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DIREITO DE FAMÍLIA divisão, natureza e características Divisão do direito de família Há muito tempo o Código Civil de 1916 não retratava o panorama atual da família, derrogado em grande parte por inúmeras leis complementares, que dificultam o estudo sistemático da matéria (VENOSA, 2002, p.30). O velho Código Civil pátrio, de cunho individualista, ao contrário das codificações individualistas da França, de 1804, e da Alemanha, de 1896, sucumbiu à pressão de fatos sociais novos. O legislador pátrio optou por substituir o velho código por outro compatível com a realidade econômico-social (MAGALHAES, 2003, p.59). O Código Civil atual traz uma visão social do Direito como um todo, no que diz respeito a sua manutenção como instrumento de ordenação e reordenação social, o que exige de seus operadores maior atenção (AMARAL, 2003, p.44). O Código Civil de 1916 versava sobre três grandes temas: o casamento, as relações de parentescos e os direitos protetivos. Essa mesma estrutura, com inúmeras inovações, é mantida pelo Código Civil vigente. (VENOSA, 2002, p.30). O direito de família, segundo Lotufo (2002, p.21) e demais doutrinadores, compõe-se de três partes, a saber: a) direito matrimonial; b) direito parental; c) direito assistencial ou protetivo. O direito matrimonial abrange as normas relativas ao casamento, referentes às formalidades preliminares, aos impedimentos, à celebração, às nulidades, aos direitos e deveres dos cônjuges, ao regime de bens e à dissolução. (LOTUFO, 2002, p.23). O direito parental compreende as normas referentes à filiação legítima, à legitimação, à filiação simplesmente natural, à filiação espúria, à adoção, ao poder familiar e aos alimentos. (GOMES, 1999, p.3). O direito assistencial abrange os institutos da tutela e da curatela, que são direcionadas aos incapazes. (LOTUFO, 2002, p.23). Natureza do direito de família Das várias partes em que, segundo a tradição escolástica originada na doutrina romana, se subdivide todo o direito, o direito de família é que tem posição e aspectos mais especiais, passíveis de inúmeras discussões (RUGGIERO, 1999, p.31). O direito de família disciplina as relações entre pessoas, no que tange o casamento, o parentesco e a filiação, protegendo o indivíduo e o grupo familiar (LOTUFO, 2002, p.19). A questão, segundo Lopes (2001, p.29), sobre a natureza jurídica do direito de família envolve três correntes doutrinárias: a) a corrente privatista; b) a corrente publicista; c) a corrente intermediária ou conciliadora. O direito de família se revela como de natureza privatista, mesmo que admita a prevalência das normas de direito cogente. Todavia, os juristas modernos questionam esta posição ao proclamar o crescente interesse do Estado pela organização da vida familiar (LOPES, 2001, p.23). É procedente a observância da ordem pública no direito de família, porém o seu lugar é na esfera do direito privado, dado o tipo de relações jurídicas que pretende disciplinar (PEREIRA, 2002, p.22). Por outro lado, o interesse do Estado pela família faz com que o ramo do direito que disciplina as relações jurídicas que se constituem dentro dela se situe mais perto do direito público do que do privado. Dentro do direito de família, o interesse do Estado é maior do que o indivíduo (RODRIGUES, 2001, p.11). Embora o direito de família, na maioria das vezes, se utilize normas imperativas para ordenar as relações entre seus membros, a pretensão de deslocar a família do direito privado representa um contra-senso (BORDA, 1993 apud VENOSA, 2002, p.24). Por fim, na corrente intermediária, o direito de família pode ser visto, ou como um direito especial e singular, ou como um direito social, ou como um direito indefinível e oscilante, quanto a sua qualificação precisa (LOPES, 2001, p.29). O direito de família, na verdade, é direito privado e parte integrante do direito civil, em virtude dos sujeitos das relações que disciplina, do conteúdo dessas relações, dos fins de seu ordenamento e da formas de atuação (GOMES, 1999 apud DINIZ, 2002, p.28). Características do direito de família A família constitui o alicerce de toda a organização social, sendo compreensível, portanto, que o Estado queira preservar e fortalecer. (RODRIGUES, 2001, p.11). O Estado, segundo Venosa (2002, p.23), intervém na estrutura da família em prol da preservação da célula que o sustenta. Os direitos subjetivos privados dividem-se em direitos patrimoniais e extrapatrimoniais, conforme sejam, ou não, suscetíveis de apreciação pecuniária (GOMES, 1999, p.8). Os direitos de família são direitos subjetivos, em regra, extrapatrimoniais, de natureza personalíssima, sendo, portanto, irrenunciáveis, intransmissíveis e intransferíveis, pois se ligam à pessoa do seu titular, que deles não pode se desfazer, nem submetê-los a condição ou termo (LOTUFO, 2002, p.23). Por ser, o direito de família, um direito extrapatrimonial, logo é personalíssimo, irrenunciável, intransmissível, não admitindo condição ou termo ou o seu exercício por intermédio de procurador (MONTEIRO, 1980 apud DINIZ, 2002, p.26). Os direitos de família, quando encarados através do ângulo individual e como direitos subjetivos, é a sua natureza personalíssima, isto é, esses direitos são intransferíveis, intransmissíveis por herança, irrenunciáveis; eles se ligam à pessoa em virtude de sua posição na relação familiar, não podendo o titular transmiti-los, ou deles despirem-se (...). (RODRIGUES, 2001, p.13). REFERÊNCIAS AMARAL, Luiz Otávio de Oliveira. O novo código civil, começa o III milênio no direito brasileiro. Revista Jurídica Consulex. Brasília: Consulex, v.7, n.147, p.43-45, 28 fev. 2003. BRASIL. Código Civil (2002). 2.ed. Brasília: Câmara dos Deputados, 2002. ____. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil: texto constitucional promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas Constitucionais nº 1/92 a 42/2003 e pelas Emendas Constitucionais de Revisão nº 1 a 6/94. Brasília: Senado, 2004. DINIZ, Maria Helena. Curso de direito brasileiro. 18.ed. São Paulo: Ed. Saraiva, 2002. 5 v. _______. Código civil anotado. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. GOMES, Orlando. Direito de família.11.ed. Rio de Janeiro: Revista Forense, 1999. LOPES, Miguel Maria de Serpa. Curso de direito civil: direito de família. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2001. 8 v. LOTUFO, Maria Alice Zaratin. Curso avançado de direito civil. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2002. 5 v. MONTEIRO, Washington de Barros. Curso de direito civil. 36. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 2 v. OLIVEIRA Euclides Benedito de. União estável: do concubinato ao casamento antes e depois do novo código civil. 6. ed. São Paulo: Método, 2003. OLIVEIRA, Euclides Benedito de. Direito de família no novo código civil. Revista do Instituto dos Advogados de São Paulo. São Paulo: Revista dos Tribunais, v.5, n.10, p.236-253, jul./dez. 2002. PEREIRA, Caio Mario da Silva. Instituições de direito civil. 13. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2002. 5 v. PEREIRA, Rodrigo da Cunha. Repertório de doutrina sobre direito de família. São Paulo: Revista dos Tribunais, 1999. 4 v. PEREIRA, Sergio Gisckow. O direito de família e o novo código civil: alguns aspectos polêmicos ou inovadores. Revista Jurídica. Porto Alegre: Nota Dez, v.51, n.313, p.7-18, nov.2003. RODRIGUES, Silvio. Direito civil: direito de família. 26. ed. São Paulo: Saraiva, 2001. 6 v. _________. Direito civil: direito de família. 27. ed. São Paulo: Saraiva, 2002. 6 v. RUGGIERO, Roberto de.Instituições de direito civil. São Paulo: Bookseller, 1999. 2v. SANTOS, Jonny Maikel. O novo código civil e a prestação alimentar. Disponível em: <http://www1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=4740>. Acesso em: VENOSA, Silvio de Salvo. Direito civil: direito de família. 2.ed.v.6. São Paulo: Atlas, 2002. ________. Direito civil: direito de família.5. ed. v.6. São Paulo: Atlas, 2005.
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