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FACULDADE DOM ALBERTO Ecologia Geral SANTA CRUZ DO SUL - RS 2 1 SUSTENTABILIDADE E DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL A importância destes dois conceitos tão difundidos na contemporaneidade, serão alvo do início da aula de hoje, iniciaremos nossos estudos conceituando melhor estas definições. Define-se por Desenvolvimento Sustentável um modelo econômico, político, social, cultural e ambiental equilibrado, que satisfaça as necessidades das gerações atuais, sem comprometer a capacidade das gerações futuras de satisfazer suas próprias necessidades. Esta concepção começa a se formar e difundir junto com o questionamento do estilo de desenvolvimento adotado, quando se constata que este é ecologicamente predatório na utilização dos recursos naturais, socialmente perverso com geração de pobreza e extrema desigualdade social, politicamente injusto com concentração e abuso de poder, culturalmente alienado em relação aos seus próprios valores e eticamente censurável no respeito aos direitos humanos e aos das demais espécies Já o conceito de Sustentabilidade, segundo Sachs (2000), comporta sete aspectos ou dimensões: ❖ Sustentabilidade Social* - melhoria da qualidade de vida da população, equidade na distribuição de renda e de diminuição das diferenças sociais, com participação e organização popular; ❖ Sustentabilidade Econômica* - públicos e privados, regularização do fluxo desses investimentos, compatibilidade entre padrões de produção e consumo, equilíbrio de balanço de pagamento, acesso à ciência e tecnologia; ❖ Sustentabilidade Ecológica* - o uso dos recursos naturais deve minimizar danos aos sistemas de sustentação da vida: redução dos resíduos tóxicos e da poluição, reciclagem de materiais e energia, conservação, tecnologias limpas e de maior eficiência e regras para uma adequada proteção ambiental; ❖ Sustentabilidade Cultural* - respeito aos diferentes valores entre os povos e incentivo a processos de mudança que acolham as especificidades locais; AULAS 51 A 60 3 ❖ Sustentabilidade Espacial* - equilíbrio entre o rural e o urbano, equilíbrio de migrações, desconcentração das metrópoles, adoção de práticas agrícolas mais inteligentes e não agressivas à saúde e ao ambiente, manejo sustentado das florestas e industrialização descentralizada; ❖ Sustentabilidade Política - no caso do Brasil, a evolução da democracia representativa para sistemas descentralizados e participativos, construção de espaços públicos comunitários, maior autonomia dos governos locais e descentralização da gestão de recursos; ❖ Sustentabilidade Ambiental - conservação geográfica, equilíbrio de ecossistemas, erradicação da pobreza e da exclusão, respeito aos direitos humanos e integração social. Abarca todas as dimensões anteriores através de processos complexos. O grande marco da fusão destes dois conceitos a nível mundial aconteceu durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, realizada no Rio de Janeiro em junho de 1992 (a Rio 92), onde se aprovaram uma série de documentos importantes, dentre os quais a Agenda 21, um plano de ação mundial para orientar a transformação desenvolvimentista, identificando, em 40 capítulos, 115 áreas de ação prioritária. A Agenda 21 apresenta como um dos principais fundamentos da sustentabilidade o fortalecimento da democracia e da cidadania, através da participação dos indivíduos no processo de desenvolvimento, combinando ideais de ética, justiça, participação, democracia e satisfação de necessidades. O processo iniciado no Rio em 92 reforçou que antes de se reduzir a questão ambiental a argumentos técnicos, deve-se consolidar alianças entre os diversos grupos sociais responsáveis pela catalisação das transformações necessárias. Tais fundamentos foram ainda consolidados durante as outras Conferências Mundiais: 4 Figura 43: Linha do Tempo das Conferências Mundiais do Meio Ambiente. Fonte: http://www.forumriomais20.com.br/index.php/forum/conferencias/item/historia O desenvolvimento sustentável e a sustentabilidade devem ser praticados de forma a facilitar avanços e novas possibilidades para a promoção da sustentabilidade nas suas diversas dimensões. Nessa perspectiva, estaremos contribuindo para construção de uma sociedade baseada na ética e na solidariedade, aliando aos processos educativos, processos técnicos, científicos e políticos, por entendemos, que, todos temos um futuro comum, portanto, todos somos responsáveis pelo nosso passado, pelo nosso presente e pelo nosso futuro 1.1 Aspectos da Gestão Socioambiental A Gestão Socioambiental surgiu da implantação da proposta de Gestão Ambiental, concretizada por diferentes setores da sociedade nas últimas décadas. Gestão ambiental são as diretrizes e as atividades administrativas e operacionais, tais como planejamento, direção, controle, alocação de recursos e outras realizadas com o objetivo de obter efeitos positivos sobre o meio ambiente, querem reduzindo ou eliminando os danos ou problemas causados pelas ações humanas, quer evitando que eles surjam. Dentro da visão de gestão ambiental existem duas vertentes: http://www.forumriomais20.com.br/index.php/forum/conferencias/item/historia 5 A Gestão socioambiental representa a administração encarregada de cuidar da gestão dos impactos sobre a ação do homem sobre o ambiente que lhe acolhe e que provê a vida. A Terra apresenta sinais de alarme que apontam para evidências de esgotamento de sua capacidade de suporte para as atividades humanas. As principais diretrizes da Gestão Socioambiental são: ● Verificar e reconhecer os principais atores sociais envolvidos; ● Relacionar os efeitos sobre o meio; ● Reconhecer o posicionamento da comunidade; ● Distinguir os aspectos da legislação ambiental; ● Aplicar procedimentos que facilitem a participação dos diferentes segmentos sociais; Um dos campos de atuação da Gestão Socioambiental remete ao papel das empresas e corporações públicas e privadas. A sociedade de um modo geral passa por profundas mudanças estruturais, devido aos efeitos da globalização econômica e tecnológica das últimas décadas. Esse fato tem exigido que as organizações assumissem novos papéis, os quais vão além daqueles definidos pela ordem econômica. Neste contexto, a função das organizações sofre alterações, levando-as a assumirem responsabilidades socioambientais que transcendem sua prática tradicional de gestão. Administrar, hoje, exige que as organizações levem em conta a Antropocêntricas, nas quais a natureza só tem valor como instrumento dos seres humanos e estes possuem direitos absolutos sobre ela. A preocupação com o meio ambiente se dá na medida em que este se torna um problema para os humanos. Ecocêntricas, que atribuem aos elementos da natureza um valor intrínseco e independente de qualquer apreciação humana; e os humanos, sendo apenas um desses elementos, não possuem nenhum direito a mais que outros seres. Todos os organismos, inclusive os seres humanos, fazem parte da natureza em igualdade de condições. 6 melhoria da qualidade de vida dos cidadãos, a valorização do potencial humano, o equilíbrio ecológico e a equidade social. Figura 45: Foco da Gestão Socioambiental corporativa Fonte: http://www.terceirosetoronline.com.br/responsabilidade-social/ 2 ECONOMIA VERDE Economia verde é um conjunto de processos produtivos (industriais, comerciais, agrícolas e de serviços) que ao ser aplicado em um determinado local (país, cidade, empresa, comunidade, etc.), possa gerar nele um desenvolvimento sustentável nos aspectos ambiental e social. O principal objetivo da Economia Verde é possibilitar o desenvolvimento econômico compatibilizando-ocom igualdade social, erradicação da pobreza e melhoria do bem-estar dos seres humanos, reduzindo os impactos ambientais negativos e a escassez ecológica. 2.1 Importância e benefícios da Economia Verde Especialistas que atuam nas áreas de Economia e Meio Ambiente, defendem que a aplicação da Economia Verde em países desenvolvidos e em desenvolvimento aumenta a geração de empregos e o progresso econômico. Ao mesmo tempo, http://www.terceirosetoronline.com.br/responsabilidade-social/ 7 combate as causas do aquecimento global (emissões de CO2), do consumo irracional de água potável e dos fatores que geram a deterioração dos ecossistemas. ❖ Principais características da Economia Verde: • Pouco uso de combustíveis fósseis (gasolina, carvão, diesel, etc.) e aumento do uso de fontes limpas e renováveis de energia; • Eficiência na utilização de recursos naturais; • Práticas e processos que visam à inclusão social e erradicação da pobreza; • Investimento e valorização da agricultura verde; • Tratamento adequado do lixo com sistemas eficientes de reciclagem; • Qualidade e eficiência nos sistemas de mobilidade urbana. O PNUMA (Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente) define economia verde como uma economia que resulta em melhoria do bem-estar da humanidade e igualdade social, ao mesmo tempo em que reduz significativamente riscos ambientais e escassez ecológica. Em virtude dos fatos apresentados é indiscutível que o mundo ruma a prática literal de uma Economia Verde, no entanto a transição para uma economia verde vai variar consideravelmente entre nações, pois esta depende das especificidades de capital humano e natural de cada país e de seu nível relativo de desenvolvimento. 8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFIA BÁSICA: BEGON, Michael. Ecologia: de indivíduos a ecossistemas. Porto Alegre: Artmed, 2007. x, 740p., [8]p. de estampas, il. (algumas col.), 28cm. (Biblioteca Artmed). Bibliografia: p. [659]-706. 4ed. 2007. ODUM, Eugene Pleasants; [BASIC ecology. Português; ODUM, Eugene Pleasants. Ecologia. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 1988. xi, 434p., il., 23 cm. Bibliografia: p. 381-422. TOWNSEND, Colin R. Fundamentos em ecologia. Porto Alegre: Artmed, 2006. 592p., il. (algumas col.), 25cm. (Biblioteca Artmed). Bibliografia: p. [551]-563. 2ed. BIBLIOGRÁFIA COMPLEMENTAR: GOTELLI, N.J. Ecologia. Editora Planta, Londrina, 2007. [Modelos aplicados a ecologia] KREBS, C. J.. Ecology. The experimental analysis of distribution and abundance. 4ª ed. Harper & Collins, 1994, New York KREBS, J. R. Introdução à ecologia comportamental. São Paulo: Atheneu, 1996. 420p., il., 25 cm. Bibliografia: p. 387-405. 3ed. RICKLEFS, Robert E. A Economia da natureza. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2003. SÁNCHES, Luís Enrique. Avaliação de Impactos Ambiental – Conceitos e Métodos. São Paulo: Oficinas de Textos, 2008.
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