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Contexto Histórico psicopatologia

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Psicopatologia I
Camilla Paiva Silva Crespo
Psicóloga – Psicanalista - Professora
camilla.crespo@redentor.edu.br
O Surgimento da Psicopatologia
Aula 1
No inicio das civilizações era comum atribuir ao sobrenatural as causas dos problemas de ordem mental. 
Somente no séc. V a.C., o pensamento grego começou a elaborar conceitos naturais para diversos eventos do mundo, dentre eles um conceito natural para loucura.
Nesse período, Hipócrates (460 a.C a 370 a. C) procurou relacionar distúrbios do cérebro com transtornos mentais, tentando descartar as atribuições feitas a deuses e demônios. Ele estabeleceu uma base neuro-humoral para o temperamento e para a loucura, relacionando-os com as diversas formas da bile. 
De acordo com o médico grego, haveria quatro humores corporais: sangue, bílis amarela, bílis negra e fleuma.
Esses humores resultavam da combinação de quatro qualidades básicas da natureza: calor, frio, umidade e aridez. 
As pessoas seriam classificadas de acordo com quatro temperamentos correspondentes: sanguíneo, colérico, melancólico e fleumático. 
O funcionamento da personalidade atingia nível ótimo ao ser alcançada a carsis, ou seja, a interação perfeita das forças internas e externas (NUNES, BUENO E NARDI, 2001, p.01). 
Com o passar do tempo, o pensamento grego começou a estabelecer distinções entre soma e psique, entre razão e realidade.
Platão (428 a.C. a 347 a.C.), em A República divide a alma humana em apetite, razão e têmpera.
No séc. I a.C, Asclepíades (129 a.C. – 40 a.C.), médico grego, que trabalhou em Roma, rejeitou a doutrina dos fluídos vitais e descreveu a frenite como uma febre acompanhada de excitação mental, e a mania como uma excitação mental sem febre. Ainda diferenciou ilusões de alucinações e prescreveu tratamento em salas iluminadas para pacientes com ilusões.
Areteu (150 d.C.) classificou as doenças mentais a partir do seu prognóstico e Galeno (130-200 d.C) estudou o sistema nervoso e considerava os transtornos mentais como distúrbios cerebrais.
Durante a Idade Média (sec. V a XV d.C) o pensamento fantástico e sobrenatural voltou a prevalecer. O exorcismo passou a ser uma prática comum, e muitas vezes “doentes mentais” passavam por tal ritual.
Porém, nesse período da História escolas médicas também se desenvolveram.
O médico Alexandre de Tralles (525-605 d.C.), da cidade de Bizâncio, capital do Império Romano, foi o primeiro a se referir a uma enfermidade circular de humor.
Constantino, o Africano, foi o fundador da primeiro centro exclusivamente médico e voltado para a formação de novos médicos – Escola Médica de Salermo, na Itália.
No sec. XIII, Alberto e São Tomás de Aquino descreveram vários sintomas psicóticos, tais como as alucinações.
No sec. XV, foi publicado o Martelo das Bruxas – um verdadeiro manual de Psicopatologia que diagnosticava as feiticeiras através de estigmas.
Muitas feiticeiras queimadas pela Inquisição eram, na verdade, portadoras do que hoje consideramos Transtornos Psíquicos, ou mais precisamente, Sofrimentos Psíquicos Graves. Johannes Weyer (1515-1588), já sustentava o erro dessas práticas religiosas e advogava o tratamento por médicos e não por monges e padres.
No séc. XVII, começou a surgir um período de transição, de distanciamento das crenças antigas e aproximação e aplicação de critérios metodológicos científicos sobre as doenças mentais. 
Nesse tempo, aconteceu na França o fenômeno da Grande Internação, no qual pobres, vagabundos e loucos foram recolhidos e se tornaram alvo de repressão e caridade. 
O sec. XVIII foi marcado pela força de critérios racionais e científicos na medicina. 
Na França, Phillippe Pinel revolucionou o tratamento das enfermidades mentais retirando os doentes da condição de acorrentados nas prisões onde viviam.
Procedimento semelhante aconteceu na Itália por meio da luta de Vincenzo Chiarugi por um tratamento mais humanizado aos doentes mentais. 
Phillippe Pinel (1745 – 1826), além de analisar e classificar as afetações mentais, advogou a necessidade de se respeitar o insano como indivíduo. Ele concebia a insanidade como um distúrbio do autocontrole e da identidade, pelo que preferia chama-la de “Alienação Mental”.
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/44288/30186
Esse processo de análise e classificação das afetações mentais marcou o nascimento da Psiquiatria e da Psicopatologia, no sec. XVIII
Nos séculos XIX e XX, Emil Kraepelin (1856-1926) e Sigmund Freud (1856-1939) influenciaram significativamente o pensamento psiquiátrico. 
Kraepelin diferenciou, a partir da evolução dos sintomas, a demência precoce (hoje, esquizofrenia) da insanidade maníaco-depressiva (transtornos de humor). Esse foi um passo decisivo para uma prática clínica psiquiátrica fundamentada na observação e evolução. 
Em 1900, Freud publicou A interpretação dos sonhos, considerado um marco para a compreensão da mente humana no que se refere aos seus aspectos psicológicos, demonstrando a existência do inconsciente, influenciando todo o pensamento do sec.XX.
Vários tratamentos biológicos para as doenças mentais foram apresentados na primeira metade do sec. XX, dentre eles:
Eletrochoque;
Lobotomia;
Medicação.
Há psiquiatras que se atentam às alterações físicas de seus pacientes, procurando estudar variações bioquímicas.
 Há outros que procuram acentuar os conflitos psicológicos conscientes e inconscientes que estariam na raiz da enfermidade mental. 
Há ainda os psiquiatras sociais que buscam as influências dos aspectos econômicos e dos valores religiosos e morais que limitam o homem desde sua entrada no mundo. 
REFERÊNCIAS
https://www.e-publicacoes.uerj.br/index.php/revispsi/article/view/44288/30186
NUNES, BUENO E NARDI. Psiquiatria e saúde menta. 2001.
DALGALARRONDO, Paulo. Psicopatologia e Semiologia dos Transtornos Mentais.

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