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Fichamento - História do pensamento econômico Capítulo 1 - Introdução 1. Uma definição do capitalismo O capitalismo surge lentamente, em um período de séculos que se estabelece primeiro na Europa Ocidental. (A medida que surgia, as pessoas buscavam compreendê-lo) Forças produtivas → Tecnologia produtiva de uma sociedade. “O desenvolvimento histórico das forças produtivas tem resultado em uma capacidade crescente de as sociedades produzirem excedentes cada vez maiores.” O excedente social é “aquela parte da produção material da sociedade que sobra, após serem deduzidos os custos materiais necessários para a produção.” Esse excedente é dividido em dois grupos: 1. Aquele que trabalha exaustivamente para produzir o necessário para perpetuar o modo de produção, bem como o excedente social. 2. Outra minoria que se apropria desse excedente e o controla. Modo de produção “Conjunto social da tecnologia de produção (as forças produtivas) e os arranjos sociais através dos quais uma classe une suas forças produtivas para produzir todos os bens, inclusive o excedente, e a outra dele se apropria (as relações sociais de produção). Definição do capitalismo → O capitalismo é caracterizado por quatro conjuntos de arranjos institucionais e comportamentais: 1. Produção de mercadoria Quando os produtores são fabricados sem interesse pelo seu valor de uso, mas sim pelo seu valor de troca. A produção de mercadoria não é um meio de satisfação de necessidade. “Nesse tipo de economia, existem, inter-relações e dependências econômicas extremamente complexas e que não envolvem interação e associação pessoal direta. O indivíduo interage somente com a instituição social e impessoal do mercado. 1.1 Valor dos produtos Valor de uso: Uso na satisfação das nossas necessidades.Todo produto de trabalho humano, tem valor de uso. Valor de troca: Os produtos que têm valor de troca, podem ser trocados por moeda. Os produtos do trabalho humano têm valor de troca somente nos modos de produção caracterizados pela produção de mercadorias. 2. Propriedade privada dos meios de produção Um determinado grupo tem o poder de decisão de determinar como matérias-primas, ferramentas, maquinaria e prédios destinados à produção podem ser usados. Isso significa que necessariamente outros indivíduos são excluídos desse processo. ( a classe que controla os meios de produção é capitalista e dominante) 3. A existência de uma - numerosa - classe trabalhadora → Aquela que não tem qualquer controle sobre os meios necessários para a execução de suas atividades produtivas. “O trabalhador típico entra no mercado possuindo e controlando somente uma coisa - sua capacidade de trabalho.” “O capitalismo faz da força produtiva humana uma mercadoria em si”, forçando um conjunto de condições onde as pessoas não podem viver, a não ser que sejam capazes de vender sua força de trabalho.” 4. Comportamento individualista É necessário para o controle dos trabalhadores, nos primórdios do capitalismo isso foi feito colocando os trabalhadores em uma situação onde recebiam salários tão baixos, que o único modo de reduzir a insegurança era trabalhando mais horas para obter um salário mais adequado. Com a superação desse estado o capitalismo tem sido obrigado a recorrer cada vez mais a novos tipos de dominação, um novo ethos social seria o consumismo. Quando o capitalismo não atinge o seu objetivo de consumo total, sofre depressões. A economia europeia Pré-capitalista. Para entender o processo de desenvolvimento capitalista, é necessário compreender as dinâmicas do feudalismo. Os costumes e a tradição são a chave para a compreensão das relações medievais, o que governava eram os costumes vigentes no feudo. O sistema capitalista se baseia no cumprimento de leis de caráter universalistas e contratos. “A sociedade medieval era predominantemente agrária. A hierarquia social era baseada nos laços do indivíduo com a terra, e o sistema social por inteiro repousava sobre uma base agrícola [..] O mais importante avanço tecnológico da Idade Média foi a substituição do sistema de plantio de dois campos para o sistema de três campos.” O sistema de três campos aumentou a área cultivada, em qualquer época, em até 50%, com essa mudança se possibilitou um rápido aumento do crescimento da população, também houve um rápido aumento de concentração urbana, estreitamente ligado à expansão da população. “O crescimento das vilas e cidades conduziu ao crescimento da especialização rural-urbana”, resultando no desenvolvimento do comércio inter-regional e de longa distância. O crescimento do comércio de longa distância. A expansão do comércio de longa distância levou ao estabelecimento de cidades industriais e comerciais para servir a esse comércio, as cidades interferiram na agricultura e na indústria, particularmente a agricultura, teve seus laços enfraquecidos e, por fim, rompidos com a estrutura socioeconômica feudal. O sistema doméstico de trabalho e o nascimento da indústria capitalista. Com o avanço do processo capitalista, o trabalhador deixa de vender um produto acabado ao comerciante e começa a vender seu próprio trabalho. O controle capitalista se estendeu ao processo de produção, foi criada uma força de trabalho que possuía pouco ou nenhum capital e não tinha nada a vender além de sua força de trabalho.Essas características marcam o surgimento do sistema econômico do capitalismo. Outras forças na transição para o capitalismo. O despertar intelectual do século XVI, promoveu o progresso científico que foi aproveitado na prática da navegação.”Em um curto período, os europeus tinham mapeado rotas marítimas para as Índias, a África e as Américas. Essas descobertas tiveram uma dupla importância: primeiro, resultaram num fluxo rápido e intenso de metais preciosos para a Europa, em segundo lugar, anunciaram uma época de colonização.” Durante o século XVI, os preços subiram na Europa, os preços dos produtos manufaturados aumentaram muito mais rápido do que os aluguéis ou os salários.”Isso quer dizer que a classe dos proprietários de terras (a nobreza feudal) e a classe trabalhadora sofreram, porque suas rendas subiram menos rapidamente do que suas despesas. A classe capitalista foi a grande beneficiária da revolução dos preços.Recebeu lucros cada vez maiores e pagou salários cada vez mais baixos, comprando matérias-primas que se valorizavam muito durante o tempo em que eram mantidas em estoque.” Esses lucros maiores foram acumulados como capital. O capital é mais do que a aquisição de objetos físicos, refere-se a um conjunto complexo de relações sociais. As quatro fontes mais importantes de acumulação inicial de capital foram: 1. O volume do comércio, que cresceu rapidamente 2. O sistema industrial de produção doméstica 3. O movimento dos cercamentos 4. A grande inflação de preços Capítulo 3 - Adam Smith (p.57/97) → Elabora um modelo abstrato completo e coerente com a natureza, estrutura e funcionamento do sistema capitalista . O contexto histórico das ideias de Adam Smith O fato de o capitalismo romper com os grilhões do feudalismo e conseguir permanecer com as transições do mercantilismo constrói as características necessárias e especificamente intrínsecas para o funcionamento do sistema. Esse processo é exemplificado pela indústria inglesa que entre 1700 e 1770 avançou a passos largos na sua produção interna além de aumentar as indústrias de exportação em 76%, a alta demanda por produtos industrializados desencadeou a Revolução Industrial. No século 18 a Inglaterra já tinha garantido uma economia de mercado bem desenvolvida, com lucros sem precedentes, o resultado é que outros países procuram reproduzir esse sistema levando a explosão de inovações tecnológicas que acontecem no final do século 18 e no início do 19, transformando radicalmente o mundo. A indústria têxtil é de suma importância, o desequilíbrio entre os processos de fiação e tecelagem levam a muitas inovações que precisamgarantir a eficiência, essas novas criações 1são 1 A roda de fiar e a lançadeira móvel são substituídas pelas fiandeiras de fusos, o filatório contínuo e a fiadeira automáticas. mais econômicas para as fábricas localizadas perto das fontes de energia hidráulica e pelo exemplo pequenas oficinas domésticas são transformadas em indústrias fabris. A indústria metalúrgica também teve seu papel na arrancada da produção fabril mecanizada, a necessidade de uma maior quantidade de matéria prima para combustível impulsiona o desenvolvimento do motor a vapor que no fim do século 18 já substitui a água como principal fonte de energia na indústria, essa movimentação importante impulsiona o crescimento das principais cidades industriais (porque precisa de uma boa logística integrada). As novas cidades garantem o aumento da produtividade e também o crescimento da população, esse rápido crescimento coloca a Inglaterra na posição de maior potência econômica e política do século 19. Em meados do século 18 diversas cidades comerciais e industriais desenvolveram as manufaturas2. “A manufatura era um centro de produção em que um capitalista possuía o prédio, os equipamentos de produção e as matérias e contratava operários assalariados para fazer o trabalho.” o grau de divisão do trabalho nas manufaturas é o que garante o aumento da produtividade do trabalho. É também nessa organização que o comerciante capitalista é economicamente distinto do mercador e do trabalhador assalariado, nessas manufaturas estava claro o grande potencial da organização capitalista de produção, a divisão do trabalho nas manufaturas é o que garante o aumento da produtividade do trabalho. Nesse contexto, Smith foi o primeiro economista importante a fazer a clara distinção entre os lucros que se destinavam ao capital industrial, salários, aluguéis e os lucros do capital comercial. As três principais características categorias funcionais de renda 1. Lucro 2. Aluguéis 3. Salário Correspondem às três classes sociais mais importantes do sistema capitalista de sua época 1. Os capitalistas 2. Os proprietários de terra 3. Os operários “livres” → que só podem viver se vender a sua força de trabalho em troca de um salário. 2 Onde cada operário realiza uma operação utilizando instrumentos individuais. As teorias de história e sociologia, de Smith “Uma análise das origens e do desenvolvimento do conflito de classes na sociedade de uma análise da maneira pela qual o poder era exercido na luta de classes.” (p.60) Nessas teorias a ideia de “mão invisível” aparece como justificativa ao comportamento dos homens, que não é independente mas sim, apenas o funcionamento sistemático de leis naturais. Smith também acreditava que havia quatro estágios distintos de desenvolvimento econômico. Em cada estágio, o entendimento dos métodos de produção e distribuição das necessidades econômicas de uma sociedade era a chave para a compressão de suas instituições sociais e governos. Todas as sociedades estavam basicamente em algum desses estágios e só passa para o seguinte quando estivesse presente o conjunto apropriado de circunstâncias geográficas, econômicas e culturais é que acontece uma evolução social progressista. 1. A caça “O estado mais baixo e rude da sociedade, tal como encontramos entre as tribos nativas da América do Norte.” Não existe nenhuma forma de poder ou de privilégios institucionalizada, porque a base econômica necessária para esses privilégios e para esse poder não existia , nessas sociedades a pobreza e a precariedade são igualdade. “Neste estado de coisas, não existe, na verdade, soberanos ou bem comum.” 2. O pastoreio “Um estado mais avançado da sociedade, tal como encontramos entre os tártaros e os árabes.” O desenvolvimento da economia permite maiores agrupamentos sociais, a produção era baseada na domesticação de animais e a criação exigia uma existência nômade. “Nesse tipo de sociedade, encontramos, pela primeira vez, uma forma de riqueza que pode ser acumulada - o gado. A propriedade do gado tornou-se, então, a primeira forma de relação de propriedade e com ela surgiu a necessidade de criar uma proteção institucionalizada do privilégio de poder.” (p.61) 3. A agricultura Identificado com a economia medieval, feudal, da Europa Ocidental. “Nesse estágio, as sociedades se fixam permanentemente em uma área, e a agricultura se tornava a atividade econômica mais importante. Com isso, a propriedade da terra passava a ser a relação de propriedade mais significativa na diferenciação das classes, segundo seus privilégios de poder. Naquela época, todas as terras ‘foram ocupadas, em sua maioria, por poucos, mas grandes proprietários.’ ” A propriedade de grandes áreas de terra é a fonte de poder social e político. Portanto, a sociedade era dividida em governados e governantes que eram considerados geneticamente superiores aos governados. A lei da primogenitura impedia as grandes propriedades rurais de serem divididas, protegendo o poder da classe dirigente. “Quando a terra era considerada, não como um simples meio de subsistência, mas como um meio de poder e proteção, achava-se que era melhor ela ser herdada por uma só pessoa.” Duas características desse estágio são de particular importância: primeiramente, a nobreza rica era severamente limitada nas formas pelas quais poderia usar sua riqueza; em segundo lugar, esse método de organização econômica envolvia a manipulação do poder absoluto pela nobreza, com muito poucos direitos e muito pouca liberdade para a grande maioria do povo. 4. O comércio A extensão dos direitos e o aumento da liberdade da maioria dos produtores é o que garante o avanço até o estágio mais alto, ou comercial, da sociedade. O aparecimento das cidades europeias foi a grande força que levou ao estabelecimento do estágio comercial de desenvolvimento social. "Nas cidades, surgiu um novo ambiente político no qual os produtores gozavam de mais liberdade do que tiveram em qualquer estágio anterior de desenvolvimento social. Também houve uma extensão muito maior dos direitos de propriedade, que permitiu aos produtores aspirar à criação de riqueza para si próprio e não para um senhor. Essa maior liberdade e segurança liberou um dos mais poderosos motivos humanos: a vontade de acumular riqueza materiais. Smith acreditava que a natureza tinha, em toda parte, criado uma ilusão nas pessoas a de que a felicidade pessoal era fruto, principalmente, da riqueza material. É bom que a natureza se nos imponha desta maneira. É esta ilusão que cria e mantém o movimento contínuo da operosidade da humanidade. Foi ela que primeiro incitou os homens a cultivar o solo, a construir casas, a fundar cidades e comunidades e a inventar e fazer progredir todas as ciências e artes que enobrecem e embelezam a vida humana” (p.62) O crescimento das cidades Na opinião do autor, o crescimento das cidades transformou a agricultura rural e criou o estágio comercial da sociedade, o capitalismo criou os mercados onde os senhores feudais podiam trocar seus excedentes agrícolas por manufaturados. O desejo de obter manufaturados levou aos movimento de cercamentos, isso porque a agricultura medieval já demonstrava a sua ineficiência, a vontade de comprar mais produtos levou os senhores a aumentar a eficiência, mandando embora os colonos desnecessários e diminuindo o número de trabalhadores da terro ao número necessário para cultivá-la. Todo esse processo é atribuído a característica considerada mais progressista no capitalismo - o aumento da liberdade e da segurança da maioria dos produtores. “ Uma agricultura orientada para o comércio estabeleceu a base econômica para a expansão das cidades e para um crescimento contínuo da manufatura lucrativa. A partir daí, o desenvolvimento da indústria e do comércio promoveu a produção agrícola eficiente e capitalista, que, por sua vez, incentivou o maior desenvolvimento da agricultura capitalista.O crescimento dessa troca mutuamentebenéfica criou a sociedade comercial ou capitalista.” (p.63) As classes sociais Em uma sociedade capitalista, diferentes condições de propriedade são a base das grandes divisões de classes. A propriedade determinava a fonte de renda de um indivíduo, e essa fonte de renda era o principal determinante do status da classe social. Porém, Smith não tinha dúvidas quanto ao fato de que, das três classes sociais, o trabalho é o único criador de valor ou riqueza → “não foi com o ouro nem com a prata, mas com trabalho, que toda a riqueza do mundo foi comprada pela primeira vez.” (p.63) Isso também destaca a diferença entre os capitalista (classe mais poderosa e dominante) e os trabalhadores. A teoria do valor, de Smith “O ponto de partida dessa teoria é o reconhecimento de que, em todas as sociedades, o processo de produção pode ser reduzido a uma série de esforços humanos.” O trabalho é o primeiro preço pago quando se tem um trabalho de força humana envolvido (toda riqueza foi gerada com algum tipo de trabalho empregado), logo o pré-requisito para qualquer mercadoria ter valor é que ela seja produto do trabalho humano. Existe uma evolução com a importância do trabalho nas relações de troca, mas ele sempre esteve estabelecido desde as economias pré-capitalistas “Se, por exemplo, em uma nação de caçadores, de modo geral, o trabalho de matar um castor custar o dobro do trabalho de matar um veador, um castor deve ser, naturalmente, trocado por dois veados. [...] Neste estágio, todo o produto do trabalho pertence ao trabalhador, e a quantidade de trabalho comumente empregada na aquisição ou na produção de qualquer mercadoria é a única circunstância que pode regular a quantidade de trabalho que deve ser, normalmente, a necessária para ter a mercadoria, comprá-la ou trocá-la” Todavia, quanto os capitalistas assumem o controle dos meios de produção, o valor de troca passou a ser a soma das três partes componentes: os salários, os lucros e os aluguéis “Quando as terras de qualquer país se transformam, todas elas, em propriedade privada, os proprietários, como todos os outros homens, passam a querer colher o que nunca plantaram e exigem um aluguel.” ● O valor de troca de uma mercadoria é determinado pela quantidade de trabalho contido nessa mercadoria. Para determinar qualquer preço é necessário considerar → Mão de obra indireta (o trabalho que produziu os meios usados na produção) e a Mão de obra direta (o trabalho direto envolvido naquela produção) ● Quando os capitalistas assumem o controle dos meios de produção, e os proprietários de terras monopolizam a terra e os recursos naturais, o valor de troca (preço) passou a ser a soma das três partes componentes: os salários, os lucros e os aluguéis. → soma dos três componentes básicos do preço (deveria se incorporar no valor do produtos esses custos agregados) Preço natural e preço de mercado Preço de mercado → verdadeiro preço da mercadoria, baseado nas forças da oferta e da demanda. Preço natural → a receita seria só a soma necessária para o pagamento dos três componentes básicos do preço. “Havia porém uma ligação muito importante entre o preço de mercado e o preço natural”, uma espécie de “força de equilíbrio”
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