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A palavra empreendedorismo tem sua origem no termo francês entrepreneur e pode ser traduzida como AQUELE QUE ESTÁ ENTRE ou INTERMEDIÁRIO. Na idade média, O termo era utilizado para descrever participantes e administradores de projetos de produção, nos quais os recursos eram fornecidos pelo governo. Durante o período de industrialização, houve a diferenciação entre a pessoa que possuía o capital e aquele que precisava de capital, sendo este último o empreendedor que buscava recursos com os investidores de risco Em 1814, o economista Jean-Baptiste Say usa esse termo para definir como empreendedor aquele que transfere recursos de um setor com baixa produtividade para um setor com produtividade mais alta. Portanto, a partir do século XX que o empreendedor passa a ser entendido também como inovador. Atualmente o empreendedorismo ganha um impulso com a rapidez com a qual as mudanças tecnológicas ocorrem. Precisamos de um número cada vez maior de empreendedores que eliminarão barreiras, renovarão conceitos econômicos e gerarão riquezas para a sociedade com soluções novas. Empreendedor possibilita o crescimento econômico pelo desenvolvimento social e inovação. Empreendedorismo é o processo de criar algo novo com valor, dedicando o tempo e o esforço necessários, assumindo os riscos financeiros, psíquicos e sociais correspondentes e recebendo as consequentes recompensas da satisfação e independência econômica e pessoal O empreendedor é um insatisfeito que transforma seu inconformismo em descobertas e propostas positivas para si mesmo e para os outros. É alguém que prefere seguir caminhos não percorridos, que define a partir do indefinido, acredita que seus atos podem gerar consequências. Em suma, alguém que acredita que pode alterar o mundo. Ele é aquele que questiona a realidade para solucionar o problema de outras pessoas, de outras empresas ou de toda a sociedade. Para detectar as oportunidades e criar um negócio assumindo riscos, os empreendedores devem ter iniciativa e paixão pelo que fazem, utilizar recursos de maneira criativa e aceitar e assumir os riscos e a possibilidade de errar. EMPREENDEDORISMO NO BRASIL A partir da década de 90, com a criação de entidades como o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (SEBRAE), o empreendedorismo no Brasil se fortaleceu. Brasil é um país com um grande número de empreendedores, com quase 50 milhões de pessoas nessa atividade. Cada vez mais o empreendedorismo no país é impulsionado pela oportunidade e não pela necessidade. Apesar da queda no interesse do brasileiro em abrir o próprio negócio, é fundamental compreendermos quais são os impulsionadores para se criar uma cultura empreendedora no país e ter nessa atividade uma alternativa para períodos de crise econômica e para o desenvolvimento econômico e social do Brasil DESAFIOS DE EMPREENDER Segundo os empreendedores que participaram de uma pesquisa, o maior desafio que enfrentam diz respeito à gestão de pessoas. Nesta categoria, o maior ponto de atenção é referente ao desenvolvimento de lideranças, enquanto outras questões avaliadas e tidas como representativas na visão dos empresários são: legislação trabalhista; seleção e recrutamento; capacitação da equipe; remuneração, benefícios e incentivo; cultura organizacional absorvida pelos funcionários; falta de motivação de colaboradores e; retenção de funcionários (ENDEAVOR, 2016). Além da gestão de pessoas, o segundo maior desafio que os empreendedores enfrentam é o de gestão financeira, com custos aumentando acima das receitas, dificuldade de gerir o capital de giro e o fluxo de caixa, dificuldades para realizar o planejamento orçamentário e, por fim, desafios relativos à contabilidade e auditoria. Já o terceiro maior desafio apontado pelos empreendedores foi o jurídico e de regulação. Neste desafio, os temas pesquisados foram referentes ao regime e regulação tributários, processos trabalhistas, processos passivos e contratos (ENDEAVOR, 2016). Outros desafios dos empreendedores brasileiros apontados pela pesquisa da Endeavor (2016) foram: a) Inovação: pesquisa e desenvolvimento de novos produtos e serviços, monitoramento de resultados da inovação, cultura de inovação, proteção das inovações. b) Marketing e vendas: satisfação de clientes, divulgação dos produtos e serviços, gestão da marca, precificação, pontos de venda e distribuição. c) Operações e processos: controle e monitoramento dos processos e custos do negócio, logística, gestão de qualidade dos produtos e serviços, gestão de estoques, compras e fornecedores. d) Estratégia: dificuldade na expansão e estratégia de crescimento, estratégia para novos produtos e segmentos, falta de foco e visão de médio a longo prazo, falhas na implementação da estratégia, gestão e desdobramentos de metas. e) Infraestrutura: dimensão do espaço de trabalho, segurança das instalações, infraestrutura e tecnologia da informação, localização do espaço físico. f) Acesso a crédito e/ou investimentos: captar recursos públicos, falta de garantias para tomada de crédito, convencer investidores a escolher sua empresa, contato com investidores, definição da melhor forma de captar recurso. g) Governança corporativa: problemas com familiares nos negócios, sucessão de lideranças, problemas e conflitos com sócios, acordos de acionistas e investidores, formação e gestão de conselhos. Além dos desafios apresentados acima, a mesma pesquisa também explora como a maioria dos empreendedores brasileiros compartilha seus desafios, ainda que muitos se sentem sozinhos na gestão dos seus negócios. Já com relação aos fatores favoráveis ao empreendedorismo no contexto brasileiro, 65% dos especialistas destacam aspectos relacionados à característica da população brasileira, com sua capacidade de realização e superação de desafios, enquanto que 50% apontam que o Brasil é reconhecido por ter poucas barreiras para abertura de novos negócios e, por isso, facilita o acesso a mercados consumidores. Por fim, 26,7% dos especialistas destacam também as políticas governamentais como um aspecto favorável, como, por exemplo, o MEI (GEM, 2017). No Brasil, a taxa de sobrevivência das empresas com até 2 anos de existência chegou a 77% em 2014, entretanto, estima-se que com a crise econômica pela qual o país passou nos últimos anos, essa taxa cairá para valores inferiores a 70%. Como fatores determinantes para evitar ou facilitar o fechamento de empresas com menos de 2 anos de atuação, destacam-se: o histórico do empresário, sua experiência e motivação para abertura do negócio; o planejamento para a abertura do negócio; fatores relacionados à gestão do negócio e; a capacitação dos donos em gestão empresarial (SEBRAE, 2016). CARACTERÍSTICAS EMPREENDEDORAS Para ser um empreendedor de sucesso, Dornelas (2001), sintetiza as principais características necessárias: ● Ser visionário: os empreendedores precisam ter a visão de como será o seu futuro pessoal e também de seu negócio, sendo capaz de implementar seus sonhos. ● Saber tomar decisões: os empreendedores precisam tomar as decisões corretas na hora certa, principalmente em momentos de dificuldade. ● Saber fazer a diferença: os empreendedores conseguem agregar valor aos produtos e serviços que disponibilizam no mercado. ● Saber explorar ao máximo as oportunidades: para os empreendedores, as melhores ideias são aquelas que geradas a partir do que todos conseguem ver, mas não conseguem transformá-las em oportunidade. ● Ser determinado e dinâmico: empreendedores são comprometidos com a implementação de suas ações, são inconformados e possuem muita vontade de fazer acontecer. ● Ser dedicado: a atividade empreendedora demanda esforços durante todos os dias da semana, 24 horas por dia. Os empreendedores comprometem seus relacionamentos e muitas vezes até a própria saúde, encontrando sempre energia para continuar. ● Ser otimista e apaixonado pelo que faz: os empreendedores adoram o trabalho que realizam, o que faz com que sempre busquem enxergar o sucesso e se tornem os melhoresvendedores possíveis de seus produtos. ● Ser independente e construir o próprio destino: os empreendedores querem independência e sempre buscam criar algo novo para determinar seus próprios passos. ● Ficar rico: este não é o principal objetivo dos empreendedores, mas sim o resultado final do sucesso de seus negócios. ● Ser líder e formador de equipe: os empreendedores têm muito senso de liderança e devem ser respeitados pelos seus funcionários, uma vez que seu sucesso depende de sua equipe. ● Ser bem relacionado: os empreendedores precisam construir redes de contatos para auxiliar no gerenciamento de questões externas à empresa. ● Ser organizado: os empreendedores sabem onde alocar recursos para ter o melhor desempenho do negócio. ● Planejar: os empreendedores planejam todos os passos do negócio, sempre de maneira alinhada à visão de futuro que eles têm. ● Possuir conhecimento: os empreendedores sempre buscam aprender continuamente, uma vez que esse é um fator determinante para o êxito de seus negócios. ● Assumir riscos calculados: os empreendedores assumem riscos calculados e conseguem gerenciar esses riscos. ● Criar valor para a sociedade: os empreendedores utilizam suas ideias para que a sociedade se beneficie, seja com a geração de empregos, com a dinamização da economia, com novos produtos que impactem positivamente em seu dia a dia, etc. Chiavenato (2012), por sua vez, apresenta como característica empreendedora uma visão baseada em ideias próprias que não estão disponíveis no mercado, com uma abordagem geral para sua execução que permite flexibilidade, e que é defendida com paixão e entusiasmo. Já Filardi, Barros e Fischmann (2014) apresentam como características do empreendedor contemporâneo: tolerante a riscos, líder, inovador, pró-ativo, corajoso, ambicioso, independente, interpessoal, comunicativo, qualificado, controlador, necessidade de realização e objetivo. IDENTIFICANDO AS OPORTUNIDADES O processo empreendedor começa ao se encontrar, avaliar e desenvolver uma oportunidade, ainda que haja forças resistentes à essas novas alternativas a serem criadas. O processo de empreender é constituído por quatro principais fases, que são a identificação e avaliação da oportunidade, o desenvolvimento do plano de negócio, a determinação dos recursos necessários e a administração da empresa resultante (HISRICH e PETERS, 2004). A identificação e avaliação da oportunidade são tarefas difíceis porque a maior parte das oportunidades não se revela de uma hora para outra e demanda do empreendedor um grande esforço e mapeamento constante em fontes como consumidores, associações de classe, membros do sistema de distribuição e especialistas. A maior parte dos empreendedores não possuem um processo formal de busca contínua de oportunidades, mas estar próximo dos potenciais clientes ou de pessoas que por sua vez possuam essa proximidade é fundamental para a identificação de necessidades ainda não atendidas e que podem se traduzir em oportunidades de negócio (HISRICH e PETERS, 2004). A janela de oportunidade é o tempo disponível para a criação de um novo empreendimento que atenda à determinada oportunidade mapeada. Tanto essa janela quanto o potencial de mercado são fundamentais para que o empreendedor possa estimar os riscos e as compensações desse novo empreendimento. Por fim, segundo Hisrich e Peters (2004, p.55), para se realizar a avaliação da oportunidade, deve-se responder às seguintes perguntas: a. A que necessidade de mercado ela atende? b. Que observações pessoais você fez ou registrou quanto a essa necessidade de mercado? c. Que condição social está por trás dessa necessidade de mercado? d. Que dados de pesquisa de mercado podem ser utilizados para descrever essa necessidade de mercado? e. Que patentes podem estar disponíveis para atender a essa necessidade? f. Que tipo de concorrência existe nesse mercado? Como você descreveria o comportamento dessa concorrência? g. Como é o mercado internacional? h. Como é a concorrência internacional? i. Onde está o dinheiro a ser gerado nessa atividade? MODELO DE NEGÓCIOS O modelo de negócio tem como propósito descrever o racional de como uma organização cria, entrega e captura valor (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Devido a essa definição, partiremos da discussão anterior sobre identificação e avaliação das oportunidades para a construção de um modelo de negócio que capture essa oportunidade e a transforme em uma entrega de valor para determinado (s) público (s). SEGMENTOS DE CLIENTES O segmento de clientes representa os diferentes grupos de pessoas ou organizações para quem o empreendimento trabalhará e são o coração de qualquer modelo de negócio. Sem a identificação clara de segmentos de clientes lucrativos, uma empresa não consegue sobreviver no longo prazo (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Ao identificar uma necessidade que pode representar uma oportunidade para uma empresa, necessariamente precisamos identificar a qual segmento de cliente essa necessidade está ligada. É a partir da identificação de segmentos de clientes que as empresas podem melhor satisfazê-los. Isso se dá porque a empresa pode agrupar seus clientes em segmentos com necessidades comuns, comportamentos comuns e outros atributos. A empresa precisará conscientemente escolher para quais segmentos trabalhar, desenhando o restante do modelo de negócios para poder entregar valor a este (s) segmento (s) de cliente (s) escolhidos (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Para Kotler (2000), a segmentação pode ser feita de acordo com aspectos: a. Demográficos, que representam características básicas da população, como sexo, idade, renda, nível de instrução, etc. b. Geográficos, que representam variações por regiões geográficas, como países, estados, cidades e até mesmo bairros. c. Psicográficos, que representam características referentes à personalidade, estilo de vida e valores das pessoas. d. Comportamentais, que significam variações referentes aos conhecimentos dos consumidores com relação a um produto, sua atitude com relação a ele, no uso ou resposta a esse produto. Ao responder para quem o empreendimento criará valor e quais são os principais clientes, podemos chegar a algumas alternativas de segmentação, a saber: marketing de massa, quando não há distinção de segmentos específicos; marketing de nicho, quando há o foco em nichos bastante específicos de consumidores que precisam ser atendidos de maneira muito personalizada; segmentado, quando há a distinção entre diferentes segmentos de mercado com problemas e necessidades ligeiramente específicos; diversificado, quando há o foco em dois segmentos de clientes não relacionados; e plataformas multi-laterais, quando há a definição de dois ou mais segmentos de clientes interdependentes entre si (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). PROPOSTA DE VALOR O bloco da proposta de valor descreve a razão pela qual os consumidores escolherão uma empresa específica em detrimento de outra. A proposta de valor resolve os problemas de um consumidor ou satisfaz uma necessidade específica por meio de um pacote de produtos e ou serviços criados para cada segmento de clientes. Em outras palavras, a proposta de valor descreve quais são os benefícios que uma empresa oferece para seus segmentos de clientes (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Ao responder qual valor entregamos para nossos clientes, quais problemas dos clientes estamos ajudando a resolver, quais necessidades dos clientes estamos resolvendo e qual é o pacote de produtos e serviços oferecidos, podemos chegar às seguintes alternativas: novidade, quando a proposta de valor satisfaz uma necessidade nova ainda não percebida por consumidores e com nenhuma outra oferta similar; performance, quando há o aprimoramento de produtos e serviços existentes para um melhor desempenho; customização, quando há o desenvolvimento de produtos e serviços customizados para necessidades individuais de consumidores ou segmento de clientes; fazer acontecer, quando o valor é criado ao ajudar os clientes a fazer trabalhosacontecerem; design, quando este elemento acaba desempenhando um papel fundamental na entrega; marca/status, quando há a valorização específica de uma determinada marca; preço, etc. É válido destacar que para cada alternativa apresentada como forma de proporcionar valor aos segmentos de clientes, deverá haver uma proposta de canais e relacionamento condizentes com as escolhas anteriores. COMPLETANDO O BUSINESS MODEL CANVAS Apresentaremos os demais 7 quadrantes restantes para a elaboração do business model canvas, ferramenta que auxilia empreendedores a descrever o racional de como uma organização cria, entrega e captura valor (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). CANAIS O terceiro bloco a ser apresentado é o de canais. É neste momento que devemos definir como comunicar e atingir o segmento de clientes para entregar a proposta de valor. Os canais compreendem os canais de comunicação, distribuição e vendas e representam as interfaces que as empresas possuem com os seus consumidores, desempenhando um papel fundamental na experiência do consumidor (KOTLER, 2000; OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Os canais possuem diversas funções, tais como: aumentar o conhecimento dos consumidores sobre uma determinada marca e seus produtos; auxiliar os consumidores a avaliar a proposta de valor da empresa; permitir que os consumidores comprem determinados produtos ou serviços; entregar a proposta de valor para os consumidores; e proporcionar suporte pós-venda para os clientes (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Um canal pode cobrir algumas ou todas essas fases. As cinco fases são: a. Conhecimento: como podemos aumentar o conhecimento sobre nossos produtos e serviços? b. Avaliação: como ajudamos os consumidores a avaliarem a proposta de valor da emrpesa? 5 c. Compra: como permitimos que os consumidores realizem compras de produtos e serviços específicos? d. Entrega: como entregamos a proposta de valor? e. Pós-venda: como provemos serviços pós-venda para os consumidores? Essas cinco fases de canais apresentadas refletem também as questões pré-compra e pós compra, com as quais os empreendedores devem se atentar ao entregar sua proposta de valor no mercado. Os canais também podem ser diretos, como é o caso da força de vendas ou de vendas na internet, ou indiretos, nos casos de lojas próprias, lojas de parceiros e atacadistas. Uma distribuição direta pode ser considerada nível 0, enquanto que uma distribuição com um intermediário é considerada nível 1, e assim por diante. O desafio para os empreendedores é identificar a melhor composição de canais para que seja realizada a entrega da proposta de valor (KOTLER, 2000; OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). RELACIONAMENTO COM OS CLIENTES O relacionamento com os clientes clarifica o tipo de relacionamento que a empresa deseja estabelecer com seus clientes e pode ir do personalizado ao automatizado. Os relacionamentos com os clientes podem ser motivados pela aquisição desse cliente, sua retenção ou para proporcionar um aumento de vendas (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Ao definir como se relacionar com seus segmentos de clientes, o empreendedor pode chegar a várias possibilidades de relacionamento, que podem inclusive coexistir, a saber: assistência pessoal, quando o relacionamento é baseado no contato pessoal e há a interação entre o consumidor e um representante da empresa durante o processo de compra ou de póscompra; assistência pessoal dedicada, quando há um representante da empresa específico para auxiliar um determinado cliente; autosserviço, quando a empresa fornece o que for necessário para que os consumidores consigam ser auxiliados sem qualquer relacionamento direto; serviços automatizados, quando há a mistura de um sofisticado sistema de autosserviço com um processo automatizado; comunidades, nos casos em que as empresas mantem comunidades para trocas de conhecimento e resolução de problemas dos consumidores, que inclusive podem se ajudar entre si; e cocriação, nos casos em que as empresas estabelecem uma relação além daquela de comprador e vendedor, convidando os consumidores a cocriarem valor com as elas (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). FONTES DE RECEITA O bloco de fontes de receita descreve como uma empresa irá gerar recurso financeiro com cada segmento de clientes. Compreender nesse momento como a receita será gerada é fundamental para a construção das projeções financeiras posteriores, ao elaborar o plano de negócio. É importante destacar que os modelos de negócio podem contemplar dois tipos diferentes de fontes de receita: transação resultante de um pagamento único e receita recorrente resultante de uma entrega constante da proposta de valor ou de serviços pósvenda (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010; DOLABELA, 2008). São várias formas de gerar fontes de receita, entre as quais: venda de ativos, quando há uma venda de um produto físico; taxa de uso, que ocorre quando o consumidor paga pela utilização de um determinado produto ou serviço; taxa de assinatura, quando a venda é de um acesso contínuo a um serviço; empréstimo e aluguel, que ocorre nos casos em que o consumidor tem direito de utilizar um determinado produto e serviço por um tempo prédefinido; licenciamento, quando é fornecido ao consumidor o direito de utilizar uma propriedade intelectual; taxa de agenciamento, quando há a remuneração pela intermediação da transação de duas ou mais partes; e anúncios, fonte de receita resultante de taxas de anúncios de um produto, serviço ou marca (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). RECURSOS CHAVE Os recursos chave são os ativos mais importantes para fazer com que o modelo de negócio funcione. Todo modelo de negócio precisa de recursos que permitam à empresa criar e ofertar a proposta de valor, atingindo mercados e mantendo relacionamentos com segmentos de clientes a fim de gerar receitas. Esses recursos são ativos tangíveis e intangíveis de uma organização e podem ser físicos, financeiros, intelectuais ou humanos, sendo que sua obtenção pode ser por meio de aquisição ou empréstimos. Os recursos físicos são aqueles como fábricas, prédios, veículos, máquinas, redes de distribuição e sistemas de pontos de venda. Já os recursos intelectuais são as marcas, as propriedades intelectuais, patentes, parcerias e bases de dados. Os recursos humanos, por sua vez, representam as pessoas que trabalham nas organizações. Por fim, os recursos financeiros são aqueles como dinheiro fontes de crédito e são determinantes para alguns modelos de negócio (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). ATIVIDADES CHAVE As atividades chave são aquelas que a empresa precisa realizar para fazer o modelo de negócio funcionar. Cada modelo de negócio demanda atividades específicas para atingir mercados, manter relacionamentos e conquistar receitas (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). As atividades chave de produção são aquelas relacionadas ao desenho, fabricação e entrega de um produto em quantidades substanciais ou em qualidade superior. Já as atividades chave de resolução de problemas são aquelas relacionadas a proporcionar soluções para problemas individuais dos consumidores. Por fim, as atividades de plataforma e redes são aquelas que proporcionam a manutenção de plataformas e redes para a execução do modelo de negócio (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). PARCEIROS CHAVE Os parceiros chave representam a rede de fornecedores e parceiros que a empresa precisa realizar para fazer o modelo de negócio funcionar. As parcerias são fundamentais para que as empresas possam otimizar o seu modelo de negócio, reduzir riscos ou adquirir recursos, e podem ser classificadas entre alianças estratégicas entre não competidores; coopetição, que é uma parceria estratégica entre competidores; joint ventures para desenvolvimento de novos negócios; e relação entre comprador e fornecedor para assegurar um fornecimento seguro (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Essa classificação apresentada por Osterwalder e Pigneur (2010) aborda tanto os arranjos horizontais, que são entre competidores, quanto os verticais, que representam a relação entre comprador efornecedor (HOFFMANN, MOLINA-MORALES e MARTÍNESFERNÁNDEZ, 2007). Da mesma forma, a classificação apresentada de possíveis parcerias é bastante similar à classificação de redes interorganizacionais proposta por Barringer e Harrison (2000), que é: consórcio, joint ventures, redes, alianças estratégicas, trade associations e diretorias interligadas. Essa constatação é relevante pois o estudo de redes interorganizacionais pode expandir as possibilidades de parcerias chave para um modelo de negócio. Entre as três motivações para a criação de parcerias estão: otimização e economia de escala, que é a forma mais básica de parceria entre comprador e fornecedor, visando otimizar a alocação de recursos e atividades; redução de custos e incertezas, que podem ser inclusive parcerias entre concorrentes; e aquisição de um recurso ou atividades particulares, para ampliação de capacidade e aquisição de conhecimento, licenças ou acesso a consumidores (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). ESTRUTURA DE CUSTOS A estrutura de custos descreve todos os custos inerentes à operação do modelo de negócio, uma vez que criar e entregar valor, manter relacionamentos e gerar receitas também incorre em custos. Ainda, se definirmos com clareza quais são os recursos chave, as atividades chave e os parceiros chave, os custos podem ser facilmente calculados (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). Os modelos de negócio podem ser orientados para os custos, quando há o foco na redução de custos e na obtenção da estrutura mais enxuta possível, e para o valor, quando há o foco na oferta de maior valor com alto grau de personalização de serviços (OSTERWALDER e PIGNEUR, 2010). O PLANO DE NEGÓCIO O plano de negócio é um documento que se popularizou nos Estados Unidos na década de 1960 e no Brasil após os anos 2000. Nele, o empreendedor descreve os elementos externos e internos que envolvem o início do seu novo negócio, integrando os planos de marketing, finanças, produção e recursos humanos (HISRICH e PETERS, 2004; NAKAGAWA, 2011). O plano de negócio pode ser descrito, portanto, como o “documento que descreve elementos e estratégias internos e externos relevantes para dar início a um novo empreendimento” (HISRICH e PETERS, 2004, p. 209). Entretanto, é importante destacar que o plano de negócio pode ser utilizado para avaliar também novos investimentos ou mudanças estratégicas em empreendimentos já existentes. Pode-se dizer que o plano de negócio tem como objetivo testar a viabilidade de um conceito de negócio, orientar o desenvolvimento das operações e da estratégia desse negócio, viabilizar a captação de recursos financeiros, transmitir credibilidade e desenvolver a equipe de gestão (DORNELAS, 2005). ESTRUTURA DO PLANO DE NEGÓCIO Antes de se elaborar o plano de negócio, Hisrich e Peters (2004) recomendam que o empreendedor busque informações preliminares sobre marketing, como o potencial de mercado; sobre operação, como localização do negócio e matéria prima necessária; e sobre finanças, como a previsão de vendas. Após essa preparação inicial para garantir que o esforço de elaboração do plano não será em vão, não há uma única estrutura padrão a ser seguida, como fica evidenciado nos trabalhos de Dornelas (2005) e Nakagawa (2011). Com isso, a estrutura de plano de negócio a ser apresentada possui os seguintes tópicos: 1. Capa: é a primeira página de um plano de negócio e tem como objetivo informar o nome e contatos da empresa cujo plano foi elaborado, bem como dos representantes dessa empresa. 2. Sumário: O deve conter o título e a numeração das páginas respectivas a cada seção e subseção do plano de negócio, facilitando a leitura do documento e reforçando a organização do plano de negócio e do próprio empreendedor. 3. Sumário Executivo: pode ser considerado a principal seção do plano de negócio. Geralmente escrita após que todo o plano esteja pronto, o sumário executivo deve ser uma síntese de tudo o que será apresentado no documento e é responsável por atrair a atenção do leitor para o restante do plano de negócio. 4. Descrição da Empresa: Tem como objetivo apresentar um resumo da organização da empresa, a história do empreendimento e o status atual. É nessa etapa em que o investidor poderá avaliar a dimensão e o escopo do negócio. 5. Produtos e Serviços: Nesta etapa do plano de negócio o empreendedor deve mencionar quais são os produtos e serviços que são ou serão ofertados pela empresa, bem como quais são os diferenciais dessa oferta em comparação com a concorrência. Ainda, é necessário comentar quais são as características da equipe de produção e por que a empresa é capaz de fornecer esses produtos e serviços. 6. Mercado e Competidores : Muitos consideram essa uma das principais seções do plano de negócio, pois é nesse momento que o empreendedor deve entender o contexto de sua atuação e como fatores externos podem impactar seu negócio. Nessa etapa é necessário voltar à identificação e análise das oportunidades, para ter um bom ponto de partida de análise de mercado. 7. Marketing e Vendas: o marketing refere-se ao processo por meio do qual pessoas ou grupos de pessoas satisfazem seus desejos e necessidades por meio de trocas de maior valor. Por isso, quando falamos de estratégias de marketing em um plano de negócio pensamos em como a empresa conseguirá obter vantagem sobre seus competidores segmentando o mercado, escolhendo em qual segmento atuar e, por fim, posicionando sua marca na mente do consumidor deste segmento como aquela que oferece um ou mais benefícios únicos. Isso se dá com estratégias para o produto, o preço, a distribuição e a comunicação. 8. Análise Estratégica: O processo de realizar a análise estratégica parte justamente de um aprofundamento nos fatores internos e externos à organização, que vão representar forças, fraquezas, oportunidades e ameaças para o empreendimento. Essa análise também é conhecida como análise SWOT e deve levar em consideração as informações da própria empresa em comparação com os competidores para identificar as forças e fraquezas, bem como utilizar as informações do setor e de fatores macroambientais para a identificação de oportunidades e ameaças. 9. Plano Financeiro: A parte financeira pode ser uma das mais difíceis de elaborar por um empreendedor, já que ela deve refletir tudo o que foi escrito nas demais seções do plano, incluindo: investimentos em marketing, despesas com vendas, gastos com recursos humanos, custos fixos, projeção de vendas, entre outros (DORNELAS, 2005). O plano financeiro deve evidenciar ao menos uma perspectiva de três anos para a empresa, levando em consideração seu balanço patrimonial, demonstrativo de resultados e fluxo de caixa, sendo este último detalhado mensalmente para que seja possível calcular indicadores de viabilidade como ponto de equilíbrio, payback, taxa interna de retorno (TIR) e valor presente líquido (VPL). Com isso, o plano financeiro determina o investimento necessário na empresa e sua viabilidade econômica. 10. Anexos: Para finalizar o plano de negócio, o empreendedor poderá incluir um capítulo com anexos, que deve conter informações adicionais tidas como relevantes para o melhor entendimento do plano de negócio. São exemplos de informações a serem adicionadas no anexo: currículo dos empreendedores, fotos de produtos, plantas de localização, material de divulgação do negócio, contrato social da empresa, planilhas financeiras detalhadas, etc (DORNELAS, 2005). CONSIDERAÇÕES FINAIS SOBRE O PLANO DE NEGÓCIO A proposta de estruturação de um plano de negócio parte da realidade de mortalidade precoce de empresas no Brasil, e esta ferramenta pode ser bastante útil para tangibilizar ideias do empreendedor e calcular o retorno de um investimento que será realizado por ele, permitindo também uma maior preparação para os desafios com os quais o empreendedor irá se deparar no mercado. Entretanto, realizar um plano de negócio não é garantia de sucesso. É apenas na prática, em contato direto com os seus públicos, que o empreendedor poderá testar suas ideiase suas premissas adotadas na elaboração do plano. Além disso, a execução de um plano é bastante desafiadora. Segundo Hisrich e Peters (2004, p. 227), os planos de negócio podem ser mal elaborados pelos seguintes fatores: a. As metas não são razoáveis b. As metas não são mensuráveis c. O empreendedor não está plenamente comprometido com o negócio d. O empreendedor não tem experiência no ramo do negócio e. O empreendedor não conhece as ameaças ou seus pontos fracos f. Não foi identificada nenhuma necessidade do cliente para a elaboração do produto o serviço O empreendedor precisa ter bastante conhecimento sobre o seu negócio e o ambiente no qual ele está inserido, além de ter total comprometimento com a sua organização, experiência no ramo de atuação e ter documentadas as necessidades do cliente antes de elaboração plano. Todos esses apontamentos são convergentes ao que já discutimos nas aulas de características empreendedoras, identificação de oportunidades, construção do modelo de negócio e construção do plano de negócio. A STARTUP ENXUTA Se por um lado enfatizamos a importância do planejamento e da sistematização de informações para avaliação do risco de um novo empreendimento ou de uma mudança estratégica, uma outra vertente de pensamento ganha relevância quando falamos de startups. São características de uma startup segundo a ABStartups (2017): a. Inovação, uma vez que essas organizações precisam oferecer soluções novas como forma de diferenciação; b. Escalabilidade, já que o modelo de negócio de uma startup precisa atingir em um curto período e com custos baixos, um grande número de usuários; c. Repetibilidade, pois seu modelo de negócio precisa ser replicável de forma simples e que não demande o crescimento na mesma proporção de recursos humanos ou financeiros; d. Flexibilidade e rapidez, uma vez que as startups são inovadoras e estão em ambientes incertos e competitivos, o que faz com elas precisem se adaptar rapidamente às demandas do mercado com suas estruturas enxutas Segundo Ries (2012) as startups, uma vez que possuem as características acima citadas, devem ser administradas de uma maneira diferente. Isso se dá porque as startups fracassam ao tentarem elaborar um plano, uma boa estratégia e realizarem uma pesquisa de mercado completa. Ries (2012) define cinco princípios das startups que embasam o modelo de startup enxuta: a. Os empreendedores estão por todas as partes desenvolvendo novos produtos e serviços e, portanto, o conceito de startup enxuta pode ser aplicável a qualquer organização, de todos os portes e áreas de atuação. b. Como empreender é administrar, as startups precisam de um novo jeito de fazer gestão uma vez que atuam em um contexto de extrema incerteza. c. As startups existem também para aprenderem a desenvolver negócios sustentáveis, e esse aprendizado pode ser testado. d. Uma startup tem como atividade principal a transformação de ideias em produtos para medir como os clientes reagem e então decidir se continuam com o negócio como está ou proporcionam qualquer alteração na oferta. Esse ciclo de feedback precisa ser sempre o mais rápido possível. e. Para melhorar os seus resultados, os empreendedores precisam medir o progresso das startups e priorizar o trabalho com uma contabilidade própria. O primeiro passo para as startups enxutas é a validação das suas hipóteses de valor e hipóteses de crescimento, e o principal desafio de um empreendedor é conseguir sistematicamente validar suas suposições, ou seus atos de fé. Por isso, o empreendedor deve identificar se ele cria ou destrói valor, bem como quais são os motivos que impulsionarão o crescimento da sua startup, evitando modelos em que não há o desenvolvimento de um produto que cria valor. A contabilidade para inovação tem como função justamente auxiliar na identificação de empreendimentos realmente inovadores e que criam valor como base para seu crescimento. Após a identificação de como se cria valor e como se pretende crescer, o empreendedor deve desenvolver um mínimo produto viável (MVP) para iniciarem o processo de aprendizagem o mais rápido possível. Ao contrário do desenvolvimento de um produto tradicional, que envolve um período longo de incubação e que busca a perfeição para entrada no mercado, o MVP tem como objetivo possibilitar a aprendizagem e testar as hipóteses fundamentais do negócio. Se os clientes reagirem ao MVP conforme esperamos, podemos considerar que nossas suposições estão adequadas. Entretanto, deve ficar claro que o empreendedor não deve ser negligente com seu MVP e os produtos devem ser elaborados com qualidade suficiente para validação das suposições. Por fim, o empreendedor deve se manter confiantes de sua entrega mesmo após dificuldades com o MVP combinando perseverança e flexibilidade para pivotar se necessário (RIES, 2012) Por fim, Nogueira e Arruda (2015) destacam um estudo para identificar as causas do fracasso de startups, os autores destacam os seguintes aspectos: a. Número de sócios envolvidos é um fator de risco para a sobrevivência de startups: quanto maior o número de sócios se dedicando em tempo integral para a startup, maior é o risco de fracasso. Há indícios de que problemas como menor capacidade de adaptação dos gestores às mudanças e necessidades do mercado e problemas de relacionamento entre os sócios impactem na sustentabilidade dos negócios. b. O volume de capital investido na startup, anterior ao início das vendas, pode representar um risco à sua sobrevivência: quando a empresa dispõe de recursos financeiros para manter seus custos operacionais por até um ano, mesmo antes de sua primeira venda, o risco de insucesso é maior. Como contraponto, uma empresa que atua próxima ao mercado e se financia com capital dos próprios clientes, possui maior chance de sucesso. c. O local de instalação da startup pode determinar as chances de sucesso: empresas que estão instaladas em incubadoras, aceleradoras ou parque tecnológicos possuem maior probabilidade de sobrevivência no mercado. As incubadoras são as organizações que procuram apoiar negócios inovadores com potencial de crescimento ofertando tanto a estrutura física para o funcionamento das empresas quanto também suporte técnico, administrativo, jurídico, entre outros. Já as aceleradoras, segundo a InovAtiva (2015), trabalham com a capacidade de crescimento da startup para encurtar seu ciclo de evolução, o que demanda que essas empresas sejam escaláveis. Segundo Montenegro (s/d), o intra-empreendedorismo ocorre dentro de uma empresa existente e pode possibilitar que esta organização desenvolva novos negócios, novos produtos, tecnologias, técnicas de administração, entre outras inovações que podem aumentar sua competitividade. Já para Hisrich e Peters (2001, p. 58) “o intraempreendedorismo é um meio de estimular e, com isso, capitalizar os indivíduos em uma organização em que acham que algo pode ser feito de um modo diferente e melhor”. Para que uma empresa estimule o intra-empreendedorismo, ela precisa ter algumas características que favoreçam o ambiente intra-empreendedor, as quais Hisrich e Peters (2001) definem como: a. A organização opera nas fronteiras da tecnologia: a pesquisa e o desenvolvimento são fontes para o sucesso de novos produtos e, portanto, a empresa deve encabeçar o desenvolvimento tecnológico. b. Novas ideias são encorajadas: o desenvolvimento de novos produtos e ideias provavelmente não darão retorno no curto prazo e é importante que as empresas apoiem esses desenvolvimentos caso queiram estimular o ambiente intraempreendedor. c. A tentativa e erro são estimulados: os novos produtos e serviços dificilmente são bem-sucedidos de imediato, já que eles são frutos de evolução e aprendizados de fracassos anteriores. d. Os fracassos são permitidos: a empresa que deseja ter um ambiente intraempreendedor precisa garantir um ambiente que permita o erro, inclusive pois essa diretriz vai contra a muitos modelos de carreira e promoção dentro das organizações tradicionais. e. Nãohá parâmetros para a oportunidade: é necessário que a empresa permita o surgimento de soluções criativas e inovadoras sem frustrar o ímpeto do intraempreendedor. f. Os recursos estão disponíveis e acessíveis: as empresas precisam assumir os riscos dos investimentos em novas soluções e garantir recursos para os intraempreendedores com parâmetros diferentes dos recursos utilizados na resolução de problemas. g. Abordagem de equipe multidisciplinar: é necessária uma abordagem aberta e com a participação de pessoas de diversas áreas nos projetos que envolvem soluções inovadoras. h. Longo horizonte de tempo: o ambiente corporativo deve proporcionar aos intraempreendedores uma linha do tempo longa que permita a avaliação do sucesso do programa como um todo e de cada empreendimento, pois os resultados dificilmente serão observados no curto prazo. i. Programa voluntário: o espírito do intra-empreendedorismo deve ser desenvolvido de modo voluntário entre as pessoas. j. Sistema de compensações apropriado: uma pessoa que está disposta a dedicar horas e esforço para a criação de um novo empreendimento dentro de uma corporação precisa ser recompensado por isso, sempre atrelado a metas e desempenho. k. Patrocinadores e defensores disponíveis: a empresa deve garantir que toda a organização proporcione patrocinadores e defensores às novas ideias, garantindo autonomia para o intra-empreendedor tomar decisões de maneira mais flexível e ágil. l. Apoio da alta administração: a organização deve garantir a presença e o apoio de sua alta liderança ao intra-empreendedorismo, assegurando recursos humanos e financeiros para os intra-empreendedores O intra-empreendedorismo depende de um ambiente favorável nas corporações e do envolvimento da alta liderança, mas cada vez mais a figura do intra-empreendedor pode ser protagonista das inovações e novas soluções desenvolvidas dentro das empresas. EMPREENDEDORISMO SOCIAL Para Oliveira (2004, p.15), o empreendedorismo social “[...] se trata, antes de tudo, de uma ação inovadora voltada para o campo social cujo processo se inicia com a observação 7 de determinada situação-problema local, para a qual se procura, em seguida, elaborar uma alternativa de enfrentamento.” Já Martin e Osberg (2007), o empreendedorismo social significa identificar de uma situação de exclusão, marginalização ou sofrimento de pessoas que não dispõem de recursos financeiros ou influência política para alcançar a transformação por si só, para a partir dessa situação definir uma proposta de valor social que lhes garanta um futuro melhor e uma sociedade mais igualitária. Uma organização sem fins lucrativos pode ser legalmente constituída ou não, desde que estejam regularmente estruturadas e operando, é privada e possui uma relação de independência em relação ao estado, não distribui lucro para investidores mesmo gerando a própria receita, é autogerida e não exige uma participação obrigatória de quem se envolve com suas atividades (SALAMON, 2010). As características que constituem um negócio de impacto social segundo a Força-Tarefa de Finanças Sociais (2015) são: a. Compromisso com a Missão Social e Ambiental: é necessário que os negócios de impacto social evidenciem em seus documentos legais e de comunicação o compromisso com sua missão social e ambiental, deixando claro também como seus produtos e operações irão gerar impacto. b. Compromisso com o Impacto Social e Ambiental Monitorado: os negócios de impacto social devem explicitar suas teorias de mudança e monitora-la periodicamente, com reporte dos resultados e do impacto. c. Compromisso com a Lógica Econômica: é necessário que os negócios de impacto social atuem com um modelo de operação comercial que lhe garanta sustentabilidade financeira por meio da venda de produtos e serviços. d. Compromisso com a Governança Efetiva: os negócios de impacto social devem ter uma governança efetiva. Portanto, é possível concluir que os negócios de impacto social podem ser voltados para a promoção de um benefício social ao invés de focar na maximização dos lucros para os acionistas ou para a busca da maximização dos lucros quando são geridos por pessoas de baixa renda (YUNUS, 2008).