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CCJ0009-WL-AMMA-05-Polifonia e intertextualidade [Modo de Compatibilidade]


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Teoria e Prática da Narrativa Jurídica
Professor Nelson Tavares
AULA 5
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POLIFONIA E 
INTERTEXTUALIDADE NA 
CONSTRUÇÃO DO DISCURSO 
JURÍDICO
O aluno deverá ser capaz de:
- Compreender a relevância da polifonia para a
produção do discurso jurídico;
- Reconhecer a polifonia como fenômeno
intertextual;
- Rescrever trechos e parágrafos por meio de
paráfrases (citações indiretas);
- Dominar as recomendações da ABNT acerca do
uso de citações diretas. AULA 5
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SENTENÇA
Vistos, etc. O Representante do Ministério Público Federal
ingressou com a presente ação criminal contra LLL, qualificado
na inicial de fls. 02, como incurso nas sanções dos art. 129, caput
e 331 c/c o art. 69 do Código Penal, por ter, sucessivamente,
desacatado e agredido o Patrulheiro Rodoviário Federal FFF, no
dia 12 de fevereiro de 1997, na Rodovia BR-235, no Município de
Itabaina/SE, quando esse procedia à lavratura de um auto de
infração de trânsito, cometido por um terceiro.
Narra a denúncia que, após várias pessoas terem solicitado
ao patrulheiro relevar a falta, as quais se encontravam próximas
do evento, o denunciado, sendo mais incisivo e motivado por
anterior discussão com o aludido policial, passou a dirigir-lhe
ofensas verbais, inclusive com ameaças, tendo-lhe desferido um
tapa no seu rosto e, após ser perseguido, voltou a produziu novas
lesões na vítima, agora utilizando-se de um pedregulho. AULA 5
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Laudo de Exame de Lesões Corporais a fls. 13 e 14.
Recebida a denúncia (fl. 64), e por estar prejudicada a
proposta de suspensão do processo, nos moldes previstos no art.
89 da Lei nº 9.099/95 (fls. 35, 47, 48, 63 e 129), procedeu-se ao
interrogatório do réu (fls. 81 e 82).
Em seu interrogatório, o acusado negou ter agredido o
policial rodoviário e esclareceu que, ao avistar um colega seu ser
autuado pelos patrulheiros, encaminhou-se ao local e, por
encontrar-se embriagado, tropeçou e acabou por esbarrar em um
deles, originando toda a confusão. Informa também, “por ouvir
dizer”, que uma pessoa conhecida por “Branquinho” teria sido o
autor da pedrada que acertou o policial.
À fl. 83, a defesa prévia do acusado.
Foram ouvidos o ofendido, cujas declarações encontram-se às
fls. 145 e 146, e duas testemunhas de acusação, cujos
depoimentos encontram-se às fls. 147 e 182. AULA 5
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Também foram colhidos os depoimentos de três
testemunhas arroladas pela defesa (fls. 213, 214, 215 e 234).
No prazo do art. 499 do CPP, o MPF nada requereu (fl. 236).
A defesa do acionado, apesar de intimada para os fins do art.
499 do CPP, manteve-se silente (fls. 238, 239 e 240).
O Ministério Público Federal, em suas razões finais (fls. 241
e 242), à vista das provas coligidas aos autos, e pela aplicação
do princípio da consunção (absorção), requer a condenação do
réu nas sanções do art. 331 do Código Penal (desacato), cuja
conduta absorveria o crime de lesões corporais leves.
Às fls. 246 a 251, as alegações finais do acusado, em que
argúi, preliminarmente, pela necessidade de se propor a
suspensão condicional do processo, nos termos do art. 89 da Lei
n.º 9.099/95, já que o impedimento alegado pelo órgão acusativo
não veio acompanhado de prova hábil para tanto.
AULA 5
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No mérito, nega ter o réu desacatado o policial rodoviário
e, mesmo, ter lançado contra ele uma pedra, o que lhe
ocasionou as lesões descritas no laudo pericial.
Argumenta pela inexistência de dolo específico face ao
estado de embriaguez do réu, conforme se depreende da
prova testemunhal produzida, não se podendo considerar,
assim, a conduta do agente como típica.
Pugna, ao final, pela sua absolvição.
É o relatório.
AULA 5
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POLIFONIA TEOR INFORMATIVO RELEVÂNCIA
Ministério 
Público
Após algumas pessoas tentarem dissuadir
o patrulheiro a não lavrar o auto de
infração, o denunciado ofendeu-o
verbalmente e o ameaçou. Desferiu-lhe um
tapa no rosto, foi perseguido e lesionou-o
outra vez, utilizando-se de um pedregulho.
Esclarecimento 
de como
ocorreram as 
agressões, na 
versão do MP.
Acusado
Em seu interrogatório, o acusado negou ter
agredido o policial rodoviário e esclareceu
que, ao avistar um colega seu ser autuado
pelos patrulheiros, encaminhou-se ao local
e, por encontrar-se embriagado, tropeçou e
acabou por esbarrar em um deles,
originando toda a confusão. Informa
também, “por ouvir dizer”, que uma pessoa
conhecida por “Branquinho” teria sido o
autor da pedrada que acertou o policial.
Versão do 
acusado 
difere da 
versão do MP. 
Segundo ele, 
não agiu de 
forma 
calculada; foi 
tudo um 
acidente. 
AULA 5
Em qualquer caso, é sempre importante indicar 
aquele que diz (fonte).
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ELEMENTOS LINGUÍSTICOS QUE TÊM O PAPEL 
DE MARCAR A POLIFONIA
Conjunções 
conformativas
segundo, conforme,
como, conforme, de
acordo com, etc.
Verbos introdutores 
de vozes
(verbos de dizer)
dizer, falar, enfatizar,
afirmar, advertir, ponderar,
confidenciar, alegar.
AULA 5
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Questão 3: o texto adiante é rico em polifonia. Identifique
essas ocorrências e comente qual o papel dessas
informações na construção do texto.
O Ministério Público de Santa Catarina impediu que o
bacharel em Direito Carlos Augusto Pereira prestasse concurso
público para Promotor de Justiça do órgão, por ele ser cego.
Ele recorreu da decisão, mas teve o seu pedido negado.
Na carta em que justifica a medida, o MP de Santa
Catarina alegou que a função é indelegável, e Pereira,
"obrigatoriamente, teria que se socorrer de pessoas estranhas
ao quadro funcional que não prestaram juramento público.”
O Presidente da Comissão de Concurso, Pedro Sérgio
Steil, afirmou que o "Promotor tem de preservar o sigilo e não
pode repassá-lo a ninguém. Há impossibilidade de exercício
profissional de uma pessoa com essa deficiência". AULA 5
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Já o Presidente da Associação Nacional do Ministério
Público, Marfam Vieira, discorda. "Não vejo incompatibilidade.
Há áreas em que ele poderia atuar perfeitamente. E é função
do Ministério Público proteger o deficiente físico, sobretudo
porque a Constituição determina reserva de vaga nos
concursos públicos. É lamentável que o MP de Santa Catarina
esteja praticando um ato de discriminação". Marfam vai pedir à
presidência da Associação do MP daquele Estado que reveja a
decisão. Carlos Augusto Pereira afirmou que, "se fosse
aprovado, teria um funcionário investido de fé pública", para ler
os documentos para ele.
"A orientação da manifestação ministerial seria dada por
mim. Além disso, há sistemas que fazem a leitura pelo
computador, como os sintetizadores de voz", ressaltou, ainda,
Vieira.
AULA 5
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O Estado de Santa Catarina tem na Procuradoria da
Advocacia Geral da União - órgão federal - um cego, Orivaldo
Vieira. Há casos semelhantes em outros Estados do país. O
procurador do Trabalho, Ricardo Marques da Fonseca, chefe
da Procuradoria Regional de Campinas, e o defensor público
Valmery Jardim, também são cegos.
O bacharel é funcionário concursado da Justiça Eleitoral.
Na ocasião do concurso, para auxiliá-lo nos exames, foram
designados dois advogados: um leu para ele a prova e os
livros usados para consulta, e o outro escreveu as respostas.
O candidato considera ter sido uma vítima do preconceito
e vai mover uma ação em face do órgão catarinense e exigir
indenização por danos morais.
AULA 5
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Ainda segundo o Corregedor-Geral do MP de Santa
Catarina, “um cego precisaria, em algumas circunstâncias, do
auxílio de outra pessoa. A tecnologia fornece facilidades, mas o
reconhecimento de provas ou o exame de uma perícia ficam
prejudicados. Não é razoável que o Estado tenha de criar uma
estrutura para viabilizar uma exceção”
AULA 5
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CITAÇÃOCITAÇÃO
INDIRETA
(PARÁFRASE)DIRETA
Até 3 linhas
No corpo do texto, com aspas,
sem itálico ou outro destaque.
Fonte times New Roman 12.
Mais de 3 linhas
Recuo de 4cm, fonte Times
New Roman 10, espaço
simples. Sem aspas ou itálico.
Sem limite de linhas. Usar
as suas próprias palavras
para revelar o conteúdo
do texto citado. Manter o
sentido original. Indicar
sempre a fonte.
Orientações da ABNT:
AULA 514
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3 cm
3 cm 2 cm
2 cm
Espaço 
1,5 ou 2,0 
e fonte 12
Espaço 
1,0 e 
fonte 10
4 cm
AULA 5
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Questão 1:
leia a ementa do julgado abaixo, cujo relator foi o
Desembargador Jorge Magalhães, e parafraseie, em texto
corrido, na forma de parágrafo, essas ideias em até cinco
linhas.
Adoção cumulada com destituição do poder
familiar. Alegação de ser homossexual o adotante.
Deferimento do pedido. Sendo o adotante
professor de ciências de colégios religiosos, cujos
padrões de conduta são rigidamente observados, e
inexistindo óbice outro, também é a adoção, a ele
entregue, fator de formação moral, cultural e
espiritual do adotado. A afirmação de
homossexualidade do adotante, preferência
individual constitucionalmente garantida, não pode
servir de empecilho à adoção de menor. AULA 5
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Questão 2:
assim como no exercício anterior, leia o fragmento,
compreenda seu sentido global e parafraseie seu
conteúdo: “Consoante orientação de Malhães, ‘os estudantes
que estão se iniciando na vida intelectual precisam ser
orientados pelos seus professores, a fim de adquirirem
familiaridade com os livros e habilidades na seleção das obras
a serem consultadas’”. ()
AULA 5