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Microbiologia Clínica Dra. Maíra Barcellos Marini 1 Revisão para AV2 maira.marini@estacio.br Mestre em Ciências- UFRJ Doutora em Ciências Farmacêuticas- UFRJ Pós-doutora em Ciências Farmacêuticas- UFRJ 2 Microbiologia Clínica O papel do laboratório de microbiologia no diagnóstico laboratorial Microbiologia de qualidade visa Resultados confiáveis e Clinicamente relevantes. A Microbiologia de qualidade minimiza: Falsos Positivos (Falsas infecções) Falsos Negativos Terapêutica desnecessária; Prolongamento do internamento; Pedidos adicionais de exames. Falta de tratamento adequado; Risco para os outros doentes e profissionais; Pedidos adicionais de exames. 2 3 Microbiologia Clínica O papel do laboratório de microbiologia no diagnóstico laboratorial Ciclo analítico Utilização adequada do laboratório Técnicas validadas e controladas Resultados relevantes 3 Pré-analítica Analítica Pós-analítica 4 Microbiologia Clínica O papel do laboratório de microbiologia no diagnóstico laboratorial Racionalização dos pedidos de exames; Colheita correta das amostras; Tempo e condições de transporte. Pré-analítica 4 5 Microbiologia Clínica Esquema de identificação Espécime Diluições Meio seletivo Não seletivo Diferencial Colônia característica Cultura pura ISOLAMENTO ISOLAMENTO Testes Presuntivos Testes Definitivos Bioquímica Imunológicos Coloração de gram CARACTERIZAÇÃO CARACTERIZAÇÃO 5 6 Microbiologia Clínica Testes presuntivos Morfologia da colônia; Coloração de gram; Pigmentação natural ou na luz UV Testes Definitivos Aspectos Bioquímicos e Fisiológicos; Aspectos Imunologicos; Susceptibilidade a drogas antimicrobianas; Biologia Molecular: PCR, sequenciamento 6 7 7 Infecções do trato gastrointestinal (TGI) 8 Microbiologia Clínica Termos Usados para descrever infecções do TGI Infecções do trato gastrointestinal (TGI) 9 Microbiologia Clínica Alimentos Água Pessoas Ingestão de microrganismos e/ou toxinas Intestino Crescimento microbiano e produção de toxinas; infecção restrita ao TGI Diarreia Invasão pelos microrganismos ou absorção de toxinas Disseminação Sintomas de infecção sistêmica: Febre, etc. Excreção de patógenos nas fezes Fezes de seres humanos ou animais contendo microrganismos patogênicos ou suas toxinas 10 AULA 8 11 Microbiologia Clínica São bactérias aeróbias, Em forma de bastonete, Não formam esporos. Não são facilmente coradas resistem à descoloração por ácido ou álcool denominadas bacilos álcool ácidosrresistentes (BAAR) Intracelulares infectam e colonizam o interior de macrófagos; Patógenos oportunistas em indivíduos: MICOBACTÉRIAS Iminunocomprometidos; E algumas vezes em pacientes com sistema imunológico normal. http://theskinnyonscience.files.wordpress.com/2010/04/mycobacterium-tuberculosis.jpg Estrutura da parede celular das micobactérias (A) Membrana plasmática; (B) Peptidoglicanos; (C) Arabinogalactano; (D) Lipoarabinomananos manosiladas; (E) Proteínas associadas a membrana plasmática e a parede celular; (F) Ácido micólico e (G) Moléculas de glicolipídeos de superfície associados aos ácidos micólicos. KARAKOUSIS, P.C., BISHAI, W.R. and DORMAN, S.E. Mycobacterium tuberculosis cell envelope lipids and the host immune response. Cellular Microbiology. 2004, 6(2),105-116. Microbiologia Clínica MICOBACTÉRIAS 12 12 13 Microbiologia Clínica Principais espécies de micobactérias patogênicas: MICOBACTÉRIAS O que é a Hanseníase? Doença crônica; Infectocontagiosa; Agente etiológico: Mycobacterium leprae que infecta os nervos periféricos e, mais especificamente, as células de Schwann. bacilo álcool-ácido resistente. LEPROSY, WADE HISTOID; CASES, A. SERIES OF. HANSENÍASE HISTOIDE DE WADE: SÉRIE DE CASOS. Brasília Med, v. 58, p. 1-5, 2021. LEPROSY, WADE HISTOID; CASES, A. SERIES OF. HANSENÍASE HISTOIDE DE WADE: SÉRIE DE CASOS. Brasília Med, v. 58, p. 1-5, 2021. 14 15 Microbiologia Clínica BACTÉRIA DO SISTEMA NERVOSO Espécie Características gerais Doenças Mycobacterium leprae micobactérias ainda não cultiváveis hanseníase (lepra) Capacidade de infectar grande número de indivíduos (alta infectividade) no entanto poucos adoecem (baixa patogenicidade). A doença acomete principalmente pele e nervos periféricos podendo levar a sérias incapacidades físicas. É um parasita intracelular obrigatório, Uma espécie de micobactéria que infecta nervos periféricos especificamente células de Schwann https://www.infoescola.com/biologia/sistema-nervoso/ http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/hanseniase/11294-descricao-da-doenca HANSENÍASE (LEPRA) se enrolam dezenas de vezes em torno do axônio e formam uma capa membranosa, chamada bainha de mielina. Essas células se enrolam dezenas de vezes em torno do axônio e formam uma capa membranosa, chamada bainha de mielina. A bainha de mielina atua como um isolamento elétrico e aumenta a velocidade de propagação do impulso nervoso ao longo do axônio. 15 Como se transmite? Guia Prático Hanseníase. Ministério da Saúde, 2017. . http://www.sgc.goias.gov.br/upload/arquivos/2015-11/o-que-E-hansenIase-texto-revisado-2015.pdf 16 contato próximo e prolongado de uma pessoa suscetível com um doente com hanseníase que não está sendo tratado. A bactéria é transmitida pelas vias respiratórias (pelo ar), e não pelos objetos utilizados pelo paciente. Estima-se que a maioria da população possua defesa natural (imunidade) contra o M. leprae. Portanto, a maior parte das pessoas que entrarem em contato com o bacilo não adoecerão. É sabido que a susceptibilidade ao M. leprae possui influência genética. Assim, familiares de pessoas com hanseníase possuem maior chance de adoecer. 16 17 Microbiologia Clínica BACTÉRIAS DO SISTEMA NERVOSO Espécie Características gerais Doenças Mycobacterium leprae micobactérias ainda não cultiváveis hanseníase (lepra) Modo de transmissão: Período de incubação: Transmissibilidade: doentes com poucos bacilos – Paucibacilares (PB) não são considerados importantes como fonte de transmissão da doença devido à baixa carga bacilar. http://www.saude.gov.br/saude-de-a-z/hanseniase/11294-descricao-da-doenca Transmitida principalmente pelas vias áreas superiores por meio de contato próximo e prolongado pessoa suscetível pessoa doente sem tratamento longo período de incubação em média, de 2 a 7 anos. doentes com muitos bacilos (multibacilares-MB) constituem o grupo contagiante, assim se mantendo como fonte de infecção, enquanto o tratamento específico não for iniciado. HANSENÍASE (LEPRA) 17 Diagnóstico Guia Prático Hanseníase. Ministério da Saúde, 2017. . Para fins operacionais de tratamento, os doentes são classificados em: presença de 6 ou + lesões de pele OU baciloscopia de raspado intradérmico positiva Paucibacilares (PB) Multibacilares (MB) presença de até 5 lesões de pele com baciloscopia de raspado intradérmico negativo. 18 18 Quadro Clínico Guia Prático Hanseníase. Ministério da Saúde, 2017. . 19 Dor, choque e/ou espessamento de nervos periféricos; • Diminuição e/ou perda de sensibilidade nas áreas dos nervos afetados, principalmente nos olhos, mãos e pés; • Diminuição e/ou perda de força nos músculos inervados por estes nervos, principalmente nos membros superiores e inferiores e, por vezes, pálpebras; • Edema de mãos e pés com cianose (arroxeamento dos dedos) e ressecamento da pele; • Febre e artralgia, associados a caroços dolorosos, de aparecimento súbito; • Aparecimento súbito de manchas dormentes com dor nos nervos dos cotovelos (ulnares), joelhos (fibulares comuns) e tornozelos (tibiais posteriores); • Entupimento, feridas e ressecamento do nariz; • Ressecamento e sensação de areia nos olhos. 19 20 Características gerais: Microbiologia Clínica TUBERCULOSE Nos tecidos Bastonetes retos e finos 0,4 x 3 mm Em cultura formas cocoides e filamentosa Podem ser classificados como gram positivos ou gram negativos Os verdadeiros bacilos da tuberculose caracterizam-se pela sua “álcool-acidorresistência”Técnica de Ziehl-Neelsen coloração mais empregada para identificação de BAAR. BACTÉRIAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 21 Doença infecciosa e transmissível que afeta prioritariamente os pulmões, embora possa acometer outros órgãos e/ou sistemas; causada pelo Mycobacterium tuberculosis ou bacilo de Koch; Representa a maior causa de morte por doença infecciosa em adultos; No Brasil: Microbiologia Clínica TUBERCULOSE http://saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose Doença é um sério problema de saúde pública, com profundas raízes sociais 70 mil casos novos por ano e 4,5 mil mortes em decorrência da tuberculose. IMPORTANTE: cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose no mundo, e a doença leva mais de um milhão de pessoas a óbito anualmente. Forma pulmonar mais frequente e a mais relevante para a saúde pública responsável pela manutenção da cadeia de transmissão BACTÉRIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 22 Microbiologia Clínica TUBERCULOSE http://saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose Diagnóstico: Baciloscopia (pesquisa de bacilos álcool-ácido resistentes (BAAR) em esfregaços de amostras preparados e corados segundo uma metodologia padronizada, através do microscópio.) teste rápido molecular para tuberculose cultura para micobactéria Radiografia de tórax/fadiga. Por imagem (exame complementar): Bacteriológicos: BACTÉRIAS DO SISTEMA RESPIRATÓRIO 23 Microbiologia Clínica TUBERCULOSE http://saude.gov.br/saude-de-a-z/tuberculose Tratamento: dura no mínimo seis meses, é gratuito e está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS), devendo ser realizado pelo regime de Tratamento Diretamente Observado (TDO). BACTÉRIA DO SISTEMA RESPIRATÓRIO AULA 9 24 25 Microbiologia Clínica Pele: Primeira linha de defesa do organismo contra patógenos; Quase impossível para os patógenos penetrar essa barreira física. Podem entrar atravessando pequenas rupturas na pele, não imediatamente perceptíveis. Considerada local inóspito para a maioria nos microrganismos: Secreções ácidas; Pouca umidade. áreas entre as pernas têm umidade suficiente para abrigar populações bacterianas relativamente grandes. As axilas 26 Microbiologia Clínica Pele: A epiderme, quando intacta, e uma barreira física efetiva contra os microrganismos. proporcionam vias de passagem, através das quais os microrganismos podem entrar nos tecidos mais profundos. folículos pilosos ductos das glândulas sudoríparas e sebáceas 27 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Dois gêneros de bactérias: Infecções superficiais da pele, causadas por estafilococos e estreptococos são muito comuns. Ambos os gêneros também podem produzir enzimas invasivas e toxinas nocivas. Staphylococcus e Streptococcus são causas frequentes de doenças associadas à pele 28 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Termos que descrevem as erupções de pele: lesões pequenas e preenchidas por fluidos Vesículas Vesículas com diâmetro maior do que cerca de 1 cm Bolhas Bolhas 29 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Termos que descrevem as erupções de pele: Lesões planas e avermelhadas Lesões elevadas são chamadas de pápulas ou, quando contem pus. Pústula Mácula 30 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Infecções de pele por Estafilococos Linhagens coagulase-negativas: Staphylococcus epidermidis representam cerca de 90% da microbiota normal. comuns na pele só são patogênicas quando a barreira da pele e rompida invadida por procedimentos médicos ou inserção e a remoção de cateteres venosos. Revisão 31 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Infecções de pele por Estafilococos Na superfície do cateter: São circundadas por uma camada limosa de material capsular As bactérias que as protege da dessecação e dos desinfetantes Revisão 32 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Infecções de pele por Estafilococos Staphylococcus aureus residente permanente das passagens nasais de 20% da população Mais patogênico S. aureus infecta a pele estimula uma resposta inflamatória vigorosa macrófagos e neutrófilos são atraídos para o sitio de infecção tem diversos mecanismos de evasão das defesas do hospedeiro e cerca de 60% a carreiam ocasionalmente. Pode sobreviver meses nas superfícies. Forma colônias amarelo-douradas pigmentação é um fator protetor contra os efeitos antimicrobianos da luz solar. Revisão 33 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Características gerais: Infecções de pele por Estreptococos Bactérias gram-positivas; células estreptocócicas normalmente crescem em cadeias Causam um amplo espectro de condições clinicas, além das abordadas na aula, tais como: meningite, pneumonia, dor de garganta, otite media, endocardite, febre puerperal e caries dentarias. Revisão 34 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Formas de infecção Erisipela: A pele apresenta erupções formadas por machas avermelhadas na pele A doença pode progredir e causar: infecção, em geral inicia na face e frequentemente e precedida por uma dor de garganta estreptococica. Febre alta e comum. Infecta a camada dérmica da pele S. pyogenes Infecções de pele por Estreptococos a destruição de tecidos locais ou mesmo atingir a corrente sanguínea causando sepse 34 35 Microbiologia Clínica DOENÇAS BACTERIANAS DA PELE Fatores de Virulência: Infecções de pele por Estreptococos Secretam toxinas e enzimas que variam de acordo com a espécie de estreptococos; Toxinas: Hemolisinas capazes de lisar hemácias: gama-hemolíticos (não hemolíticos) alfa-hemolíticos beta-hemolíticos frequentemente são associados a doenças humanas pode ser subdividido em grupos sorológicos, designados de A a T de acordo com os carboidratos antigênicos de suas paredes celulares. estreptococos do grupo A Streptococcus pyogenes são os estreptococos beta-hemolíticos mais importantes Revisão 36 Microbiologia Clínica Doenças Virais da pele Varicela (catapora) e “cobreiro” (herpes zóster) Herpesvírus varicella-zoster Doença é adquirida quando o vírus entra no sistema respiratório; A infecção se estabelece nas células da pele após cerca de 2 semanas. Habilidade de permanecer latente dentro do organismo. fármacos antivirais: aciclovir, valaciclovir e fanciclovir 36 37 Microbiologia Clínica Erupções maculares Lesões planas e avermelhadas Sarampo Rubéola Quinta doença; Roséola Doença da mão - pé - boca Virais Candidíase Fúngicas 38 Microbiologia Clínica Erupções vesiculares e pustulares Lesões elevadas são chamadas de pápulas ou, quando contem pus. lesões pequenas e preenchidas por fluidos 39 Microbiologia Clínica Processamento de Amostras Amostras de Tecidos: Tecido subcutâneo e amostras de pele Manual de Procedimentos Básicos em MICROBIOLOGIA CLÍNICA para o Controle de Infecção Hospitalar – Módulo I – Ministério da Saúde – Anvisa - 2000 40 Microbiologia Clínica Processamento de Amostras Amostras de Tecidos: Biópsia da Pele Descontaminar a superfície com solução de iodo (tintura de iodo 1% a 2 % ou PVPI a 10%), que deverá ser removida com solução fisiológica para evitar queimadura e reação alérgica. Procedimento médico, coletar 3 mm a 4 mm de amostra. Colocar num recipiente estéril, sem formalina, com meio de cultura líquido fornecido pelo laboratório. - Procedimento: Manual de Procedimentos Básicos em MICROBIOLOGIA CLÍNICA para o Controle de Infecção Hospitalar – Módulo I – Ministério da Saúde – Anvisa - 2000 41 Microbiologia Clínica Processamento de Amostras Amostras de Tecidos: Secreções de Ocular Desprezar a secreção purulenta superficial e, com swab, colher o material da parte interna da pálpebra inferior. Identificar corretamente a amostra e enviar imediatamente ao laboratório, evitando a excessiva secagem do material. - Procedimento: As culturas deverão ser coletadas antes da aplicação de antibióticos, soluções, colírios ou outros medicamentos. Manual de Procedimentos Básicos em MICROBIOLOGIACLÍNICA para o Controle de Infecção Hospitalar – Módulo I – Ministério da Saúde – Anvisa - 2000 AULA 10 e 11 42 43 Microbiologia Clínica Sistema Urinário: Composto de órgãos que regulam a composição química e o volume do sangue por isso excreta principalmente água e resíduos nitrogenados. Suscetível às infecções pois fornece uma abertura ao meio externo. As membranas mucosas que recobrem o sistema urinário são úmidas e, comparadas à pele, mais suscetíveis ao crescimento bacteriano. dois rins, dois ureteres, uma única bexiga urinária, e uma única uretra. - O sistema urinário consiste em: 44 Microbiologia Clínica Sistema Reprodutivo: Compartilha vários órgãos com o sistema reprodutivo. Função produzir gametas para propagar as espécies e , nas fêmeas dar suporte e garantir o desenvolvimento embrionário e do feto. Também possui aberturas para o ambiente externo e, assim, está propenso a infecções. Contato sexual íntimo pode promover a troca de patógenos microbianos entre os indivíduos. Não é surpreendente que determinados patógenos tenham se adaptado a esse ambiente e a um modo de transmissão sexual e não são capazes de sobreviver em ambientes mais rigorosos. 45 Microbiologia Clínica Sistema Reprodutivo: Compartilha vários órgãos com o sistema reprodutivo. Função produzir gametas para propagar as espécies e , nas fêmeas dar suporte e garantir o desenvolvimento embrionário e do feto. Também possui aberturas para o ambiente externo e, assim, está propenso a infecções. Contato sexual íntimo pode promover a troca de patógenos microbianos entre os indivíduos. Não é surpreendente que determinados patógenos tenham se adaptado a esse ambiente e a um modo de transmissão sexual e não são capazes de sobreviver em ambientes mais rigorosos. 46 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário São iniciadas mais frequentemente por uma inflamação da uretra, ou uretrite. A infecção da bexiga é denominada cistite. A infecção dos ureteres, ureterite. O perigo mais significativo das infecções do trato urinário inferior podem migrar para os ureteres afetar os rins, causando a pielonefrite. Ocasionalmente, os rins são afetados por infecções bacterianas sistêmicas, como a leptospirose encontrados na urina excretada. Infecções bacterianas do sistema urinário ocasionadas por micróbios que penetram no sistema a partir de fontes externas. A maioria das infecções urinárias é causada por Escherichia coli. Infecções por Pseudomonas, devido a sua resistência natural aos antibióticos, são especialmente problemáticas. 47 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário 48 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário Cistite maioria dos casos deve-se a infecções por E. coli Podem ser identificadas com o cultivo em meio diferencial como o ágar MacConkey. Outra causa bacteriana frequente é o Staphylococcus saprophyticus coagulase-negativo. inflamação comum da bexiga em mulheres. Os sintomas frequentemente incluem: disúria (dificuldade, dor e urgência para urinar) e piúria. Tem menos de 5 cm de comprimento microrganismos a atravessam facilmente. A taxa de infecção do sistema urinário em mulheres é cerca de oito vezes maior que em homens. Bem mais próxima do ânus e de suas bactérias intestinais contaminantes Mulheres Em ambos os gêneros: 49 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário Cistite Amostra de urina com mais de 100 unidades formadoras de colônia (UFC) por mL de patógenos potenciais (como coliformes) de uma paciente com cistite é considerada significativa. O diagnóstico deve incluir também um teste de urina positivo para: trimetoprim-sulfametoxazol normalmente reverte os casos de cistite com rapidez. fluoroquinolona ou ampicilina frequentemente resistência à antimicrobianos é encontrada. Diagnóstico: leucócito esterase (LE) enzima produzida pelos neutrófilos – que indica uma infecção ativa. Tratamento: 50 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário Pielonefrite Em 25% dos casos não tratados, a cistite pode progredir para pielonefrite inflamação de um ou ambos os rins. febre e dor nos flancos ou nas costas. O agente envolvido em cerca de 75% dos casos é a E. coli. A pielonefrite geralmente resulta em bacteremia; Culturas sanguíneas e uma coloração de Gram da urina identificação da presença de bactérias. Uma amostra de urina contendo + de 10.000 UFC/mL e um teste de LE positivo indicam pielonefrite. Se a pielonefrite se tornar crônica, formam-se cicatrizes nos rins, o que prejudica significativamente o seu funcionamento. Sintomas: Diagnóstico: pielonefrite é uma condição que oferece potencial risco à vida Tratamento se inicia com a administração intravenosa, de longo prazo cefalosporina de segunda ou terceira geração. antibiótico de amplo espectro 50 51 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário Leptospirose O agente causador é a espiroqueta Leptospira interrogans. A Leptospira tem uma forma característica: A leptospirose é principalmente uma doença de animais domésticos ou silvestres, mas pode ser transmissível aos seres humanos e, algumas vezes, provocar doença renal ou hepática severa. uma espiral extremamente fina, de cerca de apenas 0,1 m de diâmetro, enrolada tão firmemente que é quase imperceptível em uma visualização em microscópio de campo escuro. Como outras espiroquetas, a L. interrogans cora-se fracamente e é difícil de ser visualizada em microscópio óptico normal. Aeróbio obrigatório Cresce em uma variedade de meios artificiais suplementados com soro de coelho. 52 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Urinário Leptospirose Diagnóstico: Teste sorológico que é complicado e, normalmente, feito em laboratórios centrais de referência. Entretanto, muitos testes rápidos estão disponíveis para o diagnóstico preliminar. Também pode ser realizado pela amostragem de sangue, urina ou outros fluidos para o microrganismo ou seu DNA. Doxiciclina (uma tetraciclina) é o antibiótico recomendado para o tratamento; entretanto, a administração de antibióticos em estágios tardios frequentemente é insatisfatória. Uma explicação para esse fato pode ser que as reações imunes são responsáveis pela patogênese nesse estágio. Em um pequeno número de casos, os rins e o fígado tornam-se gravemente infectados (doença de Weil); a insuficiência renal é a causa mais comum de morte. Tratamento: 53 Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Reprodutivo 54 Espécie Características gerais Doenças Neisseria gonorrhoeae diplococo Gram-negativo, aeróbio obrigatório, não formador de esporos gonorreia ou blenorragia muito sensível ao dessecamento só é transmitida por contato íntimo sobrevive nas membranas mucosas do trato geniturinário. Diagnóstico presuntivo bacterioscopia da secreção uretral no homem é mais fácil do que na mulher. Culturas deste material permite identificação do agente. Diagnóstico molecular por sondas de DNA mais preciso e rápido. Homens intensa dor no canal uretral devido à infecção; Mulheres vaginite branda que dificulta o diagnóstico clinico diferencial de outras vaginites facilitando portanto a sua transmissão pode causar infecções oculares em recém nascidos. pode resultar na doença pélvica inflamatória (DPI) Mais utilizado Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Reprodutivo 55 Espécie Características gerais Doenças Chlamydia trachomatis bactéria intracelular obrigatória, gram-negativa Clamidioses: uretrites, tracoma, linfogranuloma venéreo Chlamydia trachomatis Possui vários biótipos que causam clamidioses; uretrite não gonocóccica (UNG) infecção secundária a gonerreia usualmente inaparente: Linfogranuloma venéreo uma Doença Sexualmente Transmissível (DST) entumescimento dos nódulos linfáticos inguinais (virilha); Diagnóstico suabes vaginais, dacervix e de secreções utilizando-se anticorpos específicos e marcados ou técnicas moleculares como a PCR. Homens poucos casos apresentam edema testicular e infecção da próstata; Mulheres causa cervicite, doença pélvica inflamatória e danos às trompas de Falópio. Se não for tratada, esta UNG pode levar à infertilidade. Microbiologia Clínica Doenças bacterianas do Sistema Reprodutivo
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