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Artigo sobre a Importancia do Direito ao Esquecimento

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Inicial TRF4 > Direito Hoje | O direito ao esquecimento no ordenamento jurídico brasileiro: um delineamento do ins�tuto levando em consideração os desafios da era virtual, as
contribuições da jurisprudência internacional e o julgamento do RE nº 1.010.606
Direito Hoje | O direito ao esquecimento no ordenamento
jurídico brasileiro: um delineamento do ins�tuto levando
em consideração os desafios da era virtual, as contribuições
da jurisprudência internacional e o julgamento do RE nº
1.010.606 
 
TRF4 JFRS JFSC JFPR
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Luciana Bauer
Juíza Federal,
Mestranda em Ciência
Jurídica no Curso de
Mestrado em Ciência
Jurídica da
Universidade do Vale
do Itajaí – UNIVALI, em
dupla �tulação com o
Mestrado em Direito da
Widener Law School
(Delaware, USA)
Giulianna de Miranda
 Luciana Bauer e Giulianna de Miranda Brandalise 22 de março de 2021
“Maldito seja de dia e maldito seja de noite, maldito seja em seu deitar e maldito seja em seu levantar,
maldito ele em seu sair e maldito ele em seu entrar; não queira Adonai perdoar a ele, que então semeie o
furor de Adonai e seu zelo neste homem e caiam nele todas as maldições escritas no livro desta Lei. E vós, os
apegados com Adonai, vosso Deus, sejais atentos todos vós hoje. Adver�ndo que ninguém lhe pode falar
oralmente nem por escrito, nem lhe fazer nenhum favor, nem estar com ele debaixo do mesmo teto, nem
junto com ele a menos de quatro côvados (três palmos, isto é, 0,66 m; cúbito), nem ler papel algum feito ou
escrito por ele.”
(Excomunhão do filósofo Baruch Spinoza, emi�da pela Comunidade Judaica Portuguesa de Amsterdã, em
1656)
Resumo
O direito ao esquecimento é o tema central do presente ar�go. O estudo delineia a configuração jurídica do
ins�tuto no ordenamento jurídico brasileiro desde seu surgimento até a era contemporânea virtual. De igual
forma, leva em consideração a promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados, a fim de criar um panorama
completo do ins�tuto na realidade atual, para então debruçar-se sobre a análise da decisão do Recurso
Extraordinário 1.010.606, o qual entende pela incompa�bilidade do direito ao esquecimento com o sistema
jurídico do país. O enfoque da presente pesquisa é definir o que é o direito ao esquecimento e situar
cons�tucionalmente sua proteção norma�va. Ademais, há uma abordagem do conceito por meio do enfoque
internacional, que se dá a par�r da análise dos precedentes julgados no estrangeiro. Para tanto, neste estudo
foi empregado o método dedu�vo por meio da pesquisa bibliográfica.
Palavras-chave: Direito ao esquecimento. Privacidade. Liberdade de informação. Proteção de dados.
Dignidade da pessoa humana.
Abstract
The right to be let alone is the central theme of this ar�cle. The study delineates the legal configura�on of
this ins�tute in the Brazilian legal system, from its emergence to the contemporary virtual era. It also takes
Brandalise
Mestranda no
Programa de Pós-
Graduação Stricto
Sensu com área de
concentração em
Fundamentos do
Direito da Universidade
do Vale do Itajaí –
UNIVALI em dupla
�tulação com a
Universidade Widener
(Delaware, Estados
Unidos) na linha de
pesquisa de
Cons�tucionalismo e
Produção do Direito
Direito Hoje
Todos os ar�gos
As liberdades
polí�cas na era
digital. Uma
leitura conforme a
teoria rawlsiana |
Luciana Dias
Bauer |
12.07.2021
into account the enactment of the General Data Protec�on Law in order to create a complete paradigm of
the ins�tute in the current reality, and only then it addresses the analysis of the decision made on
Extraordinary Appeal 1.010.606, which concluded for the incompa�bility of the right to be let alone with the
country’s legal system. The focus of this research is to define what the right to be let alone is and where its
norma�ve protec�on is found cons�tu�onally. There is also an analysis of the concept through an
interna�onal approach, which is based on the analysis of precedents judged abroad. In this study, the
deduc�ve method was used through bibliographic research.
Keywords: Right to be let alone. Privacy. Free speech. Data protec�on. Human dignity.
Introdução
Quando Fiódor Dostoiévski adentrou no Natal de 1849 em sua prisão na Sibéria por conspirar contra o Czar
Nicolau I, ele só �nha uma preocupação: que se acostumasse tanto com essa prisão a ponto de temer a
liberdade. Temer sair daqueles muros. Pois aquela era uma casa dos mortos, dos esquecidos, dos doentes
sociais, dos apartados, como ele tão bem vai relatar em seu famoso livro Memórias do subsolo.[1]
Na Idade Média, ao contrário, a pena não era o esquecimento, mas sim o espetáculo. A forca, a fogueira, a
roda de suplício e a guilho�na propiciavam não somente o entretenimento ao povo, mas também a memória
do poder do príncipe – deus mortal e absoluto – a fim de que a lembrança de seu poder puni�vo passasse de
geração a geração. O leviatã precisa da lembrança para se fazer temido e respeitado.
Na sociedade atual, pouco se evoluiu nesse quesito. A população é bombardeada com milhares de
informações a todo momento. Com a ampliação da Internet na úl�ma década, o compar�lhamento de dados
se tornou instantâneo e mundial, e, com isso, a preocupação que gira em torno da privacidade individual
ganhou um forte aliado com o direito ao esquecimento.
A possibilidade de deliberação sobre o controle da divulgação de informações pelo �tular dos dados é o
cerne do ins�tuto, sobretudo se os fatos em questão trouxerem profundo desgosto ou puderem interferir
nega�vamente no convívio ou na reintegração social do indivíduo. O direito ao esquecimento versa seu
amparo, portanto, sobre fatos adormecidos na lembrança pública, que não têm qualquer �po de relevância
social, dizendo respeito tão somente à memória individual do sujeito. Não estende jamais sua proteção sobre
fatos históricos que importam à cole�vidade, como sugerem alguns especialistas.
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Precedentes
nos juizados
especiais federais:
caracterís�cas,
aplicação e
superação | Oscar
Valente Cardoso |
28.06.2021
A judicialização
dos bene�cios
previdenciários
por incapacidade:
da nega�va
administra�va à
retração judicial | 
Paulo Afonso
Brum Vaz |
14.06.2021
Era da
(des)informação e
desenvolvimento
do juízo crí�co | 
EdilbertoBarbosa
Clemen�no |
31.05.2021
Assistência
judiciária gratuita
e judicialização:
sobre a
Em que pese o exposto, o Recurso Extraordinário nº 1.010.606, julgado pelo Supremo Tribunal Federal do
Brasil em fevereiro de 2021, com efeito de repercussão geral, não recepcionou o direito ao esquecimento no
ordenamento jurídico brasileiro. Apesar disso, o presente trabalho insta demonstrar a importância do
ins�tuto, que é reconhecido internacionalmente, e analisar por quais razões o Supremo Tribunal Federal
brasileiro entendeu pela incompa�bilidade do ins�tuto com o texto cons�tucional vigente no país.
Para tanto, o presente ar�go se divide em quatro partes para melhor entendimento do tema. O primeiro
tópico tem como intenção delinear o direito ao esquecimento e sua configuração jurídica no sistema
norma�vo brasileiro, para assim par�r para uma análise, já no segundo tópico do trabalho, da aplicação do
ins�tuto na era moderna virtual, tecendo considerações sobre as contribuições trazidas ao tema pela Lei
Geral de Proteção de Dados. No terceiro momento, o estudo aborda o direito ao esquecimento a par�r do
enfoque internacional, análise que se desdobra do exame dos precedentes mais relevantes julgados no
estrangeiro no tocante ao tema. Depois de amadurecido o raciocínio acerca do ins�tuto em nível nacional e
internacional, no quarto e úl�mo tópico, o trabalho discorre acerca da decisão do Recurso Extraordinário
1.010.606, o qual entende pela incompa�bilidade do direito ao esquecimento com a ordem cons�tucional
brasileira, em prol da defesa do direito à liberdade de expressão e à livre informação.
O tema central desta pesquisa e sua relevância se jus�ficam no entendimento da percepção do direito ao
esquecimento como direito fundamental tutelado pela dignidade humana, suscitando uma análise de
ponderação entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade, tão relevantes à vida pessoal e à
sociedade como um todo.
Insta ressaltar que a metodologia adotada na elaboração do presente trabalho foi o método dedu�vo,
instrumentalizado por meio de ampla pesquisa documental, bibliográfica e histórica.
1 O direito ao esquecimento como configurado no ordenamento jurídico brasileiro
A cons�tuição e a evolução da civilização derivam diretamente da comunicação, ora inegável o papel da
transmissão de conhecimentos na origem da composição da vida em sociedade.[2] Como seres sociais que se
configuram, os indivíduos desse corpo social detêm o direito e o desejo de recordarem e compar�lharem os
fatos de suas vidas e, de igual forma, os registros agradáveis de seu passado.[3] Verifica-se, sem embargo,
que, desses fatos guardados pela memória compar�lhada, as boas recordações, compostas como parte do
acervo cole�vo da lembrança, podem vir a se tornar comunitárias; enquanto as lembranças constrangedoras,
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possibilidade de
definição
jurisprudencial de
um parâmetro
inicial obje�vo
para o seu
deferimento no
processo
previdenciário | 
Paulo Afonso
Brum Vaz
| 17.05.2021
A definição da
competência
processual por
algoritmo | 
Oscar Valente
Cardoso |
03.05.2021
Mulheres na
Jus�ça: breve
comentário sobre
o filme e
documentário “A
juíza” | 
Marga Inge Barth
Tessler |
19.04.2021
que cons�tuem parte do caráter personalíssimo do indivíduo, têm sua perturbação interpretada como
violação aos direitos de personalidade.
Percebe-se que, ainda hoje, o condenado à pena priva�va de liberdade em nosso sistema carcerário – que
prevê que o preso que cumprir a pena, após dois ou cinco anos, terá direito a sua primariedade reconhecido
– poderá ter sua pena acessada por qualquer autoridade policial, pois não temos regulamentação a esse
esquecimento. Há um abuso, e o que deveria ser uma primariedade resguardada se torna um arquivo
disponível por tempo indefinido para as ins�tuições policiais e os sistemas de jus�ça.
Com o obje�vo de proteger a propagação das informações dolorosas e di�ceis aos seus �tulares é que se
instrumentalizou o direito ao esquecimento,[4] caracterizado por não permi�r que um fato, ainda que
verídico, venha a ser exposto ao público depois de decorrido lapso temporal considerável. Tal tutela tem
derivação cons�tucional e legal e se desdobra do princípio da dignidade humana, que encontra respaldo no
ar�go 1º, III, da Cons�tuição Federal de 1988.[5]
No Brasil, o ins�tuto teve sua primeira referência no ano de 2013, durante a VI Jornada de Direito Civil e por
meio do Enunciado nº 531, que preceituava:
Os danos provocados pelas novas tecnologias de informação vêm-se acumulando nos dias
atuais. O direito ao esquecimento [...] [n]ão atribui a ninguém o direito de apagar fatos ou
reescrever a própria história, mas apenas assegura a possibilidade de discu�r o uso que é
dado aos fatos pretéritos, e mais especificamente o modo e a finalidade com que são
lembrados.[6]
No entanto, mesmo recebendo caracterização e amparo pelo direito civil, o direito ao esquecimento
encontra raízes no ins�tuto da reabilitação penal,[7] o qual assegura ao criminoso e a todos os demais
envolvidos no fato, assim que transcorridos dois anos do cumprimento da pena ou a ex�nção da punibilidade
(o que sobrevier primeiro), o direito de ter todos os dados referentes ao crime re�rados dos cadastros
competentes.[8] Nesse ínterim, levam-se em conta o caráter ressocializador[9] da pena e a vedação ao bis in
idem[10] como pressupostos para o ins�tuto, que serve tanto para impedir o eterno sofrimento dos
envolvidos no delito como para evitar nova reprovação social ao ex-detento, tendo em vista que tal
comportamento se configuraria como uma nova penalização ao autor do crime.
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Acordos entre
Ministério Público
e imputado no
Brasil e na Itália:
aplicação da pena
a pedido das
partes, transação
penal e acordo de
não persecução
penal | 
Luciana Sperb
Duarte Vassalli |
06.04.2021
O direito ao
esquecimento no
ordenamento
jurídico brasileiro:
um delineamento
do ins�tuto
levando em
consideração os
desafios da era
virtual, as
contribuições da
jurisprudência
internacional e o
julgamento do RE
nº 1.010.606 | 
Luciana Bauer e
Giulianna de
Miranda
Tendo isso em mente, a proteção da memória por meio do direito ao esquecimento tem sua tutela sobre
acontecimentos que foram amplamente divulgados no passado, os quais se encontram esquecidos pela
memória cole�va, mas a qualquer momento podem vir a ser potencialmente rea�vados.[11]
Com a finalidade de evitar que tais informações, ainda que verídicas, independentemente da repercussão
que �veram, venham a ser perpetuadas (caso seja esse o desejo de seu �tular),[12] o direito ao esquecimento
não se aplica aos fatos históricos de relevante repercussão social, e sim aos acontecimentos que dizem
respeito tão somente à memória individual dos envolvidos.
1.1 O direito ao esquecimento à luz da dignidade humana e dos direitos de personalidade
Quando se trata do direito ao esquecimento, iden�ficam-se três correntes de pensamento sobre a sua
existência: a primeira diz respeito à existência do direito ao esquecimento como um direito explícito; a
segunda, como um direito fundamental implícito, decorrente da dignidade humana e da privacidade;[13] e a
terceira corrente diz respeito à não existência do direito ao esquecimento como um direito autônomo,
pertencente à tutela de um direito fundamental.
O presente estudo dispõe-se a explorar a segunda corrente, que, ainda que não tenha sido recepcionada
pelo direito brasileiro, é entendida internacionalmente como a melhorcompreensão do ins�tuto. Segundo tal
posicionamento, o direito ao esquecimento decorre diretamente da dignidade humana. Portanto, prossegue-
se o estudo com interesse sobre o conteúdo da dignidade humana e dos direitos da personalidade (princípio
basilar da Cons�tuição Federal) a fim de que se possa entender melhor o direito ao esquecimento como
intrinsecamente ligado a esses conceitos.
Se no plano jurídico a dignidade humana é facilmente encontrada atrelada ao Estado democrá�co de direito,
no plano teórico, no entanto, sua definição é de di�cil conceituação.[14] Em contribuição ao tema, Daniel
Sarmento[15] dispõe que a dificuldade em definir o princípio se dá em razão do conteúdo do ins�tuto, o qual
não se configura está�co – a fim de acompanhar as mudanças e as nuances da sociedade –, e que, em razão
de todo o exposto, sua definição nunca alcançou uma estabilização.
Dessa forma, o presente estudo adota uma percepção mul�dimensional, extensiva e inclusiva da dignidade
da pessoa humana, trazida por Sarlet:
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Brandalise |
22.03.2021
Acesso à jus�ça
e pandemia | 
Tiago do Carmo
Mar�ns |
08.03.2021
A suspensão
dos processos e
da eficácia da tese
fixada no
incidente de
resolução de
demandas
repe��vas –
IRDR: tentando
salvar o IRDR da
falácia da
vinculação | 
Paulo Afonso
Brum Vaz |
23.02.2021
Li�gância
ambiental: uma
é�ca ambiental
para o novo
milênio | 
Luciana Bauer e
Ana Luísa
[...] a qualidade intrínseca e dis�n�va reconhecida em cada ser humano que o faz merecedor
do mesmo respeito e consideração por parte do Estado e da comunidade, implicando, nesse
sen�do, um complexo de direitos e deveres fundamentais que tanto assegurem a pessoa
contra todo e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como venham a lhe garan�r
as condições existenciais mínimas para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua
par�cipação a�va e corresponsável nos des�nos da própria existência e da vida em
comunhão com os demais seres humanos, mediante o devido respeito aos demais seres que
integram a rede da vida.[16]
O ins�tuto da dignidade humana e sua validade se assentam no pressuposto de que cada ser humano
“desfruta de uma posição especial no universo”.[17] É qualidade mul�facetada, assentada em ideais polí�cos,
religiosos, jurídicos e filosóficos, e, segundo Barroso, é o “valor intrínseco de todos os seres humanos, assim
como a autonomia de cada indivíduo”.[18]
Portanto, reconhece-se a dignidade humana como o núcleo primordial dos direitos fundamentais.[19] O
princípio insta como norteador para a decisão do julgador em casos em que exista conflito ou colisão entre
esses direitos. E é dessas relações que decorre a ín�ma conexão entre os direitos de personalidade e a
dignidade humana.
Esse vínculo também se explica pela proposição de que os direitos de personalidade decorrem da condição
inerente do ser de pertencer a um gênero em comum: a espécie “humana”. As premissas tuteladas pelos
direitos de personalidade também decorrem dessa condição, e se desdobram no direito à vida, ao próprio
corpo, à privacidade, à in�midade, à honra, à liberdade, à integridade intelectual, ao nome, à imagem e
diversos outros, abarcados pela razão intrínseca de exis�r.[20]
Desse modo, conclui-se que todos os direitos protegidos pela personalidade fazem parte do conteúdo da
dignidade: “Os direitos humanos, decorrentes da condição humana e das necessidades fundamentais de toda
pessoa humana, referem-se à preservação da integridade e da dignidade dos seres humanos e à plena
realização de sua personalidade”.[21]
Como influência dessas circunstâncias, apesar da inclusão desses direitos como posi�vados na legislação, o
Código Civil não indica nenhum método de ponderação u�lizável para dirimir conflitos entre os direitos da
personalidade. Ao contrário: sua redação abre margem para que se verifiquem reais conflitos entre as
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Sevegnani |
08.02.2021 
 
Os efeitos da
renúncia no
impeachment |
Carlos Eduardo
Thompson Flores
Lenz | 25.01.2021
O agravo de
instrumento na
interpretação do
Superior Tribunal
de Jus�ça:
taxa�vidade
mi�gada e
hipóteses de
cabimento | 
Oscar Valente
Cardoso |
14.01.2021
Vacinas e
vacinação:
expecta�vas e
reflexões | 
João Pedro
Gebran Neto e
Clenio Jair Schulze
| 11.12.2020
liberdades fundamentais, contradição que incomoda a comunidade jurídica brasileira. A possibilidade de uma
censura acerca da liberdade de expressão e de informação rememora os tempos de ditadura no país e afasta
o recepcionamento do direito ao esquecimento no Brasil, como se verá no úl�mo capítulo do presente
estudo.
Tendo em vista o exposto, compreende-se a conexão existente entre a dignidade humana, os direitos da
personalidade e o direito ao esquecimento, o qual, apesar de não se encontrar recepcionado pelo sistema
jurídico atual, é fruto de construção doutrinária mundial e tem sido cada vez mais suscitado na modernidade
contemporânea.
2 O direito ao esquecimento na era digital
Ora que brevemente compreendido o conceito de direito ao esquecimento e iden�ficada sua derivação
jurídica, urge a necessidade de uma análise categórica do assunto sob a égide da era da superinformação, na
qual a Internet se instrumentaliza como o vetor principal do compar�lhamento das informações.
Na era digital, a compreensão do que é privacidade ganhou faces dis�ntas, tendo em vista que a Internet,
com sua rápida transmissão de dados e informações, se contrapõe justamente ao bem tutelado pelo direito
ao esquecimento, uma vez que o banco de pesquisas virtual se torna patrimônio vitalício da rede de dados
de acesso público, facilmente acessível por qualquer indivíduo do globo, a todo e qualquer momento.
Antes do alcance em larga escala promovido pela Internet, o acesso às informações era restrito e limitado,
agravado principalmente pela dificuldade em encontrá-las. Somado a isso, se outrora se tomava muito
cuidado em relação aos assuntos publicados por jornais e revistas da época, na era virtual, em completa
oposição, é tarefa fácil imputar falso fato a outrem, vista a pouca inves�gação atrelada a tais informações.
Atualmente, dados e informações circulam livremente pelas redes invisíveis do campo da Internet.
Se an�gamente poderia ser tarefa árdua controlar a propagação de no�cias acerca de um fato ou um
indivíduo, a Internet criou exponenciais camadas de dificuldade que elevam o nível de preocupação sobre o
assunto, principalmente tendo em vista a massificação de divulgação do conteúdo em tais domínios.
É bastante complicado implementar algum meio de fiscalização ou controle nesse âmbito, uma vez que
existe uma série de empecilhos técnicos para barrar essa disseminação. Sites de busca como Google, Yahoo,
Altavista e Bing apenas direcionam para outros sites, nos quais as no�cias são efe�vamente veiculadas. São
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https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=2137
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=1053
Limites e
possibilidades do
âmbito cogni�vo e
decisório na
técnica do
julgamento não
unânime
(colegiado
ampliado) do art.
942 do CPC/2015
 | Paulo Afonso
Brum Vaz |
02.12.2020 
 
Júri e
absolvição contra
a prova dos autos:
clemência
absoluta ou
arbítrio? | Douglas
Fischer e Carlos
Gustavo Coelho
de Andrade |
23.11.2020
Proteção à
probidade sob
risco | Tiago do
Carmo Mar�ns | 
19.11.2020
ferramentas desenvolvidas para auxiliar na procura de informações armazenadas na Internet, permi�ndo que
uma pessoa solicite o conteúdo de acordo com um critério específico, mediante o uso de palavrasou frases,
e seja direcionada para diversos sites.[22]
Se os mecanismos de busca, como o Google e o Yahoo, apenas localizam, catalogam e disponibilizam essas
informações, contra quem o direito ao esquecimento seria oponível? Pois o mecanismo de busca apenas
direciona o usuário para uma segunda base de informações. Quem é que detém a responsabilidade de apagar
essas informações?
Na jurisprudência brasileira firmada pelo Recurso Especial nº 1.316.921 – RJ (2011/0307909-6),[23] o
Superior Tribunal de Jus�ça, ao julgar o caso Xuxa vs. Google, decidiu que os provedores de busca virtuais
não poderiam ser responsabilizados pelos dados e pelas informações veiculadas por terceiros, pois se
caracterizam como apenas fornecedores intermediários de vinculação, não exercendo nenhum �po de
fiscalização sobre os sites aos quais direcionam suas pesquisas. Ressalte-se que, mesmo que o julgado seja
anterior à promulgação da Lei Geral de Proteção de Dados, esse permanece sendo o entendimento atual do
STJ sobre dados encontrados em sites de pesquisa. Sua denominação, no entanto, após a vigência da referida
lei, passa a não mais encontrar respaldo no ins�tuto do direito ao esquecimento, e assim, como se verá no
tópico seguinte, passou a receber a nomenclatura de eliminação.
2.1 A relação entre a Lei Geral de Proteção de Dados e o direito ao esquecimento
Diante desse contexto, diversos foram os avanços tecnológicos contemplados pela Lei Geral de Proteção de
Dados (Lei 13.709/2018), que entra em vigor em agosto de 2021. A legislação, também conhecida por
LGPD, integra e orienta o sistema de proteção de dados brasileiro e rege o respeito à privacidade, à liberdade
de informação, de opinião e de comunicação, à inviolabilidade da imagem, da honra e da in�midade,[24] e
tem como legí�ma norteadora a proteção e o controle sobre o compar�lhamento de dados pessoais dos
cidadãos brasileiros. Segundo a nova legislação:
Toda informação relacionada à pessoa natural, iden�ficada ou iden�ficável, é denominada na
nova legislação de dado pessoal. A sua gestão deverá ser realizada de maneira precisa e
segura, pautada no consen�mento prévio, na manifestação livre, informada e inequívoca do
�tular dos dados coletados e tratados pela qual concorda com o tratamento de seus dados
pessoais para uma finalidade determinada.[25]
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=2126
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=2110
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=2122
A natureza
jurídica do
período mínimo
de cinco dias do
art. 935 do CPC |
Oscar Valente
Cardoso |
09.11.2020 
 
Precaução e
prevenção no
direito à saúde:
âmbitos de
incidência e sua
aplicação pelo
STF | Bruno
Henrique Silva
Santos |
03.11.2020 
 
A violação da
imagem na
perspec�va do
direito penal
alemão | Leonardo
Estevam de Assis
Zanini |
28.10.2020 
 
O conceito de
razão pública
Verifica-se, em uma breve análise, que o obje�vo da LGPD possui respaldo no tratamento de dados pessoais
de forma a assegurar um maior controle das informações que os sistemas virtuais possuem sobre as pessoas
naturais. No entanto, quais parâmetros a legislação traz no tocante ao direito ao esquecimento?
Além de criar órgãos específicos para a proteção de informações virtuais, a LGPD ins�tui também a
necessidade do consen�mento prévio e expresso do �tular para o tratamento de seus dados,[26] e,
consequentemente, estabelece numerosas sanções para os infratores da referida lei. Constata-se, portanto,
que indubitavelmente a legislação criada serve como uma forte aliada no combate ao uso indevido de dados
e informações.
No entanto, a deliberação do legislador foi de não adotar expressamente o termo “direito ao esquecimento”
durante a elaboração da lei. Em seu lugar, opta-se pelo uso da palavra “eliminação”, que é definida logo em
seguida pelo próprio texto legisla�vo como sendo a “exclusão de dado ou de conjunto de dados
armazenados em banco de dados, independentemente do procedimento empregado”.[27] Em virtude dessas
proposições, o estatuto pende a se relacionar muito mais com a premissa de impedir a veiculação dos dados
dos quais se pugna o esquecimento – em casos e circunstâncias específicos, protegidos pelo contexto de
privacidade exposto pelo texto da lei – do que com o direito ao esquecimento em si.[28]
Não obstante, a mera perspec�va da livre deliberação sobre o controle das informações que os bancos e os
sistemas virtuais possuem sobre o �tular desses dados é reflexo do direito ao esquecimento.
E o mais importante é que se pode antever, nas hipóteses em que tal direito é excepcionado, aquelas
situações em que prevaleceriam outros direitos. Com efeito, a lei excepciona de logo os casos de
cumprimento de obrigação legal ou regulatória pelo controlador; de estudo por órgão de pesquisa, garan�da,
sempre que possível, a anonimização dos dados pessoais; de transferência a terceiro, desde que respeitados
os requisitos de tratamento de dados dispostos na lei; ou de uso exclusivo do controlador, vedado seu acesso
por terceiro, e desde que anonimizados os dados. A iden�ficação das situações de legí�ma eliminação dos
dados aqui previstas, note-se bem, representa já um parâmetro a ser seguido pelos usuários, assim como
para os estudiosos e os operadores do direito ao esquecimento.[29]
Tendo em vista o exposto, conclui-se que a LGPD trouxe relevante preocupação sobre o compar�lhamento
de dados, sendo um reflexo direto do direito ao esquecimento construído pela doutrina estrangeira. O
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como impera�vo
democrá�co |
Luciana Bauer | 
19.10.2020
Solução
negociada e
improbidade
administra�va são
incompa�veis?
Uma análise atual
da matéria | Erika
Giovanini Reupke |
05.10.2020 
 
Apontamentos
sobre o juízo de
admissibilidade de
recursos
excepcionais | Luís
Alberto d'Azevedo
Aurvalle |
21.08.2020 
 
O contexto da
reforma tributária
estadual | Leandro
Paulsen |
14.08.2020
O controle de
convencionalidade
ins�tuto vê na LGPD uma concre�zação de suas premissas, na medida em que aproxima a intenção do
ins�tuto com a realidade contemporânea, ainda que não expressamente evidenciada sob o texto da lei.
3 Como julgam as cortes internacionais sobre o tema do direito ao esquecimento
No direito internacional, o direito ao esquecimento ganha força e vem sendo objeto de crescentes discussões
em diversos países. Os casos de maior repercussão serão apresentados de forma sequenciada pelo presente
estudo.
De notoriedade inequívoca, o primeiro precedente trata sobre o “Caso Lebach”, proferido pelo Tribunal
Cons�tucional Federal alemão no ano de 1973. O julgado versa a respeito de crime ocorrido em 1969 na
cidade de Lebach, no qual quatro soldados alemães foram mortos a �ros enquanto dormiam, numa tenta�va
de roubo de armas e munições por parte dos condenados. A ação inibitória fora ajuizada, portanto, por um
dos réus, que, às vésperas de sua saída da prisão, tomou conhecimento de que uma emissora de televisão
alemã pretendia produzir um documentário sobre o delito. O programa obje�vava reconstruir o latrocínio,
exibindo desde seu planejamento até peculiaridades acerca da perseguição e da prisão dos criminosos,
veiculando, dessa forma, o nome e as imagens dos autores.
O pleito, no entanto, foi negado nas instâncias ordinárias, sob o argumento da historicidade dos fatos e da
proteção comunica�va e informa�va, o que ensejou a interposição da reclamação cons�tucional. Em sede de
recurso, o Tribunal Cons�tucional Federal alemão julgou procedente o pedido, sob os argumentos expostos a
seguir:
A Corte entendeu que, no caso, a tutela dos direitos da personalidade preponderava sobre a
liberdadede comunicação, o que jus�ficaria a intervenção para proibir a transmissão do
documentário até a decisão final da ação principal pelos tribunais ordinários competentes. A
Corte assinalou que os meios de comunicação de massa têm influência decisiva no processo
de formação da opinião pública ao disponibilizar ao cidadão a informação ampla e necessária
sobre acontecimentos no Estado e na vida social, viabilizando a discussão. Nesse contexto,
observou-se que, em regra, o interesse de informação da população prevalece sobre o
direito de personalidade do autor do crime. No entanto, deve ser considerado, além do
respeito à in�midade e à vida privada, o princípio da proporcionalidade, segundo o qual a
divulgação de retrato, nome ou qualquer iden�ficação do autor do delito pode ser limitada.
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como ferramenta
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23.07.2020
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29.06.2020
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Tendo em vista que a intensidade da intervenção no âmbito da personalidade deve ser
ponderada com o interesse de informação da população, a Corte afirmou que a proteção
cons�tucional da personalidade não admite que a emissora explore a imagem e a vida
pessoal do condenado por tempo ilimitado e além da no�cia atual.
Assim, considerando que à época dos fatos a opinião pública fora devidamente informada e
que já transcorreram vários anos desde a data do crime, não permaneceria significa�vo
interesse público na informação.[30]
O tribunal alemão, por meio do “Caso Lebach”, reconheceu que, num conflito aparente entre o princípio da
proteção da personalidade e a liberdade de informação, nos casos em que a referida informação oferecer
risco concreto à privacidade de uma das partes, deve prevalecer o direito ao esquecimento. Ressalte-se que
o julgado apreciado é paradigmá�co e foi suscitado pela corte alemã em outras ocasiões, que, no entanto,
não seguiram a mesma linha de raciocínio desse julgamento.[31]
O direito ao esquecimento já suscitava inúmeros debates em âmbito internacional, essencialmente porque
era necessário levar em consideração o exponencial salto que a comunicação virtual tomou na úl�ma
década. Tendo em vista o exposto, em 2014, a Corte de Jus�ça da União Europeia julgou o precedente
Google Spain S.L, Google Inc. y Agencia Española de Protección de Datos (AEPD), Mario Costeja González
(C-131/12), que gerou repercussão internacional sobre o direito ao esquecimento.
O caso em comento refere-se ao espanhol Mario Coteja Gonzáles, que, por meio de um processo de
execução de dívidas com a seguridade social espanhola, teve seu apartamento penhorado e levado à hasta
pública no ano de 1998, tendo o jornal La Vanguardia no�ciado o fato em momento oportuno. Ocorre que o
leilão não se concre�zou, pois a dívida fora adimplida a tempo, mas a no�cia da execução e da penhora
judicial de seu apartamento ficou disponível no mecanismo de pesquisas da Google.
Em 2010, passados 12 anos do ocorrido, o autor ingressou na agência espanhola de proteção de dados
contra o jornal, pedindo que a editora re�rasse as páginas com alusão ao leilão, ou que o buscador
interviesse, u�lizando ferramentas específicas para proteger seus dados nos mecanismos de busca.
Em sede de julgamento, o pedido contra o jornal La Vanguardia foi rejeitado, tendo em vista que as
informações foram publicadas legalmente. Por outro lado, o pleito foi acatado em relação ao grupo Google,
ordenando-se que a empresa �rasse de veiculação os dados pessoais do requerente. O grupo Google
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recorreu da decisão à jus�ça espanhola, tendo sido o processo subme�do ao Tribunal de Jus�ça da União
Europeia (TJUE) para julgamento, dado que envolveria a análise da Dire�va 95/46 do Parlamento Europeu e
do Conselho da União Europeia.
O Tribunal de Jus�ça da União Europeia decidiu, como se observa na síntese da decisão citada a seguir, que:
A a�vidade dos mecanismos de busca na Internet consiste em encontrar informações
publicadas ou disponibilizadas online por terceiros, indexando-as automa�camente,
armazenando-as temporariamente e disponibilizando-as aos usuários de acordo com uma
determinada ordem de preferência. Essa a�vidade é denominada “processamento de dados”
e, quando tratar de informações pessoais, pode afetar significa�vamente os direitos
fundamentais à privacidade e à proteção de dados, pois qualquer internauta pode obter, por
meio de mera consulta por nome, uma visão estruturada de diversos aspectos da vida
privada de alguém. Permite-se, portanto, estabelecer um perfil mais ou menos detalhado
dessa pessoa, cujos fatos a ela relacionados, sem o mecanismo de busca, não poderiam ter
sido interligados ou seriam conectados com grande dificuldade. A Internet e os mecanismos
de pesquisa tornam as informações con�das nas listas de resultados onipresentes. À luz da
potencial gravidade, essa interferência não pode jus�ficar-se apenas pelo interesse
econômico que o operador tem nesse processamento. Deve ser procurado um equilíbrio
justo entre o interesse legí�mo dos internautas na informação e os direitos fundamentais da
pessoa, ao abrigo dos ar�gos 7.º3 e 8.º4 da Carta dos Direitos Fundamentais da União
Europeia.[32]
Nessa linha, a decisão decretou que o operador do motor de buscas deve ser responsabilizado pelo
tratamento de dados pessoais, e que então, no caso da jurisprudência em análise, o Google seria o ente
competente para remover os dados do requerente de suas pesquisas, tendo em vista que uma informação
verdadeira, com o decurso do tempo, pode ser incompa�vel com a realidade do momento.
Consequentemente, as jurisprudências internacionais �veram aumento significa�vo com o passar dos anos
após a decisão do Tribunal de Jus�ça da União Europeia. Destaque para o caso ocorrido em 2016 na Turquia,
Decisão 2013/5653, pela qual ficou determinado que o direito ao esquecimento deve ser levado em
consideração “quando a dignidade e a reputação de pessoas são violadas por no�cias de fácil acesso, embora
já não tenham interesse público ou atualidade em razão do transcurso do tempo”.[33]
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http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=1535
http://www2.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=pagina_visualizar&id_pagina=1336
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=revista_pesquisar
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=revista_pesquisar
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=%20destinatario_artigo_cadastrar
 
No mesmo ano, o Tribunal Supremo da Espanha, por meio da Sentencia 1280/2016, resguardou o direito ao
esquecimento, julgando o recurso de forma que, caso as circunstâncias fá�cas do pedido não digam respeito
a uma personalidade pública ou a uma informação com relevância histórica, “prevalece o exercício do direito
ao esquecimento, à honra e à in�midade, devendo ser desindexadas informações pessoais, por não deterem
interesse público”.[34]
Da sequência de decisões que sobrevieram, extrai-seque o direito ao esquecimento na Europa tem sua
devida importância reconhecida e que se imputou responsabilização aos mecanismos de busca,
entendimento em sen�do contrário ao adotado no Brasil pelo Recurso Especial nº 1.316.921 – RJ
(2011/0307909-6).
É oportuno que se pondere que a constante deferência à liberdade de informação nos casos que versam
sobre o direito ao esquecimento internacionalmente não jus�fica uma restrição aos meios de comunicação
atuais, conforme se sugere no entendimento nacional, mas sim que o lapso temporal deve definir se uma
informação é, no caso concreto, relevante o suficiente para causar injusto abalo ou profundo desgosto ao seu
�tular.
4 A colisão entre a liberdade de informação e o direito à privacidade sob a ó�ca do julgamento do Recurso
Extraordinário nº 1.010.606 acerca do direito ao esquecimento
O Recurso Extraordinário nº 1.010.606 teve como palco o caso sobre o assassinato da jovem Aída Jacob
Curi, ocorrido no ano de 1958, na cidade do Rio de Janeiro. O recurso, julgado pelo Supremo Tribunal
Federal em fevereiro de 2021, foi ajuizado pelos irmãos da jovem assassinada, buscando reparação em face
da emissora de TV Globo pela recons�tuição do caso feita pelo programa “Linha Direta” sem que houvesse
nenhuma consulta ou concordância prévia da família.[35] O programa foi ao ar em 2004, e desde então o
caso foi levado ao Judiciário.
Na decisão de segundo grau, o Tribunal de Jus�ça do Rio de Janeiro, no REsp 1.335.153 – RJ
2011/0057428-0, havia assegurado que a Cons�tuição Federal garante a livre expressão de comunicação,
independentemente de qualquer �po de autorização.[36] A decisão dos desembargadores definiu, portanto,
que o dever de indenizar apenas se perfec�biliza em casos em que haja uma ofensa à honra da pessoa.
Em 2017, o caso se tornou repercussão geral por ocasião do julgamento do Recurso Extraordinário
1.010.606, sobre o qual este estudo se debruça, tendo como debate principal a contraposição de dois
https://www.trf4.jus.br/trf4/controlador.php?acao=%20destinatario_artigo_cadastrar
direitos fundamentais: de um lado, a garan�a à liberdade de expressão e à livre manifestação do
pensamento, amparada pelo ar�go 5º, inciso X, da Cons�tuição Federal, e, de outro, o direito à privacidade,
sob a tutela do princípio da dignidade da pessoa humana.
Assim que declarada a repercussão geral do Recurso Extraordinário nº 1.010.606, no ano de 2017, o
Ministro Dias Tofolli, relator do precedente nominado, ao se deparar com um conflito aparente entre a
liberdade de informação e o direito ao esquecimento, realizou no Supremo Tribunal Federal brasileiro uma
audiência pública[37] da qual par�ciparam diversos especialistas acerca do tema, para melhor entender o
conflito aparente suscitado pelo ins�tuto.
Dessa audiência, três foram as dis�ntas correntes formadas nos posicionamentos destacados a seguir. Uma
primeira corrente no sen�do da “1) pró-informação: defendida por en�dades ligadas à comunicação, e para
quem inexiste um direito ao esquecimento, por ser contrário à memória de um povo e à história da
sociedade”.[38] Como base desse entendimento, foi invocada a ação direta de incons�tucionalidade sobre as
biografias não autorizadas – ADI 4.815.[39]
A segunda tese, pró-esquecimento, reuniu
especialistas que confirmam a existência do direito ao esquecimento e dizem que ele deve
preponderar, funcionando sempre como forma de expressão do direito da pessoa humana à
reserva, à in�midade e à privacidade, direitos que prevaleceriam sobre a liberdade de
informação envolvendo fatos pretéritos, evitando-se, com isso, a aplicação de penas
entendidas como perpétuas, como a rotulação do indivíduo pela mídia e pela Internet.[40]
Os defensores da tese pró-esquecimento ampararam seus argumentos no recurso especial sobre o caso da
Chacina da Candelária (REsp 1.334.097/RJ), tese na qual o Superior Tribunal de Jus�ça entendeu pela
existência e pela aplicação do direito ao esquecimento em face do direito à liberdade de informação:
[...] no julgamento do Recurso Especial 1.335.153/RJ, relator o Ministro Luís Felipe Salomão,
datado de 28.05.2013, ajuizado por Jurandir Gomes França em face da TV Globo por haver
reproduzido no programa Linha Direta o episódio da Chacina da Candelária apontando o
autor da ação como par�cipe do crime, sem nada mencionar a respeito da sua absolvição
pelo Poder Judiciário. O Ministro Luís Felipe Salomão manteve a condenação da emissora de
TV fixada no acórdão recorrido e fundamentou que “a permissão ampla e irrestrita de que
um fato e pessoas nele envolvidas sejam retratados indefinidamente no tempo – a pretexto
da historicidade do evento – pode significar permissão de um segundo abuso à dignidade
humana, simplesmente porque o primeiro já fora come�do no passado”.[41]
Nesse caso, a perspec�va trazida pelo Ministro Luís Felipe Salomão representou um grande avanço no
campo do direito ao esquecimento, visto que consolida o entendimento de que a liberdade de informação
pode, em alguns casos, sucumbir em face da proteção de direitos da personalidade.
E, por fim, a úl�ma corrente, intermediária, funda-se no pressuposto de que não existe uma hierarquização
entre direitos fundamentais:
Diante disso, a técnica de ponderação de informações seria o método mais eficiente para
obtenção do menor sacri�cio possível frente a cada um dos interesses em colisão.
Defensores desta úl�ma vertente, como o Ins�tuto Brasileiro de Direito Civil (IBDCivil),
propuseram que, diante da hipótese de veiculação de programas de TV com relato ou
encenação de crimes reais envolvendo pessoas ainda vivas, deveriam ser adotados
parâmetros como o da fama prévia para dis�nção entre ví�mas que possuem outras
projeções sobre a esfera pública e aquelas que somente têm projeções públicas na qualidade
de ví�mas do delito pra�cado.[42]
O julgamento do recurso ocorreu nos dias 3, 4, 10 e 11 de fevereiro do ano de 2021. Por nove votos contra
um, os ministros do Supremo Tribunal Federal entenderam que o direito ao esquecimento é incompa�vel
com a Cons�tuição Federal brasileira. Apenas o Ministro Edson Fachin entendeu pela compa�bilidade do
ins�tuto com o texto cons�tucional e, em razão disso, seu voto foi vencido.
O ministro relator do recurso, Dias Toffoli, iniciou seu voto discorrendo de forma categórica acerca de uma
perspec�va histórica no tocante ao direito ao esquecimento. O ministro dá importância para as
jurisprudências internacionais que precederam o tema, sempre de forma a aduzir que a u�lização do ins�tuto
surge como subsidiária a outros direitos:
Como se observa, muitos dos precedentes mais longínquos apontados no debate sobre o
chamado direito ao esquecimento, na verdade, passaram ao largo do direito autônomo ao
arrefecimento de fatos, dados ou no�cias pela passagem do tempo, tendo os julgadores se
valido essencialmente de ins�tutos jurídicos hoje bastante consolidados em suas razões de
decidir, como a ressocialização, a proteção ao nome e à imagem do indivíduo.[43]
Dando con�nuidade a seu voto, o ministro relator segue em uma análise a respeito da nomenclatura dada ao
direito ao esquecimento, tendo em vista a suscitação de inadequação do termo trazida por vários
especialistas. Ainda que reconheça não se tratar de uma tradução congênere da nomenclatura, numa
tradução precisa da língua estrangeira, o ministro opta por manter o termo já difundido no país:
Quanto à expressão “direito ao esquecimento”, consigno que, embora não corresponda
fielmente a suas versões em língua estrangeira, trata-se de nome já difundido em nossa
doutrina e em decisões da Jus�ça nacional, pelo que, neste voto, em busca da racionalidade
hermenêu�ca, se manterá o uso do termo.[44]
Na sequência, os elementos essenciais ao ins�tuto são analisados. Dando destaque para os tópicos (a)
licitude da informação e (b) decurso do tempo, o relator entende que o primeiro critério não é suficiente para
embasar o direito ao esquecimento:
Não basta, todavia, a licitude da informação para caracterizar o pretenso direito aoesquecimento. No cerne da alegação em favor de um direito a esquecer fatos passados está
a compreensão de que, não obstante se trate de fatos verdadeiros, sua u�lização
temporalmente distante da sua ocorrência os tornaria descontextualizados.[45] (destaques
originais)
Por conseguinte, reconhece que o decurso do tempo pode descontextualizar uma informação que fora
outrora verificada:
O que se observa é que, conquanto os efeitos da passagem do tempo sejam apresentados
de dis�ntas formas pelos doutrinadores (descontextualização, fragmentação, prejuízo à
psique do envolvido, apelo ao perdão ou perda do interesse público), é ponto comum que o
elemento temporal definidor do pretenso “direito ao esquecimento” não seria computado
pelo transcurso de um exato número de dias, meses ou anos, mas sim por decurso temporal
suficiente para descontextualizar a informação rela�vamente ao momento de sua coleta. É
sob essa concepção de que a passagem do tempo pode descontextualizar as informações ou
os dados pessoais compara�vamente ao momento em que produzidos ou coletados que se
aproximam a concepção original do direito ao esquecimento [...] e sua perspec�va mais
recente [...].[46] (destaques originais)
O ministro conclui, por meio dos elementos essenciais analisados, que o direito ao esquecimento é
a pretensão apta a impedir a divulgação, seja em plataformas tradicionais, seja virtuais, de
fatos ou dados verídicos e licitamente ob�dos, mas que, em razão da passagem do tempo,
teriam se tornado descontextualizados ou des�tuídos de interesse público relevante.[47]
(destaques originais)
Seguindo para uma análise dogmá�ca a respeito da existência do direito ao esquecimento, baseado na
audiência pública realizada em 2017, o Ministro Dias Toffoli reconhece três posições dis�ntas sobre a
existência do ins�tuto. A primeira corrente reconhece a existência do direito ao esquecimento como um
direito fundamental explícito. A segunda afirma haver um direito fundamental implícito, decorrente
alternadamente ou da dignidade humana, ou do direito à privacidade. E a úl�ma corrente não reconhece o
direito ao esquecimento como um direito autônomo, mas como suporte fá�co de alguns outros direitos
fundamentais, com reflexos no direito ordinário.[48]
Para o relator do recurso, inexiste no ordenamento jurídico brasileiro um direito genérico, seja expressa, seja
implicitamente; “o que existe no ordenamento são expressas e pontuais previsões em que se admite, sob
condições específicas, o decurso do tempo como razão para supressão de dados ou informações”.[49]
Em seu voto, o Ministro Dias Toffoli argumenta que tanto o ins�tuto da ressocialização – que dá força ao
direito ao esquecimento – quanto o Código de Defesa do Consumidor – que veda a manutenção da inclusão
de um inadimplente em cadastro de devedores por mais de cinco anos – não configuram a pretensão ao
direito ao esquecimento, mas, sim, relacionam-se com o decurso de um lapso temporal:
Tais previsões, todavia, não configuram a pretensão do direito ao esquecimento.
Relacionam-se com o efeito temporal, mas não consagram um direito a que os sujeitos não
sejam confrontados quanto às informações do passado. Desse modo, eventuais no�cias
que tenham sido formuladas – ao tempo em que os dados/informações es�veram
acessíveis – não são alcançadas pelo efeito de ocultamento. Elas permanecem passíveis de
circulação se os dados nelas con�dos tenham sido, a seu tempo, licitamente ob�dos e
tratados.
Não nego o impacto do tempo na percepção humana dos acontecimentos que envolvem
informações ou dados dos indivíduos, pois é certo que a mesma informação ao tempo dos
acontecimentos e anos após servirá, a cada divulgação, a propósitos diversos. Porém, a meu
ver, a passagem do tempo, por si só, não tem o condão de transmutar uma publicação ou
um dado nela con�do de lícito para ilícito.[50] (destaques originais)
O relator informa, no entanto, que não se deve extrair o entendimento, em razão dos argumentos aduzidos
pelo seu voto, de que não exista uma proteção devida aos direitos da personalidade. Pelo contrário, o
ministro defende a vasta proteção cons�tucional destes, que, todavia, devem ser desvinculados do lapso
temporal do contexto fá�co protelado, pois a passagem do tempo não deve insurgir no ordenamento pátrio
como um direito social de perdão.
Em oportuna con�nuidade, o Ministro Dias Toffoli prossegue seu voto com a análise do tema em âmbito
digital, voltando-se ao direito ao esquecimento enquanto inserido nas inovações legisla�vas atuais. Em
referência à LGPD, o relator manifesta-se pelo entendimento de que não existe um disposi�vo específico
para “assegurar, em âmbito digital, que os sujeitos protegidos pela norma não possam ser confrontados
quanto aos dados que, no passado, tenham sido licitamente objeto de divulgação”,[51] e que, portanto, o
direito ao esquecimento teria sido propositalmente excluído da nova lei de forma consciente.
O ministro, no entanto, afirma que os dados pessoais dos cidadãos brasileiros não se encontram sob
proteção deficiente da lei, pelo contrário, a privacidade dos seus �tulares é defendida pela lei e pode ser
instrumentalmente suscitada via habeas data, tendo ganhado ampliação norma�va com a LGPD, que dispôs
a sua aplicação “a qualquer operação de tratamento realizada por pessoa natural ou por pessoa jurídica de
direito público ou privado, independentemente do meio”.[52] Nesse sen�do, o ministro relator conclui que
a legislação pretendeu cercar os dados de ampla proteção, viabilizando meios para
eventuais correções/re�ficações que se façam necessárias, mas em nenhuma delas trouxe
um direito ao indivíduo de se opor a publicações nas quais dados licitamente ob�dos e
tratados tenham constado.[53] (destaques originais)
No tópico seguinte, o voto do ministro trata sobre a violação à liberdade de expressão. O relator suscita por
quais mo�vos se faz necessária a livre manifestação do pensamento e o direito à informação.
Dias Toffoli alega que um país denominado democrá�co não deve admi�r restrições ao direito à informação,
[54] e, em seu voto, ques�ona se a manifestação do pensamento, inclusive digitalmente, pode ser restringida
quando versar sobre a propagação de fatos da vida de terceiro que lhe causem profundo abalo social ou
emocional, o qual não aspira tê-los acessados.[55]
O ministro conclui que o direito ao esquecimento, nesses casos, cria o cerceamento ao direito de informação
de toda a sociedade:
A liberdade de expressão protege não apenas aquele que comunica, mas também a todos os
que podem dele receber informações e conhecer os pensamentos. A ponderação, assim, na
pretensão ao direito ao esquecimento, não se faz apenas entre o interesse do comunicante,
de um lado, e o do indivíduo que pretende ver “tornados privados” dados ou fatos de sua
vida, de outro. Envolve toda a cole�vidade, que será cerceada de conhecer os fatos em toda
a sua amplitude.[56] (destaques originais)
Ou seja, consolida seu posicionamento proferindo que o ocultamento de informações verídicas, por meio de
publicações lícitas, priva a cole�vidade de ter conhecimento, de forma integral, dos elementos do contexto
restringido.
Por fim, o voto do ministro relator alude ao necessário diálogo cons�tucional, que é também o
ques�onamento suscitado no presente tópico deste ar�go: qual ponderação deve ser feita entre os valores
em exame, liberdade de expressão e privacidade?
A fim de responder a esse conflito dogmá�co, Dias Toffoli elabora seu raciocínio de forma a aduzir que, na
democracia brasileira, a liberdade de expressão deve ser entendida como um direito preferencial, sem que
isso represente uma hierarquização entre direitos fundamentais, conforme argumenta o ministro em seu
voto:
Tanto quanto possível, portanto, deve-se priorizar: o complemento da informação, em vez
de sua exclusão; a re�ficação de um dado, em vez de sua ocultação; o direito de resposta,
em lugar da proibição ao posicionamento; o impulso ao desenvolvimento moral da
sociedade, em subs�tuição ao fomento àsneblinas históricas ou sociais. Máxime em
sistemas jurídicos com acanhada tradição democrá�ca, essa ordem de precedência deve ser
observada.[57] (destaques originais)
O ministro se preocupa em criar todas as constantes para poder concluir que o direito ao esquecimento, sim,
é uma afronta à liberdade de expressão, e que o ins�tuto, portanto, não pode, de forma alguma, ser fruto de
uma ponderação judicial:
[...] a previsão ou aplicação de um direito ao esquecimento afronta a liberdade de
expressão. A existência de um comando jurídico que eleja a passagem do tempo como
restrição à divulgação de informação verdadeira, licitamente ob�da e com adequado
tratamento dos dados nela inseridos precisa estar prevista em lei, de modo pontual,
clarividente e sem anulação da liberdade de expressão.[58]
 
Parece-me que admi�r um direito ao esquecimento seria uma restrição excessiva e
peremptória às liberdades de expressão e de manifestação de pensamento dos autores e ao
direito que todo cidadão tem de se manter informado a respeito de fatos relevantes da
história social. Ademais, tal possibilidade equivaleria a atribuir, de forma absoluta e em
abstrato, maior peso aos direitos à imagem e à vida privada, em detrimento da liberdade de
expressão, compreensão que não se compa�biliza com a ideia de unidade da Cons�tuição.
[59] (destaques originais)
Por conseguinte, o precedente de repercussão que fica firmado pela intenção do voto relator é de que o
direito ao esquecimento é, à vista de todo o exposto, incompa�vel com a Cons�tuição Federal, mas
quaisquer abusos deverão ser analisados individualmente em cada caso:
É incompa�vel com a Cons�tuição a ideia de um direito ao esquecimento, assim entendido
como o poder de obstar, em razão da passagem do tempo, a divulgação de fatos ou dados
verídicos e licitamente ob�dos e publicados em meios de comunicação social analógicos ou
digitais.
Eventuais excessos ou abusos no exercício da liberdade de expressão e de informação
devem ser analisados caso a caso, a par�r dos parâmetros cons�tucionais – especialmente
os rela�vos à proteção da honra, da imagem, da privacidade e da personalidade em geral –
e das expressas e específicas previsões legais nos âmbitos penal e cível.[60] (destaques
originais)
Os demais ministros concordaram com o relator, à exceção do Ministro Edson Fachin, que, mesmo tendo
votado a favor do reconhecimento da existência do direito ao esquecimento, expôs o que segue:
Parece-me importante enfa�zar, diante do quadro norma�vo assim delineado, que eventuais
juízos de proporcionalidade, em casos de conflito entre o direito ao esquecimento e a
liberdade de informação, devem considerar a posição de preferência que a liberdade de
expressão possui no sistema cons�tucional brasileiro, mas também devem preservar o
núcleo essencial dos direitos da personalidade.[61]
Ou seja, ainda que entendesse pela compa�bilidade do direito ao esquecimento com o ordenamento jurídico
brasileiro, o Ministro Fachin acolhia a tese, da mesma forma que o relator, de que a liberdade de expressão
possui ordem preferencial no sistema brasileiro e, no caso concreto, sempre deve haver um juízo de
ponderação entre a liberdade de expressão e o direito à privacidade nos julgados.
A par�r do julgamento do Recurso Extraordinário 1.010.606, ficou evidenciada a necessidade de um
aprofundamento do estudo do tema, mas, de todo modo, compreende-se que fica consolidado o
entendimento da Suprema Corte brasileira no sen�do de que o direito ao esquecimento não é comportado
pelo ordenamento jurídico brasileiro atual, ao menos até que haja promulgação de uma nova Cons�tuição
Federal no país ou a tese firmada seja sobrepujada pelo ins�tuto de overruling[62] ou restrita por meio de
overriding.[63]
Conclusão
Conforme ficou evidenciado pelo presente estudo, o direito ao esquecimento decorre da proteção efe�va da
privacidade do indivíduo. O ins�tuto se caracteriza pela instrumentalização da tutela da memória para os que
se deparam com a ampla divulgação de um fato ou uma informação pretérita que lhe possa causar profundo
abalo emocional ou social.
O alcance do direito ao esquecimento, de igual forma, abarca não somente os autores dos fatos sobre os
quais as informações referidas versam, mas também as ví�mas e seus familiares que desejarem impedir a
publicidade de an�gos fatos trágicos, os quais possam ser nocivos à saúde emocional dos envolvidos.
O direito ao esquecimento encontra respaldo sob o princípio da dignidade humana, o qual, conforme se
mostrou evidenciado pelo presente trabalho, guarda profunda conexão com os direitos de personalidade.
Nessa senda, a aplicação do referido princípio teria como obje�vo reconhecer o ser humano e sua posição no
universo por seu valor intrínseco, independentemente de qualquer fato ou circunstância que possa vir a lhe
desonrar, devendo-se respeitar e observar sua dignidade, de forma a impedir qualquer afronta ao núcleo de
sua integridade �sica ou moral.
Além de ter ficado evidenciada a importância do ins�tuto, percebeu-se, de igual forma, que a constante
evolução dos meios de comunicação facilitou a propagação de dados e informações, que podem atravessar o
globo instantaneamente por meio da Internet. Isso posto, urge tratar da temá�ca tanto teórica quanto
pra�camente, pois, ainda que a Lei Geral de Proteção de Dados tenha sido promulgada há pouco tempo, o
direito ao esquecimento, mesmo que representado pela exclusão de dados do ins�tuto da eliminação, ficou
longe de ter sido plenamente incorporado.
Em seguida, o estudo, ao conceber uma análise internacional do tema, que se fez por meio da verificação dos
mais relevantes julgados estrangeiros, evidenciou o avanço da percepção jurídica acerca do ins�tuto na
Europa. Em razão da decisão do Tribunal de Jus�ça Europeu no caso Google Spain S.L, Google Inc. y Agencia
Española de Protección de Datos (AEPD), Mario Costeja González, em 2014, evidenciou-se que os
precedentes caminham em direção oposta ao que se decide no Brasil atualmente, análise que ficou
evidenciada com a decisão do Recurso Especial nº 1.316.921 – RJ (2011/0307909-6).
No tópico final, o presente ar�go se debruçou sobre a análise da decisão do Recurso Extraordinário nº
1.010.606, com repercussão geral, sobre o direito ao esquecimento, julgado no ano de 2021. O trabalho se
tornou bastante exposi�vo, analisando e pontuando categoricamente as teses trazidas pelo Ministro Dias
Toffoli, relator do precedente, a fim de sustentar seus argumentos.
O maior certame do julgamento, indubitavelmente, se deu pela colisão entre o direito fundamental à
privacidade (abarcado pelo princípio da dignidade humana), de um lado, e o direito à liberdade de expressão
e informação, de outro. Em seu voto, no entanto, o ministro relator entendeu que a ponderação entre tais
valores deve sempre pender para o lado da liberdade de informação e expressão, que denotam da própria
experiência democrá�ca tão zelada pela atual Cons�tuição Federal do país.
Por uma maioria de nove ministros votantes contra apenas um voto vencido, ficou decidido em 2021 pela
incompa�bilidade do direito ao esquecimento com o ordenamento jurídico brasileiro. O voto, ao fim,
concluiu, no entanto, que casos de exagero acerca da privacidade dos cidadãos deverão ser ponderados
individualmente, e que, desse modo, não deve exis�r um direito autônomo para tutelar tal precedente.
Nessa senda, o presente estudo conclui, a par�r da compreensão do direito ao esquecimento, que, dentre
outros aspectos, o ins�tuto deve ter sua importância reconhecida, uma vez que agrega à categoria dos
direitos fundamentais de forma contundente, pretendendo a tutela efe�va da privacidade do indivíduo e de
sua dignidade.
Insta ressaltar, de igual forma, que a interpretação jurisprudencial que prevalecerá no país a par�r do
julgamento do Recurso Extraordinário nº 1.010.606 se afastará do entendimento que vem – cada vez mais –
sendo adotado no direito estrangeiro.
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[1] DOSTOIÉVSKI, Fiódor. Memórias do subsolo. Traduzido por Boris Schnaiderman. São Paulo: Editora 34, 2000.
[2] “A linguagem permi�u que a humanidade conseguisse transmi�r o conhecimento adquirido, aperfeiçoando a forma de apreender o mundo pelas primeiras comunidades.
Alguns séculos mais tarde, a linguagem teve seus sons codificados em símbolos, e posteriormente em alfabetos. Com a criação dessa nova convenção, teve início a
civilização como a conhecemos hoje” (RECUERO, Raquel. A Internet e a nova revolução na comunicação mundial. Ensaio de ar�go. 2000. Disponível em:
h�p://www.raquelrecuero.com/revolucao.htm.Acesso em: 5 fev. 2021).
[3] SILVA, Leonio José Alves da. Temas de responsabilidade civil: direito ao esquecimento. Olinda: Livro Rápido, 2014. p. 7-8.
[4] Também conhecido como o direito de estar em paz ou de não ser perturbado, sua nomenclatura deriva da língua inglesa “right to be forgo�en”, numa adoção fiel da
expressão usada em debates sobre o tema na União Europeia (RODRIGUES JUNIOR, Otávio Luiz. Não há tendências na proteção do direito ao esquecimento. Consultor
Jurídico, 25 dez. 2013. Disponível em: h�p://www.conjur.com.br/2013-dez-25/direito-comparado-nao-tendencias-protecao-direito-esquecimento. Acesso em: 5 fev. 2021).
[5] Leia-se: “Art. 1º A República Federa�va do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, cons�tui-se em Estado Democrá�co de
Direito e tem como fundamentos: [...] III – a dignidade da pessoa humana” (BRASIL. Cons�tuição Federal de 1988. Cons�tuição da República Federa�va do Brasil. Brasília,
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Constituicao/Constituicao.htm
[6] BRASIL. Conselho da Jus�ça Federal. VI Jornada de Direito Civil. Enunciado nº 531. Disponível em: h�p://www.cjf.jus.br/cjf/corregedoria 
-da-jus�ca-federal/centro-de-estudos-judiciarios-1/publicacoes1/jornadas-cej/vijornadadireitocivil2013-web.pdf/view. Acesso em: 3 fev. 2021.
[7] Prevista no Código Penal brasileiro, em seu art. 93: “A reabilitação alcança quaisquer penas aplicadas em sentença defini�va, assegurando ao condenado o
sigilo dos registros sobre o seu processo e condenação” (BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848. Código Penal. Brasília, DF, 7 dez. 1940. Disponível em:
h�p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm. Acesso em: 5 fev. 2021).
[8] Vide ar�gos 93 a 95 do Código Penal brasileiro (BRASIL. Decreto-Lei nº 2.848. Código Penal. Brasília, DF, 7 dez. 1940. Disponível em:
h�p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm. Acesso em: 5 fev. 2021).
[9] Observe-se que, na teoria adotada pelo sistema jurídico brasileiro, a pena possui em cada um dos seus estágios uma função. “Na teoria da união, em cada um dos
estágios ou fases da pena, cumpre ela funções dis�ntas: no momento da ameaça da pena (legislador), é decisiva a prevenção geral; no momento da aplicação da pena,
predomina a ideia de retribuição; no momento da execução da pena, prevalece a prevenção especial, porque então se pretende a reeducação e a socialização do
delinquente” (ALBERGARIA, Jason. Das penas e da execução penal. 3. ed. Belo Horizonte: DelRey, 1996. p. 20).
[10] Leia-se: “É vedada a condenação de um acusado bem como o cumprimento da mesma pena duas vezes pela ocorrência do mesmo crime”.
[11] FERRIANI, Luciana de Paula Assis. O direito ao esquecimento como direito da personalidade. 2016. 245 f. Tese (Doutorado em Direito) – Pon��cia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2016. p. 54.
[12] SILVA, Ta�ana Manna Bellasalma; SILVA, Ricardo da Silveira. Direito ao esquecimento na era virtual: a di�cil tarefa de preservação do passado. In: CORAZZA, Thais
Aline Maze�o; CARVALHO, Gisele Mendes de (org.). Um olhar contemporâneo sobre os direitos da personalidade. Birigui: Boreal, 2015. p. 123.
[13] SARLET, Ingo Wolfgang; FERREIRA NETO, Arthur M. O direito ao “esquecimento” na sociedade da informação. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2019. p. 209.
[14] SARLET, Ingo Wolfgang. Dignidade da pessoa humana e direitos fundamentais na Cons�tuição Federal de 1988. 4. ed. Porto Alegre: Livraria do Advogado, 2006. p. 40.
[15] SARMENTO, Daniel. A ponderação de interesses na Cons�tuição Federal. Rio de Janeiro: Lumen Júris, 2003. p. 66.
[16] Op. cit., p. 73.
[17] BARROSO, Luís Roberto. A dignidade da pessoa humana no direito cons�tucional contemporâneo: a construção de um conceito jurídico à luz da jurisprudência
mundial. Belo Horizonte: Fórum, 2012. p. 14.
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/del2848compilado.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del2848compilado.htm
[18] Ibidem, p. 14.
[19] Op. cit., p. 14.
[20] BORGES, Roxana Cardoso Brasileiro. Direitos da personalidade e autonomia privada. 2. ed. rev. São Paulo: Saraiva, 2009.
[21] DINIZ, Maria Helena. O estado atual do biodireito. São Paulo: Saraiva, 2008. p. 19.
[22] FERRIANI, Luciana de Paula Assis. O direito ao esquecimento como direito da personalidade. 2016. 245 f. Tese (Doutorado em Direito) – Pon��cia Universidade
Católica de São Paulo, São Paulo, 2016. p. 100.
[23] BRASIL. Superior Tribunal de Jus�ça. Recurso Especial REsp 1.316.921 RJ 2011/0307909-6. Relatora: Ministra Nancy Andrighi. DJe 29.06.2012. JusBrasil, 2012.
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[24] Conforme enumerado pelo art. 2º da lei: “A disciplina da proteção de dados pessoais tem como fundamentos: I – o respeito à privacidade; II – a
autodeterminação informa�va; III – a liberdade de expressão, de informação, de comunicação e de opinião; IV – a inviolabilidade da in�midade, da honra e da
imagem; V – o desenvolvimento econômico e tecnológico e a inovação; VI – a livre inicia�va, a livre concorrência e a defesa do consumidor; e VII – os direitos
humanos, o livre desenvolvimento da personalidade, a dignidade e o exercício da cidadania pelas pessoas naturais” (BRASIL. Lei nº 13.709. Lei Geral de Proteção
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[25] MARTINI, S. R.; BERGSTEIN, L. G. Aproximações entre o direito ao esquecimento e a Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Revista Cien�fica Disrup�va,
[S.l.], v. 1, n. 1, p. 160-176, 2019. Disponível em: h�p://revista.cers.com.br/ojs/index.php/revista/ar�cle/view/14. Acesso em: 7 fev. 2021. p. 169.
[26] Vide ar�go 7º da lei e correspondentes incisos (BRASIL. Lei nº 13.709. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Brasília, DF, 14 ago. 2018. Disponível em:
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[27] Art. 5º, XIV, da LGPD (BRASIL. Lei nº 13.709. Lei Geral de Proteção de Dados Pessoais (LGPD). Brasília, DF, 14 ago. 2018. Disponível em:
h�p://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm. Acesso em: 9 fev. 2021).
[28] MACEDO, Líria. Direito ao esquecimento e a LGPD. Migalhas, 30 out. 2020. Disponível em: h�ps://migalhas.uol.com.br/depeso/335739/ 
direito-ao-esquecimento-e-a-lgpd. Acesso em: 9 fev. 2021.
https://stj.jusbrasil.com.br/jurisprudencia/22026857/recurso-especial-resp-1316921-rj-2011-0307909-6-stj/inteiro-teor-22026859
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http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2015-2018/2018/lei/L13709.htm
http://revista.cers.com.br/ojs/index.php/revista/article/view/14
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