y) tende a (a, b) é L Capítulo 3. Derivadas Parciais 21 e escrevemos lim (x,y)→(a,b) f(x, y) = L se, para todo ε > 0, existe um número correspondente δ > 0 tal que se (x, y) ∈ D e 0 < √ (x− a)2 + (y − b)2 < δ então |f(x, y)− L| < ε. Teorema 1 Propriedades dos limites de funções de duas variáveis As regras a seguir são verdadeiras se L, M e K são números reais e lim (x,y)→(a,b) f(x, y) = L e lim (x,y)→(a,b) g(x, y) = M. 1. Regra da soma: lim (x,y)→(a,b) (f(x, y) + g(x, y)) = L+M ; 2. Regra da diferença: lim (x,y)→(a,b) (f(x, y)− g(x, y)) = L−M ; 3. Regra do produto: lim (x,y)→(a,b) (f(x, y) · g(x, y)) = L ·M ; 4. Regra da multiplicação por constante: lim (x,y)→(a,b) Kf(x, y) = KL; 5. Regra do quociente: lim (x,y)→(a,b) f(x, y) g(x, y) = L M , (M 6= 0); 6. Regra da potência: Se r e s forem inteiros sem nenhum fator comum e s 6= 0, então lim (x,y)→(a,b) (f(x, y)) rs = L rs desde que L rs seja um número real (Se s é par, assumimos que L > 0). Exemplo 28 Encontre lim (x,y)→(0,0) x2 − xy√ x−√y . Solução: � Teste 1 Teste do dois caminhos para a não existência de um limite. Se f(x) tem limites diferentes ao longo de dois caminhos diferentes quando (x, y) se aproxima de (a, b), então lim (x,y)→(a,b) f(x, y) não existe. Exemplo 29 Mostre que a função f(x, y) = 2x 2y x4 + y2 não tem limite quando (x, y) se aproxima de (0, 0). Solução: � Capítulo 3. Derivadas Parciais 22 Exemplo 30 Se f(x, y) = x 2 − y2 x2 + y2 , será que lim(x,y)→(0,0) f(x, y) existe? Solução: � 3.1.2 Continuidade Definição 19 Funções de duas variáveis Uma função f(x, y) é contínua no ponto (a, b) se lim (x,y)→(a,b) f(x, y) = f(a, b). Uma função é contínua quando é contínua em todos os pontos de seu domínio. Exemplo 31 Onde a função f(x, y) = x 2 − y2 x2 + y2 é contínua? Solução: � Exemplo 32 A função f(x, y) = x2 − y2 x2 + y2 (x, y) 6= (0, 0) 0 (x, y) = (0, 0) é contínua em (0, 0)? Solução: � Para funções de mais variáveis as definições apresentadas são análogas. 3.2 Derivadas Parciais Definição 20 Derivada parcial em relação a x A derivada parcial de f(x, y) em relação a x no ponto (a, b) é ∂f ∂x |(a,b) = lim h→0 f(a+ h, b)− f(a, b) h desde que o limite exista. Capítulo 3. Derivadas Parciais 23 Definição 21 Derivada parcial em relação a y A derivada parcial de f(x, y) em relação a y no ponto (a, b) é ∂f ∂y |(a,b) = lim h→0 f(a, b+ h)− f(a, b) h desde que o limite exista. Notação 1 Se z = f(x, y), escrevemos fx(x, y) = fx = ∂f ∂x = ∂f ∂x (x, y) = ∂z ∂x = f1 = D1f = Dxf fy(x, y) = fy = ∂f ∂y = ∂f ∂y (x, y) = ∂z ∂y = f2 = D2f = Dyf Exemplo 33 Encontre os valores de ∂f ∂x e ∂f ∂y no ponto (4,−5) se f(x, y) = x2+3xy+y−1. Solução: � Exemplo 34 Encontre ∂f ∂y se f(x, y) = ysen(xy). Solução: � Exemplo 35 Encontre fx e fy se f(x, y) = 2y y + cosx . Solução: � Exemplo 36 Diferenciação Parcial Implícita Encontre ∂z ∂x se a equação yz − ln z = x+ y definir z como uma função de duas variáveis independentes x e y e a derivada parcial se existir. Solução: � Capítulo 3. Derivadas Parciais 24 3.2.1 Derivadas Parciais e Continuidade Uma função f(x, y) pode ter derivadas parciais em relação a x e y em um ponto sem ser contínua nesse ponto. Isso difere de uma função de uma única variável, onde a existência da derivada implica continuidade. Exemplo 37 Derivadas parciais existem, mas f é descontínua Seja f(x, y) = 0, xy 6= 01, xy = 0 . (a) Encontre o limite de f quando (x, y) se aproxima de (0, 0) ao longo da reta y = x; (b) Prove que f não é contínua na origem; (c) Mostre que ambas as derivadas parciais fx e fy existem na origem. Solução: (a) (b) (c) � 3.2.2 Derivadas Parciais de Segunda Ordem Quando derivamos uma função f(x, y) duas vezes, produzimos suas derivadas de segunda ordem. Essas derivadas são, em geral, denotadas por ∂2f ∂x2 , ∂2f ∂y2 , ∂2f ∂x∂y , ∂2f ∂y∂x . As equações de definição são: ∂2f ∂x2 = ∂ ∂x ( ∂f ∂x ) , ∂2f ∂x∂y = ∂ ∂x ( ∂f ∂y ) . Exemplo 38 Se f(x, y) = x cos y + yex, encontre ∂ 2f ∂x2 , ∂2f ∂y2 , ∂2f ∂x∂y , ∂2f ∂y∂x . Solução: � Capítulo 3. Derivadas Parciais 25 Teorema 2 Teorema de Clairaut – Teorema das Derivadas Mistas Suponha que f seja definida em uma bola aberta D que contenha o ponto (a, b). Se as funções fxy e fyx forem ambas contínuas em D, então fxy(a, b) = fyx(a, b). Exemplo 39 Encontre ∂ 2w ∂x∂y se w = xy + e y y2 + 1 . Solução: � Exemplo 40 Encontre fyxyz se f(x, y, z) = 1− 2xy2z + x2y. Solução: � 3.2.3 Diferenciabilidade Teorema 3 Teorema do incremento para funções de duas variáveis Suponha que as derivadas parciais de primeira ordem de f(x, y) sejam definidas em uma região aberta R que contenha o ponto (x0, y0) e que fx e fy sejam contínuas em (x0, y0). Então a variação ∆z = f(x0 + ∆x, y0 + ∆y)− f(x0, y0) no valor de f que resulta do movimento de (x0, u0) para outro ponto (x0 + ∆x, y0 + ∆y) em R satisfaz uma equação da forma ∆z = fx(x0, y0)∆x+ fy(x0, y0)∆y + ε1∆x+ ε2∆y na qual ε1, ε2 → 0 quando ∆x,∆y → 0. Definição 22 Diferenciabilidade de uma função A função z = f(x, y) é diferenciável em (x0, y0) se fx(x0, y0) e fy(x0, y0) existem e ∆z satisfaz uma equação da forma ∆z = fx(x0, y0)∆x+ fy(x0, y0)∆y + ε1∆x+ ε2∆y na qual ε1, ε2 → 0 quando ∆x,∆y → 0. Dizemos que f é diferenciável se ela é diferenciável em todos os pontos de seu domínio. Corolário 1 Continuidade de derivadas parciais implica diferenciabilidade Se as derivadas parciais fx e fy de uma função f(x, y) são contínuas ao longo de uma região aberta R, então f é diferenciável em todos os pontos de R. Teorema 4 Diferenciabilidade implica continuidade Se uma função f(x, y) é diferenciável em (x0, y0), então ela é contínua em (x0, y0). Capítulo 3. Derivadas Parciais 26 3.2.4 Regra da Cadeia 3.2.4.1 Funções de duas variáveis Teorema 5 Se w = f(x, y) possuir derivadas parciais contínuas fx e fy e se x = x(t) e y = y(t) forem funções diferenciáveis de t, então a composta w = f(x(t), y(t)) será uma função diferenciável de t e df dt = fx(x(t), y(t)) · x′(t) + fy(x(t), y(t)) · y′(t) ou dw dt = ∂f ∂x dx dt + ∂f ∂y dy dt . Exemplo 41 Use a regra da cadeia para encontrar a derivada de w = xy em relação a t ao longo do caminho x = cos t e y = sen t, Qual é o valor da derivada em t = π2 ? Solução: � 3.2.4.2 Funções de três variáveis Teorema 6 Se w = f(x, y, z) for diferenciável e x, y e z forem funções diferenciáveis de t, então w será uma função diferenciável de t e dw dt = ∂f ∂x dx dt + ∂f ∂y dy dt + ∂f ∂z dz dt . Exemplo 42 Encontre dw dt se w = xy + z, x = cos t, y = sen t e z = t. Qual é o valor da derivada em t = 0? Solução: � Teorema 7 Suponhamos que w = f(x, y, z), x = g(r, s), y = h(r, s) e z = k(r, s). Se todas as quatro funções forem diferenciáveis, então w terá derivadas parciais em relação a r e s, dadas pelas fórmulas ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r + ∂w ∂y ∂y ∂r + ∂w ∂z ∂z ∂r ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s + ∂w ∂z ∂z ∂s . Exemplo 43 Expresse ∂w ∂r e ∂w ∂s em termos de r e s se w = x+2y+z2, x = r s , y = r2+ln s e z = 2r. Capítulo 3. Derivadas Parciais 27 Solução: � Observação 3 Se w = f(x, y), x = g(r, s) e y = h(r, s), então ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r + ∂w ∂y ∂y ∂r ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s + ∂w ∂y ∂y ∂s . Exemplo 44 Expresse ∂w ∂r e ∂w ∂s em termos de r e s se w = x2 +y2, x = r−s e y = r+s. Solução: � Observação 4 Se w = f(x) e x = g(r, s), então ∂w ∂r = ∂w ∂x ∂x ∂r e ∂w ∂s = ∂w ∂x ∂x ∂s . Teorema 8 Uma fórmula de diferenciação implícita Suponha que F (x, y) seja diferenciável e que a equação F (x, y) = 0 defina y como uma função diferenciável de x. Então, em qualquer ponto onde Fy 6= 0, dy dx = −Fx Fy . Exemplo 45 Use o teorema anterior para encontrar dy dx se y2 − x2 − sen(xy) = 0. Solução: � 3.2.5 Derivadas Direcionais e Vetor Gradiente Definição 23 Derivada Direcional A derivada de f em P0(x0, y0) na direção do versor u = u1i+ u2j é o número( df ds ) u,P0 = lim s→0 f(x0 + su1, y0 + su2)− f(x0, y0) s desde que o limite exista. Capítulo 3. Derivadas Parciais 28 Exemplo 46 Encontre a derivada de f(x, y) = x2 + xy em P0(1, 2) na direção do vetor unitário u = ( 1√ 2 ) i+ ( 1√ 2 ) j. Solução: � Definição 24 Vetor Gradiente O vetor gradiente (gradiente) de f(x, y) no ponto P0(x0, y0) é o vetor ∇f = ∂f ∂x i+ ∂f ∂y j obtido por meio do cálculo das derivadas parciais de f em P0. Teorema 9 A derivada direcional é um produto escalarSe f(x, y) for diferenciável em uma região aberta contendo P0(x0, y0), então( df ds ) u,P0 = (∇f)P0 · u o produto escalar do gradiente de f em P0 e u. Exemplo 47 Encontre a derivada de f(x, y) = xey + cos(xy) no ponto (2, 0) na direção de v = 3i− 4j. Solução: � Propriedades da derivada direcional Duf = ∇f · u = |∇f | cos θ 1. A função f aumenta mais rapidamente quando cos θ = 1 ou quando u é a direção de ∇f . Isto é, a cada ponto P no seu domínio, ∇f cresce mais rapidamente na direção do vetor gradiente ∇f em P . A derivada nessa direção é Duf = |∇f | cos(0) = |∇f |; 2. De maneira similar, f decresce mais rapidamente na direção de −∇f . A derivada nessa direção é Duf = |∇f | cos(π) = −|∇f |; 3. Qualquer direção u ortogonal ao gradiente ∇f 6= 0 é uma direção de variação zero em f porque θ é então igual a π2 e Duf = |∇f | cos( π 2 ) = |∇f | · 0 = 0. Exemplo 48 Encontre as direções nas quais f(x, y) = ( x2 2 ) + ( y2 2 ) Capítulo 3. Derivadas Parciais 29 (a) Cresce mais rapidamente no ponto (1, 1); (b) Decresce mais rapidamente em (1, 1); (c) Quais são as direções de variação zero de f em (1, 1)? Solução: a b c � 3.2.5.1 Gradientes e reta tangente a curvas de nível Se uma função diferenciável f(x, y) tiver um valor constante c ao longo de uma curva lisa r = g(t)i+ h(t)j (fazendo da curva uma curva de nível de f), então f(g(t), h(t)) = c. Derivar ambos os lados dessa equação em relação a t leva às equações d dt f(g(t), h(t)) = d dt (c) ∂f ∂x dg dt + ∂f ∂y dh dt = 0( ∂f ∂x i+ ∂f ∂y j ) · ( dg dt i+ dh dt j ) = 0 ∇f · dr dt = 0. Portanto em todo ponto (x0, y0) no domínio de uma função diferenciável f(x, y), o gradiente de f é normal a curva de nível por (x0, y0). 3.2.6 Valores Máximo e Mínimo Definição 25 Máximo e mínimo local Uma função de duas variáveis tem um máximo local em (a, b) se f(x, y) ≤ f(a, b) quando (x, y) está próximo de (a, b). O número f(a, b) é chamado valor máximo local. Se f(x, y) ≥ f(a, b) quando (x, y) está próximo de (a, b), então f tem um mínimo local em (a, b) e f(a, b) é um valor mínimo local. Se as inequações da Definição 25 valerem para todos os pontos (x, y) do domínio de f , então f tem um máximo absoluto (ou mínimo absoluto) em (a, b). Teorema 10 Se f tem um máximo ou mínimo local em (a, b) e as derivadas de primeira ordem de f existem nesses pontos, então fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0. Capítulo 3. Derivadas Parciais 30 Um ponto (a, b) é chamado ponto crítico de f se fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0, ou se uma das derivadas parciais não existir. Teste 2 Teste da Segunda Derivada Suponha que as segundas derivadas parciais de f sejam contínuas em uma bola aberta com centro em (a, b), e suponha que fx(a, b) = 0 e fy(a, b) = 0. Seja D = D(a, b) = fxx(a, b)fyy(a, b)− [fxy(a, b)]2. (a) Se D > 0 e fxx(a, b) > 0, então f(a, b) é um mínimo local. (b) Se D > 0 e fxx(a, b) < 0, então f(a, b) é um máximo local. (c) Se D < 0, então (a, b) é um ponto de sela. Exemplo 49 Determine a menor distância entre o ponto (1, 0,−2) e o plano x+ 2y + z = 4. Solução: � Exemplo 50 Uma caixa retangular sem tampa deve ser feita com 12m2 de papelão. Determine o volume máximo dessa caixa. Solução: � Valores Máximo e Mínimo Absolutos Teorema 11 Teorema do Valor Extremo para Funções de Duas Variáveis Se f é contínua em um conjunto fechado e limitado D em R2, então f assume um valor máximo absoluto f(x1, y1) e um valor mínimo absoluto f(x2, y2) em alguns pontos (x1, y1) e (x2, y2) de D. Para determinar os valores máximo e mínimo absolutos de uma função contínua f em um conjunto fechado e limitado D: (1) Determine os valores de f nos pontos críticos de f em D. (2) Determine os valores extremos de f na fronteira D. Capítulo 3. Derivadas Parciais 31 (3) O maior dos valores dos passos 1 e 2 é o valor máximo absoluto; o menor desses valores é o valor mínimo absoluto. Exemplo 51 Determine os valores máximo e mínimo absolutos da função f(x, y) = x2 − 2xy + 2y no retângulo D = {(x, y)|0 ≤ x ≤ 3, 0 ≤ y ≤ 2}. Solução: � 3.2.7 Multiplicadores de Lagrange Método dos Multiplicadores de Lagrange: para determinar os valores máximo e mínimo de f(x, y, z) sujeitos à restrição g(x, y, z) = k (supondo que esses valores extremos existam e que ∇g 6= 0 sobre a superfície g(x, y, z) = k): (a) Determine todos os valores de x, y, z e λ tais que ∇f(x, y, z) = λ∇g(x, y, z) e g(x, y, z) = k. (b) Calcule f em todos os pontos (x, y, z) que resultam do passo (a). O maior desses valores será o valor máximo de f , e o menor será o valor mínimo de f . Exemplo 52 Uma caixa retangular sem tampa deve ser feita com 12m2 de papelão. Determine o volume máximo dessa caixa. Solução: � Exemplo 53 Determine os valores extremos da função f(x, y) = x2 + 2y2 no círculo x2 + y2 = 1. Solução: � Exemplo 54 Determine os pontos da esfera x2 + y2 + z2 = 4 que estão mais próximos e mais distantes do ponto (3, 1,−1). Capítulo 3. Derivadas Parciais 32 Solução: � 33 4 Sequências Definição 26 Uma sequência infinita de números é uma função cujo domínio é o conjunto dos números inteiros positivos. Exemplo 55 2, 4, 6, 8, 10, 12, . . . , 2n, . . . é uma sequência. A função associada atribui 1 a a1 = 2, 2 a a2 = 4, 3 a a3 = 6, . . ., n a an = 2n que é o comportamento geral da função. Nesse exemplo an = 2n é o termo geral da sequência. Tabela 1: Descrição das Sequências por meio de Regras an = √ n {an} = { √ 1, √ 2, . . . , √ n, . . .} {an} = { √ n}∞n=1 bn = (−1)n+1 1 n {bn} = { 1,−12 , 1 3 ,− 1 4 , . . . , (−1) n+1 1 n , . . . } {bn} = { (−1)n+1 1 n }∞ n=1 cn = n− 1 n {cn} = { 0, 12 , 2 3 , 3 4 , . . . , n− 1 n , . . . } {cn} = { n− 1 n }∞ n=1 dn = (−1)n+1 {dn} = {1,−1, 1,−1, . . . , (−1)n+1, . . .} {dn} = {(−1)n+1}∞n=1 Exemplo 56 Encontre uma fórmula para o termo geral an da sequência{3 5 ,− 4 25 , 5 125 ,− 6 625 , 7 3125 , . . . } . Solução: � Exemplo 57 A sequência de Fibonacci (fn) é definida recursivamente pelas condições f1 = 1, f2 = 1, fn = fn−1 + fn−2 para n ≥ 3. Cada termo é a soma dos dois termos precedentes. Os primeiros termos são {1, 1, 2, 3, 5, 8, 13, 21, . . .}. 4.1 Convergência e divergência Definição 27 A sequência {an} converge para o número L se para todo número positivo ε existe um inteiro N tal que para todo n n > N ⇒ |an − L| < ε. Se esse número L não existe, dizemos que {an} diverge. Se {an} converge para L, escrevemos lim n→∞ an = L, ou an → L e chamamos L de limite da sequência. Capítulo 4. Sequências 34 Definição 28 A sequência {an} diverge para o infinito (menos infinito) se para todo número M (m) existe um inteiro N tal que para todo n > N , an > M (an < m). Se essa condição for verdadeira lim n→∞ an =∞, ou an →∞ ( lim n→∞ an = −∞, ou an → −∞). 4.2 Calculando limites de sequências Teorema 12 Sejam {an} e {bn} sequências de números reais e sejam A e B números reais. As regras a seguir são verdadeiras se lim n→∞ an = A e lim n→∞ bn = B. 1. Regra da Soma: lim n→∞ (an + bn) = A+B; 2. Regra da Diferença: lim n→∞ (an − bn) = A−B; 3. Regra do Produto: lim n→∞ (an · bn) = A ·B; 4. Regra da Multiplicação por Constante: lim n→∞ (kbn) = kB (para todo k); 5. Regra do Quociente: lim n→∞ an bn = A B se B 6= 0. Exemplo 58 Considerando o teorema anterior, calcule: (a) lim n→∞ −1 n ; (b) lim n→∞ n− 1 n ; (c) lim n→∞ 4− 7n6 n6 + 3 . Solução: (a) (b) (c) � Capítulo 4. Sequências 35 Teorema 13 Teorema do confronto para sequências Sejam {an}, {bn} e {cn} sequências de números reais. Se an ≤ bn ≤ cn para todo n além de algum índice N e se lim n→∞ an = lim n→∞ cn = L, então lim n→∞ bn = L. Exemplo 59 Discuta a convergência de an = n! nn . Solução: � Teorema 14 Teorema da função contínua para sequências Seja {an} uma sequência de números reais. Se an → L e se f for uma função contínua em L e definida para todo an, então f(an)→ f(L). Exemplo 60 Encontre lim n→∞ sen ( π n ) . Solução: � Teorema 15 Suponha que f(x) seja definida para todo x ≥ n0 e que {an} seja uma sequên- cia de númerosreais tal que an = f(n) para n ≥ n0. Então lim x→∞ f(x) = L⇒ lim n→∞ (an) = L. Exemplo 61 Mostre que lim n→∞ lnn n = 0. Solução: � Exemplo 62 Encontre lim n→∞ 2n 5n . Solução: � Exemplo 63 A sequência cujo n-ésimo termo é an = ( n+ 1 n− 1 )n converge? Em caso afir- mativo, encontre lim n→∞ an. Capítulo 4. Sequências 36 Solução: � Teorema 16 Se lim n→∞ |an| = 0, então lim n→∞ an = 0. Exemplo 64 Calcule lim n→∞ (−1)n n se ele existir. Solução: � Teorema 17 As seis sequências a seguir convergem para os limites listados: 1. lim n→∞ lnn n = 0; 2. lim n→∞ n √ n = 1; 3. lim n→∞ x 1 n = 1 (x > 0); 4. lim n→∞ xn = 0 (|x| < 1); 5. lim n→∞ ( 1 + x n )n = ex (todo x); 6. lim n→∞ xn n! = 0 (todo x). De 3− 6 o valor de x se mantém fixo enquanto n→∞. Exemplo 65 Utilizando o teorema anterior, calcule: (a) lim n→∞ lnn2 n ; (b) lim n→∞ n √ n2; (c) lim n→∞ n √ 3n; (d) lim n→∞ ( −12 )n ; (e) lim n→∞ ( n− 2 n )n ; (f) lim n→∞ 100 n! . Capítulo 4. Sequências 37 Solução: (a) (b) (c) (d) (e) (f) � Definição 29 Uma sequência {an} é chamada crescente se an < an+1, ∀n ≥ 1, isto é, a1 < a2 < a3 < . . .. Uma sequência {an} é chamada decrescente se an > an+1, ∀n ≥ 1. Uma sequência {an} é chamada monótona se for crescente ou decrescente. Exemplo 66 Mostre que a sequência an = n n2 + 1 é decrescente. Solução: � Definição 30 Uma sequência {an} é limitada superiormente se existir um número M tal que an ≤M , ∀n ≥ 1. Uma sequência {an} é limitada inferiormente se existir um número m tal que an ≥ m, ∀n ≥ 1. Se ela for limitada superior e inferiormente, então {an} é uma sequência limitada. Teorema 18 Teorema da Sequência Monótona Toda sequência monótona limitada é convergente. Exemplo 67 Investigue a sequência {an} definida pela relação de recorrência a1 = 2, an+1 = 12(an + 6) para n = 1, 2, 3, . . .. Solução: � 38 5 Séries Definição 31 Dada uma sequência de números {an}, uma expressão da forma a1 + a2 + a3 + . . .+an + . . . = ∞∑ n=1 an = ∑ an é uma série infinita (ou apenas série). A sequência {sn} definida por s1 = a1 s2 = a1 + a2 ... sn = a1 + a2 + . . .+ an = n∑ k=1 ak é a sequência de somas parciais da série na qual o número sn é a n-ésima soma parcial. Se a sequência de somas parciais convergir para um limite s ( lim n→∞ sn = s e s ∈ R), dizemos que a série converge e que sua soma é s. Nesse caso, também escrevemos a1 + a2 + . . .+ an = n∑ k=1 ak = s. Se a sequência {sn} é divergente, dizemos que a série diverge. Exemplo 68 Suponhamos que a soma dos primeiros n termos da série ∞∑ n=1 an seja sn = 2n 3n+ 5 . Mostre que a série é convergente. No exemplo foi dada a soma dos primeiros termos da série, mas em geral não é fácil de encontrar tal expressão. No próximo exemplo, temos uma série que nos permite encontrar uma fórmula para sn. Exemplo 69 Série Geométrica Séries geométricas são séries da forma a+ ar + ar2 + . . .+ arn−1 + . . . = ∞∑ n=1 arn−1 = ∞∑ n=0 arn onde a 6= 0 e a e r reais fixos (r é chamada razão da série geométrica). A razão r pode ser positiva, como 1 + 12 + 1 4 + . . .+ (1 2 )n−1 + . . . ou negativa, como em 1− 13 + 1 9 − . . .+ ( −13 )n−1 + . . . Capítulo 5. Séries 39 Podemos mostrar que se |r| < 1, a série geométrica a+ar+ar2 + . . .+arn−1 + . . . converge para a1− r , ou seja, ∞∑ n=1 arn−1 = a1− r , se |r| < 1. Se |r| ≥ 1, a série diverge. Exemplo 70 Encontre a soma da série geométrica 19 + 1 27 + 1 81 + . . .. Solução: � Exemplo 71 As séries ∞∑ n=0 (−1)n5 4n e ∞∑ n=1 22n31−n convergem ou divergem? Se convergem, calcule sua soma. Solução: � Exemplo 72 Série Telescópica Encontre a soma da série ∞∑ n=1 1 n(n+ 1) . Solução: � Exemplo 73 Série Harmônica Mostre que a série harmônica ∞∑ n=1 1 n é divergente. Solução: � Teorema 19 Se a série ∞∑ n=1 an for convergente, então lim n→∞ an = 0. A partir do teorema, obtemos o seguinte teste. Teste do n-ésimo termo para divergência: ∞∑ n=1 an diverge, se lim n→∞ an não existe ou lim n→∞ an 6= 0. Capítulo 5. Séries 40 Exemplo 74 Verifique se as séries convergem ou divergem. (a) ∞∑ n=1 n2; (b) ∞∑ n=1 n+ 1 n ; (c) ∞∑ n=1 (−1)n+1; (d) ∞∑ n=1 −n 2n+ 5 . Solução: (a) (b) (c) (d) � Teorema 20 Se ∞∑ n=1 an = A e ∞∑ n=1 bn = B forem séries convergentes, então: 1. ∞∑ n=1 (an + bn) = ∞∑ n=1 an + ∞∑ n=1 bn = A+B; 2. ∞∑ n=1 (an − bn) = ∞∑ n=1 an − ∞∑ n=1 bn = A−B; 3. ∞∑ n=1 kan = k ∞∑ n=1 an = kA para todo k. Se ∞∑ n=1 an diverge e k 6= 0, então ∞∑ n=1 kan diverge. Se ∞∑ n=1 an converge e ∞∑ n=1 bn diverge, então ∞∑ n=1 (an ± bn) diverge. Se ∞∑ n=1 an diverge e ∞∑ n=1 bn diverge, ∞∑ n=1 (an ± bn) pode ser convergente, como por exemplo: ∞∑ n=1 an = 1 + 1 + 1 + . . . diverge, ∞∑ n=1 bn = (−1) + (−1) + (−1) + . . . diverge e sua soma ∞∑ n=1 (an + bn) = 0 + 0 + 0 + . . . converge sendo igual a zero. Capítulo 5. Séries 41 Exemplo 75 Calcule a soma das seguintes séries. (a) ∞∑ n=1 3n−1 − 1 6n−1 ; (b) ∞∑ n=0 4 2n . Teorema 21 Seja {an} uma sequência de termos positivos. Suponha que an = f(n), onde f é uma função de x contínua, positiva e decrescente para todo x ≥ N (N inteiro positivo). Então, tanto a série ∞∑ n=N an quanto a integral ∫ ∞ 1 f(x)dx convergem ou tanto uma quanto a outra divergem. Exemplo 76 As p-séries Mostre que a p-série ∞∑ n=1 1 np = 11p + 1 2p + 1 3p + . . .+ 1 np + . . . converge se p > 1 e diverge se p ≤ 1 (p ∈ R). Solução: � Teorema 22 Teste da Comparação Seja ∞∑ n=1 an uma série com termos não-negativos. (a) ∞∑ n=1 an converge se existe uma série convergente ∞∑ n=1 cn com an ≤ cn para todo n > N , para algum inteiro N . (b) ∞∑ n=1 an diverge se existe uma série divergente de termos não negativos ∞∑ n=1 dn com an ≥ dn para todo n > N , para algum inteiro N . Exemplo 77 Use o teste da comparação para verificar se as séries convergem ou divergem. (a) ∞∑ n=1 5 5n− 1 ; (b) ∞∑ n=0 1 n! . Solução: (a) Capítulo 5. Séries 42 (b) � Teorema 23 Teste de comparação no limite Suponha que an > 0 e bn > 0 para todo n ≥ N (N inteiro positivo). 1. Se lim n→∞ an bn = c > 0, então ambos ∞∑ n=1 an e ∞∑ n=1 bn convergem ou divergem. 2. Se lim n→∞ an bn = 0 e ∞∑ n=1 bn converge, então ∞∑ n=1 an converge. 3. Se lim n→∞ an bn =∞ e ∞∑ n=1 bn diverge, então ∞∑ n=1 an diverge. Exemplo 78 Quais das séries a seguir convergem? E quais divergem? (a) ∞∑ n=1 2n+ 1 (n+ 1)2 ; (b) ∞∑ n=1 1 2n − 1 ; (c) ∞∑ n=2 1 + n lnn n2 + 5 . Solução: (a) (b) (c) � Teorema 24 Teste da Razão Seja ∞∑ n=1 an uma série com termos positivos e suponha que lim n→∞ an+1 an = p. Então: (a) a série converge se p < 1; (b) a série diverge se p > 1 ou p for infinito; Capítulo 5. Séries 43 (c) o teste é inconclusivo se p = 1. Exemplo 79 Investigue a convergência das séries a seguir: (a) ∞∑ n=1 2n + 5 3n ; (b) ∞∑ n=1 (2n)! n!n! ; (c) ∞∑ n=1 4nn!n! (2n)! . Solução: (a) (b) (c) � Teorema 25 Teste da Raiz Seja ∞∑ n=1 an uma série com an ≥ 0 para n ≥ N e suponha que lim n→∞ n √ an = p. Então: (a) a série converge se p < 1; (b) a série diverge se p > 1 ou p for infinito; (c) o teste é inconclusivo se p = 1. Exemplo 80 Quais das séries a seguir convergem e quais divergem? (a) ∞∑ n=1 n2 2n ; (b) ∞∑ n=1 2n n2 ; (c) ∞∑ n=1 ( 1 1 + n )n . Solução: Capítulo 5. Séries 44 (a) (b) (c) � Exemplo 81 Seja an = n 2n n impar 1 2n n par , ∞∑ n=1 an converge? Solução: � 5.1 Séries Alternadas Teorema 26 Teste da Série Alternada A série ∞∑ n=1 (−1)n+1un = u1 − u2 + u3 − u4 + . . . convergirá se as três condições forem sa- tisfeitas: 1. un positivos; 2. un ≥ un+1 para todo n ≥ N , para algum N inteiro; 3. un → 0. Exemplo 82 A série harmônica alternada ∞∑ n=1 (−1)n+1 1 n = 1− 12 + 1 3 − 1 4 + . . . converge? Solução: � Definição 32 Uma série ∞∑ n=1 an converge absolutamente (é absolutamente conver- gente) se ∞∑ n=1 |an| converge. Uma série que converge, mas não converge absolutamente, converge condicionalmente.A série harmônica alternada é um exemplo de uma série que converge condicional- mente. Capítulo 5. Séries 45 Teorema 27 Teste da Convergência Absoluta Se ∞∑ n=1 |an| converge, então ∞∑ n=1 an converge. Exemplo 83 Verifique a convergência da série ∞∑ n=1 senn n2 . Solução: � 5.2 Séries de Potências Definição 33 Uma série de potências centrada em 0 é uma série da forma ∞∑ n=0 cnx n = c0 + c1x+ c2x2 + . . .+ cnxn + . . . Uma série de potências centrada em a é uma série da forma ∞∑ n=0 cn(x− a)n = c0 + c1(x− a) + c2(x− a)2 + . . .+ cn(x− a)n + . . . na qual o centro a e os coeficientes c0, c1, c2, . . . , cn, . . . são constantes. Exemplo 84 Encontrem o intervalo de x no qual as séries convergem e calculem a sua soma. (a) ∞∑ n=0 xn; (b) 1− 12(x− 2) + 1 4(x− 2) 2 + . . .+ ( −1 2 )n (x− 2)n + . . .. Solução: (a) (b) � Capítulo 5. Séries 46 5.3 Convergência de Séries de Potências A convergência de séries ∞∑ n=0 cn(x− a)n é descrita por uma das três possibilidades a seguir: 1. Existe R > 0 tal que a série diverge para x com |x − a| > R, mas converge absolutamente para x com |x− a| < R. A série pode ou não convergir em uma das extremidades x = a−R e x = a+R; 2. A série converge absolutamente para todo x (R =∞); 3. A série converge em x = a e diverge em todos os outros pontos (R = 0). (Chamamos R de raio de convergência da série de potências). Exemplo 85 Para quais valores de x as séries de potências a seguir convergem? (a) ∞∑ n=1 (−1)n−1x n n ; (b) ∞∑ n=1 (−1)n−1 x 2n−1 2n− 1 ; (c) ∞∑ n=1 xn n! ; (d) ∞∑ n=1 n!xn. Solução: (a) (b) (c) (d) � Capítulo 5. Séries 47 5.4 Derivação Termo a Termo Se ∞∑ n=0 cn(x− a)n converge para a−R < x < a+R para algum R > 0, isso define uma função f : f(x) = ∞∑ n=0 cn(x− a)n, a−R < x < a+R. Tal função f tem derivadas de todas as ordens dentro do intervalo de convergência, sendo elas f ′(x) = ∞∑ n=1 ncn(x− a)n−1 f ′′(x) = ∞∑ n=2 n(n− 1)cn(x− a)n−2 e assim por diante. Cada uma dessas séries derivadas converge em todo ponto interior do intervalo de convergência da série original. Exemplo 86 Encontre as séries para f ′(x) e f ′′(x) se f(x) = 11− x = 1 + x+ x 2 + x3 + x4 + . . .+ xn + . . . = ∞∑ n=0 xn,−1 < x < 1. Solução: � 5.5 Integração Termo a Termo Suponha que f(x) = ∞∑ n=0 cn(x− a)n convirja para a − R < x < a + R (R > 0). Então ∞∑ n=0 cn (x− a)n+1 n+ 1 converge para a−R < x < a+R e ∫ f(x)dx = ∞∑ n=0 cn (x− a)n+1 n+ 1 + C para a−R < x < a+R. Exemplo 87 Identifique a função f(x) = x− x33 + x5 5 − . . . ,−1 ≤ x ≤ 1. Solução: � Capítulo 5. Séries 48 5.6 Séries de Taylor Definição 34 Seja f uma função com derivadas de todas as ordens em algum intervalo contendo a como um ponto interior. Então, a série de Taylor gerada por f em x = a é ∞∑ n=0 f (k)(a) k! (x− a) k = f(a) + f ′(a)(x− a) + f ′′(a)(x− a)2 2! + . . .+ f (n)(a) n! (x− a) n + . . . Se a = 0, ∞∑ n=0 f (k)(0) k! x k = f(0) + f ′(0)x+ f ′′(0)x2 2! + . . .+ f (n)(0) n! x n + . . . é a série de Taylor de f , ou também chamamos série de Maclaurin gerada por f . Exemplo 88 Encontre a série de Taylor gerada por f(x) = 1 x em a = 2. Se a série converge para 1 x , onde isso ocorre? Solução: � Definição 35 Seja f uma função com derivadas de ordem k, k = 1, 2, . . . , N em algum intervalo contendo a como um ponto interior. Então para qualquer inteiro n de 0 a N , o polinômio de Taylor de ordem n gerado por f em x = a é o polinômio Pn(x) = f(a) + f ′(a)(x− a) + f ′′(a)(x− a)2 2! + . . .+ f (k)(a) k! (x− a) k + . . . f (n)(a) n! (x− a) n. Exemplo 89 Encontre a série de Taylor e os polinômios de Taylor gerados por f(x) = ex em x = 0. Solução: � Exemplo 90 Encontre a série e os polinômios de Taylor gerados por f(x) = cosx em x = 0. Solução: � 49 Referências ANTON, H.; DAVIS, S. L.; BIVENS, I. C. Cálculo. 8th. ed. [S.l.]: Bookman, 2007. v. 1. ISBN 9788560031634. Citado na página 1. APOSTOL, T. M. Cálculo. 2nd. ed. [S.l.]: Reverté, 1999. v. 1. ISBN 9788429150025. Citado na página 1. FLEMMING, D. M.; GONÇALVES, M. B. Cálculo A. 6th. ed. [S.l.]: Pearson, 2006. v. 1. ISBN 857605115X. Citado na página 1. GUIDORIZZI, H. L. Um Curso De Cálculo. 5th. ed. [S.l.]: LTC, 2011. v. 1. ISBN 9788521612599. Citado na página 1. LEITHOLD, L. O Cálculo com Geometria Analítica. 3rd. ed. [S.l.]: Harbra, 1994. v. 1. ISBN 8529400941. Citado na página 1. STEWART, J. Cálculo. 7th. ed. [S.l.]: Cengage Learning, 2013. v. 1. ISBN 9788522112586. Citado na página 1. WEIR, M. D.; HASS, J.; GIORDANO, F. R. Cálculo (George B. Thomas Jr.). 11th. ed. [S.l.]: Addison-Wesley, 2009. v. 1. ISBN 9788588639317. Citado na página 1. Resumo Sumário Equações Paramétricas e Coordenadas Polares Curvas Definidas por Equações Paramétricas Cálculo com Curvas Parametrizadas Coordenadas Polares Áreas e Comprimentos em Coordenadas Polares Funções Vetoriais Limites e Continuidade Regras de Derivação Integral de Funções Vetoriais Comprimento de Arco e Vetor Tangente Unitário Parâmetro comprimento de arco com ponto base P(t0) Derivadas Parciais Funções de Várias Variáveis Limite e continuidade Continuidade Derivadas Parciais Derivadas Parciais e Continuidade Derivadas Parciais de Segunda Ordem Diferenciabilidade Regra da Cadeia Funções de duas variáveis Funções de três variáveis Derivadas Direcionais e Vetor Gradiente Gradientes e reta tangente a curvas de nível Valores Máximo e Mínimo Multiplicadores de Lagrange Sequências Convergência e divergência Calculando limites de sequências Séries Séries Alternadas Séries de Potências Convergência de Séries de Potências Derivação Termo a Termo Integração Termo a Termo Séries de Taylor Referências
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