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ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO E PENSÃO ALIMENTÍCIA - ARTIGO EDVIRGENS_revisado

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A ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO NO PROCESSO DE DIVÓCIO CONSENSUAL QUANDO HÁ FILHOS MENORES
O Ministério Público assume papel de destaque na ordem jurídica brasileira, assim designado pela Constituição Federal de 1988 como instituição essencial à função jurisdicional do Estado.
No seu perfil constitucional, o Ministério Público tem a atribuição de defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais e individuais indisponíveis, conforme a norma constitucional do artigo 127, caput, da Constituição Federal de 1988.
Associadamente ao perfil constitucional do Ministério Público que direciona a defesa do que é essencial no contexto social, as relações familiares atuais passam a encontrar base no afeto, pela evolução dos valores éticos da sociedade e pelo novo conceito de família trazido pela Constituição Federal de 1988. E a intervenção judicial no divórcio em que haja discussão de direitos indisponíveis, não fica imune a esse contexto.
A afetividade é o móvel propulsor da constituição e manutenção da família. A partir disso, veda-se ao Estado intervir nas relações conjugais para evitar a sua dissolução. Não havendo mais o afeto, o ideal da comunhão de vida, aos cônjuges é facultada a dissolução do vínculo conjugal, como decorrência do direito potestativo e do direito de autodeterminação afetiva, sem que isso possa ser impedido pelo interesse do Estado de suposta preservação da moral e da ordem públicas e do patrimônio adquirido pelo grupo familiar, pois se trata de direito inerente à dignidade da pessoa humana.
Quanto à ação de divórcio consensual, a intervenção do Ministério Público tem previsão legal no art. 731 e seguintes do Código de Processo Civil, que aponta que o procedimento a ser seguido será de jurisdição voluntária. 
O Ministério Público será intimado para, no prazo de 30 (trinta) dias, intervir como fiscal da ordem jurídica nas hipóteses previstas em lei ou na Constituição Federal e nos processos que envolvam interesse de incapaz como está previsto no art. 178, inciso II do Código de Processo Civil. Desta forma, é necessária a intervenção do Promotor de Justiça nos processos de separação e divórcio de casais com filhos menores de 18 anos, manifestando-se inclusive a respeito da guarda compartilhada ou unilateral, a visita e definição da pensão alimentícia. O Promotor de Justiça pode, também, propor investigação de paternidade.
Restou previsto que nessas ações o Ministério Público somente intervirá quando houver interesse de incapaz, devendo ser ouvido previamente à homologação de acordo como está disposto no artigo 698 do Código de Processo Civil. 
Assim, na ação de divórcio, somente deve ocorrer a atuação interventiva quando se dirige à defesa de interesses individuais indisponíveis. Por fim, confirma-se, então, a hipótese de atuação do Ministério Público previstos no Texto Constitucional e a completa disponibilidade atual do divórcio. Não deve ocorrer a intervenção do mesmo sem que haja a presença, no debate do divórcio, de interesses de incapazes, estes, sim, indisponíveis. Apenas estes interesses ensejam a atividade protetiva ministerial, o que acontece em diversos feitos judiciais relativos ao divórcio, diante da presença de interesses de filhos incapazes dos cônjuges, geralmente crianças e adolescentes.
PENSÃO ALIMENTÍCIA
"Pais separados continuam pais e mães separadas continuam mães para o resto da vida". Com essa frase, o Promotor de Justiça Leonardo Henrique Marques Lehmann visa mostrar que com o divórcio consensual, o casal que possui filhos menores de idade precisa tratar dos direitos e deveres destes. Assim, é preciso decidir sobre os alimentos.
A pensão alimentícia é um direito, previsto nos artigos 1.694 a 1.710 do Código Civil de 2002, que garante a parentes, cônjuges ou companheiros a possibilidade de pedir ao alimentando o auxílio financeiro para que tenham condição de se alimentar, se vestir, estudar, cuidar da própria saúde, enfim, de satisfazer as suas necessidades básicas
O dever alimentar dos pais está expressamente previsto na Constituição Federal, em seu artigo 229 que demonstra que os pais têm o dever de assistir, criar e educar os filhos menores.
Além da relação de parentesco, é imperativo que haja necessidade do alimentando, conforme preconiza o art. 1.695 do Código Civil que são devidos os alimentos quando quem os pretende não tem bens suficientes, nem pode prover, pelo seu trabalho, à própria mantença, e aquele, de quem se reclamam, pode fornecê-los, sem desfalque do necessário ao seu sustento.
 Assim, uma vez constatado o grau de parentesco e a necessidade, reconhece-se o dever de prestar alimentos.
Quando se fala em pensão alimentícia, o cenário mais comum é o de um filho menor de idade ou a pessoa responsável pela sua guarda pedindo ao ex-companheiro a pensão para ajudar nos gastos do menor.
Entretanto, a possibilidade de entrar com um pedido de alimentos não está restrita às crianças e adolescentes, de acordo com o que estipula o artigo 1.694 do Código Civil supracitado. Ou seja, é possível que um filho peça pensão alimentícia para os pais; que os pais peçam pensão alimentícia para os filhos; que ex-cônjuges e companheiros peçam pensão alimentícia para seus antigos parceiros e até que um irmão peça pensão alimentícia para o outro.
Porém, deve-se lembrar de que, para entrar com o pedido de pensão alimentícia, é necessário o beneficiário comprovar que necessita daquela renda para sobreviver e suprir as suas necessidades mais elementares, como a própria alimentação.
O pedido de pensão alimentícia deve ser feito pelo requerente assistido por um advogado ou Defensor Público (nos casos onde o requerente é hipossuficiente financeiramente), que ajuíza uma ação de alimentos em face do alimentante.
Caso a ação seja consensual, e ambas as partes cheguem a um acordo homologado por um juiz, o beneficiário terá um título executivo judicial que representa a obrigação alimentar, seus valores e métodos de pagamento previamente estabelecidos.
Caso a ação se torne litigiosa, a disputa judicial ocorre normalmente, até que a sentença de mérito do juiz seja proferida, apresentando os valores, métodos de pagamentos e datas estabelecidas.
Embora a pensão alimentícia ainda seja regida pelos artigos 1.694 a 1.710 do Código Civil e pela Lei nº 5.478/68, o Novo CPC (Lei nº 13.105/15) trouxe algumas mudanças para a área.
Em primeiro lugar, nas situações onde a pensão alimentícia é executada fundada em título extrajudicial, o Novo CPC exige que:
“Art. 911. […] o juiz mandará citar o executado para, em 3 (três) dias, efetuar o pagamento das parcelas anteriores ao início da execução e das que se vencerem no seu curso, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de fazê-lo”.
Além disso, o Novo CPC previu que o alimentante que não paga o que deve pode ter seu nome negativado. Também especificou que o devedor que é preso deve cumprir regime fechado, o que não era explícito anteriormente.
A possibilidade do alimentado pedir que a pensão seja descontada diretamente da folha de pagamento do alimentante também foi uma mudança que o Novo CPC trouxe, conforme o artigo 529 aponta:
“Art. 529. Quando o executado for funcionário público, militar, diretor ou gerente de empresa ou empregado sujeito à legislação do trabalho, o exequente poderá requerer o desconto em folha de pagamento da importância da prestação alimentícia”.
 Nas ações de alimentos, o Magistrado deve, desde logo, fixar os alimentos provisórios, nos temos do art. 4º da Lei 5.478/68: 
Art. 4º. Ao despachar o pedido, o juiz fixará desde logo alimentos provisórios a serem pagos pelo devedor, salvo se o credor expressamente declarar que deles não necessita. 
No caso de processos litigiosos, o advogado ou defensor público precisam sinalizar a necessidade de fixação de tal provisão legal, face à dificuldade financeira enfrentada pelo o requerente do menor. Assim, visto que é de extrema necessidade a alimentação dos Requerentes, deve-se fixar imediatamente os alimentos provisórios, na exata proporção do binômio necessidadedo alimentado e capacidade econômica do alimentando, nos termos do §1º do art. 1.694 do Código Civil de 2002.
No diapasão, o Tribunal de Santa Catarina entendeu que há a necessidade de adequação do quantum alimentar. Vejamos:
“A fixação dos alimentos provisórios deve atender ao binômio necessidade x possibilidade. Comprovado que o Alimentante possui elevado padrão de vida, com sinais exteriores de riqueza, a majoração do quantum alimentar é medida que se impõe, adequando-se o binômio necessidade/possibilidade, devidamente conjugado com a proporcionalidade.” (TJ-SC - AG: 20140018323 SC 2014.001832-3 (Acórdão), Relator: João Batista Góes Ulysséa, Data de Julgamento: 12/11/2014, Segunda Câmara de Direito Civil Julgado).
Nesse caso, a pensão alimentícia deverá atender as necessidades básicas do alimentado e as possibilidades do alimentante, conforme o seu padrão de vida.
Importante ressaltar que não há uma fórmula específica para estipular o valor que será cobrado em uma ação de alimentos. No entanto, o cálculo da pensão alimentícia leva em consideração as variáveis “necessidade, possibilidade e proporcionalidade”.
Leva-se em conta a necessidade financeira do requerente, ou seja, quanto dinheiro é necessário para que a pessoa consiga viver de acordo com os seus gastos; a possibilidade financeira do alimentante, quanto ele pode pagar; e a proporção de rendimentos entre os alimentantes (caso sejam pai e mãe pagando para o filho, por exemplo). Isso para que dividam as contas da forma mais igual possível, levando em consideração a possibilidade de ambos.
Lembrando que o objetivo da pensão alimentícia não é de dar o suficiente para cobrir a subsistência do indivíduo requerente, mas sim possibilitar que essa pessoa mantenha o mesmo padrão de vida que tem.
A pensão alimentícia não possui um prazo determinado de pagamento. O que se leva em consideração para determinar quanto tempo o requerente receberá a pensão é a sua necessidade financeira e a possibilidade da parte pagante continuar pagando.
Para pensão alimentícia para filhos menores de idade, é comum que a pensão seja paga até a maioridade. Entretanto, a pensão pode ir mais longe, contando que seja provada a necessidade da mesma e a impossibilidade do requerente de ser financeiramente independente.
A falta de independência financeira também vale para a pensão de alimentos para ex-companheiros e ex-cônjuges. É importante ressaltar que a pensão alimentícia, no geral, tem caráter temporário. Ela é necessária enquanto a pessoa necessita daquele dinheiro para viver e se organiza financeiramente para não depender mais do valor. Em casos onde a pessoa é incapaz de ser financeiramente independente, como em casos de doenças, deficiências ou idade, a pensão alimentícia pode ser vitalícia.
BIBLIOGRAFIA
BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em: 06 dez. 2021.
BRASIL, Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Código Civil. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/l10406compilada.htm. Acesso em: 06 dez. 2021.
BRASIL, Lei nº 13.105, de 16 de março de 2015. Código de Processo Civil. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2015/lei/l13105.htm. Acesso em: 06 dez. 2021.
BRASIL, Lei nº 5.478, de 25 de julho de 1968.Dispõe sobre ação de alimentos e dá outras providências. Brasília, DF: Presidência da República. Disponível em: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l5478.htm. Acesso em: 06 dez. 2021.
TJ.SC AGRAVO DE INSTRUMENTO: AG. 20140018323 SC 2014.001832-3 (Acórdão) Relator: João Batista Góes Ulysséa. DJ: 12/11/2014. JusBrasil, 2014. Disponível em: https://tj-sc.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/25327626/agravo-de-instrumento-ag-20140018323-sc-2014001832-3-acordao-tjsc . Acesso em: 06 dez. 2021.
Artigo publicado na Revista Justitia, do Ministério Público do Estado de São Paulo, n. 197,p. 287-292 (jul.-dez. 2007). Disponível em: http://www.mazzilli.com.br/pages/artigos/obrigajus.pdf. Acesso em: 06 dez. 2021.
Como o ministério público atua nos processos da área da família? Disponível em: https://www.mpsc.mp.br/areas-de-atuacao/familia. Acesso em: 06 dez. 2021.

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