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Arte efêmera e conceitual

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helArte efêmera
Contexto histórico
Nas décadas de 1950 a 1970, as artes visuais começaram a passar por muitas transformações. Tudo começou pelo movimento neodada, o Grupo Fluxus, fundado pelo artista lituano George Maciunas (1931-1978) e composto da artista plástica japonesa Yoko Ono (1933) e do poeta inglês Dick Higgins (1938-1998), entre outros, junto do músico americano John Cage (1912-1992), passam a subverter as maneiras tradicionais de realização e exposição da arte. Os museus, no início da década de 1960, começaram a abrigar as instalações e os espaços fora das instituições de arte transformam-se em locais de manifestações artísticas. O grupo Fluxus evidencia em seus trabalhos a constante mutação da natureza e conta com a participação de outros artistas ou do público em seus procedimentos. Uma de suas ideias principais é a de que a vida pode ser vivida como arte.
No Brasil, as formas de arte que se encaixam nesse conceito surgiram no final da década de 1960 e na década de 1970. Veio pra ca influenciada pelos movimentos artísticos europeus e americanos, parte dos artistas brasileiros passaram a questionar escolas e museus e propor novas formas de arte. Lembrando que tinha influência do cenário político do Brasil, em regime ditatorial militar desde 19641. A repressão, a violência e a censura no país geraram resposta por parte de um grupo de artistas, cujas obras têm caráter contestatório não apenas em seu conteúdo, mas também em sua forma. Em 1966, por exemplo, Hélio Oiticica (1937-1980) publica o texto A Nova Objetividade Brasileira, no qual afirma nova maneira de fazer arte, chamada pelo artista de antiarte. Embora o texto não seja um manifesto de movimento específico das artes plásticas brasileiras, ele expõe novos conceitos presentes em trabalhos de diversos artistas contemporâneos de Oiticica, como Luiz Aphonsus Guimarães (1948), Marcello Nitsche (1942), Wesley Duke Lee (1931-2010), Lygia Pape (1927-2004), Nelson Leirner (1932), Cildo Meireles (1948) e os portugueses radicados no Brasil Antonio Manuel (1947) e Artur Alípio Barrio (1945).
De modo geral, esses artistas têm uma nova postura em relação à arte: recusam a obra como contemplação passiva do espaço representado, priorizam o processo de criação em detrimento da forma final da obra, entendem o momento da arte como campo da experiência, partem da ideia de que o homem, por meio da experiência artística, pode sair da alienação, realizam trabalhos coletivos e passam a solicitar a participação do público. Dentre esse novo conceito, alguns de seus trabalhos encaixam-se no conceito de arte efêmera.
Em 1969, por exemplo, Artur Alípio Barrio expõe, no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro (MAM/RJ), trouxas ensanguentadas no jardim, espaço de esculturas consagradas. Em 1970, Barrio apresenta as mesmas trouxas na mostra Do Corpo à Terra, organizada pelo crítico de arte Frederico Morais (1936), no parque Municipal de Belo Horizonte. Ele espalha também 500 sacos pelas ruas da cidade e depois joga-os no esgoto, espalhando rolos de papel higiênico. Essa performance é filmada e seu registro é exposto em Nova York, na exposição Information, no Museu de Arte Moderna (MoMA). Ainda na mostra Do Corpo à Terra, o artista Luiz Aphonsus realiza a obra Napalm, na qual um pedaço grande de pano branco estendido sobre a grama do parque é queimado. Também em 1970, Antonio Manuel participa do Salão Nacional de Arte Moderna entrando nu no museu.
Todos esses trabalhos têm duração rápida e exibem uma arte que, em vez de ser objeto, é acontecimento. O artista deixa de ter a função de construtor em obras de arte efêmera. O crítico de arte Frederico Morais, que acompanha de perto os artistas das décadas de 1960 e 1970 no Brasil, afirma que suas propostas são de “desarrumar o arrumado, destrabalhar o trabalhado, destruir o construído”2.
Tópicos:
· Surgiu na década de 1950 a 1970;
· Artes visuais passam por muitas transformações, as obras priorizam o processo de criação, entende-se o momento da arte como experiência e conta com a participação de artistas e do público;
· Grupo Fluxus: evidencia em seus trabalhos a constante mutação da natureza;
· George Maciunas (1931-1978), fundador do Fluxus, artista;
· Yoko Ono (1933), participava do Fluxus, artista plástica.
· Dick Higgins (1938-1998), participava do Fluxus, poeta inglês;
· John Cage (1912-1992), participou de algumas obras do Fluxus, músico;
No Brasil:
· Surgiram no final da década de 1960 e na década de 1970;
· Influenciada pelos movimentos artísticos europeus e americanos;
· Questionamento às escolas e museus;
· Regime ditatorial, 1964;
· Hélio Oiticica (1937-1980) – “A Nova Objetividade Brasileira” (1966);
· 1969, Artur Alípio Barrio – “Trouxas Ensanguentadas” 
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo343/arte-efemera#:~:text=Definição-,Arte%20efêmera%20é%20um%20conceito%20curatorial%20utilizado%20para%20denominar%20instalações,a%20pintura%20ou%20a%20escultura.&text=A%20arte%20efêmera%20nega%20a,e%20cristalização%20dos%20objetos%20artísticos. 
Arte conceitual
Contexto histórico
Para a arte conceitual, vanguarda surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970, o conceito ou a atitude mental tem prioridade em relação à aparência da obra. O termo arte conceitual é usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961, entre as atividades do Grupo Fluxus. Nesse texto, o artista defende que os conceitos são a matéria da arte e por isso ela estaria vinculada à linguagem. O mais importante para a arte conceitual são as idéias, a execução da obra fica em segundo plano e tem pouca relevância. Além disso, caso o projeto venha a ser realizado, não há exigência de que a obra seja construída pelas mãos do artista. Ele pode muitas vezes delegar o trabalho físico a uma pessoa que tenha habilidade técnica específica. O que importa é a invenção da obra, o conceito, que é elaborado antes de sua materialização.
Devido à grande diversidade, muitas vezes com concepções contraditórias, não há um consenso que possa definir os limites do que pode ou não ser considerado como arte conceitual. Segundo Joseph Kosuth, em seu texto Investigações, publicado em 1969, a análise lingüística marcaria o fim da filosofia tradicional, e a obra de arte conceitual, dispensando a feitura de objetos, seria uma proposição analítica, próxima de uma tautologia. Como, por exemplo, em Uma e Três Cadeiras, ele apresenta o objeto cadeira, uma fotografia dela e uma definição do dicionário de cadeira impressa sobre papel.
O grupo Arte & Linguagem, surgido na Inglaterra entre 1966 e 1967, formado inicialmente por Terry Atkinson, Michael Baldwin, David Bainbridge e Harold Hurrel, que publica em 1969 a primeira edição da revista Art-Language, investiga uma nova forma de atuação crítica da arte e, assim como Kosuth, se beneficia da tradição analítica da filosofia. O grupo se expande nos anos 1970 e chega a contar com cerca de vinte membros. E Sol LeWitt, em Sentenças, 1969, sobre arte conceitual, evita qualquer formulação analítica e lógica da arte e afirma que "os artistas conceituais são mais místicos do que racionalistas. Eles procedem por saltos, atingindo conclusões que não podem ser alcançadas pela lógica".
Apesar das diferenças pode-se dizer que a arte conceitual é uma tentativa de revisão da noção de obra de arte arraigada na cultura ocidental. A arte deixa de ser primordialmente visual, feita para ser olhada, e passa a ser considerada como idéia e pensamento. Muitos trabalhos que usam a fotografia, xerox, filmes ou vídeo como documento de ações e processos, geralmente em recusa à noção tradicional de objeto de arte, são designados como arte conceitual. Além da crítica ao formalismo, artistas conceituais atacam ferozmente as instituições, o sistema de seleção de obras e o mercado de arte. George Maciunas, um dos fundadores do Fluxus, redige em 1963 um manifesto em que diz: "Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual', profissional e comercializada. Livrem o mundo da arte morta, da imitação,da arte artificial, da arte abstrata... Promovam uma arte viva, uma antiarte, uma realidade não artística, para ser compreendida por todos [...]". A contundente crítica ao materialismo da sociedade de consumo, elemento constitutivo das performances e ações do artista alemão Joseph Beuys, pode ser compreendida como arte conceitual.
Embora os artistas conceituais critiquem a reivindicação moderna de autonomia da obra de arte, e alguns pretendam até romper com princípios do modernismo, há algumas premissas históricas que podem ser encontradas em experiências realizadas no início do século XX. Os ready-mades de Marcel Duchamp, cuja qualidade artística é conferida pelo contexto em que são expostos, seriam um antecedente importante para a reelaboração da crítica dos conceituais. Outro importante antecedente é o Desenho de De Kooning Apagado, apresentado por Robert Rauschenberg em 1953. Como o próprio título enuncia, em um desenho de Willem de Kooning, artista ligado à abstração gestual surgida nos Estados Unidos no pós-guerra, Rauschenberg, com a permissão do colega, apaga e desfaz o seu gesto. A obra final, um papel vazio quase em branco, levanta a questão sobre os limites e as possibilidades de superação da noção moderna de arte. Uma experiência emblemática é realizada pelo artista Robert Barry, em 1969, com a Série de Gás Inerte, que alude à desmaterialização da obra de arte, idéia cara à arte conceitual. Uma de suas ações, registrada em fotografia, consiste na devolução de 0,5 metro cúbico de gás hélio à atmosfera em pleno deserto de Mojave, na Califórnia.
O brasileiro Cildo Meireles, que participa da exposição Information, realizada no The Museum of Modern Art - MoMA [Museu de Arte Moderna] de Nova York, em 1970, considerada como um dos marcos da arte conceitual, realiza a série Inserções em Circuitos Ideológicos. O artista intervém em sistemas de circulação de notas de dinheiro ou garrafas de coca-cola, para difundir anonimamente mensagens políticas durante a ditadura militar.
Tópicos:
· Surgida na Europa e nos Estados Unidos no fim da década de 1960 e meados dos anos 1970;
· O termo arte conceitual é usado pela primeira vez num texto de Henry Flynt, em 1961;
· Joseph Kosuth – “Investigações” (1969) e “Uma e Três Cadeiras”;
· Grupo Arte & Linguagem (Inglaterra, 1966) - “Art-Language” (primeira edição da revista em 1969);
· Sol LeWitt – “Sentenças” (1969);
· George Maciunas (Fluxus), redige em 1963 um manifesto em que diz: "Livrem o mundo da doença burguesa, da cultura 'intelectual';
· Marcel Duchamp - “Ready-mades”;
· Robert Rauschenberg - “Desenho de De Kooning Apagado” (1953);
· Robert Barry - “Série de Gás Inerte” (1969);
· Cildo Meireles, brasileiro – “Inserções em Circuitos Ideológicos” (1970);
https://enciclopedia.itaucultural.org.br/termo3187/arte-conceitual

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