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CAP-16 ANTICORPOS

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Capítulo 16 - Anticorpos: Receptores Solúveis de Antígeno
INTRODUÇÃO
Os anticorpos se ligam aos antígenos estranhos marcando-os para sua
eliminação. São encontrados em diversos fluidos biológicos, porém estão presentes em
altas concentrações no soro sanguíneo, do qual são mais facilmente obtidos. Os
anticorpos devem defender um animal contra uma variedade de microrganismos,
incluindo: bactérias, vírus e protozoários. Eles também devem agir em diferentes regiões,
como sangue, leite e mucosas. Portanto não é surpreendente que existam várias classes
de imunoglobulinas. Cada classe atua em um ambiente específico: a IgA, por exemplo,
protege as mucosas. As imunoglobulinas também podem apresentar atividade específica
contra um grupo de patógenos. A IgE, por exemplo, é efetiva para a defesa contra
helmintos.
IMUNOGLOBULINAS
Anticorpos são glicoproteínas denominadas imunoglobulinas. O termo imunoglobulina
é usado para descrever todos os BCRs solúveis. Há cinco diferentes classes (ou isótipos)
de imunoglobulinas, que diferem entre si pela função da cadeia pesada. A classe
encontrada em maior concentração no soro é chamada de IgG; a classe com a segunda
maior concentração (na maioria dos mamíferos) é a IgM; e a terceira classe mais
abundante é a IgA. Entretanto, IgA é a predominante em secreções como saliva, leite e
fluido intestinal. A IgD é essencialmente um BCR e raramente é encontrada em fluidos
corpóreos. A IgE é encontrada em concentrações muito baixas no soro e medeia reações
alérgicas.
CLASSES DE IMUNOGLOBULINAS
-IMUNOGLOBULINA G
A IgG é produzida por plasmócitos no baço, linfonodos e medula óssea. É a
imunoglobulina encontrada em maior concentração no sangue (Tabela 16-2), exercendo
um papel fundamental na resposta imune mediada por anticorpos.
Por ser a menor das imunoglobulinas, a IgG pode
migrar mais facilmente dos vasos sanguíneos do que outros isótipos. Esta característica é
de extrema importância durante inflamações, pois o aumento da permeabilidade
vascular permite que a IgG participe da defesa de tecidos e de mucosas. A IgG liga-se a
antígenos específicos, como os encontrados na superfície de bactérias.
-IMUNOGLOBULINA M
A IgM também é produzida por plasmócitos em órgãos linfoides secundários. A IgM é a
segunda imunoglobulina mais concentrada no soro, depois da IgG, na maioria dos
mamíferos.
A IgM é a principal imunoglobulina produzida durante a resposta imune primária
(Figura 16-5). Ela também pode ser produzida em respostas secundárias, porém tende a
ser subestimada pela predominância de IgG. Embora produzida em pequenas
quantidades, a IgM é mais eficiente (em base molar) do que a IgG para a ativação do
sistema complemento, opsonização, neutralização viral e aglutinação. Devido ao seu
grande tamanho, as moléculas de IgM raramente entram nos fluidos teciduais, mesmo
quando há sítios de inflamação aguda.
IMUNOGLOBULINA A
A IgA é secretada por plasmócitos localizados nas mucosas e produzida nas paredes do
intestino, trato respiratório, sistema urinário, pele e glândulas mamárias.
A IgA produzida em mucosas é transportada pelas células epiteliais para secreções
externas. A maior parte de IgA produzida na parede intestinal, por exemplo, é carreada
para o fluido intestinal. O transporte ocorre mediante a ligação de IgA ao receptor para
imunoglobulina polimérica (plgR), ou componente secretor, presente em células
epiteliais intestinais (Fig. 22-13). O componente secretor se liga a dímeros de IgA,
formando uma molécula complexa, chamada IgA secretora (S-IgA), e protegendo-a
contra a degradação por proteases intestinais.
A IgA secretora é a principal imunoglobulina presente nas secreções externas de
animais não ruminantes. Ela é fundamental na proteção contra a invasão microbiana aos
tratos intestinal, respiratório e urogenital, de glândulas mamárias e olhos. A IgA não
ativa a via clássica do sistema complemento nem pode atuar como opsonina, entretanto
pode aglutinar antígenos particulados e neutralizar vírus. Além disso, impede a
aderência de micróbios invasores às mucosas.
IMUNOGLOBULINA E
A IgE, assim como a IgA, é produzida principalmente por plasmócitos presentes em
mucosas. Apresenta formato de “Y” típico das imunoglobulinas, composta por quatro
cadeias, com quatro domínios constantes nas cadeias pesadas e peso molecular de 190
kDa (Fig. 16-7). A IgE, entretanto, está presente no soro em concentrações extremamente
baixas. Por este motivo, sua função não pode compreender, simplesmente, a ligação e o
revestimento de antígenos, como outras imunoglobulinas. A IgE desencadeia inflamação
aguda, atuando como uma molécula sinalizadora. Assim, moléculas de IgE ligam-se
fortemente aos receptores de alta afinidade para IgE (Fc RI) de mastócitos e basófilos.
Quando a IgE é ligada ao antígeno, ocorre uma rápida liberação de moléculas
inflamatórias pelos mastócitos. A inflamação aguda resultante aumenta as defesas no
local onde esta ocorre e ajuda a eliminar o antígeno. A IgE medeia reações de
hipersensibilidade do tipo I, é responsável por parte da imunidade contra helmintos e
tem a meia-vida mais curta de todas as imunoglobulinas (dois a três dias), sendo
facilmente destruída quando tratada com calor brando.
IMUNOGLOBULINA D
A IgD é um BCR
encontrado principalmente ligado aos linfócitos B, e apenas uma pequena quantidade da
molécula é secretada no sangue. As moléculas de IgD são compostas por duas cadeias
pesadas δ e duas cadeias leves. Diferente das demais classes de imunoglobulinas, a IgD é
evolutivamente instável e apresenta muitas variações em sua estrutura. Por exemplo, a de
camundongos não possui domínio Cδ2, apresentando apenas dois domínios constantes
em suas cadeias pesadas e peso molecular de cerca de 170 kDa
Esta IgD circulante liga-se a basófilos
induzindo a produção de catelicidinas, IL-1, IL-4 e fator de ativação de linfócitos B
(BAFF) (Capítulo 22). Em humanos, a IgD conduz um sistema de defesa de interface
entre as imunidades inata e adaptativa.

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